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RAYSSA KLOCZKO

RELATÓRIO PARCIAL DO ESTÁGIO BÁSICO II

UNIÃO DA VITÓRIA - PR
2020
RAYSSA KLOCZKO

RELATÓRIO PARCIAL DO ESTÁGIO BÁSICO II

Relatório Parcial de Estágio


Supervisionado Profissional básico II
apresentado ao Curso de Psicologia do
Centro Universitário Vale do Iguaçu,
como requisito parcial para obtenção do
título de Psicóloga.
Orientadora: Monica Raquel Cunha

UNIÃO DA VITÓRIA-PR
2020
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................4
1.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTÁGIO...................................................4
1.2 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO...............................4
1.3 TÍTULOS E SUBTÍTULOS ABORDADOS.........................................5
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................6
2.1 YALOM E OS FATORES TERAPÊUTICOS.......................................6
2.1.1 Instilação de esperança....................................................................6
2.1.2 Universalidade..................................................................................7
2.1.3 Compartilhamento de informações...................................................7
2.1.4 Altruísmo...........................................................................................8
2.1.5 A recapitulação corretiva do grupo familiar primário........................8
2.2.6 Desenvolvimento de técnicas de socialização.................................8
2.2.7 Comportamento imitativo..................................................................9
2.2 A LINHA TÊNUE ENTRE O NORMAL E O PATOLOGICO E OS
TRANSTORNOS MENTAIS.................................................................................9
2.2.1 O normal e o patológico....................................................................9
2.2.2 Transtornos depressivos................................................................10
2.2.4 Transtorno bipolar...........................................................................12
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................14
1. INTRODUÇÃO

1.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTÁGIO


O estágio básico II é regulamentado pela lei nº 11.788, de 25 de setembro de
2008, é intitulado como obrigatório, e dessa forma, segundo o § 1º do art. 2º, “é
aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga horária é requisito para
aprovação e obtenção de diploma”. Assim, a obrigatoriedade do estágio faz-se
necessária uma vez que está é uma possibilidade de relacionar a teoria e a prática,
ou seja, aproxima a futura psicóloga da realidade de sua área de formação e a ajuda
a compreender as teorias que conduzem aos exercícios de sua profissão. Logo, a
acadêmica pode relacionar os conceitos aprendidos na sala de aula com a
experiência do estágio, ocasionando a integração entre o estudo acadêmico e a
prática profissional.
Além disso, o Estágio Básico II têm o intuito de treinar a observação e o
registro da psicóloga, bem como o entendimento de uma visão contextualizada, que
consegue entender as relações comportamentais dos sujeitos com a dinâmica da
sociedade, a prática dentro do Centro de Atenção Psicossocial, a cultura e a
ontologia. Nessa perspectiva, a acadêmica tem a chance de aproximar a
universidade e a sociedade, integrando-se a realidade social.

1.2 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO


O campo de estágio escolhido é intitulado como Centro de Atenção
Psicossocial I, localizado na cidade de Porto União/SC. Os CAPS surgiram como
uma alternativa as internações e tratamentos fechados, assim eles buscam um
cuidado na saúde mental de forma aberta e comunitária, recebendo não somente o
usuário, mas os familiares e a comunidade. Logo, para além de um espaço de
cuidado, o CAPS representa uma missão de garantia do exercício da cidadania e
inclusão social de seus usuários e familiares (CENTRO DE ATENÇÃO
PSICOSSOCIAL, 2020; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018).
Os CAPS são organizados em modalidades de acordo com a gravidade dos
casos, a faixa etária dos usuários e o alcance de população. O local de estágio
corresponde ao CAPS I. Nele há atendimento de pessoas de todas as faixas etárias
que apresentam prioritariamente transtornos mentais moderados à graves, incluindo
aqueles relacionados ao uso de substâncias psicoativas, e outras situações clínicas
que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida. É Indicado
para municípios ou regiões de saúde com população acima de 15 mil habitantes
(CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL, 2020; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018).
O atendimento é desenvolvido a partir de uma partilha de saberes
multiprofissionais, do usuário do serviço e da família, chamado de Projeto
Terapêutico Singular (PTS). Como os PTS consideram a complexidade da
singularidade humana, as ações dos CAPS são realizadas de diferentes formas. No
campo de estágio há atendimentos psicológicos em grupo, oficinas terapêuticas,
atendimento social, de enfermagem, visitas domiciliares e atendimento os familiares
com reuniões mensais. Mais especificamente o estágio concentra-se na observação
de um grupo psicoterapêutico formado por jovens com transtornos moderados,
dentre eles destacam-se a ansiedade, a depressão e a bipolaridade (CENTRO DE
ATENÇÃO PSICOSSOCIAL, 2020; CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA,
2013).

