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FORMAÇÃO ECONÔMICA

DO BRASIL II

1º semestre 2020
Profa.: RENATA BORGES LOPES
(renatalablopes@gmail.com)
Charge da Primeira República alude à presidência de Prudente de Morais, considerada corrupta pela
política do encilhamento baseada em créditos livres, gerando inflação. Publicada na Revista Ilustrada .

A POLÍTICA ECONÔMICA AO LONGO DA PRIMEIRA


REPÚBLICA (1888 – 1930)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, M. P. (Org.). A ordem do progresso: cem anos de política republicana 1889-


1989. Rio de Janeiro: Elsevier, 1990. Capítulos I e II.
CONTEXTO

 INSERÇÃO NA ECONOMIA INTERNACIONAL:


➢ Aumento das exportações: abertura comercial (década de 1890):

Variável Período Valor


Razão
1870 → 1900 15,4% → 18,6%
Exportação/PIB:
Exportações per
1872 → 1913 11,7US$ → 12,9US$
capita
Participação da
1913 < 1%
Economia Mundial
CONTEXTO
 INSERÇÃO NA ECONOMIA INTERNACIONAL:
➢ Aumento do estoque de capital estrangeiro: investimentos
estrangeiros (Ingleses, alemães, franceses, norte-americanos);
• em 1913 os estoque de capital estrangeiro no Brasil representava 30% do
total da América Latina e 5,4% mundial.
➢ Dificuldades cambiais(1891-1892 e 1898-1900):
• A partir da década de 1890 há uma ruptura na capacidade de
importação dada queda no preço internacional do café (principal
produto de exportação), apesar de uma taxa de câmbio favorável a
importação;
CONTEXTO
 INSERÇÃO NA ECONOMIA INTERNACIONAL:
➢ Dificuldades cambiais(1891-1892 e 1898-1900):
• Com câmbio relativamente apreciado e queda no preço do café, piora
as contas em transações correntes, aumentando o déficit.
• Dados compromissos assumidos em período anterior e uma
deterioração nas exportações, aumenta a dívida externa do Governo
Federal.
Variável Período Valor
Taxa de Câmbio 1895 9 pence por mil-réis
Déficit em conta
1895-96 2.295 → 5.015 libras
corrente
Dívida 21% do valor das
1896-97
Pública/Privada exportações
CONTEXTO

 TRANSFORMAÇÕES ESTRUTURAIS:
➢ Fim da escravatura;
➢ Entrada maciça de imigrantes;
➢ Disseminação do trabalho assalariado;
• No período anterior à 1880-90, o período de safras (especialmente
café e açúcar) elevava as pressões por demanda de moeda até
então escassas → Problemas de Liquidez (juros altos, redução no
volume de negócios).
• O assalariamento começou a agravar ainda mais o problema →
Inexistência de um sistema bancário consolidado como entrave
monetário.
INTRODUÇÃO DO TRABALHO ASSALARIADO

 Consequências: amplia o efeito


multiplicador da economia
✓ Aumento da demanda por
moeda → aumento do grau de
monetização;
✓ Ampliação da especialização
das fazendas;
✓ Novos hábitos de consumo.
CONTEXTO

 TRANSFORMAÇÕES ESTRUTURAIS:
➢ Entraves:
• Sistema bancário incipiente e concentrado nas capitais:
❖ 80% dos depósitos concentrados nas capitais;
❖ 0,04 agências por habitante no país.
• Inexistência de uma cultura de depósitos à vista → pouco uso
do sistema bancário: forte retenção de moeda (pessoas
guardavam dinheiro em casa).
CONTEXTO

 CRISES POLÍTICAS E EMBATES DOUTRINÁRIOS:


➢ PAPELISTAS: apoiam o direito de emissão de moeda por bancos
privados e sustentavam que o estoque de meios de
pagamento deveriam ser determinados pela demanda
doméstica por transações e não pelo estoque de metais
preciosos no sistema bancário.
• Porém, deve haver sim, algum grau de correspondência entre estoques de
ouro e meios de pagamento.
• Apoiadores: comerciantes; empresários da manufatura e importação →
interesses urbanos.
CONTEXTO

 CRISES POLÍTICAS E EMBATES DOUTRINÁRIOS:


➢ METALISTAS: apoiam controle monetário rígido baseado em seu
conteúdo metálico, pois temiam a inflação e a instabilidade
econômica.
• Apoiadores: políticos mais tradicionais; bacharéis (ideia de austeridade e
cautela); proprietários de terras; rentistas; intelectuais ligados ao debate na
Inglaterra e França.
REPÚBLICA DA ESPADA

GOVERNO PROVISÓRIO/CONSTITUCIONAL DE MARECHAL DEODORO


DA FONSECA (1889 – 1891)

 Problema de liquidez de moeda, devido


ao aumento da demanda por moeda:
→ difusão do trabalho assalariado.

 Rui Barbosa = ministro da Fazenda


= papelista
REPÚBLICA DA ESPADA: MARECHAL DEODORO DA
FONSECA (1889 – 1891)

 Lei Monetária ou Lei Bancária (1890):

• finalidade = facilitar o crédito para investimento;

• Liberalizava a política de emissão lastreada em títulos da dívida


pública (inspiração EUA) → emissões inconversíveis (limite de 450
mil contos);

• Ampliações das operações bancárias: emissões “regionalizadas“.


