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Ronald Dworkin e a dignidade do devido processo: um

ensaio sobre a dupla dimensão da resposta correta

RONALD DWORKIN E A DIGNIDADE DO DEVIDO PROCESSO: UM ENSAIO


SOBRE A DUPLA DIMENSÃO DA RESPOSTA CORRETA
Ronald Dworkin and the dignity of due process: an essay on the double dimension of the
right answer
Revista de Processo | vol. 313/2021 | p. 43 - 54 | Mar / 2021
DTR\2021\1907

Francisco José Borges Motta


Doutor e Mestre em Direito Público pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos
(UNISINOS). Foi Visiting Scholar na Columbia Law School (Spring, 2013). Professor na
Fundação Escola Superior do Ministério Público (Graduação e Mestrado). Promotor de
Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. bmotta@mp.rs.gov.br

Georges Abboud
Doutor e Mestre em direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Professor de processo civil da PUC-SP e do programa de Mestrado e Doutorado em
direito constitucional do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP-DF). Advogado e
consultor jurídico. georges. abboud@neryadvogados.com.br

Área do Direito: Civil; Processual


Resumo: O presente ensaio retoma a conhecida tese formulada pelo jusfilósofo
norte-americano Ronald Dworkin de que há respostas corretas para questões jurídicas,
enfatizando o seu enraizamento nos princípios mais gerais da dignidade humana. O
objetivo é demonstrar que a resposta correta tem dupla dimensão, substantiva e
processual, justificada a partir dos princípios do autorrespeito e da autenticidade.

Palavras-chave: Ronald Dworkin – Decisão jurídica – Resposta correta – dignidade do


processo
Abstract: This essay reexamines the well-known thesis, formulated by the American
legal philosopher Ronald Dworkin, that establishes there are right answers for legal
issues, emphasizing its groundings on broader principles of human dignity. The point is
to show that a legal right answer has a double dimension, substantive and procedural,
which flows from the principles of self-respect and authenticity.

Keywords: Ronald Dworkin – Legal decision – Right answer – Dignity of due process
Para citar este artigo: Motta, Francisco José Borges; Abboud, Georges. Ronald Dworkin e
a dignidade do devidoprocesso: um ensaio sobre a dupla dimensão da resposta correta.
Revista de Processo. vol. 313. ano 46. p. 43-54. São Paulo: Ed. RT, março 2021.
Disponível em: inserir link consultado. Acesso em: DD.MM.AAAA.
Sumário:

1.Introdução: a ascensão justificatória como método de trabalho - 2.Dignidade humana


e processo democrático - 3.Dos princípios da dignidade ao devido processo: a dupla
dimensão da resposta correta - 4.Uma palavra final: o elogio da teoria

1.Introdução: a ascensão justificatória como método de trabalho

Boa parte das pesquisas que desenvolvemos em Direito tem, no trabalho do jusfilósofo
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norte-americano Ronald Dworkin (1931-2013), um centro gravitacional . Como se sabe,
Dworkin tornou-se um dos teóricos mais influentes do pensamento jurídico
contemporâneo quando, a partir da década de 60 do século passado, desafiou, de forma
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original e abrangente, a tese da separação conceitual necessária entre Direito e Moral .
Essa postura posicionou-o em rota de colisão com o positivismo jurídico sem, contudo,
implicar alinhamento com o pensamento jusnaturalista tradicional. Naquele primeiro
momento, o autor sustentou que haveria uma conexão necessária entre os domínios da
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Ronald Dworkin e a dignidade do devido processo: um
ensaio sobre a dupla dimensão da resposta correta

Moral e do Direito, na medida em que todo sistema jurídico seria composto de princípios
de moralidade política, cuja vinculatividade não derivava de sua incorporação por uma
autoridade política formal. E a influência desses princípios morais na experiência jurídica
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seria, por uma série de razões, decisiva . Tomando o positivismo jurídico de Herbert
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Hart (1907-1992) como parâmetro de contraponto, Dworkin defendeu a noção de que,
mesmo nos casos controversos ou não expressamente contemplados por uma regra
jurídica formal, o juiz não estaria imediatamente autorizado a exercer sua
discricionariedade; o compromisso com princípios de moralidade política tornaria sua
tarefa mais exigente. O juiz deveria chegar a uma solução que, sem desconsiderar as
fontes primárias e formais do Direito, fosse justificada por argumentos de princípio. A
melhor justificação possível, ancorada em princípios de moralidade política, formaria a
resposta correta ao problema jurídico.

Dworkin notabilizou-se, portanto, segundo a observação de Leslie Green, por ter


elaborado a crítica mais significativa já feita ao positivismo jurídico, em todos os níveis
concebíveis. Isso porque ele rechaçou a possibilidade de haver qualquer teoria da
existência e conteúdo do direito que o identificassem sem recorrer a seus méritos, para
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além de rejeitar, com isso, o foco institucional no positivismo.

