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HERMES CARVALHO
Belo Horizonte
Escola de Engenharia da UFMG
2010
Universidade Federal de Minas Gerais
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica
Av. Antônio Carlos, 6627 – Pampulha – 31.270-901 – Belo Horizonte – MG
Tel.: +55 31 3499-5145 – Fax.: +55 31 3443-3783
www.demec.ufmg.br – E-mail: cpgmec@demec.ufmg.br
HERMES CARVALHO
_____________________________________________________
Prof. Gílson Queiroz, Dr. – Universidade Federal de Minas Gerais – Orientador
_____________________________________________________
Prof. Ramon Molina Valle, Dr. – Universidade Federal de Minas Gerais – Co-
Orientador
_____________________________________________________
Profa. Michèle Schubert Pfeil, Dra. – Universidade Federal do Rio de Janeiro –
Examinadora
_____________________________________________________
Carlos Alexandre Meireles Nascimento, Dr. – Companhia Energética de Minas Gerais
– Examinador
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus... O mestre criador que em primeiríssima mão me deu está
grande oportunidade de aprendizagem;
Agradeço ao professor Gílson Queiroz, pela oportunidade de convivência intensa nestes
anos de estudo. Mais do que orientador, você foi um grande exemplo de conhecimentos
teóricos e sabedoria;
Ao professor e coordenador do projeto Ramon Molina Valle, amigo de grande jornada, que
apoiou e incentivou o desenvolvimento do trabalho;
À minha mãe Stela, grande exemplo de dedicação e força de vontade nas pesquisas e
estudos;
Ao meu pai Hermes Gentil, pelo exemplo de luta e conquistas;
Ao meu irmão Thiago pela amizade e carinho;
À minha namorada Pollyana, pela compreensão, companheirismo, incentivo e carinho
durante todos os dias desta jornada;
Aos companheiros da CEMIG, Carlos Alexandre e Thadeu Furtado, que muito
acrescentaram com seus conhecimentos no desenvolvimento do trabalho.
Ao CNPq e ao programa de p&d da Aneel/CEMIG (p&d-223: D223 - Desenvolvimento e
otimização de modelos de camada limite atmosférica para aplicação em projeto de linhas
aéreas) pela viabilização deste trabalho;
Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica pela oportunidade de realização
do mestrado na instituição.
i
SUMÁRIO
SUMÁRIO i
NOMENCLATURA iii
LISTA DE FIGURAS vii
LISTA DE TABELAS E QUADROS x
LISTA DE TABELAS E QUADROS x
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS xi
RESUMO xii
ABSTRACT xiii
1 INTRODUÇÃO 1
1.1 Aspectos gerais 1
1.2 Históricos de acidentes 3
2 OBJETIVO E METODOLOGIA 6
2.1 Objetivo 6
2.2 Justificativa 6
2.3 Metodologia Básica 6
3 ESTADO DA ARTE 9
3.1 Considerações gerais sobre a ação do vento 9
3.1.1 Características gerais do vento 9
3.1.2 Fatores que governam o carregamento do vento em estruturas reticuladas 10
3.2 Histórico das análises de estruturas treliçadas de LT’s 11
3.3 Estudo analítico do comportamento mecânico dos cabos 14
3.4 Análise não-linear de estruturas com grandes gradientes de deslocamentos 15
3.4.1 Generalidades 15
3.4.2 Modelos em elementos finitos já desenvolvidos para análise de estruturas sujeitas
a grandes gradientes de deslocamentos 18
4 APLICAÇÃO DAS PRESCRIÇÕES NORMATIVAS PARA A AÇÃO DO VENTO 22
4.1 Procedimento conforme a NBR 5422 22
ii
NOMENCLATURA
Letras Latinas
Letras Gregas
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1.1 – Torre metálica treliçada acidentada na cidade de Porto Alegre (KLEIN,
2004). 5
FIGURA 2.1 – Fotografia de satélite da região da linha em estudo (Fonte:
http://www.google.com) 7
FIGURA 2.2 – Esquema do trecho da linha de transmissão analisado (sem escala). 8
FIGURA 3.1 – Exemplos de cargas aplicadas sobre a estrutura deformada sem (A) e com
(B) a mudança da direção da força. 16
FIGURA 4.1 – Fator K d para diferentes categorias de terreno e períodos de integração
(NBR 5422). 23
FIGURA 4.2 – Velocidades básicas de projeto para o território brasileiro (NBR 5422). 25
FIGURA 4.3 – Fator de efetividade para diferentes categorias de terreno e vãos de cabos
(NBR 5422). 26
FIGURA 4.4 – Divisão dos módulos da estrutura da torre. 27
FIGURA 4.5 – Coeficientes de arrasto para diferentes índices de áreas expostas (NBR
5422). 28
FIGURA 4.6 – Faces da torre em análise. 29