REPÚBLICA DA ESPADA: MARECHAL DEODORO DA
FONSECA (1889 – 1891)

 Lei Monetária ou Lei Bancária (1890):


• EFEITOS:
✓ Rápida expansão monetária: alívio creditício para a cafeicultura,
possibilitando a incorporação de novos cafezais e necessidades
da mão de obra assalariada → atender as “legítimas
necessidades dos negócios”;
✓ Facilitação a criação de empresas, especialmente as de
sociedades anônimas (SA’s).
Gráfico 4.1 Agregados Monetários por Trimestre (1888-1900)
em contos de réis
1000

900

800

700

contos de réis
600

500

400

300

200

100

0
1/1888

1/1889

1/1890

1/1891

1/1892

1/1893

1/1894

1/1895

1/1896

1/1897

1/1898

1/1899

1/1900
Papel Moeda em Poder do Público Estoque de Moeda (M1)
REPÚBLICA DA ESPADA: MARECHAL DEODORO DA
FONSECA (1889 – 1891)

 1891: 1ª GRANDE CRISE DA REPÚBLICA → “ENCILHAMENTO”


➢ boom especulativo da Bolsa de Valores do RJ (empresas sem
lastro): investimento não foram feitos em empresas, apenas no
mercado financeiro → especulação e inflação;
➢ Crise financeira na Argentina: leva a uma desconfiança do
mercado financeiro → fuga de capital;
➢ Aumento da inflação e da dívida pública;
➢ Desvalorização cambial.
DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL
Causas: Gráfico 4.2 Brasil: Taxa de Câmbio Implíta na Primeira
Década Republicana (1889 - 1900)
debate na historiografia: 35,00
➢ Problema é interno:
# Expansão monetária e 30,00

déficit público se refletem


no cambio 25,00

mil reis/ libra


➢ Problema é externo: 20,00

# fuga de capital em
função da crise na 15,00

Argentina
10,00

❖ Gustavo Franco: visão 5,00

externa da política interna

1889

1890

1891

1892

1893

1894

1895

1896

1897

1898

1899

1900
REPÚBLICA DA ESPADA: MARECHAL DEODORO DA
FONSECA (1889 – 1891)

 EFEITOS:
➢ 1ª Constituição (1891): fecha as instituições imperiais;
➢ Fechamento do Congresso (agravamento da crise política);
➢ Revolta da Armada (1891): devido a crise financeira foi gerada
uma crise institucional, onde Deodoro não conseguia negociar
com a oposição. Dado isso, ele fecha o Congresso e, assim,
militares da marinha ameaçam bombardear o RJ. Para evitar um
conflito civil, Deodoro renuncia.
➢ Queda de Rui Barbosa e Deodoro da Fonseca.
REPÚBLICA DA ESPADA
GOVERNO DE MARECHAL FLORIANO PEIXOTO (1891 – 1894)
 Era vice de Deodoro da Fonseca;
 Serzedelo Correia = ministro da Fazenda (pró-Rui Barbosa):
i. Estabelecimento de um banco líder (união de bancos
(BREUB+BB= BRB): sanear os “excesso da especulação”, maior
influência na administração do banco;
ii. Apoio a solidificação de empresas industriais viáveis:
emissão de bônus (até 100 mil contos);
i. Aumento da emissão de moeda: BRB autorizado a
emitir notas inconversíveis.
REPÚBLICA DA ESPADA

GOVERNO DE MARECHAL FLORIANO PEIXOTO (1891 – 1894)


 EFEITOS:
➢ Poucos resultados quanto ao saneamento financeiro: carteira do
próprio BRB muito contaminada;
➢ Aumento da especulação bancária;
➢ Crise cambial: alimentada pela situação política de paralisia no
processo decisório;
➢ Repressão dos focos de oposição (Marechal de Ferro): militares e
civis;
➢ Aumento do déficit orçamentário: sensível a flutuações cambiais;
➢ Instabilidade política.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)

GOVERNO DE PRUDENTE DE MORAIS (1894 – 1898)


 Primeiro governo civil da República;
 Levantes ocupando volumosos recursos do Governo Federal:
• Aumento do déficit público;
• Instabilidades política causadas por levantes militares.
PRUDENTE DE MORAIS (1894 – 1898)

 Rodrigues Alves = ministro da Fazenda


• Tentativa de empréstimos: sanear os serviços da dívida externa e
evitar pressões na taxa de câmbio;
• Recusa dos banqueiros (agitação política, desordem financeira)
= imposição de condicionalidades (medidas para aumentar
receitas e diminuir despesas);
• Após acordos, empréstimo liberado
• 07/1895: 7,5 milhões de Libras.
PRUDENTE DE MORAIS (1894 – 1898)

 EFEITOS:
➢ Baixa do preço internacional do café devido às grandes safras
1896/97, contribuindo para:
✓ Piora nas contas externas;
✓ Piora na situação cambial;
➢ Elevação dos serviços da dívida: empréstimo de 1895
rapidamente consumido e novas contratações de empréstimos
de curto prazo.
❖ Saída de Rodrigues Alves.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930):
PRUDENTE DE MORAIS (1894 – 1898)
 Joaquim Murtinho = ministro da Fazenda = metalista
• Fim das experiências papelistas e das políticas de estímulo ao
crescimento econômico;
• Fundamento: deixar perecer as indústrias artificiais e realizar uma
organização agrícola, a fim de promover uma redução na produção
de café → seleção natural: desaparecimento dos inferiores e
permanência dos superiores, concorrência entre os diversos lavradores;
• Política contracionista radical = severas medidas de saneamento fiscal
e monetário, como contrapartida para obtenção de empréstimos →
elevação de impostos, arrendamento de empresas, alienação de bens,
etc.
PRUDENTE DE MORAIS (1894 – 1898)

 Joaquim Murtinho = ministro da Fazenda =


metalista
➢ Após decreto da Moratória (1898) é
refinanciada a dívida pelo chamado funding
loan: saneamento fiscal e monetário em troca
do rolamento de compromissos externos –
serviço da dívida.
PRUDENTE DE MORAIS (1894 – 1898)

Funding Loan:
• Governo brasileiro deveria saldar seus compromissos anteriores
em um período de 3 anos com títulos de um novo empréstimo
(funding loan);
• As amortizações dos empréstimos seriam suspensas por 13 anos;
• Garantia: receitas da Alfândega do Rio de Janeiro;
• Condicionalidade: forma firme e decisiva no terreno monetário e
fiscal → equilíbrio das contas do governo.
PRUDENTE DE MORAIS (1894 – 1898)