Podemos afirmar com segurança que Hart efetivamente cumpriu aquilo a que se propôs
em seu The concept of law: fazer a teoria do direito avançar, especialmente
considerando a influência exercida, à época, pela teoria imperativa de Austin. Hart
avançou, mas manteve intocado o núcleo mais problemático do positivismo jurídico, a
saber: a redução da teoria do direito a uma teoria da norma, que não incluía uma
problematização da decisão judicial entre as suas preocupações centrais.

É nesse sentido que o objeto das críticas de Dworkin é, primariamente, o positivismo


jurídico com as feições que lhe deu H.L.A. Hart. Na visão dworkiniana, a teoria do direito
é apresentada como uma teoria acerca da forma segundo a qual os casos jurídicos
devem ser decididos (teoria da decisão). Para Dworkin, a coerção só pode ser utilizada
se em conformidade com princípios preestabelecidos de moralidade pública, conforme
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desenvolvemos ao longo do nosso artigo.

Desde a apresentação inicial das críticas de Dworkin ao positivismo e de suas teses


originais acerca da relação entre Direito e Moral, seu pensamento jurídico foi se tornando
notavelmente mais complexo e abrangente. Enquanto a sua distinção entre princípios e
regras, bem como a tese de que argumentos essencialmente morais teriam conteúdo
jurídico normativo, ganhava o mundo e o tornava célebre, ainda que muito contestado, o
autor norte-americano refinava sempre mais a sua compreensão do fenômeno jurídico e,
especialmente, a relação entre direito e moralidade. O desenvolvimento de seu sistema
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de pensamento atinge um ponto final em Justice for Hedgehogs , obra de 2011. Nesse
trabalho, Dworkin explicita com clareza o que, de certa forma, vinha ficando cada vez
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mais evidente em seus textos anteriores, especialmente em Justice in Robes , publicado
em 2006. O autor já não mais considera o Direito e a Moral como sistemas distintos que
possuem alguns pontos de interconexão, seja por meio dos princípios de moralidade
política, seja por meio da natureza interpretativa da argumentação jurídica. Agora,
Dworkin situa o direito como parte do todo representado pelo mundo do valor. Nesse
sentido muito amplo, o mundo do valor é a instância que define como nós, humanos,
podemos viver uma vida boa, individual e coletivamente. Essa instância pode ser
compreendida metaforicamente como uma árvore dotada de diversos galhos: a ética, a
moral, a moral política e o direito. O Direito, por sua vez, é um ramo do galho da
moralidade política. Essas subdivisões da estrutura geral do valor coexistem de forma
integrada, interagindo e influenciando-se reciprocamente.

Importante pontuar que, na visão de Dworkin, os juízos de valor não são verdadeiros
pela correspondência com o mundo natural. Eles são verdadeiros em razão de uma
defesa substantiva (um case) que pode ser feita em seu favor. O domínio da moral é
domínio do argumento, não o do fato bruto. O fato de um argumento moral não possuir
um correspondente no mundo físico natural, não o impede de ser verdadeiro. Ele será
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verdadeiro se houver uma argumentação substantiva em sua defesa.

Referida argumentação substantiva é desenvolvida, no quadro do pensamento


dworkiniano, sob a forma da ascensão justificatória. Sua estratégia é procurar integrar
um argumento particular e específico com um conjunto de argumentos mais
abrangentes, que lhe serviria de fundamento. No plano do Direito, por exemplo, Dworkin
trabalha para conectar suas proposições a um raciocínio mais profundo e amplo, que diz
respeito à ética, à moral e à moral política. Na especificidade do raciocínio moral,
Dworkin observa que os juízos morais exprimidos pelas pessoas devem ser postos à
prova por meio da reconstituição de suas ligações com princípios, concepções ou ideais
mais abrangentes. E é nesse sentido que se desenvolve uma teoria moral, em que se
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procura assegurar a integridade das convicções, articulando-as de forma coerente.

Pois bem. Neste breve ensaio, e com o apoio de Dworkin, procuraremos fazer uma
abordagem menos convencional do valor do processo jurisdicional. Mais do que
investigar uma cláusula constitucional específica, ou analisar dispositivos do CPC
(LGL\2015\1656), buscaremos, na trilha da ascensão justificatória por Dworkin sugerida,
apresentar o processo jurisdicional democrático como expressão de um conceito em
torno do qual se organiza e estrutura o mundo do valor: a dignidade humana. Em
síntese, pretendemos demonstrar que há uma profunda ligação entre dignidade humana
e processo jurisdicional democrático, a guiar a interpretação do que sejam um devido
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processo legal e uma resposta juridicamente correta.

