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LOGIA
Zoologia
Prof. Múcio Luiz Banja Fernandes
44 p.
Vice-Reitor
Prof. Rivaldo Mendes de Albuquerque
Pró-Reitor Administrativo
Prof. Maria Rozangela Ferreira Silva
Pró-Reitor de Planejamento
Prof. Béda Barkokébas Jr.
Pró-Reitor de Graduação
Profa. Izabel Christina de Avelar Silva
Coordenador Adjunto
Prof. Walmir Soares da Silva Júnior
Coordenação de Curso
Prof. José Souza Barros
Coordenação Pedagógica
Profa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima
Gerente de Projetos
Profa. Patrícia Lídia do Couto Soares Lopes
Administração do Ambiente
José Alexandro Viana Fonseca
Equipe de Design
Anita Sousa/ Gabriela Castro/Renata Moraes/ Rodrigo Sotero
Coordenação de Suporte
Afonso Bione/ Wilma Sali
Prof. José Lopes Ferreira Júnior/ Valquíria de Oliveira Leal
Edição 2013
Impresso no Brasil
OBJETIVO GERAL
Conhecer os animais invertebrados, buscando
entender seu desenvolvimento evolutivo atra-
vés dos estudos anatômicos e fisiológicos.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Conhecer os principais grupos de inverte-
brados;
PROGRAMA DE ESTUDO
CAPÍTULO 1: Estudo dos Protozoários
- Os Protozoários
- Protistas
- História Natural
- Digestão
- Respiração
- Excreção
- Plâncton
- Classificação
- Rizópodes ou Sarconíceos
- Flagelados
- Esporozoários
- Esquizogonia
- Ciliados
CAPÍTULO 2: Animais Acelomados - Filo Mollusca
- Filo Porífera - Circulação
- Histologia - Digestão, respiração e excre
- Digestão ção
- Outros Sistemas - Sistema nervoso
- Reprodução - Reprodução
- Classificação - Classe Gastropoda
- Filo Cnidária - Classe Bivalvia
- Revestimento, Sustentação e - Classe Cephalopoda
Movimentos - Filo Achinodermata
- Digestão - Classificação Geral dos Invertebrados
- Respiração,Circulação, Excreção
- Coordenação Nervosa
- Reprodução
- Alternância de Gerações
- Classe Hydrozoa
- Classe Scyphozoa
- Classe Anthozoa
- Filo Platyhelminthes
- Caracteres Gerais
- Cobertura do Corpo e Siste
mas
- Tamanho
capítulo 1
Zoologia dos
Invertebrados
OBJETIVO GERAL
Conhecer os animais invertebrados, bus-
cando entender seu desenvolvimento
evolutivo através dos estudos anatômicos
e fisiológicos.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Conhecer os principais grupos de
protozoários;
• Entender as suas características dife-
renciais nos aspectos anatômicos e
fisiológicos;
• Compreender a importância dos pro-
tozoários para o homem, sua aplica-
bilidade e seu potencial médico.
EMENTA
Estudo dos Protozoários em seus aspec-
tos anatômicos e fisiológicos, conside-
rando a sua importância para a ciência e
para o homem.
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capítulo 1
capítulo 1
Figura 1.2. Aspecto geral de um protozoário ciliado.
DIGESTÃO
HISTÓRIA NATURAL Nas espécies de vida livre, há formação de va-
Os protozoários são, na grande maioria, cúolos digestivos. As partículas alimentares são
aquáticos, vivendo nos mares, rios, tanques, englobadas por pseudópodos ou penetram
aquários, poças, lodo e terra úmida. Há es- por uma abertura pré-existente na membrana,
pécies mutualísticas, e muitas são parasitas o citóstoma. Já no interior da célula, ocorre di-
de invertebrados e vertebrados. Eles são or- gestão, e os resíduos sólidos não digeridos são
ganismos microscópicos, mas há espécies de expelidos em qualquer ponto da periferia, por
2 a 3 mm. Alguns formam colônias livres ou extrusão do vacúolo ou num ponto determi-
sésseis. nado da membrana, o citopígio ou citoprocto.
(Figura 1.3)
Muitos protozoários apresentam orgânulos es-
pecializados em determinadas funções, daí se-
rem funcionalmente semelhantes aos órgãos.
Suas células, no entanto, podem ser conside-
radas “pouco especializadas”, já que realizam,
sozinhas, todas as funções vitais dos organis-
mos mais complexos, como locomoção, ob-
tenção do alimento, digestão, excreção, repro-
dução (Figura 1.2). Nos seres pluricelulares,
há divisão de trabalho, e as células tornam-se
muito especializadas, podendo, até, perder
certas capacidades, como digestão, reprodu-
ção e locomoção.
Figura 1.3. Esquema de digestão de um protozoário
ciliado.
10
capítulo 1
capítulo 1
FLAGELADOS ESPOROZOÁRIOS
Existem flagelados de vida livre (Euglena – pos- Não possuem orgânulos para locomoção.
suem clorofila e realizam fotossíntese; podem,
também, nutrir-se de forma heterótrofa = São todos parasitas e apresentam um tipo de
zooflagelados), mutualísticos (Trichonympha, reprodução assexuada especial, denominada
no intestino de cupins – fornecem a enzima de esporulação: uma célula divide seu núcleo
celulase) e parasitas (Trypanosoma cruzi). Nos numerosas vezes; depois, cada núcleo com um
coanoflagelados, há uma espécie de colarinho, pouco de citoplasma é isolado por uma mem-
que serve para a captura de partículas alimen- brana, formando, assim, vários esporos a par-
tares; têm estrutura muito semelhante aos co- tir de uma célula. (Figura 1.6)
anócitos, células típicas das esponjas, sugerin-
do uma ligação filogenética entre esses dois
grupos. (Figura 1.5)
ESQUIZOGONIA
A reprodução é sexuada ou assexuada por Os esporozoários apresentam, em seu ciclo
divisão longitudinal. Por exemplo, em Trypa- vital, alternância de reprodução assexuada e
nosoma: sexuada.
