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EDUCAÇÃO INFANTIL:
O CURRÍCULO SOBRE A NATUREZA
Cristiani Freitas Ferreira
Prevenção em saúde: projeto Como lidar com transtornos
une família e escola neuropsiquiátricos em sala de aula?
sumário
06 22
CIÊNCIAS APRENDIZAGEM
Educação Infantil: o currículo sobre A pedagogia de projetos nos anos
a natureza iniciais do Ensino Fundamental
Cristiani Freitas Ferreira Silene Brandão Figueiredo
24
EJA
09
Refletindo sobre a Educação de
DICAS PARA A COORDENAÇÃO
Jovens e Adultos
PEDAGÓGICA
Adriana dos Santos Cunha
O que tem dentro do corpo do gato?
Cristiani Freitas Ferreira
26
RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA
A arte de educar – Uma orientação
12 para pais
SAÚDE Myrian Torres Morgan Passamai
Do Currículo Familiar ao Escolar: o Martins
caminho da prevenção moderna
Ana Cecilia Petta Roselli Marques e
Evelina Holender 28
TECNOLOGIA
Mídias no ambiente educacional:
interlocuções entre Educação,
15 Planejamento e Psicologia Ambiental
BRINCADEIRA Mari Ângela Barboza, Bettieli
O lúdico na Educação Infantil Barboza da Silveira e Maíra
Renata Aguilar Longhinotti Felippe
30
SAÚDE
18 A comunicação e a saúde vocal
APRENDIZAGEM
Katia Reis de Souza Costa
O trabalho com projetos
pedagógicos na Educação Infantil
Pamela Cristina Alvares Araujo
34
DIFICULDADES DE
APRENDIZAGEM
A importância da formação dos
21 professores para lidar com os
PÁGINA DO PSICOPEDAGOGO transtornos neuropsiquiátricos na
Preguiça ou dificuldade de sala de aula
aprendizagem? Roseli Lage de Oliveira e Erica
Maria Irene Maluf Panzani Duran
Direcional Educador 3
Caro leitor,
issN 1982-2898 Constantemente apontamos que a educação precisa
mudar, avançar, acompanhar o ritmo de seus alunos. É
DirETorEs
Luiza oliva preciso saber o que fazer com a tecnologia – celulares,
marcelo santos tablets, computadores estão cada dia mais acessíveis
e mais facilmente manipulados por crianças e jovens.
EDiTorA
Luiza oliva
Tecnologias à parte, nada substitui o bom e velho
papel, sejam livros, revistas, jornais ou outras formas
CoLABorArAm NEsTA EDiÇÃo impressas de comunicação e de acesso à informação e
Adriana dos santos Cunha ao conhecimento. Esta edição de Direcional Educador
Ana Cecilia Petta roselli marques
Bettieli Barboza da silveira
que você lê em sua tela é a primeira totalmente digi-
Cristiani Freitas Ferreira tal, desde o lançamento da revista, em 2005. Em seu
Erica Panzani Duran 12º ano de circulação, a revista está se atualizando.
Evelina Holender Assinantes agora têm acesso a todo o nosso vasto e
Katia reis de souza Costa
completo Acervo Digital. São centenas de entrevistas,
maíra Longhinotti Felippe
mari Ângela Barboza artigos, projetos, séries e cursos que os leitores podem
Ano 12 – Edição 136
maria irene maluf consultar com praticidade e rapidez. E o melhor, po-
myrian Torres morgan Passamai martins dem baixar os arquivos e imprimir, para aqueles que não dispensam o bom e velho papel. Ao
Pamela Cristina Alvares Araujo
dispor todo o conteúdo da revista no site pudemos relembrar e avaliar o quanto já foi feito em
renata Aguilar
roseli Lage de oliveira
nossa história. Quantos nomes indispensáveis para a formação de educadores passaram por
nossas entrevistas e quantos especialistas colaboraram com seus textos. Nada disso está de-
EDiTorAÇÃo
fasado, pelo contrário, são conteúdos primorosos e de grande qualidade para a formação de
Adalton martins
Vanessa Thomaz
nossos leitores. Vale a pena pesquisar, ler, estudar e aproveitar esse conteúdo, que continuará
sendo enriquecido com novas edições digitais.
ATENDimENTo Ao LEiTor E AssiNATurAs
Nesta edição mais do que especial, nosso tema de capa é um projeto de prevenção ao uso de
contato@leituraprima.com.br
álcool e drogas, desenvolvido pela educadora Evelina Holender e pela médica psiquiatra Ana
JorNALisTA rEsPoNsáVEL Cecilia Petta Roselli Marques. A Educação Infantil também tem espaço em vários artigos, entre
Luiza oliva
eles Educação Infantil: o currículo sobre a natureza, de Cristiani Freitas Ferreira, que assina
mTB 16.935
luiza@leituraprima.com.br
as Dicas para a Coordenação Pedagógica sobre o mesmo tema. O trabalho com projetos é
enfocado em dois textos, assinados por Pamela Cristina Alvares Araujo e por Silene Brandão
imPrEssÃo
Figueiredo.
Laser Press
A saúde da voz do professor, a necessária formação para lidar com transtornos neuropsiquiá-
tricos em sala de aula e as estratégias necessárias para atuar na Educação de Jovens e Adultos
FiLiADA À estão entre outros temas desta revista.
Aproveite ao máximo sua leitura digital e acessível!
Um abraço,
Luiza Oliva
Editora
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Prima, com circulação nacional.
Dirigida a diretores, educadores, coordenadores e demais
para sua formação!
profissionais que atuam na área da Educação.
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Direcional Educador 5
CiÊNCiAs
Educação infantil
o cuRRÍculo sobRe a natuReZa*
:
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A s crianças, desde muito pequenas, aprendem diariamente
como respeitar ou desrespeitar, conservar ou desperdiçar,
entre tantas coisas boas e más que os adultos ensinam.
O fato é que nenhuma delas irá desenvolver a consciência ambiental
se não houver um adulto que lhe dê referências, o que chamamos de
na Terra, assim como o não desperdício dos recursos naturais;
6 Direcional Educador
CIÊNCIAS
Em seu cotidiano, as crianças formulam hipóteses o tempo todo. sim como deixar formuladas as perguntas interessantes, as respostas
É necessário que o professor esteja preparado para desenvolver ex- científicas para elas, bem como as possibilidades de sequências di-
periências e vivências no eixo natureza. Experiências envolvem as dáticas, experiências e vivências para cada assunto. Esta é uma dica
diversas formas de representação e explicação do mundo social e preciosa para os educadores que não desejam “inventar a roda” a
natural, para que as crianças possam estabelecer progressivamente a cada ano letivo, mas apenas melhorar suas práticas, acrescentando
diferenciação que existe entre mitos, lendas, explicações provenien- novas ideias. Este caderno se compõe de páginas ou capítulos de
tes do “senso comum” e conhecimentos científicos. Mas, o que é co- principais objetos de estudo de natureza que podem ser explorados
nhecimento científico? Como se trabalha o conhecimento científico na Educação Infantil:
na Educação Infantil?