2.Dignidade humana e processo democrático

No centro da teoria moral de Dworkin estão os chamados princípios da dignidade,


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desdobrados de uma leitura particular do conhecido princípio da humanidade kantiano .
Com efeito, na conhecida formulação de Immanuel Kant,

“o homem – e, de uma maneira geral, todo o ser racional – existe como fim em si
mesmo, e não apenas como meio para o uso arbitrário dessa ou daquela vontade. Em
todas as suas ações, pelo contrário, tanto nas direcionadas a ele mesmo como nas que o
são a outros seres racionais, deve ser ele sempre considerado simultaneamente como
fim.”

Além disso, “os seres racionais denominam-se pessoas, porque a sua natureza os
distingue já como fins em si mesmos, ou seja, como algo que não pode ser empregado
como simples meio e que, portanto, nessa medida, limita todo o arbítrio (e é um objeto
de respeito)”. Daí deriva a ideia de dignidade associada à pessoa humana, já que “no
reino dos fins, tudo tem um preço ou uma dignidade. Quando uma coisa tem preço,
pode ser substituída por algo equivalente; por outro lado, a coisa que se acha acima de
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todo preço, e por isso não admite qualquer equivalência, compreende uma dignidade” .

É justamente no pensamento de Kant que a doutrina jurídica mais expressiva ainda hoje
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identifica as bases de uma fundamentação da dignidade da pessoa humana , e não foi
diferente com Dworkin. Na sua leitura, o aspecto central do argumento kantiano consiste
em considerar que o respeito pela nossa própria humanidade significa respeito pela
humanidade enquanto tal, quer dizer: se alguém trata os outros como simples meios
(instrumentos), cujas vidas não têm importância intrínseca, este alguém está, na
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verdade, desprezando a sua própria vida também .

Explicando melhor, Dworkin concebe a dignidade humana como sendo dotada de uma
dupla dimensão, que pode ser traduzida em dois princípios básicos: o princípio do valor
intrínseco da vida humana e o princípio da responsabilidade pela vida humana; outra
maneira de enunciá-los é: o princípio do respeito próprio (principle ofself-respect) e o
princípio da autenticidade (principle of authenticity).

De acordo com o primeiro princípio (princípio do valor intrínseco), toda vida humana tem
um tipo de valor objetivo. Dworkin supõe que as pessoas, em geral, concordam com a
afirmação de que suas próprias vidas tenham valor objetivo, e que não há nenhuma boa
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razão para que a vida de alguém seja considerada mais ou menos importante do que
qualquer outra. Nessa vereda, haveria uma falha grave, uma falta de dignidade pessoal,
naquele que deixa de dar o devido valor à vida – seja à sua própria, seja à alheia. A
importância objetiva não pode pertencer a uma vida humana sem que pertença,
também, a todas as outras, de modo que é impossível separar o respeito próprio do
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respeito pela importância da vida dos demais .

De acordo com o segundo princípio (princípio da responsabilidade pessoal), cada um tem


uma responsabilidade especial por buscar o sucesso em sua própria vida, uma
responsabilidade que inclui a tomada de uma decisão sobre que tipo de vida poderia ser
considerado um sucesso. O indivíduo não deve aceitar, portanto, que qualquer outro lhe
imponha esses valores pessoais; ainda que ele aceite seguir alguma tradição ou código
moral, isso deve ser o resultado de seu próprio julgamento. Não se pode alienar esse
tipo de decisão nem se deve aceitar o direito de um terceiro impô-la, coercitivamente.
Assim, não se concede ao Estado, ou a qualquer outro grupo, a autoridade de nos exigir
a adesão a um esquema particular de valores, ou de nos impor escolhas particulares,
como a nossa profissão ou o nosso cônjuge; isso implicaria subordinação, condenada
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pelo princípio em questão .

Isso não significa, por certo, que o Estado (government) não possa nos impor
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obrigações; é claro que pode, inclusive obrigações de fundo moral .

Para entendermos esse ponto, devemos ter presente a diferença por Dworkin traçada
entre ética e moralidade. Enquanto nossas convicções éticas definem o que deve contar
como uma vida boa para nós mesmos, nossos princípios morais definem nossas
obrigações para com os demais. O princípio da responsabilidade pessoal permite que o
Estado nos force a viver de acordo com decisões coletivas baseadas em princípios
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morais, mas proíbe que o Estado nos dite convicções éticas .

Essas considerações vêm ao caso, aqui, à medida que Dworkin sugere que a sua
concepção de dignidade humana, desdobrada nos princípios anteriormente expostos, dá
consequência a dois princípios estruturantes da democracia constitucional: a igual
consideração (equal concern) e o autogoverno (self-government).