1.3 TÍTULOS E SUBTÍTULOS ABORDADOS


Como já foi dito, o Estágio Básico II tem por objetivo a observação e o
entendimento por parte do acadêmico de Psicologia da dinâmica da terapia em
grupo. Dessa forma, o questionamento inicial foi: “de que forma os membros do
grupo se beneficiam desta terapia?” Tendo em vista essa primeira indagação, o
primeiro capítulo tem o intuito de explanar sobre alguns fatores terapêuticos que
contribuem para a melhora dos pacientes descritos por Yalom e Leszcz (2006).
Á seguir no capítulo 2 a intenção é explanar e questionar as definições do que
é normal e patológico. Nesta perspectiva, objetiva-se mostrar como a linha entre a
normalidade e a patologia é tênue, e como o estagiário de psicologia deve estar
atento para não estigmatizar os integrantes do grupo. Ainda neste capítulo são
caracterizados os transtornos que foram apresentados no grupo terapêutico
observado: os transtornos depressivos, os transtornos ansiosos e o transtorno
bipolar.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 YALOM E OS FATORES TERAPÊUTICOS


Há um questionamento central no início da experiência psicoterápica de
grupo: de que forma a terapia e grupo ajuda os pacientes? Para Yalom e Leszcz
(2006, p.23) a mudança terapêutica é um processo terapêutico complexo, “que
ocorre por uma interação intricada de experiências humanas”, institulada pelos
autores como fatores terapêuticos. Conhecer e identificar esses fatores dentro da
dinâmica grupal torna-se uma base essencial para o terapeuta, logo ele consegue
selecionar as melhores táticas e estratégias para moldar e maximizar as
experiências do grupo.
De acordo com as perspectivas de Yalom e Leszcz (2006) a experiência
terapêutica ocorre em um processo dinâmico, porém para estuda-los é inevitável o
processo de divisão, assim os fatores dividem-se em 11 fatores primários, elencados
de forma aleatória, pois não há como hierarquiza-los devido as profundas
implicações envolvidas, como por exemplo a subjetividade do grupo e dos
integrantes. Serão descritos a seguir inicialmente sete dos onze fatores terapêuticos
propostos por Yalom e Leszcz (2006).

2.1.1 Instilação de esperança


Yalom e Leszcz (2006) frisa a relevância da instilação da esperança em
qualquer psicoterapia, tanto para manter o paciente no tratamento, e também por
que a fé em si é terapêutica. Há diversas pesquisas que mostram os benefícios do
tratamento pelo placebo, existem tratamentos inteiros baseados nesse fator. Dessa
maneira, o terapeuta de grupo deve desde o principio instilar e manter a esperança.
Isso deve iniciar-se nas orientações pré- grupo, onde o terapeuta deve
salientar os benefícios da técnica, produzir expectativas realistas e positivas sobre a
terapia de grupo, corrigir concepções errôneas, medos e expectativas irreais e falar
que os métodos são científicos/comprovados, por exemplo. Ao longo das reuniões o
terapeuta pode ressaltar as melhoras que estão acontecendo entre os membros. A
esperança trás também inspiração, assim quando os grupos são homogêneos
(pessoas que tem queixas e problemas parecidos) esse fator terapêutico tende a ser
mais intenso (YALOM; LESZCZ, 2006).
2.1.2 Universalidade
Segundo Yalom e Leszcz (2006), a universalidade é um dos mais importantes
fatores terapêuticos, ou seja, um dos elementos que ocorrem na terapia de grupo
capaz de promover a melhora dos participantes. A universalidade, no entanto, não
pode ser analisada isoladamente, à medida que possui interação com outros fatores
terapêuticos.
Muitas pessoas iniciam a terapia com a falsa ideia de que seus problemas
são singulares e que ninguém mais passa por isso. E de fato, em partes elas estão
corretas, porque em todo caso existem peculiaridades, e as variáveis são diferentes.
Porém, mesmo que nenhum sofrimento seja igual - e as diferenças vão desde o foco
do “problema” até a maneira como se reage diante deles -, dentro da terapia de
grupo muitos participantes podem sair de seu isolamento habitual e perceber que
existem “problemas análogos” (Yalom; Leszcz, 2006).
Assim, ouvindo os relatos de outros participantes do grupo, o indivíduo que
sofre pode perceber que ele não é o único. Ao mesmo tempo em que ficam aliviados
por entenderem que não estão sozinhos, tal prática também acaba por invalidar a
singularidade como sentimento de alívio. Nesse ponto, a perspectiva passa a ser
outra, já que agora o indivíduo cruza a linha da passividade e passa a assumir um
papel mais ativo em sua vida, num sentido de também responsabilizar-se. Após
ouvir outros membros revelarem demandas semelhantes ás suas, os participantes
tendem a sentir-se mais em conexão com o mundo, numa perspectiva de “inclusão”,
suprimindo o isolamento (Yalom; Leszcz 2006).

