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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

VICE-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E INOVAÇÃO


ESCOLA DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PÚBLICO: CONSTITUCIONAL
E ADMINISTRATIVO
DISCIPLINA: ASPECTOS JURÍDICOS DA GESTÃO MUNICIPAL
DOCENTE: THIAGO PRIESS VALIATI

ACADÊMICOS:
LUCAS GRAF, LUCAS VOIGT NUNES, MÁRCIO RIBEIRO BORGES,
PEDRO BOHRER ERN, TIAGO SOLDATELLI D’AVILA e THIAGO WESLEY
SILVA

EXERCÍCIO PRÁTICO Nº 03

1) Quanto aos vícios que maculam o decreto legislativo descrito no


enunciado, forçoso que se destaque, em especial, que o aditivo contratual
atacado pela Câmara de Vereadores jamais pode ser considerado como um
ato normativo decorrente do exercício, pelo Poder Executivo, do poder
regulamentar. Com efeito, citando Hely Lopes Meirelles, Leandro Bortolotto
conceitua o poder regulamentar como a “(...) faculdade de que dispõem os
Chefes de Executivo (...) de explicar a lei para sua correta execução, ou de
expedir decretos autônomos sobre matéria de sua competência ainda não
disciplinada em lei (...)”1.

Ou seja, trata-se do poder pelo qual o Executivo expede regulamentos,


portarias, decretos, entre outras espécies normativas de caráter infralegal, não
se confundindo com sua atuação, em nome do ente federado, na celebração
de contratos e outros atos usuais na Administração Pública, estes que
parecem, ao menos em análise perfunctória, mais diretamente associados ao
poder discricionário também outorgado ao Estado.

Consequentemente, certo é que o art. 55 do Regimento Interno da


Câmara de Vereadores de Alto Boqueirão e, bem assim, o dispositivo da
Constituição Estadual aventado, não constituem base legal apta a subsidiar a
sustação de contrato celebrado pelo Poder Executivo, pelo que o decreto

1
BORTOLETO, Leandro. Direito Administrativo. 6. Ed. Salvador, JusPodivm, 2017, fl. 415.
legislativo em enfoque possui vício de origem consistente na falta de
fundamento jurídico adequado à sua emissão.

2) Tendo em vista que o decreto legislativo é espécie normativa que se


equipara à lei ordinária, certo é que a ação de controle concentrado de
constitucionalidade cabível é a mesma que poderia ser ajuizada em desfavor
de uma lei editada no âmbito de um município. Nesse norte, tratando-se de
decreto que contraria a Constituição do Estado ao utilizá-la indevidamente
como base para sustação de contrato do Poder Executivo, tem-se que deve
haver ajuizamento de ação direta de inconstitucionalidade, a ser julgada pelo
Tribunal de Justiça do respectivo estado.

Vale observar, nesse ponto, que o Tribunal de Justiça de Santa Catarina


já julgou diversas ações diretas de inconstitucionalidade que questionaram
decretos legislativos emitidos por câmaras municipais, como, por exemplo:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DECRETO LEGISLATIVO


N. 001/2017, DO MUNICÍPIO DE ITÁ. ATO NORMATIVO QUE "ANULA"
EMENDA À LEI ORGÂNICA MUNICIPAL, QUE CONFERIU NOVA
REDAÇÃO AO SEU ART. 35. IMPOSSIBILIDADE. INOBSERVÂNCIA DO
PROCEDIMENTO LEGISLATIVO PREVISTO NO ART. 111, DA
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SANTA CATARINA. VÍCIO DE FORMA.
EIVA DEVIDAMENTE CARACTERIZADA. CONFIRMAÇÃO DA DECISÃO
CONCESSIVA DA CAUTELAR. EFEITO EX TUNC. PROCEDÊNCIA.
AGRAVO INTERNO PREJUDICADO. (TJSC, Agravo Interno n. 4021450-
92.2017.8.24.0000, da Capital, rel. Stanley da Silva Braga, Órgão Especial,
j. 03-10-2018).

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