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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM
FELIPPE FEIJÓ
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM
FELIPPE FEIJÓ
DECLARAÇÃO
Eu, Felippe Feijó, declaro ser o(a) autor(a) do texto apresentado Trabalho de
Conclusão de Curso, no programa de pós-graduação lato sensu em ‘Psicologia,
Nutrição e Transtornos Alimentares com o Titulo “A ENTREVISTA MOTIVACIONAL
COMO RECURSO NA ABORDAGEM A ANOREXIA NERVOSA”.
_____________________________________
Assinatura do autor(a)
3
AUTOR
FELIPPE FEIJÓ
Universidade de Araraquara
Araraquara- SP
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AGRADECIMENTOS
Um caloroso abraço a Dra. Neliana Figlie por me apresentar a perspectiva norteadora deste
trabalho e propiciar assim mudanças significativas na minha forma de clinicar e
compreender o Humano.
Também não poderia esquecer da equipe do NATA- Núcleo de atenção aos Transtornos
Alimentares pela construção do trabalho que hoje orienta minha prática profissional e pelo
empenho que conjuntamente construímos salvando vidas.
Por último o meu profundo agradecimento a Dra. Maira Ananda Harris Feijó, pela parceria
na construção do NATA, pelo apoio ao meu desenvolvimento pessoal, por me fazer crescer
a cada dia e por ser a minha parceira na vida!!!
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Dedicatória
Dedico este trabalho a todos(as) os meus pacientes, por me ensinaram a ter compaixão pelo
sofrimento humano e me estimularem sempre a buscar novas perspectivas de acolhimento e apoio a
mudança...
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RESUMO
ABSTRACT
This article consists of a review of the literature on; the role of Motivation and the use
of Motivational Interviewing (MI) in the context of the treatment of Anorexia nervosa
(AN). Due to the scarcity of references in the Portuguese literature, it was decided to
search for material in the English language and for this purpose, the databases
ScienceResearch and PubMed were used. Initially, 40 articles were found dealing
with the proposed theme, which, after being submitted to the inclusion criteria, were
reduced to 12 analyzed articles. The current literature suggests the importance of
Motivation in the Treatment of AN and validates the use of MI, mainly proposed in
Pre-Treatment and / or in integration with other therapies throughout the treatment of
AN, such as: Cognitive Behavioral Psychotherapy, Family Psychotherapy, Therapy
Group, Narrative Therapy among others. A significant part of the research on the use
of MS in the treatment of Anorexia Nervosa suggests greater adherence and positive
response in the criteria of BMI and Food Psychopathology. It was concluded that the
main point of divergence between different authors is related to the Autonomy of the
patient during the course of treatment.
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1 INTRODUÇÃO
1
Segundo definição do Dicionário de Oxford, o comensalismo é definido como: relação ecológica interespecífica na qual duas
espécies de animais se encontram associadas com benefício para uma delas, mas sem prejuízo para a outra.
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Somente em 1874 esta patologia veio a receber sua nomenclatura por William
Gull como “Anorexia Nervosa”. A palavra “anorexia” vem do grego Ann = sem +
Orexis = desejo ou apetite, designando desta forma uma ausência de fome ou
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apetite. Esta nomenclatura, é ainda utilizada nos códigos e guias médicos embora
sua precisão seja discutível. Segundo Busse (2004), algumas literaturas atuais e
pesquisas neste campo apontam que no início da doença não haveria ausência de
fome e sim uma supressão comportamental e psicopatológica do ato de alimentar-
se. Este autor relata que as “pacientes só deixam de ter apetite quando se
encontram extremamente caquéticas e jamais nas fases iniciais” (BUSSE, 2004, p.
32).
Seguindo as diretrizes diagnósticas da DSM5 (2013), o diagnóstico da
Anorexia Nervosa é estruturado a partir de três sintomas; (a) restrição da ingesta
alimentar, levando a baixa significativa do peso corporal, (b) Medo intenso de ganhar
peso ou de engordar ou comportamento persistente em vistas de não ganhar peso,
(c) Perturbação do modo como o próprio peso ou forma corporal são vivenciados.
