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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
BASES FISIOLÓGICAS DO TREINAMENTO DESPORTIVO E ORGANIZAÇÃO DO TREINO............................. 11
CAPÍTULO 1
PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO............................................................................. 11
CAPÍTULO 2
DIDÁTICA, PEDAGOGIA E ESTRUTURAÇÃO DO TREINO DESPORTIVO......................................... 24
UNIDADE II
MODELOS DE PERIODIZAÇÃO APLICADOS AO FUTEBOL E FUTSAL.......................................................... 32
CAPÍTULO 1
MODELO TRADICIONAL........................................................................................................... 34
CAPÍTULO 2
MODELO EM BLOCOS............................................................................................................. 40
CAPÍTULO 3
MODELO ONDULATÓRIO......................................................................................................... 46
CAPÍTULO 4
MODELO EM LONGO PRAZO.................................................................................................. 49
UNIDADE III
PERIODIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA...................................................................................................... 56
CAPÍTULO 1
O PROBLEMA DA FALTA DE TEMPO.......................................................................................... 57
CAPÍTULO 2
NOVOS PRINCÍPIOS................................................................................................................. 72
CAPÍTULO 3
MÉTODO INTEGRADO............................................................................................................. 75
CAPÍTULO 4
PERIODIZAÇÃO TÁTICA............................................................................................................ 78
UNIDADE IV
CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO..................................................................................................... 85
CAPÍTULO 1
COMO CONSTRUIR UMA PLANILHA DE TREINAMENTO.............................................................. 86
CAPÍTULO 2
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO..................................................................................................... 103
CAPÍTULO 3
COMO AVALIAR O ATLETA E A EQUIPE................................................................................... 105
CAPÍTULO 4
FORMAÇÃO DE UMA EQUIPE................................................................................................ 116
REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 119
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
6
Atenção
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
7
Introdução
Isto posto, faz com que os praticantes tenham que atender a uma complexa rede de
interações físicas, técnicas, táticas e psicológicas durante manifestação da sua prática,
e assim alcançar a lógica do jogo, fazer mais gols do que tomar.
Por meio dessas ideias a periodização passou a ser um fator básico para a obtenção dos
melhores resultados e, consequentemente, do sucesso esportivo (VERKOSHANSKI,
8
2001). Assim a periodização busca a melhor forma esportiva no período mais importante
do calendário esportivo.
Objetivos
»» Promover a compreensão das leis pedagógicas e leis biológicas que regem
o sistema de preparação de atletas de futebol e futsal.
9
BASES FISIOLÓGICAS
DO TREINAMENTO
DESPORTIVO E UNIDADE I
ORGANIZAÇÃO DO
TREINO
CAPÍTULO 1
Princípios do treinamento desportivo
11
UNIDADE I │ BASES FISIOLÓGICAS DO TREINAMENTO DESPORTIVO E ORGANIZAÇÃO DO TREINO
Ajustamentos ao
exercício físico
Estímulo
Rápido Lento
Agudos Reversíveis Crônicos
Estes princípios possuem conceitos como os de adaptação dos órgãos e sistemas frente
aos estímulos do exercício físico sistematizado, processos estes tidos como qualitativos,
já que permitem modificações biopositivas na qualidade das funções orgânicas
(ex.: modificações neuromusculares permitem suportar mais cargas externas com
menor nível de exigência, assim como modificações cardiorespiratórias permitem
melhor eficiência na captação de oxigênio para tradução em trabalho mecânico) e,
conceitos que abrangem variáveis quantitativas, como os princípios da sobrecarga,
da continuidade, que permitem também modificações biopositivas e são mensuradas
por incremento, aumento, elevação de determinadas respostas (ex.: incremento no
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BASES FISIOLÓGICAS DO TREINAMENTO DESPORTIVO E ORGANIZAÇÃO DO TREINO │ UNIDADE I
número de sprints, aumento nas distâncias percorridas por metabolizar melhor o O2,
elevação na sobrecarga externa).
Os princípios do TD são:
»» Princípio da Sobrecarga;
»» Princípio da Manutenção;
»» Princípio da Especificidade;
»» Princípio da Variabilidade;
De acordo com Dantas (1997) apud Moreira e Lopes, (2009) este princípio mostra as
diferenças individuais entre as pessoas, sendo estas divididas em sua carga genética,
denominada como genótipo, e por suas experiências adquiridas ao longo da sua vida,
denominadas fenótipo.
13
UNIDADE I │ BASES FISIOLÓGICAS DO TREINAMENTO DESPORTIVO E ORGANIZAÇÃO DO TREINO
Tal constatação é evidenciada por meio da afirmação de Benda e Greco (2001), apud
Lussac (2008) onde uma das Capacidades do Rendimento Esportivo é a Capacidade
Biotipológica, que está dividida em Capacidade constitucional Fenótipo e Capacidade
constitucional Genótipo:
Ainda para Dias (2011), estudos caso-controle vêm demonstrando maior frequência
de variantes em genes associados à performance física em atletas em comparados a
indivíduos não atletas, somado aos achados sobre a rara combinação genotípica em
atletas, sustentam a afirmação de que a genética é o determinante indispensável para
a excelência no esporte de alto rendimento, contudo, cabe a afirmação que, mesmo o
indivíduo portador de maior número de genótipos associados à performance física não
necessariamente seria um representante de alto rendimento, sem as oportunidades e a
soma do seu contexto social e econômico, ou seja, a todas as experiências vivenciadas e
que otimizaram seu potencial genético, ao fenótipo.
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BASES FISIOLÓGICAS DO TREINAMENTO DESPORTIVO E ORGANIZAÇÃO DO TREINO │ UNIDADE I
Princípio da sobrecarga
Deste modo, é correto afirmar que para que exista adaptação ao treinamento, somente
estímulos que perturbem de uma maneira considerável o equilíbrio metabólico ou
de regulação de determinada função orgânica será capaz de induzir o processo de
reorganização interna, permitindo assim, um incremento no estágio anterior que tal
órgão ou sistema se apresentava. Tal resposta adaptativa é comumente chamada de
homeostase. Segundo Roberts e Robergs (2002), homeostase é a condição da função
corporal que constantemente, busca se manter em equilíbrio dinâmico, restabelecendo
as funções internas. Como resultado da capacidade dos sistemas de regulação
homeostática, a mudança do estado interno é controlada, os danos reparados, e um
estado novo de ajuste para sobrevivência é adquirido (PEREIRA; SOUZA JR, 2011).
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UNIDADE I │ BASES FISIOLÓGICAS DO TREINAMENTO DESPORTIVO E ORGANIZAÇÃO DO TREINO
CARGA
CATABOLISMO ANABOLISMO
Manso et al. (1996) apud Monteiro e Lopes (2009), afirma que carga de treinamento é
o resultado da relação da quantidade de trabalho (volume) com seu aspecto qualitativo
(intensidade).
Assim, se busca uma carga de treinamento que provoquem efeitos ótimos de adaptação
no organismo do indivíduo, buscando perturbar o equilíbrio interno, ultrapassando
o limite criado pelas rotinas de treino geradas anteriormente, permitindo assim a
evolução do estado de treino do indivíduo.
Para tanto, Navarro (2000) apud Monteiro e Lopes (2009), carga de treinamento é a
soma dos estímulos efetuados sobre o organismo do atleta, podendo diferenciar-se entre
carga interna e externa, sendo a carga externa definida como a tarefa a ser cumprida
pelo atleta, estando associada ao volume e a intensidade. Já a carga interna como
um conjunto de reações biológicas dos sistemas orgânicos que podem ser refletidas
mediante parâmetros fisiológicos ou bioquímicos.
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BASES FISIOLÓGICAS DO TREINAMENTO DESPORTIVO E ORGANIZAÇÃO DO TREINO │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ BASES FISIOLÓGICAS DO TREINAMENTO DESPORTIVO E ORGANIZAÇÃO DO TREINO
C
A
R
G
A
Melhora no desempenho
P
A
D
R
Ã
O Preparatório Competitivo
É sabido que a aplicação de determinado exercício físico, por meio da ótima manipulação
das variáveis quantitativas (volume) e qualitativas (intensidade) da carga de treinamento
irá promover adaptações agudas e/ou crônicas no organismo do indivíduo, promovendo
assim um ajustamento frente aos estímulos sofrido. Deste modo, o treino só produzirá
adaptações se for realizado de uma forma sistemática, ou seja, se for repetido ao longo
de um período de tempo expressivo.
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BASES FISIOLÓGICAS DO TREINAMENTO DESPORTIVO E ORGANIZAÇÃO DO TREINO │ UNIDADE I
Uma clara inter-relação entre estes princípios se evidencia na afirmação de Alves (2012)
em que:
Monteiro e Lopes (2009) citam que as capacidades físicas que mais rápido sofrem
um decréscimo de sua potencialidade são as chamadas “neurais”, as que necessitam
do sistema nervoso central e das fibras de contração rápida como a velocidade, força
máxima e força explosiva. Este processo de desadaptação também ocorre nos sistemas
de fornecimento de energia, sendo este decréscimo mais acentuado em atletas
especializados nas modalidades que exigem a realização de grandes volumes de trabalho
de caráter aeróbio (MONTEIRO; LOPES, 2009).
Alicerçamos tal premissa na fala de Alves (2012), que cita que os efeitos mais óbvios são
a rápida redução do VO2max, do desempenho aeróbio e do limiar anaeróbio.
Ainda para Alves (2012) apud Coyle et al. (1984), isto é dependente da dinâmica das
alterações na atividade enzimática e no volume sistólico, sendo que um decréscimo de
12% no volume sistólico ocorrerá após 2 a 4 semanas de destreino, sendo acompanhado
por um decréscimo da atividade das enzimas oxidativas mitocondriais.
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UNIDADE I │ BASES FISIOLÓGICAS DO TREINAMENTO DESPORTIVO E ORGANIZAÇÃO DO TREINO
Figura 4. Período em unidades de tempo (semanas) para adaptação e desadaptação mitocondrial com
treinamento e destreinamento.
Princípio da manutenção
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BASES FISIOLÓGICAS DO TREINAMENTO DESPORTIVO E ORGANIZAÇÃO DO TREINO │ UNIDADE I
Princípio da especificidade
Logo, Alves (2012) afirma que a natureza da carga associada a um determinado exercício
condiciona os sistemas solicitados, a tipologia de recrutamento muscular e a resposta
neuroendócrina envolvida.
Assim, Gomes (2009), classifica que a especificidade deve seguir algumas regras, por
ele denominada de “lei da especificidade” a qual determina que para uma carga de
treinamento seja específica à modalidade objetivada, dependerá determinantemente do
respeito a condicionantes do treino as variáveis metabólicas da modalidade, bem como
das variáveis neuromusculares. “Só assim poderemos assegurar, para a totalidade do
programa de preparação, níveis elevados de transferência das adaptações metabólicas
e neuromusculares conseguidas para a eficácia do gesto técnico usado na competição”
(ALVES, 2012).
LEI DA ESPECIFICIDADE
ASPECTO ASPECTO
METABÓLICO NEUROMUSCULAR
PADRÃO DE
SISTEMA TIPO DE FIBRA
SISTEMA DE ENERGIA RECRUTAMENTO DE
CARDIORESPIRATÓRIO MUSCULAR
UM’S
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UNIDADE I │ BASES FISIOLÓGICAS DO TREINAMENTO DESPORTIVO E ORGANIZAÇÃO DO TREINO
»» aspectos antropométricos;
Princípio da variabilidade
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BASES FISIOLÓGICAS DO TREINAMENTO DESPORTIVO E ORGANIZAÇÃO DO TREINO │ UNIDADE I
Quanto maior for a diversidade dos estímulos, desde que estes fiquem
em conformidade com todos os conceitos de segurança e eficiência que
devem reger qualquer atividade, maiores serão então as possibilidades
de atingirmos uma melhor performance e resultados” (GOMES DA
COSTA, 1996 apud LUSSAC, 2008, p. 11).