De acordo com o princípio da igual consideração, que é um desdobramento do primeiro


princípio da dignidade humana (princípio do valor intrínseco), uma comunidade política
deve demonstrar igual consideração pelas vidas de todos que estão sob a sua esfera de
ação. Com relação ao princípio do autogoverno, trata-se de uma decorrência do segundo
princípio (princípio da responsabilidade pessoal): os arranjos políticos, para se dotarem
de legitimidade, devem respeitar a responsabilidade pessoal e inalienável dos
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indivíduos de identificarem valor nas suas próprias vidas .

Dito isso, vejamos como os princípios basilares de igual consideração e de autogoverno


repercutem sobre os processos de formação de decisões públicas vinculantes. Dworkin
defende o argumento de que as pessoas não têm o direito moral de exercer coerção
sobre as demais, mesmo quando alegam agir no melhor interesse destas. Uma
imposição desse tipo (heterônoma) seria ofensiva à dignidade humana. Portanto, num
ambiente democrático, as obrigações impostas pelo poder público devem ser
estabelecidas pelo próprio povo, quer dizer, no exercício de seu autogoverno. Daí por
que é necessário garantir participação no processo de tomada de decisões vinculativas.
Entenda-se bem: democracia implica autogoverno. Assim, apesar de a nossa dignidade
ficar comprometida quando nos submetemos à autoridade de outros sem termos
participado de suas decisões, não há dano à nossa dignidade quando, por outro lado,
nós participamos, como parceiros iguais (daí a necessidade de igual consideração e
respeito), na construção destas mesmas decisões.

Perceba-se: dos princípios éticos da dignidade (autenticidade e valor objetivo) fluem dois
princípios políticos fundamentais (autogoverno e igual consideração); a partir deles,
concebem-se as condições de legitimidade de um processo democrático.
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Ronald Dworkin e a dignidade do devido processo: um
ensaio sobre a dupla dimensão da resposta correta

3.Dos princípios da dignidade ao devido processo: a dupla dimensão da resposta correta

Foquemos, em arremate, a repercussão do respeito pela dignidade humana – na


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interpretação dworkiniana do pensamento de Kant – no desenvolvimento de um
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processo jurisdicional democrático .

Nessa perspectiva, defendemos que se devem interpretar as cláusulas constitucionais


que tratam do processo jurisdicional de modo a harmonizá-lo com as exigências da
-democracia constitucional dworkiniana. Nesse sentido, o processo jurisdicional
alcançaria a sua legitimidade a partir da observância dos princípios da dignidade (
autenticidade e valor objetivo) e da concretização dos princípios políticos estruturantes
da democracia (autogoverno e igual consideração e respeito). Por consequência, seria
possível dizer que uma decisão jurídica e democraticamente correta deve ter a sua
legitimidade confirmada de dois modos: por um lado, deve ser produto de um
procedimento constitucionalmente adequado, por meio da qual se garanta, aos
interessados, participação; por outro, a decisão deve estar fundamentada numa
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interpretação dirigida à integridade do Direito. É o que ora denominamos dupla
dimensão (processual e conteudística) da resposta correta.

Quer dizer: por um lado, preserva-se o autogoverno (e a autenticidade) assegurando-se


a participação do interessado na construção das decisões que lhe vinculam (sendo que
essa participação se dá, no âmbito específico do processo jurisdicional, em contraditório
); por outro, a decisão jurídica final, além de ter de refletir a contribuição do debate
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processual (compartilhamento decisório ), deve guardar coerência com a integridade do
Direito, de modo a preservar o tratamento igualitário (princípio do valor objetivo).

Eis aí, portanto, guardados os limites deste ensaio, uma proposta de interpretação do
direito processual brasileiro: há uma imbricação indissolúvel entre os arts. 8º (promoção
da dignidade humana), 926 (dever de coerência e integridade) e o § 1º, IV, do art. 489 (
dever de consideração), todos do CPC (LGL\2015\1656) vigente. E é disso que trata (
procedimento e resultados) um devido processo. Não se trata de meras mudanças
legislativas, mas de uma guinada no que se entende por processo jurisdicional
democrático, que passa a ser concebido como corolário da exigência de igualdade de
consideração (decorrência dos princípios do respeito próprio e da igual consideração) e
de deferência à participação das partes na construção da resposta mais adequada a cada
caso (princípio da autenticidade ou, mais especificamente, autogoverno).
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Registre-se, pois: assim como a dignidade é indivisível , também os seus reflexos
processuais são incindíveis e reciprocamente constitutivos. Devido processo legal e
dignidade da pessoa humana estão entrelaçados. De nada adianta garantir participação
aos interessados se a decisão final não estiver radicada numa teoria coerente, em
princípio, com a integridade do Direito; de nada ainda uma resposta correta em seu
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resultado que tenha sido construída autocraticamente .