 EFEITOS:
➢ Apreciação cambial: aumento da exportação da borracha; suspensão
no pagamento das obrigações externas; e contratação monetária;
➢ Aumento das entradas de capital dada a uma melhor percepção da
condução política pelos mercadores financeiros internacionais;
➢ Dependência brasileira aos fluxos de capitais externos: crises (melhorias)
cambiais são geradas pelo mau (bom) comportamento das políticas
monetárias e fiscais, mas não em função dos efeitos direitos, e sim, da
percepção que os banqueiros internacionais tinham sobre essas
políticas;
➢ Vitória de uma política econômica de conservadorismo monetário.
Gráfico 4. 7 Taxa de Câmbio Implícita (1893 - 1916)

35,000

30,000

milréis/libra
25,000

20,000

15,000

10,000
1893

1895

1897

1899

1901

1903

1905

1907

1909

1911

1913

1915
Gráfico 4.6 Brasil: Resultados da União: 1900 - 1915
(em contos de réis)
100

50

-50

-100

-150

-200

-250

-300

-350
1900

1901

1902

1903

1904

1905

1906

1907

1908

1909

1910

1911

1912

1913

1914

1915
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
 CARACTERÍSTICA DA ECONOMIA PRIMÁRIO-EXPORTADORA →
EXTREMA VULNERABILIDADE A DOIS TIPOS DE CHOQUES EXÓGENOS:
A. DEPENDÊNCIA DO CAFÉ: flutuações abruptas da oferta de café
• Produto dependente de variações climáticas;
• Imenso peso nas receitas de exportações;
• Produto com baixa elasticidade-preço: ou seja, aumento no preço,
não tem grandes impactos na demanda;
• Posição dominante na oferta mundial: influenciava preços.

❖ Choque externo pelo lado da oferta.


REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
 CARACTERÍSTICA DA ECONOMIA PRIMÁRIO-EXPORTADORA →
EXTREMA VULNERABILIDADE A DOIS TIPOS DE CHOQUES EXÓGENOS:

B. DEPENDÊNCIA DA ECONOMIA INTERNACIONAL:


• Flutuações na demanda dos países centrais;
• Bruscas descontinuidades do fluxo de capital entre centro e
periferia.

❖ Choque externo pelo lado da demanda.


REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
 O Estado formalmente se aproxima do modelo liberal democrático:
✓ República federativa: estados com razoável autonomia
✓ Sistema de representação fundado no voto universal não obrigatório:
exclui analfabetos, mendigos, praças militares, religiosos sujeitos a voto de
obediência e mulheres (formalmente não excluídas pela Constituição)
 Na prática: fraudes eleitorais era a regra, não a exceção
✓ Pressões sobre eleitores limitam a possibilidade da expressão de sua
vontade: voto a descoberto, bico de pena (redação da ata e do mapa
de apuração), eleitores fantasmas;
✓ Junto com articulações no plano federal (e estadual) impedem
oposições de ter qualquer influencia.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
POLÍTICA CAFÉ COM LEITE (1903 – 1930)
• Governo Federal não interferia nas questões estaduais e, em
troca, estes davam apoio político ao executivo federal →
POLÍTICA DOS GOVERNADORES;
❖ No centro do poder estadual está a grande oligarquia estadual:
• Não apenas fazendeiros, mas constituído por comerciantes,
controladores de serviços públicos, banqueiros e até industriais
✓SP: o grande capital cafeeiro;
✓Outros estados: situação semelhante
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
POLÍTICA CAFÉ COM LEITE (1903 – 1930)
❖Oligarquia estadual – usa poder estadual, dá poder aos
coronéis:
• Coronéis controlam as eleições e impedem o crescimento das
oposições;
• Consenso no interior inclusive sufoca interesses urbanos que
poderiam ter reivindicações autonomistas.
❖ CORONELISMO: coronéis com poder político local se articulavam
com as oligarquias estaduais.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
 POLÍTICA CAFÉ COM LEITE (1903 – 1930)
❖ PACTO OLIGÁRQUICO: sistema de controle político e centralização
de poder consolidado no Presidente da República e agregação
nacional:
➢ Aliança das oligarquias de SP e MG.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
 POLÍTICA CAFÉ COM LEITE (1903 – 1930)
• FONTES DE INSTABILIDADE:
1. Divergências políticas dos estados dominantes (SP e MG) quanto à
condução das políticas econômicas (cambial, monetária e defesa
do café);
2. Insatisfação dos estados “intermediários” (RJ, RS, BA, PE), os quais
reivindicavam maior participação no poder federal;
3. Descontentamento de uma minoria política – intelectuais,
imprensa independente, jovens da força armada – contra a
natureza antidemocrática e centralizadora do regime.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
 POLÍTICA CAFÉ COM LEITE (1903 – 1930)