Podem ter um ou mais flagelos, e, em alguns, O principal gênero é o Plasmodium, com vá-
há, também, pseudópodos. No gênero Trypa- rias espécies causadoras da malária (Figura
nosoma, há uma membrana ondulante, que 1.7). É importante, também, o Toxoplasma
auxilia na locomoção. Este filo concentra im- gondii, causador da doença toxoplasmose, de
portantes parasitas humanos: grande seriedade em mulheres grávidas, até
o terceiro mês.
• Leishmania braziliensis - causa a leishma-
niose tegumentar.
citoprocto).
ATIVIDADES DO Capítulo
1. O que leva os pesquisadores a estudarem protozoários entre os grupos animais e vegetais?
2. Descreva duas estratégias reprodutivas dos protozoários.
3. Como se processa a excreção dos protozoários?
4. Como os protozoários podem ser classificados? Descreva duas características de cada grupo.
5. Descreva o processo digestivo da digestão no paramécio.
6. Comente sobre três protozoários que são de grande importância para o homem.
7. Por que admitimos que os ciliados são os mais evoluídos dos protozoários?
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capítulo 1
REFERÊNCIA
Barnes, R.D. Zoologia dos Invertebrados.
4ª edição. São Paulo: Livraria Roca Ed. Ltda.
1984. 1079p.
capítulo 2
Animais Acelomados
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Conhecer os principais grupos de inverte-
brados acelomados;
• Entender as suas características diferen-
ciais nos aspectos anatômicos e fisioló-
gicos;
• Compreender a importância desses inver-
tebrados para o equilíbrio ecológico do
planeta Terra.
EMENTA
Estudo dos mais primitivos invertebrados,
discutindo sobre seus aspectos anatômicos e
fisiológicos, considerando o seu desenvolvi-
mento evolutivo.
UNIDADES TEMÁTICAS
DO CAPÍTULO
Neste capítulo, apresentaremos grupos de
animais acelomados, que representam o iní-
cio da escala evolutiva animal. Esses animais
são representados pelos espongiários, pelos
cnidários e pelos platelmintes.
- Filo Porífera
- Histologia
- Digestão
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capítulo 2
- Digestão
Movimentos HISTOLOGIA
- Respiração, Circulação, Excre A parede do corpo das esponjas apresenta três
ção regiões: epiderme, endoderme e mesênquima.
- Coordenação Nervosa A epiderme é formada por uma camada de cé-
- Reprodução lulas, denominadas pinacócitos, interrompida
- Alternância de Gerações por porócitos, que são células que permitem a
- Classe Hydrozoa entrada de água. (Figura 2.1)
- Classe Scyphozoa
- Classe Anthozoa A endoderme é formada por células caracte-
rísticas das esponjas, os coanócitos, que pro-
- Filo Platyhelminthes movem a circulação de água com batimentos
- Caracteres Gerais de seus flagelos e que fagocitam partículas de
- Cobertura do Corpo e Siste alimentos suspensas na água.
mas
- Tamanho Entre as duas camadas, aparece o mesênqui-
ma, formado por uma espécie de gelatina,
com várias células: amebódtos, células que se
FILO PORÍFERA locomovem por pseudópodos; arqueócitos,
células não especializadas capazes de originar
Pode-se comparar o corpo dos poríferos (es- outras células; espongioblastos e escleroblos-
ponjas) a um saco repleto de buracos (poro = tos, que produzem o esqueleto do animal.
poro; foro = portador). Todos os poríferos são
aquáticos, e a maioria é marinha, havendo,
apenas, uma família de água doce.
capítulo 2
Figura 2.2. Estruturas esqueléticas das esponjas
A morfologia básica, descrita ao lado, corresponde às esponjas mais simples, do tipo óscon (asco
= saco) (Figura 2.3). Mas, na maioria das esponjas, a parede do corpo sofre uma série de dobras,
formando um sistema mais complexo de canais e câmaras por onde a água circula. Desse modo,
surgem a esponja do tipo sícon (sico = liga) e a do tipo íêucon (leuco = branco).
CLASSIFICAÇÃO
De acordo com o tipo de espícula, as esponjas
são classificadas em:
Figura 2.4. Plano de simetria dos cnidários.
• calcárias - com espículas calcárias;
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capítulo 2
A forma pólipo é cilíndrica, com uma das extremidades apoiada num substrato qualquer, e a outra
livre apresentando a abertura bucal rodeada de tentáculos (Figura 2.5). A medusa é arredondada
(em forma de guarda-chuva) e sem vida livre. A boca localiza-se na face inferior, e os tentáculos,
na periferia do corpo.
capítulo 2
soltam e vão para a água, passando da forma
jovem para a forma adulta. A larva proveniente
do zigoto se fixa e forma um pólipo, que, por
brotamento, dá origem a uma nova colônia.
CLASSE HYDROZOA
No grupo dos hidrozoários, incluem-se espé-
Figura 2.8. Reprodução por estrobilização, nos sifozoários
cies com a forma de pólipo e de medusa, apre-
sentando um ciclo reprodutivo com alternân-
cia de gerações. Em outras espécies, aparece,
A reprodução sexuada se faz por gametas, apenas, a forma pólipo ou, apenas, a forma
com fecundação externa (os gametas se unem medusa.
na água) ou interna (os gametas se encontram
no interior da fêmea). O desenvolvimento é in- Dentre os exemplos mais importantes, há o gê-
direto (com um estágio larvar), e do ovo surge nero Hydra (hidra), um pólipo isolado de água
uma larva ciliada e livre, a plânula, que depois doce, a Obelia e a Physalia (caravela). As cara-
se transforma, por metamorfose, no adulto. velas são particularmente perigosas, pois seu
veneno pode provocar desmaios em banhistas
que encostam em seus tentáculos.