Nessa perspectiva, a concepção de resposta correta impõe ao poder público (


government) o dever de encarar o Direito como integridade, ou seja, como um todo
realizável a partir da legalidade constitucional e infraconstitucional, dos princípios e
aportes corretivos informados a partir da teoria do direito que, de há muito, defendemos
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possuir um inegável valor normativo.

Sem atentarmos para esse dever de observância, não conseguiremos explorar as


potencialidades hermenêuticas e democráticas do CPC (LGL\2015\1656) vigente, em
especial, dos citados artigos 8º, 489, § 1º, e 926.

Com efeito, a integridade aqui impõe a reconstrução da história jurídica de uma


determinada comunidade, na qual se encontram critérios contraditórios para a solução
dos problemas apresentados pelo caso concreto. Trata-se de encontrar uma explicação
para tais critérios, bem como exigir que as distinções e determinações produzidas no
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caso não se façam ao acaso, senão que respondam por razões públicas e justificadas.
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Ronald Dworkin e a dignidade do devido processo: um
ensaio sobre a dupla dimensão da resposta correta

Isso quer dizer que a atividade coativa do Estado – realizada sob o signo do Direito –
exige uma resposta a um conjunto coerente de princípios. No caso de necessidade de
rompimento com essa cadeia de significados, igualmente recrudesce a obrigatoriedade
de motivar, e a remissão ao contexto conjuntural dos princípios se faz de maneira ainda
mais delicada. Porém, essa modificação adere-se à integridade do Direito de modo que
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sua modificação exigirá o mesmo processo, em um momento subsequente.

Ronald Dworkin ensina, que partir da perspectiva do Direito como integridade, implica
que toda interpretação judicial tenha por finalidade uma descrição coerente da ordem
jurídica em seu conjunto. Isso ocorre porque, em uma democracia, toda interpretação do
direito constitucional deve considerar a própria democracia. Assim, por exemplo, as
decisões que interpretam o devido processo legal e a isonomia, ao serem concretizadas,
devem, necessariamente, levar em conta todo o restante da principiologia constitucional.
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Aliás, a própria integridade é a chave de leitura para uma compreensão


constitucionalmente adequada à aplicação das decisões vinculantes e das súmulas
enumeradas no art. 927 do CPC (LGL\2015\1656).

Daí a razão de defendermos o mencionado artigo do CPC (LGL\2015\1656) não sob uma
ótica de “aplicação” obrigatória, mas sim de “enfrentamento” obrigatório. Isso porque o
vício, sancionado pelo CPC (LGL\2015\1656) 489, § 1º, V e VI, é o da não diferenciação
entre o caso sub iudice e o paradigma como forma de justificar a não aplicação do
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provimento vinculante. O enfrentamento pressupõe uma compreensão do Direito como
integridade, de modo a tornar o cotejo algo muito mais complexo, muito além dos
elementos textuais e alcançam o jurídico também na dimensão de sua justificação.

Desse modo, uma decisão judicial estará justificada não apenas quando respeita a
equidade dos procedimentos, mas, também, quando respeita a coerência de princípios
que compõem a integridade moral da comunidade política. Ou seja, a ideia de princípio
em Dworkin não é materializável, a priori, em um texto ou enunciado emanado de um
precedente, lei, ou mesmo da Constituição, mas um argumento de princípio remete à
totalidade referencial dos significados desses instrumentos jurídicos. Tanto é assim que,
no Império do direito, o “método” de Hércules e o direito como integridade aparecem
nessas três dimensões: nos precedentes (ou no common law), nas leis e na Constituição.
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Reforçamos que a perspectiva do Direito como integridade implica que toda


interpretação judicial tenha por finalidade uma descrição coerente da ordem jurídica em
seu conjunto. Isso ocorre porque, em uma democracia, toda interpretação do direito
constitucional deve considerar a própria democracia. Assim, por exemplo, as decisões
que interpretam o devido processo legal e a isonomia devem, ao serem concretizadas,
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necessariamente levar em conta todo o restante da principiologia constitucional.

Na visão de Dworkin, é impensável a solução de uma questão jurídica recorrendo-se, tão


somente, e exclusivamente, a uma única fonte jurídica. O julgador deve
obrigatoriamente examinar de que forma a Constituição, a lei, os precedentes e as
súmulas regulamentam direta ou indiretamente o caso concreto. Quando o direito é visto
como integridade, elimina-se qualquer referencial em que se confere a alguma fonte a
identificação direta com o caso a ser julgado, como se a decisão estivesse pronta e já
viesse com ele. No Brasil, esse errôneo pensamento é frequentemente atribuído à
súmula vinculante e às decisões repetitivas, dotadas de efeito vinculante e proferidas
34
pelo STF e STJ.