• FONTES DE INSTABILIDADE: inflexões da política econômica ao longo


da República Velha vão decorrer de fatores externos – situação do
mercado internacional de capitais, a demanda pelos produtos de
exportação brasileiros (e seus preços), guerras, etc. – e fatores
internos – pressões em relação ao crédito, ao controle inflacionário,
interesses regionais/setoriais, etc.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ ERA DE OURO (1900 – 1913):
• 1898 – 1902: Campos Sales (PR Paulista)
• 1902 – 1906: Rodrigues Alves (PRP)
• 1906 – 1909: Afonso Pena (PR Mineiro)
• 1909 – 1910: Nilo Peçanha (vice) (PR Fluminense)
• 1910 – 1914: Hermes da Fonseca (PR Conservador)
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ ERA DE OURO (1900 – 1913):
• Período de maior crescimento durante toda a Primeira República, com
média de 4% a.a. do PIB;
• Reaparelhamento no setor de transporte (portuário e ferroviário);
• Taxas de inflação sob controle.
 Determinantes:
• Crescimento das exportações da borracha → Diminuição da
dependência excessiva do café;
• Fluxo de investimentos europeus mantidos pelas condicionantes
impostas pelos bancos europeus: período do conservadorismo
monetário (1890-1900).
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ ERA DE OURO (1900 – 1913):
• Com a volta do capital estrangeiro, o Brasil reestabelecia o
equilíbrio das contas externas, mudanças estruturais e aumento
dos padrões de vida nacional;
• Modernização (padrões europeus):
✓ Instalação de grandes e modernos portos;
✓ Aumento da rede ferroviária;
✓ Instalação de usinas de energia elétrica;
✓ Remodelações das cidades (RJ): expulsão das pessoas do centro
para as favelas; Revolta da Vacina (1904).
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ ERA DE OURO (1900 – 1913):
 1905 e 1906: ameaças ao crescimento
• Com o aumento considerável da entrada de divisas, acontece
uma apreciação cambial: prognósticos ruins para os exportadores
de café, que já sofriam com as quedas dos preços em função dos
altos estoques e mercado consumidor constante, e borracha.
• Consequências: novo debate sobre uma reforma monetária com
a vitória da proposta de adoção do Padrão-Ouro (1906): criação
da Caixa de Conversão, notas plenamente conversíveis em ouro
a uma taxa fixa de câmbio.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ ERA DE OURO (1900 – 1913):
 1906: previsão de supersafra de café em São Paulo
- O Brasil tinha status de quase monopolista mundial do café,
portanto, o volume de sua oferta determinava os preços da
mercadoria internacionalmente.
- Portanto: supersafra = redução nos preços do café → redução
nas receitas de exportação.
- Saída = controle dos preços por meio de restrição de oferta →
sistema bancário nacional não suportaria bancar essa restrição →
necessidade de financiamento externo.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ ERA DE OURO (1900 – 1913):
 CONVÊNIO DE TAUBATÉ (1906): 1ª política de “valorização” do café
i. Com o objetivo de restabelecer o equilíbrio entre oferta e
procura de café, o governo interviria no mercado para comprar
os excedentes;
ii. O financiamento seria estrangeiro (externo);
iii. Os serviços desses empréstimos seria coberto com um novo
imposto cobrado em ouro sobre cada saca de café exportada;
iv. Os governos dos estados produtores de café deveriam
desencorajar a expansão das plantações.
1ª tentativa de conseguir empréstimos externos para
escoar os estoques → Garantias não dadas pelo
Governo Federal.

Solução Parcial: empréstimos feitos pelos próprios


governos estaduais.

1907: crise financeira internacional que impossibilitou


o fluxo destes empréstimos.

Solução Final: Governo Federal flexibiliza sua posição


e toma empréstimos junto aos bancos ingleses.

Resultados: estabilidade do crédito já em 1908


garante o crescimento até 1913 junto com a
valorização nos preços da borracha.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ ERA DE OURO (1900 – 1913):
 O plano de defesa do café elaborado pelos cafeicultores foi bem
sucedido no curto prazo, porém deixava em aberto um lado do
problema: a defesa dos preços do café proporcionavam, à cultura
do café, uma situação privilegiada de lucros elevados e criavam
para o empresário a necessidade de seguir com suas inversões na
própria cultura.
 Fracassando na tentativa de manter estável a capacidade
produtiva e estabilidade dos preços.
✓ É um processo de transferência para o futuro da solução do
problema → socialização das perdas.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ ERA DE OURO (1900 – 1913):
 1912: primeiros sinais de desaceleração deste modelo começam
a aparecer
• Crescentes déficits: altos investimentos em obras públicas,
financiados com empréstimos externos (desconfiança credores);
• Deterioração das expectativas de exportação: a economia
mundial começa a patinar lançado dúvidas sobre as economias
primário-exportadoras;
• Cresce a incerteza quanto a capacidade de pagamento do país
e surgem dificuldades de manter o fluxo de crédito externo;
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ ERA DE OURO (1900 – 1913):
 1912: primeiros sinais de desaceleração deste modelo começam
a aparecer
• Queda no preço da borracha: aumento da concorrência das
Ilhas inglesas e holandesas no sudeste asiático;
• Decreto Antitruste nos EUA: obrigou os detentores de estoques de
café (comprados na supersafra de 1906) a venderem seus
excessos, forçando a queda no preço do café.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ ERA DE OURO (1900 – 1913):
 Com adoção do Padrão-Ouro em 1906, o Brasil vinculou a
estabilidade monetária doméstica ao comportamento do
Balanço de Pagamento. Acontecimentos exógenos que afetam
o mercado internacional do café, da borracha e o fluxo de
capital europeu, até 1913, seriam decisivos na determinação do
nível de atividade interna da economia.
 A permanência no Padrão-Ouro ocasionou arrocho monetário,
que levou a economia para uma profunda recessão bem antes
do início da I Guerra Mundial.
AJUSTE EM CÂMBIO FIXO

Entrada de
R juros capitais
Déficit Currency Equilíbrio
BP Board BP
Recessão
s preços
M
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ O IMPACTO DA GRANDE GUERRA (1914 – 1918):
 Venceslau Brás (PRM);
 Início da Guerra:
• Baixa do comércio internacional:
✓ Queda do fluxo de pagamentos externos;
✓ Queda da receita tributária oriunda de impostos de M e X;
✓ Queda de atividade da indústria do café.
• Moratória temporário das dívidas;
• Grande emissão de notas inconversíveis: alívio na crise de liquidez
e atender as despesas do governo → fim da Caixa de Conversão.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ O IMPACTO DA GRANDE GUERRA (1914 – 1918):

1914: 2° Funding Loan – assinatura de novos empréstimos


• 15 milhões de Libras;
• Aliviou o Balanço de Pagamentos;
• Estabilizou a taxa de câmbio;