ALTERNÂNCIA
DE GERAÇÕES CLASSE SCYPHOZOA
Em muitos exemplos de cnidários, a reprodu- Ao grupo dos cifozoários pertencem as águas-
ção assexuada se alterna com a reprodução -vivas, como a Aurelia. São sempre marinhos,
sexuada, num ciclo em que há também uma sendo basicamente representados pela forma
alternância de formas pólipo e medusa (alter- medusa, que é mais desenvolvida que a dos
nância de gerações ou metagênese). Esta alter- hidrozoários. A forma pólipo é temporária
nância é diferente da estudada nos vegetais, (cifístoma).
pois aqui, tanto a forma assexuada (pólipo)
como a forma sexuada (medusa) são diplóides.
CLASSE ANTHOZOA
No caso da Obelia, há uma colônia de pólipos
com dois tipos de indivíduos: o gastrozóide e Os antozoários, também marinhos, são repre-
ogonozóIde. O primeiro (em maioria na colô- sentados essencial mente pela forma pólipo,
nia), responsável pela nutrição, possui boca que pode ter vida isolada, como a anêmona-
com tentáculos e cavidade digestiva. O segun- -do-mar (Actinia), ou formar colônia, como os
do é um pólipo muito modificado, sem boca e corais (Corallium, Siderastrea). No caso dos co-
sem cavidade digestiva e que produz, por uma rais, os pólipos secretam um esqueleto externo
espécie de brotamento, pequenas medusas calcário, responsável pela formação dos recifes
unissexuadas com fecundação externa, que se de corais.
22
capítulo 2
capítulo 2
• Sem sistema esquelético, circulatório ou
respiratório; sistema excretor com muitas
células-flama ligadas a ductos excretores
(protonefrídios).
COBERTURA DO REFERÊNCIA
CORPO E SISTEMAS Barnes, R.D. Zoologia dos Invertebrados.
Os únicos platelmintes da vida livre são encon- 4ª edição. São Paulo: Livraria Roca Ed. Ltda.
trados entre os tuberlários. Já os trematódeos 1984. 1079p.
são parasitos externos ou internos, e todas as
tênias são parasitos internos. Especializações Brusca, R.C. & G.J. Brusca. Invertebrates. Sun-
estruturais fisiológicas acompanham essas ten- derland: Sinauer Associates. 1990. 922p.
dências de hábitos. Os tuberlários têm epider-
me ciliada delicada, enquanto que os trema- Magalhães C, Kury AB, Bonaldo AB, Hajdu E,
tódeos e as tênias são revestidos com cutícula Simone LR. Coleções de invertebrados do Bra-
resistente à digestão, apresentando ventosas sil. Documento de trabalho. Projeto Diretrizes
e ganchos para fixação nos seus hospedeiros. e Estratégias para a Modernização de Coleções
Aqueles que vivem internamente não possuem Biológicas Brasileiras e a Consolidação de Siste-
órgãos sensitivos, e as tênias não possuem tra- mas Integrados de Informações sobre Biodiver-
to digestivo. As espécies que são parasitos in- sidade, 2005 (disponível em http://www.cria.
ternos produzem um número enorme de ovos, org.br/cgee/junho/docs/ColecoesdeInvertebra-
o que é necessário para todos os organismos dosMagalhaes BonaldoKuryHadju.pdf).
que têm ciclos vitais complexos.
Ribeiro-Costa, C.S. & R.M. da Rocha. Inver-
tebrados: manual de aulas práticas. Ribeirão
Preto: Holos Ed. 2002. 226p. (Série: Manuais
TAMANHO Práticos em Biologia, 3).
Os turbelários medem, na maioria, menos de Ruppert, E.E. & R.D. Barnes. Zoologia dos In-
50mm de comprimento, mas algumas pla- vertebrados. 6ª edição. S. Paulo: Livraria Roca
nárias terrestres atingem 500mm de compri- Ltda. 1996. 1029p.
mento. Vários trematódeos alcançam de 0,5 a
75mm de comprimento, e espécies diferentes Storer, T.I; R.L. Usinger; R.C. Stebbings & J.W.
de tênias de 3mm, até 30 metros ou mais. Nybakken. Zoologia Geral. S. Paulo: Compa-
nhia Ed. Nacional. 1984. 816p.
1. Cite a função e a localização dos pinacó- Zaher H, Young PS. As coleções zoológicas bra-
citos, porócitos, arqueócitos e coanócitos sileiras: panorama e desafios. Ciência e Cultura
das esponjas. 2003; 55 (3): 24-26 (disponível em http://cien-
ciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v55n3/alv55n3.pdf).
2. Qual a estratégia de sustentação do corpo
das esponjas?
3. Explique o processo reprodutivo das es-
ponjas.
4. Como se processa a digestão nos cnidá-
rios?
5. Descreva o processo de alternância de ge-
rações nos hidrozoários.
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capítulo 3
Animais Acelomados
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Conhecer os principais grupos de inver-
tebrados acelomados;
• Entender as suas características dife-
renciais nos aspectos anatômicos e
fisiológicos;
• Compreender a importância desses in-
vertebrados para o equilíbrio ecológico
do planeta Terra.
EMENTA
Estudo dos animais invertebrados pseudo-
celomados, discutindo sobre seus aspectos
anatômicos e fisiológicos, considerando o
seu desenvolvimento evolutivo e a importân-
cia para o homem.
UNIDADES TEMÁTICAS
DO CAPÍTULO
Neste capítulo, apresentaremos grupos de
animais pseudocelomados, que são repre-
sentados pelos asquelmintos e nematelmin-
tos, abordando suas principais características
biológicas, relacionando-os com o homem.