Isso quer dizer que a atividade coativa do Estado – realizada sob o signo do direito –
exige uma resposta a um conjunto coerente de princípios. No caso de necessidade de
rompimento com essa cadeia de significados, a necessidade de justificação aumenta
ainda mais, e a remissão ao contexto conjuntural dos princípios se faz de maneira ainda
mais delicada. Porém, essa modificação adere-se à integridade do direito de modo que
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sua modificação exigirá o mesmo processo, em um momento subsequente.

Esse é o pano de fundo necessário para se estruturar a resposta correta no direito.


Dworkin sustenta que, perante uma disputa interpretativa, por mais complexa que ela
seja, sempre é possível determinar qual das posições sustentadas responde melhor à
questão jurídica discutida. Logo, existem, sim, interpretações melhores que outras e,
entre elas, uma pode ser considerada a melhor interpretação. Em última instância, isso
significa que há uma resposta correta (melhor, mais adequada) mesmo nos casos mais
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problemáticos.

O fato de a proposição interpretativa ser diferente da científica não pode permitir que o
julgador, ao interpretar o princípio constitucional da igualdade, afirme ser legítima a
diferença dos direitos políticos entre mulheres e homens ou que brancos não podem ter
os mesmos direitos que negros. A resposta correta não é metafísica, ela se impõe
construtivamente, quando o intérprete evidencia as razões pelas quais a decisão por ele
alcançada é melhor do que todas as outras identificadas na comunidade. Nas palavras de
Dworkin, “uma proposição interpretativa é verdadeira porque as razões de sua admissão
são melhores do que as razões de admissão de qualquer outra proposição interpretativa
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rival”.

Perante os ensinamentos de Dworkin, já tivemos a oportunidade de destacar algumas


premissas decorrentes dessa visão para uma interpretação integrativa dos arts. 8º, § 1º,
489 e 926 do CPC (LGL\2015\1656): a) identificar precisamente a facticidade ínsita ao
caso concreto; b) julgador deverá identificar a legalidade aplicável ao caso; c) julgador
deverá identificar as demais fontes jurídicas positivas aplicáveis ao caso; d) deve haver
um resgate da análise teórica do direito, mediante a incidência da fonte não positiva do
direito, a doutrina; e) deve haver estrita relação de individualização dos pedidos do
autor, bem como das exceções e dos pontos de defesa do réu; f) julgador deve
demonstrar porque a solução proferida por ele é superior às demais, compreendendo a
apresentada por uma das partes ou presente em outras decisões; g) julgador para
construir a resposta correta deve se preocupar com as consequências jurídicas de sua
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decisão.

Neste ensaio, nossa conclusão será dedicada à letra d. Somente a abordagem teórica
permite superar o relativismo; é a partir dela que se pode afirmar que uma proposta
in-terpretativa é substantivamente superior às rivais – e não apenas superior na opinião
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do seu proponente, mas objetivamente superior.

Sem o elogio à teoria, portanto, não compreenderemos o alcance democrático do


art. 8º, § 1º, do art. 489 e do art. 926 todos do CPC (LGL\2015\1656).

4.Uma palavra final: o elogio da teoria

Neste pequeno trabalho, pretendemos defender uma ideia bem geral: a de que a
discussão sobre processo fica mais rica quando se entende que se está a lidar com
valores mais amplos, como a democracia e, num nível ainda mais abrangente, com a
dignidade humana. Faz sentido propor uma interpretação assim tão generalizante?
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Deixamos a resposta com Dworkin , dirigindo-se aos jovens que planejavam se dedicar
à filosofia do direito:

“Quando o fizerem, assumam as legítimas responsabilidades da filosofia e abandonem o


manto da neutralidade. Falem em nome da Sra. Sorenson e de todas as outras pessoas
cujo destino depende de novas afirmações acerca daquilo que o direito já é. Ou, se não
puderem falar em nome delas, pelo menos falem com elas e expliquem por que elas
não têm direito àquilo que reivindicam. Falem com os juristas e juízes que terão de se
haver com a nova Lei dos Direitos Humanos do Reino Unido. Não digam aos juízes que
eles devem exercer seu poder discricionário como acharem melhor. Eles querem saber
como entender essa lei enquanto direito, como decidir, e a partir de qual fonte, de que
modo a liberdade e a igualdade passaram a ser vistas em nossos dias, não, não apenas
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ensaio sobre a dupla dimensão da resposta correta

como ideais políticos, mas também como direitos jurídicos. Se vocês os ajudarem, se
falarem ao mundo dessa maneira, permanecerão mais fiéis ao gênio e à paixão de
Herbert Hart do que se seguirem suas ideias estreitas sobre a natureza e os limites da
filosofia analítica do direito. Devo, porém, adverti-los de que, se for esse o caminho que
escolherem, estarão correndo; o grande risco de se tornarem... bem, de se tornarem
interessantes.”

Eis aí um risco que nos agrada assumir.

