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AO M.M.

JUÍZO DA PRESIDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO, inscrita no


CNPJ..., com sede na rua ..., nº ..., bairro ..., cidade ..., estado ..., CEP ..., endereço
eletrônico ..., neste representado pelo seu presidente ..., nacionalidade, estado civil,
profissão, residente e domiciliado na rua ..., n° ..., bairro, ..., cidade ..., estado ..., CEP ...,
endereço eletrônico ..., por seu advogado infra-assinado, com endereço profissional na
rua ..., n° ..., sala ..., bairro ..., cidade ..., estado ..., endereço que indica para fins do art.
77, V, CPC, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no
art. 103, inciso IX, artigo 102, I, “a”, da CRFB, artigo 2.º, inciso IX, da Lei 9.868/1999,
propor a presente

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE

pelo rito especial em face do GOVERNADOR DO ESTADO KWY e ASSEMBLEIA


LEGISLATIVA DO ESTADO KWY, baseado nos motivos e fundamentos a seguir
expostos:

1- DOS FATOS

O caso que ora o autor apresenta a este Colendo Tribunal, refere-se


à edição de norma, pelo Estado KWY, determinando a gratuidade em estacionamentos
privados que funcionam junto à shopping center, supermercados, hipermercados, entre
outros estabelecimentos comerciais.

O mesmo instrumento, em caso de descumprimento, estabeleceu


multas, além de punições administrativas, estas aplicadas de forma gradativa.
A referida Lei, por fim, delegou ao Procon local a responsabilidade
pela fiscalização de todos os estabelecimentos comerciais que tem estacionamentos
vinculados a eles.

2- DA LEGITIMIDADE ATIVA

No caso em tela, com fundamento no artigo 103, IX, da CRFB/1988,


artigo 2º, IX, da Lei, 9868/99 a Confederação Nacional do Comércio tem legitimidade
para figurar no polo ativo da presente demanda.

E ainda tal legitimidade está consagrada nos artigos 533 e 535, CLT,
que elenca:
Art. 533 - Constituem associações sindicais de grau superior as
federações e confederações organizadas nos termos desta Lei.

(...)

Art. 535 - As Confederações organizar-se-ão com o mínimo de 3 (três)


federações e terão sede na Capital da República.

§ 1º - As confederações formadas por federações de Sindicatos de


empregadores denominar-se-ão: Confederação Nacional da Indústria,
Confederação Nacional do Comércio, Confederação Nacional de
Transportes Marítimos, Fluviais e Aéreos, Confederação Nacional de
Transportes Terrestres, Confederação Nacional de Comunicações e
Publicidade, Confederação Nacional das Empresas de Crédito e
Confederação Nacional de Educação e Cultura.

§ 2º - As confederações formadas por federações de Sindicatos de


empregados terão a denominação de: Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Indústria, Confederação Nacional dos Trabalhadores
no Comércio, Confederação Nacional dos Trabalhadores em
Transportes Marítimos, Fluviais e Aéreos, Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Transportes Terrestres, Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Comunicações e Publicidade, Confederação Nacional
dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito e Confederação Nacional
dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Educação e Cultura.

§ 3º - Denominar-se-á Confederação Nacional das Profissões Liberais a


reunião das respectivas federações.

§ 4º - As associações sindicais de grau superior da Agricultura e Pecuária


serão organizadas na conformidade do que dispuser a lei que regular a
sindicalização dessas atividades ou profissões.

3- DA PERTINÊNCIA TEMÁTICA

Na presente ação, o órgão sindical representa toda uma categoria que


está sendo, indubitavelmente, prejudicada pela norma emitida pelo Estado KWY.

A Constituição Federal é clara ao elencar que o poder de legislar


sobre Direito Civil é privativo da União.

O Estado em referência viola a competência legislativa quando


determina normas de cobrança de estacionamento, interferindo diretamente no direito de
propriedade dos comerciantes, devendo a mesma ser declarada inconstitucional,
conforme artigo 22, I, da CRFB/88.

4- DO CABIMENTO DA AÇÃO

É cabível Ação Direta de Inconstitucionalidade contra Lei ou ato


normativo estadual ou federal quando houver violação do texto constitucional, conforme
preceitua o art. 102, I, a, da CRFB/88.

Art. 102 - Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente,


a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:


a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal
ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato
normativo federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de
1993)

5- DO DIREITO

O caso em tela refere-se à Ação Direta de Inconstitucionalidade


(ADI) é o instrumento que tem por finalidade declarar que uma lei ou parte dela é
inconstitucional, ou seja, contraria a Constituição Federal.

A presente ação tem previsão constitucional no art. 102, I, a,


CRFB/88.
Art. 102 - Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a
guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal


ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato
normativo federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de
1993)

Como supra relatado, o Estado KWY, ao editar norma que obriga a


gratuidade nos estacionamentos vinculados a estabelecimentos comerciais, viola direitos
Constitucionais tais como o de ter propriedade, bem como a forma de dispor com
exclusividade da mesma, violando o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana,
conforme dispõe o art. 5°, XXII, CRFB:

Art. 5°- Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XXII - é garantido o direito de propriedade;
O direito de propriedade é elencado como direito fundamental,
incluso como cláusula pétrea na CRFB/88, assim como um bem para coletividade.

No art. 170, II, CRFB, verifica-se, mais uma vez, o direito à


propriedade privada, além do que, no caput, observa-se que a referida norma estadual
viola também a livre iniciativa:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho


humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios:
(...)
II - propriedade privada;
(...)
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer
atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos
públicos, salvo nos casos previstos em lei.