FIGURA 4.7 – Parâmetro k para a determinação do ângulo de balanço (NBR 5422). 30
FIGURA 4.8 – Isopletas da velocidade básica Vo (m/s) (NBR 6123). 31
FIGURA 4.9 – Coeficientes de arrasto para torres reticuladas de seção quadrada ou
triangular eqüilátera, formadas por barras prismáticas de cantos vivos ou levemente
arredondados (NBR 6123). 34
FIGURA 5.1 – Geometria e dimensões gerais da torre em análise [m]. 37
FIGURA 5.2 – Modelo tridimensional da torre de transmissão. 39
FIGURA 5.3 – Condições de contorno aplicadas as bases da torre. 41
FIGURA 5.4 – Modelo tridimensional completo, contemplado a torre, os cabos e as cadeias
de isoladores. 43
viii
FIGURA 6.15 – Forças normais no modelo simplificado com peso próprio e vento –
Análise 1a ordem [N]. 64
FIGURA 6.16 – Forças normais no modelo simplificado com peso próprio e vento –
Análise 2a ordem [N]. 65
FIGURA 6.17 – Deslocamentos laterais (z) com a atuação do peso próprio e vento –
Análise 2a ordem [mm]. 66
FIGURA 6.18 – Forças normais na torre do modelo completo com atuação do vento em
somente 1 vão dos cabos [N]. 67
FIGURA A.1 – Fluxograma da macro para os posicionamentos verticais dos nós que
compõem os cabos. 78
FIGURA A.2 – Fluxograma da macro para a aplicação dos carregamentos devidos ao peso
próprio e ao vento conforme a NBR 5422. 79
FIGURA A.3 – Fluxograma da macro para a aplicação dos carregamentos devidos ao peso
próprio e ao vento conforme a NBR 6123. 80
x
TABELA 4-1 – Coeficientes de arrasto para as faces dos módulos da torre conforme a NBR
5422. 29
TABELA 4-2 – Coeficientes de arrasto para as faces dos módulos da torre segundo a NBR
6123. 35
TABELA 5-1 – Peso próprio dos vãos dos cabos e reações de apoio. 42
TABELA 5-2 – Valores de deformação inicial utilizados para os cabos. 45
TABELA 5-3 – Valores dos coeficientes que definem as catenárias iniciais dos cabos. 46
TABELA 6-1 – Reações verticais das bases do modelo simplificado para as duas
considerações das reações devidas ao peso próprio dos cabos. 51
TABELA 6-2 – Reações das bases do modelo simplificado, considerando ambas as normas
analisadas. 54
TABELA 6-3 – Reações nas bases do modelo completo considerando as cargas de peso
próprio. 58
TABELA 6-4 – Reações das bases da torre do modelo completo considerando as cargas de
peso próprio e vento conforme NBR 6123. 60
TABELA 6-5 – Comparação entre as forças normais de tração nos cabos. 62
TABELA 6-6 – Reações das bases da torre do modelo completo e simplificado
considerando as cargas de vento somente em um dos vãos da linha. 68
RESUMO
Este trabalho apresenta comparações entre esforços solicitantes estáticos devidas à ação do
vento em uma torre de transmissão, obtidas utilizado-se duas metodologias diferentes. A
primeira metodologia segue as recomendações da norma brasileira NBR 5422,
freqüentemente usada no dimensionamento de torres de transmissão no Brasil, com o
modelo estrutural constituído apenas da torre. Neste modelo simplificado também foram
avaliadas as forças devidas ao vento conforme as prescrições da norma NBR 6123. A
segunda metodologia utilizada para a determinação dos esforços provenientes do vento
consiste na aplicação direta de pressão sobre a torre e sobre as projeções ortogonais das
áreas dos cabos, com base nas velocidades de vento de referência e com os cabos e
isoladores integrando o sistema estrutural. Em ambas as metodologias foram aplicados
todos os fatores de caracterização de topografia correspondentes à região na qual a torre em
estudo se localiza. Para a obtenção dos esforços solicitantes provenientes dos
carregamentos de vento foram construídos modelos tridimensionais através do método de
elementos finitos, contemplando análise não-linear geométrica dos cabos e de toda a
estrutura. Os resultados mostraram que os esforços solicitantes devidos à atuação de forças
de vento conforme a norma 6123 são superiores em 46% em relação aos obtidos com a
norma 5422, principalmente devido às forças nos cabos e períodos de integração sugeridos
por esta norma. O modelo completo, quando comparado ao modelo simplificado,
apresentou esforços solicitantes superiores. Tais fatos indicam a necessidade de revisão dos
procedimentos atuais para cálculo das estruturas de torres de transmissão.
