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Quem dera o tempo passasse tão depressa quanto o amor que tenho pela vida, e que

pouco em pouco esta a ponto de verte-se em nada. Eu olho na direção das muitas esquinas ao
meu redor, tento encontrar a inspiração da alegria nas cores que florescem por dentre o raiar
do dia, perco-me nos tantos olhares que miram meu semblante estranho: tudo parece seguir
um padrão, menos eu. Quem dera fosse tudo tão simples quanto meus olhos parecem querer
me fazer acreditar, mas eu sei que tudo é somente uma ilusão criada por meus medos, receios
diários de um sonhador.

A força dos meus versos se perde no tempo, enquanto minha mortalidade deixa suas
marcas: caligrafia do rotineiro marcada em minha frágil pele. É tudo tão simples e tão
complicado, que enlouqueço a cada segundo, e as forças que ainda me restam, servem apenas
de alento ao corpo, para que ele se sustente ou se entregue simplesmente ao cansaço.
Outrora eu não poderia saber que na distância entre duas almas estariam todas as respostas
de uma vida inteira, pois minha mente arcaica coabitava em meu corpo com um coração
juvenil. Em um golpe seco e ríspido do destino, pude provar no banquete das horas, os gostos
doces e acres que a vida nos oferece.

Juro por meus desejos mais sinceros, que gostaria de ter, mesmo que por pena, um
ombro prestativo para o pranto, um ouvido atento ao lamento sincero deste errante amante
do nascer. Quem dera a vida fosse alheia aos meus desejos, minhas vontades. Mas ela não se
curva aos designíos de ninguém, pois é guia de si mesma, é seu próprio inicio e fim. Assim
também é cada homem, que carrega na mão o poder do começo, do fim e do recomeço. Quem
dera alguns percebessem que não se deve ter ou desejar ter nas mãos o poder do fim na vida
do outro. É mais honrado viver a sua covardia com dignidade, do que fazer do mundo a sua
volta um alvo para as suas tormentas psicológicas, emotivas e cotidianas.

Me pego a pensar como seria bom poder fechar os olhos, e quando os abrir
novamente, puder deparar-me com a oportunidade de enxergar um novo lado da vida. O
problema é que acostumamos nossos olhos a se fecharem para o novo, colocando sobre eles a
veda do receio. Deixamos os novos sentimentos à beira da estrada e nos deixamos ser guiados
pela mediocridade de uma razão desgastada. O homem se fecha em si, se exclui do abraço,
fecha a mão para o mais pobre e, com a mesma mão, golpeia quem não seguir seus mesmos
padrões. Não adianta abrir o corpo para o mundo e esquecer-se de abrir também a alma e o
coração para a vida.

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