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Terapia

Cognitiva da
Ansiedade
Sonia Maria Estacio Ferreira
Esp. Psic. CRP 06/55037-7

Bibliografia: Kapczinski, F. Margis, R. Transtorno de Ansiedade Generalizada. In: Knapp,


P. Terapia Cognitivo-comportamental na Prática Psiquiátrica. Artmed 2004. cap.12
Ansiedade: o que é?

Definição
• Ansiedade é um estado psíquico de apreensão ou medo provocado pela antecipação de uma situação
desagradável ou perigosa.
• A palavra "ansiedade" tem origem no latim anxietas, que significa “angústia", "ansiedade”, de anxius =
“perturbado", "pouco à vontade”, de anguere = “apertar", "sufocar”

substantivo feminino
• 1. grande mal-estar físico e psíquico; aflição, agonia.
• 2.desejo veemente e impaciente.
• 3.falta de tranquilidade; receio.
psicopatologia
• estado afetivo penoso, caracterizado pela expectativa de algum perigo que se revela indeterminado e
impreciso, e diante do qual o indivíduo se julga indefeso.
Ansiedade:
Normal ou
Patológico?
Definição DSM 5

Critérios Diagnósticos
 A. Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva), ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses, com diversos eventos ou atividades (tais como desempenho escolar ou
profissional).
 B. O indivíduo considera difícil controlar a preocupação.
 C. A ansiedade e a preocupação estão associadas com três (ou mais) dos seguintes seis sintomas (com pelo menos alguns deles presentes na maioria dos dias nos últimos seis meses).
 Nota: Apenas um item é exigido para crianças.
 1. Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele.
 2. Fatigabilidade.
 3. Dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco” na mente.
 4. Irritabilidade.
 5. Tensão muscular.
 6. Perturbação do sono (dificuldade em conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfatório e inquieto).
 D. A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do
indivíduo.
 E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica (p. ex., hipertireoidismo).
 F. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental (p. ex., ansiedade ou preocupação quanto a ter ataques de pânico no transtorno de pânico, avaliação negativa no
transtorno de ansiedade social [fobia social], contaminação ou outras obsessões no transtorno obsessivo-compulsivo, separação das figuras de apego no transtorno de ansiedade de separação,
lembranças de eventos traumáticos no transtorno de estresse pós-traumático, ganho de peso na anorexia nervosa, queixas físicas no transtorno de sintomas somáticos, percepção de problemas na
aparência no transtorno dismórfico corporal, ter uma doença séria no transtorno de ansiedade de doença ou o conteúdo de crenças delirantes na esquizofrenia ou transtorno delirante).
 Os indivíduos com TAG se caracterizam por uma ansiedade intensa e
uma preocupação incontrolável, sendo este um dos aspectos essenciais
do transtorno.
 Dois aspectos importantes a considerar na intervenção terapêutica são:
 A preocupação excessiva e incontrolável
 A hiperexitabilidade persistente, que consiste em manifestações
físicas incontroláveis relacionadas à tensão.
 A preocupação pode funcionar como um reforçador negativo,
Modelo diminuindo a reatividade fisiológica ao processamento emocional
 A superestimação de uma probabilidade e o pensamento catastrófico
Cognitivo da são distorções cognitivas presentes nos indivíduos com ansiedade
generalizada.

Ansiedade  A pessoa com TAG tem uma percepção de elevado perigo ou ameaça e
a superestimação do perigo está associada a uma percepção de baixa
capacidade de lidar com essa ameaça.
 Triade Cognitiva na Ansiedade :
 Visão de si: com poucos recursos, incapaz
 Visão de Mundo: Ameaçador, perigoso
 Visão de futuro: Incerto
Devido às características e sintomas envolvidos nos quadros de ansiedade, os tratamentos para
ansiedade estão baseados em diferentes componentes, que se dirigem a cada um dos 3 sistemas
de ansiedade:

Cognitivo

Reestruturação Cognitiva
Manejo
Terapêutico
Comportamental
Prevenção do comportamento de
Solução de problemas Manejo do tempo
preocupação

Fisiológico

Treinamento em relaxamento Muscular Progressivo


Importante antes de engajar o cliente em qualquer técnica da TCC auxiliá-lo a
identificar a relação entre seus pensamentos e a ansiedade.

Inicialmente é necessário identificar, junto com o cliente, os indícios (ou situações) que
servem como gatilho para a ansiedade. Podem ser internos ou externos:

•Internos: emoções, imagens, pensamentos, sensações corporais, comportamentos.


•Externos: relacionados a eventos do meio em que o indivíduo vive, como demandas no serviço,

Manejo comentários feitos por outras pessoas, etc.

O terapeuta pode auxiliar o paciente a identificar os indícios precoces de ansiedade


terapêutico solicitando que ele descreva em detalhes algumas situações que tenham gerado
preocupação e a partir disto detalhar os pensamentos, emoções e sensações corporais
percebidas.

Outra possibilidade é fazer isso durante a sessão, quando perceber mudanças no


estado afetivo do cliente.

Com isso gradativamente são identificados alguns “sinais ou pistas” aos quais o cliente
pode ficar atento para fazer um automonitoramento dos indicativos de ansiedade.
Percepção de
determinado
evento como
estressor ou
potencialmente
ameaçador

Desenvolvimento
Ciclo da Gera mais
ansiedade
de pensamentos
ansiosos

preocupação e
ansiedade

Mais
Respostas
pensamentos
fisiológicas de
com conteúdo de
ansiedade
Preocupação
Reestruturação Cognitiva

• Utilizada para corrigir as distorções cognitivas presentes na Ansiedade.


