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Pareceres Jurídicos

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Título: ESPECIALISTA DE INFORMÁTICA. MOBILIDADE INTERCARREIRAS. PROCEDIMENTO CONCURSAL

Data: 18-07-2019 Parecer N.º: 34/2019

Informação N.º: I07627-2019-DSAL

Solicitou a ..... , a esta Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), a emissão de parecer
jurídico sobre o assunto acima mencionado, pelo que, na sequência do que nos foi superiormente determinado,
cumpre à Divisão de Apoio Jurídico agir em conformidade.

Para melhor compreensão do assunto em questão, transcreve-se o pedido formulado, na parte relevante:

Na sequência do pedido por parte do nosso técnico informático (grau 1, nível 2, escalão 390) para que lhe fosse
revista a sua situação profissional, uma vez que terminou a licenciatura em eng. Informática, venho por esta via
solicitar parecer sobre qual a melhor forma de atender ao pedido do trabalhador, a ..... tem previsto no seu mapa
de pessoal lugar para carreira superior, ou seja, Especialista de Informática. Reconhecendo-se haver
conveniência para o interesse público, designadamente quando a economia, a eficácia e a eficiência dos órgãos
ou serviços o imponham, os trabalhadores podem ser sujeitos a mobilidade, revestindo as modalidades de
mobilidade na categoria e de mobilidade intercarreiras ou categorias, ou, possibilidade de se promover o
recrutamento de trabalhadores necessários ao preenchimento dos postos de trabalho previstos no mapa de
pessoal e que esse recrutamento deve ser feito por tempo indeterminado ou a termo, consoante a natureza
permanente ou transitória da atividade, nos termos do artigo 30.º da LTFP.

No âmbito do setor de Informática torna-se fundamental dar continuidade ao trabalho desenvolvido através de
soluções informáticas de apoio ao funcionamento e gestão dos Municípios associados, de forma eficaz e eficiente
a manutenção dos serviços informáticos que dispõe.
No caso em concreto, o técnico de informática detém habilitação superior, ainda que muito recente-mente, e tem
vindo a desempenhar funções de grau de complexidade superior, pelo que, deve-lhe ser reconhecida
competência para que seja feita mobilidade intercarreiras, nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 93.º da Lei
n.º 35/2014(LTFP), de 20/6, tendo uma duração de 18 meses, podendo a mesma ser consolidada nos termos do
artigo 99.º-A da referida Lei, ou, através da abertura de concurso interno de acesso limitado para o
preenchimento de 1 posto de trabalho da categoria de especialista de informática(grau 1, nível 2) da carreira (não
revista) de especialista de informática em regime de contrato de trabalho em funções públicas por tempo
indeterminado, destinado a candidatos com rela-ção jurídica de emprego público por tempo indeterminado
previamente estabelecida, nos termos do n.º 1 do artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 209/2009, de 3 de setembro,
conjugado com o n.º 1 do artigo 30.º da LTFP, por força do n.º 3, do artigo 42.º da Lei n.º 35/2014, de 20 junho.

Face ao exposto, solicita-se parecer sobre qual o procedimento mais correto e legal a ter em conta, se pode
passar para carreira e categoria no grau e nível acima mencionado, e poderá nos termos da lei haver outro tipo
de procedimento para o caso em concreto.

Informando:

1. O Decreto-Lei nº 97/2001, 26 de março, contém a regulamentação das carreiras especiais de informática,


mantendo-se ainda em vigor por força do disposto no Decreto-Lei nº 121/2008, de 11 de julho - vide artigos 1º e
8º, em conjugação com o previsto no artigo 106º da Lei nº 12-A/2008, de 27 de fevereiro (LVCR).

