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Carla Mallmann
Orientador: Prof. Luciano Zamberlan
Resumo
Quanto mais uma economia se desenvolve, mais importante se torna o
relacionamento. As organizações estão cada vez mais preocupadas em desenvolver e
manter relações com seus clientes, uma vez que, produtos e serviços não agregam valor
e podem ser facilmente substituídos. Este estudo tem por objetivo avaliar o nível de
relacionamento da Cresol com seus associados(clientes). Para a realização deste
trabalho foram utilizados dados secundários como obras bibliográficas e informações
obtidas a partir de questionários entregues aos associados, com a intenção de descobrir o
que o associado considera relevante para um bom relacionamento e como está o seu
relacionamento com a Cresol. Para tanto foram distribuídos 47 questionários, com base
na escala desenvolvida por Wilson e Vlosky (1997), sendo ela adaptada para a realidade
da pesquisa. Após a tabulação e análise dos dados obtidos pode-se afirmar que há um
bom relacionamento entre Cresol e seus associados, considerando altos índices de
concordância e satisfação.
1 Introdução
O Marketing é caracterizado como elemento-chave no processo de obter emanter
o cliente. Entretanto, para Mckenna (1999),o marketing não pode ser visto como uma
função, sendo uma forma de fazer negócios. Tem que ser uma atividade difundida no
geral da organização, com o intuito de integrar o cliente de forma a se engajar e
participar da elaboração do produto e do serviço, no desenvolvimento de um processo
sistemático de interação, que dará firmeza à relação entre cliente e organização.
Kotler (2000), aborda o marketing como um meio de conquistar e manter
clientes, desenvolvendo relacionamentos lucrativos com eles, sendo visto como uma
ciência e arte, estratégia essa que leva o nome de Marketing de Relacionamento, que
consiste em colocar o cliente em primeiro lugar.
Neste contexto, o Marketing de Relacionamento passa a ser, então, cada vez
mais referenciado, como meio de desenvolver um relacionamento, no qual o cliente está
em lugar de destaque, sendo abordado como fator competitivo dentro da empresa.
Além disso, o Marketing de Relacionamento tem condições de oferecer às
empresas uma série de vantagens importantes, tais como desenvolver a fidelidade entre
os clientes, dispor de um ambiente que favoreça soluções inovadoras, estabelecer um
local propicio para testar novas ideias e alinhar a empresa com os clientes que valorizam
o que ela tem a oferecer. (GORDON, 2000)
Futrell (2003, p.42) afirma que a organização que faz uso do marketing de
relacionamento não está buscando uma simples venda ou transação. Ela se concentra
num grande cliente para o qual gostaria de vender agora e no futuro. A empresa quer
demonstrar ao cliente que ela dispõe dos recursos para atender as necessidades dele da
melhor forma possível, especialmente se puder ser criado um relacionamento
comprometido.
Portanto, este estudo tem como objetivo avaliar o nível de relacionamento da
Cresol, unidade de Três de Maio, com seus associados(clientes), identificar o grau de
satisfação do seu relacionamento com a Cresol e verificar o que o associado considera
importante para um bom relacionamento.
Este estudo justifica-se pela importância que o relacionamento tem nas
organizações hoje. Para Gummesson apud Franco e Minciotti (2002), o marketing de
relacionamento “é o marketing visto como relacionamentos, redes e interações”.Os
relacionamentos são inerentes ao ser humano e centrais nos negócios. As pessoas
preferem trocar serviços com quem conhecem e em quem confiam. E ainda, entende
que o marketing de relacionamento oferece um caminho não só para melhorar a
retenção de clientes, mas também relacionamentos de longo prazo com vendedores
concorrentes e outros agentes envolvidos no processo.
Assim sendo, o presente artigo está organizadoda seguinte forma: primeiro é
apresentado o embasamento teórico, em seguida a metodologia utilizada e por fim a
apresentação de dados e considerações finais ao estudo.