Podemos afirmar que tal princípio está intimamente ligado ao princípio da Sobrecarga,
haja vista as adaptações biológicas do organismo frente às cargas impostas. Como já
citamos anteriormente (Princípio da Sobrecarga), a sobrecarga pode ser manipulada
pelos componentes da carga de treinamento, pela relação da quantidade de trabalho
(volume) com seu aspecto qualitativo (intensidade), devendo sempre seguir uma
orientação de interdependência entre si.
Lussac (2008) cita Tubino (1984), confirmando a afirmação anterior, em que “Na maioria
das vezes, o aumento dos estímulos de uma dessas duas variáveis (volume e intensidade)
é acompanhado da diminuição da abordagem em treinamento da outra” (LUSSAC, 2008
apud TUBINO, 1984).
23
CAPÍTULO 2
Didática, pedagogia e estruturação do
treino desportivo
Atualmente, a pedagogia esportiva vem sendo tema de diversos debates acerca das
configurações mais efetivas sobre o processo de ensino-aprendizagem de modalidades
esportivas, principalmente nos jogos esportivos coletivos (JEC). Diferentes enfoques
são abordados, quando pensamos no processo de ensino-aprendizagem, quer seja para
prática esportiva como forma de recreação, quer seja para atividades competitivas.
Para tanto, alguns conteúdos devem ser propostos e dispostos de forma progressiva
e sequenciada, para a construção de um pilar de formação sólido e conciso, e assim,
capacitarmos os atletas para a prática do esporte em alto nível competitivo.
No âmbito da iniciação esportiva, podemos afirmar que este tem seu início caracterizado
por um processo não formal, expresso por meio da cultura lúdica das crianças,
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BASES FISIOLÓGICAS DO TREINAMENTO DESPORTIVO E ORGANIZAÇÃO DO TREINO │ UNIDADE I
realizado pelos jogos e brincadeiras com bolas, sendo estes, ricos em possibilidades
de desenvolvimento do acervo motor, contudo, sem direcionamento específico. Já
em clubes esportivos e agremiações com foco competitivo, geralmente inicia-se a
pratica de modalidades esportivas aos 5 anos de idade, sendo algumas agremiações
com maior enfoque competitivo, aos 10-11 anos de idade. Se pensarmos que algumas
federações estaduais promovem competições oficiais a partir dos 11 anos de idade, serão
necessários anos de preparação e planejamento sistematizado, para que o futuro atleta
de futebol atinja altos níveis de preparação nos componentes físicos, técnicos, táticos e
psicológicos para a prática do futebol.
Denominam-se essas qualidades, como didática, sendo esta parte da pedagogia que se
dedica aos métodos e técnicas de ensino, destinados a colocar em prática as diretrizes
da teoria pedagógica, objetivando ensinar artifícios e recursos que possibilitem à
aprendizagem do aluno (CONTEÚDO aberto. In.: Wikipédia: a enciclopédia livre.
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Did%C3%A1tica> Acesso em: 25 out. 2014).
Convém destacar que, a didática não é um “dom” que a pessoa nasce com maior ou
menor capacidade para ensinar outras pessoas, mas que se trata de uma habilidade
que, como tantas outras, podem ser desenvolvidas desde que se tenham motivação,
determinação e atitude, para dedicar-se no desenvolvimento ou aprimoramento desta.
Lembremos que, quanto mais preparado e qualificado for o profissional que militará com
a iniciação no futebol, mais fecundas serão suas intervenções pedagógicas. Dentro deste
processo é fundamental que o profissional busque não só o desenvolvimento
específico das componentes que fazem a modalidade (físico/técnico/
tático/psicológico/social), mais também que estimule o desenvolvimento
da autonomia esportiva e social.
Para tanto, Costa et al. (2010) levanta que o processo de formação de jovens deve
centrar-se nos aspectos pedagógicos dos exercícios, sendo estes devidamente orientados
para propiciar a evolução do conhecimento e do nível de desempenho técnico e tático.
Citando ainda este autor, aspectos cognitivos no processo ensino-aprendizagem devem
ter sua importância destacada, haja vista que o conhecimento sobre a modalidade se
desenvolve mais rápido que as habilidades inerentes ao jogo.
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UNIDADE I │ BASES FISIOLÓGICAS DO TREINAMENTO DESPORTIVO E ORGANIZAÇÃO DO TREINO
Assim, Bayer (1994) apud Paes e Oliveira (2004), assegura coexistir duas correntes
pedagógicas de ensino para os jogos desportivos coletivos, que se diferenciam na sua
matriz estrutural. Uma utiliza os métodos tradicionais ou didáticos, decompondo os
elementos (fragmentação), na qual a memorização e a repetição permitem moldar a
criança e o adolescente ao modelo adulto. Garganta (1998) apud Paes e Oliveira (2004),
confirma tal matriz pedagógica, denominando-a de Mecanicista, centrada apenas
na técnica, sendo o jogo dividido em elementos técnicos (passe, drible, recepção,
arremate). Ainda para Garganta (1998), o ensino-aprendizagem centrado nessa matriz
pedagógica, aprimorando o gestual específico, designará um jogo pouco criativo, com
comportamentos estereotipados, e com problemas na compreensão do jogo.
Citando a outra corrente pedagógica, definida por Garganta (1998) apud Paes e Oliveira
(2004), como resultado das combinações de jogo contidas na tática por intermédio
dos jogos condicionados. Para o autor, o jogo ainda é decomposto (dividido), contudo
em unidades funcionais sistemáticas de complexidade crescente, onde os princípios do
jogo regulam a aprendizagem.
A definição de Bayer (1994) apud Paes e Oliveira (2004), para essa linha pedagógica foi
apontada como pedagogia das situações, que o contexto do jogo promove a cooperação
com seus companheiros, à integração ao coletivo, opondo-se aos adversários, permitindo
ao aprendiz, as possibilidades de percepção das “situações de jogo”.
Assim, esta forma de ensino-aprendizagem apesar de ainda ser muito utilizada, já não
é mais a melhor maneira de ensinar o futebol, não atendendo as necessidades do jogo
(SCAGLIA, 2010; GARGANTA, 2002; REVERDITO, 2009; COSTA, 2010).
Garganta (2002) elucida tal perspectiva, defendendo que o ensino e o treino da técnica
no Futebol, não devem restringir-se aos aspectos biomecânicos, mas atender, sobretudo
às imposições da sua adaptação inteligente às situações de jogo. Ainda para o autor, essa
premissa é representada pela cadeia acontecimental experimentada por um jogador
nas situações de jogo, o que justificaria a construção de exercícios que orientassem
o ensino-aprendizagem dentro dessa premissa de complexidade do jogo. A figura 6,
exemplifica essa cadeia de acontecimentos expressa nas situações problemas de jogo.
JOGO
Ação
motora
Apreensão do jogo
Habilidade
motora
Capacidade
tática
Decisões:
• O que fazer?
• Como fazer?
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UNIDADE I │ BASES FISIOLÓGICAS DO TREINAMENTO DESPORTIVO E ORGANIZAÇÃO DO TREINO
Do mesmo modo que planificar e estruturar o treinamento dos mais jovens, se faz
necessários prévios conhecimentos específicos, a planificação e estruturação do
treinamento para adultos não é diferente. Se a planificação é a organização de tudo
que irá compor os treinamentos do atleta, respeitando diversas normas que regem o
treinamento (Princípios do Treinamento Desportivo), e as inter-relacionando com as
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BASES FISIOLÓGICAS DO TREINAMENTO DESPORTIVO E ORGANIZAÇÃO DO TREINO │ UNIDADE I
Farto (2002) nos traz a afirmação que, planificar e estruturar são termos indissociáveis,
contudo diferentes, sendo pertinência da estruturação a distribuição do treinamento
de forma temporal, considerando um início e um fim para o processo de preparação.
O autor ainda determina que a estruturação do treinamento esteja fundamentada em:
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UNIDADE I │ BASES FISIOLÓGICAS DO TREINAMENTO DESPORTIVO E ORGANIZAÇÃO DO TREINO
Platonov (2008) apud Monteiro e Lopes (2009), aponta que um microciclo prediz um
período de alguns dias em que são realizadas tarefas complexas, correspondentes a
uma fase específica da preparação. A duração de um microciclo pode durar de 3 a 14
sessões de treinamento, sendo mais comuns os microciclos de sete dias, por estes se
ajustarem melhor ao calendário semanal e ser comumente ajustáveis à rotina de vida
do individuo (MONTEIRO; LOPES, 2009, p. 105).
Esta ciência foi denominada Periodização do treinamento pelo Russo Leev Pavlovtchi
Matveev na década de 1950, e perdura até os dias atuais como sendo base para todo
e qualquer planejamento do treinamento. Tal teoria, nasceu a partir da proposta dos
ciclos de supercompensação (Veja Capítulo 1), do Austríaco Hans Seyle e que permitiu
a Matveev, fundamentar a premissa de que o atleta tem que construir, manter e depois
perder relativamente a forma desportiva após cessar-se os ciclos anuais de treinamento
(FARTO, 2002, p. 4).
30
BASES FISIOLÓGICAS DO TREINAMENTO DESPORTIVO E ORGANIZAÇÃO DO TREINO │ UNIDADE I
31
MODELOS DE
PERIODIZAÇÃO UNIDADE II
APLICADOS AO
FUTEBOL E FUTSAL
Tais modelos tiveram como precursor, o Russo Leev Pavlovtchi Matveev, popularizando
um modelo de treinamento bem específico e pautados em premissas bem específicas
que abordaremos a seguir. Salienta-se, porém que outro modelo a ser abordado no
capítulo 2 desta unidade (Modelo em Blocos), idealizado pelo também Russo Yuri
Verkhoshanski, assume sua crítica ao modelo clássico proposto por Matveev e garante
melhores resultados esportivos com seu modelo, devido sua característica adaptável ao
calendário competitivo atual.
32
MODELOS DE PERIODIZAÇÃO APLICADOS AO FUTEBOL E FUTSAL │ UNIDADE II
Isso se dá, pela eficácia restrita na Reserva Atual de Adaptação (RAA) ou barreira de
rendimento, determinados pelo alcance de limites biológicos impostos pelos genes e,
por processos de insensibilização fisiológica, bioquímicas e moleculares imposta pela
repetição sistemática do treinamento (OLIVEIRA, 2008; PEREIRA; SOUZA JR, 2011).
Assim, objetivaremos não só a introduzi-lo aos conteúdos dos modelos, como permitir
reflexão e criticidade ativa sobre as reais aplicabilidades ao futebol e futsal.
33
CAPÍTULO 1
Modelo tradicional
›› a duração deste período não deve ser superior ao tempo que os atletas
são capazes de manter a forma esportiva;
34
MODELOS DE PERIODIZAÇÃO APLICADOS AO FUTEBOL E FUTSAL │ UNIDADE II
Para tanto, Matveev subdivide tal organização em três etapas de alternância sucessiva,
as quais denominou de fase de aquisição ou ganho, fase de manutenção e fase de perda.
performance
A figura 8 exemplifica tais etapas e elucida a racionalização deste modelo sendo, a fase
de aquisição ou ganho, uma fase direcionada para aumento de todos componentes
relacionados ao rendimento competitivo e uma fase de perda dos níveis ótimos de
rendimento. Estas três fases de aquisição, manutenção e perda temporal da forma
esportiva coincidem com três grandes períodos do treinamento desportivo, quais sejam
o período preparatório, competitivo e transitório (OZOLIN, 1989 apud FARTO, 2002).