Conhecimento científico é aquele fruto de experimentação, que ÁGUA
passou pela fase de formulação de hipóteses, de repetição da ex- • Para que serve a água?
perimentação por outros “cientistas”, com o objetivo de testagem • O que tem dentro do rio?
das hipóteses, até a formulação de uma generalização ou lei sobre o • O que o peixe come?
assunto. Isso significa que, colocar sua turma para observar o com- • De onde vem a água que nós bebemos?
portamento das formigas do jardim ou minhocas em um tubo de • Como a água chega à torneira?
terra na garrafa PET, é uma investigação científica. Desde que você • Onde não tem água?
respeite as fases acima, estimulando-os a formular hipóteses sobre o • E se faltar água?
comportamento dos insetos, por exemplo. Por que elas levam pedri-
nhas e folhinhas para dentro do buraco? LIXO
De acordo com o RCNEI, é objetivo de cada fase da Educação • O que é lixo?
Infantil, dentro do eixo Natureza: • Para onde vai o lixo que colocamos no saco e o lixeiro
Até o final dos três anos: Ter desenvolvida a competência leva embora?
de explorar o ambiente, para se relacionar com pessoas, • Por que ele tem cheiro ruim?
fazer contato com pequenos animais, plantas e objetos • Quais bichinhos gostam do lixo? Por quê?
diversos, manifestando curiosidade e interesse; • O que podemos fazer de bom com o lixo?
Até o final dos seis anos: Ter desenvolvidas as competên-
cias de: (1) formular perguntas, imaginando soluções FENÔMENOS DA NATUREZA
para compreender, manifestando opiniões próprias sobre • Por que as sombras dos objetos mudam de lugar ao lon-
os acontecimentos, buscando informações e confrontan- go do dia?
do ideias; (2) estabelecer algumas relações entre o meio • As estrelas são fixas no céu? ou será que elas se movi-
ambiente e as formas de vida que ali se estabelecem, va- mentam?
lorizando sua importância para a preservação das espé- • Por que chove? De onde vem a água?
cies e para a qualidade da vida humana. • O que acontece quando fica muito tempo sem chover?
• O que acontece com o sol de noite?
Dentre as estratégias eficazes, para navegar nas temáticas am- • Que objetos flutuam na água?
bientais na Educação Infantil, os professores deverão: formular per- • Como nasce o rio?
guntas simples, mas interessantes (problematizações); dar o “tempo • Por que a água do mar é salgada?
pedagógico” para que muitos alunos formulem hipóteses, sem “sair
correndo” com a resposta correta, logo após perguntar; levar o mun- ANIMAIS
do natural para a sala de aula (livros, vídeos, fotos e notícias sobre • Quais tipos de animais existem? (domésticos, silvestres
a natureza) e realizar muita experiência direta, em que as crianças e selvagens)
observem e interajam entre si e com o objeto do estudo. • Onde os animais moram?
Para desenvolver o currículo sobre a natureza, o professor da • O que acontece com o cachorro ou gato abandonado
Educação Infantil precisará conhecer os assuntos de Ciências, pois na rua?
a base da prática pedagógica, nesta fase de aprendizagem, está nas • Como o pássaro voa?
perguntas feitas pelas crianças, que jamais poderão receber respos- • O que tem dentro do corpo do gato?
tas infundadas, simplificadas ou improvisadas. Para ajudar, um bom • O que a minhoca come?
caderno, de nome “Eixo Natureza”, elaborado pelo professor, poderá • Por que a formiga entra dentro do buraco?
dar conta das principais explicações solicitadas pelas crianças, as- • Por que o peixe morre se tirarmos ele da água?
Direcional Educador 7
CIÊNCIAS
Pixabay.com
sala de aula terá diversas coleções, construídas por todos os alunos,
permanentemente expostas para estudo e observação. A principal
pergunta no estudo de coleções é “Por que são diferentes?”. Veja o
que você pode fazer com essa ideia:
1. Coleção de pedras conversas, direcionadas para um conhecimento científico, atrelado a
2. Coleção de tipos de solos (terra) uma formação de consciência ambiental. O que esse animal precisa
3. Coleção de insetos para viver? Esse peixinho gosta do lugar onde ele mora?
4. Coleção de sementes
5. Coleção de conchinhas As exposições sobre meio ambiente podem incluir:
6. Coleção de folhas • A montagem de painéis com colagens e frases, ditas pelos
7. Coleção de flores secas alunos durante as conversas.
8. Coleção de minivasinhos de flores vivas • A montagem de jogos de memória e dominós, com os recor-
9. Coleção de plantinhas medicinais tes trazidos por eles.
10. Coleção de fotos de passarinhos • A transcrição das conversas, ou seus melhores momentos, so-
11. Coleção de fotos de peixes bre as imagens trazidas pelos alunos ou levadas pelo professor.
• Os desenhos feitos pelas crianças, após escutarem CD’s com
O professor pode montar várias exposições na sala de aula, pro- sons de natureza.
vocando conversas: • Os desenhos e obras de arte com peixes e animais.
• Solicitar folhas de plantas, do quintal do aluno, para conversar • Maquetes de rios e florestas, feitas com massinha de modelar
sobre diferenças de espécies e fazê-las observar a natureza. ou materiais recicláveis.
• Solicitar fotos de animais de estimação.
• Solicitar recortes, de imagens de revistas, de rios, animais de Assim, quem disse que na Educação Infantil é preciso simplificar
florestas, animais que nunca viram (trabalhar a extinção), de para ensinar sobre a natureza e educação ambiental?
peixes e outros.
*Capítulo “Educação infantil: o currículo sobre a natureza”
Muitas dessas atividades já são feitas pelos professores. O que do Livro “Educação ambiental na escola: guia para educadores”,
pode melhorar, para garantir aprofundamento, são as “perguntas” e Editora Espaço Idea, 2014, SP, autora Cristiani Freitas Ferreira
8 Direcional Educador
Dicas para a
coordenação
pedagógica
Direcional Educador 9
Dicas para a
coorDenação
peDagógica
Temas: água, lixo, plantas, animais do jardim, animais do bairro, houver nova dica, percepção, ideia ou aula com o assunto: ex-
aves, estrelas, peixes, borboletas, insetos, mamíferos (animais que ma- periências, observação, exposição, sugestões para desenho, sugestões
mam), flores, frutas, rochas, praia, rios, tipos de terra (solo), fenômenos para massinha, brincadeira, música para cantar, fotos para reflexão,
da natureza (chuva, sol, arco íris), estações do ano, árvores, etc. livro para ler, passeio no entorno da escola, teatrinho, história para
Itens para cada tema, que serão acrescentados sempre que se contar, filme ou desenho, perguntas para se fazer aos alunos, etc.