 1915: prolongamento da Guerra


• Oferta de moeda volta a cair;
• Produção interna cai.
AJUSTE EM CÂMBIO FLEXÍVEL

inflação
Déficit BP
= Desvalori X
Excesso de zação P imp.
demanda cambial P nac. Equilíbrio BP
M
mercado
cambial
Emprego
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ O IMPACTO DA GRANDE GUERRA (1914 – 1918):
➢ Medidas radicais para tirar a economia da depressão:
1. Ampliação da base de produtos sujeitos ao imposto de consumo
(importação): alterar a dependência da receita em relação à
essa tarifa;
2. Corte de despesas do governo: queda do déficit orçamentário;
3. Nova emissão de notas do Tesouro e títulos federais de longo
prazo: pagar atrasados acumulados das despesas do Governo e
reverter o aperto da liquidez, com expansão das atividades do
BB (problema capital x interior) e na concessão de crédito.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ O IMPACTO DA GRANDE GUERRA (1914 – 1918):
 Industrialização e Pauta Exportadora:
• Queda na oferta mundial de manufaturados → Estímulos para a
economia brasileira expandir sua pauta exportadora além do
café e borracha → Crescimento de exportações não tradicionais,
como da indústria de processamento alimentício → uso da
capacidade produtiva já instalada e ociosa pela Guerra.
• Porém, restrições à importação de bens de capital provocou uma
capacidade de produção interna limitada → não houve grande
expansão da capacidade produtiva da indústria brasileira.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ O IMPACTO DA GRANDE GUERRA (1914 – 1918):
 Bloquei naval em 1916 pelos Aliados:
• Redução na oferta mundial de manufaturados e restrição das
importações brasileiras → Agravamento da crise orçamentária já
iniciada em 1914;
• A redução das importações brasileiras também afetou o seu nível
de crescimento → Redução da disponibilidade de bens de
capital (máquinas e equipamentos para o setor agrícola);
• 1917: navios brasileiros foram confiscados nos portos → aumento
dos estoques de café;
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ O IMPACTO DA GRANDE GUERRA (1914 – 1918):

 2ª POLÍTICA DE VALORIZAÇÃO DO CAFÉ (1917): financiamento


para compra do estoque foi feito internamente, por meio de
emissão de notas inconversíveis.
 A economia doméstica patina e a atividade industrial cai em 8,4%
→ Medidas de emissão temporária de crédito pelo governo
mostra-se insuficiente.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ O IMPACTO DA GRANDE GUERRA (1914 – 1918):
 1918: fim da guerra
• Problemas: primeiras greves operárias puxadas pela perda de
compra do salário real (puxado por aumento nos preços
alimentícios) e extrema fragilidade na posição externa brasileira
(rumores de prolongamento da guerra). Porém...
✓ Uma forte geada nas áreas produtoras de café pressionaram a alta
do preço nos mercados externos, reduzindo os excessos de oferta do
café;
✓ Fim da 1º G.M e das restrições à importação do café → Reequilíbrio
das contas externas brasileiras.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ O BOOM E RECESSÃO DO PÓS-GUERRA (1919 – 1922):

 1918-1919: Delfim Moreira (vice) (PRM)


 1919-1922: Epitácio Pessoa (PRM)
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ O BOOM E RECESSÃO DO PÓS-GUERRA (1919 – 1922):
 1919: aumento dos preços das commodities (boom internacional)
• Restrição da oferta devido à geada → aumento do preço do café;
• Aumento das exportações de outros itens da pauta;
• Como a capacidade de resposta das manufaturas, em fase de
recuperação, foi lenta. Também foi lento o aumento das
importações → superávit comercial brasileiro
→ recuperação do nível de atividade
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ O BOOM E RECESSÃO DO PÓS-GUERRA (1919 – 1922):
 1920: fortes pressões inflacionárias nos países centrais
• Situação de recessão nesses países;
• Devido à adoção de políticas monetárias restritivas de combate à
inflação (Inglaterra e EUA) e diminuição da importação por parte
desses países. Devastando a posição externa brasileira:
→ queda das exportações brasileiras + aumento tardio das
importações brasileiras como reflexo do ano anterior (boom).
 1921: 3ª POLÍTICA DE VALORIZAÇÃO DO CAFÉ
→ queda do preço do café, além de ano de grande safra.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ O BOOM E RECESSÃO DO PÓS-GUERRA (1919 – 1922):
 1921: 3ª POLÍTICA DE VALORIZAÇÃO DO CAFÉ
• Com o objetivo de melhorar a situação cambial era necessário o
restabelecimento do equilíbrio do Balanço de Pagamentos.
→ B.P. deficitário (saindo divisas): depreciando;
→ única forma era valorizar o preço do café para aumentar a
entrada de divisas: controle de estoque.
• Com auxílio do BB (financiando operações de crédito) e crédito
externo, a política logrou êxito no preço no curto prazo;
• Além do auxílio no controle sobre a taxa de câmbio.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ O BOOM E RECESSÃO DO PÓS-GUERRA (1919 – 1922):
 1922: piora da posição fiscal
• Governo continua com altas despesas e grandes volumes de
atrasados acumulados;
• Queda das importações (principal finte de receita do Governo);
• Para se financiar → aumento da emissão monetária;
• Efeito → aumento das pressões inflacionárias;
→ Revolta Tenentista (18 do Forte) = estado de sítio.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ RECUPERAÇÃO, DESEQUILÍBRIO EXTERNO E AJUSTE
RECESSIVO (1922 – 1926): Artur Bernardes (PRM)
 Fins de 1922: recuperação econômica
• Recuperação (artificial) do preço do café e forte desvalorização
cambial → Melhora do déficit da balança comercial;
• Retomada do crescimento da produção industrial dado o maior
volume de crédito disponível;
• Programa de obras públicas e crédito maior: aumento da
construção civil.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ RECUPERAÇÃO, DESEQUILÍBRIO EXTERNO E AJUSTE RECESSIVO (1922
– 1926):
 Os efeitos da intervenção federal no mercado de café → atenuou
os impactos dos choques externos causados pela recessão
mundial e protegeu a renda real do setor cafeeiro.
 + política cambial (desvalorização do mil-réis)
 = EFEITO ESTABILIZADOR → queda das importações;
→ aumento das divisas internacionais.