O Princípio Constitucional à Livre Iniciativa, ao trabalho e à


atividade econômica, portanto, o Estado não pode interferir na atividade econômica de
toda uma categoria ao determinar a gratuidade de todos os estacionamentos, atuando
diretamente no lucro e faturamento de cada estabelecimento comercial.

Em relação ao direito de dispor do bem, determina o art. 1228,


Código Civil/2002:

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da


coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a
possua ou detenha.

O que significa concluir que o proprietário tem o direito de utilizar


o bem em sua plenitude.

A Constituição da República Federativa do Brasil preconiza que o


poder de legislar sobre Direito Civil é privativo da União.
Art.. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,


aeronáutico, espacial e do trabalho;

O Estado em referência viola a competência legislativa quando


determina normas de cobrança de estacionamento, interferindo diretamente no direito de
propriedade dos comerciantes, devendo a mesma ser declarada inconstitucional.

5.1- DA DOUTRINA

No magistério do professor José Afonso da Silva, em sua obra


“Curso de Direito Constitucional Positivo”, assim se manifesta:
“Significa que a Constituição se coloca no vértice do sistema jurídico
do país, a que confere validade e que todos os poderes estatais são
legítimos na medida em que ela os reconheça e na proporção por ela
distribuídos. É, enfim, a lei suprema do Estado, pois é nela que se
encontram a própria estruturação deste e a organização de seus
órgãos; é nela que se acham as normas fundamentais do Estado, e
só nisso se notará sua superioridade em relação às demais normas
jurídicas”.

5.2- DA JURISPRUDÊNCIA

O STF já decidiu pela inconstitucionalidade de normas que visam


impor a gratuidade em estacionamentos particulares vinculados a estabelecimentos
comerciais:

AI 730856 AgR/RJ - RIO DE JANEIRO AG.REG. NO AGRAVO DE


INSTRUMENTO ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-110 DIVULG 06-
06-2014 PUBLIC 09-06-2014 Partes AGTE.(S) : ASSEMBLÉIA
LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ADV.(A/S) :
SERGIO EDUARDO DA CUNHA LEAL CARNEIRO AGDO.(A/S) :
SINDICATO DAS ATIVIDADES DE GARAGENS,
ESTACIONAMENTOS E SERVIÇOS DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO ADV.(A/S) : JOSÉ DA SILVA MAQUIEIRA E
OUTRO(A/S) AGDO.(A/S) : ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
SHOPPING CENTERS - ABRASCE ADV.(A/S) : DANIEL
FERREIRA DA PONTE E OUTRO(A/S) Ementa COMPETÊNCIA
PRIVATIVA DA UNIÃO – DIREITO CIVIL – ESTACIONAMENTO
–SHOPPING CENTER – HIPERMERCADOS – GRATUIDADE –
LEI Nº 4.541/2005, DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO –
PRECEDENTES. Invade competência legislativa da União, prevista
no artigo 22, inciso I, da Carta da República, norma estadual que
veda a cobrança por serviço de estacionamento em locais privados.
Precedentes: Ações Diretas de Inconstitucionalidade nº 1.472/DF,
relator ministro Ilmar Galvão, nº 2.448/DF, relator ministro Sydney
Sanches, e nº 1.623/RJ, relator ministro Joaquim Barbosa. Decisão
A Turma negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto
do relator. Unânime. Ausente, justificadamente, o Senhor Ministro Dias
Toffoli. Presidência do Senhor Ministro Marco Aurélio. Primeira
Turma, 13.5.2014. Indexação - VIDE EMENTA. Legislação LEG-FED
CF ANO-1988 ART-00022 INC-00001 CF-1988 CONSTITUIÇÃO
FEDERAL LEG-EST LEI-004541 ANO-2005 LEI ORDINÁRIA, RJ
Observação - Acórdão(s) citado(s): (ESTACIONAMENTO EM
LOCAL PRIVADO, COBRANÇA) ADI 1623 (TP), ADI 2448 (TP).
Número de páginas: 7. Análise: 18/06/2014, MAR. Acórdãos no mesmo
sentido RE 1057812 AgR PROCESSO ELETRÔNICO JULG-10-04-
2018 UF-SP TURMA-01 MIN-MARCO AURÉLIO N.PÁG-008 DJe-
110 DIVULG 04-06-2018 PUBLIC 05-06- 2018 fim do documento
(grifei)

6- DO PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

Presentes os pressupostos do fumus boni iuris e do periculum in


mora, nos termos do art. 300, CPC.

Requer ao Nobre Julgador a tutela de urgência para suspender a


vigência da norma cuja inconstitucionalidade é objeto desta lide.

O fumus boni iuris reside no fato que o ato normativo interfere


diretamente no direito à propriedade privada, violando a competência da União.

O periculum in mora pode ser constatado no perigo iminente de


aplicação de multa e gradação administrativa da punição pelo órgão fiscalizador, bem
como no prejuízo monetário aos estabelecimentos comerciais que sejam sujeitos à Lei.

7- DO PEDIDO

Diante do exposto, requer:


a) Seja deferida a liminar para suspender o ato normativo n° XXX,
editado pelo Estado KWY, até o julgamento em definitivo da
presente ação;

b) A notificação do Governador do Estado KWY e da Assembleia


Legislativa do Estado, para que prestem informações, na forma do
art. 6°, § Único, Lei 9868/1999;

c) Oitiva do Advogado Geral da União;

d) Oitiva do Procurador Geral da República;

e) A procedência do pedido com a declaração de


inconstitucionalidade da norma n°..., com efeito ex tunc, erga omnes
e vinculante.

8- DAS PROVAS

Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, em


especial documental.

9- DO VALOR DA CAUSA

Dá-se a causa o valor de R$ 1.000,00 (hum mil e duzentos reais).

Termos em que pede deferimento.


Local, data
Advogado
OAB

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