2.1.3 Compartilhamento de informações


Há duas formas de compartilhamento de informações: a primeira inclui a
instrução didática sobre a “natureza da doença ou do problema do paciente e
examinando as concepções errôneas e respostas autodestrutivas a sua doença”,
dessa forma, os integrantes do grupo também podem passar por um processo
psicoeducativo durante a terapia de grupo. A instrução didática consegue diminuir o
medo e a ansiedade que a incerteza da fonte, do significado e da gravidade dos
sintomas psiquiátricos causam. Logo, a explicação desses fenômenos torna-se o
primeiro passo para o seu controle (YALOM; LESZCZ, p. 29, 2006).
Outra maneira de compartilhar informações é entre os próprios membros do
grupo, em forma aconselhamento direto. Porém, segundo Yalom e Leszcz (2006) é
raro que pacientes se beneficiem diretamente de conselhos diretos. Por
conseguinte, o processo de aconselhar implica muito mais na transmissão de
interesse e cuidado mútuo.

2.1.4 Altruísmo
Muitos pacientes psiquiátricos que iniciam uma terapia sentem-se um fardo, e
possuem um sentido profundo de não ter nada o que oferecerem aos outros. A
experiência de descobrir que podem de alguma forma ajudar o outro, e essa
sensação torna-se renovadora e aumenta a autoestima. Dessa forma, os integrantes
do grupo ganham por darem, pois há algo intrínseco no ato de dar: “as pessoas
precisam sentir que são necessárias e úteis” (YALOM; LESZCZ, p. 33, 2006).

2.1.5 A recapitulação corretiva do grupo familiar primário


A grande maioria dos pacientes em grupos de terapia tem um histórico
insatisfatório na família primária. E de certa forma o grupo de terapia se parece com
uma família em diversos aspectos: “existem figuras de autoridade/parentais, figuras
de irmãos/fraternais, revelações pessoais profundas, [...] bem como relacionamentos
hostis e competitivos”. Assim, há grandes chances de que os membros que
possuem conflitos em sua base familiar revivam esses sentimentos e
comportamentos (YALOM; LESZCZ, p. 33-34, 2006).
O importante, segundo Yalom e Leszcz (2006), é que esses conflitos
familiares precoces sejam revividos de forma corretiva. Dito isso, o terapeuta deve
tentar reparar o que este paciente esta revivendo, pois a nova exposição sem o
auxilio correto pode apenas tornar aquela situação que já é ruim, em algo pior.

2.2.6 Desenvolvimento de técnicas de socialização


O desenvolvimento de habilidades sociais básicas é um fator terapêutico que
Yalom e Leszcz (2006) afirmam operar em todos os grupos de terapia. Tanto de fora
direta, como por exemplo, a dramatização de uma situação, ou como na maioria das
vezes, de forma indireta. Dessa forma, os membros do grupo podem obter
informações sobre comportamentos mal adaptativos, ter a oportunidade de um
feedback sincero interpessoal ou de adquirir habilidades sociais sofisticadas.
Frequentemente, membros antigos de grupos de terapia conseguem aprender
como responder de forma útil aos outros, adquirem métodos de resolução de
conflitos, julgam menos e são mais capazes de sentir e expressar empatia. Essas
habilidades sociais tornam-se um fator beneficiador em interações sociais futuras e
constituem uma base importante da inteligência emocional (YALOM; LESZCZ,
2006).