TEMA: PLANTAS
EXPERIÊNCIAS CIENTÍFICAS: MÚSICA:
1. Plantio de feijão e outras sementes para verificar o que as 1. Fui à feira
plantas precisam para viver. 2. Alecrim dourado
2. Cultivo de um tipo de planta em copinho de água e de terra,
para entender que as plantas são indivíduos, com preferên- FOTOS:
cias de alimentação e vida. 1. De plantas diferentes, com folhas diferentes.
2. Bicho folha (que parece uma plantinha mas é um inseto)
EXPOSIÇÃO: 3. De uma plantinha carnívora, que processa insetos.
1. De folhas caídas do jardim da escola e de casa das crianças,
LIVRO:
para todos conhecerem tipos diferentes de plantas (folhas
1. A árvore que pensava, Oswaldo França Junior, Editora Nova
compridas, curtas, finas, vermelhas, amarelas, verdes, grossas,
Fronteira
lisas, rugosas, cheirosas, etc.).
2. Para se ter uma floresta, João Proteti. Papirus Editora.
2. De vasos de plantinhas (de fazer chá, de usar como tempero,
Passeio: em área arborizada ao lado da escola, ao jardim, em
de usar como remédio, de enfeitar).
uma loja de plantas, no parque.
Sugestão de desenhos: de vasos, de plantinhas felizes, de plan-
tinhas tristes, de família de plantinhas, de jardim. TEATRINHO:
1. Encenando uma família de plantinhas que queriam água e sol.
BRINCADEIRAS: Mas havia um jardineiro que não molhava as plantas porque
1. Brincar de plantinha, que elas estavam felizes nos vasos e estavam no canto do parque, e elas estavam com sede e fracas.
conversavam com as plantinhas do jardim. 2. Uma festa de plantas, em que todas chegavam com suas fo-
2. Brincar de ir na feira comprar salsinha, cebolinha, coentro, lhas bonitas e diferentes, e iam contando para a plateia como
salada, etc. elas eram, onde moravam (se no chão, no vaso, na floresta,
3. Brincar de fazer chá com plantinhas medicinais. no parque, na calçada) e o que mais gostavam.
4. Brincar de jardineiro.
5. Brincar com terra e areia CONTAÇÃO DE HISTÓRIA:
A janela e a plantinha; A planta e o vento; O caracol e a planta.
FILME OU DESENHO:
João e o pé de feijão
10 Direcional Educador
Dicas para a
coordenação
pedagógica
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Como a experiência do feijão no algodão pode virar uma tro não? As crianças terão que chegar à conclusão sozinhas de
experimentação científica? que sem água a planta não nasce nem vive. Mas talvez deem
A experiência de plantio de feijão acontece em toda a Educação muitas respostas (hipóteses) antes de chegar a essa conclusão.
Infantil, mas como fazer para que essa brincadeira tenha um caráter O professor anotará a conclusão. A generalização será então a
científico? Lembrando que conhecimento científico é aquele fruto de descoberta de que as plantas precisam de água.
experimentação, que passou pela fase de formulação de hipóteses, Em seguida, o professor pode sugerir novo plantio, com
de repetição da experimentação por outros “cientistas”, com o obje- outra semente, para validar a hipótese e ver se isso acontece só
tivo de testagem das hipóteses, até a formulação de uma generaliza- com o feijão ou com todas as plantas. Após validada, inicia-se
ção ou lei sobre o assunto. Então veja essa proposta: outra experiência com o feijão, em que 2 copinhos de algodão
receberão feijão e água, todos os dias, mas um dos copinhos
O professor vai orientar as crianças a plantar feijão no algo- terá um desenho de sol ao lado do nome da criança, e ficará
dão, usando 2 copinhos com o nome dela. Um terá uma gotinha onde receba luz, e o outro copinho será guardado durante toda
desenhada ao lado do nome, para ele saber que deverá colocar a experiência em local fechado (como um armário), apenas
água nesse. O outro não será molhado. Todo dia perguntare- recebendo a água e voltando para o escuro. Quando um dos
mos, na hora de molhar, se observaram alguma mudança na se- copos estiver com a plantinha bem grande, as crianças pegarão
mente. O professor anotará as respostas num cartaz, colocando seus dois copos e farão a observação do que aconteceu com
o dia (25/08 – as crianças notaram que as sementes soltaram cada um.
um cabo verde e começou a crescer. 02/09 – as crianças nota- O professor perguntará então: por que o feijão do armário
ram que o pé de feijão passou a altura do copinho). Os alunos não cresceu? As crianças formularão várias hipóteses, até que o
precisam ver que o professor está registrando as mudanças. professor consiga fazer o registro de mais uma informação: as
Eles irão perceber que o feijão que não está sendo molhado plantas precisam de luz. Para validar, as próximas experiências
(e poderá ficar em outro local para as crianças não correrem o poderão usar outras sementes.
risco de se empolgar e molhar esse também) não cresceu, nem Essa mesma sugestão de observar o que acontece com duas
rompeu a casca. coisas idênticas, colocadas em situação diferente, estimula o
Então o professor perguntará: por que um cresceu e o ou- raciocínio científico das crianças. Explore essa ideia.
É autora do livro Educação Ambiental na escola – Guia para educadores e de coleções e projetos com
foco em direitos humanos da Cria Editora (Mãos da Paz e A Bola que Não Rola www.criaeditora.com.br).
cristianifreitas@yahoo.com.br – www.educabrasilconsultoria.com.br
Direcional Educador 11
PrEVENÇÃo
12 Direcional Educador
PREVENÇÃO
Direcional Educador 13
PrEVENÇÃo
14 Direcional Educador
BRINCADEIRA
O Lúdico na
Educação
Infantil
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Renata Aguilar
o
mundo está evoluindo, novas tecnologias e avanços estão a mudar, mas é uma mudança a longo prazo.
surgindo. Junto com a globalização e a tecnologia, surgem É importante compreender um pouco mais sobre o grande uni-
nossas crianças cada vez mais envolvidas neste dia a dia ex- verso infantil e que a Educação Infantil possa ter um olhar diferen-
tremamente tumultuado. Assim, pais e professores sentem- ciado tanto pelas famílias quanto pelos educadores.