ABSTRACT
This work presents two different methodologies for application of wind loads on the
members of an existing transmission tower. The obtained static internal forces of these two
different structural models are compared. The first methodology follows the NBR 5422
standard, which is commonly used for the design of transmission towers in Brazil and, in
this case, the structural system consists only of the tower structure. In this simplified model
the forces due to wind were also evaluated by the requirements of the NBR 6123. The
second methodology consists of applying the wind pressure directly on tower and on the
cables, included in the structural model together with the insulator strings, using the
reference wind speed. The factors associated with the local topography of the region where
the tower is erected were considered for wind speed calculations in both methodologies. In
order to get the final internal forces due to wind loading, three dimensional models were
developed using finite elements method, including non-linear geometric analysis of the
cables and the whole structure. The results showed that internal forces due to the static
action of wind forces according to 6123 standard are 46% higher than those obtained by the
5422 standard, mainly due to the forces in cables and integration periods suggested by this
standard. The full model presented internal forces higher, when compared to the simplified
model. Based on the obtained results, it is necessary to review the current procedures for
the design of the structures of transmission towers.
1 INTRODUÇÃO
A utilização de torres metálicas treliçadas ganhou força após a Segunda Guerra Mundial,
com a construção de um grande número de torres de rádio na América do Norte.
Basicamente estas torres foram construídas em estruturas de aço treliçadas auto portantes
ou estaiadas. Sua grande vantagem, quando comparada com outros tipos de torre, estava na
velocidade de execução da obra, menor mobilização de pessoal, material e equipamentos
durante sua montagem.
Por serem estruturas esbeltas e de baixo peso, o vento representa o principal agente dentre
os carregamentos considerados no projeto das LT’s. Dentro deste contexto, é de grande
importância uma adequada estimativa do carregamento de vento compatível com a região
na qual a torre se localiza.
Atualmente, no Brasil, existem duas normas da ABNT que apresentam diretrizes para a
estimativa de forças devidas ao vento em estruturas treliçadas:
A norma mais específica para o cálculo de torres de transmissão, NBR 5422, sugere
implicitamente a modelagem da torre isolada, com as cargas externas aplicadas aos pontos
de fixação dos componentes mecânicos (cadeias de isoladores e cabos). Contudo, devido às
características de deslocabilidade do sistema, esta metodologia não é capaz de considerar as
cargas longitudinais, transversais e momentos advindos dos grandes gradientes de
deslocamentos do sistema estrutural composto pela torre, cadeias de isoladores e cabos. A
não consideração destas cargas, em situações adversas, pode atuar contra a segurança no
dimensionamento.
Estudos realizados por Monk (1980) constataram que a ruína de 36 torres de um sistema de
transmissão da Nova Zelândia, no período de 1963 a 1973, ocorreu devido a ocorrência de
tempestades associadas a altas velocidades de vento.
Blessman (2001) apresentou artigos da Folha de São Paulo onde se relatavam 20 acidentes
na CESP (Companhia Energética de São Paulo), com queda ou inclinação acentuada de
4
estruturas de LT’s de 69 a 460 kV, entre novembro de 1970 e junho de 1983. No total
foram atingidas 143 estruturas, com média de 7,5 por ocorrência. Neste mesmo trabalho foi
relatado o colapso da torre da Rádio Farroupilha de Porto Alegre – RS, com 190 metros de
altura, devido à ocorrência de ventos fortes no ano de 1970.
Em maio de 2002 foi relatado um forte temporal no Estado do Mato Grosso do Sul,
responsável pelo colapso de 3 torres operadas pela ELETROSUL, ocasionando corte de
fornecimento de energia. Em outubro deste mesmo ano, um forte vendaval danificou 5
torres da LT que interliga as cidades de Cianorte e Campo Mourão, na região noroeste do
Estado do Paraná (RIPPEL, 2005).
Klein (2004) relata o colapso de uma torre de uma emissora de rádio na cidade de Porto
Alegre – RS no ano de 2000, devido a uma tempestade com altas rajadas de vento. Segundo
este trabalho, o projeto não considerou os esforços de vento recomendados pela norma de
referência NBR 6123. A FIGURA 1.1 apresenta a foto da torre após o colapso.