2.2.7 Comportamento imitativo


É comum que durante a terapia individual o paciente imite comportamentos
do terapeuta, na terapia em grupo esse fator intensifica-se uma vez que os membros
podem modelar-se a partir dos comportamentos de outros participantes. Assim, eles
conseguem aprender observando uns aos outros a lidarem com seus problemas.
Mesmo que o comportamento imitativo seja, em si, efêmero, ele pode ajudar a
descongelar o individuo para que ele experimente outra forma de comportamento, o
que pode gerar um “espiral adaptativo” (YALOM; LESZCZ, p. 36, 2006).

2.2 A LINHA TÊNUE ENTRE O NORMAL E O PATOLOGICO E OS


TRANSTORNOS MENTAIS

2.2.1 O normal e o patológico


O intuito do Estágio Básico II não é diagnosticar, avaliar ou estereotipar os
observados, mas treinar a habilidade em observar e relacionar bases teóricas à
experiência prática sobre a dinâmica de uma terapia em grupo. Porém, tendo em
vista que o grupo terapêutico compõe pessoas que apresentam transtornos mentais
moderados, torna-se imprescindível o estudo e a descrição de tais transtornos
observados.
Antes disso, é relevante esclarecer os principais problemas que cercam a
delimitação teórica e pragmática dos conceitos normal e patológico, a fim de
esclarecer que os profissionais de psicologia devem ter uma visão ética, politica e
culturalmente abrangente quando defrontem com essa situação. Para assim,
elucidar outros profissionais que a psicologia tem ciência sobre a problemática da
caracterização diagnostica entre normalidade e patologia.
Nessa perspectiva, algumas definições de normalidade contribuem para
divergir o problema semântico e prático do que é ser normal. Segundo Ajuriaguerra
e Marcelli (1986) o normal pode ser considerado: (1) o normal enquanto saúde,
oposto a doença; (2) o normal enquanto média estatística; (3) o normal enquanto
ideal, utopia a realizar ou aproximar; e (4) o normal enquanto processo dinâmico,
capacidade de retorno a um certo equilíbrio. Todas essas definições oferecem
exceções onde insinua o patológico, não havendo uma conceituação simples e
satisfatória.
Portanto, os profissionais precisam ter em mente que “os critérios de
normalidade não podem se limitar a circunscrever a conduta que motivou o pedido
de exame, resumindo-se a uma simples grade de decodificação sintomática”. Logo,
deve-se ter cuidado para não ter uma visão isolada e superficial que seja taxativa
diante dessas pessoas (MARCELLI; COHEN, p. 14, 2010).