1 .Este ensaio expande o argumento apresentado, de modo simplificado, em trabalho


anterior. Ver: MOTTA, Francisco José Borges. Dworkin, a dignidade do processo e a
dupla dimensão da resposta correta. Disponível em: [www.emporiododireito.com.br].

2 .Reproduzimos, nestes parágrafos de introdução, a contextualização traçada em:


MELLO, Cláudio Ari; MOTTA, Francisco José Borges. A ambição do ouriço: um ensaio
sobre a versão final da filosofia do direito de Ronald Dworkin. Revista Novos Estudos
Jurídicos, Itajaí, v. 22, n. 2, 2017. p. 723-753.

3 .DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

4 .HART, H.L.A. O conceito de direito. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.

5 .“Positivism’s most significant critic rejects the theory on every conceivable level. He
denies that there can be any general theory of the existence and content of law; he
denies that local theories of particular legal systems can identify law without recourse to
its merits, and he rejects the whole institutional focus on positivism” (GREEN, Leslie.
Positivism. Stanford Encyclopedia of Philosophy. Fall Edition, 2009. p. 13. Ver, ainda:
ABBOUD, Georges. Processo constitucional brasileiro. 4. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais/Thomson Reuters, 2020. p. 106).

6 .“A society has a legal system only when, and to the extent that, it honors this ideal,
and its law is the set of all considerations that the courts of such a society would be
morally justified in applying, whether or not those considerations are determined by any
source” (GREEN, Leslie. Positivism. Stanford Encyclopedia of Philosophy. Fall Edition,
2009, p. 13).

7 .DWORKIN, Ronald. Justice for Hedgehogs. Cambridge, Massachusetts, London: The


Belknap Press of Harvard University Press, 2011.

8 .DWORKIN, Ronald. A justiça de toga. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.

9 .DWORKIN, Ronald. A justiça de toga. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.
p. 341-69.

10 .DWORKIN, Ronald. A justiça de toga. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.
p. 113-115.

11 .Tese desenvolvida com mais fôlego em: MOTTA, Francisco José Borges. Ronald
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Ronald Dworkin e a dignidade do devido processo: um
ensaio sobre a dupla dimensão da resposta correta

Dworkin e a decisão jurídica. 2. ed. Salvador: JusPodivm, 2018.

12 .Este tópico reproduz, com pequenas modificações, trabalho anterior: MOTTA,


Francisco José Borges; RAMIRES, Maurício. O novo Código de Processo Civil e a decisão
jurídica democrática: como e por que aplicar precedentes com coerência e integridade?
In: STRECK, Lenio Luiz; ALVIM, Eduardo Arruda; LEITE, George Salomão (Coord.).
Hermenêutica e jurisprudência no Código de Processo Civil: coerência e integridade.
2. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. p. 86-112.

13 .KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes e outros escritos. São


Paulo: Martin Claret, 2005. p. 58-65.

14 .SARLET, Ingo. Dignidade da pessoa humana. In: BARRETTO, Vicente de Paulo


(Coord.). Dicionário de filosofia do direito. São Leopoldo/Rio de Janeiro:
Unisinos/Renovar, 2006. p. 214.

15 .DWORKIN, Ronald. Is Democracy Possible Here? Principles for a New Political


Debate. Princeton: Princeton University Press, 2006. p. 16-17.

16 .DWORKIN, Ronald. Is Democracy Possible Here? Principles for a New Political


Debate. Princeton: Princeton University Press, 2006. p. 9-17.

17 .DWORKIN, Ronald. Is Democracy Possible Here? Principles for a New Political


Debate. Princeton: Princeton University Press, 2006. p. 9-18.

18 .Conferir: HOMMERDING, Adalberto Narciso. Teoría de La Legislación y Derecho como


Integridad. Curitiba: Juruá, 2012. p. 203.

19 .DWORKIN, Ronald. Is Democracy Possible Here? Principles for a New Political


Debate. Princeton: Princeton University Press, 2006. p. 20-21.

20 .DWORKIN, Ronald. Is Democracy Possible Here? Principles for a New Political


Debate. Princeton: Princeton University Press, 2006. p. 144-145.

21 .Importante o registro de que seria um erro afirmar que Dworkin teria incorporado,
de algum de modo relevante, a teoria do direito de Kant, como observa Cláudio Ari
Mello. Segundo o autor, numa passagem, aliás, crítica a Dworkin, trazer a filosofia
jurídica e política de Kant para os debates sobre democracia e jurisdição coloca “sob
suspeita algumas convicções daqueles que defendem a supremacia judicial na
interpretação constitucional e que postulam um ativismo judicial imoderado na
concretização dos princípios, valores e direitos constitucionais” (MELLO, Cláudio Ari. Kant
e a dignidade da legislação. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010. p. 19).