Dantas (2003) apud Oliveira et al. (2005), corrobora com tal afirmativa, acrescentando
que durante este período, também denominado como período de preparação, já que
dentro de uma perspectiva Macro da periodização, é o que levará o atleta ao melhor nível
de rendimento durante o período competitivo, sendo a primeira etapa caracterizada
como básica, enfatizando a preparação física e o componente geral de treinamento,
havendo predomínio do volume em detrimento a intensidade. Já a segunda fase,
35
UNIDADE II │ MODELOS DE PERIODIZAÇÃO APLICADOS AO FUTEBOL E FUTSAL
denominada por Monteiro e Lopes como segunda fase de aquisição, Dantas (2003)
apud Oliveira et al. (2005), caracteriza pela ênfase dos treinamentos aos aspectos
técnico-táticos e pela predominância da intensidade sobre o volume (lembremos dos
conceitos do principio do TD Inter-relação Volume-Intensidade).
Para Monteiro e Lopes, (2009), esta etapa objetiva reduzir o grau de reestruturações
biológicas apresentadas na etapa anterior (fase de aquisição I e II), o que se manifesta
na estabilização relativa dos índices esportivos a um nível elevado.
36
MODELOS DE PERIODIZAÇÃO APLICADOS AO FUTEBOL E FUTSAL │ UNIDADE II
Fonte: (Adaptado de FARTO, 2002; OLIVEIRA et al., 2005; GOMES, 2002; MONTEIRO; LOPES, 2009).
Outra crítica que podemos assumir sobre a própria afirmação de Matveev, citada por
Pantaleão e Alvarenga (2008), onde a forma desportiva é dito como um fenômeno
polifacetado (Relativo a/ou que possui características variadas e peculiares (In.:
CONTEÚDO ABERTO. Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/
polifacetado/> acesso em: 5 nov. 2014), composto por predisposição ótima do aspecto
físico, psíquico, técnico e tático para obtenção dos resultados, sendo somente com a
existência de todos estes componentes possível à afirmação que o atleta se encontra
em forma (PANTALEÃO; ALVARENGA, 2008). Sendo o futebol e futsal, modalidades
37
UNIDADE II │ MODELOS DE PERIODIZAÇÃO APLICADOS AO FUTEBOL E FUTSAL
Claro que não se pode adotar uma linha de raciocínio radical e negligenciar o treinamento
de todos os elementos que compõe o jogo, contudo, é contraproducente assumirmos tal
afirmativa.
PLANO ANUAL
PERÍODOS DE
PREPARATÓRIO COMPETITIVO TRANSIÇÃO
TREINAMENTO
SUBFASES GERAL ESPECÍFICO PRÉ-COMPETITIVO COMPETITIVO TRANSIÇÃO
MACROCICLOS
MICROCICLOS
38
MODELOS DE PERIODIZAÇÃO APLICADOS AO FUTEBOL E FUTSAL │ UNIDADE II
39
CAPÍTULO 2
Modelo em blocos
De La Rosa (2006), aponta que tal estrutura de periodização foi apresentada para os
esportes em que a força é a característica principal, se fundamentando em um trabalho
concentrado em blocos de treinamento, para criar condições de melhoria posterior nos
conteúdos do treinamento relacionados com o desenvolvimento da condição técnica e
a capacidade de velocidade do atleta.
Figura 8. Exemplo de manifestação do fenômeno EPDT (Efeito Posterior Duradouro do Treinamento) decorrente de
A B C
A0 A0 - A - 1 A0 - A - 2 A0 - B A0 - C A0 - C
40
MODELOS DE PERIODIZAÇÃO APLICADOS AO FUTEBOL E FUTSAL │ UNIDADE II
41
UNIDADE II │ MODELOS DE PERIODIZAÇÃO APLICADOS AO FUTEBOL E FUTSAL
Alvarenga e Pantaleão (2008) ainda complementam que cada bloco não constitui uma
estrutura isolada, sobrepondo-se uns aos outros blocos, fazendo-se valer dos EPDT do
bloco antecessor.
Figura 9. Modelo representativo das principais adaptações ocorridas nos diferentes blocos de treinamento.
A1 A2 A3 B1 B2 C
A B C
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MODELOS DE PERIODIZAÇÃO APLICADOS AO FUTEBOL E FUTSAL │ UNIDADE II
4. tal modelo é muito longo, não havendo tempo hábil para aplicação dos
blocos em sua concepção original (MONTEIRO; LOPES, 2009, p. 152).
A1 A2 A3 B1 B2 C
43
UNIDADE II │ MODELOS DE PERIODIZAÇÃO APLICADOS AO FUTEBOL E FUTSAL
Toledo (2008) e Arruda e cols (1999), por meio dessa proposta de adaptação do modelo
de Verkhoshanski, afirmam mediante a resultados obtidos por avaliações de testes
motores que relações entre os conteúdos de treinamento e as respostas adaptativas
foram encontradas.
Arruda e cols (1999) evidenciam aumento não só nas fases de cargas concentradas, o
que já era de se esperar devido a proposto do modelo, porém, manter e até elevar os
níveis de resistência de força durante o período competitivo, conforme figura 13. Já
figura 14, evidencia uma tendência de queda para os índices de força rápida ao final
da etapa competitiva, apesar da ligeira melhora ao longo dos blocos. Para os autores,
além da seleção das cargas de manutenção ter sido inadequadas para possibilitar a
manutenção da Força Rápida durante a etapa competitiva, o aumento dos volumes
de exercícios especiais (ex.: resistência de velocidade), influenciou negativamente na
capacidade de Força Rápida, provocando quedas dos valores absolutos da mesma,
quando comparados o início e o final do período competitivo.
44
MODELOS DE PERIODIZAÇÃO APLICADOS AO FUTEBOL E FUTSAL │ UNIDADE II
Figura 13. Médias, Desvios Padrão e Tukey para as avaliações de Saltabilidade; onde * = p<0,01.
Toledo e Corradine (2008) estruturaram um modelo muito similar para salonistas, aos
moldes e estruturação (tempo para cada etapa e micro etapa) aos descritos anteriormente
para futebolistas e relatam, apesar de que subjetivamente, já que não apresenta dados
de avaliações e testes motores de controle, sua efetividade quanto ao método.
Fazendo uma reflexão a cerca do exposto, levantamos algumas indagações quanto a sua
aplicabilidade ao futsal e futebol atual, mesmo após relatos na literatura apontando sua
aplicabilidade. Pensando no futebol profissional, ou mesmo no futsal, onde, o período
de preparação, as famosas pré-temporadas, não sobrepujam mais que 30 dias e, em se
tratando dos desportos em questão, serem modalidades abertas e, portanto complexas,
sem uma capacidade biomotora que determina o sucesso, mas sim algumas, seria o
modelo de carga concentrada, ou melhor, o modelo de blocos a melhor opção para
futebol e futsal? Por mais que venhamos a assumir que a capacidade biomotora força,
e suas manifestações (força rápida, força explosiva, resistência de força, resistência de
força explosiva), determinam o sucesso nas partidas, haja vista a interdependência entre
essas manifestações de força com a velocidade de aceleração, e, quanto mais rápidas eu
for, mais rápido me oponho ao meu marcador e chegarei antes para marcar um gol,
salvar um gol, além de possibilitar resistir a inúmeras ações intensas ao transcorrer
da partida, o que certamente me conferirá uma possível vantagem. Ainda assim, seria
apenas isso que determinaria meu sucesso esportivo? Apenas a capacidade de resistir
a estímulos intensos e dependentes de força-velocidade conferem sucesso ao futebol?
Não queremos induzi-los a pensar que este modelo não tem sua aplicabilidade e sua
importância no contexto esportivo, porém, precisamos entender se o modelo em
questão atende não só as exigências específicas da modalidade (condicionamento das
capacidades determinantes) mais principalmente ao calendário esportivo. Podemos
em paralelo, comparar ao modelo aplicado com futebolistas juniores, que, não tem o
nível de exigência que um clube de futebol profissional teria, caso por uma escolha
imprópria para o contexto que vive, viesse a se deparar com o insucesso desportivo,
podendo lhe custar cifras de patrocinadores, a permanência em divisões de elite do
cenário competitivo em que se insere, bem como a não obtenção de títulos, objetivo
principal de quaisquer agremiações esportivas.
45
CAPÍTULO 3
Modelo ondulatório
Monteiro e Lopes (2009) afirmam que Tschiene propôs com seu modelo, aproximar
os treinamentos as características específicas das modalidades esportivas, utilizando a
própria competição como meio de treinamento. Tanto o volume quanto a intensidade são
altos o ano todo, sendo que, sua estruturação do treinamento se baseia na distribuição
das cargas de forma ondulatória, alternando-se o volume e a intensidade sem baixar os
níveis de 80% de suas cargas máximas de treinos (FARTO, 2002; DE LA ROSA, 2006;
MONTEIRO; LOPES, 2009).
Esta estrutura se baseia no fato de que o atleta deve manter uma alta capacidade de
desempenho ao longo do ano competitivo, e não constituí-la, para depois mantê-la e
mais tarde perdê-la, como preconiza Matveev (DE LA ROSA, 2006).
Farto (2002), De La Rosa (2006) e Monteiro e Lopes (2009) relatam que está forma de
organizar o treinamento é bastante desgastante, sendo introduzido por seu idealizador,
intervalos profiláticos entre as altas intensidade de trabalho, visando com isso uma
recuperação ativa e manutenção das capacidades de rendimento aumentadas durante
todo o desenvolvimento do processo de treinamento.
46
MODELOS DE PERIODIZAÇÃO APLICADOS AO FUTEBOL E FUTSAL │ UNIDADE II
A dinâmica das cargas (representada pelas linhas de volume e intensidade) com contínuas
fases breves causadas por alterações frequentes e notáveis dos aspectos quantitativos e
qualitativos do treinamento. Destaca-se ainda, os intervalos profiláticos que antecedem
as competições, sendo tais representações, objetivadas para recuperação, já que as
cargas sempre são altas durante os períodos antecessores.
47
UNIDADE II │ MODELOS DE PERIODIZAÇÃO APLICADOS AO FUTEBOL E FUTSAL
Porém, um viés que se pode apontar relaciona-se aos intervalos profiláticos, propostos
entre competições. As competições tanto no futebol, quanto no futsal de alto nível,
são simultâneas e com importância acentuada para todas. Uma equipe de ponta
brasileira, que disputa o estadual, e simultaneamente uma competição continental
(Ex.: Libertadores) e após o término do estadual, já se inicia o campeonato Nacional.
Em quais períodos seriam aplicáveis esses intervalos profiláticos? Cabe salientar que
manter cargas altas em volume e intensidade durante toda a temporada, sem um devido
momento para recuperação, induzirá ao esgotamento de todas as reservas adaptativas
do organismo do atleta, levando-o a sintomas de sobre treinamento.
48
CAPÍTULO 4
Modelo em longo prazo
Desta forma, para obter o alto rendimento são necessários anos de preparação que cada
planejamento Plurianual é interligado ao anterior respeitando progressivamente os
objetivos pré-determinados seguindo uma continuidade de cargas de treinamento em
longo prazo (PLATONOV, 2004).