2 Cooperativismo de Crédito
A cooperação entre os homens já existia desde os primórdios, estando sempre
associada às lutas pela sobrevivência, às crises econômicas, políticas e sociais, bem
como às mudanças. Os povos antigos praticavam a cooperação na sua luta pela
sobrevivência, em especial na agricultura onde o cooperativismo foi fortemente
utilizado para superar problemas que de forma isolada o homem seria incapaz
(COOPERHAF, 2008).
O início do movimento cooperativista no Brasil ocorreu no ano de 1847, foi
quando o médico francês Jean Maurice Faivre fundou com um grupo de europeus nos
sertões do Paraná, a colônia Tereza Cristina, organizada em bases cooperativas. Essa
organização, apesar de sua breve existência, contribuiu na memória coletiva como
elemento formador do florescente cooperativismo brasileiro.
O Cooperativismo, segundo Veiga e Fonseca (2001), é um sistema de idéias,
valores e forma de organização da produção de bens e serviços e do consumo que
reconhece as cooperativas como forma ideal de organização das atividades
socioeconômicas.
Ricciardi e Jenkins (2000) definem o cooperativismo como um método de
trabalho conjugado, ao mesmo tempo em que pode ser visto como um sistema
econômico peculiar, em que o trabalho comanda o capital, pois as pessoas se associam
cooperativamente são as donas do capital e as proprietárias dos demais meios de
produção (terras, máquinas, equipamentos, instalações e outros), além de serem a
própria força de trabalho. Com essa disposição de associação tem o propósito de realizar
um empreendimento que venha a prestar serviços mútuos, fica claro que essa associação
busca a elevação do padrão de vida dos associados.
Veiga e Fonseca (2001) complementam ainda, que cooperativismo é um sistema
de cooperação econômica que pode envolver várias formas de produção e trabalho e
aparece historicamente junto com o capitalismo, mas se propõe como uma das maneiras
de sua superação. É reconhecido como um sistema mais adequado, participativo, justo,
democrático e indicado para atender às necessidades e aos interesses específicos dos
trabalhadores. É o sistema que propicia o desenvolvimento integral do indivíduo por
meio do coletivo.
A cooperativa de crédito é uma instituição democrática, de ajuda mútua, sem
fins lucrativos, de propriedade dos seus sócios e governados por eles mesmos.
Atualmente é permitida pela legislação brasileira a constituição de dois tipos de
cooperativas de crédito: as de crédito rural e as de crédito mútuo (CRESOL CENTRAL,
2008, p. 23).
A Cooperativa de Crédito, segundo Schardong (2002), objetiva promover a
captação de recursos financeiros para financiar as atividades econômicas dos
cooperados, a administração de suas poupanças e a prestação de serviços de natureza
bancária por eles demandada.
O que caracteriza uma cooperativa de crédito: é uma sociedade de pessoas
voluntárias;o associado participa de um projeto comum;precisa satisfazer as
necessidades individuais e coletivas; precisa apresentar viabilidade econômica; é
administrada por responsáveis escolhidos por membros e técnicos assalariados; e deve
estar comprometida com seus associados no sentido de gerar para estes uma melhoria na
qualidade de vida a partir da construção do desenvolvimento local, sustentável e
solidário (CRESOL CENTRAL, 2008).
3 Metodologia
Para atingir os objetivos deste estudo a pesquisa foi composta de duas etapas:
exploratória e descritiva.
1 Pesquisa Exploratória
A pesquisa exploratória, segundo Gil (2002), tem como objetivo proporcionar
maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir
hipóteses.
Malhotra (2001), define pesquisa exploratória como um tipo de pesquisa que
tem como principal objetivo o fornecimento de critérios sobre a situação-problema
enfrentada pelo pesquisador e sua compreensão. É usada em casos nos quais é
necessário definir o problema com maior precisão. Nesta etapa,realizou-se uma revisão
literária a respeito de marketing de relacionamento e sua importância.
