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A RIQUEZA DE SER COMO SE É

Respeite seus anseios e sentimentos e recupere sua autoestima

por Juliana Garcia

Muito se diz que a mulher é um ser misterioso. Quantos não gostariam de entender o que as mulheres
querem e desvendar os sentimentos femininos? Talvez essa tarefa tivesse de partir, primeiramente, das
próprias mulheres: conhecer os seus sentimentos, ir fundo na compreensão de seus mistérios,
reconhecer a sua multiplicidade.

Carregamos no corpo o mistério do ciclo vida-morte-vida. Todo ser vivo também carrega essa
experiência, mas o corpo feminino traz essa vivência à luz, torna explícito. Quer um exemplo? Vivemos tal
realidade a cada ciclo menstrual. Primeiro vem a possibilidade de vida, a semente que é lançada. Se não
é fecundado, o óvulo e todo o aparato de preparo do organismo são descartados, mostrando que não
houve o nascimento de uma vida. Depois nosso útero se prepara para novos ciclos. Com tal movimento
variamos também em nossa experiência íntima, com períodos de abertura e fechamento. Se
compreendêssemos melhor esse ritmo em nosso corpo, talvez tivéssemos menos sintomas de tensões
como a maioria das mulheres experimenta na atualidade. Aproveitando os momentos de fechamento para
refletir, recarregar energias, planejar, se sintonizar. Aproveitando os momentos de abertura para agir, se
expor, apresentar-se, ir à luta.

ENERGIA CONTIDA

Compreender os ritmos internos e respeitá-los é um baita desafio para nós mulheres. Tão acostumadas
fomos a calar nossos sentimentos e a seguir o ritmo do outro, que agora fica de fato difícil dedicar um
tempo para ouvir a nós mesmas. Tanto tempo de silêncio imposto, que muitas vezes nossa alma só
consegue nos mostrar como estamos nos trazendo sintomas. E mesmo assim, o que aprendemos? Uma
mulher é incansável! Quantas de nós aturam dores crônicas protelando para amanhã o autocuidado?

De um ser pleno de riquezas, mistérios e belezas, quiseram moldar e construir um outro, mais
domesticado, formatado, domado. A cultura patriarcal fez de tudo para conter a energia que assustava,
para domar aquilo "que não tem medida, nem nunca terá" (tomando emprestadas as palavras de Chico
Buarque). A energia feminina ia contra a ordem que se queria instituir: o controle, a luta por poder, o
individualismo. Tentaram dobrar, amassar, rasgar a alma feminina, para fazê-la caber no baú de uma
cultura inconsciente, para tornar o Feminino se não aceitável ao menos tolerável. Isso fez com que muitas
e muitas mulheres brilhantes fossem tachadas como erros, aberrações e fossem punidas por
simplesmente serem.
MULTIPLICIDADE E RIQUEZA

O Feminino não se encaixa em padrões. Cada mulher é múltipla em suas faces e suas possibilidades.
Temos luz e sombra, asas e raízes, sins e nãos, interno e externo, renovação constante, ondulações. E
nossa riqueza está em sermos como somos."Cada mulher é múltipla em suas faces e suas
possibilidades. Temos luz e sombra, asas e raízes, sins e nãos, interno e externo, renovação constante,
ondulações. E nossa riqueza está em sermos como somos."

Precisamos recuperar a autoestima, a alegria de sermos depositárias de tantas características naturais


cheias de beleza. É urgente retomar o contato com nossos anseios e sentimentos, com nossa garra e
nossa sensibilidade, com nossa intuição e nossa criatividade. Pense em maneiras de iniciar uma relação
mais prazerosa com você mesma, mulher! Reconheça em si a união dos aspectos femininos e masculinos
e potencialize o que lhe faz bem. Tome partido de suas múltiplas faces a seu favor! Não acredite em que
lhe diga que você é o sexo frágil (nem se ouvir isso de você mesma!), retome a força interna que fez com
que você chegasse até aqui! E dia da mulher não tem uma só data. Todo dia é seu dia, todo dia é
especial, pois é o agora que se converte em possibilidades. Permita-se!

INDICAÇÃO DE LIVROS QUE PODEM LHE AJUDAR NESSA JORNADA:

Mulheres que correm com os lobos: mitos e arquétipos da mulher selvagem. De Clarissa Pinkola
Estés. Editora Rocco.
A procura do Feminino. De Marisa Sanabria. Editora Ideias e Letras.
A mulher heróica: relatos clássicos de mulheres que ousaram desafiar seus papeis. De Alan B.
Chinen. Editora Summus.

SOBRE O AUTOR

Juliana Garcia

Psicóloga, psicodramatista e aromaterapeuta. Trabalha em projetos sociais como facilitadora de grupos


de mulheres e grupos de reflexão sobre o Feminino em Belo Horizonte e interior de MG.

contato: julianaggpsi@gmail.com

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