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Direitos humanos

1. Conceito: conjunto de direitos positivados no plano internacional que


existe para proteger qualquer pessoa.
2. Crítica: o problema do grau de efetividade dos direitos humanos na
prática.
3. Fundamentos:
a. Dignidade da pessoa humana: é garantido qualquer indivíduo
independentemente do seu caráter/moral. (art. 1º, III, da CF/88)
i. Para Norberto Bobbio: O problema não está na
justificação dos direitos humanos, pois isso a sociedade já
reconhece. A problemática está na efetivação desses
direitos, ou seja, é um problema não jurídico. É um
problema político.
4. Distinção entre direitos humanos vs. direitos fundamentais:
a. Direitos humanos 🡪 proteção universal;
b. Direitos fundamentais 🡪 proteção no âmbito da constituição de
um Estado nacional.
5. Evolução histórica dos direitos humanos:
a. Magna Carta Inglesa – 1215 🡪 não existia direitos humanos
propriamente dito, pois a sociedade vivia um período feudal.
Contudo, a Magna Carta reconheceu uma série de direitos e
garantias individuais.
i. Exemplo: princípio da legalidade tributária – “no taxation
without representations” – princípio presente até hoje na
nossa CRFB/88.
b. Declaração de direitos de Bom Povo da Virgínia – 1776 🡪 direitos
de primeira dimensão – Liberdade (não atuação do Estado
“abstenção”).
c. Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão de Francesa de
1789;
d. Declaração Universal dos Direitos Humanos – 1948 🡪 em que
pese essa declaração universal tenha sido promulgada com
status de “softlaw” (sem obrigatoriedade), contudo, atualmente, a
DUDH é reconhecida internacionalmente como um costume
universal/internacional, portanto, dotada de normatividade
internacional “obrigatoriedade” (prática reiterada e que seja
reconhecida pelos Estados nacionais como uma norma
obrigatória).
i. Obs.: A Carta da ONU (1945) não positiva nenhum direito,
apenas reconhece a necessidade de uma proteção
universal dos direitos dos humanos. Em vista do contexto
histórico da sua instituição – pós Segunda Guerra Mundial.
e. Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos – 1966:
i. Direito à autodeterminação dos povos;
ii. Princípio da igualdade essencial de todos os seres
humanos;
iii. Vedação à tortura, penas cruéis, aos tratamentos
desumanos ou degradantes;
iv. Vedação à escravidão;
v. Criação do comitê de direitos humanos;
vi. Princípio do livre acesso ao Poder Judiciário;
vii. Reconhece o direito de reunião;
viii. Direito à liberdade e segurança pessoal: direito a não ser
preso arbitrariamente
ix. Proibição da aplicação da pena de morte – Exceções
f. Pacto Internacional de Direitos Sociais, Econômicos E Culturais –
1966;
i. Direitos de 2ª dimensão;
ii. Trabalha com relatórios, mas não foi criado nenhum
comitê;
g. Declaração de direitos humanos de Viena – 1993;
i. Interdependência e Indivisibilidade das
dimensões/gerações (1ª, 2ª, 3ª, 4ª e 5ª dimensões);
6. Princípio constitucionais regedores das relações internacionais
(art. 4º da CF/88)
i. Independência nacional;
ii. Prevalência dos direitos humanos; - sempre respeitando os
direitos humanos.
iii. Autodeterminação dos povos; - não submissão à
dominação estrangeira.
iv. Não intervenção;
v. Igualdade entre os Estados; - igualdade jurídica (direitos e
deveres).
vi. Defesa da paz;
vii. Solução pacífica de conflitos;
viii. Repúdio ao terrorismo e ao racismo;
ix. Cooperação entre os povos para o progresso da
humanidade;
x. Concessão de asilo político lato sensu; - é um instituto
típico da América Latina. Proteção individualizada. Trata-se
de um princípio constitucional. Precisa de autorização do
ministério da justiça – do contrário importa em renúncia
tácita ao direito de asilo político.
1. Asilo territorial
2. Asilo diplomático:
a. Locais que possuem imunidade diplomática
dentro do próprio território do Estado de
perseguição;
b. Salvo conduto: é um documento que a
própria embaixada (local com imunidade
internacional) solicita ao Estado de
perseguição para que a pessoa saia incólume
do território do Estado de perseguição.