2.2.2 Transtornos depressivos


Os transtornos depressivos constituem um dos transtornos mais
representativos nos dias atuais, uma vez que 20% da humanidade apresenta
depressão pelo menos uma vez na vida. Além disso, eles repercutem de forma
intensa na vida dos indivíduos e na dinâmica da sociedade, pois estão associados a
“perdas de dias de trabalho, piora da qualidade de vida, além do grave sofrimento
psíquico e físico que pode levar a má evolução de doenças clinicas concomitantes e
ate morte por suicídio”. (SERSON, 2016; TENG et al, p.14, 2009).
A literatura médica atual chama essa condição de desordem ou transtorno
depressivo maior e de depressão unipolar. Os principais sintomas são o predomínio
do humor depressivo: “falta de vontade, energia e prazer, ideais negativas e
sombrias, alterações do sono e do apetite- entre vários sintomas possíveis”. Assim
como nas depressões é frequente encontrar muita ansiedade, e nos casos de
ansiedade grave, é comum aparecerem momentos depressivos. Dessa maneira,
como distinguir se a pessoa está triste, “estressada”, ou com depressão? (SERSON,
p. 27, 2016)
Deve-se lembrar, em primeiro lugar, segundo Serson (p. 27, 2016) que os
sintomas isolados não são a doença. Logo, precisa-se valorizar um conjunto
coerente de sintomas e sinais que se encaixam dentro de um quadro conhecido,
configurando uma síndrome. Analisando sempre o conjunto de sintomas mais
intensos e frequentes, visto que “o diagnostico mais preciso depende dos sintomas
que predominam”.
Mesmo que apareçam outros sintomas, na depressão o que em geral
predomina é a anedomia, que é a sintomatologia ligada a dificuldade de ter prazer
pelas coisas. Assim a pessoa deprimida sente “redução da energia, fadiga, perde
interesses, a autoestima e a autoconfiança ficam baixas”. São frequentes mudanças
de sono, muitas vezes a pessoa isola-se, perde o desejo sexual, pode ganhar peso
ou perder sem motivo. São comuns queixas e relatos de constipação, problemas
intestinais e dores de cabeça e no corpo. Em graus variados, a pessoa esta chorosa,
abatida, irritadiça, triste. Já no plano cognitivo as pessoas reclamam que a atenção e
a concentração pioraram, que não conseguem trabalhar direito, e que se confundem
com coisas simples. (SERSON, p. 27, 2016).
É importante frisar que o simples fato de ficar triste ou emocionalmente
abalado diante de uma situação ruim não caracteriza a depressão. Uma vez que a
tristeza é um sentimento inerente ao ser humano e, portanto, parte da sua vivência.
A diferenciação de uma pessoa triste e deprimida acontece em questão ao grau, a
frequência e o tempo m que isso acontece. Tecnicamente só se considera que uma
pessoa está em depressão se sua condição perdurar por pelo menos duas semanas
(DSM-V, 2014; SERSON, 2016).
Mesmo diante da importância da depressão da atualidade ainda não há uma
etiologia definida dada a complexidade do cérebro e do psiquismo humano. Dessa
forma, “além da propensão individual, existem fatores ambientais, psicológicos e de
criação que disparam, facilitam ou determinam a depressão e outros transtornos
ansioso-depressivos” (SERSON, p.31, 2016).
Outro dado essencial é que não há apenas um tipo de depressão, existem
diversos transtornos depressivos que vão variar em grua, intensidade e frequência.
Saber identificar de qual depressão se está falando é essencial na efetivação do
tratamento. Entretanto, tendo em vista os objetivos desse trabalho e a vasta
bibliografia sobre o tema, a explanação das subdivisões dos transtornos depressivos
não cabe na presente pesquisa (DSM-V, 2014).

2.2.3 Transtornos ansiosos


A ansiedade é um antigo objeto do interesse do pensamento ocidental, sendo
estudado tanto pela tradição médica quanto pela tradição filosófica. Pois, a
ansiedade como afeto universal e diretamente ligado a própria condição humana,
coloca um desafio para a psiquiatria e psicologia (HETEM; GRAEFF, 2012). Ela se
caracteriza por uma sensação de desconforto mental, inquietação, temor ou
preocupação exagerada quanto ao futuro. Essas sensações são acompanhadas de
uma série de alterações corporais, como “tontura, secura na boca, sensação de
vazio no estômago, aperto no peito, batimentos cardíacos acelerados, suores,
calafrios, tremores, formigamentos”, dentre outras (MARTINS et al, p. 706, 2009)
Para o DSM-V (p.189, 2014) os transtornos de ansiedade se caracterizam
pelo “medo e ansiedade excessivos e perturbações comportamentais relacionados.
Medo é a resposta emocional a ameaça iminente real ou percebida, enquanto
ansiedade é a antecipação de ameaça futura”.
Por conseguinte, mesmo sendo uma sensação humana seu estado
disfuncional pode ser caracterizado como patológico. Dessa forma, quando esse
sentimento começa a trazer prejuízos sociofuncionais e/ou sofrimento excessivo
para o individuo pode-se diagnosticar o sujeito com um dos transtornos de
ansiedade. Vale ressaltar ainda que nos transtornos ansiosos a ansiedade torna-se
desproporcional ao estimulo ou surge sem um motivo ou estimulo real (MARTINS et
al, 2009).
Existem alguns fatores que são predisponentes para o desenvolvimento de
ansiedade, como diferenças individuais de sensibilidade, estresse ou temperamento.
Os fatores genéticos e ambientais também apresentam implicações nos transtornos
de ansiedade. Porém, como no caso da depressão a etiologia ainda não é
plenamente definida. (MARTINS et al, 2009).