5
FIGURA 1.1 – Torre metálica treliçada acidentada na cidade de Porto Alegre (KLEIN, 2004).
6
2 OBJETIVO E METODOLOGIA
2.1 Objetivo
Conforme mencionado anteriormente, a norma NBR 5422 não contempla uma modelagem
mais adequada da estrutura da torre de transmissão para o cálculo dos esforços solicitantes.
Assim, este trabalho tem como segundo objetivo apresentar um modelo tridimensional em
elementos finitos capaz de contemplar as não-linearidades geométricas presentes neste
sistema estrutural, comparando os resultados deste modelo com os obtidos através da
análise simplificada sugerida pela norma de referência.
2.2 Justificativa
A justificativa deste trabalho está associada aos diversos problemas que podem resultar de
uma avaliação incorreta do efeito do vento nas torres. Alguns projetos realizados aplicando-
se as normas vigentes para o dimensionamento de estruturas de torres de transmissão
conduziram a colapsos estruturais. Com o presente trabalho pretende-se apresentar uma
metodologia de cálculo mais precisa, que leve à redução dos índices de colapsos destas
estruturas devidos à incidência de ações de vento. No modelo numérico proposto é possível
avaliar os efeitos de 2a ordem devidos ao novo posicionamento das cargas no sistema
estrutural deformado, apresentando uma modelagem mais adequada para o problema em
questão.
Para a avaliação dos esforços advindos do vento será tomada como exemplo uma linha de
transmissão da CEMIG fase/fase com potência de 138 kV, denominada LT Taquaril –
Alegria. A torre na qual o estudo se concentra é do tipo suspensão com 28 metros de altura.
7
Buscando analisar a influência das não linearidades geométricas, foi construído um modelo
mais completo contemplando a torre, as cadeias de isoladores e os cabos. As mesmas
cargas calculadas a partir das prescrições normativas serão aplicadas neste modelo, sendo
as cargas de peso próprio dos cabos e de vento nos cabos distribuídas ao longo do
comprimento dos mesmos. Comparando-se os resultados deste modelo completo com os
obtidos no modelo simplificado, espera-se avaliar a influência da modelagem completa do
sistema no dimensionamento da torre de transmissão.
9
3 ESTADO DA ARTE
Conforme exposto por Blessmann (1983), pode-se considerar o vento com uma
componente média sobreposta a uma componente flutuante. A velocidade média do vento é
avaliada a partir de dados climatológicos existentes e é geralmente estimada a partir de um
intervalo de integração entre 10 minutos e 1 hora. Este intervalo de tempo é suficiente para
apresentar valores médios estáveis. As velocidades médias são relacionadas sempre a ações
estáticas. As flutuações de velocidade em torno da média são associadas a ações dinâmicas.
Para fins dinâmicos, a NBR 6123 sugere o intervalo de integração de 10 minutos para a
determinação da velocidade média a ser superposta às flutuações de velocidade
consideradas como um processo aleatório estacionário. Para cálculos estáticos, utilizam-se
valores de pico de velocidade de vento associadas a médias locais calculadas em intervalos
de tempo de 3, 5 ou 10 segundos, dependendo das dimensões da construção. Já a norma
NBR 5422 sugere para cálculos estáticos valores de velocidade de vento obtidos com os
períodos de integração de 2 e 30 segundos, para os suportes e os cabos, respectivamente.
10
A velocidade do vento varia desde zero, junto à superfície, até a velocidade gradiente, na
altura gradiente. Quanto maior a rugosidade superficial, maior a turbulência da camada
limite atmosférica e, conseqüentemente, maior a altura gradiente. A altura gradiente é
maior em uma cidade do que em campo aberto, por exemplo.
Define-se como reticulado uma estrutura composta por barras retas, podendo se determinar
a carga de vento para cada barra ou para um conjunto de barras. Estas estruturas têm
particularidades geométricas em relação às demais. Existem aspectos geométricos que
governam o carregamento devido ao vento, uma vez que influenciam nos coeficientes de
arrasto destas estruturas, citados a seguir:
Além dos aspectos geométricos, outros fatores que afetam as ações do vento são:
Todos estes fatores deverão ser considerados na determinação das ações devidas ao vento
em estruturas reticuladas. A identificação destes fatores nas metodologias sugeridas pelas
normas de referência será apresentada em detalhes no item 4.
