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Vantagem Competitiva – Medidas Financeiras, Crescimento e Outros Indicadores.

(Autor: Prof. Dr. Iratan Lira Feitosa - Resenha de textos,


aula de Competitividade Empresarial, ministrada pela Profª Drª Dimária, no Curso de
Doutorado em Administração de Empresas, da Universidade Presbiteriana Mackenzie,
São Paulo, Novembro – 2006).

Acredita-se que a vantagem competitiva explique o desempenho excepcional de uma


empresa e, portanto, possibilite o seu crescimento. Entretanto, como as empresas obtêm
e sustentam a vantagem competitiva? Essa tem sido considerada a pergunta fundamental
na gestão estratégica. Várias perspectivas têm sido usadas para examinar as origens da
vantagem competitiva. Enquanto alguns analistas das organizações (tais como Michael
Porter) examinam a estrutura da indústria em certo ponto do tempo, a visão baseada nos
recursos identifica os recursos específicos da empresa e o modelo de capacitações
dinâmicas, explica a criação de valor em ambientes acelerados.

Tais perspectivas complementares indicam que vários fatores contribuem para o


desenvolvimento da vantagem competitiva: o correto posicionamento de uma firma em
uma indústria, a posse e uso de recursos valiosos, raros e difíceis de imitar, e o
desenvolvimento de processos gerenciais e organizacionais moldados pelos ativos
específicos da empresa e pelas trajetórias disponíveis (KOR, MAHONEY, 2000).

Guimarães (1997) direciona seus esforços para explicar a competitividade no âmbito


internacional e salienta que os indicadores da competitividade baseiam-se em três
aspectos:

1. As políticas, industrial e comercial, utilizadas em diversos países distorcem os preços


relativos, o que impede a representação do real grau de competitividade internacional dos
produtos;

2. A mensuração da competitividade resultante dos saldos comerciais negligencia os


movimentos do capital internacional que influenciam o comportamento dos preços
relativos domésticos afetando substancialmente os saldos comerciais externos;

3. Alguns produtos podem ter elevações de preços associadas a ganhos de mercado


externo, simplesmente pela existência de demandas diferenciadas, que requerem para
mercadorias semelhantes conteúdos tecnológicos distintos.

De acordo com Brito e Vasconcelos (2004), as várias tradições teóricas em estratégias


oferecem diferentes perspectivas no entendimento da diversidade observada no
desempenho. Assim, o conceito de vantagem competitiva surge como um construto
dominante na explicação do porquê algumas empresas apresentam desempenho
superior. A evidencia que uma empresa possui vantagem competitiva sustentável é a
presença de desempenho consistentemente acima da norma. A vantagem competitiva
pode derivar tanto de recursos e competências únicas da empresa específica, como da
exploração de uma posição especifica e protegida da estrutura de mercado. O
desempenho de uma empresa específica pode, contudo, ser afetado por outros fatores
além da sua vantagem competitiva.

O fato de pertencer a uma indústria traz implicações que afetam todos os participantes
desta indústria, de modo que a indústria pode ser um dos fatores influenciadores do
desempenho. Choques macroeconômicos em determinados anos podem afetar todas as
empresas pertencentes a determinados setores industriais.

Os autores afirmam ainda que, apesar de sua importância, o conceito de vantagem


competitiva não tem definição operacional detalhada. A maior parte dos estudos procura
relacionar o desempenho diretamente com fatores organizacionais em uma relação de
causalidade. Ainda advertem para as dificuldades desta abordagem, dada a
complexidade das relações e, principalmente, a impossibilidade de controle de todas as
variáveis em face da natureza observacional dos dados.

A ambigüidade causal que, por sua vez, é uma das fontes de vantagem competitiva, é
outro fator que dificulta a análise. Resulta que a maioria dos estudos sobre desempenho
organizacional não consegue identificar relações causais verdadeiras entre variáveis de
desempenho e outras variáveis correlacionadas a ele.

Porém, Penrose (1995) ressalta que, ultimamente houve um ressurgimento no interesse


do papel dos recursos enquanto bases essenciais da estratégia organizacional. Este
interesse reflete uma certa insatisfação com o modelo estático – a procura de equilíbrio da
economia industrial – que dominou o pensamento contemporâneo sobre estratégia
empresarial e renovou o interesse em velhas teorias do lucro e concorrência. Os avanços
ocorreram em várias frentes. Ao nível de estratégia de empresa, os interesses teóricos
nas economias de gama e custos de transação centraram a atenção no papel dos
recursos da empresa na determinação das fronteiras industriais e geográficas das suas
atividades. Ao nível do negócio, a exploração das relações entre os recursos e a
rentabilidade inclui a análise da concorrência baseada na imitação, a apropriação dos
retornos das inovações, o papel da informação imperfeita na criação de diferenças de
rentabilidade entre empresas concorrentes, e os meios pelos quais o processo de
acumulação de recursos pode sustentar uma vantagem competitiva.
Em conjunto estas contribuições formam o que foi designado por Visão (ou teoria) da
empresa baseada nos recursos (RBV - Resource Basead Vision) . Ao definirem os
recursos e as capacidades como o suporte base da definição de uma estratégia de longo
prazo, esta teoria fundamenta-se em duas premissas: a primeira, diz-nos que são os
recursos internos e as capacidades que imprimem a direção para a estratégia
empresarial, a segunda premissa diz-nos que, os recursos e as capacidades são as
fontes primárias dos lucros da empresa.

Outra explicação da dinâmica da estratégia empresarial e da heterogeneidade de


desempenho das firmas pode ser encontrada nas concepções econômicas. A competição
em uma indústria se dá entre firmas com recursos diferentes, ainda que ocasionalmente
equivalentes. Alguns desses recursos específicos podem representar vantagens
importantes para certas firmas em condições específicas de mercado. Dessa maneira, a
especificidade das firmas, isto é, sua diferença intrínseca, pode ser fonte crítica para
explicar a diferença de desempenho. Dado que os recursos das firmas são muitas vezes
parcialmente equivalentes, a competição entre as firmas toma forma de competição
monopolística, competição entre produtos específicos produzidos de forma monopolista
que são parcialmente substituíveis um pelo outro, gerando uma forma de competição
indireta por substituição (BRITO, VASCONCELOS, 2004).

Bibliografia:
VASCONCELOS, Flávio: BRITO, Luiz A. L. Vantagem Competitiva: O construto e a
métrica. Revista de Administração de Empresas. 2004.

PENROSE, Edith T. The theory of the growth of the firm. 3rd ed. New York: Oxford
UniversityPress, 1995.

KOR, Yasemin Y; MAHONEY, Joseph T. Penrose’s resource-based approach:The


process and product of research creativity. Journal or Management Studies. V. 37, n.1.
p.109-139, January 2000.

BARPIET, J.: GHOSHAL, S. Social Capital, Intellectual Capital, and the organizational
advantage. The Academy of Management Review. V. 23, n.2, p.242-266, Apr. 1998.

GUIMARÃES, E. A. Acumulação e crescimento da firma: um estudo de organização


industrial. Rio de Janeiro, Ed. Guanabara Koogan, 1987.

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