Para tanto, o treinamento de muitos anos representa o nível estrutural superior em que
são traçadas as tarefas mais gerais que determinam o alicerce do atleta.
A pirâmide (figura 15) exemplifica, o treinamento em muitos anos, sendo tal estrutura
uma proposta de sistema integrado, permitindo fazer a composição de todas as partes
do sistema pedagógico de preparação do atleta. Tal proposta representa o nível
estrutural superior, que traduz a base da pirâmide, o alicerce que fundamentará todo e
qualquer processo de estruturação do treinamento em anos posteriores. A passagem do
atleta de uma etapa para outra deve seguir a premissa de resolução das tarefas da etapa
precedente (GOMES, 2009).
49
UNIDADE II │ MODELOS DE PERIODIZAÇÃO APLICADOS AO FUTEBOL E FUTSAL
RD
Unidade
Microciclo
Mesociclo
Macrociclo
Ciclo Anual
De acordo com Balyi (2002) apud (BLOOM, 1985; ERICSSON et al., 1993; Ericsson;
Charmess, 1994), são precisos 8 a 12 anos de treino para que um jovem praticante de
talento possa alcançar os níveis de elite. Tal afirmação, por si só já representa a importância
da preparação em longo prazo, respeitando um processo gradual de ensino e aquisição
de conceitos esportivos. Entretanto, se faz necessário levantarmos que este processo
gradual de cargas ministradas seja colocado não apenas como requisito de construção
de uma carreira esportiva, mas também, por mudanças biológicas que se manifestam em
diferentes momentos ao longo da vida do indivíduo e que, determinam substancialmente
o sucesso neste processo de construção da periodização em longo prazo.
50
MODELOS DE PERIODIZAÇÃO APLICADOS AO FUTEBOL E FUTSAL │ UNIDADE II
Figura 16. Momento do Pico de Velocidade de Crescimento em (a) Rapazes e (b) Garotas, sendo Heigth=Altura;
51
UNIDADE II │ MODELOS DE PERIODIZAÇÃO APLICADOS AO FUTEBOL E FUTSAL
FASES
ALTO
ESPECÍFICA RENDIMENTO BÁSICA
RENDIMENTO
(11-13 anos) (14-15 anos) (7-10 anos)
(16-17 anos)
Fonte: (Adaptado de ARRUDA; BOLAÑOS, 2010 p. 102).
52
MODELOS DE PERIODIZAÇÃO APLICADOS AO FUTEBOL E FUTSAL │ UNIDADE II
53
UNIDADE II │ MODELOS DE PERIODIZAÇÃO APLICADOS AO FUTEBOL E FUTSAL
Capacidades Idade
sexo
Biomotoras 7-8 8-9 9-10 10-11 11-12 12-13 13-14 14-15 15-16 16-17
F 3 2 3 3 2 2 2
Velocidade
M 3 3 3 3 3 3
F 2 2 1 3 2
Velocidade - Força
M 2 2 2 3 3
F 1 1 3 1 2
Força
M 1 1 3 3 2 2 3
F 3 3 2 2 2
Coordenação Motora
M 1 1 3 2 1
F 2 1 1 1 1 1 2 2
Flexibilidade
M 1 1 3 1 2
F 2
Resistência
M 1 2 1 2 3 1
Fonte: (Adaptado de ZAKHAROV; GOMES, 1992 apud GOMES A. C; SOUZA J., 2008, p. 211).
Legenda:
1= Período de baixa sensibilidade de desenvolvimento;
2= Período de média sensibilidade de desenvolvimento;
3= Período de alta sensibilidade de desenvolvimento.
Tal afirmação é representada, de acordo com Zakharov e Gomes, 1992 apud Gomes
A.C. e Souza, 2008 (pp. 218-219), por meio no quadro a seguir, quanto à distribuição
das cargas gerais e específicas durante as diferentes etapas de preparação em longo
prazo no futebol. Nota-se que a distribuição de cargas gerais e específicas, atende a uma
demanda de 50/50%, sendo esta distribuição um consenso entre os estudiosos da área.
54
MODELOS DE PERIODIZAÇÃO APLICADOS AO FUTEBOL E FUTSAL │ UNIDADE II
55
PERIODIZAÇÃO UNIDADE III
CONTEMPORÂNEA
Acrescentemos a isso a questão dos horários dos jogos, que, ao ser transmitido a noite,
no horário que permitem maior audiência e, consequentemente maior rentabilidade
comercial, acabam apenas por atender uma necessidade mercadológica/financeira, já
que os clubes em sua grande maioria, ao definirem seus orçamentos anuais, dependem
exclusivamente destes recursos financeira. Porém, ao jogo e ao jogador, pouco se
agrega, levando em consideração aspectos relacionados ao Ciclo Circadiano dos atletas
ao jogarem a noite, mudança em toda a rotina de alimentação, sono e logística particular
dos atletas em função da partida, o que credita uma situação de estresse a mais ao atleta
antecedente ao jogo.
O fato é que tal problemática, fez com que emergissem novos propostas de periodização
esportiva, específicas ao futebol e futsal, que, sobremaneira buscam atender todas essas
nuances que caracterizam a falta de tempo. Desta forma, nesta Unidade III, consideram-
se em sua elaboração, os problemas esmiuçados que representam a falta de tempo no
âmbito competitivo, os novos princípios de treinamento que indicam a uma evolução
dos processos de treinamento, até a concepção ideológica das novas metodologias de
periodização que contemporizam o futebol e futsal, quais sejam Método Integrado de
Treinamento e a Periodização Tática.
56
CAPÍTULO 1
O problema da falta de tempo
O problema da falta de tempo no contexto do futebol brasileiro tem sido tema de diversas
indagações e insatisfações, tanto de quem o operacionaliza (pessoas diretamente
envolvidas no processo do treinamento), quanto do público em geral (pessoas
informalmente ligadas ao futebol). Muitas propostas de melhorias, adequações e até de
“reforma” de nosso futebol, já foi proposta, ainda mais depois dos vexatórios resultados
apresentados, em que, confrontamos nosso estilo de jogo com outros estilos de jogo.
Cabe lembrarmos de algumas simbólicas e tristes recordações de confronto de nossa
escola de futebol, tida por muito tempo como “país do futebol”, com outras escolas de
futebol, também respeitadas, porém que não representam de forma tão arraigada uma
cultura futebolística, como representa para nós.
Será que o futebol Brasileiro esta estagnado, enquanto países com pouca tradição no
esporte, como Estados Unidos, Japão e China, evoluíram substancialmente, ao passo de
criarem ligas competitivas, que atraem jogadores renomados no cenário internacional,
promovem o espetáculo ao público e fortalecem suas marcas economicamente. Seria
estagnação ou retrocesso do nosso futebol?
Elencamos dois principais fatores a serem abordados a seguir, que contribuem para o
problema da falta de tempo, que serão abordados por tópicos apenas por representarem
didaticamente melhor capacidade de entendimento, mas que, na sua etiologia1 deve ser
tratado de maneira integrada e que irá conferir a todo esse processo de problematização
de falta de tempo, o ciclo vicioso que o alimenta.
»» calendário competitivo;
»» gestão ineficaz.
1 Etiologia (ethos+logos) é o estudo das causas. Uma espécie de ciência das causas. O conceito abrange toda a pesquisa que busca
as causas de determinado objeto ou conhecimento (CONTEÚDO ABERTO disponível In.: http://www.dicionarioinformal.
com.br/etiologia/. Acesso em: 9 dez. 2014).
57
UNIDADE III │ PERIODIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA
Calendário competitivo
O calendário competitivo no futebol, diferente de outras modalidades individuais, que
se compete em média de 10-20 eventos anuais, tem em sua estrutura anual, uma média
de 70-80 jogos por temporada competitiva (equipes de alto nível profissional), sem
contar competições preparatórias, jogos amistosos ou de controle (para possibilitar
ritmo de jogo aos atletas que menos atuam por temporada), nos quais, a carga física e
psíquica também é muito alta (GOMES; SOUZA, 2008).
Assim, torna-se grande o desafio dos membros das comissões técnica dentro de
uma equipe de futebol, não apenas para estruturação dos conteúdos e das cargas de
treinamento, uma vez que a manutenção da forma desportiva de um grande grupo de
futebolistas (25-35 jogadores), totalmente heterogêneos (diversas idades, níveis de
treinabilidade, culturas), durante um período longo competitivo, sem que haja a queda
de desempenho, lesões em diversos níveis de grau e acometimento (lesões que podem
significar dias, semanas e meses de afastamento) mais também para a sequencia dos
trabalhos e implantação de uma filosofia de trabalho, uma fixação da modelagem de
jogo, algo particular e que cada comissão defende, e, por conseguinte, a rotatividade
destes profissionais por eventuais obtenção de resultados esportivos pela escassez de
tempo (GOMES; SOUZA, 2008).
defendida sobre o ciclo vicioso, pois, a cobrança por resultados esportivos apareceram
e, sem tempo necessário para a preparação bem elaborada e estruturada, as equipes
não renderam o esperado e a mudança de técnicos e de suas respectivas comissões
técnicas passam a ser constantes em nosso futebol. Com isso, o autor complementa que
essa mudança traz uma nova introdução de metodologia e estruturação do treinamento,
implantada pela nova comissão, o que possivelmente conferirá em erros metodológicos
na aplicação das cargas de treino, podendo levar a lesões, perdas de rendimento, já que
não há sequência do trabalho anterior.
Este contexto apenas destaca outro problema e que abordaremos ainda neste capítulo,
porém em outro tópico, sobre o problema de Gestão esportiva, que alimenta as
rotatividades constantes no cenário futebolístico nacional e que integram o ciclo vicioso
da problematização da falta de tempo.
Para Sargentim (2010b), as equipes do futebol europeu, cumprem pelo menos trinta
dias de preparação ao longo de uma temporada, participando de no mínimo duas e
no máximo três competições por ano, com datas fixas e períodos para férias, períodos
destinados a trabalhos de inter-temporadas antes de re-início das competições, bem
como são devidamente respeitados períodos em que os clubes cedem atletas para jogos
de suas respectivas seleções nacionais, aonde há uma interrupção dos jogos de clubes.
Em paralelo, Sargentim (2010b) aponta que as equipes de alto nível do futebol brasileiro,
iniciam competições estaduais, 10 dias após iniciarem os treinos nas pré-temporadas,
e seguem o ano sem interrupção das competições que se iniciam simultaneamente as
outras. Para tanto, toma-se como exemplos, as equipe do Corinthians e do Palmeiras,
sendo a primeira, no ano de 2010 treinou nove dias antes do seu primeiro jogo no
campeonato estadual. Já a equipe do Palmeiras que no mesmo ano disputou quatro
diferentes competições, algumas simultaneamente (Campeonatos Paulista, Copa do
Brasil, Brasileirão e Copa Sul Americana).
Após descrição dos fatos em questão, é possível afirmarmos, em cima de tudo que
estudamos nesta apostila até aqui que, este período destinado a pré-temporada
59
UNIDADE III │ PERIODIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA
Uma dessas alternativas apontadas por algumas frentes seria a adequação do futebol
brasileiro ao calendário europeu.
2 Bancada da Bola: um grupo de membros dos poderes legislativos federal, estaduais e municipais que tem sua atuação
unificada em função de interesses comuns, independentemente do partido político a que pertençam. Reúne congressistas
ligados aos clubes e federações de futebol que lutam para que a Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte vá ao plenário,
estabelecendo emendas nas leis que regulamentam a prática do futebol. (CONTEÚDO ABERTO disponível in: http://
pt.wikipedia.org/wiki/Frente_parlamentar. Acesso em: 20 out. 2014).