-se confusos no que se refere à educação. Muitos educadores de Educação Infantil acreditam que o lúdico
Infelizmente, alguns acreditam que a educação escolar inicia-se na construção do conhecimento refere-se apenas em levar as crian-
no Ensino Fundamental, especificamente agora no 1º ano, de acordo ças ao parque ou a uma sala de brinquedos e deixá-las brincar livre-
com as novas mudanças, e que, na Educação Infantil, as crianças mente. Tudo deve ser muito bem planejado. Muitas escolas de Edu-
apenas “devam brincar”. cação Infantil são abertas como microempresas e as crianças passam
Quando os pais procuram uma escola de Educação Infantil, é co- a ser clientes, ou melhor, seus pais deixam-nas na instituição por 4,
mum ouvirmos as seguintes frases. 8 e até 12 horas, com o objetivo de que a escola cuide de seus filhos
“Ele convive muito com adultos, por este motivo quero colocá-lo enquanto estão trabalhando.
na escola.” Definir aprendizagem não parece ser fácil quando se questiona
“Ele precisa aprender a repartir, é muito egoísta!” os professores sobre seu significado. Alguns definem que aprender
“Preciso trabalhar! É melhor meu filho ficar na escola do que significa conhecer coisas. Para outros, aprender significa modificar
com os avós que fazem suas vontades.” comportamentos e atitudes.
A aprendizagem é resultante de experiências vividas que nos le-
Partindo desta linha de pensamento, os professores de Educação vam a mudanças de comportamento, assim como mudanças internas
Infantil são confundidos com “cuidadores de crianças”. de atitudes. Acredita-se que só pode haver aprendizagem quando
Atualmente, em algumas escolas, este conceito está começando esta torna-se significativa para o ser humano.
Direcional Educador 15
BRINCADEIRA
Imagine uma criança tentando andar de bicicleta. Ela cai inú- aprendizagem de uma criança. O lúdico consiste em proporcionar
meras vezes, mas não desiste. Aprender a andar de bicicleta passa uma aprendizagem prazerosa e significativa para a criança. E, por que
a ser um desafio, assim como o fato de andar sozinha apresenta, os professores ainda sobrecarregam os alunos com uma quantidade
também, um significado. Existe uma situação estimuladora: seja a enorme de conteúdos e conceitos e preenchimento de apostilas, ca-
bicicleta que acabou de ganhar ou o fato de os amigos já saberem dernos e livros?
andar sozinhos. Isto acontece muitas vezes pela cobrança dos pais: “Escola boa é
Após conseguir superar este desafio, ocorre uma mudança de aquela que dá muito conteúdo”. E também por falta de experiência
comportamento nesta criança e logo ela procurará novos desafios e dos educadores em criar diferentes formas de aplicar o conhecimento.
aprenderá novas situações, como andar de patins, por exemplo. É neste ponto que a ludicidade integra a escola de forma que o
Mas o que é aprendizagem significativa? Este é o ponto principal aluno possa adquirir o conhecimento de forma mais criativa e mo-
quando falamos de ensino e aprendizagem dentro da escola. tivadora.
Moreira (1982) aborda que para Ausubel: Atualmente, as crianças são inseridas cada vez mais cedo num
“aprendizagem significativa é um processo pelo qual uma contexto cultural repleto de informação, violência e consumismo.
nova informação se relaciona com um aspecto relevante da es- Assim, estas mesmas crianças ingressam na escola e passam a lidar
trutura de conhecimento do indivíduo... A aprendizagem signifi- com os mesmos aspectos sociais mencionados.
cativa processa-se quando o material novo, ideias e informações O modo mais motivador e atraente é aquele em que o professor
que apresentam uma estrutura lógica, interage com conceitos oferece aos alunos uma vivência diferente com experiências lúdicas.
relevantes e inclusivos, claros e disponíveis na estrutura cogniti- Uma pesquisa da Universidade de Ulster, na Irlanda do Norte, feita
va, sendo por eles assimilados, contribuindo para sua diferencia- com 500 adultos, constatou que os adultos mais saudáveis e com um
ção, elaboração e estabilidade.” estilo de vida mais ativo tiveram uma infância cheia de brincadeiras.
Numa sociedade onde as crianças perderam os parques ao ar li-
Abreu (1990) afirma que: vre, vivem dentro de apartamentos conectados aos tablets, celulares
“toda aprendizagem, para que realmente aconteça, precisa e outros aparelhos eletrônicos, brincar na escola pode favorecer o
ser significativa para o aprendiz, isto é, precisa envolvê-lo como desenvolvimento criativo e uma socialização com os colegas através
pessoa, como um todo (ideias, sentimentos, cultura, sociedade).” de resgate de valores, como solidariedade, trabalho em equipe, valo-
(p. 09) rização do esforço além do conhecimento adquirido com os conte-
údos curriculares. É transformar as aulas teóricas em aulas lúdicas,
Partindo do pressuposto dos conceitos de ensino e aprendizagem alegres e motivadoras.
é necessário analisarmos como o processo lúdico pode favorecer na
A brincadeira
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16 Direcional Educador
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ças pequenas, é que o professor organize suas aulas e a rotina esco- cação Física, pós-graduada em Psi-
lar. Quando preparamos a aula, com os objetivos a serem alcançados copedagogia, com atuação institu-
através de uma sequência didática bem estruturada, as chances de cional e clínica, e em Administração
dar errado são mínimas. Educar é estudar, planejar e, depois, avaliar Escolar. Autora dos livros O Lúdico na
como as crianças reagiram às atividades propostas, o que aprende- Educação Infantil, O Lúdico no Ensino
ram e as mudanças necessárias para aprimorar a prática pedagógica. Fundamental – uma abordagem psi-
copedagógica e O Lúdico na Escola.
Precisamos parar de produzir papéis para as crianças preencherem
Atua como palestrante educacional.
sem significado, precisamos repensar as aulas, conhecer as característi-
professorarenata@terra.com.br
cas de cada faixa etária para, assim, contribuir nessa evolução.
