Você está na página 1de 37

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica

Disciplina:
Motores de Combustão Interna

Prof. José Guilherme Coelho Baêta


Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Vazão e Coeficiente de Descarga
Max área das válvulas

A pseudo velocidade Vps, é dada


pela taxa de variação do volume
Max Vps do cilindro em relação a área
Max Sp mínima de escoamento de
passagem pela válvula. Sendo V
o volume do cilindro, B o
diâmetro, S altura do pino do
pistão ao centro do virabrequim
e Am é a área da válvula
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Vazão e Coeficiente de Descarga

O coeficiente de descarga pode ser definido em termos de uma área de seção


transversal do duto e uma área de referência.

Onde:
CD é o coeficiente de descarga, AE área efetiva da seção transversal, Ar área de
referência.
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Vazão e Coeficiente de Descarga
Para um escoamento ideal, a temperatura e pressão de estagnação T0 e p0 estão
relacionados com as condições em outras regiões do duto segundo a
equação do fluxo de energia estático e a equação isentrópica,
respectivamente:

Com a introdução do numero de Mach M = V/a, onde V é a velocidade do


fluido e a é a velocidade do som definido por (γRT)1/2 as seguintes equações
são obtidas:
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Vazão e Coeficiente de Descarga
Distribuição de pressão
para o escoamento de
um gás através de um
bocal.
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Vazão e Coeficiente de Descarga
• Considerando valores de P0 e T0, o máximo escoamento ocorre quando a
velocidade na mínima área ou estrangulamento é igual a velocidade do som.
Essa condição é chamado de “choked”.
• Quando o escoamento está na condição de “choked” a pressão no ponto de
estrangulamento, PT está relacionado a pressão de estagnação P0 através da
equação:

• Essa razão é chamada de pressão crítica. Para (PT/P0 ) menor ou igual a


pressão crítica tem-se:

A pressão crítica é 0,528 para γ = 1,4 e 0,546 para γ = 1,3.


Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Vazão e Coeficiente de Descarga
Para gás ideal, o coeficiente de descarga é introduzido. Assim, para
escoamento subcrítico, a vazão mássica real é dada em termos das
condições na mínima área ou estrangulamento por:

• Escoamento unidimensional, compressível, isentrópico;


• Efeitos de escoamento real incluídos por meio do coeficiente de descarga CD
obtido experimentalmente;
• Escoamento de ar relacionado com a pressão e temperatura de estagnação,
P0 e T0 imediatamente antes da válvula com a pressão estática PT
imediatamente após a restrição e uma área de referência AR .
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Vazão e Coeficiente de Descarga
Para escoamento em condições de “choked”:

Onde:
CD é o coeficiente de descarga, γ razão de calores específicos, P0 pressão na
porta da válvula, PT pressão no cilindro, T0 temperatura na porta da
válvula, R constante do gás (considerando como gás ideal), Ar área de
referência.
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Vazão e Coeficiente de Descarga
• O valor de CD e a escolha da área de referência (AR) estão relacionados.
• O coeficiente de descarga pode ser definido como a razão entre a área de
referência e a área isentrópica. Na realidade, o produto CD *AR é a área
efetiva da restrição do escoamento do fluido ou área isentrópica (AE).
• Áreas de referências:
Área da cabeça da válvula: π Dv²/4;
Área da porta da válvula: π Dp²/4;
Área de cortina: π Dv Lv , onde Lv é o deslocamento da válvula
• Por conveniência usa-se como área de referencia a área de cortina (AC):
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Vazão e Coeficiente de Descarga
• Deslocamentos pequenos: o escoamento
permanece ligado a sede e a cabeça da
válvula gerando altos valores de coeficiente
de descarga;
• Deslocamentos intermediários: o escoamento
separa-se da cabeça da válvula e
abruptamente o coeficiente de descarga
diminui. O CD aumenta com o aumento do
deslocamento uma vez que a região de
separação permanece constante e a área
mínima do escoamento aumenta;

• Deslocamentos altos: o escoamento


separa-se completamente da borda
interna da sede da válvula. Típicos
valores de Lv/Dv são 0,25.
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Vazão e Coeficiente de Descarga
A performance da válvula de admissão é influenciada pelos seguintes fatores:
• Largura do assento da válvula: CD aumenta com a diminuição da largura do
assento;
• Ângulo do assento da válvula: O ângulo β afeta o escoamento em pequenos
deslocamentos conforme slide anterior;
• Raios nas quinas do assento da válvula: CD aumenta em altos deslocamentos, pelo
fato de reduzir a tendência de descolamento do escoamento. Em baixos
deslocamentos, quando o escoamento mantém ligado, aumentando o número de
Reynolds diminui-se o CD. Uma vez o escoamento descolado da parede, não há
nenhuma relação do número de Reynolds e CD
• O design do pórtico: Geração de swirl diminui o CD.
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Vazão e Coeficiente de Descarga
• Índice Mach Z para válvulas de admissão:

Ai é a área nominal da válvula de admissão , Ci é o coeficiente de descarga


médio baseado em Ai e “a” é a velocidade do som no meio.