7. Características dos direitos humanos
a. Relatividade
b. Indisponibilidade
c. Imprescritibilidade
d. Irrenunciabilidade
e. Universalidade
i. A partir de 1948, com a DUDH os direitos humanos
passaram a ser universais independente da nacionalidade,
do caráter, da moral, da etnia, da raça, da orientação
sexual etc. Enfim, a qualquer indivíduo (ser humano).
1. Universalismo vs. Culturalismo
f. Historicidade
8. Processo de conclusão dos tratados internacionais : Convenção de
Viena de 1969 sobre direito dos tratados
1. Fase externa
o Elaboração dos tratados
2. Fase interna
o Assinatura
▪ Autenticação do tratado.
▪ Não gera obrigatoriedade para o país em âmbito
internacional
o Análise do BRASIL - entre a assinatura e a ratificação, se
faz necessária a aprovação congressual (art. 49, I da
CF/88)
▪ Teoria dualista (adotada pelo Brasil)
1. Celebração pelo PR (art. 84, VII da CF);
2. Referendo do CN (art. 49, I da CF);
3. Ratificação pelo PR;
4. Promulgação e publicação pelo PR;
▪ Incorporação dos tratados internacionais de direitos
humanos
1. Norma constitucional - aprovado nas duas
casas do CN, em dois turnos, por três quintos
dos votos dos respectivos membros. Status
de Emenda Constituição. (art. 5º, §3º da
CF/88).
o Integram o conceito de Bloco de
constitucionalidade que são normas
que apesar de não estarem na
Constituição formal elas possuem
hierarquia constitucional e servem
como parâmetro de controle de
constitucionalidade.
o Controle de convencionalidade
ocorre quando existe o confronto:
norma constitucional vs. lei.
▪ É possível fazer o controle de
convencionalidade?
Sim. Contudo, na realidade
estará sendo feito um controle
de constitucionalidade ante a
envergadura constitucional
(status constitucional) do
tratado.
▪ Esse controle poderá ser feito
tanto pelo método difuso
(qualquer juiz) quanto pelo
método concentrado;
2. Norma supralegal - quando não for aprovado
pelo quórum acima → rito simples (art. 5º, §2º da
CF/88).
o Controle de convencionalidade
ocorre quando existe o confronto:
supralegal vs. lei.
▪ Esse controle só poderá ser
feito pelo método difuso
(qualquer juiz);
Atenção: nunca um tratado internacional de
direito humano será incorporado por Lei
Ordinária Federal.
▪ Ratificação
1. Torna o tratado obrigatório (ius cogens) em
âmbito internacional - art. 53, da Convenção
de Viena de 1969 sobre direito dos tratados
fala que norma cogente internacional é uma
norma imperativa e não comporta qualquer
derrogação, a não ser que a outra seja
também uma norma cogente.
2. É ato discricionário
o Troca ou depósito dos instrumentos de ratificação
o Reserva
o Denúncia
o Registro
Análise do Brasil: No Brasil, entre a assinatura e a
ratificação, se faz necessário a aprovação congressual
prevista no art. 49, I da CF/88.
1. Tribunal penal internacional – Estatuto de Roma
a. Reconhecimento por Emenda Constitucional da jurisdição do TPI;
b. Incorporação do Estatuto de Roma pelo Decreto 4388/02;
c. Competência do TPI para julgar os crimes mais grave que afetam
a comunidade internacional (art. 5º do Estatuto de Roma).
d. Competência ratione temporis (art. 11 do Estatuto de Roma): a
competência do Tribunal é em relação aos crimes cometidos após
a entrada em vigor do Estatuto.
e. Princípio da complementariedade – o TPI só irá atuar se o
Estado não puder ou não quiser fazê-lo (omisso ou negligente). A
jurisdição do TPI é complementar a jurisdição dos Estados
nacionais.
f. O Estatuto de Roma não prevê sua aderência com reservas, ou
seja, o Brasil quando se tornou signatário, aderiu as regras do
Estatuto de Roma (tribunal penal internacional) por completo.
Exemplo: Caso algum nacional seja julgado pelo TPI ele poderá
estar sujeito a uma pena de caráter perpétuo.
g. Cooperação internacional – art. 89 do Estatuto de Roma (Entrega
de pessoas ao Tribunal).
h. Extradição
i. Passiva:
1. Garantia da não-extraditabilidade de brasileiro nato
(absoluta);
2. Garantia da não-extraditabilidade de brasileiro
naturalizado (relativa);
3. Discussão sobre a constitucionalidade da entrega
de brasileiro:
a. Proibição da pena de banimento (art. 5º,
XLVII, d, da CF): vedação da expulsão e
deportação de brasileiro nato ou naturalizado.