Portanto, mais um sucesso da POLÍTICA DE VALORIZAÇÃO DO CAFÉ.


REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ RECUPERAÇÃO, DESEQUILÍBRIO EXTERNO E AJUSTE RECESSIVO (1922
– 1926):
 Herança:
✓ B.P. extremamente vulnerável (posição externa);
✓ Crônica crise fiscal.
 BB passa a ter monopólio da emissão monetária (antes do
Tesouro), funções de um Banco Central = REFORMA MONETÁRIA;
 Receitas alfandegárias oriundas das exportações: meta prioritária
com o objetivo de reduzir a dependência das receitas de
importação.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ RECUPERAÇÃO, DESEQUILÍBRIO EXTERNO E AJUSTE RECESSIVO (1922
– 1926):
 1924: Programa “PERMANENTE” de defesa do café
• Administrado por um instituto federal:
1. Armazéns “reguladores” construído em entroncamentos
ferroviários estratégicos: todo o café colhido seria nele estocado
para controlar a oferta brasileira no mercado mundial;
2. Sistema bancado pelos cafeicultores: desde as despesas da
entrega do café ao armazém até o embarque para exportação.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ RECUPERAÇÃO, DESEQUILÍBRIO EXTERNO E AJUSTE RECESSIVO (1922
– 1926):
 Efeitos → redução do déficit público.
 Antes: a autoridade pública que incorria nos ônus financeiros e
ficava com os ganhos eventuais resultantes da operação
esporádica de defesa dos preços;
 Agora: o fazendeiro, que como proprietário dos cafés
armazenados, fariam a internalização, além dos lucros, do próprio
risco do processo.
Em fins de1923, começa a crescer rapidamente as necessidades
de financiamento da nova safra de café. Mas, Brasil fez um
empréstimo em 1922, se comprometendo a fazer nova
valorização do café apenas após liquidá-lo (10 anos).

Como estava necessitando intervir, começou um processo de


amortização, que seria pela venda dos cafés em estoque.

Acrescido a isso, em 1923 teve uma grande safra: exercendo


efeito depressivo sobre os preços do café, levando a
implementação da política de defesa.

A nova demanda sazonal por moeda no período de colheita


força o Banco do Brasil a emitir novas moedas, para financiar o
programa de defesa do preço do café → perdendo assim o
controle da política monetária.

Conclusão: A sustentação dos preços do café é incondizente


com uma política monetária restritiva.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ RECUPERAÇÃO, DESEQUILÍBRIO EXTERNO E AJUSTE RECESSIVO (1922
– 1926):
 1924:
• Posição externa ainda vulnerável: o substancial crescimento das
exportações, foi anulado pelo aumento paralelo das importações;
• Depreciação cambial: ausência de novos empréstimos externos;
• Aceleração inflacionária → dificuldades ao ajuste externo
→ deterioração dos salários reais.
• Criação de tensões urbanas preocupantes: revoltas militares.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ RECUPERAÇÃO, DESEQUILÍBRIO EXTERNO E AJUSTE RECESSIVO (1922
– 1926):
 1924: 2ª REVOLTA TENENTISTA – principal objetivo era depor o
presidente Artur Bernardes.
➢ Em SP, os revoltosos tomaram a sede do governo;
➢ Foi contida pelas forças legalistas;
➢ Aumento de despesas militares (MT, SE, AM);
➢ Necessidade de auxílio dos bancos: interrupção das transações
com SP.
❖ O Ajuste Recessivo

Em 1924, altas despesas com o exército para conter a rebelião e


necessidade de socorrer os bancos.
Resultado: fortes emissões monetárias como forma de financiamento

Consequências: surgimento de uma elite intelectual ligada ao governo


que diagnostica os problemas da fragilidade externa e da inflação
oriundas das emissões monetárias → política ortodoxa de ajuste interno e
externo (política monetária contracionista + política de austeridade
fiscal).

Solução: o governo pleiteava empréstimos externos, mas os banqueiros


condicionavam ao abandono da política de valorização do café;
Aproveitando de um momento favorável do preço do café, em fins de
1924, o Governo Federal transfere a responsabilidade do Programa para o
governo de SP → Instituto Paulista.

Consequências: Choque monetário.


REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ RECUPERAÇÃO, DESEQUILÍBRIO EXTERNO E AJUSTE RECESSIVO (1922
– 1926):
 EFEITOS:
• Aumento da taxa de juros: reduzir a base monetária;
• Diminuição do crédito: efeito negativo no desempenho da
economia → queda da produção e investimento industrial:
✓ Queda na produção industrial e nos investimentos privados →
Medidos pela importação de bens de capital (-24% em 1926).
• Desaceleração da inflação;
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ RECUPERAÇÃO, DESEQUILÍBRIO EXTERNO E AJUSTE RECESSIVO (1922
– 1926):
 EFEITOS:
• Apreciação da taxa de câmbio:
✓ Valorização cambial (40%) → Reforço da queda dos preços e
crescimento de curto prazo.
• Recuperação da posição externa brasileira: aumento dos fluxos de
comércio e dos investimentos internacionais;
• Manutenção do preço do café até 1927.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ O BOOM E A DEPRESSÃO APÓS O RETORNO AO
PADRÃO-OURO (1927 – 1930): WASHINGTON LUÍS (PRP)

