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Unidade V

Unidade V – Dicas e reflexões finais

Como preparar festividades


Em todas as escolas onde existem aulas de dança, os professores geralmente são
solicitados a fazer apresentações com seus alunos nas festividades. Nesse caso, não cabe
a reclamação sempre repetida de que as aulas têm que ser interrompidas para os ensaios.
Para resolver essa questão, é importante ter em mãos um planejamento, no mínimo
semestral, das festividades e, já no início do ano, começar a preparar as crianças para uma
bonita apresentação.

Durante as aulas normais, vá colecionando as seqüências de movimentos,


interpretações e teatralizações criadas pelos alunos. Selecione pela qualidade estética. Vá
anotando, fotografando, ou mesmo gravando em vídeo esses pedaços de dança. Faça com
que as crianças ensaiem no final das aulas, para fixar e aprimorar os movimentos
selecionados. Juntando esses pedaços, você terá uma coreografia pronta, bastando adaptá-
la ao tema da festividade. A adaptação pode ser feita através da escolha de música
adequada, ambientação, roupas, etc. Como a coreografia será constituída de movimentos
criados pelos alunos, será fácil a memorização e, além disso, as crianças irão se motivar
para a apresentação.

Você também pode demonstrar, nessas festividades, uma dança completa que já
tenha sido trabalhada em sala. O importante é que essas apresentações sejam sempre
muito prazerosas e sirvam para aumentar a auto-estima dos alunos.
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Essas festividades são acontecimentos importantes para o processo de


aprendizado da dança e para o desenvolvimento das crianças. Elas se dedicam com afinco
nos ensaios, pois adoram mostrar aos parentes, professores, amigos e a outros alunos, o
que são capazes de fazer. Afinal, todos gostamos de demonstrar o resultado de nosso
esforço e dedicação.

Os acontecimentos eventuais
Algum dia, apesar de você ter planejado cuidadosamente a aula, pode ser
necessário modificar os planos na última hora. Aconteceu um evento tão importante para as
crianças que você se vê obrigado a incluí-lo nas atividades do dia. Por exemplo, se ocorreu
uma tempestade muito forte no dia anterior, se faltou luz, se um dos colegas vai embora, se
algum grupo de dança se apresentou para eles, você deve, com certeza, aproveitar essas
oportunidades. Esses eventos ajudam, pela importância que têm na vida das crianças, na
compreensão do relacionamento vida/dança. Relacionar as danças das crianças a eventos
significativos no cotidiano das suas vidas contribui para que elas mesmas teçam o fio
condutor das suas emoções.

Improvisação e a dança livre


Se a turma já tem algum amadurecimento e prática em improvisar, e se sabem
parar e recomeçar por conta próprias, então o improviso torna-se uma forma útil de
demonstração de Dança Criativa e de desenvolvimento da criatividade. Lembre-se, no
entanto, que está se falando em improviso. Se estivermos falando em composição, um
outro caminho deve ser escolhido. Nesse caso, as crianças precisarão de orientação na
área de composição coreográfica, o que não é o objetivo deste curso.

Uma das estratégias para estimular a improvisação é, ao longo do planejamento,


incluir em um momento a chamada dança livre. Na dança livre, todos dançam ao mesmo
tempo em que a música é tocada. Pode ser apresentada como um desafio: “vocês acham
que podem dançar com qualquer música?”. Toque trilhas de filmes, música clássica, música
folclórica, música popular. A ordem é: “quando a música começa, vocês dançam, quando a
música pára, vocês fazem uma pose, enquanto esperam tocar outra vez.”

A criança não deve se preparar, mas sim dar uma resposta física e imediata à música
que está ouvindo. Pura improvisação! O aluno não deve se preocupar em apresentar uma
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dança para o professor assistir. O objetivo é soltar o corpo para que ele se sintonize com a
melodia através dos movimentos. O repertório musical deve ser variado no estilo, na textura
e na velocidade. As crianças gostam do fator surpresa.

Pergunte aos alunos sobre as variações que cada um foi capaz de fazer,
estimulando-os a experimentar outras diferentes. Você deve explicar que, quando estiverem
cansadas, as crianças devem procurar um nível mais baixo, em uma posição mais
confortável, movendo lentamente só uma parte do corpo e usando pouco espaço. O único
requisito é não parar de dançar, até que a música pare de tocar. O objetivo é fazer com que
as crianças dancem porque se sentem bem, se movendo da sua própria maneira.

Uma outra variação para a dança livre é o que se pode chamar de dança final. Na
dança final, as crianças, uma a uma, organizadas a partir de uma fila, escolhem uma música
tocada durante a aula e fazem as suas danças para o professor, finalizando com uma pose
e sentando-se ao lado dele.

Quando, no planejamento do professor, estiver incluída a dança livre, ele sempre


deverá ter a preocupação de apresentar uma obra de arte — música, pintura, escultura,
coreografia, etc — no início da aula, como tema principal ou auxiliador do tema.

