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Durante todo o estágio fiquei responsável por todo o processo de prensagem realizado
das 20 às 8 horas.
A prensagem realiza-se conforme as indicações dadas pelo Eng. Enólogo Tiago
Machado, que se baseava nos níveis de grau Baumé para definir a altura da
desencuba e consequente prensagem. Os valores de saída estipulados, têm de ser
rigorosamente cumpridos, uma vez que a quantidade adicionada de água ardente
vínica ao vinho, está diretamente ligada ao grau baumé a que a cuba irá ser
desencubada. Se estes valores não forem corretamente seguidos e se a desencuba
não for feita nos “timings” certos, o volume de água ardente adicionada ao vinho nunca
será a correta e o produto vínico poderá não vir a ter as características e a qualidade
que se pretende.
Ao mesmo tempo que se realiza a desencuba, faz-se logo também a junção da água
ardente vínica ao vinho.
Assegurada a desencuba e a adição da água ardente, nos valores pretendidos,
passamos ao processo da prensagem. A adega está equipada com duas prensas, em
que cada uma é utilizada com o mesmo objetivo final, mas por processos e com
qualidade no produto obtido diferentes. Existe uma prensa continua e uma prensa
pneumática, ambas as prensas são da marca italiana DIEMME, sendo que a continua
é usada para vinho de qualidade inferior, uma vez que a pressão exercida não é tão
precisa, nem tão controlável.
Com a prensa continua há ainda a impossibilidade de conseguirmos lavar totalmente a
prensa e retirar as massas da mesma, o que apresenta problemas quando há a
transição de massas tintas para brancas. Quando ocorre a entrada de massas brancas
depois de massas tintas, é imperativo que o primeiro vinho de prensa obtido, seja
encaminho para uma cuba de “escolhas” onde se armazena o vinho de transição (cor
indefinida). Era minha tarefa, avaliar quando é que o vinho branco saia em condições
de se poder mandar para a cuba final de destino. Esta tarefa é um processo, que por
vezes é um pouco difícil de se fazer, pois a luz do local não é a ideal e com o tipo de
prensa usada, nunca se obtém uma cor bem definida de vinho branco. Todos estes
fatores tornam, estes trabalhos, um trabalho de responsabilidade, o que exigia
concentração redobrada na altura de enviar o vinho para a cuba de destino.
Quando a avaliação visual fosse favorável, procedia ao envio de todo o resto do vinho
para uma cuba de destino de vinho branco. A prensa continua é assim usada em
vinhos brancos, apenas em gamas mais baixas uma vez que o controlo da cor do
vinho, não é tão preciso comparativamente à prensa pneumática.
Quanto à prensa pneumática, é um equipamento de última geração, mais tecnológico
e imprescindível na adega da quinta da Roêda, uma vez que é com este equipamento
que se produzem os vinhos do porto brancos de qualidade superior e o Pink. A prensa
pneumática é um equipamento muito útil numa adega, uma vez que possibilita a
realização de processos como a bica aberta com grandes quantidades de massas. A
prensa pneumática da quinta da Roêda, tem capacidade para prensar 8 toneladas de
massas, mas quando falamos na realização do processo de bica aberta a prensa pode
levar até 16 toneladas de massas. O Pink por exemplo, é um tipo de vinho onde é
imperativo ter a possibilidade de se proceder à bica aberta, uma vez que não podemos
permitir que ocorra maceração. A produção deste tipo de vinho, na quinta da Roêda,
só é possível graças à existência da prensa pneumática.
Realizei todas as atividades relacionadas com a prensagem e fiquei a conhecer muito
bem cada uma das duas máquinas e os seus sistemas, bem como proceder a uma
boa limpeza e desinfeção, que são fatores importantíssimos para que não haja
contaminações de uns vinhos para os outros.
Durante as 12 horas tentei sempre gerir o meu tempo da melhor maneira, com o
objetivo de conseguir realizar o meu trabalho no mínimo tempo possível, de forma a
conseguir ir ajudar outras secções que precisassem de ajuda e assim obter
conhecimentos para além da prensagem.
Tendo como objetivo a aprendizagem e a ajuda da equipa de trabalho, contribui
sempre que possível para as seguintes tarefas, lavagem e desinfeção da receção,
lavagem e desinfeção de tubagens bem como de bombas, prensas, cubas e
pavimentos. Participei ainda em movimentos de vinhos, na desencuba manual, e na
extração de borras de cubas de cimento.
3. Conclusões
A prática de estágios profissionais, é algo, que a meu ver deve ser mantido e
promovido no âmbito académico. É algo que permite que os alunos consigam pôr em
prática conhecimentos adquiridos nas aulas, bem como a aquisição de novos
conhecimentos. A aprendizagem com pessoas formadas na área, com anos de
experiência, bem como com pessoas que não têm formação, mas têm também anos
de experiência, é fundamental e permite que haja um tipo de aprendizagem
generalizada e pormenorizada que facilita imenso o trabalho futuro. Ajuda em muito,
que os alunos tenham uma perspetiva diferente dos problemas e que os presenciem,
sendo que é algo que no futuro profissional permite que quando se deparem
novamente com as situações do género, seja mais fácil de as solucionar.
No meu caso particular, os conhecimentos práticos adquiridos foram inúmeros e
mesmo já tendo experiência prática aprendi muitos procedimento e formas de fazer as
coisas que me vão acompanhar para sempre. Foram sentidas dificuldades de
ambientação nas primeiras noites, mas depois o acolhimento da equipa, a bondade e
o companheirismo dos mesmos, fizeram com que tudo corresse bem e que a
experiência passasse de somente profissional, para uma experiência pessoal ao
mesmo tempo.
Todo o trabalho e organização na Roêda é meticuloso, sem erros ou falhas a apontar.
Somente dessa forma, se criam casas e marcas de renome como as da “The Fladgate
Partnership”.
A experiência, poderia ser melhor somente num ponto, mas que é mais do que
compreensível e percetível que não tenha acontecido, que era na parte do
acompanhamento por parte dos enólogos. O trabalho, ritmo e exigência não
permitiram que o mesmo acontecesse.
Em suma, considero uma experiência inesquecível e a repetir. Os conhecimentos
adquiridos e as pessoas com quem tive o privilégio de contactar são de um valor
incalculável. Num futuro próximo a visita à quinta será imperativa, bem como voltar a
encontrar as pessoas que me ajudaram e acolheram.
Dito isto, uso o presente relatório para agradecer também ao Instituto Superior de
Agronomia e à The Fladgate Partnership, por me darem a oportunidade de adquirir
conhecimento e de enriquecer a minha vida tanto profissional como pessoalmente.