• Deve-se identificar pensamentos, imagens interpretações ou crenças
que geram ansiedade e, após, considerar estes como hipóteses, mais do
que como fatos, e assim avaliar se essas hipóteses são verdadeiras ou
falsas e considerar a probabilidade de ocorrência das mesmas.

Técnicas Utilizadas Os erros cognitivos mais frequentemente observados


entre indivíduos com transtorno de ansiedade
generalizada são:
• Magnificação de riscos
• Minimização de recursos
• Pensamento dicotômico
• Personalização
• Atenção seletiva
• Supergeneralização
Exposição à preocupação
 A exposição à preocupação é constituída dos seguintes passos:
 Identificar e registrar as esferas de maior preocupação do cliente e ordena-las
hierarquicamente.
 Treinar a imaginação com cenas agradáveis e com cenas que causem desconforto e
preocupação (nestas, considerar o pior desfecho possível). Quando esta fase estiver
acontecendo com nitidez, passa-se a próxima.
 Escolher a preocupação menos perturbadora do registro inicial e praticar o
treinamento da imaginação: evocando a preocupação por meio de pensamentos
ansiosos e na imaginação do pior resultado que teme

Técnicas  Assim que o cliente completar a fase 3, o terapeuta deve estimular a rememoração
desses pensamentos por 25 a 30 minutos
 Gerar alternativas para os resultados temidos e propostos nos itens anteriores.
utilizadas  Após estas etapas o cliente deve ser orientado a repetir esse processo para outras
esferas de preocupação, segundo a hierarquia previamente assinalada, quando estiver
sentindo apenas um nível leve de preocupação com este estímulo.
 Após estar certo de que o cliente está realizando a técnica corretamente, o exercício
passa a ser recomendado como tarefa de casa.
Prevenção do comportamento preocupado
 O comportamento preocupado provoca, muitas vezes, uma redução
temporária na ansiedade.
 Muitas das preocupações, referidas por indivíduos com TAG, estavam
relacionadas a comportamentos corretivos, preventivos ou ritualístico.
 Estes comportamentos preocupados são negativamente reforçadores para o
cliente, uma vez que possibilitam uma temporária redução da ansiedade
 Convém intervir com a prevenção sistemática de respostas que
funcionalmente estejam ligadas à preocupação.:
1. Fazer uma lista dos seus comportamentos preocupados mais comuns
Técnicas 2. Automonitorize e registre a frequência com que o comportamento
ocorre na semana

Utilizadas 3. Evite ter o comportamento do tipo preocupado.


 Deve-se avaliar com o paciente o que ele acredita que possa ocorrer
com a prevenção da resposta. Após a realização do exercício compara-se
o ocorrido com as previsões do cliente.

 Outra técnica utilizada é propor ao cliente que controle o momento do dia


em que ficara preocupado, buscando definir um período de 30 minutos por
dia para se preocupar, e que esse período ocorra todos os dias no mesmo
horário e local, não estando associado a trabalho ou relaxamento.
 A ideia ‘’e desenvolver um senso de controle sobre a preocupação.
Solução de problemas
Inicialmente é importante ensinar o cliente a avaliar
seu problemas de forma objetiva, em termos
específicos, dividi-los em segmentos mais manejáveis e
resolve-los por partes.
Técnicas  Processo divide-se em 5 partes:
utilizadas 

Orientação em relação ao problema
Definição e formulação do problema
 Busca de alternativas
 Tomada de decisão e execução
 Verificação da solução
Manejo do tempo
 A habilidade de manejar o tempo e estabelecer
prioridades pode ser útil para a redução da ansiedade
diária e ainda possibilitar um aumento da sensação
de domínio em relação ao seu dia-a-dia e seus
compromissos.
Técnicas  Fundamental auxiliar o cliente a distribuir as
atividades no tempo, evitando sobrecarregar os
Utilizadas horários.
 Estabelecimento de agenda e lista de tarefas com
prioridades.
 Trabalhar a capacidade de delegar responsabilidades (
impacto do perfeccionismo, e que gera sobrecarga)
 Desenvolver a Assertividade
Treinamento em Relaxamento
 O relaxamento tem o objetivo de aliviar os sintomas
ligados ao componente fisiológico da ansiedade,
visando à interrupção da associação aprendida entre
hiperexcitabilidade autonômica e preocupação.
Técnicas  Existem diversos métodos para relaxamento como:
Utilizadas  Respiração Diafragmática
 Relaxamento muscular progressivo
 Técnicas de imaginação (lugar/situação agradável)
Próxima Aula:

Técnicas Cognitivas e
Comportamentais

Marcelo P. Gonçalves
Psic. Esp. CRP 06/62391

Bibliografia:
Beck, JS. Terapia Cognitiva: teoria e prática. Porto Alegre. Artmed. 2013 – Outras Técnicas
Cognitivas e Comportamentais. cap. 15
Knapp, P . Terapia Cognitivo-comportamental na prática psiquiátrica. Porto Alegre. 2004 –
Principais Técnicas. Cap 8.
Rangé, B. Psicoterapias Cognitivo-comportamentais: Um diálogo com a Psiquiatria. Técnicas
Cognitivo e Comportamentais. Cap 13.

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