Obs.: Extradição vs. Entrega
Extradição: trata-se de um ato de cooperação
internacional entre jurisdições de países.
Entrega: é um ato de cooperação internacional
entre um Estado e um órgão internacional o qual
o país faz parte.
2. Federalização das causas de direitos humanos - EC 45/04, art. 109,
§5º da CF/88
a. O que seriam graves violações de direitos humanos, capaz de
alcançar a aplicação do art. 109, §5º da CF?
i. Causas que geram grande comoção nacional e
internacional;
ii. Aplicação do princípio da subsidiariedade, ou seja, só
haverá o deslocamento de competência caso o Estado-
parte não esteja tomando as providências necessárias
(omisso ou negligente) para elucidação do caso.
b. Quem tem competência para requerer esse incidente de
descolamento de competência?
i. Procurador Geral da República
c. Qual é a finalidade?
i. R.: Garantir o cumprimento de obrigações internacionais
que o Brasil faz parte.
3. Proteção aos refugiados – Convenção sobre o Estatuto dos
Refugiados de 1951. Lei 13.445/17.
a. Refúgio: pessoas que deixam seus países devido a graves e
generalizadas violações de direitos humanos.
b. Princípio do non-refoulement: o refugiado não poderá ser
devolvido por razões de raça, religião, nacionalidade, grupo social
ou opiniões políticas.
c. Os refugiados possuem direitos e deveres equivalentes aos do
estrangeiro (no Brasil), bem com o direito a cédula de identidade
comprobatória de sua condição jurídica, carteira de trabalho e
documento de viagem.
d. Como o refugiado é tratado como um estrangeiro no Brasil, ele
não poderá votar.
4. Sistema interamericano de proteção dos direitos humanos
a. Proteção do direito à vida desde o momento da concepção;
b. Prisão civil apenas ao devedor de alimentos;
c. Liberdade de atividade empresarial em matéria de imprensa,
rádio e televisão;
d. Defesa de direito ao nome;
e. Vedação a todas formas de exploração do homem pelo homem;
f. Defesa do direito à nacionalidade
g. Proibição da escravidão;
h. Proibição da propaganda de guerra;
i. Asilo político;
j. Proteção às garantias processuais;
k. Proibição da pena de morte.
5. Comissão Americana de Direitos Humanos - CIDH
a. CIDH – é uma entidade autônoma da Organização dos Estados
Americanos (OEA).
b. A comissão recebe petições contendendo denúncias de violação
de direitos humanos.
c. Qualquer pessoa, grupo ou entidades não-governamentais
legalmente reconhecida pode apresentar à CIDH petições
referentes à violação de direitos humanos reconhecidos pela
Convenção Americana de Direitos Humanos ou pela Declaração
Americana dos direitos e Deveres do Homem.
d. Regra do esgotamento dos recursos internos (requisito de
admissibilidade)
i. Exceções:
1. Processo inconclusivo há anos (negligência);
2. Ausência do devido processo legal;
e. Primeiro tenta uma solução amistosa, em caso negativo, existem
duas possibilidades:
1. A CIDH decide que não houve violação;
2. Apura a responsabilidade do Estado por ação ou
omissão;
i. Comissão manifesta-se pela ocorrência de violação a um
ou mais dispositivos protegidos por instrumento
internacional. Apresenta relatório preliminar de
recomendações, que é transmitido ao Estado.
ii. Caso o país não atenda às recomendações da CIDH, o
caso poderá ser levado Corte Interamericana de Direitos
Humanos, com a anuência dos peticionários.
iii. Se ainda assim, o Estado não respeitar a decisão da Corte
Interamericana de Direitos Humanos, a Corte deverá levar
o caso para Assembleia Geral da OEA para que seja
verificado quais tipos de mecanismos coercitivos poderão
ser adotados para que o país cumpra a decisão da Corte,
visto que a Corte não possui essa força executiva.
6. Convenção para Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio –
1948
a. Destruição total ou parcial de um povo por razões étnicas, sociais,
religiosas, raciais etc.;
b. A tentativa também é punível;
c. Princípio da complementariedade (caso o Estado não possa ou
não queira fazê-lo).
7. Convenção contra a Tortura
a. Conceito: art. 1º da Convenção;
b. Tortura praticada por: Agente do Estado, pessoa investida das
funções estatais ou um agente estatal que incita que um particular
pratique a tortura;
c. Comitê contra tortura: órgão que recebe informações sobre as
torturas praticadas nos Estados;
d. Princípio da complementariedade – regra dos esgotamentos dos
recursos internos. Exceção: prolongamento dos casos (anos e
mais anos sem julgamento definitivo).