A dança livre só deve ser proposta após cerca de quatro meses de aula.
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O ensino da Dança nas Escolas e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

As Escolas de ensino regular normalmente têm um programa atlético, um programa


de arte e um programa de música. A dança não está incluída. Em um programa atlético, por
exemplo, o movimento é funcional, ou seja, uma bola deve ser lançada ou agarrada. O
aluno deve aprender a esquivar-se, desenvolver força, coordenação, flexibilidade para ser
um bom jogador ou atleta.

Sem dúvida, a dança está relacionada com todas essas atividades, mas ela
transcende essa funcionalidade dos movimentos. A dança é o único campo em que a
atividade física e expressão artística envolvem simultaneamente o indivíduo, sendo,
portanto, indispensável para uma educação integral.

Infelizmente, a sociedade brasileira não considera a dança como algo essencial


para a cultura, embora seja comum se dizer, para mostrar que a dança é uma constante em
nossas vidas, que “no peito de cada brasileiro bate um pandeiro...”, ou “nossa raça tem
molejo...”. E, de fato, na televisão, durante o carnaval, nos bailes, nos templos de umbanda,
nas festas folclóricas, a dança está sempre presente. Valoriza-se a dança como expressão
folclórica de nossa brasilidade primitiva e não como uma possibilidade de expressão
artística do ser humano.
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Nos anos 80 e 90, muitos educadores batalharam para que a Arte fosse incluída nos
currículos escolares. Através de ações políticas, conseguiram incluir na LDB nº 9.394/96,
Art. 26, § 2, a obrigatoriedade do ensino da Arte nos diversos níveis da educação básica.
Mas isso só não assegura a inclusão da Arte nos currículos escolares.

Com o objetivo de criar um instrumento útil no apoio às discussões pedagógicas nas


escolas, na elaboração de projetos educativos, no planejamento das aulas, na reflexão
sobre a prática educativa e na análise do material didático, o Ministério da Educação e do
Desporto consolidou os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Esses parâmetros
apontam metas de qualidade que ajudam o aluno a enfrentar o mundo atual como cidadão
participativo, reflexivo, autônomo e conhecedor de seus direitos e deveres. Assim sendo, o
documento de Arte expõe uma compreensão do seu significado na educação, explicitando
conteúdos, objetivos e especificidades, tanto no que se refere ao ensino e à aprendizagem,
quanto no que se refere à Arte como manifestação humana.

Em todos os ciclos da educação fundamental, os Parâmetros Curriculares dão à área


de Arte uma grande abrangência, propondo quatro modalidades artísticas: (1) Artes Visuais
- com maior amplitude que Artes Plásticas, englobando artes gráficas, vídeo, cinema,
fotografia e as novas tecnologias, como arte em computador; (2) Música; (3) Teatro; (4)
Dança - que é demarcada como uma modalidade específica.

É nosso papel, como arte-educadores, ocupar esses espaços previstos na legislação


e promover a dança nas escolas. É papel da escola formar cidadãos em sua integralidade,
o que significa desenvolver nossas crianças tanto no aspecto cognitivo, quanto na dimensão
emocional e artística. A Dança Criativa pode contribuir nessa nobre missão, não apenas de
estimular o aluno a um relacionamento saudável com as possibilidades expressivas de seu
corpo, mas, especialmente, de orientá-los para que suas ações no mundo estejam
sustentadas na consciência aprimorada pela sensibilidade.
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Um até breve da Professora

Querido aluno,

Chegamos ao final de nosso curso.

Foi muito prazeroso para mim acompanhá-lo nos estudos durante essas 21 aulas,
especialmente de um tema pelo qual sou apaixonada: a Dança Criativa.

Agora que estamos terminando o curso, gostaria muito de compartilhar com você o
que tenho vivenciado em grande parte da minha vida como professora de dança: ensinar
dança é muito difícil!

É difícil sim, mas é muito prazeroso! E esse prazer, que compensa qualquer
dificuldade, nós desfrutamos quando assumimos que o importante é levar cada aluno a
sentir o que significa dançar por inteiro, envolvendo corpo, mente e emoção. O ser humano
não é fragmentado. As emoções estão amarradas aos movimentos. Seja através da
dramatização de uma idéia, de um poema ou de uma música, é fundamental que as
crianças percebam que dança não é apenas um desafio às suas habilidades físicas.

O corpo é um maravilhoso instrumento. É fascinante poder ajudar as crianças a


identificarem os movimentos que cada parte do corpo pode fazer e, assim, levá-las a
perceber a poética presente nos movimentos. Para isso, é preciso mobilizar as emoções
das crianças. E isso só conseguiremos se deixarmos fluir nossas próprias emoções.

Seja feliz !

Um beijo carinhoso da Professora Angela.


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FIM

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