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APRENDIZAGEM
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18 Direcional Educador
APRENDIZAGEM
Direcional Educador 19
APRENDIZAGEM
mento de projetos significativos. Lembrando que “todos os espaços das minada data comemorativa.
instituições de educação infantil são ‘educadores’ e promovem aprendi- Os projetos podem nascer do interesse das crianças, ou da observa-
zagem” (BARBOSA; HORN, 2008, p. 51). ção minuciosa do educador, pois esta estratégia pedagógica serve como
A instituição educacional também deve incluir em seus projetos pe- um fio condutor que nos levará a concretude de novas descobertas e
dagógicos a participação não apenas das crianças e professores, mas de aprendizagens.
toda comunidade educativa, bem como das famílias. Para MOSCHETO; Um projeto que visa à qualidade das aprendizagens é aquele que
CHIQUITO, 2010, p. 209, é fundamental “Envolver a família na vida da es- envolve a participação das crianças no planejamento, desenvolvimento,
cola, abrir espaços de participação e ouvir suas ideias exige criatividade, registro e avaliação. Neste processo o educador deve observar, mediar
ousadia e sentimento de incompletude. É necessário refletir e planejar o e fazer os ajustes necessários, tendo em cada situação proposta uma
trabalho tendo a família como protagonista, não apenas como aprecia- intencionalidade, ou seja, observar o que as crianças já sabem para então
doras de produtos finais”. instigá-las a vivenciar o que ainda lhes são desconhecidos.
O trabalho com projetos pedagógicos na Educação Infantil é uma
estratégia que favorece a participação das crianças, inserindo-as nas
tomadas de decisões em seu processo educativo, considerando suas
vontades, necessidades, hipóteses, construindo com elas e não para elas,
dando sentido e significado às suas vivências, fortalecendo as ralações,
ampliando e qualificando as aprendizagens.
Enfim, “Um projeto envolve uma vasta gama de variações, de percur-
sos imprevisíveis, imaginativos, criativos, ativos e inteligentes, acompa-
nhados de uma grande flexibilidade de organização” (BARBOSA; HORN,
2008, p. 31). Como diria Malaguzzi (1999), trabalhar com crianças signi-
fica estar em contato com poucas certezas e com muitas incertezas. Pois,
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a
sua própria produção ou a sua construção” (Freire, 1997, p. 43).
Referências bibliográficas
BARBOSA, Maria Carmem Silveira; HORN, Maria da Graça Souza. Projetos
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PÁGINA DO PSICOPEDAGOGO
Preguiça ou
dificuldade de
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Direcional Educador 21
APRENDIZAGEM
d a g o g i a
A pe s
o j e t o s n o
de pr d o
n i c i a i s
anos i
ENSINO
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APRENDIZAGEM
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EJA
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Refletindo sobre a Educação de
Jovens e Adultos Adriana dos Santos Cunha
24 Direcional Educador
eja
evidências de que essa modalidade está recebendo alunos provenien- Ética e estética devem estar articuladas dentro de um processo
tes do ensino regular, por iniciativa do aluno ou da escola”. dialético de ensino e aprendizagem, uma vez que não se pressupõe
Considerando esses apontamentos, é necessário haver uma reflexão somente transferir conhecimentos, mas de “construir e reconstruir o
a respeito de quais estratégias devem ser utilizadas para trabalhar com saber ensinado”, isto também está atrelado em respeitar o conheci-
esta heterogeneidade de público existente na sala de aula, uma vez que o mento que os alunos já trazem de sua vivência cotidiana, para con-
professor deve atender tanto aos anseios dos alunos mais jovens quanto textualizá-lo e garantir, a estes indivíduos, uma formação integral.
dos alunos mais velhos. O trabalho com projetos interdisciplinares que Portanto, pensar o ensino da EJA não deve ser em caráter tecni-
trabalham com conteúdos políticos e sociais da atualidade podem ser cista, de modo a garantir competências para a atuação no mercado
bem interessantes, uma vez que propiciará aos alunos a ampliação do de trabalho, de acordo com as demandas do sistema capitalista e
conhecimento por abordagens de diversas disciplinas, além de um des- do mundo globalizado, isto é o que Paulo Freire conceituava como
pertar para a conscientização política enquanto cidadão. “treino”, mas de propiciar a este público a formação integral do in-
A maioria dos alunos desta modalidade de ensino são trabalha- divíduo, tirando-o da exclusão e da marginalidade social a que está
dores, portanto, o trabalho em sala de aula com o eixo “mundo do submetido, levando-o, de fato, a compreender a “leitura do mundo”.
trabalho” deve ser considerado, possibilitando ao aluno “reconstruir”
a sua aprendizagem, partindo de sua vivência cotidiana para o co-
Referências bibliográficas
nhecimento científico.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Dispo-
Cabe lembrar que o ensino não deve ser “infantilizado”. Não é nível em: http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/91972/consti-
porque o aluno voltou aos estudos que o professor deve manter a tuicao-da-republica-federativa-do-brasil-1988, acesso em 18 de março
mesma postura que trata os alunos de idade regular da seriação e de 2015.
nem a metodologia de ensino deve ser a mesma uma vez que, en- ________. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394 de 20
quanto para o ensino infantil pensamos em pedagogia, no caso dos de dezembro de 1996. Disponível em http://portal.mec.gov.br/arquivos/
adultos devemos pensar segundo os princípios da andragogia. pdf/ldb.pdf, acesso em 27 de novembro de 2015.
Etimologicamente, a palavra andragogia deriva do grego andros ________. Conhecendo as 20 metas do Plano Nacional de Educação.
(homem), agein (conduzir) e logos (tratado), ou seja, é a ciência de Disponível em http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_
metas.pdf, acesso em 24 setembro de 2015.
conduzir o homem. Malcolm Knowles foi o pioneiro em trabalhar
________. Censo Escolar da Educação Básica 2013. Disponível em http://
com este conceito e apontou alguns pressupostos para se atuar com
download.inep.gov.br/educacao_basica/censo_escolar/resumos_tecni-
a educação de adultos, entre eles: adultos precisam compreender
cos/resumo_tecnico_censo_educacao_basica_2013.pdf, acesso em 02
o por quê de estar aprendendo determinados conteúdos; aprender
de julho de 2016.
experimentalmente; ter autonomia em descobrir as respostas; con- FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática
textualizar a sua vivência cotidiana com o que está sendo aprendido. educativa. 48 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.
Para a aprendizagem de jovens e adultos, é necessário considerar PICONEZ, Stela. Reflexões pedagógicas sobre o ensino e aprendizagem de
a vivência e toda a aprendizagem que o aluno já possui, uma vez pessoas jovens e adultas. São Paulo: SE, 2013. 55 p.
que, mesmo ele tendo ficado fora da escola por um longo perío- UNESCO. Relatório Global sobre aprendizagem e educação de adultos.
do, a sua experiência cotidiana em seu trabalho possibilitou diversas Brasília: 2010. 156 p.
aprendizagens e significados em sua vida e cabe ao professor avançar Disponível em http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001886/188644por.
estes conhecimentos, de forma a possibilitar o aprimoramento em pdf, acesso em 13 de abril de 2015.
sua formação.