22 .Esse argumento também foi explorado em: STRECK, Lenio Luiz; MOTTA, Francisco
José Borges. Para entender o novo Código de Processo Civil: da dignidade da pessoa
humana ao devido processo legal. Revista Opinião Jurídica, Fortaleza, v. 14, 2016.
p. 112-128.

23 .Com efeito, a noção de “Direito como integridade” supõe que as pessoas têm direito
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Ronald Dworkin e a dignidade do devido processo: um
ensaio sobre a dupla dimensão da resposta correta

a uma extensão coerente, e fundada em princípios, das decisões políticas do passado,


mesmo quando os juízes divergem profundamente sobre o que isso significa; a ideia
nuclear é a de que todos os direitos que sejam patrocinados pelos princípios que
proporcionam a melhor justificativa da prática jurídica como um todo sejam pretensões
juridicamente protegidas. Dworkin parte do pressuposto de que a “integridade política”,
entendida como a necessidade de que o governo tenha uma só voz e aja de modo
coerente e fundamentado em princípios com todos os seus cidadãos, para estender a
cada um os padrões fundamentais de justiça e equidade que usa para alguns, é uma
virtude política, uma exigência específica da moralidade política de um Estado que deve
tratar os indivíduos com igual consideração e respeito. Mais: trata-se de uma exigência
do autogoverno, na medida em que um cidadão não pode se considerar o autor de um
conjunto de leis incoerentes em princípio; quer dizer: a integridade está ligada à questão
da legitimidade da coerção oficial. Conferir: DWORKIN, Ronald. Law’s Empire.
Cambridge, Mass./London: The Belknap Press of Harvard University Press, 1986.

24 .Ver, em sentido aproximado: NUNES, Dierle José Coelho. Processo jurisdicional


democrático: uma análise crítica das reformas processuais. Curitiba: Juruá, 2008;
MITIDIERO, Daniel. Colaboração no processo civil: pressupostos sociais, lógicos e éticos.
2. ed. São Paulo: Ed. RT, 2011.

25 .DWORKIN, Ronald. Justice for Hedgehogs. Cambridge, Mass./London: The Belknap


Press of Harvard University Press, 2011.

26 .Nesse sentido, amplamente: MEDEIROS, João Paulo Fontoura de. Devido processo
ambiental: o processo como discurso imanente. Curitiba: Juruá, 2018.

27 .ABBOUD, Georges. Processo constitucional brasileiro. 4. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais/Thomson Reuters, 2020. p. 303 et seq.

28 .ABBOUD, Georges. Processo constitucional brasileiro. 4. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais/Thomson Reuters, 2020. p. 331.

29 .Ver: CALSAMIGLIA, Albert. El concepto de integridad en Dworkin. Doxa: Cuadernos


de Filosofia del Derecho, Alicante, n. 12, 1992.

30 .DWORKIN, Ronald. Igualdad, democracia y Constitución: nosotros, el Pueblo, en los


tribunales, In: CARBONELL, Miguel; JARAMILLO, Leonardo García (Org.). El canon
neoconstitucional, Madrid: Trotta, 2010. p. 146; ABBOUD, Georges Processo
constitucional brasileiro. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais/Thomson Reuters,
2020. p. 374.

31 .ABBOUD, Georges Processo constitucional brasileiro. 4. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais/Thomson Reuters, 2020. p. 1164.

32 .Ver: ABBOUD, Georges Processo constitucional brasileiro. 4. ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais/Thomson Reuters, 2020. p. 374-375.

33 .DWORKIN, Ronald. Igualdad, democracia y Constitución: nosotros, el Pueblo, en los


tribunales. In: CARBONELL, Miguel; JARAMILLO, Leonardo García (Org.). El canon
neoconstitucional, Madrid: Trotta, 2010. p. 146.
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34 .ABBOUD, Georges Processo constitucional brasileiro. 4. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais/Thomson Reuters, 2020. p. 374.

35 .DWORKIN, Ronald. Igualdad, democracia y Constitución: nosotros, el Pueblo, en los


tribunales. In: CARBONELL, Miguel; JARAMILLO, Leonardo García (Org.). El canon
neoconstitucional, Madrid: Trotta, 2010. p. 159.

36 .DWORKIN, Ronald. Igualdad, democracia y Constitución: nosotros, el Pueblo, en los


tribunales. In: CARBONELL, Miguel; JARAMILLO, Leonardo García (Org.). El canon
neoconstitucional, Madrid: Trotta, 2010. p. 161.

37 .ABBOUD, Georges. Processo constitucional brasileiro. 4. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais/Thomson Reuters, 2020. Ver item 1.13.5.11. p. 385-387.

38 .DWORKIN, Ronald. A justiça de toga. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010. p. 85.

39 .DWORKIN, Ronald. A justiça de toga. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.
p. 263-264.

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