2 Pesquisa Descritiva
Para Oliveira (2004), os estudos descritivos destinam-se a descrever as
características de uma determinada situação, podendo ser de utilidade quando coletar
dados com um objetivo definido, incluindo uma interpretação por um investigador.
De acordo com Malhotra (2001), o principal objetivo da pesquisa descritiva é
descrever alguma coisa, normalmente características ou funções do mercado. Este tipo
de pesquisa requer uma clara especificação de quem, o que, quando, onde, porque e a
maneira de pesquisar. Esta pesquisa classifica-se como sendo um estudo transversal
único, ou seja, é extraída somente uma amostra de entrevistados da população-alvo e as
informações são obtidas desta amostra somente uma vez.
A pesquisa descritiva envolveu a adaptação de um instrumento de coleta de
dados desenvolvido por Wilson e Vlosky (1997) e a aplicação do mesmo a clientes da
Cresol, unidade de atendimento de Três de Maio. Para tanto, foram aplicados 47
questionários.
A partir de seis grandes variáveis, tais como, dependência, nível de
comparação de alternativas, investimentos no relacionamento, troca de informações,
confiança e comprometimento, têm-se 36 itens distribuídos dentro dessas seis
dimensões de análise do relacionamento, as quais desempenham papel importante na
diferenciação entre relacionamentos tradicionais e relacionamentos de parceria,
contemplando, portanto, variáveis importantes na mensuração do marketing de
relacionamento no canal de marketing.
Cabe ressaltar que foi utilizada dentro deste instrumento a escala de Likert.
Essa escala permitiu que os entrevistados demonstrassem suas opiniões com relação ao
relacionamento variando de 1= discordo totalmente a 5= concordo totalmente.
Para o presente estudo foi adotada a escala de Likert, variando de 1 (concorda
totalmente) a 5 (discorda totalmente). Visando um melhor entendimento quanto as
variáveis do marketing de relacionamento avaliadas no instrumento de pesquisa, essa
escala pode ser melhor entendida conforme demonstra o Quadro 1:
Quadro 1 - Escala utilizada para medir o nível de relacionamento dos
5 Considerações finais
Com apenas dois anos de Cresol, unidade em Três de Maio, os resultados
obtidos através das pesquisas demonstram um bom relacionamento entre Cresol e seus
associados: 94% dos entrevistados responderam estar satisfeitos com o relacionamento
que têm com a Cooperativa.
Pode-se perceber que o relacionamento tem como base principalmente a
confiança, sendoque o atributo foi considerado o mais importante, e ainda, obteve uma
média de 4,25 com concordância de 83,93%.
Pode-se verificar também que os associados da Cresol não se consideram
dependentes da Cooperativa nem consideram ser difícil substituir as movimentações da
Cresol. Porém consideram a Cooperativa estrategicamente importante para suas
movimentações financeiras e pretendem estreitar suas relações com a mesma.
Consideram ainda, que a Cresol atende de forma diferenciada e que nenhuma instituição
atende igual a ela.
Em relação as outras Instituições Financeiras, os seus associados procuram
investir no relacionamento com a Cresol buscando gerar parceria; o fato de ser uma
Cooperativa de Crédito também aproxima o associado da Cresol fazendo com que ele
troque mais informações com a Cooperativa do que com outras Instituições Financeiras.
Percebe-se também que seus clientes apostam num relacionamento duradouro
com a Cresol, demonstram estar dispostos a fortalecer suas relações com a Cooperativa.
Os associados se sentam felizes e orgulhosos em fazer parte desta Cooperativa de
Crédito. Observa- se que eles estão comprometidos e veem a relação com a Cresol
como uma parceria e concordam que uma das principais razões de continuar com a
Cooperativa, porque ela oferece benefícios diferenciados das outras Instituições
Financeiras.
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