- Asquelmintos
- Filo Entoprocta
- História natural
- Morfologia
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capítulo 3
- Alimentação e digestão
- Circulação, trocas gasosas e excreção
- Sistema nervoso
- Reprodução e desenvolvimento
- Filo Acanthocephala
- Filo Nematelminthes
- Ancilostomose
- Filariose
capítulo 3
proctos, durante boa parte dos séculos XVIII e O sistema digestivo apresenta-se em forma de
XIX. A condição de filo foi mais aceita, quando U, típico em animais sésseis, com um grande
se descobriu sua natureza não celomada. Mes- estômago bulboso. As partículas, juntamen-
mo com uma cavidade do corpo preenchida te com o muco, são movidas para o intestino
por mesênquima, durante muitos anos, foram pelos cílios, que contornam o tubo bucal por
considerados blastocelomados. Entretanto, contrações musculares do esôfago. O esôfago
Nielsen sugere que entoproctos e ectoproctos leva ao estômago, do qual um pequeno intes-
podem estar proximamente relacionados. De tino se estende a um reto localizado dentro do
fato, os entoproctos podem ser formas primi- cone anal. A comida é movida dentro do sis-
tivas dos ectoproctos. Sugere, também, que tema digestivo por cílios. O revestimento do
os entoproctos poderiam ser primitivamente estômago secreta enzimas digestivas e muco,
acelomados e possuir um blastoceloma pre- que são misturados ao alimento por ação das
enchido secundariamente. Para Ruppert e Bar- correntes ciliares. A digestão e a absorção pro-
nes (1996), eles são, de fato, acelomados, e, vavelmente ocorrem dentro do estômago e in-
para Brusca e Brusca (2003), são considerados testino, local onde a comida é retida por um
como funcionalmente acelomados. esfíncter muscular intestinal-retal.
O mesênquima, que preenche o espaço entre Algumas células, denominadas atrócitos, fago-
o sistema digestivo e a parede corporal, junto citam restos e detritos presentes no mesênqui-
com a cutícula, é que dará sustentação e su- ma, liberando-os no duto excretor.
porte ao corpo.
O sistema digestivo é responsável, em grande
parte, pelo transporte interno desses animais,
ALIMENTAÇÃO E DIGESTÃO por difusão, através do mesênquima, entre sua
luz e a parede do corpo.
São filtradores, comedores de matéria orgânica
em suspensão. Eles extraem partículas de co- Os entopróctos coloniais têm um órgão “cé-
mida, a maioria fitoplâncton, de correntes pro- lula-estrela”, localizado perto da junção do
duzidas por cílios laterais de seus tentáculos. cálice com a haste. Funciona na pulsação e
no bombeamento do fluido do cálice para a
A superfície dorsal está presa à haste, e a ven- haste. Trocas gasosas provavelmente ocorrem
tral encontra-se oposta a esta, ou seja, numa sobre a maior parte da superfície do corpo,
posição contrária ao substrato. É através das principalmente em regiões que não possuem
correntes de água, que passam da parte dor- cutícula, como tentáculos e vestíbulo.
sal para a ventral, fluindo entre os tentácu-
los, que a comida fica retida nos cílios laterais SISTEMA NERVOSO
e é movida juntamente com uma lâmina de
muco para os cílios frontais, que movem o Possuem um sistema nervoso reduzido, co-
muco e a comida para um sulco vestibular ci- mum em animais sésseis, composto de um
liado na base dos tentáculos, onde se encon- único gânglio (gânglio subentérico), localizado
tram outras áreas ciliadas que levam a comida entre o estômago e o vestíbulo. Deste gânglio
para a boca. partem alguns nervos para os tentáculos, para
a parede do corpo e para a haste.
28
capítulo 3
Órgãos táteis, como papilas ciliadas, podem corporal, direcionando a superfície vestibular,
ser encontrados sobre a parede do corpo e ventral, ao lado oposto ao substrato fixado.
concentrados nos tentáculos. Pode acontecer, também, em alguns casos,
da larva aderir ao substrato e, sem rotação,
REPRODUÇÃO E produzir um broto assexual apropriadamente
DESENVOLVIMENTO orientado que se tornará o adulto. Tais brotos
podem também ser formados mais cedo, en-
As colônias são formadas a partir de brota- quanto a larva ainda está na câmara incubado-
mentos na base dos zoóides ou em ramos da ra e podem ser liberados pela ruptura da larva
haste. Formas solitárias produzem brotos no antes da fixação.
cálice, que se separam do parental e, depois,
se fixam como novos indivíduos. De acordo com o desenvolvimento dos ento-
proctos, alguns autores acreditam que este
Muitos, talvez todos os solitários, sejam herma- grupo pode estar relacionado a outros que
froditas com algumas espécies protândricas. também possuam larva trocófora e que, pro-
Formas coloniais podem ter zoóides hermafro- vavelmente, teria uma ancestral comum com
ditas ou dióicos, e a colônia pode ter um sexo os briozoários celomados. Outros pesquisado-
ou ambos. Um ou dois pares de gônadas loca- res, entretanto, pensam que tal semelhança
lizam-se entre o estômago e o vestíbulo. Gono- entre estes dois grupos se deve ao fato de se-
dutos curtos levam das gônadas até um poro rem sésseis, ou seja, possuírem modo de vida
comum que se abre na câmara incubadora. semelhante, levando a uma provável conver-
gência adaptativa.
A fertilização ocorre nos ovários, aparente-
mente depois que os espermatozóides são li-
berados na água e penetram no trato repro- FILO ACANTHOCEPHALA
dutivo da fêmea. À medida que os zigotos se
movem no oviduto, glândulas de cimento se- Os vermes representantes do filo Acanthoce-
cretam hastes pelas quais os embriões são pre- phala são compostos por parasitas, encontra-
sos à parede da câmara incubadora. Algumas dos em muitas espécies de peixes, anfíbios,
espécies podem ser vivíparas, área em que os pássaros e mamíferos. Os acantocéfalos ca-
embriões ficam retidos nos ovários, e células racterizam-se pela presença de uma probósci-
especiais do adulto nutrem o embrião em de- de reversível, munida de espinhos e que serve
senvolvimento. para fixar o animal ao intestino do hospedeiro.