60
PERIODIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA │ UNIDADE III
61
UNIDADE III │ PERIODIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA
por Chateaubrian (2014), qual seja a data de início das competições, que nossa cultura
atrela desde o início das competições juntamente com o início do ano vigente (calendário
gregoriano).
Lordello (2014) cita que na Inglaterra, mesmo com festas de fim de ano, a rodada do
dia 1o de janeiro sempre trazem emoções aos torcedores, mesmo com a cultura de
participação de festejos de fim de ano. Cita ainda que os casos mais surpreendentes da
adesão esportiva em condições (festejos de fim de ano) e situações extremas (climáticas)
vêm dos Estados Unidos. Afirma que, se nesse período do ano no Brasil o calor ultrapassa
em vários momentos o limite do suportável, nos EUA parte do território sofre com
o frio, temperatura próximo a 15° graus negativos. Isso não impede que mais de 105
mil pessoas compareçam ao tradicional jogo válido pela NHL Winter Classic, partida
especial da National Hockey League realizada sempre no dia 1o de janeiro de cada ano,
em estádio aberto.
62
PERIODIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA │ UNIDADE III
Propõe aqui, uma reflexão sobre o tema, deixando como sugestão a leitura do
livro Um Calendário de Bom Senso para o Futebol Brasileiro, disponível na integra
em: <http://universidadedofutebol.com.br/_adm/Files/pdf/Livro%20sobre%20
Calend%C3%A1rio%20do%20Futebol%20Brasileiro.pdf>.
Gestão ineficaz
Diz-se de uma gestão ineficaz quando essa gestão não proporciona resultados,
produtividade, lucratividade e não alcança os objetivos estratégicos definidos pelas
lideranças do empreendimento, em suma: não será proficiente no que se propôs a
empreender.
63
UNIDADE III │ PERIODIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA
Figura 20. Resultados das Categorias avaliadas sobre ineficácia da gestão no futebol.
64
PERIODIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA │ UNIDADE III
Analisando os dados dos quadros inseridos, pode-se verificar que dos dez principais
problemas do Futebol Brasileiro (figura 21), aproximadamente sessenta por cento
trata-se de problemas relativos à governança, portanto de gestão; e, em uma análise
mais profunda pode-se inferir que os demais problemas relativos às finanças e sobre o
produto futebol, também de gestão, portanto, chega-se à conclusão que é uma questão
adstrita à gestão.
»» futebol e estratégia;
»» sistema tático;
»» planejamento;
»» liderança;
65
UNIDADE III │ PERIODIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA
»» gestão de competências;
»» seleção;
»» treinamento e desenvolvimento;
»» gestão de desempenho;
»» gestão do conhecimento;
»» memória organizacional;
»» motivação;
»» criatividade;
»» ética.
Esses itens foram selecionados pelos autores como parte de gestão do futebol, dedicando
um capítulo ao treinamento, que ao nosso entendimento também é uma questão de
gestão, porém didaticamente deve ser tratada em um capítulo a parte, como na obra
acima referenciada e em nossas instruções no presente trabalho.
Agora, discorreremos sucintamente sobre cada item elencados acima sobre gestão.
66
PERIODIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA │ UNIDADE III
Futebol e estratégia
O futebol como uma prática de contenda com adversários que também querem sair
vitoriosos, necessário se faz o treinador utilizar de uma estratégia (do grego: a arte do
general ─ estrategos ─ consistindo em um processo de tomar decisões para vencer as
batalhas), com bases em informações para tomar a melhor decisão para suplantar o
time adversário. Conhecer tudo que nos envolve e que de uma forma ou outra pode
interferir na partida, inclusive no que concerne quanto às relações interpessoais dos
funcionários do clube, incluindo os jogadores. Uma ferramenta ideal é denominada
clima organizacional.
Sistema tático
Há vários sistemas táticos com respectivos esquemas táticos. Dependendo do que será
adequado no momento e nas circunstâncias para fazer frente à postura do adversário
durante o jogo.
Planejamento
Liderança
67
UNIDADE III │ PERIODIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA
Gestão de competências
Seleção
É a procura de talentos que podem ter origem interna ou externa. E os pontos avaliados
nesta busca podem ser:
»» qualidade técnica;
»» competitividade e participação;
»» disciplina;
»» velocidade;
»» inteligência de jogo;
»» força;
»» biótipo;
»» conhecimento táticos.
Treinamento e desenvolvimento
68
PERIODIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA │ UNIDADE III
Gestão de desempenho
Gestão do conhecimento
Memória organizacional
Motivação
Motivar a ação, isto é, descortinar nas pessoas que elas podem por meio de uma força
interna superar dificuldades e obstáculos de ordem física e psicológica para realizar algo
gratificante para elas ou para o grupo. Apesar de que a motivação seja de ordem interna
e pessoal, pode-se por meio de mecanismos de estímulos desenvolverem a motivação
nas pessoas para agirem. E a melhor maneira é a busca de um grande ideal.
Criatividade
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UNIDADE III │ PERIODIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA
Pereira e Falk (2010) afirmam que para ser criativo há que sempre adotar atitudes
criativas, isto é, que habituem a adotar ações diferenciadas e tomem decisões e atitudes
sui generis, ou seja, “fora da caixa”. E citam algumas atitudes que auxiliam no costume
de ser criativo, senão vejamos:
Ética
A ética é parte essencial do relacionamento humano, pois com base na moral delimita
e determina o agir dos indivíduos. Para Varella (2002, p. 127) a ética “[...] consiste em
uma reflexão crítica que permite a escolha da melhor forma de agir. Essa reflexão tem
por objetivo a moral, os valores e os princípios que na prática estabelecem as regras do
agir em recursos humanos.” (PEREIRA; FALK, 2010, p. 85)
Compromisso com valores As pessoas devem ser selecionadas também pelo alinhamento com os valores da organização.
Relações trabalhistas Respeitar os direitos dos atletas e cumprir com acordos e contratos.
Fonte: (Adaptado de VARELLA, 2002, pp.131-135 apud PEREIRA; FALK, 2010, pp. 85-86).
70
PERIODIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA │ UNIDADE III
Por fim, não se pode esquecer a questão do assédio moral, que consiste nas palavras
de Hirigoyen (2005, p. 65) apud Pereira e Falk (2010, p. 87):
Enfim, para vencer a ineficácia da gestão futebolística se faz necessário que todos
se empenhem sobremaneira em suas esferas de atribuições de forma a administrar
com base nos princípios e com os conceitos da administração técnico-científica e,
ainda, que nos diversos fóruns se posicione e “cobre” providências das outras esferas
de atribuições e decisões, exercendo uma “espécie de cidadania futebolística” para o
resgate da grandeza e beleza do futebol brasileiro, de grandes glórias e conquistas –
orgulho de todos nós brasileiros.
71
CAPÍTULO 2
Novos princípios
Justifica-se, pois que todo processo de preparação das equipes, envolve um conjunto
de procedimentos, que, se bem executados, podem determinar o sucesso esportivo.
Seguindo essa linha de raciocínio, todo processo de treino-competição deve ser
orientado com algumas particularidades, já que a obrigação pelo resultado exige que se
treine, mas o tempo de intervalo entre os jogos é o mínimo necessário para recuperar
os atletas do jogo anterior (CAMPOS, 2007).
Oliveira (2005) afirma, todo processo de treinamento deve ser pautado no princípio
da especificidade do treinamento, qual seja capaz de provocar mudanças funcionais e
morfológicas que acontecem somente nos órgãos, células e estruturas intracelulares
que sejam suficientemente ativadas pela carga funcional, surgindo à respectiva
adaptação. Complementa conceituando a especificidade como metodologia de treino
em que as situações criadas/exercícios são o mais próximas da realidade de jogo.
Desta forma, o treino ou os exercícios, só são verdadeiramente específicos quando
houver ligação entre as componentes técnico-tácticas (individuais e coletivas),
psicocognitivas, físicas e coordenativas juntamente ao modelo de jogo adotado, com
seus respectivos princípios específicos desde que obedeçam às exigências reais da
competição (OLIVEIRA, 2005, p. 4).
Neste contexto, durante o período competitivo e com pouco tempo para treinar, a única
preocupação deve ser treinar comportamentos do jogo, treinar princípios, atender o
lado estratégico em função ao adversário, corrigir comportamentos do jogo anterior,
ficando evidente que somente com a especificidade tática os jogadores irão adquirir um
72
PERIODIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA │ UNIDADE III
Nota-se, que algumas comissões técnicas ainda dedicam muito tempo treinando
situações que não contribuem para alcançar novos níveis do jogar que se pretende
(LEITÃO, 2009 apud CASARIN; ESTEVES, 2010).
Casarin e Esteves (2010) acrescentam que tal prática nasceu e ainda subsiste, pela
necessidade encontrada de divisão para melhor compreensão do futebol, surgindo
metodologias, onde as diferentes dimensões são estudadas de forma isolada, refletindo-
se a descontextualização deste aspecto na operacionalização do treino (CUNHA, 2004
apud CASARIN; ESTEVES, 2010).
Podemos conferir este fato, aos treinadores que ainda tendenciam ao pensamento
cartesiano, pois, ao observarem adeptos a novas perspectivas de treinamento, obter êxitos
com seus trabalhos totalmente pautados na especificidade do jogo (complementado pela
citação de Mourinho (2006) apud Casarin e Esteves (2010), que treinar em especificidade
é criar exercícios que permitam exacerbar os próprios princípios de jogo), e, tentar copiá-
los, sem um devido entendimento e a devida introdução ao pensamento sistêmico que
rege novas metodologias. Tal comportamento de adaptação ou cópia indiscriminada
de exercícios e trabalhos, é uma tendência imediatista da sociedade a tratar assuntos
complexos com uma superficialidade comum a modismos (PIVETTI, 2012).
73
UNIDADE III │ PERIODIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA
Carvalhal, (2001) apud Casarin e Esteves (2010), aponta que o treino em futebol é
entendido como um “todo”, negligenciando as divisões das dimensões preconizadas
pelo modelo tradicional.
74
CAPÍTULO 3
Método integrado
Para tal, no método integrado, existe a junção no treino, de duas ou mais componentes
da modalidade com o objetivo de aperfeiçoá-las simultaneamente. De acordo com
Barros (2012), a partir desta premissa surgem os denominados treinos físico-técnicos,
técnico-táticos, ou até, os físico-tático-técnicos. Ainda para o autor, essa metodologia é
exemplificada em uma situação de treinamento físico-técnico em disposições formatadas
em circuitos com bola, em que após acelerações e coordenativos diversos o atleta realiza um
gesto-técnico do jogo (passe, cabeceio, domínio e passe, entre outros), ou expressos ainda
em um treino objetivado as componentes técnico-tática, nos tradicionais treinamentos
conhecido como “futebol alemão” em que o treinador divide seu grupo em três equipes e
enquanto uma equipe ataca o gol oficial, a outra deve defender a meta e objetivar passar
o meio-campo com a bola dominada para garantir o direito de atacar (o gol oficial) do
lado oposto, sendo que uma terceira equipe aguarda uma das definições anteriores para
entrar no jogo. Tal treinamento é objetivado para as variáveis posses de bola, finalização,
saída rápida, marcação, enfim, elementos técnico-táticos do futebol sem um controle
mais aprofundado da carga de treino (BARROS, 2012).
Exemplo ilustrado por Barros (2012) aonde os jogos reduzidos muitas vezes, são
conduzidos por preparadores físicos, visando potencializar a parte física em forma de
jogo, sendo a melhora da parte física, como grande objetivo da sessão, que passa a ter
75
UNIDADE III │ PERIODIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA
a bola, para ser mais motivador e próximo do jogo de futebol (com seus elementos
técnico-táticos).