2.2.4 Transtorno bipolar


O transtorno bipolar do humor é uma doença crônica e grave, caracteriza-se
pela alternância de episódios depressivos, com ou sem sintomas psicóticos, e
episódios de hipomania ou mania, com ou sem sintomas psicóticos. Esses episódios
costumam ser seguidos por períodos de eutimia, ou e humor equilibrado (HUMES et
al, 2016).
Dessa forma, o individuo que possui esse transtorno passa por momentos de
mania ou hipoamania, dependendo de sua gravidade. Classifica-se como mania o
estado severo de humor ou irritabilidade, que produzem alterações comportamentais
e funcionais no sujeito. Este estado de mania deve durar no mínimo uma semana.
Já na hipomania as elevações de humor e os distúrbios são menos graves e com
duração mais breve, quatro dias (BOSAIPO; BORGES; JURUENA, 2017).
O DSM-V (2014) classifica o transtorno bipolar de humor (TBH) em três
subtipos: TBH Tipo I, que compreende os casos nos quais ocorrem manias,
hipomanias e depressões; TBH tipo II, que compreende os casos nos quais ocorrem
hipomanias e depressões; e o TBH sem outra especificação nos casos em que
encontramos as oscilações do humor, mas não satisfazem os critérios para
episódios do DSM-V.
Como nos transtornos descritos antes (transtornos depressivos e ansiosos) o
transtorno bipolar de humor é complexo e multideterminado, causado pela interação
de fatores genéticos e ambientais. Alguns estudos com gêmeos destacam a
hereditariedade do TBH. Entretanto, ainda não é possível determinar com clareza
suas origens (BOSAIPO; BORGES; JURUENA, 2017).
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observa-se, portanto, que o Estágio Básico II, o qual tem por objetivo integrar
os conhecimentos teóricos adquiridos nas disciplinas de Psicologia e o saber prático
vivenciado durante o estágio, é de grande valia não só para que o acadêmico possa
experienciar a prática, mas para que ele possa treinar suas habilidades de
observação, habituar-se ao ambiente e conhecer a dinâmica real do grupo e do
espaço.
Pode-se concluir que, por meio do embasamento aqui descrito, o profissional
de psicologia atuante em um grupo terapêutico precisa estar atento a várias
questões pertinentes. Dentre elas o psicólogo precisa atentar-se aos fatores
terapêuticos que irão agir na dinâmica do grupo, para que ele possa selecionar e
intensifica-los. Assim como precisa ter cautela para não rotular ou estigmatizar os
membros do grupo, tendo em vista que a pessoa é antes da patologia um ser
humano com uma identidade própria.
Além disso, vale ressaltar que deve-se ter conhecimento sobre as questões
apresentadas no grupo, por essa razão foi significativo a explanação sobre os
transtornos presentes no grupo observado. Logo, conhecer a demanda possibilita
uma intervenção mais precisa e com êxito.
Nessa perspectiva, portanto, o embasamento teórico foi de grande valia para
desenvolvimento profissional e pessoal da acadêmica, uma vez que foi possível o
reconhecimento teórico da dinâmica grupal, assim como foi possível apreender mais
fundo sobre os transtornos observados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AJURIAGUERRA, J. e MARCELLI D. Manual de Psicopatologia infantil. 2ª ed.


Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de


transtornos mentais: DSM-5. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (Porto União/SC). CAPS I: O que é?


Para quem é? Quando usar? 1ª ed. Porto União: CAPS, 2020.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Referências Técnicas para Atuação de


Psicólogas(os) no CAPS - Centro de Atenção Psicossocial. Brasília: CFP, 2013.

HETEM, L. A.; GRAEFF, F. G. Transtornos de ansiedade. 2ª ed. São Paulo: Editora


Atheneu, 2012. Disponível em:
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/177998/pdf/0. Acesso
em:02/04/2020

PASSOS, R. G. Trabalho, gênero e saúde mental: Contribuições para a


profissionalização do cuidado feminino. 1ª ed. São Paulo: Cortez, 2018.

MARCELLI, D. e COHEN, D. Infância e psicopatologia. 8ª ed. Porto Alegre:


Artmed, 2010.

MARTINS, M. A. et al. Clínica Médica: doenças dos olhos, doenças dos ouvidos,
nariz e garganta, neurologia, transtornos mentais. Volume 6. São Paulo: Manole,
2009. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/2393/pdf/0.
Acesso em: 02/04/2020.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Centros de Atenção Psicossocial e Unidades de


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TENG, C. T. et al. Depressão e cognição. 1ª ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2009.
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Acesso em: 01/04/2020.
YALOM, I. D; LESZCZ, M. Psicoterapia de grupo: teoria e prática. 5ª ed. Porto
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