Estão descritas cerca de 850 espécies que me-
A clivagem nos entoproctos é holoblástica e dem entre alguns milímetros até cerca de 6 cm
espiral. Divisões não sincronizadas produzindo de comprimento.
cinco quartetos de micrômeros mais ou menos
no estágio de 56 células. O destino das célu- Os acantocéfalos não possuem boca nem sis-
las é similar ao daquele com desenvolvimento tema digestivo. Todos os nutrientes dos quais
típico dos protostômios, incluindo o fato de a necessitam para o seu desenvolvimento ou
mesoderme ser derivada da mesoderme. Uma vida são digeridos pelo hospedeiro e absor-
celoblástula se forma por invaginação. vidos diretamente pela pele do acantocéfalo,
que vivem presos na mucosa intestinal. O sis-
A larva que se desenvolve, segundo alguns au- tema nervoso é ganglionar e não tem órgãos
tores, é similar a uma trocófora, típica entre os sensoriais evidentes. Não há sistema excretor.
protostômios. A maioria tem vida livre-natan-
tes e planctotrófica, embora possam ocorrer Os acantocéfalos são dióicos e, por isso, há in-
larvas lecitotróficas ou rastejantes em algumas divíduos de sexo masculino e feminino. O seu
espécies. ciclo de vida é complexo e envolve, em muitos
casos, mais do que um único hospedeiro. Só
Após curto período como larva livre natante, foram descritos ciclos de vida completos para,
esta se fixa ao fundo por uma superfície ciliada apenas, 25 espécies deste filo. De uma forma
e sofre um grande aumento desigual da massa geral, o embrião de acantocéfalo é expelido
29
capítulo 3
do organismo hospedeiro através das fezes. testinal. Além de lombrigas, existem outros
Em seguida, é necessário que seja ingerido nematódios causadores de doenças, como o
por um hospedeiro intermediário, em geral, Necator americanus (amarelão), a Wucheria
crustáceos. Em vez de digerido, o embrião bamcrofti (filariose), etc.
penetra na parede intestinal do crustáceo e
aloja-se na cavidade abdominal, onde forma
um cisto e se transforma em cisticanto. Esse
estágio é semelhante ao adulto, exceto pela
ANCILOSTOMOSE
ausência de órgãos reprodutores. Em deter- É uma doença causada por dois vermes
minado momento, o hospedeiro intermediá- que apresentam ciclos muito semelhantes,
rio é ingerido pelo hospedeiro definitivo que o Ancylostoma duodenale e o Necator
pode ser um mamífero, uma ave ou um pei- americanus.
xe. A digestão do crustáceo provoca a liber-
tação do acantocéfalo no intestino do hos- Os vermes adultos vivem no intestino delga-
pedeiro definitivo. Para garantir a fixação, o do do homem, e os ovos são expulsos com
cisto ejeta a probóscide e se fixa na mucosa as fezes. Encontrando condições favoráveis
do intestino, desenvolvendo-se, então, até a no solo (calor e umidade), tornam-se embrio-
fase adulta. nados (isto é, com larva rabditóide) 24 horas
depois da expulsão. A larva, então, abandona
a casca do ovo, passando a ter vida livre no
FILO NEMATELMINTE solo. Num período de cinco a oito dias, trans-
forma-se em uma larva infestante, chamada
Apesar da grande diversidade de espécies, larva filarióide.
pode-se dizer que todos são estruturadamente
semelhantes. Por isso, as características obser- As larvas filarióides penetram na pele do ho-
vadas no estudo do Ascaris lumbricoides darão mem, migram para os capilares linfáticos da
uma boa idéia de todo o grupo. derme e, em seguida, passam para capilares
sangüíneos, sendo levadas pela circulação até
O A. lumbricoides, popularmente conhecido o coração e, finalmente, ao pulmão. Depois,
como lombriga, é um verme parasita. Habita perfuram os capilares pulmonares e a pare-
o intestino de porcos e homens, onde se nutre de dos alvéolos, migram pelos bronquíolos e
de alimentos já digeridos. Dá-se o nome de as- chegam à faringe. Daí descem pelo esôfago e
caridíase à doença causada por esse parasita. alcançam o intestino delgado, onde se tornam
As fêmeas da Ascaris eliminam grande quan- adultos.
tidade de ovos, que chegam ao meio exterior
com as fezes do hospedeiro, contaminando a Às vezes, os vermes jovens são expulsos pela
água e os alimentos. A ascaridíase é adquirida boca, na passagem da traquéia para a farin-
pela ingestão desses ovos. Esses ovos chegam ge. Outra maneira de infestação é pela larva
até os pulmões; as larvas rompem os aovéolos; filarióide encistada que, quando ingerida pela
sobem pela árvore respiratória e chegam à fa- boca, alcança o estado adulto no intestino del-
ringe, onde são deglutidas. Ao chegarem ao gado, sem migração.
intestino delgado, transformam-se em vermes
adultos. Por intermédio de suas placas cortantes ou
dentes, esses verm es rasgam as paredes
Raramente as larvas migratórias causam pro- intestinais, sugam o sangue e provocam
blemas no fígado e nos pulmões. No intestino hem orragias. As larvas produzem lesões
delgado, os vermes adultos expoliam o orga- pulmonares.
nismo, nutrindo-se de alimentos já digeridos.
O doente apresenta sintomas variados, como A prevenção se faz através da construção de
fome, dores vagas no abdômen, digestão di- instalações sanitárias, do tratamento da água
fícil, diarréia ou prisão de ventre, náuseas e, e do uso de sapatos.
às vezes, vômitos. Um número excessivo de
vermes apresenta o perigo de obstrução in-
30
capítulo 3
TRICHURIS TRICHIURA
Esse parasita não possui órgão sensorial, com
sua superfície ventral esofagiana, possuindo
Figura 3.3. Ciclo Biológico da filariose uma série de glândulas unicelulares com pe-
quenos poros, provavelmente relacionados à
Com a picada, as microfilárias passam com regulação osmótica desses animais. Medem
o sangue para o tubo digestivo. Daí migram entre 3 e 5 cm, com os machos sendo meno-
para os músculos e crescem formando larvas res que as fêmeas e com a porção final do cor-
infestantes, que se dirigem para a cavidade po larga e região anterior afilada como um fio
geral e se instalam nas peças bucais do inseto. (daí o nome erroneamente usado de tricuris =
Quando o inseto pica o homem, essas larvas cauda em forma de fio ou cabelo). O seu ciclo
atingem os vasos linfáticos, nos quais se tor- biológico é simples (monoxênico) com machos
nam adultas. e fêmeas, reproduzindo-se no intestino grosso
do homem.