Nesse transtorno, pode-se observar ao extremo a representação de distúrbios
psíquicos e somáticos permeando o ato de alimentar-se, gerando comportamentos
bizarros que gradualmente afetam o estado clínico do sujeito. Observa-se, no
decorrer deste processo, prejuizo da cognição e, por conseguinte, debilidade no
processo reflexivo, ocasionando uma dificuldade na assimilação de qualquer
abordagem médica ou psicoterápica, bem como muitas vezes a impossibilidade de
tomada de decisões de mudança comportamental.
Igualmente importante observar que indivíduos com Anorexia nervosa
constantemente apresentam comorbidades psiquiátricas como: Depressão (65%),
fobia social (35%) e Transtorno obsessivo-compulsivo (25%), o que torna o evento
clinico observável nestes casos de difícil manejo e tratamento. Nota-se, também,
que frequentemente estes indivíduos demonstram-se resistentes ao tratamento,
esquivando-se de qualquer possibilidade de abordagem em vistas do ganho de peso
e em constante negação de sintomas (WADE et al., 2009). Devido aos efeitos no
estado médico e psicológico decorrente da anorexia nervosa, se faz necessário um
planejamento de tratamento complexo, eventualmente necessitando de
hospitalização, terapia individual, terapia familiar, abordagem psiquiátrica e
Abordagem Nutricional (SADOCK et al., 2017).
Tais fatores são complicadores nesta clínica, demandando, para sua
abordagem efetiva, uma equipe multidisciplinar especializada e integrada, constante
de, no mínimo, um profissional médico, preferencialmente psiquiatra, um profissional
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isolando-se no interior deste grupo. Isto somado ao pouco conhecimento, por parte
da família, deste transtorno e dos comportamentos disfuncionais observados no
paciente, é comum que, ao notar o emagrecimento excessivo e as ‘dificuldades
alimentares’ destes sujeitos, familiares pensem se tratar de alguma desordem do
trato gastrointestinal. Desta maneira, observa-se que, ao buscar ajuda
especializada, uma parcela significativa destas clientes já esteja com quadro
crônicos e em estado clínico grave.
Dessa forma, a anorexia nervosa pode se desdobrar em situações clínicas de
extrema gravidade e difícil manejo. Como o comportamento destas meninas visa a
busca mórbida pela magreza, e estas não se sensibilizarem com a debilidade em
que se encontram devido a extrema desnutrição, há nesta medida um verdadeiro
`compromisso com a doença` e o adoecer. Treasure e Schimdt (2011, p. 166)
comentam que no início do tratamento das pessoas com a anorexia;
A entrevista Motivacional
Por ser uma abordagem relativamente recente, ainda há muita confusão
acerca do que seria a entrevista motivacional e de que forma a mesma seria
utilizada. Alguns vinculam a esta a ideia de que seria uma abordagem cognitiva
comportamental ou até mesmo uma forma de influenciar nossos pacientes a
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Segundo estes autores, quando seus clientes tomam decisões sem que as
mesmas contemplem sua autonomia, mesmo que estas lhe tragam benefícios de
saúde e etc, ao longo do tempo estas provavelmente não serão mantidas. Cria-se
com isso uma interminável cadeia de repetições das recaídas comportamentais e a
cronicidade de situações que em si já se apresentam desafiadoras. Este foi mais um
dos pontos que sustentou a abordagem sobre a motivação em vários centros de
tratamento de adições pelo mundo e atualmente em alguns centros de tratamento
dos TAs, devido aos resultados que a curto e longo prazo apresenta (EISLER;
2016).
Em observância a isto, na entrevista motivacional a metodologia de
intervenção prioriza o uso da escuta reflexiva e das perguntas evocativas assim
como do reforço positivo. Esta se estruturaria na prática no que estes autores
chamam de PARR (Pergunta aberta, Afirmações, Reforço positivo, escuta
Reflexiva), um esquema desenhado e proposto metodologicamente em 2x1. Para
cada pergunta evocativa realizada o profissional deveria fazer duas outras
intervenções diretivas. Isto se dá devido ao fato de que estes autores observaram na
prática que quando o terapeuta atua realizando muitas perguntas corre-se o risco de
ele assumir a postura de mestre e guiar o atendimento, e assim o sentido da
interação se perder.
