Você está na página 1de 11

A Reinvenção da Cidade – estudo sobre a reconstrução do município de Palmares-

PE após a enchente de 20101

Sandra Simone Moraes de Araújo (UPE/Pernambuco)

Resumo

Este artigo se constitui nas primeiras impressões da pesquisa iniciada nos meses finais de
2013 que aborda a reconstrução da cidade de Palmares, município da Região da Mata Sul
do Estado de Pernambuco que foi parcialmente devastado pela enchente ocorrida em
2010. Passados três anos do desastre natural os dias caóticos vivenciados pela população
desse município é um assunto presente nas conversas e sentimentos dos moradores da
cidade. De acordo com boletins da imprensa local, em Palmares, mais de duas mil famílias
ficaram desabrigadas; o maior hospital público da cidade ficou sem condições de
funcionamento; escolas foram atingidas; além da destruição de pontes, ruas, estradas,
vários estabelecimentos comerciais, bancos e repartições públicas. Muitos dos moradores
e comerciantes perderam tudo que possuíam, inclusive documentos pessoais e
iconográficos que faziam parte da história e da memória individual e coletiva. A cidade
foi virada ao avesso e reconstituir esse lugar tornou-se um grande desafio.

Palavras Chaves: cidade, enchente, reconstrução

Abstract

This article is about the survey performed in the last months of 2013 and introduces the
reconstruction of Palmares, a city located in Zona da Mata Sul, in the countryside of
Pernambuco. The city was destroyed in the flood of 2010. Three years after the disaster,
those days are still a fresh memory in the residents of Palmares. According to the press,
two thousand people were unsheltered; schools, streets, bridges, stores, the city hall and
the largest public hospital was destroyed by the flood. Most part of the citizens lost
everything they had; the memory of an entire life was gone. The city was putted upside-
down and to rebuild it became more than a big challenge.

Keywords: city, flood, reconstruction

1. Introdução

As enchentes afetam milhões de pessoas todos os anos. Quase


sempre consideradas “desastre naturais”, muitas se agravam
por causa do desmatamento, da drenagem de zonas úmidas e

1
Trabalho apresentado na 29ª Reunião Brasileira de Antropologia, realizada entre os
dias 03 e 06 de agosto de 2014, Natal/RN.
1
a tentativa de controlar o fluxo dos rios. (CLARKE; KING,
2005 p. 70)

A cada ano, tem sido comum assistirmos em diversas partes do mundo imagens
de enchentes, que na maioria das vezes, deixam grande parte, ou cidades inteiras
destruídas, contabilizando um alto número de famílias com perdas materiais e
emocionais.
De acordo com Robin Clarke e Jannet King (2005), as enchentes ou inundações
são consequências das mudanças climáticas e da interferência do homem na natureza, tais
como: o desmatamento de matas ciliares que favorece o assoreamento dos rios; as
mudanças no curso das águas fluviais em detrimento do desenvolvimento econômico; a
expansão desordenada das cidades, que em se tratando de municípios ribeirinhos há
ocupação das margens dos rios, aterrando-as para a construção de moradias, além do lixo
que geralmente é depositado no curso das suas águas.
Em 2011, as cidades de Teresópolis, Nova Friburgo, Petrópolis, Sumidouro e
São José do Vale do Rio Preto, na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, foram
tomadas por um grande contigente de água fluvial, além de muitos deabrigados e da
destruição de boa parte dessas cidades, deixou um saldo, de acordo com serviços
governamentais, de 916 mortes. No ano anterior, no mês de junho de 2010, a Região da
Mata Sul do Estado de Pernambuco teve quatorze municípios atingidos por uma enchente
de grande proporção, deixando um saldo de mais de quinze mil famiílias desabrigadas e
vinte pessoas mortas.
Do mesmo modo que o Rio de Janeiro e Pernambuco, outros estados brasileiros
contabilizam perdas de moradias, destruição de locais públicos e mortes como
consequência de inundações. A reconstrução de ruas, avenidas, pontes, moradias,
escolas, hospitais etc., tudo que faz parte do cotidiano de uma urbe, integram os projetos
de reconstrução, quando são implementados, ora a população participa das decisões, ora
assiste como um espectador as mudanças que vão redesenhando a cidade e a história de
suas vidas.
Reconstruir uma cidade, não é uma tarefa fácil, isto porque a reconstrução não
ocorre simplesmente pela via da arquitetura, da implantação dos insturmentos de
prenveção a desastres naturais, mas também da subjetividade do indivíduo que envolve
sua história de vida, sua identidade, pois as águas, quando retornam ao leito do rio, levam
não só os escombros das casas, ruas, pontes e avenidas, mas levam também os espaços

2
de memória, as fotografias, pápeis importantes guardados no fundo da gaveta que fazem
parte da história e identidade do indivíduo.
Nesse sentido esta pesquisa tem como objetivo analisar a percepção dos
moradores de Palmares no que se refere ao projeto de reconstrução da cidade após a
enchente 2010. De acordo com boletins de informações2, em Palmares, mais de duas mil
famílias ficaram desabrigadas; o maior hospital público da cidade ficou sem condições
de funcionamento; escolas foram atingidas; além da destruição de pontes, ruas, estradas,
vários estabelecimentos comerciais, bancos e repartições públicas.
Muitos dos moradores e comerciantes perderam tudo que possuíam, inclusive
documentos pessoais e iconográficos que faziam parte da história e da memória individual
e coletiva. A cidade foi virada ao avesso e reconstituir esse lugar tornou-se uma
emergência.
É importante observar que não foi a primeira vez que esse município foi atingido
por uma enchente de grande proporção. Em 2002 um desastre ambiental desta natureza
também deixou parte da cidade destruída. Oito anos mais tarde, em 2010, a inundação se
repete, e a cidade mais uma vez é posta em estado de emergência. Como se não bastasse,
um ano mais tarde, em 2011, Palmares recebe outra visita das águas do Rio Una, só que
em menor quantidade.
Nesse sentido, conhecer a interpretação dos moradores de Palmares sobre a
rescontrução da cidade torna-se importante, pois, a cidade existe porque o homem lhe dá
forma, seja na sua expressão material – ruas, praças, edifícios, seja na sua dimensão
simbólica. “É a presença humana, com suas características peculiares, que permite a
construção de uma identidade ao espaço construído diferenciando, por vezes
radicalmente, uma cidade da outra.” (LEITÃO: 1998 p. 46). A vida na cidade é uma
expressão da diversidade do ser humano e da sua complexidade.

2. Sobre a Reconstrução da Cidade

Clarissa, cidade gloriosa, tem uma


história atribulada. Diversas vezes
decaiu e refloresceu (CALVINO, 1990
p. 98)

2
Disponível em http://www.palmares.pe.gov.br/254-familias-sao-beneficiadas-com-novas-moradias-em-
palmares/ Acesso em 10/09/2013.

3
Tal qual Clarissa, cidade imaginária dos contos de Marco Polo, o município de
Palmares já foi inundado inúmeras vezes pelas águas dos rios Una e Pirangi. Em junho
de 2010, não foi diferente, a notícia de mais uma enchente é recebida pelos moradores
da cidade de Palmares, até então, sem muitas preocupações, pois, para quem habita as
margens de um vigoroso rio, receber a visita de suas águas, de tempos em tempos, já faz
parte da rotina da cidade3, mas ninguém imaginava o devir; nesse ano, não foi a visita das
águas calmas que vez por outra enchia as ruas da urbe, mas de águas ferozes, que segundo
Bachelard são águas em que os nervos estão à flor da pele, “desta vez o elemento se
enfurece, sua cólera torna-se universal; a tempestade ribomba, o raio corusca (...) e a água
inunda a terra”(2002:188 ). Nesse momento a cidade sucumbe, as águas a encharcam. Tal
qual aconteceu com a mitológica Atlântida, a Região Baixa de Palmares submergiu e
desapareceu da vista de seus moradores.
De acordo com dados da imprensa a água subiu mais de 10 metros com o
transbordamento dos rios Una e Pirangi, que cortam a cidade. A quantidade e violência
das águas deixaram ruas e avenidas viradas ao avesso. Dezenas de pessoas perderam suas
casas e bens que nelas guardavam; viam-se comerciantes desolados com os prejuízos das
perdas de seus estabelecimentos, e pessoas desempregadas diante da destruição dos seus
locais de trabalho. Naquele momento sobrava, apenas, o desespero e o desencantamento
do mundo.
A destruição de boa parte da cidade de Palmares fez emergir a necessidade da
reinvenção desta urbe, uma vez que a água ao retornar para os leitos dos rios levou
consigo não só os escombros, mobiliários, artefatos do comércio, mas também a história
iconográfica, documentos, sonhos e lembranças. Milhares de seus habitantes ficaram
como dizem pelas ruas, “só com a roupa do corpo,” muitos sem nenhum documento.

Perdi tudo, roupa, documento, móveis, minha casa caiu uma parte e
outra ficou de pé, mas a parte que ficou de pé estava rachada (Lídia4)

Perdi roupas, calçados, móveis, feira, tudo, saí com a roupa do couro.
Só não perdi a vida que é o bem maior que a gente tem. (Lúcia)

Só consegui tirar algumas roupas, a água subiu muito rápido, porque


vez por outra tem cheia, mas desta vez foi pior de todas, levou tudo que
a gente tinha. (Mirtes)

3
Segundo informações de moradores, é comum no inverno, com fortes chuvas, o Rio Uma transbordar.
4
Como compromisso ético assumido junto aos entrevistados, neste texto todos os nomes são pseudônimos
para resguardar o sigilo da identidade dos informantes.

4
Figura 1 – Rua em Palmares – 2010
Foto: Messias Pierre

Figura 2 – Escombros de Residências 2010


Foto: Messias Pierre

Passadas as primeiras horas da enchente, o que se via pelas ruas da cidade eram
escombros, muita lama e pessoas que andavam de cá para lá perambulando pelas ruas
atordoadas com o que viam.
Eu cheguei para ajudar as pessoas, quando entrava na cidade era um
susto, era muita lama, muito escombro, mas o que mais me chamou

5
atenção foi ver as pessoas andando sem rumo pelas ruas, olhando suas
casas e chorando. Penso que quando as pessoas perdem suas casas
perdem a sua raiz e vem o medo de não ter como reconstruir um lugar
para morar (Luíza)

A impressão de Luíza corrobora com as ideias de Bachelard ao considerar a


casa o lugar do pertencimento, o nosso canto no mundo, o primeiro universo que
conhecemos. Lugar de abrigo, refúgio, memória, sonhos e também de conflitos, “ela
mantém o homem através das tempestades do céu e das tempestades da vida. Ela é corpo
e alma. É o primeiro mundo do ser humano” (1988, p. 113). É lugar privado, de
intimidade, proteção, segredo, reconhecimento e inclusão.

A água subiu na sexta e no domingo estava mais baixa, a gente voltou


em casa, mas não prestava mais nada perdi tudo, não dava para
recuperar nada. Senti muita tristeza, um desespero, mas depois fui me
aclamando e pensei em trabalhar para ter tudo de novo. Mas tem coisa
que não se recupera..., agora não tem foto não tem nada, só lembrança
da cheia... Depois é ter esperança de ter uma casa de nova um lugar para
viver (Lúcia).

Minha casa não caiu, mas perdi tudo que tinha, minha filha ia casar e o
enxoval dela estava pronto, mas a cheia levou, levou também as fotos,
tudo que tinha em casa, fiquei com a roupa do corpo, mas vendo outras
pessoas fiquei numa situação melhor, porque a minha casa não caiu,
então limpei e voltei pra ela. Daqui não quero sair, as casa do governo
são pequenas demais, gosto de morar nesse lugar, aqui me criei, casei e
vou casar uma filha, não quero sair daqui, é na beira do rio, mas eu
quero ficar (Vitória)

Para suprir a necessidade de dezenas de desabrigados, locais não inundados


foram transformados em abrigos, a exemplo de escolas e igrejas. Com o baixar das águas
e a impossibilidade do retorno a moradia muitas famílias passaram a residir em tendas.

Na tenda era muita dificuldade, é muito ruim não ter um canto para
viver. Lá tinha muriçoca, formiga, e quando chovia alagava a tenda e
eu tinha medo do vento. Ficávamos cavando para água correr e o povo
do governo não aparecia, e molhava tudo, colchão, roupa tudo (Lúcia).
Fiquei na tenda um ano e cinco meses esperando um lugar para morar,
lá era muito ruim. Era uma quentura danada, não tinha privacidade de
nada, para tomar banho, nada. Era muito apertada. Tinha cozinha
coletiva, mas a gente cozinhava dentro das tendas mesmo, eu comprei
um fogão pequeno de duas bocas porque a comida da cozinha coletiva
era muito ruim, Quando chovia entrava água dentro das tendas, era noite
sem dormir, era uma agonia, botar as coisas para fora para enxugar tudo,

6
depois colocar para dentro. Ficávamos dentro da tenda porque não tinha
para onde ir (Mirtes).

Sentimentos de abandono, de incerteza do devir, fizeram parte da vida dos


desabrigados pela enchente e a necessidade de revigorar o pertencimento e recomeçar a
vida encontrou forças na fé, na crença de que Deus ajudará. Acreditam que embora
tenham perdido tudo, não perderam a vida e a capacidade de trabalhar, assim recomeçar
foi:

Recomeçar não foi a primeira vez, Deus dá a gente para recomeçar, a


gente só não recomeça quando tem a morte, mas como estamos com a
vida temos que recomeçar, no começo a gente tinha as doações, depois
não tinha mais, tinha o bolsa enchente, depois veio a casa, mas até
chegar a casa foi difícil. (Lídia)
Temos que ter esperança, porque sem fé e esperança não tem vida.
(Lúcia)

A crença no divino tem se repetido nos discursos dos atingidos pela enchente,
do mesmo modo que a ideia do trabalho como meio de reconstituir a normalidade do
cotidiano. Também consideram o recebimento das casas como mais um recomeço de suas
vidas, em novo lugar, e agora necessitam de mobília, vestimentas, etc. Ao ocupar o novo
bairro eles ainda iniciam a luta: pelo transporte público, construção de escola pública,
posto de saúde e área de lazer. O novo bairro foi construído longe do centro da cidade,
aproximadamente 3 km em área de morro, seus moradores necessitam diariamente ir ao
centro para trabalhar, estudar, fazer compras, etc. Foi a partir de suas reivindicações que
hoje a comunidade já conta com um transporte que faz o itinerário do novo bairro ao
centro, mas a escola, posto de saúde, área de lazer e a construção de uma passarela para
ter segurança na travessia da rodovia (BR 101), são pautas de luta que ainda permanecem.
No contexto da reconstrução da cidade outras reivindicações envolvem também
habitantes não atingidos pelas águas, mas que dependem dos serviços públicos, a exemplo
da construção do novo hospital que é percebida como positiva, no entanto a população
aponta a dificuldade de acesso, visto que a sua edificação foi feita longe do centro da
cidade, em local de morro (o anterior localizada na área do centro foi totalmente
destruído), e o transporte público é precário e quando se busca alugar um carro (taxi),
custa caro.

7
Além da construção do hospital, atualmente, ao caminhar pela cidade de
Palmares é possível perceber que as pontes e alguns edifícios que abrigam repartições
públicas já foram reconstruídos, restam algumas obras serem concluídas, a exemplo de
escolas públicas. Também há obras para reordenamento das margens do rio Una. O que
antes eram residências ou estabelecimentos comerciais dão lugar ao calçadão com ciclo
via.

Figura – 3 – Margem do Rio Una reconstruída


Foto: Sandra Simone

Com as obras de reconstrução, pouco a pouco o desenho urbanístico da cidade


vai tomando outra forma, espaços antes não ocupados, localizados nas áreas de morro,
atualmente abrigam o hospital público e os novos bairros, sendo esses últimos a
representação de abrigo, esperança, conquistas, persistências e novas lutas. Os moradores
ao ocuparem esses bairros trazem não só a pouca mobília que possuíam. Eles trazem a
subjetividade, a emoção de receber um casa para morar, quando antes tinham perdido
tudo que possuía. É perceptível o sentimento de esperança, vitória e reinício de novas
lutas. Já os que ficam na parte baixa da cidade, nos antigos bairros, por vezes, entendem
a necessidade da reconstrução, mas não desejam sair de suas residências localizadas às
margens do rio e empreitam a resistência de permanecer e lutar contra a desapropriação
dessas áreas.
A resistência dos que ficam às margens dos rios e a luta daqueles ocupam e

8
buscam a melhoria dos novos bairros demonstram que a cidade não é simplesmente feita
de concreto ela é, como observa Antônio Paulo Rezende, “a cidade é, na verdade, a
grande moradia dos homens, ponto de encontro e desencontro dos seus sonhos e dos seus
desejos”(REZENDE, 2002 p. 18). Desejos esses que se entrecruzam, e compõem o seu
cenário, por meio de um movimento coletivo, que segundo Eduardo Duarte perpassam

(...) todas as escolhas e conflitos de escolhas, somam-se com o passado


fundador geográfico e com os sonhos de cada momento por futuros
melhores. Um desejo que sobrevive a invasões, destruições e pilhagens;
que se reconstrói num caminho possível ou perde vontade de existir e
sucumbe em ruínas. Um desejo composto por camadas ou estratos de
vontades, de sonhos, frustrações, que constroem técnicas para satisfazê-
los, mas que também são construídos pelas mesmas técnicas.
(DUARTE, 2006 p. 105)

Os sonhos, desejos e necessidades dos moradores de Palmares somam-se aos


projetos da gestão pública de reconstrução, e nesta junção ora esses moradores lutam por
melhorias, ora comemoram vitórias, e neste movimento a população da cidade ratifica a
sua identidade, uma vez que, embora no contexto capitalista as urbes desempenhem
objetivos comuns, elas se diferenciam por sua história, suas características geográficas,
seu simbolismo, fundando uma cultura que se expressa na sua paisagem e nas relações do
cotidiano.

3.Considerações Finais

O projeto de reconstrução da cidade de Palmares além de contemplar a


organização de novos bairros, a partir da edificação de unidades de habitação destinados
aos desabrigados pela enchente ou do Programa Minha Casa Minha Vida5, também
abrange a construção da barragem de Serro Azul 6, uma obra que visa evitar novas
enchentes como a ocorrida em 2010. Esta obra como comenta alguns dos entrevistados,

5
Ação do Governo Federal, o Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) se propõe a subsidiar a
aquisição da casa própria para famílias com renda até R$ 1.600,00 e facilitar as condições de acesso ao
imóvel para famílias com renda até R$ 5 mil. (Disponível em: http://www2.planalto.gov.br/excluir-
historico-nao-sera-migrado/saiba-como-funciona-e-como-participar-do-programa-minha-casa-minha-
vida. Acesso em 30/05/2014).
6
Está sendo construída na bacia do Rio Una, no distrito de Serro Azul, em Palmares. Esta barragem também
atenderá os municípios de Bonito e Catende, para evitar enchentes e garantir o abastecimento de água da
região. (ITEP, disponível em http://www.itep.br/index.php/projeto-barragens/barragens/serro-azul, acesso
em 23/05/2014)

9
é vista como uma atitude positiva da gestão pública, pois, consideram que pela primeira
vez estão sendo percebidos pelo poder público. O que a enchente de 2010 teve de positivo
“foi o governo olhar para nossa cidade”, e tomar medidas preventivas para evitar outras
enchentes.
Uma preocupação também apontada por alguns moradores de Palmares consiste
no destino que será dado aos locais que foram destruídos e ainda permanecem em ruinas,
além, da busca de melhorias para o novo bairro, um meio de suprimir a precariedade da
iluminação pública, a falta de segurança para travessia da rodovia e a construção de escola
e do posto de saúde.
Assim, se por um lado é visível um grande número de obras estruturais
destinadas a reordenação da vida dos atingidos pela enchente, por outro, tais obras
apontam para novas reivindicações da população, principalmente na garantia do
atendimento dos serviços públicos (transporte, saúde, educação, etc) nas áreas
construídas.

4.Referências Bibliográficas

BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. São Paulo. Nova Cultural. 1988.

____________A água e os sonhos: ensaio sobre a imaginação da matéria. São Paulo.


Martins Fontes. 1997.

CALVINO, Italo. As cidades invisíveis. São Paulo. Companhia das Letras.1990.

CLARKE, Robin; KING, Jannet. O atlas das águas. São Paulo. Publifolha. 2005.

DUARTE, Eduardo. Desejo de cidade: múltiplos tempos, das múltiplas cidades, de uma
mesma cidade. In PRYSTON, Angela (org). Espaços urbanos na comunicação e
cultura contemporânea. Porto Alegre. 2007. p. 100-115.

INSTITUTO DE TECNOLOGIA DE PERNAMBUCO. Projeto Barragem de Serro


Azul. Disponível em http://www.itep.br/index.php/projeto-barragens/barragens/serro-
azul, acesso em 23/05/2014

LEITÃO, Lucia. Os movimentos desejantes da cidade: uma investigação sobre


processos inconscientes na arquitetura da cidade. Recife. Fundação de Cultura Cidade do
Recife. 1998.

10
PREFEITURA MUNICIPAL DE PALMARES. 254 Famílias são beneficiadas com
novas moradias em Palmares Disponível em http://www.palmares.pe.gov.br/254-
familias-sao-beneficiadas-com-novas-moradias-em-palmares/ Acesso em 10/09/2013

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Saiba como funciona e como participar do


Programa Minha Casa, Minha Vida. Disponível em:
http://www2.planalto.gov.br/excluir-historico-nao-sera-migrado/saiba-como-funciona-
e-como-participar-do-programa-minha-casa-minha-vida

REZENDE, Antônio Paulo. As múltiplas cidades de Calvino e Freyre. In Guia prático,


histórico e sentimental da cidade do Recife. 5ª ed. São Paulo Global. 2007.

11

Você também pode gostar