A doença produzida é a elefantíase ou filario-
se, causada pela obstrução dos vasos linfáticos
pelos vermes adultos (as larvas vivem nos capi-
lares sangüíneos). A elefantíase se caracteriza
ATIVIDADES DO
por uma hipertrofia das regiões afetadas (per- Capítulo
nas, mamas, saco escrotal). A profilaxia consis-
te no tratamento dos doentes e no combate 1. Qual a vantagem de um asquelminte com
ao mosquito. um pseudoceloma em relação aos platel-
mintes que são acelomados?
OUTROS NEMATELMINTES 2. Como está composto morfologicamente o
PARASITAS sistema digestivo do entoprocta?
STRONGILOIDES STERCORALIS 3. Explique resumidamente como acontece
a reprodução e o desenvolvimento do
Nematelminte de distribuição mundial, habi- entoprocta.
tando, além do homem, cães, gatos e maca-
31
capítulo 3
4. Qual a estratégia de fixação do acantocé- Ville, C. A.; B. Walker & R. D. Barnes. Zoolo-
gia Geral. Rio de Janeiro: Editora Guanabara.
falo em seu hospedeiro?
1989. 820pp.
5. Quais sintomas podem ser relacionados à Zaher H, Young PS. As coleções zoológicas bra-
ascaridíase? sileiras: panorama e desafios. Ciência e Cultura
2003; 55 (3): 24-26 (disponível em http://cien-
6. Faça um quadro, demonstrando as formas ciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v55n3/alv55n3.pdf).
de transmissão da ascaridíase, do amare-
lão e da filariose.
7. Desenvolva uma pesquisa sobre outras
formas de nematelmintes parasitas do
homem.
REFERÊNCIA
Barnes, R.D. Zoologia dos Invertebrados.
4ª edição. São Paulo: Livraria Roca Ed. Ltda.
1984. 1079p.
capítulo 4
Animais Celomados
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Conhecer os principais grupos de inver-
tebrados celomados;
• Entender as suas características diferen-
ciais nos aspectos anatômicos e fisioló-
gicos;
• Compreender a importância desses in-
vertebrados para o equilíbrio ecológico
do planeta Terra e para o homem.
EMENTA
Estudo dos mais evoluídos invertebrados,
discutindo sobre seus aspectos anatômicos
e fisiológicos, considerando os seus aspec-
tos de interação com a espécie humana.
UNIDADES TEMÁTICAS
DO CAPÍTULO
Neste capítulo, apresentaremos grupos de
animais celomados, que representam uma
grande diversidade animal, sendo eles re-
presentados pelos anelídeos, artrópodes,
moluscos e equinodermatas.
- Filo Annelida
- Os Artrópodes
- Classificação dos Artrópodes
- Os Insetos
34
capítulo 4
capítulo 4
O sistema digestivo é completo. Trata-se de um Os hirudíneos são vermes aquáticos e terres-
tubo retilíneo, localizado na parte central do tres que não possuem cerdas, cuja segmenta-
corpo sustentado por pregas de mesoderme. ção externa não corresponde à interna: há cer-
ca de três anéis externos para cada metâmero
O sistema circulatório é fechado, ou seja, o interno. As sanguessugas possuem as cerdas
sangue só circula no interior de vasos sangüí- nas extremidades do corpo e usam-nas para
neos. Na região dorsal do corpo, pode ser visto locomoção e fixação. (Figura 4.3.)
externamente, por transparência, um vaso lon-
gitudinal dorsal, localizado sobre o intestino.
O sistema nervoso é centralizado. Na extremi- Figura 4.3. Sanguessuga, representante dos hirudíneos.
dade anterior do corpo, há dois gânglios ce-
lebrais ou supra-esofágicos que, por meio de
um anel periofágico, se comunicam com dois
gânglios subesofágicos. OS ARTRÓPODES
A reprodução ocorre, por fecundação cruzada, Em relação ao estudo dos invertebrados, o
entre dois indivíduos que se unem pela região
filo Arthropoda merece atenção especial. Ele
de clitelo. Nessa ocasião, uma minhoca depo-
sita espermatozóides no receptáculo seminal agrupa mais de 800 mil espécies, quantia que
da outra. Após a troca de espermatozóides, os supera todos os demais filos reunidos. Além
animais se separam, formando-se um casulo disso, merecem citação: a grande diversidade
na região do clitelo. dessas espécies; sua boa adaptação a diferen-
tes ambientes; as vantagens em competição
Existem cerca de com outras espécies; a
5.300 espécies de excepcional capacidade
poliquetos, a maioria
reprodutória; a eficiên-
vivente no mar. Os
cia na execução de suas
poliquetos diferem
dos oligoquetos em funções; a resistência
vários aspectos. Em a substâncias tóxicas e
primeiro lugar, pos- a sua perfeita reorga-
suem uma cabeça nização social, no caso
diferenciada, na qual das abelhas, formigas e
existem apêndices cupins.
sensitivos. Possuem,
ainda, em cada anel Os artrópodes são inver-
do corpo, numerosas tebrados, que possuem
cerdas concentradas
patas articuladas, nome
em expansões late-
formado de Athros, que
rais, que funcionam
como rudimentos, significa articulações, o
de patas, servindo à podes, que significa pés
locomoção, denomi- ou patas. Os artrópodes
nados parapódios. Figura 4.2. Anelídeo poliqueta. têm uma carapaça pro-
(Figura 4.2) tetora externa, que é o
36
capítulo 4
seu esqueleto, formada por uma substância Os artrópodes, no entanto, não possuem ape-
resistente e impermeável, denominada quiti- nas patas articuladas mas também outras ex-
na, endurecida por conter muito carbonato de tremidades, como as antenas e as peças bucais.
cálcio. Os seus membros inferiores são formados por
partes que se articulam, ou seja, que se movi-
Ao crescer, os artrópodes abandonam o es- mentam umas em relação às outras: os seus pés
queleto velho, pequeno e fabrica outro maior. se articulam com suas pernas, que se articulam
Esse fenômeno é chamado muda. Ela ocorre também com suas coxas, que também se arti-
várias vezes para que o animal possa atingir o culam com os ossos do quadril. (Figura 4.4.)
tamanho adulto.