Assim sendo, e com relação direta com o caso em apreço, transcrevem-se os seguintes preceitos relativos às
carreiras de especialista de informática e de técnico de informática:

Artigo 2.º
Carreiras de informática
As carreiras de informática são de regime especial, enquadram um conjunto de profissionais com formação

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especializada na função informática e assentam em dois níveis profissionais:


a) Especialista de informática - carreira de nível superior com funções de concepção e aplicação, para a qual se
exige formação académica de nível superior;
b) Técnico de informática - carreira de nível profissional com funções de aplicação e execução, para a qual se
exige formação académica de nível profissional ou secundário.

Artigo 8.º
Carreira de especialista de informática
1 - A carreira de especialista de informática tem o desenvolvimento e a estrutura indiciária constantes do mapa I
anexo ao presente diploma, de que faz parte integrante.
2 - O recrutamento para a categoria de ingresso da carreira de especialista de informática efectua-se mediante
concurso de prestação de provas, nos seguintes termos:
a) Para o nível 1 - de entre indivíduos aprovados em estágio, com classificação não inferior a Bom (14 valores),
habilitados com curso superior no domínio da informática que não confira o grau de licenciatura;
b) Para o nível 2 - de entre indivíduos aprovados em estágio, com classificação não inferior a Bom (14 valores),
habilitados com licenciatura no domínio da informática.
3 - O recrutamento para as categorias de acesso da carreira de especialista de informática é alargado aos
técnicos de informática, nos seguintes termos:
a) Para especialista de informática do grau 3, nível 1 - técnicos de informática do grau 3, nível 2, com cinco anos
de serviço na categoria classificados de Muito bom ou oito anos classificados de Bom, habilitados, no mínimo,
com o curso superior no domínio da informática que não confira o grau de licenciatura ou, ainda, curso superior
adequado que não confira o grau de licenciatura e formação complementar em área específica de informática;
b) Para especialista de informática do grau 2, nível 1 - técnicos de informática do grau 2, nível 2, com cinco anos
de serviço na categoria classificados de Muito bom ou oito anos classificados de Bom, habilitados, no mínimo,
com curso superior no domínio da informática que não confira o grau de licenciatura ou, ainda, curso superior
adequado que não confira o grau de licenciatura, e formação complementar em área específica de informática.
4 - O número de lugares a prover nos termos do número anterior não pode ultrapassar a quota a fixar, em cada
caso, no respectivo aviso de abertura.
5 - Para concretização do disposto no n.º 3, à dotação da carreira de especialista de informática pode ser aditado
o número de lugares que se revele necessário, por abatimento dos correspondentes lugares na carreira de
técnico de informática.
6 - O provimento nas categorias a que se refere o n.º 3 efectua-se no escalão a que corresponda na nova
categoria o índice superior mais aproximado.

Artigo 9.º
Carreira de técnico de informática
1 - A carreira de técnico de informática tem o desenvolvimento e a estrutura indiciária constantes do mapa II
anexo ao presente diploma, de que faz parte integrante.
2 - O recrutamento para ingresso na carreira de técnico de informática efectua-se mediante concurso de
prestação de provas, nos seguintes termos:
a) Para técnico de informática do grau 1, nível 1 - de entre indivíduos aprovados em estágio, com classificação
não inferior a Bom (14 valores), habilitados com adequado curso tecnológico, curso das escolas profissionais ou
curso que confira certificado de qualificação de nível III em áreas de informática;
b) Para técnico de informática-adjunto, nível 1 - de entre indivíduos aprovados em estágio, com classificação não
inferior a Bom (14 valores), habilitados com o 12.º ano de escolaridade e formação complementar específica em
informática devidamente certificada;
c) Para técnico de informática-adjunto, níveis 2 ou 3 - de entre assistentes administrativos possuidores, no
mínimo, da categoria de principal, habilitados com o 11.º ano e técnicos profissionais possuidores, no mínimo, da
categoria de 1.ª classe, habilitados com um dos cursos a que se refere a alínea d) do n.º 1 do artigo 6.º do
Decreto-Lei n.º 404-A/98, de 18 de Dezembro.
3 - Os técnicos de informática-adjuntos podem aceder, mediante concurso de prestação de provas, com dispensa
de estágio, à categoria de técnico de informática do grau 1, nível 1, em escalão a que corresponda o índice
superior mais aproximado, mediante a frequência, com aproveitamento, de curso de formação profissional
adequado e quatro anos de permanência na categoria de técnico de informática-adjunto classificados de Muito
bom ou seis anos classificados de Bom.

