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Parece que a gente está falando das últimas eleições!! Mas, não...
Dois mil e quatrocentos anos atrás.
Cara, vamos deixar uma coisa clara: quando eu falo aqui para vocês
que o Platão não queria democracia, a gente tem que ter em mente que o
Platão não queria substituir a democracia por uma horrível ditadura. O
que ele queria, meu, na realidade, era prevenir as pessoas de votarem, até
elas começarem a pensar racionalmente, até que eles se tornassem
pessoas sábias, até que eles se tornassem verdadeiros filósofos. Porque,
do contrário, o governo seria apenas um tipo de mobilização popular. O
governo seria apenas um aglomerado de gente, sem um líder, sem alguém
que coordenasse essa caminhada. E o Platão se sentia sozinho nesse
mundo. E aí para ajudar nesse processo, o que Platão fez? Ele fundou uma
escola, chamada Academia (agente já conversou sobre isso), lá em Atenas.
E que durou, essa escola, uns bons trezentos anos. E lá, os alunos dele, os
discípulos dele, os pupilos dele aprendiam não apenas gramática,
matemática, mas também como serem bons, serem corretos, como serem
gentis. O seu objetivo principal, do próprio Platão, era que os políticos se
tornassem filósofos. O que ele dizia, cara, literalmente, é o seguinte:
“Que o mundo não vai dar certo até que os reis se tornem filósofos,
ou que os filósofos se tornem reis”.
E aí, ele vem com uma ideia maravilhosa, que é o conceito que eu
vou trazer para vocês. A ideia utópica de Platão para os governantes é
Então, o que o Platão diz? Que as pessoas têm que ter acesso à
educação independentemente da sua classe social; independentemente
da classe, do núcleo, do grupo social a que ela pertença desde o seu
nascimento. Quando ele diz como ele vai ensinar essas pessoas, ele deixa
muito claro. Na sua formação, as crianças iriam passando por um
processo de seleção, ao longo do qual seriam destinadas a uma das três
classes que formam a cidade. Assim como Platão dizia que nós tínhamos
três almas dentro de nós, ou seja, a alma desejante – que busca os seus
objetivos, a alma irascível – que tem essa violência, essa ira dentro de ti e
a alma racional – que tem essa parte intelectual, pensante. Ele também
enxergava que as pessoas tinham essa própria existência, essa própria
linha de existir. Então, ele dizia que os produtores seriam essa alma
desejante, os defensores seriam a alma irascível e os governantes seriam a
alma racional. Mas isso aqui nós vamos ver numa outra hora aí, com mais
propriedade, com mais tempo - quando a gente falar de política
propriamente dita. O que interessa é o seguinte: que os mais aptos
continuariam seus estudos até o ponto mais alto desse processo. E qual
seria o ponto mais alto desse processo? A filosofia em si. A fim de eles se
tornarem sábios e assim se habilitarem a administrar a cidade. Meus
amigos, esse sistema de ensino existe até hoje, na Alemanha, por
exemplo. As pessoas podem escolher o quanto mais eles avançam; eles
podem ficar num nível mais básico, ou ir adiante conforme for suas
propensões , as suas notas e a sua efetividade enquanto estudante. Então,
cara, olha só o que eu quero que vocês prestem atenção: Platão descreve
a educação de Reis-filósofos como sendo desde a educação primária até
O único porém, cara, que aconteceu com a morte dele, ele morre
nessa batalha em Viena, e aí ele é cremado lá, e seus restos mortais
voltam para Roma, e ele está junto com o Adriano, os dois estão
enterrados no Castel Sant’Angelo, só para avisar para vocês. Mas tu sabe,
cara, qual foi o grande problema do Marco Aurélio, meu? É que ele passou
para ser imperador o seu próprio filho, né? Consanguíneo, filho real dele,
que era o Cômodo. E o Cômodo era um cara, extremamente, egocêntrico,
né? É que com a morte dele, o Cômodo não foi preparado para isso. E aí,
meu, ali começa o declínio do Império Romano. E é por isso que a gente
fala do cômodo, esse cara que é um poltrão, que está sempre embaixo das
cobertas, quentinho, né? O cômodo; está tudo muito cômodo, vem do
nome do filho do Marco Aurélio. Que é o cara, por não agir, por estar
recheado de positividade, deixa de tomar as funções que eram necessárias
ao imperador e assim ele perde todo o Império Romano. É muito
importante a gente atentar, prestar atenção que toda a vida do Marco
Aurélio, como governante, foi calcada por decisões que levassem em
Olha que legal, cara! A melhor vingança contra os maus é nós não
sermos como eles. E aí ele nos ensina ainda: Por que ele pensava na
sociedade, né? Em querer ajudar? Ser esse bom imperador? Porque para
ele, cara, a humanidade toda é unida por um parentesco que não é de
sangue, nem de nascença, mas ela comunga da mesma fonte de
inteligência suprema. Da mesma essência! A gente vem da mesma raiz! O
respeito que ele emanava inspirava todos que com ele conviviam. E
quando ele era perguntado, o que as pessoas deveriam fazer para serem
iguais a ele; o que era necessário para ser igual ao Marco Aurélio? Sabe o
que ele dizia, meu? Ele dizia o seguinte:
É no seu livro Meditações, esse que estou lendo para vocês – que eu
sempre aconselho vocês lerem, como eu já falei também até como livro
de cabeceira, já que tu quer aprender mais sobre o estoicismo, e essas
grandes práticas de um líder, desse Rei-filósofo, ali tem o resumo dos
pensamentos que giravam fecundamente na cabeça desse imperador.
Cara, eu digo para vocês o seguinte: cada leitura dele é uma pérola.
Pérola! Pérola! Porque tu imagina o seguinte, meu: o cara é o líder
supremo, o rei absoluto do maior império que já existiu. O homem mais
poderoso que a história tem notícia até hoje. Ele combatia nas frentes no
Olha o que ele diz para nós, cara: Observa, aprende, entende o
processo – age!
Baita aula, né, cara? Baita assunto, cara. Olha essa vida; olha a
existência desse cara. A gente está passando lá do Platão, expliquei para
Seja esse homem bom, toma para ti a prática da vida. Não fiquem
só nesse mundo da conversa, vá para o teu dia a dia. Essa são as
aplicações do estoicismo. Aceita que tu vai morrer. Lembre-se que vai
morrer – Memento mori. Amor fati – encare o destino. Tenha em cada
vicissitude uma oportunidade de crescimento. Se nós nos inspirássemos
em Marco Aurélio, esse mundo todo seria diferente. Se nós nos
inspirássemos em Marco Aurélio, o mundo seria cada vez melhor, com
vidas mais pujantes, com respeito.
Na nossa próxima aula, nós vamos pular dois mil anos e vamos
chegar até o século XIX, para ver que o próprio Nietzsche tinha uma visão
quase igual a do Platão. Um pouco mais polêmica, mas quase igual a do
Platão, pensando quem seria esse super-humano, esse ubermensch. E se
existe alguém que seria capaz de chegar perto dessa ideia do humano
capaz de alcançar a exposição, alcançar o máximo, alcançar a glória. A
existência plena. É isso que a gente quer procurar, cada vez mais nos
enchermos de alegria, de saber, de poesia e de virtude. É por isso que a
gente está fazendo aqui esse Corações e Almas.