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2 OBJETIVOS
3 METODOLOGIA
3
Todos os termos foram pesquisados em língua inglesa
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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
2021 Motivation-Enhancing
Ziser et al. Psychotherapy for Inpatients With
Anorexia Nervosa (MANNA): A Randomized Controlled Pilot Study
“Psicoterapia que aumenta a motivação para pacientes hospitalizados
com anorexia nervosa (MANNA): um estudo piloto controlado
randomizado”
Objetivo: Testar/propor o “MANNA” como premissa de tratamento da
Anorexia nervosa em ambiente de internação Hospitalar.
4
Sistema de confirmação de consultas via e-mail.
5
A teoria da autodeterminação sugere distinções entre; motivações Extrínsecas e Intrínsecas, que afetariam
nosso senso de controle e determinação de si.
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6
Em inglês o termo utilizado no DSM em inglês é “Disorder”. Observando a tradução literal do termo optamos
em manter o nome na descrição da referida escala.
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7
Modelo de psicoterapia proposto por Treasure, pautada nas premissas da EM em confluência com o
estadiamento motivacional proposto no modelo Transteórico.
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8
Segundo Miller e Rollnick, os criadores da EM, a autonomia estaria ligada a 1 dos 4 conceitos básicos do
espírito da mesma.
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Devido à ausência de traduções desta publicação em língua portuguesa, aqui optou-se em citar o referido
tendo sido realizada uma tradução livre.
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10
Modelo psicoterápico proposto a partir da adaptação da EM.
11
Modelo preconizado no Maudsley Hospital em Londres para tratamento da NA, integrando Terapia Cognitivo
Comportamental, terapia de família e etc.
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12
Modelo utilizado na proposição de uma nova perspectiva diagnostica em casos de Transtornos
alimentares. (Fairburn, Cooper e Shafran, 2003). Onde a apreciação de aspectos dos perfis
psicológicos observados em similaridade nas desordens alimentares seria indicadora de um grande
guarda-chuva ‘trans – diagnostico’ contendo em suas ramificações os diagnósticos noológicos de AN,
BN, TCA e etc, hoje visualizados em separado dentro dos manuais diagnósticos.
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destes 258 casos de AN, indicam que menos de 10% dos pacientes desistiram do
tratamento nos 2 primeiros meses, notabilizando assim a aceitabilidade desta
intervenção. Além disto 69% destas pacientes estavam, após o periodo,
‘recuperadas totalmente’ da Anorexia, não preenchendo mais critérios diagnósticos
por 12 meses. Todos os pacientes terminaram o tratamento em consenso mútuo. O
que faz com que esta autora incentive a “colaboração, evocação, autonomia e
compaixão” (p. 03, 2013) durante o manejo destes casos.
ZISER et al. (2021) parecem seguir apoiados na mesma premissa discursiva
sobre a autonomia e propõem um tratamento psicoterápico baseado na EM e
indicado para o manejo hospitalar de casos Graves de AN. Contudo estes autores
ao ‘manualizarem’ o tratamento ‘MANNA’ pautados também na utilização de
planilhas objetivas, estabeleceram bases para uma atuação terapêutica
estruturada/semiestruturadas que também poderia incidir no senso de autonomia
dos pacientes em alguma medida.
Embora não se possa considerar findada a discussão sobre este aspecto do
tratamento da AN, pesquisas qualitativas realizadas por NILSEN et al. (2019),
aplicadas no pós-tratamento da AN, vem sugerindo o quanto os pacientes
portadores desta patologia parecem se motivar quando o tratamento é proposto
como: “(...)um esforço conjunto e colaborativo(...)” onde os profissionais “(...)dão
apoio, não julgam, são ativos (ou seja, tomam a iniciativa), respeitam e cuidam.” (p.
02) Ainda neste estudo observou-se que os pacientes sugeriram na pós avaliação a
possibilidade de uma conduta com flexibilidade, singularidade e com notável
percepção de interesse genuíno dos profissionais, como desejáveis no tratamento
da AN.
Todos estes aspectos permitem inferir o quanto a atuação do entrevistador
motivacional pautada nos quatro aspectos fundamentais do ‘espírito da EM’;
‘Parceria, Evocação, Aceitação Absoluta e Compaixão’, estaria alinhada as
necessidades que esta clínica demanda nas posturas da equipe terapêutica em
âmbito Hospitalar e ambulatorial. Notabilizando assim a EM como prática valida e
recomendável no tratamento da Anorexia Nervosa em seus mais amplos aspectos e
momentos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS