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MADEIRAS
1999
Materiais de Construção 1
Madeiras 1999
Joana de Sousa Coutinho
MADEIRAS
1. GENERALIDADES
As estruturas de madeira existem desde os primeiros tempos de vida do Homem.
Conhecendo a pedra, e tendo provavelmente já noção das suas possibilidades de suporte
ao contemplar o tecto da caverna onde habitava, a primeira viga ter-lhe-á surgido sob a
forma de um tronco de árvore caído de margem a margem de um curso de água e sobre
o qual pôde passar confiadamente. A madeira, sendo leve, resistente, fácil de talhar e
aparecendo com abundância em comprimentos e diâmetros variáveis, deu ao Homem a
possibilidade de abandonar a caverna, construindo inicialmente cabanas cuja estrutura
resistente era constituída por ramos e canas e cobertura realizada de folhas aglomeradas
com argila ou então colmo ou peles. A mais elementar estrutura de madeira surge a
seguir, com a forma de dois paus cravados no solo e ligados nas extremidades
superiores por elementos vegetais fibrosos, como o vime, por tiras de pele ou, mais
tarde, por elementos de ferro ou bronze - Figura 1.
Figura 1 - A estrutura mais simples de cobertura: dois paus redondos cravados no solo e
ligados no vértice (Mateus, 1961).
A necessidade de cobrir espaços cada vez mais amplos torna a estrutura mais
complexa; as peças inclinadas exigem um apoio intermédio, surgindo assim as escoras e
o contranível, uma peça horizontal. O travamento no sentido longitudinal era
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assegurado por duas madres e por uma fileira ao nível do cruzamento das peças
inclinadas.
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estruturas, permitiram-lhe realizar, na Idade Média e nos séculos XVI, XVII e XVIII,
verdadeiras obras primas quer do ponto de vista de concepção como de realização.
Nos fins do século passado o grau de evolução já atingido pareceu não permitir
maiores progressos. O aparecimento do aço, com perfis de forma e dimensões
extremamente variadas, foi possibilitando a realização de novas e mais arrojadas
estruturas, correspondendo às exigências do desenvolvimento industrial como as
grandes oficinas, hangares para aviação, pontes de grande vão, por exemplo. Verificou-
se, paralelamente, um rápido e grande progresso no domínio do cálculo das estruturas e
do conhecimento das propriedades dos materiais. A madeira, de emprego empírico e
tradicional, começou a ceder o seu lugar ao novo material. A crise acentuou-se com o
progresso do betão armado, estando as aplicações da madeira, em muitos países, em
grande decadência.
Um esforço tem sido feito, no entanto, nos últimos anos, no sentido de reabilitar a
madeira como material principal de construção. Forçoso se tornou abandonar os
sistemas construtivos clássicos; hoje, dispõe-se de meios mais eficazes para realizar as
ligações; lança-se mão de novas concepções estruturais, com peças de secção composta
que se aproxima das que são características do aço; o emprego de estruturas laminadas
coladas, o progresso nos contraplacados e aglomerados, um melhor conhecimento das
suas propriedades mecânicas, são outras tantas formas que levam novas perspectivas de
um maior emprego da madeira na construção civil (Sampaio, 1975/76).
2. Pode ser produzida em peças com dimensões estruturais que podem ser rapidamente
desdobradas em peças pequenas, de delicadeza excepcional.
3. Pode ser trabalhada com ferramentas simples e ser reempregue várias vezes.
5. Tem uma baixa massa volúmica e resistência mecânica elevada. Pode apresentar a
mesma resistência à compressão que um betão de resistência razoável. A resistência
à flexão pode ser cerca de dez vezes superior à do betão, assim como a resistência ao
corte.
3. É combustível.
A raiz fixa a árvore ao solo e dele retira água contendo sais minerais dissolvidos,
isto é, a seiva bruta, necessária ao desenvolvimento do vegetal.
1- casca
2 – ritidoma
casca
3 - entrecasco
4 - câmbio vascular
5 - borne
6 – cerne lenho
7 - medula
3.1. Casca
Protege o lenho e é o veículo da seiva elaborada das folhas para o lenho do tronco
(seiva descendente). Duas camadas assumem essa dupla incumbência: um estrato
externo e epidérmico, formado por tecido morto, denominado por ritidoma (carrasca, no
pinheiro) e outro interno, formado de tecido vivo, mole e húmido, portanto com
actividade fisiológica e condutor de seiva elaborada, denominado por entrecasco.
Pela outra camada da casca, o entrecasco, desce a seiva que foi elaborada nas folhas
a partir de substâncias retiradas do solo e do ar.
Do solo, recolhido através dos pelos absorventes das raízes, provém principalmente
a água que contem, em solução, compostos minerais, e que constitui a seiva bruta que
sobe por capilaridade pela parte viva do lenho, o borne, até as folhas da copa.
Nas folhas e noutras partes verdes da copa são absorvidos do ar, o anidrido
carbónico e o oxigénio e realiza-se a função clorofilina ou fotossíntese, formando-se a
seiva elaborada que desce pelo entrecasco e pode ficar armazenado nas células sob
forma de amido.
Partindo dos açucares que formam a seiva elaborada, as árvores sintetizam todas as
substâncias orgânicas que compõem as células lenhosas. Essa transformação ocorre
principalmente no estrato de tecidos que vem logo a seguir à casca: o câmbio vascular
(Uriartt, 1992; LNEC E31).
Consiste numa fina e quase invisível camada de tecidos vivos: está situado entre a
casca e o lenho. É constituído por um tecido de células em permanente transformação:
Tanto o entrecasco como o câmbio vascular são vitais para o crescimento da árvore de
tal forma que o corte de ambos, acidental ou provocado, ocasiona inevitavelmente a
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Radial
o das
ã
ecç s
dir Fibra
Tangencial
Longitudinal
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3.3. Lenho
É o núcleo de sustentação e resistência da árvore e é pela sua parte viva que sobe a
seiva bruta. Constitui a secção útil do tronco para obtenção, por abate e preparo, das
peças estruturais de madeira natural ou madeira de obra.
Em quase todas as espécies o lenho apresenta-se com duas zonas bem contrastadas:
o borne e o cerne.
O borne (externo) tem cor mais clara que o cerne e é formado por células vivas e
activas. Além da função resistente, é condutor da seiva bruta, por ascensão capilar,
desde as raízes até à copa.
O cerne (interno), de cor mais escura que o borne, é formado por células mortas. As
alterações no borne vão formando e ampliando o cerne. As alterações progressivas são
processos de crescente engrossamento das paredes celulares, provocados por sucessivas
impregnações de lenhina, resinas, taninos e corantes. Em consequência, o cerne tem
maior densidade, compacidade, resistência mecânica e, principalmente, maior
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durabilidade, pois, sendo constituído de tecido morto, sem seiva, amido nem açucares,
não atrai insectos nem outros agentes de deterioração. A sua frequente impregnação por
resinas e óleos torna-o tóxico ou repelente em relação aos predadores da madeira.
3.4. Medula
É o núcleo do lenho. O tecido é mole e esponjoso, muitas vezes já apodrecido. Não
tem nem resistência mecânica nem durabilidade; a sua presença em peças serradas
constitui um defeito.
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Resinosa: árvore do grupo das Gimnospérmicas, de folhas lineares (abeto), aciculares (pinheiro) ou
escamiformes(cipreste).A maioria pertence à classe das coníferas.
Folhosa: árvore do grupo das Angiospérmicas, de folhas geralmente planas e largas. Exs:carvalho,
castanheiro, Faia.
1 - Anel de primavera
2 - Anel de Outono
3 - Parênquima
4 - Traqueídos
5 - Traqueídos radiais
6 - Pontuações aureoladas
7 - Canal de resina
8 - Raios lenhosos
Traqueídos
Lenho de uma resinosa Raios lenhosos
Canais de resina
1 - Traqueídos:
O lenho das resinosas é composto quase na totalidade pelo prosênquima que é um
tecido formado de traqueídos que são células alongadas de diâmetro quase constante,
semelhantes a tubos finos e que desempenham uma função dupla de condução da seiva
e suporte mecânico.
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2 - Raios lenhosos
Além dos traqueídos, existem também numerosas linhas finas e claras que se
desenvolvem radialmente - os raios lenhosos e que conduzem e/ou armazenam
substâncias nutrientes no sentido radial do tronco.
3 - Canais de resina
As resinosas ainda contém os canais resiníferos que são limitados por células
secretoras de resina.
1 - Anel de primavera
2 - Anel de Outono
3 - Parênquima
4 - Fibras (prosênquima)
suporte
5 - Vasos
6 - Poros
7 - Raio lenhoso
Vasos
Prosênquima
Lenho de uma folhosa Fibras
Parênquima
Raios lenhosos (células do parênquima)
1 - Vasos:
Vasos, são tubos longitudinais de células do prosênquima que é o tecido que
forma, nas folhosas grande parte do lenho. Cada vaso é formado de células longitudinais
e tubulares justapostas, visíveis a olho nu, abertas nas extremidades e justapostas.
Permitem o fluxo da seiva através do lenho.
2 - Fibras:
As fibras, dispostas longitudinalmente no caule, são células com extremidades
afiladas, diâmetro variável e reduzido. No seu conjunto, fortemente aglomeradas,
constituem os elementos de resistência e sustentação da árvore. As características
mecânicas da madeira produzida estão estreitamente ligadas à compacidade, textura e
disposição do tecido fibroso. As fibras são células do prosênquima.
3. Parênquima
O parênquima é um tecido de células curtas providas de paredes relativamente
pouco espessas disseminado no seio do prosênquima, destinado principalmente à
distribuição e reserva de hidratos de carbono.
4. Raios lenhosos
Os raios lenhosos são faixas de células do parênquima dispostas em fiadas radiais.
A sua presença implica uma amarração das fibras no sentido radial, alterando as
características nesta direcção.
5. CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS
A composição química da madeira varia muito pouco e qualquer que seja a
espécie, no estado anidro, a sua composição média é a seguinte:
Carbono ............................................... 49%
Hidrogénio ........................................... 6%
Oxigénio ............................................. 44%
Azoto ................................................... 1%
Cinzas (matéria mineral) ..................... 1%
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Segundo a sua natureza, a madeira é constituída por cerca de 60% de celulose que
é constituída por hidratos de carbono (carbono, oxigénio e hidrogénio) e que constitui a
maior parte das paredes das células), por cerca de 28% de lenhina (substância dura e
corada, impermeável, pouco elástica de resistência mecânica apreciável e insensível à
humidade e temperaturas habituais, sendo os outros constituintes óleos, resinas,
açucares, amidos, taninos, substâncias nitrogenadas, sais inorgânicos e ácidos orgânicos
(Sampaio, 1995/76; Uriartt, 1992).
6. IDENTIFICAÇÃO
As madeiras são identificadas pela sua nomenclatura comercial e designação
botânica que pode ser completada em laboratório por microscopia comparando lâminas
da madeira em questão, que são tratadas (secas e coloridas) e comparadas com lâminas-
padrão ou com um atlas de microfotografias (NP890; Uriartt, 1992; Machado, 1996).
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NOTA2: Carpintaria de limpos - Carpintaria que produz peças para se utilizarem como
guarnecimentos, portas e janelas.
NOTA4: Pré-fabricação - elementos construtivos leves que não sejam destinados a suportar
esforços mecânicos elevados ou submetidos a desgaste, tais como madeiramentos interiores
tábuas de forro, divisórias ligeiras, etc..
7. PRODUÇÃO
1.Abater
2.Torar
3.Falquejar
4.Serrar
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7.1. Abate
Consiste na operação de deitar por terra a árvore. Esta operação deve ser realizada
no Inverno.
7.2. Torar
7.3. Falquejar
Consiste na operação de converter um toro em falca, isto é num toro esquadriado
em que a secção é aproximadamente rectangular por remoção de quatro costaneiras.
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7.4. Serrar
Esta operação consiste em subdividir um toro ou uma peça de madeira por cortes
longitudinais ou em série. A serração pode ser por exemplo realizada por cortes
longitudinais paralelos (desfiar) ou por cortes normais aos aneis de crescimento
(serração radial) - Figura 9.
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8.2. Normalização
Cada país europeu tem como missão traduzir e adaptar cada norma. Em Portugal
essa missão está a ser levada a cabo e o LNEC tem vindo a publicar, paralelamente, as
"Fichas de madeira para construção" cujo objectivo é dar indicações sobre as
propriedades da madeira face à utilização prevista e os parâmetros a especificar.
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Dimensões:
EN 1313: 1996 – Round and sawn timber – Permitted deviations and prefered sizes – Part
1: softwood sawn timber.
Durabilidade natural:
Classes de risco:
Tratamento preservador:
Produtos preservadores:
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Processos de tratamento:
Refere-se ainda que tem sido elaboradas pelo L.N.E.C. Fichas com o título madeira para
construção, nomeadamente:
8.3.1 - Humidade
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natural - ao ar livre
Secagem
artificial - em estufa
Considera-se a madeira "comercialmente seca" logo que o seu teor de água atinja
os 20%.
Pelo processo de secagem ao ar o teor de água pode descer até cerca de 18 a 14%,
dependendo das condições ambientais.
Para utilizações que requerem teores de água baixos, por exemplo (8 a 12%), é
geralmente necessário proceder a uma secagem artificial.
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Determinação da humidade:
Sendo:
m1 − m 2
H= × 100
m2
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8.3.2 - Retracção
Humidade %
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Sendo a retracção tangencial pelo menos duas vezes maior que a radial, as
deformações nas peças são mais ou menos importantes conforme o modo de se fazer o
corte - Figura 12.
- nas grandes superfícies, convém realizar uma armação cujo interior é preenchido
com contraplacados ou por painéis com a maior dimensão paralela às fibras;
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A massa volúmica da madeira varia desde 100 a 1500 kg/m3 (para um teor de
água de 12%). Apresentam-se alguns valores no Quadro 4.
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É possível estimar a massa volúmica para outro teor de água, pelo ábaco
apresentado na Figura14, designado por ábaco de Kollmann.
Dilatação térmica
A madeira, como a maior parte dos corpos sólidos, pode dilatar-se sob os efeitos
do calor; mas as variações de dimensões são pequenas e desprezáveis na prática, em
face das variações inversas devidas à retracção. Tomando como condições iniciais a
temperatura de 0º e a humidade de 0%, os coeficientes de dilatação são:
α = 0,05 × 10-4 na direcção axial ou longitudinal
α = 0,50 × 10-4 nas direcções radial ou tangencial
α = 1 × 10-4 coeficiente de dilatação volumétrico.
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Condutibilidade eléctrica
Condutibilidade térmica
O grau de isolamento térmico que este material proporciona justifica que nos
países frios as casas sejam de madeira ou revestidas a madeira.