Principalmente para aqueles alunos que estiveram por muito
Adriana dos Santos Cunha é Douto-
Acervo Pessoal
Direcional Educador 25
rELAÇÃo FAmÍLiA-EsCoLA
A Arte de Educar
uMa oRientação PaRa Pais
Myrian Torres Morgan Passamai Martins
26 Direcional Educador
rELAÇÃo FAmÍLiA-EsCoLA
a base do alicerce está abalada (autoestima baixa, desequilíbrio adulta quando esse NÃO chegar por meio de um superior, por
familiar, etc.). exemplo.
- Ser presentes, verdadeiros, firmes e acreditar na educação - Não transferir e nem cobrar educação de ninguém, afinal
e nos valores ensinados. a responsabilidade é sempre dos pais ou de quem faz esse papel.
- Não exigir mais do que seu filho pode dar, nem exigir que
ele seja o primeiro em tudo. DICAS
- Incentivar a leitura, as artes, os esportes, mas deixe que Saiba dar bons exemplos, saiba ouvir antes de dar bronca,
ele escolha o que lhe dá mais prazer. saiba respeitar o próximo, saiba observar seu filho e seu com-
- Respeitar suas escolhas, suas diferenças e seu jeito de ser. portamento.
- Tratar as perdas materiais com naturalidade, sem raiva, Seja muito mais presente e presenteie muito menos!
rancor, ameaças, etc. E as perdas humanas com amor, aceita- Brinque, conte história, cante, pule... se envolva na brinca-
ção e saudades. deira. Eduque sem ser autoritário!
- Acreditar e mostrar que o bem deve prevalecer sempre. Agindo desta forma todos teremos crianças mais felizes
Que os programas de TV têm mais ibope quando falam de as- e menos mimadas, adolescentes mais equilibrados e menos
suntos tristes e tentar evitar essas informações dentro de casa. violentos e adultos mais realizados e menos infelizes.
- Mostre para seu filho que existem voluntários que fazem E uma sociedade menos estressada e sim mais justa e
o bem, nos hospitais, orfanatos, asilos e nas ruas. humana.
- Ensinar que não podemos desperdiçar água, comida,
energia, mas evite fazer comentários comparando a vida do MEU PENSAMENTO:
seu filho com a das crianças que passam fome, que não têm Criar é muito fácil! Até a rua cria a criança que nela é
nada e que moram nas ruas. Seu filho não é responsável por abandonada.
isso e nem poderá solucionar um problema social. Ensine sem- Educar é difícil! Dá trabalho, exige disposição, tempo, sa-
pre sem compará-lo! bedoria, paciência, confiança, compreensão, respeito e muito
- Cumprir as leis. Não queira levar vantagem sobre seu se- amor, mas EDUCAR é o grande segredo paro o sucesso do seu
melhante, você está sempre sendo observado pelos olhos do filho no futuro.
seu filho. Criança aprende pelo que vê e não pelo que ouve.
Seja você o melhor exemplo para seu filho. MEU CONSELHO?
- Que a educação começa em casa, se estende no convívio Respeite muito seu filho.
familiar e social e só depois deverá ser dividida entre família Eu acredito que criança só respeita quando é respeitada
e escola. e que aquela velha história “Criança precisa respeitar os mais
- Que a autoestima é um mecanismo que precisa ser trei- velhos” não pode mais ser levada tão a sério.
nado pelo ser humano desde pequeno e diariamente. Aquele Afinal... Pedófilos são “mais velhos” e não merecem ne-
que se valoriza, se ama e se aceita como é dificilmente será nhum respeito, assim como os ladrões, sequestradores e mui-
vítima de bullying. tos outros “mais velhos” que estão às soltas por aí.
- Que a criança que aprende a ouvir NÃO quando ainda Ensine seu filho a respeitar quem o respeita e lembre-se
engatinha nunca se revoltará na pré-adolescência ou na ado- que o exemplo vem sempre dos mais velhos.
lescência quando ouvir um NÃO vindo de seus pais, seus pro- Criança que confia nos pais sem medo não cai na conver-
fessores e seu (a) namorado (a), seu (a) amigo (a) e nem na vida sa de estranhos.
Myrian Torres Morgan Passamai Martins é psicóloga e psicopedagoga. Desde 1983 atua com Educação
Acervo Pessoal
Infantil, desde auxiliar de sala até mantenedora de uma escola infantil. Hoje atende crianças em con-
sultório com Ludoterapia.
myroka@ig.com.br
Direcional Educador 27
TECNoLoGiA
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Mari Ângela Barboza, Bettieli Barboza da Silveira e Maíra Longhinotti Felippe
28 Direcional Educador
TECNOLOGIA
Acervo Pessoal
e apropriação de conteúdo? Quais elementos da configuração física presente
professora, graduada em
nas escolas devem ser preservados? E quais devem ser modificados? Tais pon-
Letras – Língua Portu-
derações percorrem reflexões sobre a inserção de novos recursos em espaços
guesa, especialista em
tradicionais já estabelecidos, a preparação da escola em receber eventuais mo-
Supervisão Escolar e Pós-
dificações e, finalmente, a caracterização desses novos lugares.
-Graduada em Mídias na
É nesse sentido que propomos um diálogo pela interlocução de saberes,
Educação Ciclo Avançado
complementaridade de habilidades e associação de boas ideias. Um diálogo
pela Universidade Federal
entre o uso de novas tecnologias e o seu ambiente físico, considerando-se aí
do Rio Grande do Sul. Atualmente é professora
as interações que as pessoas – no curso de seu estar e de suas atividades –
e supervisora escolar da Rede Municipal de Ca-
estabelecem reciprocamente com esse lugar, o que é objeto de estudo da Psi-
razinho – RS e na Rede Estadual do Rio Grande
cologia Ambiental. Para exemplificar a relevância da crítica, Nora Krawczyk já
do Sul. Tem experiência na área de Letras, com
alertava em 2003 sobre a necessidade de reforma física nas escolas, decorrente
ênfase em Língua Portuguesa, coordenação pe-
do desgaste natural e provocado por mau uso dos equipamentos construídos.
dagógica e na área de informática.
Também o Ministério da Educação (MEC) confeccionou um infográfico consi-
loibarboza@gmail.com
derando algumas recomendações para que os laboratórios de informática te-
nham uma sala bem montada e gerenciada.
Bettieli Barboza da Silveira
Acervo Pessoal
A preocupação justifica-se se consideramos que – segundo pesquisa enco-
é psicóloga, mestranda em
mendada pela Fundação Victor Civita (FVC) ao Ibope – de 400 escolas públicas
Psicologia pela Universi-
em 13 capitais pesquisadas, 98% têm computador, 83% possuem acesso à In-
dade Federal de Santa Ca-
ternet, e três em cada quatro unidades oferecem laboratório de informática.
tarina (UFSC), ênfase em
Em meio a essa discussão, falava-se também das aulas que migram para es-
Saúde e Contextos de De-
paços destinados à biblioteca, laboratórios de Artes e Ciências, o que levanta
senvolvimento Psicológico.
reflexões sobre um constante repensar acerca do ambiente físico da escola.