Contudo, essa visão, reducionista passa por como os profissionais responsáveis pela
operacionalização dos treinamentos pensam o jogo. Ainda que no futebol atual se
conceba a interação entre os elementos, variáveis, áreas e dimensões presentes no jogo,
que se inter-relacionam e que interferem e sofrem interferência direta uma das outras
(LEITÃO, 2010), a forma de treinar os jogadores está intimamente ligada à forma com
que os responsáveis pela preparação desportiva dos futebolistas, enxergam o jogo. Isso
quer dizer que o modelo de treinamento de equipes e jogadores de futebol pode ser tão
reducionista quanto reducionista for à forma de se conceber o futebol (LEITÃO, 2012).
Bunker e Thorpe (1982) apud Lopes (2006), afirma que o modelo de treinamento
integrado deve utilizar um modelo tático de ensino, pautado no desenvolvimento da
consciência de jogo e da capacidade de tomada de decisão, por meio da participação em
jogos adaptados preocupados com o ensino da modalidade.
Porém, para que a efetividade desta metodologia seja expressa, se faz necessário
à associação entre as manifestações das componentes (físicas, técnicas, táticas e
psicológicas) no jogo e no treino. Credita-se a isso, a afirmação de Leitão (2010), que
se as manifestações estão integralmente ligadas no jogo, devem estar integralmente
ligadas no treino (“jogo é treino e treino é jogo”).
76
PERIODIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA │ UNIDADE III
77
CAPÍTULO 4
Periodização Tática
Desta forma, tal preceito se justifica na afirmação de Pivetti (2012) quanto à concepção
da metodologia da Periodização Tática:
78
PERIODIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA │ UNIDADE III
A tática é pensada como aspecto central da construção do treino, de forma que as outras
capacidades sejam desenvolvidas por “arrasto”, de forma contextualizada e identificada
com a matriz de jogo proposta.
DIMENSÃO TÁTICA
DIMENSÃO
ORGANIZAÇÃO DO JOGO
COGNITIVA-PERCEPTIVA
CULTURA TÁTICA (JOGADORES
DIMENSÃO TÉCNICA DIMENSÃO
PENSAM A MESMA COISA O
FÍSICA DIMENSÃO MENTAL
TEMPO TODO) TOMADA DE
DIMENSÃO ESTRATÉGICA
DECISÃO COLETIVA
DIMENSÃO SOCIOCULTURAL
Marques Jr. (2011), complementa tal afirmação, adicionando a informação que as demais
componentes do jogo (físico, técnico, tático, psicológico) merecem ser realizados no
contexto de jogo, seja no próprio jogo, seja em treinos situacionais ou teóricos, estando
essas componentes, subordinadas ao modelo de jogo.
Quanto a este conceito de modelo de Jogo, Frade (1985) apud Silva (2008), afirma
que o modelo é como uma “pedagogia de projeto” que deve estar constantemente a ser
visualizado assumindo-se no elemento causal do futuro, ou seja, no referencial que se
pretende atingir. Desta forma, o modelo é o jogo a que se aspira e, portanto, vai orientar
as decisões em face desse Propósito.
Guilherme Oliveira (2004) apud Campos (2007), “aponta o Modelo de Jogo como
aspecto nuclear do processo de treino, assumindo-se mesmo como um aspecto
fundamental do referido processo, ao ponto de deixar de ter sentido sem a sua
79
UNIDADE III │ PERIODIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA
existência, já que será a partir dele que tudo se irá gerir organizar, desenvolver e
criar” (CAMPOS, 2007, p. 7).
Tobar (2013) menciona que o Modelo de Jogo é constituído por uma teia, uma rede,
altamente complexa, formada pela interação de inúmeros aspectos, tais como a ideia
de jogo do treinador; a cultura do país; cultura do clube; objetivos traçados pela
direção; características dos dirigentes; características dos jogadores (características e
nível de jogo, crenças, histórico, personalidades etc.); a metodologia de treino levada
a cabo (princípios metodológicos – matriz metodológica); gestão do grupo; liderança,
sensibilidade do treinador (divina proporção); torcida; imprensa.
Se determinado treinador tem como ideal que a sua equipe jogue com a manutenção
e circulação da bola a partir do seu meio campo, então irá privilegiar uma dinâmica
diferente de outro treinador que tem como finalidade jogar fundamentalmente
em transição defesa-ataque, após ganhar a posse da bola no seu meio campo. Com
isto, depreendemos que os princípios de jogo são diferentes, condicionados por uma
finalidade, ou seja, por um Modelo de Jogo (SILVA, 2008, p. 35).
80
PERIODIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA │ UNIDADE III
Este aspecto é também defendido por Faria (2003) apud Casarin e Oliveira (2010),
pois se o objetivo é ter uma equipe organizada para competir, essa organização só se
consegue por meio da utilização de exercícios de jogo pertencentes a um modelo de jogo
e que permitem exacerbar um conjunto de princípios que definem esse modelo.
Sendo assim, o modelo de jogo segundo Pivetti (2012), é permeável a tudo que envolve,
remetendo à modelação de fenômenos característicos do caos determinista, já que
qualquer sistema caótico tem uma imprevisibilidade latente pelas possibilidades de
conexões múltiplas de seus elementos.
Figura 25. Fracionalização dos Princípios de Jogo de Acordo com a Periodização Tática.
81
UNIDADE III │ PERIODIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA
Assim, o jogo de futebol sendo um sistema imprevisível e caótico, pode ser explicado
segundo os preceitos da Periodização Tática, pela Teoria do Caos, do matemático
Ian Stewart, buscando explicação para os fenômenos de características de ordem e
estabilidade, acompanhadas por desordem e irregularidade. Tal teoria aplica-se em
muitas situações do futebol, que a ordem parece nascer do caos. Ainda nessa premissa
da teoria do caos, utiliza-se da teoria geométrica Fractal, ao qual se trata de um modelo
interpretativo, que permite entender o funcional, por meio da propriedade de fracturar
e representar um modelo caótico em sub modelos, existentes em várias escalas, que
sejam representativos desse modelo, ou seja, é uma parte invariante ou regular de
um sistema caótico que, pela sua estrutura e funcionalidade, consegue representar o
todo, independentemente da escala considerada (OLIVEIRA et al., 2006, p. 217 apud
TOBAR, 2013, p. 55).
Figura 26. Representação de um objeto Fractal e sua comparação didática com o pedaço de um bolo,
representando a parte que explica o todo.
a b
Um bolo é composto por ovos, farinha, leite e fermento, assim como o jogo é composto
por dimensões técnica, tática, física e psicológica, contudo essas partes não explicam
o todo. A farinha sozinha não é bolo e para ser bolo, precisa ser introduzida com os
82
PERIODIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA │ UNIDADE III
outros ingredientes e passar por um preparo específico para se tornar bolo. Assim
como a dimensão física, por exemplo, não explica o todo, ou seja, o jogo. Por mais
que eu treine todos os “ingredientes”, ou melhor, as dimensões de forma separada,
descontextualizada ao jogo ou a forma de jogar, não obterei um jogar efetivo e funcional.
Assim, fraturar os momentos do jogo (momento de organizar-se para atacar e defender,
e suas respectivas transições) representa o conceito do jogo e permite organizar o
modelo de jogo no intuito de criar padrões comportamentais, treinados por fractais do
jogo que, na operacionalização dos treinamentos criaram um jogar organizado e regido
pela Supradimensão Tática.
Modelo de jogo da
Equipe
Preparação Semanal
do “Jogar”
O que aconteceu
Características do no jogo anterior
Adversário
Sendo assim, os vários dias que compõe uma semana, seguem um padrão acontecimental,
tendo como balizadores o último jogo, assim como o próximo jogo da equipe. Esse
padrão semanal tem como nome morfociclo padrão, e adota tal nomenclatura pela
ideia da forma na composição estrutural e funcional do ciclo semanal de treino. O fato
de o ciclo de treinos serem organizados em um padrão em razão da forma de jogar
da equipe, a nomenclatura morfociclo, representa alguns padrões indicadores de
forma (morfo) que se perpetuam sob uma organização não linear (ciclo) conforme
representação de um morfociclo padrão representado nas figuras 28 e 29, com um
e com dois jogos na semana respectivamente (PIVETTI, 2012, p. 195). Apenas para
83
UNIDADE III │ PERIODIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA
JOGO (DOMINGO) - Dia competição Oficial (cor TERÇA-FEIRA - Atividade dinâmica de recuperação, mas
somatória de todas as outras); com caráter específico em relação ao modelo de jogo;
QUARTA-FEIRA – Alta demanda de contrações de SEXTA FEIRA – Véspera de jogo, rapidez nas ações
elevada tensão muscular; (contrações musculares de elevada velocidade);
QUINTA-FEIRA – Maior desgaste sob aspectos SÁBADO – Situações descontinuas com tensão e
cognitivos, emocionais e físicos e com contrações velocidade de contrações musculares altas, mas com
musculares de maior duração; reduzida intensidade e duração.
84
CONSTRUINDO UM UNIDADE IV
PLANEJAMENTO
Como vimos ao longo desta apostila, elaborar a programação do TD deve considerar
vários aspectos, desde os princípios biológicos que regem o treinamento desportivo,
como a pedagogia ensino-aprendizagem, o modelo ao qual se estruturará a periodização,
assim como respeitar e atender a premissa do jogo em sua concepção complexa e
expressão sistêmica.
Para tanto, o objetivo deste capítulo, visa não apenas direcionar vocês para o processo
de construção de uma planilha de treinamento, como também permitir uma associação
de todo o referencial teórico abordado até aqui, para que possamos de forma critica
e imparcial, adotar o modelo teórico mais adequado à população a qual se objetiva
trabalhar, calendário competitivo, estrutura física do local de trabalho, bem como suas
próprias concepções culturais do treinamento no futebol e futsal.
85
CAPÍTULO 1
Como construir uma planilha de
treinamento
Tendo em vista que o resultado esportivo pode ser alcançado por meio de diversas
formas, utilizando-se de diferentes maneiras de periodizar o treinamento, Gomes
e Souza (2008), recorre à teoria dos sistemas, que “examina os fenômenos e os
processos complexos como um conjunto de elementos vinculados estruturalmente
e funcionalmente entre si, os quais reúnem em unidade orgânica, três sistemas
relativamente independentes: a programação, a periodização e o controle, que ajudam
a solucionar as seguintes tarefas prioritárias”
86
CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO │ UNIDADE IV
Por outro lado, organiza essas operações em função das finalidades, objetivos e previsões
(a curta, média ou longo prazo), escolhendo-se as decisões que visem o máximo de
eficiência e funcionalidade das mesmas (OLIVEIRA, 2005).
Processo de Treinamento
Programação
Microciclo De Etapas
Prognóstico
Regularidades de
Estrutura Medida
Adaptação
Particularidades
Tecnologia Otimização
Individuais
Modelo do Desporto
Modelos individuais
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UNIDADE IV │ CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO
Diagnóstico Prognóstico
1. Características dos jogadores 1. Definição de objetivos
»» Quem são? »» Grandes metas
»» Como são? »» Objetivos intermédios
»» Como estão? »» Hierarquização dos objetivos
»» Quantos são? 2. Definição dos princípios orientadores do trabalho:
1. Análise da situação
Programação
Def.
