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Ser contemplativo é receber o Verbo divino concebê-lO espiritualmente e manter com Ele
uma só vida. A Virgem é, portanto o modelo dos contemplativos, é a Mãe da verdade, como
o é da beleza e do amor. Cabe-nos imitá-lA como filhos generosos e fiéis.
Cada um dos símbolos que nos ajudam a compreender o mistério da missão de Maria são
também os símbolos da alma que ama e possui Deus na solidão interior: Torre de Marfim,
Casa Dourada, Fonte Selada, Espelho de Justiça, Arca da Aliança... As virtudes de Maria,
os dons que manifesta e dons que nEla brilham, são por excelência as virtudes, as
condições e os privilégios da vida contemplativa.
Segundo o hino que cantamos nas vésperas de cada uma das Suas festas, Maria
distingue-Se, pela Sua doçura, de todas as mulheres, entre tantas virgens e mães às quais
Deus concedeu a mansidão, mansidão que, aliás, é força e poder. Mas tudo o que é virginal
ou maternal, Maria, a nova Eva espiritual, possui-o em alto grau.
Não se trata somente da luta contra os pecados da carne, mas daquela delicadeza de
espírito que nos faz reservarmo-nos para as mais altas alegrias. Ser puro é saber
estabelecer e conservar a solidão da alma com o seu Deus, é reconstituir interiormente o
Paraíso. Sabemos como a Virgem Santa está prefigurada no paraíso terrestre, reserva
inacessível ao século, lugar de delícias, sem manchas, sem conflitos, onde está colocado o
novo Adão.
Esta figura designa também a alma contemplativa, jardim fechado onde reina a felicidade
imediata de receber a vida divina num recolhimento comparável ao que sem dúvida reinava
na aurora do mundo sobre a natureza imaculada. É preciso que não haja nada nem
ninguém entre Deus e a alma, mas tão somente essa liberdade virginal do primeiro instante.
Então, uma criação nova se produz e se repete sem cessar: a geração do Homem-Deus em
nós.
Que poderemos inferir praticamente destas breves reflexões sobre as semelhanças que
devem ligar as nossas almas à alma da nossa Mãe? Tomemos a resolução de nos
fecharmos às preocupações estranhas e, através do recolhimento, penetraremos nas fontes
mais profundas do nosso ser e, tal como Maria, reservar-nos-emos para as mais belas
alegrias; conservaremos esta alegria através dos sofrimentos, das separações e das
atribulações, para que ela atinja a sua plenitude, difunda a sua ação consoladora e acabe
por se fundir na alegria de Deus que permanecerá como realidade única quando a figura
deste mundo tiver passado.