De acordo com o texto indicado (MENEZES, Wagner; MARCOS, Henrique. O direito
internacional e a pandemia: reflexões sistêmico-deontológicas. In: Revista da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Uberlândia. V.48, n.2. Uberlândia: UFU. jul.-dez.2020, pp.43-78.), responda objetivamente e de forma sucinta às seguintes perguntas:
1. Em qual momento a relação entre o Direito Internacional Público e a soberania aparece no
texto? Segundo o texto, no modelo vestfaliano, está juridicamente obsoleto devido aos novos fundamentos do direito internacional contemporâneo. Ao menos normativamente, o modelo clássico de soberania não tem mais o espaço de antes (CANÇADOTRINDADE, 2010). Nesse caso, a defesa da soberania absoluta do país de acordo com o atual Direito Internacional vigente deixa de ser efetiva. Assim sendo, a sociedade internacional contemporânea vive sob outra estrutura: sob esta estrutura, os países perdem cada vez mais seu status de ator único no palco e são obrigados a compartilhar suas performances com outros sujeitos. O protagonista da lei lentamente mudou da soberania nacional para a preocupação com o direito internacional dos direitos humanos, seja ele individual ou coletivo. 2.Entendendo que a deontologia pode ser entendida como um “dever ser”, qual deveria ser o papel do Direito Internacional na contemporaneidade? De acordo com o texto, é possível compreender que, na atualidade, em razão de um processo de pluralização na estrutura do Direito Internacional, este deixa de ser um Direito eminentemente estatal para repercutir além da figura referencial do Estado, na vida das pessoas e em uma realidade plural de direitos e sujeitos, como instrumento de invocação de direitos sociais. 3.Qual é o papel das organizações internacionais na contemporaneidade? Segundo o texto, de tal modo, passa a existir uma nova ideia sobre o papel das organizações internacionais diante da sociedade internacional, as organizações internacionais possuem o papel de pensar, modelar e dirigir a atuação dos sujeitos de Direito Internacional. Portanto, os Estados deixam de gerir isoladamente seus destinos para fazê-lo em foros conjuntos no palco internacional; em ambientes protagonizados também por órgãos intergovernamentais nas mais variadas organizações que são constituídas para os mais diversos objetivos. Destarte, ao menos normativamente, há o deslocamento do foco de participação de uma prática doméstica hermética para a arena internacional onde as organizações assumem, ao longo dos demais atores, papel central (MENEZES, 2007, p. 331; KINGSBURY, 2020; SLAUGHTER, 1997)
4. Quais foram as falhas da Organização Mundial da Saúde em relação ao tratamento dado à
pandemia?. De acordo com o texto, a Organização Mundial da Saúde falhou com sua responsabilidade, dispensando as primeiras notificações formais da calamidade tardiamente. No momento de organizar sua estratégia, tentando programar um plano mundial improvisado, o vírus já havia feito muitas vítimas, e ele já havia se espalhado pelos países. Sendo que, alguns líderes preferiram se concentrar em discursos, capitalizando a situação para ganhos políticos, com intuito de se beneficiarem suas próximas candidaturas. 5.As diferentes posturas dos Estados frente à pandemia contribuíram para o enfraquecimento da OMS? E do Direito Internacional? (Coloque a sua opinião, com base no texto e no que foi estudado em aula). Sim, visto que, a OMS transparece como uma coletividade interestatal, mas cuja eficiência depende da cooperação de seus Estados-membros em prol de seu propósito maior. Mas, com o encadeamento político de valorização nacional escolta, em regra, a adoção de posturas isolacionistas e de desconfiança perante a figura do “outro”, este compreendido como qualquer indivíduo ou comunidade que não compartilhe a exata identidade patriótica. É a partir desta compreensão que algumas vozes enxergam a atual guinada conservadora como a razão para os vários posicionamentos políticos recentes que acarretaram a retração ao projeto de integração global (MARCOS, 2019). Já para a questão do Direito Internacional, é ingênuo ignorar a dificuldade prática de concretizar medidas cooperativas suficientes para, lidar com estas questões globais, inerente as diferentes posturas dos Estados frente à pandemia, notando assim, certo enfraquecimento do Direito Internacional. Mas, apesar de suas falhas, o Direito Internacional ainda continua a ser utilizado como instrumento para a paz e cooperação internacional. Como a Convenção de Viena trás sobre o Direito dos Tratados, uma característica essencial dessas normas, é que, nenhum Estado pode se eximir de cumpri-las, ou seja, estas normas de Direito Internacional não podem ser alteradas por vontades estatais.