Periodização Conteúdos, Dinâmica das Factores de Avaliação, Meios de Quadro
do treino métodos, cargas treino Conteúdos apoio necessidades
meios
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CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO │ UNIDADE IV
Treino
Análise do produto
89
UNIDADE IV │ CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO
Segundo Monteiro e Lopes (2009), alguns passos devem ser seguidos sequencialmente,
para conferir maior seriedade ao processo de planejamento do treinamento, minimizando
as chances de incidir em erro. Para tanto, elencaremos 10 principais passos para a
elaboração do treinamento, aonde abordaremos ativamente os respectivos tópicos com
nosso posicionamento a respeito de cada um destes que se seguem:
Abordaremos nos próximos capítulos desta unidade, como identificar o perfil do atleta
e da equipe, porém é importante antes de adotar os passos seguintes, que o êxito está
em adequar e modular o planejamento para a população a qual irá se trabalhar. Não
90
CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO │ UNIDADE IV
podemos, pois, incidir ao erro de adaptar apenas modelos prontos, pensando que
obteremos sucesso, uma vez que o predecessor deste modelo obteve sucesso usando de
tal plano.
É preciso sim, adequar ao perfil do meu atleta, ao perfil do meu grupo, para que os
resultados sejam otimizados. Adotemos como exemplo o grupo de jovens futebolistas,
com perfil pré-pubertário. Se em meu planejamento, direcionarmos o foco a capacidade
biomotora velocidade, levando em consideração que o futebol atual se manifesta nessa
premissa, cometeremos um erro como veremos a seguir.
Cometeremos neste exemplo, o erro de não considerar o perfil do meu atleta, do meu
grupo, bem como negligenciar princípios do TD (Individualidade biológica) e níveis de
hierarquização do desenvolvimento da complexidade do jogo. Não é porque o futebol
moderno do adulto é pautado na premissa velocidade, que irei exigir isso de crianças e
jovens. Este, portanto, é um dos alguns erros praticados no âmbito operacional, e, por
mais absurdo que pareça, eles existem e acontecem o tempo todo.
91
UNIDADE IV │ CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO
excluam essa abordagem de sua ideologia filosófica, acreditamos que, desde que não
descontextualize o processo de treinamento, a avaliação se faz como valiosa ferramenta
de analise, principalmente se nossa população for de jovens, aos quais estão em
constantes mudanças quantitativas (aumento dos órgãos e sistemas) e qualitativas
(melhora na função dos órgãos e sistemas), a avaliação se faz de extrema importância.
Problemas na elaboração podem acontecer, simplesmente por ter tal passo negligenciado
na hora da estruturação do treinamento. Adotemos como exemplo a velocidade,
utilizada no exemplo acima. Determinado treinador, assume que em seu modelo de
jogo, sua equipe apresente à velocidade de circulação da bola, exigindo ritmo de passe
ao jogo3. Para que isso aconteça, se fará necessário, que existam campos de qualidade
e que permitam que tal comportamento seja automatizado na equipe, afinal, para que
a circulação de bola (troca de passes), seja rápido, é preciso que o piso (grama) não
seja obstáculos, pois o simples fato do campo estar ralo e com buracos, impossibilitará
tal comportamento, assim como se a grama estiver alta e pesada, também dificultará,
pois irá reter mais a bola, não imprimindo velocidade a ela no trajeto de um atleta para
outro. Não adianta o treinador querer um tipo de comportamento, se não tem campo
de qualidade disponível para treinamentos.
Monteiro e Lopes (2009) sugerem uma planilha para identificar os recursos disponíveis
para treinamento, com recursos, dias e locais disponíveis para uso.
3 Ritmo de passe: A transferência da bola (passe <=> recepção/domínio) representa muito da essência de uma equipe de
futebol. Do ponto de vista estrutural ou operacional, dá indícios sobre a intenção na ação, conhecimento sobre o jogo, qualidade
do processo de treinamento e outros tantos fatores. Como produto dessas variáveis e também alinhado a elas, as equipes
manifestam (ou manipulam) um ritmo de passes (média em segundos para se executar uma ação técnica de passe) para chegar
ao objetivo primário, a vitória (ZAGO, 2014).
92
CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO │ UNIDADE IV
93
UNIDADE IV │ CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO
todas entre si, em turno único, sendo que a equipe brasileira, que obtiver
melhor resultado, se classificará para a segunda fase da competição;
a 2a fase classificatória, 24 (vinte e quatro) associações, que serão
divididas em 6 (seis) chaves inteiramente independentes: Chaves B,
C, D, E, F e G, jogarão entre sí, na respectiva chave, em turno único,
classificando-se, para a fase seguinte, as 6 (seis) equipes vencedoras de
cada chave e mais as 2 equipes melhores classificadas em segundo lugar
de cada chave com os melhores índices técnicos; a 3a fase classificatória
(quartas-de-final) será disputada pelas 8 equipes classificadas nos
termos do artigo anterior, em 4 (quatro) jogos eliminatórios, jogando:
a equipe 1a colocada contra a 8a colocada; a 2a colocada contra a 7a
colocada; a 3a colocada contra a 6a colocada; e a 4a colocada contra a 5a
colocada, classificando-se, para a próxima fase, as 4 (quatro) equipes
vencedoras; e a fase final que será composta da semifinal e da final; 1a
parte (semifinal) será disputada pelas 4 (quatro) equipes vencedoras
da fase anterior e a 2a parte (final) ─ As duas associações vencedoras
dos dois jogos da semifinal, disputarão, entre si, o título de campeão da
“XIII COPA DA AMIZADE BRASIL – JAPÃO”.
O que objetivar em longo prazo? Exemplo: atingir um nível de jogo competitivo, que
todas as dimensões que compõe o jogar estejam em seu ápice esportivo. Ou, terminar o
ano entre as quatro melhores equipes da competição.
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CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO │ UNIDADE IV
Neste momento, credita-se ao processo, muita atenção, pois todos os conteúdos que
nortearam seu planejamento, deveram ser pensados e distribuídos de forma racional
no planejamento. O quadro 9 traz a exemplificação dos conteúdos de treinamento
elencados em determinado modelo de periodização:
Categorias Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Jan.
Campeonato Paulista A3 A3
PROFISSIONAL Copa Federação Paulista
Copa Ouro
JUNIORES
Taça BH
(Sub-20)
Campeonato Paulista Copa SP
Copa Ouro
Campeonato Paulista
JUVENIL
(Sub-17) Sc Cup
Copa 2
de Julho
Copa Ouro
Campeonato Paulista
INFANTIL
(Sub15) Brasil
Japão
Laranjal
Fonte: Autor.
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UNIDADE IV │ CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO
Fofnte: Autor.
96
CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO │ UNIDADE IV
Já os princípios operacionais, são, segundo Bayer (1994, p.145), apud COSTA et al.
(2009) “[...] as operações necessárias para tratar uma ou várias categorias de situações”.
Portanto, eles se relacionam a conceitos atitudinais para as duas fases do jogo, sendo
na defesa: I ─ anular as situações de finalização, II ─ recuperar a bola, III ─ impedir
a progressão do adversário, IV ─ proteger a baliza e V ─ reduzir o espaço de jogo
adversário; e no ataque: a) conservar a bola, b) construir ações ofensivas, c) progredir
pelo campo de jogo adversário, d) criar situações de finalização e e) finalizar à baliza
adversária (COSTA et al. 2009).
97
UNIDADE IV │ CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO
Quadro 11. Objetivos Específicos distribuídos por capacidades biomotoras nos diferentes períodos de preparação.
Capacidades físicas sub10 sub11 sub12 sub13 sub14 sub15
ciclo 1 ciclo 2
coordenação XX XX XX XXX XX X
flexibilidade XX XXX XXX XXX X X
lateralidade XXXX XXX XX XX
agilidade XX XX XXX XXX
potência aeróbia
velocidade de reação XXXX XXX XXXX XXXX
core XX XXX XXX XXX XXX XXXX
propriocepção XX XXX XXX XXX XXX XXX
RML XXXX XXXX
hipertrofia
capacidade anaróbia lática
resistência de velocidade
força exposiva X XX
resistência de força explosiva
velocidade
força máxima
Técnico XXXXX XXXXX XXXXX XXXXX XXXXX XXXXX
Tático XX XX XXX XXX XXXX XXXX
X Pouco Importante
XX Importância Moderada
XXX Importância Média
XXXX Muito Importante
XXXXX Importância Alta
98
CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO │ UNIDADE IV
Fonte: Autor.
99
UNIDADE IV │ CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO
Legenda: POA= Princípio Operacional Ataque; POD= Princípio Operacional Defesa; PEA= Princípio Estrutural Ataque; PED=
Princípios Estrutural Defesa.
Fonte: Autor.
Fonte: Do Autor.
100
CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO │ UNIDADE IV
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
101
UNIDADE IV │ CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO
A partir da descrição dos passos e dos elementos que os compõe, está preparado o
processo de planejamento do treino. Seu resultado será o produto da aplicação dos
conteúdos do jogo, das intervenções pontuais ao longo da atividade e do controle
constante das respostas orgânicas frente às cargas. Importante destacarmos que todo
processo deve ter significado ao que se objetiva e quais são as ideias que modulam
o pensamento da comissão técnica. Este significado deve ser entendido por quem
operacionalizará todo esse engenhoso processo, quais sejam os jogadores, que devem
ter total compreensão dos porquês de cada atividade, estarem situados de onde estão e
aonde chegarão realizando tais processos e, o que e quanto evoluíram individualmente e
coletivamente com a adoção do plano que lhes é proposto. Somente assim, será possível
obter êxitos em todo processo de planificação do TD.
102
CAPÍTULO 2
Critérios de avaliação
103
UNIDADE IV │ CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO
Desta forma, é possível afirmarmos que, sendo o desempenho uma condição multifatorial
e dependente da relação dos fatores que o compõe, seria de se esperar, avaliações que
se compusessem nesta perspectiva, e nos dessem parâmetros que pudessem qualificar
os atletas dentro da globalidade multifatorial do desempenho.
Contudo, algumas linhas emergem para tentar qualificar atletas de futebol e futsal porém,
sobre a premissa cartesiana, sendo apresentados, modelos de avaliações das variáveis
físicas do atleta, sendo estas divididas em avaliações morfológicas, que representam os
componentes que dão forma ao indivíduo (massa óssea, massa gorda, massa isenta de
gordura), componentes funcionais, ou que determinam o sucesso nas variáveis físicas
do jogo (capacidade de consumo máximo de oxigênio /VO2, capacidade de produção de
força em suas manifestações, velocidade de aceleração, capacidade de resistir a sprints
repetidos), avaliação dos componentes técnicos (drible, passe, finalização) e avaliação
do conhecimento tático dos jogadores (avaliação do conhecimento tático declarativo e
processual), conforme abordaremos no próximo capítulo.
104
CAPÍTULO 3
Como avaliar o atleta e a equipe
Medidas individuais
Massa corporal
Estatura
105
UNIDADE IV │ CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO
A partir do cálculo da fórmula proposta pelo autor, se classifica a idade do PVC, a partir
das medidas requeridas pelo modelo apresentado anteriormente. A classificação foi
definida em oito níveis (-4 a +3 anos), sendo que -4 representam aproximadamente 4
anos até atingir o PVC e +3 representa 3 anos de atingido o PVC (MACHADO, 2009 p.
16).
Compreendida como máxima distância entre o ponto mais alto da cabeça (vértex) e o
ponto sub-esquiático. Medida com o avaliado sentado ao chão sobre os ísquios, com os
ombros e glúteo encostados à superfície da parede, base do estadiômetro. O valor da
106
CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO │ UNIDADE IV
Dobras cutâneas
Figura 37. Representação das 9 dobras possíveis: Triciptal, Subescapular, Biciptal, Peitoral, Axilar média, Supra
Fonte: Autor.