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4 - O número de lugares a prover nos termos dos números anteriores não pode ultrapassar a quota a fixar, em
cada caso, no respectivo aviso de abertura.
5 - O provimento efectuado nos termos da alínea c) do n.º 2 faz-se em escalão a que corresponda o índice
superior mais aproximado na estrutura da nova categoria.

2. No respeitante ao regime do procedimento concursal para estas carreiras, deve ter-se em conta que se aplica
ainda o disposto no Decreto-lei nº 204/98, de 11 de Julho, em função do que se pre-via no artigo 2º, nº 2, da
Portaria nº 83-A/2009, de 22 de janeiro, na redação da Portaria nº 145-A/2011, de 6 de abril, e no nº 2 do artigo
54º da Lei n.º 12-A/2008, de 27 de fevereiro (LVCR), situação que hoje encontra equivalência no artigo 1º, nº 2,
da Portaria no 125-A/2019, de 30 de abril, e no nº 3 do artigo 37º da LTFP, na redação da Lei nº 71/2018, de 31
de dezembro.
3. Na Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas (LTFP), aprovada em anexo à Lei nº 35/2014, de 20 de junho,
a mobilidade encontra-se regulada nos artigos 92º a 100º e 153º.

No que respeita à mobilidade nas suas várias formas, tem-se entendido que é imediatamente aplicável às
carreiras não revistas, exceto se o estatuto ou regime dessas carreiras contemplarem formas próprias de
mobilidade - vejam-se os artigos 41º, nº 1, alínea a), da Lei nº 35/2014, e 92º, nº 3, da LTFP. Tal entendimento
abrange também a possibilidade de consolidação, nos termos do artigo 99º-A da LTFP.

4. Descrito, ainda que sucintamente, o enquadramento de ordem legal, resta-nos atender à descrição da situação
que preocupa a entidade consulente, tal como é apresentada no pedido de parecer formulado.

Assim, constata-se que são equacionadas, como hipóteses de resolução da questão concreta, quer a utilização
da mobilidade intercarreiras, quer a realização de um procedimento concursal de ingresso na carreira de
especialista de informática. A nosso ver, a partir da descrição apresentada, e do ponto de vista da legalidade, não
se levantam problemas à opção por qualquer das hipóteses.

5. Assim sendo, somos a entender que cabe aos órgãos competentes da ....., de forma fundamentada e
cumprindo os requisitos legais exigidos, tomar a decisão que melhor possa satisfazer o interesse público, no caso
concreto em apreço.

__________
(1) Regulamentado pela Portaria nº 358/2002, de 3 de Abril.
(2) Revogada pelo artigo 42º, nº 1, alínea c), da Lei nº 35/2014, de 20 de Junho (que aprovou a LTFP), salvo nos
artigos 88º a 115º. Veja-se também o artigo 41º desta LTFP.
(3) Com as alterações decorrentes da Declaração de Retificação nº 37-A/2014, de 19 de agosto, e das Leis nºs
82-B/2014, de 31 de dezembro, 84/2015, de 7 de agosto, 18/2016, de 20 de junho, 42/2016, de 28 de dezembro,
25/2017, de 30 de maio, 70/2017, de 14 de agosto, 73/2017, de 16 de gosto, 49/2018, de 14 de agosto, e
71/2018, de 31 de dezembro, e do Decreto-Lei n.º 6/2019, de 14 de janeiro.

Relator: António Carrilho Velez

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