 HERANÇA: lograva das ações de aperto monetário e fiscal do


governo anterior + melhora nos preços do café + disponibilidade
de crédito no mercado internacional.
 PROJETO DE REFORMA MONETÁRIA: volta ao padrão-ouro
• Objetivo: atingir a conversibilidade do total da oferta monetária
✓ Política possível devido à disponibilidade de crédito internacional e
investimentos estrangeiros;
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ O BOOM E A DEPRESSÃO APÓS O RETORNO AO PADRÃO-OURO
(1927 – 1930):
 PROJETO DE REFORMA MONETÁRIA: volta ao padrão-ouro
• 1ª FASE) Estabilização de fato → Criação da Caixa de
Estabilização: função de emitir notas conversíveis à vista contra
novos depósitos em ouro fossem realizados;
• 2ª FASE) Conversibilidade total de fato;
• 3ª FASE) Mudança da moeda para Cruzeiro e Transferência total
do poder de emissão de moedas ao BB.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ O BOOM E A DEPRESSÃO APÓS O RETORNO AO PADRÃO-OURO
(1927 – 1930):
 Washington Luís tinha uma motivação política:
A. Respondia aos desejos dos produtores domésticos tanto em
relação às tendências à apreciação cambial (dado ao aumento
de reservas oriundos dos investimentos anglo-americanos), quanto
ao futuro da política monetária;
B. Reforma monetária impunha um controle da oferta de moeda e
disciplina fiscal, o que era bem visto pela opinião política
relevante no país e pelos credores externos.
❖ O BOOM E A DEPRESSÃO APÓS O RETORNO AO PADRÃO-OURO
(1927 – 1930):
➢ No primeiro ano do governo Washington Luís, a economia
recuperou o ritmo de crescimento abalado pelo ajuste recessivo
de Arthur Bernardes:
Superávit na Balança de Pagamentos, devido aos
investimentos estrangeiros (Conta Capital) → Rápida
expansão de emissões monetárias da “caixa de
estabilização”

A grande maioria desses investimentos servirão para


pagamentos de serviços da dívida, porém vários deles
foram destinados às obras públicas e injeção de
recursos na cafeicultura.

Retomada do crescimento impulsionado por estímulos


na demanda → PIB: aumento de 10,8% em 1927 e
11,5% em 1928.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ O BOOM E A DEPRESSÃO APÓS O RETORNO AO PADRÃO-OURO
(1927 – 1930):
 1927:
• Aumento de renda na cafeicultura + Relaxamento das condições
de crédito → Quadro virtuoso da economia.
✓ Estímulos na própria cafeicultura;
✓ Aumento generalizado de demanda para o setor urbano;
✓ Preços estáveis garantidos pela estabilidade cambial e ampla
capacidade ociosa na indústria.
➢ Reativação dos níveis de atividade.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ O BOOM E A DEPRESSÃO APÓS O RETORNO AO PADRÃO-OURO
(1927 – 1930):
 Porém, recuperação econômica sustentada por bases frágeis:
• Dependia crucialmente da manutenção das condições
econômicas internacionais; e
• A adoção do padrão-ouro aumentava a vulnerabilidade do
equilíbrio macroeconômico. Isto porque, como as condições
favoráveis de balanço de pagamentos podiam reverte-se
rapidamente, a perda de reservas internacionais submeteria a
economia a pressões deflacionárias.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ O BOOM E A DEPRESSÃO APÓS O RETORNO AO PADRÃO-OURO (1927
– 1930):
 Situação frágil como a vivida pela defesa do café (Instituto Paulista),
que dependia de 3 fatores, fora de seu controle, para funcionar:
1. Oferta: quanto maior a safra → maior a necessidade de
financiamento para manter os estoques;
2. Demanda Mundial: menor demanda mundial, maiores eram os
estoques → maiores pressões por financiamentos de estoque;
3. Condições de crédito doméstico: liquidez do sistema bancário para
realizar a defesa por meio de disponibilidade de crédito.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ O BOOM E A DEPRESSÃO APÓS O RETORNO AO PADRÃO-OURO (1927 –
1930):
 A situação é a seguinte: se a demanda mundial do café diminui:
➢ Provoca uma deterioração da Balança Comercial;
➢ Essa situação faz o Instituto Paulista precisar de crédito, para a compra
do estoque excedente;
➢ Porém, devido ao padrão-ouro há uma diminuição do crédito
doméstico;
➢ Com isso, recorre a captação externa.
➢ Podendo ser agravada, caso haja redução da liquidez internacional de
crédito.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ O BOOM E A DEPRESSÃO APÓS O RETORNO AO PADRÃO-OURO
(1927 – 1930):
 1928: deterioração da posição externa brasileira:
→ Estagnação das exportações;
→ Crescimento acelerado das importações, induzido pela
recuperação dos níveis de atividade e investimentos domésticos;
→ Estancamento temporário do fluxo de empréstimos externos;
→ Rápida redução de empréstimo ao setor privado pelo BB;
→ Baixos níveis de atividade econômica: produto real estagnada e
queda da produção industrial.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ O BOOM E A DEPRESSÃO APÓS O RETORNO AO PADRÃO-OURO
(1927 – 1930):
 1929:
→ Retração da demando por commodities +
→ Bloqueio do financiamento externo (crise) e interno (com objetivo de
cumprir com a Reforma Monetária) +
→ Supersafra do café +
→ Estoques elevados de café desde 1927
= COLAPSO DO PROGRAMA DE DEFESA DO CAFÉ (nov./1929) → falência do
sistema primário-exportador.
➢ E fim da República Velha.
OS DEBATES NA HISTOGRAFIA

❖ HISTOGRAFIA TRADICIONAL:
➢ Política Econômica na República Velha:
✓ Definida em função dos interesses corporativos da cafeicultura
que detém poder no período;
✓ Exemplos: desvalorização cambial e Políticas de Defesa do Café;
✓ Problemas:
→ Visão política um pouco estreita;
→ Resistências à defesa por parte do governo federal (1906 e 1929);
→ Momentos de valorização cambial e/ou câmbio fixo.
Cambio Nominal na República Velha (1889 - 1930)
4E-15
Flexível
desvaloriza valoriza