107
UNIDADE IV │ CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO
Somatotipo
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CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO │ UNIDADE IV
Fonte: PROESP.
Velocidade de aceleração
O atleta parte de um ponto atrás da linha inicial demarcada com uma sinalização no
solo. Quando é dado o sinal sonoro o atleta dá início ao teste, contudo, a tomada de
tempo só é registrada a partir da passagem do atleta pela fotocélula ou cronometro.
O final do registro do tempo percorrido na distância estipulada se dá quando o atleta
passa pela última fotocélula ou pelo avaliador com cronometro manual.
O salto vertical contra movimento (CMJ) é um teste validado para avaliação da força
explosiva elástica, sendo o protocolo, segundo Bosco (1994) apud Portella, 2010 (p.
18) o atleta posicionado sobre um tapete de contato, (equipamento responsável pelo
controle do tempo de vôo e que estima este tempo em altura dada em cm), com as
mãos fixadas no quadril e sem movê-las, partindo da posição ereta, realizará uma flexão
de joelhos seguida imediatamente da extensão dos mesmos com a maior velocidade e
força possível realizando o salto e aterrissando dentro do tapete de contato.
109
UNIDADE IV │ CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO
Esta avaliação, o salto horizontal, geralmente é utilizada nas categorias de base para
mensuração de força ao longo dos anos de preparação em longo prazo, por se tratar de
um teste altamente referendado na literatura específica, e que permite acompanhar a
evolução do jovem atleta, traçando um comparativo com indivíduos da mesma idade
não atletas. Para tanto, utiliza-se de uma fita métrica afixada ao solo, que o atleta
em pé, na marca zero da escala e sem perder o contato dos pés com o solo poderá
fazer o balanceio com os braços, procurando saltar o mais distante possível. Após a
aterrissagem o atleta deve permanecer com os pés no solo sem movimentá-los para que
seja realizada a mensuração da distância atingida. Essa mensuração é feita anotando a
distância entre a linha demarcada no solo no início do salto até o calcâneo mais próximo
da mesma linha.
Fonte: (PROESP).
Teste Yoyo
Avaliação técnica
110
CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO │ UNIDADE IV
1o Teste – Drible
2o Teste – Passe
Os examinados passam uma bola parada com seu pé dominante dentro de um pequeno
gol, a partir dos três ângulos marcados pelos cones. São dadas quatro tentativas
consecutivas para cada ângulo, totalizando 12. São permitidas duas tentativas de prática
para cada ângulo. É concedido um ponto para os passes que vão entre os cones ou que
rebatem em um deles. O resultado do teste é o total de 12 tentativas.
111
UNIDADE IV │ CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO
3o Teste – Chute
Um gol fromal de futebol é dividido em áreas de resultados por duas cordas suspensas
na trave, a 1,22 m de cada poste do gol. Além disso, cada área de resultado é dividida
em áreas de alvo superior e inferior, perdurando-se arcos de bambolê. O examinado
chuta uma bola estacionária com o pé dominante, em qualquer ponto ao longo da linha
de chute de 14,5 m. São dadas quatro tentativas para a prática, e então são tentados
quatro chutes consecutivos em cada um dos arcos de bambolê. Isso dá um total de 16
tentativas. Se a bola é chutada para dentro ou rebate de algum alvo pretendido, são
concedidos dez pontos; são marcados quatro pontos se a bola é chutada para dentro ou
rebate de algum alvo adjacente àquele pretendido. Não são dados pontos para chutes
que vão entre as áreas de alvo ou para bolas que rolem ou saltem pelas áreas de alvo. O
resultado máximo é 160 pontos.
4o Teste – Voleio
A área alvo na parede tem 9 m de largura e 3,5 m de altura; é marcada uma linha limite
a 2,75 m da parede. Coloca-se uma bola na linha limite; duas bolas sobressalentes são
112
CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO │ UNIDADE IV
Avaliar a destreza no futebol em uma situação regular de jogo, sendo que enquanto o
examinado está jogando, o anotador observa dez comportamentos chave e registra as
observações no formulário de observação conforme quadro proposto:
Comportamento-chave Definição
Movimento deliberado para um espaço aberto a fim de receber um passe de um colega de equipe. A
Posicionar-se para um passe
troca de passes incluída nessa categoria.
Movimento deliberado rumo à área de gol do próprio jogador, a fim de ajudar na defesa; não incluí
Posicionamento Defensivo
empurrões para ganhar a pose de bola.
Cria uma ilusão com os movimentos do corpo, que fazem com que o oponente hesite, ter os olhos da
Manobras e finta
bola e perca o equilíbrio, ficando em desvantagem
Movimento no espaço ou longe da bola na tentativa de criar oportunidade para uma resposta por parte
de um colega que tenha a posse da bola ou para aumentar o potencial de ataque do time; não incluí o
Indução posicionamento para o passe ou o defensivo. Os movimentos de indução ocorrem na direção oposta
do colega de equipe com a bola, para tirar um defensor longe da bola, a fim de dar mais espaço para o
companheiro com a bola.
Tentativa de ganhar ou recuperar a posse de bola de um oponente, contendo este (segurando), parando
Empurrão
um mmovimento de ataque.
Tentativa de passar a bola para um companheiro de equipe por meio de um chute com qualquer parte
Passe do corpo, exceto as mãos. Não incluí os passes que resultem em chutes mal sucedidos ao gol por outro
companheiro de equipe.
Passe que precede um chute bem sucedido de um companheirode equipe para o gol. A bola pode ser
Assistência
passada por meio de um chute com qualquer parte do corpo, exceto as mãos.
Tentativa de enviar a bola para o gol por meio de um chute com qualquer parte do corpo, exceto as
Chute
mãos, com a finalidade de marca um gol.
Tentativa de receber uma bola por meio de um lançamento ou chute com qualquer parte do corpo,
Perseguição exceto as mãos, de forma que a bola se mantenha sob o controle do jogador ao alcance dele. A
perseguição é mal sucedida se o jogador dá mais um passo para recuperar a bola.
Qualquer tentativa feita por um jogador de parar um chute a gol com qualquer parte do corpo, exceto
as mãos. todas as ações do goleiro realizadas para evitar que a bola seja convertida em gol incluem-se
Salvamento defensivo
nesta categoria. Estão incluídas aqui as obstruções ao redor da área de gol que são realizadas com a
intenção de quebrar as ações ofensivas.
113
UNIDADE IV │ CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO
Medidas coletivas
Nas partidas de futebol, sabe-se que as interações entre os elementos de uma equipe
constituem a dinâmica coletiva que formata a equipe, configurando a movimentação
individual de cada atleta, no intuito de estruturar o espaço de jogo, de acordo com os
objetivos da equipe, denominando assim, a tática coletiva.
Para tanto, saber como, quando e porque ocorrem essas interações coletivas, se
apresentam como uma ferramenta extremamente útil no futebol atual. Costa et al.
(2010), relata que treinadores experientes e de nível internacional, tem dificuldades
de memorizar toda uma sequência de ações em um jogo, pois centram suas atenções
apenas na bola, perdendo informações relevantes que ocorrem ao redor, permitindo-
lhes apenas uma retenção de 30% dos eventos importantes de uma partida (COSTA et
al., 2010).
Assim, compreender e analisar as ações táticas dos jogadores no decorrer de uma partida
caracteriza uma importante ferramenta no processo de entendimento do desempenho
coletivo da sua equipe. Para tanto, Costa et al. (2010) propõe a observação, análise e
avaliação do comportamento dos jogadores de futebol, ancorada nos princípios de jogo
e ações táticas, uma vez que tais elementos suportam as soluções dos jogadores para
os problemas advindos da situação de jogo e podem ser identificados sem dificuldade
durante uma partida. Salientamos que, tal procedimento de observação e analise da
equipe, configura em um instrumento observacional que confere maior especificidade
para obtenção de informações que reflitam os acontecimentos do jogo. Não que as
demais avaliações não se configurem como importantes, porém, sem as tomadas
de decisões situacionais oriundas da imprevisibilidade de uma partida, fica inviável
prevermos o desempenho da equipe por meio de testes motores e medidas corporais.
Claro que, são de suma importância no processo, pois permitem entendimento do
real estado de saúde dos atletas, além de permitirem uma adequação aos trabalhos
respeitando o princípio da individualidade biológica caso este atleta necessite de uma
assessoria especial, contudo, a análise coletiva configura-se com demasia importância
no processo de acompanhamento de desempenho futebolístico.
114
CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO │ UNIDADE IV
115
CAPÍTULO 4
Formação de uma equipe
116
CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO │ UNIDADE IV
jogando pelo Boca Juniors, se adaptava a mudança, tanto que viaja todos os dias para
sua terra natal. O erro na contratação assim, foi não considerar o perfil do atleta, sua
capacidade de adaptação a novos ambientes.
Segundo Soriano (2010), alguns atributos devem ser considerados para a contratação
de um atleta de futebol, para não incorrer-se a erros.
Avaliação das capacidades técnicas e seus talentos deve ser realizada por profissionais
Capacidade Técnica: sobre seu comportamento em contexto de jogo e não apenas centrada no olhar sobre
Talento a técnica realizada apenas com a bola. Deve-se olhar o comportamento no jogo com a
expressão da técnica para atender a uma necessidade do jogo.
O jogador que se espera contar precisa ter atitude e compromisso de encontro com
Atitude e o que se quer e se espera. Não adianta elegermos um jogador extremamente técnico,
Compromisso mas com personalidades que evidencie descompromisso e falta de atitude com a
equipe.
Assim, tais informações nos permitem a estruturação de uma equipe competitiva e que
permitirá a operacionalização dos trabalhos, contudo, alguns outros atributos levarão
a um sucesso esportivo maior e mais duradouro, quais sejam considerar a história e
filosofia do clube. Imagine contratar para o Corinthians, time nacionalmente conhecido
por suas características aguerridas e de raça, jogador cadenciado, pouco vibrante e com
baixo nível de competitividade. Com certeza não permitirá o encaixe deste jogador ao
elenco. Outro destaque importante a relevar, se faz ao considerarmos as características
do grupo que temos em mãos. Imagine em uma equipe da atual temporada (2014/2015)
como o Real Madrid, com jogadores com características de jogo vertical como Cristiano
Ronaldo e Gareth Bale, que exploram de suas características físicas para o sucesso
coletivo da equipe em jogadas de velocidade, apostando nas transições defesa-ataque
rápidas, serem obrigados por determinado treinador, a jogar com progressão apoiada
em toques de bola. Isso irá ferir características individuais valiosíssimas que agregam
muito ao sucesso coletivo da equipe.
Desta forma, ao formar uma equipe, considere aos atributos individuais, pois sem eles
não se há soluções práticas ao jogo, relevando também o comprometimento e atitude do
atleta em relação ao clube, grupo e filosofia de trabalho, pois sem ela não se alcançará
sucessos. Verifique o perfil do atleta e se sua personalidade atenderá a história e filosofia
do clube, bem como atenderão suas exigências e atribuições para o bem coletivo, afinal,
117
UNIDADE IV │ CONSTRUINDO UM PLANEJAMENTO
118
Referências
ALVES, F. Princípios do treinamento desportivo. Material de apoio da disciplina
de Teoria e Metodologia do Treino Desportivo da Faculdade de Motricidade Humana
da Universidade Técnica de Lisboa. Lisboa, 2012.
ARRUDA, M. et al. Futebol: uma nova abordagem de preparação física e sua influência
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