8. Convenção sobre os Direitos da Criança – (1989)
a. Princípio do interesse da criança;
b. Art. 227 da CF/88;
c. Lei 8.069/90 – ECA;
9. Conselho Nacional de Direitos Humanos – CNDH (Lei 12.986/14)
a. Pode aplicar sanções;
i. Civil, administrativa ou penal.
10. Convenção Internacional para a Proteção de Pessoas contra o
Desaparecimento Forçado
a. Conceito: artigo II da Convenção Internacional para a Proteção de
Pessoas contra o Desaparecimento Forçado;
b. Dignidade da pessoa humana.
c. Direito a memória;
11. Comissão Nacional da Verdade
a. Atribuição para apurar violações de direitos humanos que
ocorreram entre 1946 e 1988;
b. Pode requisitar documentos que estão classificados como alto
grau de sigilo;
c. Direito a memória;
12. Indígenas
a. Convenção 169 Organização Internacional do Trabalho (OIT)
referente aos Povos Indígenas e Tribais em Países
Independentes:
i. Assumir o controle de suas próprias instituições e formas
de vida.
ii. Necessidade de consulta prévia (para qualquer medida
legislativa que envolve o direito dos indígenas).
13. Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação Racial
a. Conceito: art. 1 da Convenção;
b. Visa garantir o princípio da igualdade material/substancial;
c. Sistema de relatórios e comunicações interestatais;
d. Art. 5º, XLII da CF/88; Racismo  inafiançável e imprescritível;
e. Lei 7.716/89;
f. Art. 68 do ADCT  Reconhece a propriedade das terras dos
quilombolas;
14. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos
a. Conceito: É um conjunto de políticas públicas destinas a
promover o direito a Educação em nosso país (ensino
fundamental, médio, superior, policial “segurança pública”, judicial
e mídia);
b. Ensinado ainda que de forma transversal nas disciplinas dos
cursos;
c. Através dos direitos humanos conferir as pessoas uma
consciência cidadã (crítica); Relação entre cidadania e direitos
humanos.
15. Convenção das Nações Unidas Contra à Corrupção – Convenção de
Mérida.
a. Prevenção à Corrupção;
b. Alcance global;
c. Medidas para transparência das campanhas eleitorais;
d. Penalização e aplicação da lei
e. Cooperação internacional
i. Extradição – Ato de cooperação Interjurisdicional – Entre a
jurisdição dos Estados;
ii. Ações conjuntas de investigação, rastreamento,
congelamento de bens, apreensão e confisco de produtos
da corrupção.
f. Recuperação de ativos
i. Confisco e congelamento
1. Os Estados Partes devem solicitar suas instituições
financeiras: a verificar a identidade de seus clientes;
determinar a identidade de beneficiários de contas
volumosas;
2. Reportar a transações suspeitas;
3. Reforçar o controle das contas de altos funcionários
públicos;
16. Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado
Transnacional – Convenção de Palermo
a. Conceito: Ele é praticado por organizações estabelecidas que
envolvem mais de um Estado e que visam ao lucro.
b. Possui diversos protocolos específicos
i. Prevenção/Repressão/Punição:
1. Tráfico de pessoas;
a. Repatriamento
b. Estatuto das vítimas de tráfico
2. Tráfico de drogas;
3. Tráfico de migrantes por via terrestre, marítima ou
aérea;
a. Grupo dos chamados “passadores” que
cobram quantias vultosas para as pessoas
que desejam ingressar num determinado
Estado.
b. Funcionários públicos omissos a esse
combate a “indústria do tráfico de migrantes”.
17. Lei 13.445/17
a. Princípios regedores:
i. Dignidade da pessoa humana
ii. Igualdade material – tratamento e de oportunidades ao
migrante e a seus familiares
iii. Repúdio a xenofobia e prevenção à racismo
iv. Não discriminação em razão dos critérios ou dos
procedimentos pelos quais a pessoa foi admitida em
território nacional
v. Garantia do direito à reunião familiar
vi. Inclusão social, laboral e produtiva
vii. Repudio a práticas de expulsão ou de deportação coletivas
1. Deportação:
a. Estrangeiro que ingressou irregularmente ou
se tornou irregular depois de um tempo
viii. Visto temporário para acolhida humanitária – Visto
humanitário
1. Apátrida
2. Qualquer nacional que sofre em seu Estado graves
violações humanitárias (em sentido lato)

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