Membro do Laboratório de
Quanto aos desafios, aponta-se a estimulação de professores ao uso de certos
Psicologia Ambiental (LAPAM/UFSC). Tem experi-
espaços e a melhor configuração física dos mesmos com vistas ao processo de
ência nas seguintes áreas: psicologia ambiental,
construção do conhecimento.
ambientes restauradores, bem-estar e qualidade
Discursa-se sobre a pós-modernidade, em que as novas tecnologias e seus
de vida, hospitais, ambientes prisionais, saúde
espaços multimídia não carregam a pretensão de substituir os tradicionalmente
mental, psicologia jurídica, resiliência.
aplicados, mas sim ambicionam unir e facilitar o aprendizado. Ao mesmo tempo,
bettieli.bs@gmail.com
salienta-se a importância de verificar se um ambiente é capaz de proporcionar
um lugar de aprendizagem, passível de conexões entre educadores e educandos
Maíra Longhinotti Feli-
Acervo Pessoal
Direcional Educador 29
SAÚDE
30 Direcional Educador
SAÚDE
A COMUNICAÇÃO
EA
SAÚDE VOCAL
Katia Reis de Souza Costa
a nossa comunicação é algo valioso e que nos permite interagir com as pessoas,
adquirir e transmitir conhecimentos, contar nossas histórias, ouvir os amigos,
compartilhar nossas alegrias e aprendizados com nossos filhos e assim por dian-
te. Ela é composta pela expressão corporal, facial, gestos, olhar e fala propriamente dita.
A voz é um importante componente da comunicação e existe desde o nascimento. Ela nos
possibilita interagir com o mundo que nos cerca, demonstrando nossas alegrias, tristezas e
outros sentimentos que sentimos.
A voz é individual, apresenta características específicas, assim como uma impressão digital.
Cada pessoa tem uma voz diferente da outra, portanto, ela é a nossa identidade.
A voz se manifesta desde o nascimento pelo choro e será considerada como sinal de saúde
para o recém-nascido.
Ela pode revelar características da nossa personalidade ou das emoções que estamos sen-
tindo naquele momento. Percebemos facilmente se alguém está irritado, chateado, desanima-
do ou feliz pela forma como utiliza a voz.
Portanto, é um importante recurso para acalentar, acalmar ou acelerar o estado de espírito
de quem está nos ouvindo.
Usamos recursos vocais variados para as diversas situações em que estamos envolvidos.
Enquanto falamos com o cônjuge, no trabalho, com a família, com amigos, com pessoas mais
velhas ou com crianças teremos diferentes tipos de voz com o objetivo de tornar a nossa co-
municação mais efetiva e fluente.
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Certamente ao ouvir a voz de alguém, mesmo sem tê-lo visto, criamos uma imagem men-
Direcional Educador 31
SAÚDE
32 Direcional Educador
SAÚDE
ou seja, descansar por um período. sprays e outros, elas geralmente propiciam uma sensação
¡ Beba muita água, as pregas vocais precisam ser hidratadas anestésica momentânea e com isso o indivíduo pode forçar
para o seu melhor funcionamento. ainda mais a voz.
¡ Mastigue bem os alimentos. Quanto mais exercitar e fortale- ¡ Pratique esportes que propiciem uma melhor respiração
cer a musculatura da sua boca, melhor será a produção vocal. como, por exemplo, a ioga, natação e caminhadas. Afinal, a
¡ Fale em intensidade moderada, sem exagerar na intensidade respiração é o combustível para a nossa voz.
e muito menos gritar. Caso tenha ruídos de fundo (pessoas
falando, sons, músicas, etc.), crie estratégias, a fim de que não No dia a dia atribulado é fundamental que tenhamos um mo-
realize esforço intenso naquele momento. mento para investir em nossa saúde e podemos ressaltar a impor-
¡ O pó liberado pelo giz de lousa é prejudicial à nossa boa res- tância destes cuidados para os profissionais que utilizam a voz como
piração. Evite falar enquanto estiver usando-a. Esta situação ferramenta de trabalho. É importante conhecer os mecanismos do
pode causar reação alérgica dificultando a produção vocal. nosso corpo e realizar atividades que favoreçam o relaxamento.
¡ Aproveite o momento de seu banho para relaxar, deixe a Seguem outras dicas que podem ser realizadas diariamente no
água cair sobre o pescoço, ombros e costas. Desta forma a intuito de auxiliá-lo na manutenção de uma saúde vocal: inspire pelo
sua tensão pode ser aliviada e com isso respirar melhor. nariz e expire lentamente soltando o ar pela boca, espreguice, realize
¡ Espreguice e boceje quantas vezes for possível durante o dia. rotação de cabeça no sentido horário e anti-horário, realize rotação
São excelentes oportunidades para relaxar. de ombros, eleve os ombros até a cabeça e solte-os completamente
¡ Enquanto estamos falando gastamos muita energia, por isso relaxando a musculatura, vibre o lábio e depois a língua de forma
tenha um sono regular. Um sono adequado pode fazer toda prolongada, estale a língua várias vezes, realize rotação de língua no
a diferença no seu dia. vestíbulo oral (entre os lábios).
¡ A maçã é um excelente alimento que além de possuir ação Caso observe dificuldades na utilização da voz e seus recursos, o
adstringente, exercita a musculatura dos órgãos fonoarticu- profissional (fonoaudiólogo, otorrinolaringologista) deve ser consul-
latórios (lábio, língua e bochecha). tado para uma avaliação precisa.
¡ Mantenha uma articulação adequada para a produção das O profissional que tem um autoconhecimento e utiliza os recur-
palavras. Quanto melhor articula, mais facilidade terá na pro- sos da voz devidamente, pode ter a sua voz como um importante
dução vocal. aliado no sucesso de sua carreira.
¡ Tenha uma velocidade de fala adequada. Preste atenção se A voz é um recurso que nos possibilita alcançar um universo de
está falando muito rápido ou muito devagar, o ideal é que possibilidades. Portanto, utilize-a com consciência e terá resultados
haja um equilíbrio. eficazes em sua comunicação.