Quadro 4.1. Relação do número de patas em relação aos diversos grupos de artrópodes.
Número de patas Grupo Exemplos
6 Insetos Barata, formigas, besouros, etc.
8 Aracnídeos Aranhas, escorpiões, carrapatos, etc.
10 Crustáceos Caranguejo, siri, cracas, camarão, etc.
1 par por segmento Quilópodes Lacraia
2 pares por segmento Diplópodes Embuá, piolho de cobra.
OS INSETOS
São artrópodes com seis patas distribuídas em três partes. Os insetos apresentam o corpo subdivi-
dido em cabeça, tórax e abdome. Possuem um par de antenas e três pares de patas no tórax. Na
maioria das espécies, há dois pares de asas, mas há espécies com apenas um par e outras, sem
asas. (Figura 4.5)
37
capítulo 4
Figura 4.5. Gafanhoto representando a morfologia externa dos insetos.
O corpo dos insetos é formado por três regiões: A respiração dos insetos se dá através de tra-
cabeça, tórax e abdome. Na cabeça dos insetos, quéias, pequenos canais que ligam as células
podemos notar antenas, olhos e peças bucais. do interior do corpo com o meio ambiente. Ao
longo de todo o corpo de um inseto, podem
As antenas são utilizadas para a orientação. ser vistos os estigmas, pequenas malhas onde
Todos os insetos têm um par de antenas. Os se abrem as traquéias.
olhos dos insetos são compostos da seguinte
forma: Os insetos são animais de sexos separados
e ovíparos. Depois que os ovos são deposi-
• 2 olhos compostos, isto é, formados por tados pelas fêmeas, eles se desenvolvem e
várias unidades, que permitem enxergar formam um novo inseto. Alguns insetos têm
em várias direções, ao mesmo tempo; desenvolvimento direto: do ovo, nasce uma
forma jovem, que já tem o aspecto do adul-
• 3 olhos simples, também conhecidos por to, embora menor. É, por exemplo, o caso
da traça. O desenvolvimento da mosca é in-
ocelos.
direto: ela nasce diferente do adulto e viven-
cia mudanças na forma do corpo, enquanto
Esse conjunto de olhos proporciona aos inse- se transforma de recém-nascida em adulta
tos uma excelente visão. Eles podem enxergar (Figura 4.6.). Dizemos que a mosca sofre
coisas que não são visíveis ao homem. metamorfose. Todas as formas que têm as-
pecto diferente do adulto são denominadas
As peças bucais, todas dotadas de articulação, de larvas. Nem todos os insetos apresentam
estão diretamente relacionadas à alimentação. metamorfose, embora ela ocorra na maioria
Assim, as peças bucais podem ser de vários tipos, deles. Você já deve ter visto as lagartas das
conforme os hábitos alimentares dos insetos. borboletas: elas são larvas que se transfor-
marão em borboletas adultas.
O tórax dos insetos é dividido em três partes;
em cada uma delas, prende-se um par de pa- A borboleta deposita o ovo em uma folha, e
tas. É, ainda, no tórax que se prendem as asas, desse ovo nasce uma lagarta, que é a primeira
existentes na maioria dos insetos. Quanto ao forma de larva desses insetos. Em seguida, a la-
número de asas, existem 3 tipos de insetos: garta se transforma, passando por outras for-
sem asas, com um par de asas e com dois pa- mas de larva, até originar a borboleta adulta.
res de asas.
38
capítulo 4
capítulo 4
Outra característica importante dos aracnídeos com 5 pares de patas. São, portanto, decápo-
é que eles têm a cabeça e o tórax numa peça des (deca= dez; podes= patas, pés).
só, denominada cefalotórax.
Na maioria dos decápodes, as 2 patas dian-
É fácil distinguir um aracnídeo de um inseto teiras são modificadas e bem desenvolvidas
através do exame externo do corpo. (Figura 4.7) como adaptação à apreensão de alimentos.
OS CRUSTÁCEOS
Crustáceos são os artrópodes que possuem
uma crosta, que protege o corpo. Os principais
representantes dessa classe são os camarões,
as lagostas, os caranguejos e os siris, todos
Figura 4.8. Estrutura geral de um crustáceo
40
capítulo 4
capítulo 4
quítons (POLYPLACOPHORA), os solenogastros centralizado e do tipo ganglionar. Há estrutu-
(APLACOPHORA), dentálios (SCAPHOPODA), ras sensoriais, tácteis, visuais, quimiorrecepto-
caramujos, caracóis e lesmas (GASTROPODA), ras e de equilíbrio.
mariscos, ostras e outros bivalves (BIVALVIA) e
os náutilos, lulas e polvos (CEPHALOPODA). DIGESTÃO, RESPIRAÇÃO
E EXCREÇÃO
O filo MOLLUSCA é o segundo maior filo ani-
mal com mais de 80.000 espécies viventes e é Trato digestivo é completo e complexo, com
um grupo importante da linha evolutiva dos tratos ciliados para selecionar partículas pe-
invertebrados protostômios. Os moluscos são quenas. A boca possui sistema raspador na
de larga distribuição no tempo e no espaço, forma de rádula, apresentando fileiras trans-
tendo um registro contínuo desde o Cambria- versais de diminutos dentes quitinosos para
no; muitos são abundantes como indivíduos e raspar o alimento (exceto nos BIVALVIA). O sis-
são ecologicamente importantes. Apesar de a tema digestivo termina no ânus, abrindo-se na
maioria ser marinha, muitos caramujos e les- cavidade do manto. Como anexo, possui uma
mas invadiram os ambientes de água doce e glândula digestiva grande e freqüentemente
terrestre. Junto com os artrópodes, os molus- glândulas salivares.