Flexível
3,5E-15
desvaloriza valoriza

Cambio Fixo
caixa de conversão
3E-15

2,5E-15

2E-15

1,5E-15 Cambio Fixo


caixa de establização

1E-15

5E-16

0
1897

1903

1909

1915
1889
1890
1891
1892
1893
1894
1895
1896

1898
1899
1900
1901
1902

1904
1905
1906
1907
1908

1910
1911
1912
1913
1914

1916
1917
1918
1919
1920
1921
1922
1923
1924
1925
1926
1927
1928
1929
1930
Política Econômica na República Velha (1989 – 1930)
Regime Cambial

Cambio flexível Cambio Cambio flexível Cambio


fixo fixo

Desvalori Valori Desvalo Valori


zação
e zação e
zação rização

1889 1906 1914/18 1927 1930


1898 1912 1924 1928

Ms Ms Ms Ms Ms Ms Ms Ms

Ativa Passiva Ativa Passiva

Política Monetária
OS DEBATES NA HISTOGRAFIA

❖ HISTOGRAFIA MONETÁRIA: Peláez, Villela e Suzigan (década de 70)


➢ Política Econômica na República Velha:
✓ Possui um caráter marcadamente ortodoxo: monetário, fiscal e
cambial;
✓ Exemplos: valorização cambial, política monetária contracionista e
discursos de ministros;
✓ Problemas:
→ Contra exemplos: desvalorização cambial, defesa do café;
→ Discursos como base é complicado.
OS DEBATES NA HISTOGRAFIA

❖ HISTOGRAFIA ATUAL: Fausto, Saes, Perisinotto


➢ Política Econômica na República Velha: Boris Fausto
✓ Cafeicultura é hegemônica, mas não dominante;
✓ Existem outros grupos com poder de pressão de modo que:
→ Cafeicultura é o grupo principal, mas o controle era
compartilhado, como por exemplo a derrota em 1910 (PRF);
→ Poder não exercido de forma unilateral, incondicional: sacrifícios
necessários para se manter hegemônico.
OS DEBATES NA HISTOGRAFIA

➢ Política Econômica na República Velha: Boris Fausto


✓ Os grupos de interesse:
→ Cafeicultura;
→ Outras oligarquias: mercado interno x mercado externo (outros
produtos);
→ Grupos não oligárquicos: classes urbanas, militares, industriais;
→ Interesses internacionais: banqueiros, investidores, empresas
estrangeiras, comerciantes (exportadores e importadores),
Governos de outros países e suas corporações diplomáticas.
OS DEBATES NA HISTOGRAFIA

➢ Política Econômica na República Velha: Saes e Perisinotto


✓ Cafeicultura não é um grupo homogêneo, existe divisão de
interesses: lavoura x grande capital cafeeiro
→ Lavoura: produtores/exportadores;
→ Grande capital cafeeiro: diversificação de interesses
• Empresas de serviços públicos;
• Comércio;
• Bancos;
• Indústrias...
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ O BOOM E A DEPRESSÃO APÓS O RETORNO AO PADRÃO-OURO
(1927 – 1930):
➢ CONCLUSÕES
1) A economia primário-exportadora dependeu excessivamente do
capital externo e do comportamento da economia mundial em
relação à demanda de comodities (especialmente o café);
2) A política de câmbio flutuante sujeitava a política monetária às
oscilações externas, tornando a economia brasileira sempre
vulnerável ao capital estrangeiro;
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)
❖ O BOOM E A DEPRESSÃO APÓS O RETORNO AO PADRÃO-OURO
(1927 – 1930):
➢ CONCLUSÕES
2) Cont.: Dentro de um ambiente externo relativamente favorável, leva à
substituição do regime cambial (1906 e 1926), adotando-se as
chamadas regras do Padrão-Ouro, ou seja, uma política de câmbio fixo
com política monetária passiva. Esta fase se mantém enquanto as
condições externas são favoráveis; no contrário, a política monetária
torna-se contracionista e quando a situação atinge grandes proporções
(I G.M. e crise de 1930), abandona-se o câmbio fixo e volta-se a um
regime de câmbio flexível.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)

❖ O BOOM E A DEPRESSÃO APÓS O RETORNO AO PADRÃO-OURO


(1927 – 1930):
3) O “intervencionismo” do Governo Federal restringiu-se muito mais
ao mercado de café do que aos demais setores da economia.
4) A “defesa do café” constituía basicamente na depreciação da
moeda nacional como estímulo às exportações e nos
empréstimos externos (que desvaloriza a moeda nacional
também).
POLÍTICAS DE VALORIZAÇÃO (DEFESA) DO CAFÉ

Primeira Republica

Defesa Defesa
esporádica Defesa permanente
esporádica
3 intervenções
• 1906 Realizado pelo
• 1917 Instituto de
• 1921 Defesa do Café
de São Paulo a
Só na primeira partir de 1924
algum controle de
expansão da
oferta

Forte ampliação da produção (com alguns (pouco) períodos de


quebra de safra associados aos problemas naturais) e crescente
concorrência internacional.
REPÚBLICA OLIGÁRQUICA (1898-1930)

❖ O BOOM E A DEPRESSÃO APÓS O RETORNO AO PADRÃO-OURO


(1927 – 1930):
5) O Padrão-Ouro mostrou-se um catalizador das crises: em 1927-30
havia grande injeção de recursos externos e a consequente
acumulação de reservas em ouro (portanto, conversíveis em
moeda) pelo governo. Com a crise de 1929-30 há forte fuga de
capitais e uma repentina queima nos estoques de ouro e,
consequentemente, da base monetária.

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