¡ O fumo e bebidas alcoólicas trazem malefícios para a saúde
vocal e geral. Referências bibliográficas
¡ Evite pastilhas ou balas, elas causam um alívio momentâneo BEHLAU, M; PONTES, P. Higiene vocal: Cuidando da voz. 2ª ed. Rio de
e com isso a tendência é que ocorra um esforço ainda maior Janeiro: Revinter, 1999. 61p.
posteriormente ao seu uso. CUNHA, V. L. O. Prevenindo problemas na fala pelo uso adequado das
¡ Evite chocolates e derivados do leite antes de falar em públi- funções orais: manual de orientação. Carapicuíba: Pró-Fono, 2001.
FRAIMAN, L. Como ensinar bem: a crianças e adolescente de hoje.
co. Os mesmos tendem a engrossar a saliva e o muco, e com
Editora Esfera: São Paulo, 2013.
isso, aumentamos o nosso esforço para falar.
TANIGUTE, C.C. Desenvolvimento das funções estomatognáticas. In:
¡ Cuide da postura corporal e evite roupas ou golas apertadas.
MARCHESAN, I.Q. Fundamentos em fonoaudiologia: aspectos clínicos
Desta forma, respirar pode ficar mais difícil e afinal de contas, da motricidade oral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.
a respiração é o combustível para uma boa produção vocal.
¡ Evite pigarrear, com esse ato as pregas vocais são “agredidas”.
¡ Evite alterações bruscas de temperatura, ou seja, frio e quente de
forma aleatória. O ar condicionado também deve ser evitado.
Katia Reis de Souza Costa é Peda-
¡ Evite a automedicação. Alguns medicamentos podem afetar
goga, Fonoaudióloga, pós-gradua-
a sua voz.
da em Educação Especial. Assessora
Acervo Pessoal
Direcional Educador 33
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
A importância
da formação
dos professores
para lidar com
os transtornos
neuropsiquiátricos
na sala de aula
Roseli Lage de Oliveira e Erica Panzani Duran
o contexto de sala de aula está cada vez mais sendo alvo de estudos
nos campos das ciências, assim como a sociologia, a antropologia, a
pedagogia e a psicologia. Este fenômeno vem ocorrendo para que,
cada vez mais, a qualidade das estratégias de aprendizado e desempenho da
criança sejam utilizadas da melhor forma na construção do conhecimento.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO) formulou diretrizes para a educação da atualidade. Consistem em qua-
tro pilares da educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver
juntos e por fim aprender a ser. Essas quatro colunas fundamentais do saber são
norteadoras da prática educacional e devem ser introduzidas pelo educador no
cotidiano dos alunos para uma melhor qualidade e eficácia do ensino.
No entanto, os professores atualmente vivenciam diversos desafios no exercí-
cio da docência. Infelizmente, muitas famílias estão com dificuldades em cumprir
com seu papel de formar seus filhos para o mundo, atribuindo às escolas a dura
responsabilidade de formar crianças e adolescentes. Paralelamente, compete às
escolas encontrar e ressaltar referências que propiciem aos alunos não estarem
às margens do seu contexto sócioeducacional. Deste modo, como desenvolver
competências sem pensar na formação de valores, desenvolvimento emocional e
psicossocial dos nossos alunos?
A arte de ensinar é um processo contínuo e pode ser mais tranquilo para
o docente quando o aluno atende às expectativas do professor e ao currícu-
lo escolar. No entanto, quando dificuldades de aprendizagem e problemas de
comportamento surgem, muitas vezes, os profissionais da educação não sabem
Pixabay.com
como identificar e, menos ainda, como lidar com estas questões. Em princípio,
orientar os educadores para projetos de desenvolvimento individual e coletivo
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DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Direcional Educador 35
DiFiCuLDADEs DE APrENDiZAGEm
36 Direcional Educador
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
tados, melhores prognósticos terão. problemas emocionais terão impacto ao longo da sua vida,
Os professores, se melhores habilitados, poderiam detectar pre- contribuindo para um desenvolvimento mais saudável e me-
cocemente estes problemas críticos ao desenvolvimento de crianças lhor qualidade de vida. Além disso, a aprendizagem pode ser
e adolescentes. Mais que identificar, é primordial que os professores facilitada quando não estiverem presentes variáveis dificul-
aprendam a lidar com estas problemáticas na sala de aula. tadoras, como os transtornos neuropsiquiátricos.
Há muitos benefícios que esta formação diferenciada poderia Sabemos que ao professor cabe educar. Mas educar para quê?
acarretar na educação, em diversos aspectos: Educar para a Vida. Para que nossas crianças e adolescentes se tor-
® às famílias, que muitas vezes não possuem instrução sufi- nem seres humanos adultos, saudáveis, mais felizes, criativos, produ-
ciente para identificar os problemas de desenvolvimento e os tivos e possam transformar nossa sociedade em um mundo melhor.
transtornos neuropsiquiátricos em seus filhos, levando-os a Se o professor puder desenvolver sua sensibilidade para olhar o
tratar estas crianças e adolescentes com autoritarismo, vio- seu aluno, além dos comportamentos expressos por ele (violência, in-
lência e negligência; disciplina), para o indivíduo que ali está, uma criança, um adolescen-
® às escolas, ao conseguirem conduzir estas dificuldades no te. Se, além disso, estiver aberto para aprender um pouco mais sobre
ambiente escolar com maior assertividade e melhor resolu- estas problemáticas que tanto o transtornam na sala de aula, então,
bilidade dos problemas, proporcionando melhor desempenho aí, possivelmente, teremos “supereducadores”, que em um trabalho
acadêmico aos seus educandos; conjunto entre educação e saúde mental, ou melhor ainda, entre es-
® aos professores, ao se sentirem menos impotentes e terem a cola, família e saúde, poderemos reverter este cenário e promover
sensação de dever cumprido, propiciando a identificação pre- melhor qualidade de vida para alunos e professores.
coce dos problemas, encaminhando para acompanhamento
especializado, quando necessário, sensibilizando os pais ao
Referências bibliográficas
problema de seus filhos, recebendo a orientação necessária
American Psychiatric Association. (2014). Manual diagnóstico e estatís-
de como lidar com cada dificuldade específica de cada aluno. tico de transtornos mentais. Porto Alegre: Artmed.
Consequentemente, reduzindo o estresse e os problemas de Reinhold, H. H. (2004). O sentido da vida: prevenção de stress e burnout
saúde mental dos professores; do professor. Tese de Doutorado. Campinas: PUC-Campinas.
® às crianças e aos adolescentes, seres que estão em uma Tricoli, V. C. (2010) (Org.). Stress na Adolescência: problema e solução.
etapa crucial de seu desenvolvimento e que determinados São Paulo: Casa do Psicólogo.
Roseli Lage de Oliveira é Psicóloga Clíni- Erica Panzani Duran é Psicóloga Clí-
Acervo Pessoal
Acervo Pessoal
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