• A eficiência volumétrica diminui drasticamente com Z ≥ 0,5.


• O índice Mach Z médio é definido como:

Onde é a velocidade média do escoamento na admissão durante a abertura da


válvula e está relacionado com Z via:
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Vazão e Coeficiente de Descarga
• Índice Mach Z médio para válvulas de admissão correlaciona com a eficiência
volumétrica de modo que valores próximos a 0,5 fazem com que a eficiência
volumétrica diminua rapidamente. Isso ocorre pelo fato do escoamento estar
próximo de uma condição de choke durante parte do processo de admissão.

• Essa relação pode ser utilizada para determinar o tamanho da válvula de admissão
para a eficiência volumétrica desejada na máxima rotação do motor.

• Se a válvula é fechada muito cedo, a eficiência volumétrica irá diminuir


gradualmente com o aumento de , para , mesmo se a área de abertura da
válvula for suficientemente grande.
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Vazão e Coeficiente de Descarga

• Em aberturas pequenas existe grande recirculação de gases devido ao


descolamento do escoamento na exaustão, já em grandes aberturas essa
recirculação é reduzida.
• Superfícies arredondadas nas quinas do assento da válvula e da própria válvula
reduzem a tendência ao descolamento do escoamento aumentando o CD.
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Vazão e Coeficiente de Descarga
• Em grandes aberturas, Lv/Dv ≥0,2,
o descolamento do escoamento
reduz o coeficiente de descarga;
• Para Lv/Dv = 0,25 a área efetiva é
cerca de 90% da área geométrica
mínima;
• Para Lv/Dv < 0,2 a área efetiva é
cerca de 95% da área geométrica
mínima;
• Em grandes aberturas o projeto
dos dutos de descarga afetam
significativamente o CD.
• Para razões de pressão > 2 o
escoamento na descarga atinge o
“choked” mas a influência no CD é
mínima. Lv/Dv = 0,3.
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Fração de gás residual
• A fração de gás residual é
determinada em função das
pressões nos coletores de admissão
e descarga, velocidade, razão de
compressão, diagrama de válvulas
e dinâmica do sistema de
exaustão;

• A fração de gás residual afeta


diretamente a eficiência
volumétrica, o desempenho do
motor, sua eficiência e emissões
através de seu efeito sobre as
propriedades termodinâmicas.
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Fração de gás residual
• A fração de gás residual Xr é determinada geralmente medindo a concentração de
CO2 em uma amostra extraída do cilindro durante a compressão. Logo:

• representa a fração molar do gás úmido. Para medição da fração molar do


gás seco utiliza-se a correção K, calculada por:

• Onde y é a razão molar de hidrogênio/carbono do combustível e


são as frações molares secas do gás.
• Em motores diesel a fração de gás queimado residual é bem menor devido a maior
Rc e também a menor variação entre as pressões nos coletores de admissão e
descarga.
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Vazão e variação de temperatura na descarga
• As propriedades do fluido de
escape variam constantemente
durante o processo de exaustão até
que a pressão no cilindro seja
próxima da pressão do coletor de
escape;
• Maior vazão de gases de escape
ocorre durante o Blowdown;

• O aumento da vazão dos gases se


dá pelo bombeamento realizado
pelo pistão;
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Vazão e variação de temperatura na descarga
• A variação da vazão mássica
durante o blowdown e
bombeamento conforme
anteriormente
• A temperatura média dos gases
dentro cilindro caem rapidamente
durante o blowdown e
bombeamento devido a perda de
calor para as paredes do cilindro;
• As temperaturas de exaustão de
diesel são menores devido a altas
razões de expansão e misturas
mais pobres.
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Vazão e variação de temperatura na descarga

• Aumento da carga
aumenta a massa e a
temperatura no pulso do
blowdown;
• Aumento da velocidade
aumenta a temperatura dos
gases durante o processo de
exaustão;
• O tempo disponível para a
transferência de calor depende
da rotação do motor.
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Vazão e variação de temperatura na descarga
• A temperatura média dos gases de exaustão é uma importante parâmetro para
determinar o desempenho de turbo - compressores, catalisadores, gás
remanescente;
• A temperatura média dos gases de exaustão não correspondem a energia média
dos gases devido a variação substancial do escoamento através da válvula;
• A temperatura que melhor representa a energia dos gases de exaustão é a
temperatura entalpica, calculada por:
Onde CP é o calor específico, éa
vazão mássica, é a temperatura
do gás e é o ângulo de manivela
• A temperatura medida por um termopar é cerca de 100K menor do a temperatura
real atingida.
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Sobre-alimentação e Turbo-alimentação