cos apresentam adaptações ao maior número
de habitats de todos os invertebrados. A Respiração dos moluscos se dá através de
um a muito ctenídios de estrutura peculiar
A maioria dos moluscos é de vida livre, mo- (formando as brânquias) no interior da cavida-
vendo-se lentamente e apresentando uma re- de do manto (secundariamente perdidos em
lação íntima com o substrato. Alguns aderem alguns), pela cavidade do manto ou pelo pró-
a rochas, conchas ou madeira; alguns cavam, prio manto.
outros flutuam, e as lulas e polvos podem na-
dar livremente. De maior importância econô- A Excreção ocorre nos rins (nefrídios), geral-
mica são os mariscos, ostras, lulas, e outros mente ligados à cavidade pericárdica e termi-
que servem como alimento humano e alguns nando com abertura na cavidade do manto. A
bivalves que produzem pérolas. Alguns cara- região celomática está reduzida às cavidades
cóis e lesmas são pestes agrícolas e se alimen- dos nefrídios, das gônadas e da área pericárdica.
tam de plantas cultivadas. Certos caramujos
de água doce são hospedeiros intermediários SISTEMA NERVOSO
de vermes parasitos. Um grupo de bivalves de
água doce possuem suas larvas parasitas de O sistema nervoso dos moluscos está formado
peixes, e os teredos que danificam navios e tipicamente com um anel nervoso circunfarín-
portos de madeira. A malacologia é a ciência geo com vários pares de gânglios e dois pares
que estuda os moluscos; a conquiliologia é de cordões nervosos, onde um par inerva a re-
o estudo de conchas, especialmente aquelas gião do pé, e o outro, a massa visceral. Muitos
dos moluscos. representantes apresentam órgãos para o tato,
olfato ou gosto. Possuem, também, manchas
A coleção de conchas é um passatempo popu- ocelares ou olhos complexos (nas vieiras) e es-
lar e tem contribuído significativamente para o tatocistos para o equilíbrio.
conhecimento dos moluscos. Conchas fósseis
encontram-se freqüentemente bem conserva- REPRODUÇÃO
das e servem como indicadores úteis das épo-
cas geológicas antigas. Os sexos são geralmente separados, alguns
sendo monóicos, e poucos, protrândricos.
CIRCULAÇÃO Apresentam ductos para transporte de game-
tas, e a fecundação pode ser externa ou interna.
O sistema circulatório é lacunar ou aberto, ha- A maioria são ovíparos e apresentam clivagem
vendo um coração dorsal. A respiração pode do ovo determinada, espiral, desigual e total
ser cutânea, branquial ou pulmonar. A excre- (meroblástica nos CEPHALOPODA). Possuem
ção se faz por rins. O sistema nervoso é muito fase larval, com aspectos trocófora ou véliger.
42
capítulo 4
CLASSE CEPHALOPODA
Os moluscos cefalópodes caracterizam-se por
terem poderosos tentáculos, diretamente li-
Figura 4.11. Vista geral de um gastrópode terrestre. gados à cabeça. São os moluscos mais desen-
volvidos. Exclusivamente marinhos, em geral
são bons nadadores e perseguem suas vítimas
(peixes, crustáceos e outros moluscos), agar-
rando-os com poderosas ventosas existentes
nos tentáculos.
FILO ECHINODERMATA
São animais exclusivamente marinhos, como
a estrela-do-mar, o ouriço-do-mar e o pepino-
-do-mar. São cerca de 5500 espécies, de tama-
nhos médios, nunca sendo muito grandes ou
pequenos.
capítulo 4
• Formações existentes na superfície do cor-
po, dotadas de mandíbulas e acionadas
por músculos;
• Endoesqueleto calcário: o esqueleto inter-
no, recoberto pela epiderme de origem
mesodérmica e constituído de placas cal-
cárias que, em algumas espécies, emitem
estruturas espinhosas.
ATIVIDADES
DO Capítulo
Figura 4. 14. Estrutura geral de uma estrela-do-mar.
1. Como se classificam os representantes do
filo dos anelídeos?
Os secos são separados. Em cada braço, há
um par de gônados. Cada uma destas pos- 2. Faça um resumo sobre a importância das
sui um pequeno canal, que se abre num poro minhocas e sanguessugas para o homem.
situado na parte superior do disco central. A
estrela-do-mar possui um grande poder de
regeneração. 3. Como pode ser dividido o corpo dos artró-
podes?
O ouriço-do-mar, chamado de pindá pelos
indígenas, vive em buracos de rochas, onde 4. Considerando que artrópodes possuem
chega à água marinha. Seu corpo tem a for- esqueleto externo, como acontece o seu
ma de um globo achatado, sendo coberto crescimento?
por espinhos e, dentre eles, pedicelárias.
(Figura 4.15) 5. Exemplifique e comente sobre três artró-
podes de importância para o homem.
44
capítulo 4
6. Como podemos classificar os crustáceos? Ruppert, E.E. & R. D. Barnes. Zoologia dos In-
vertebrados. 6ª edição. S. Paulo: Livraria Roca
Exemplifique.
Ltda. 1996. 1029p.
7. Cite e exemplifique as classes do filo mo- Storer, T.I; R.L. Usinger; R.C. Stebbings & J.W.
lusca. Nybakken. Zoologia Geral. S. Paulo: Compa-
nhia Ed. Nacional. 1984. 816p.
8. Como ocorre a reprodução dos gastrópo-
dos? Ville, C. A.; B. Walker & R. D. Barnes. Zoolo-
gia Geral. Rio de Janeiro: Editora Guanabara.
9. Por que se afirma que os cefalópodos são 1989. 820pp.
os mais inteligentes dos invertebrados?
Zaher H, Young PS. As coleções zoológicas bra-
sileiras: panorama e desafios. Ciência e Cultura
10.Comente três importâncias dos moluscos 2003; 55 (3): 24-26 (disponível em http://cien-
para o homem. ciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v55n3/alv55n3.pdf).
Referências
Barnes, R.D. Zoologia dos Invertebrados.
4ª edição. São Paulo: Livraria Roca Ed. Ltda.
1984. 1079p.