Inflamabilidade
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CASQUINHA
CASQUINHA
Valores médios
Milícia régia
Criptoméria
Pinho bravo
Tola branca
CÂMBALA
CÂMBALA
Undianuno
Scotspine
Redwood
(para H=12%)
provetes pequenos e sem defeitos
R F R R F F F
Propriedades Físicas
Massa volúmica (Kg/m3) 530-600 580 620 400 530 280 750-850 480 520-720
Coeficientes de tangencial 0.36 0.26 0.24 0.19 0.33 0.21 0.36 0.25 0.23
retracção unitária radial 0.21 0.15 0.17 0.11 0.17 0.04 0.21 0.11 0.13
(%/%) volúmica 0.60 0.41 0.41 0.29 0.53 0.26 0.60 0.35 0.36
Propriedades Mecânicas
Flexão T. rotura (MPa) 98.5 111 69 98 42 127.5 94 85
estática M. Elasticidade (GPa) - 11.27 9.25 11.76 3.7 17.5 8.11 9.8
Tracção longitudinal: T. rotura (MPa) - 78 - 102 - - - 60
Tracção transversal: T. rotura (MPa) 2.1 2.5 1.7 2.9 1.4 3.4 1.7 2.0
Compressão longitudinal: T. rotura (MPa) 47.3 68 42 54 21 49.1 39 45
Corte: T. rotura (MPa) 9.02 10.8 1.5 9.8 4.6 13.7 7.9 7.8
Fendimento: F. unitária rotura (Kgf / cm) 15 - - - 20 15 9 -
Dureza (KN) 1.79 3.2 - - - - - 3.7
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Na prática os valores têm que ser reduzidos com factores de correcção devido aos
defeitos como os nós, descaio, fendas, empeno e outras imperfeições.
outros defeitos. A desvantagem deste método é que os ensaios exigem não só maior
quantidade de madeira como também equipamento de ensaio muito mais sofisticado
(Construction Materials, 1994).
Classe de Qualidade - madeira de uma dada espécie ou de determinado grupo de espécies consideradas
equivalentes em termos de comportamento mecânico, classificada numa dada qualidade segundo regras
de limitação de defeitos (por exemplo os nós ou o fio inclinado) ou segundo a avaliação de uma
propriedade mecânica (por exemplo o módulo de elasticidade). A norma de classificação deve obedecer
ao disposto na EN 518 (classificação visual) ou na EN 519 (classificação mecânica) (LNEC M1,1997).
Quadro 5 - Classe de Qualidade / Classe de Resistência para algumas madeiras utilizadas em estruturas (LNEC M1,1997).
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Para o efeito deverá consultar-se o prEN 1912, que indica, para as espécies de
madeira correntemente utilizadas em estruturas, as respectivas Classes de Qualidade que
correspondem a uma determinada Classe de Resistência. No quadro 5 foram
apresentados exemplos concretos da correspondência entre Classes de Qualidade e
Classes de Resistência (LNEC M1,1997).
Classe: C14 C16 C18 C22 C24 C27 C30 C35 C40
Resistência característica (MPa)
- flexão 14 16 18 22 24 27 30 35 40
- tracção || 8 10 11 13 14 16 18 21 24
⊥ 0,3 0,3 0,3 0,3 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4
- compressão || 16 17 18 20 21 22 23 25 26
⊥ 4,3 4,6 4,8 5,1 5,3 5,6 5,7 6,0 6,3
- corte 1,7 1,8 2,0 2,4 2,5 2,8 3,0 3,4 3,8
Eo (GPa) médio || 7 8 9 10 11 12 12 13 14
característico || 4,7 5,4 6,0 6,7 7,4 8,0 8,0 8,7 9,4
Massa volúmica médio 350 370 380 410 420 450 460 480 500
característico 290 310 320 340 350 370 380 400 420
REFERÊNCIAS:
EN 519 - "Structural timber - Grading requirements for machine strength graded timber
and grading machines", 1995.
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Uriartt, Professor Adamastor A. "A madeira como material de construção". Capítulo 17.
Materiais de Construção 2. L.A. Falcão Bauer - Livros Técnicos e Científicos Editora,
4ª edição, Rio de Janeiro, Brasil, 1992.
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