• (a) Compressor volumétrico mecânico;


• (b) Turbocompressor;
• (c) Compressor volumétrico mecânico / turbocompressor.
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Sobre-alimentação e Turbo - Alimentação

• (d) Turbocompressor (dois estágios);


• (e) Turbocompressor / turbo-compounding;
• (f) Turbocompressor com intercooler.
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Sobre-alimentação e Turbo - Alimentação

• A expressão para calcular o trabalho requerido pra um compressor ou soprador e


o trabalho produzido por uma turbina são obtidos a partir da 1º e 2ª lei da
termodinâmica.
• A primeira lei em regime permanente aplicada a um volume de controle para
uma turbo – máquina é:
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Sobre-alimentação e Turbo - Alimentação
• A entalpia de estagnação, ho, pode ser definida como:

• Para um gás ideal, com calor específico constante, a temperatura de estagnação é


dada por:

• A pressão de estagnação é também definida segundo a seguinte relação:


Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Sobre-alimentação e Turbo - Alimentação
• A transferência de calor para bombas, sopradores, compressores e turbinas é
pequena e podem ser desprezadas.

• A taxa de transferência de trabalho é dada por:

• A eficiência isentrópica do compressor é calculada por:


Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Sobre-alimentação e Turbo - Alimentação
• P1 e P2 representam as pressões estáticas.

• P01 e P02 representam as pressões de


estagnação.

• A eficiência isentrópica total é dada por:

• A eficiência isentrópica, com CP constante


para o ar ou mistura, torna-se:
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Sobre-alimentação e Turbo - Alimentação
• Considerando o processo de 01 para 02s isentrópico:

• A eficiência torna-se:

• Uma vez que a energia cinética do gás saindo do compressor não é usualmente
recuperada, uma definição mais realista da eficiência é baseada nas condições
estáticas de saída, conforme equação abaixo:
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Sobre-alimentação e Turbo - Alimentação
• A potência requerida para girar o turbocompressor é obtido por:

O subscrito i denota as propriedades da mistura na admissão.

• A potência requerida para acionar o dispositivo considerando as perdas


mecânicas é dada por:
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Sobre-alimentação e Turbo - Alimentação
• A eficiência isentrópica da turbina é
definida como:

• P3 e P4 representam as pressões estáticas.


• P03 e P04 representam as pressões de
estagnação.

• A eficiência da turbina é:
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Sobre-alimentação e Turbo - Alimentação
• Se o gás de escape é modelado como um gás ideal com calor específico, a
eficiência torna-se:

Note que para o gás de escape acima das temperaturas de interesse, CP varia
significativamente com a temperatura.
• Uma vez que a energia cinética na saída do turbocompressor é usualmente
gasta, a eficiência isentrópica da turbina é calculada por:
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Sobre-alimentação e Turbo - Alimentação
• A potência fornecida pela turbina é dada por:

Onde o subscrito denota as propriedades do gás.

• Considerando o conjunto turbo – compressor, a turbina é mecanicamente ligada


ao compressor, logo (para uma velocidade constante do turbocompressor):
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Sobre-alimentação e Turbo - Alimentação
• Com objetivo de comparar os dispositivos, o desempenho é descrito em função
de variáveis independentes como:

• Pela análise dimensional reduz-se para quatro grupos:

• O numero de Reynolds tem pouco efeito no desempenho e γ é fixo para o gás,


logo:
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Sobre-alimentação e Turbo - Alimentação
• Para um especifico dispositivo, as dimensões são fixas e o valor de R é fixo, logo:

refere-se a vazão mássica corrigida;


refere-se a velocidade corrigida;
• As características do compressor são plotadas em termos da razão de pressão
(p02/p01) ou (p2/p01) pela vazão mássica corrigida ao longo de curvas
de velocidade corrigidas . Contornos de iso-eficiência são superpostos.
Para turbina é plotado de forma semelhante em relação a ao
longo de curvas de velocidade corrigida constante .
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Sobre-alimentação e Turbo - Alimentação
• Mapas compressores:
Processos Internos do Motor de
Combustão Interna (troca gasosa)
 Sobre-alimentação e Turbo - Alimentação
• Linha de Surge:
Bibliografia

 Ferguson, C. R., Internal combustion engines: applied thermosciences.


New York, John Wiley & Sons, 1986.
 Giacosa, D. Motori Endotermici. Milano: Hoepli, 15ª ed., 2000.
 Heywood, J. B. Internal combustion engine fundamentals. New York:
McGraw-Hill, 1988.
 Oates, G. C. Aerothermodynamics of gas turbine and rocket propulsion.
AIAA Education Series. Washington, DC: AIAA, 1988.
 Wark, K. Thermodynamics. New York: McGraw-Hill, 1977.

Você também pode gostar