No caso das estruturas treliçadas, alguns estudos teóricos e experimentais têm sido
realizados há mais de um século, no sentido de avaliar seu comportamento quando expostas
a ações devidas ao vento. Indicações históricas indicam que Eiffel (1911), apud Klein
(2004), realizou os primeiros estudos neste assunto. Os seus estudos se concentraram na
determinação de coeficientes de força aerodinâmicos em placas planas retangulares,
avaliando a influência do alongamento e do ângulo de incidência. Neste estudo também foi
avaliado o efeito de proteção de duas treliças com a variação das distâncias entre elas, sem
a consideração do ângulo de incidência, alongamento e do índice de área exposta.
Flachbart (1932), apud Rippel (2005), realizou diversos ensaios com diferentes
configurações, contemplando reticulados isolados, dois reticulados paralelos e quatro
12
reticulados formando uma torre de seção retangular. Para todas as configurações analisadas,
o vento era considerado atuando perpendicularmente ao plano do reticulado. No entanto, foi
avaliada a influência do espaçamento entre reticulados e do índice de área exposta sobre o
coeficiente de arrasto. Os ensaios para este trabalho foram realizados no túnel de vento
aerodinâmico de Göttingen na Alemanha, que possui a câmara de ensaios aberta, octogonal
e com diâmetro de 2,26 metros.
Davenport (1979) relacionou em seu artigo o fator de rajada com o carregamento do vento
em linhas de transmissão. Foram utilizados métodos estatísticos que contemplavam a
correlação espacial, o espectro de energia do escoamento e a resposta dinâmica do sistema
de linhas de transmissão. Este estudo teve como foco o carregamento transversal, mas
avaliou também a influência da variação do coeficiente de arrasto.
Monk (1980) estudou na Nova Zelândia uma torre de transmissão típica submetida a ventos
fortes. No estudo de caso realizado foi evidenciada uma falha devida à concentração de
tensões de tração em uma junta parafusada. Foi investigada também a possibilidade de
existência de vibrações na estrutura.
Krishnasamy (1981) também realizou testes em modelos em escala real. Seus estudos
indicaram que a utilização das especificações normativas daquela época resultava em
estruturas mais resistentes que o necessário. Ele defendeu em seu trabalho que uma
avaliação mais criteriosa do espectro de ocorrência da carga nas estruturas de torres de
13
Katoh et al. (1995) estudaram em um modelo real as vibrações induzidas pelo vento em
torres de linhas de transmissão, para velocidades inferiores a 25m/s. O terreno na qual a
estrutura se localizava apresentava muitos picos e vales, caracterizando uma região
montanhosa. A conclusão deste trabalho indicou que a direção preferencial do vento exerce
uma forte influência sobre as características do escoamento (escoamento particular). As
características das vibrações do sistema estrutural são mais influenciadas pela ação do
vento nos cabos condutores. O amortecimento aerodinâmico foi obtido para mostrar a
grande parcela de contribuição no amortecimento total.
Blessmann (2001), em estudos referentes a acidentes causados pelo vento e suas prováveis
causas, confrontou as prescrições normativas da NBR 6123 com as prescrições da NBR
5422. Segundo ele, a NBR 6123 considera uma probabilidade de ruína pequena em relação
à NBR 5422, por isso são obtidas, com esta norma, cargas devidas ao vento mais elevadas.
Esta última parece basear-se em normas européias que permitem uma probabilidade de
ruína bem maior, em zonas não-povoadas, devido à existência de uma malha de
distribuição de energia mais densa. Qualquer ruína parcial do sistema seria facilmente
suprida pelas demais linhas. O fato das cargas inferiores associadas a NBR 5422 explica,
para o autor, a queda de linhas de transmissão em São Paulo, no Rio Grande do Sul e na
Argentina. Neste mesmo trabalho, Blessmann analisa a queda de 65 torres localizadas em
São Paulo de propriedade da CESP, que, segundo ele, vieram à ruína devido à ocorrência
de ventos entre 147 km/h e 155 km/h. Estes valores encontram-se dentro dos limites
especificados para a região de São Paulo pela norma NBR 6123 e fora dos limites
determinados com base na NBR 5422. O autor afirma que não ocorreram acidentes com
torres projetadas de acordo com as prescrições da norma NBR 6123.
gauges nas colunas. Foram realizadas baterias de testes com o rompimento dos cabos
condutores (diferentes elevações nas torres) e do pararraios, onde foi possível extrapolar
uma relação, de acordo com os resultados experimentais, capaz de determinar as cargas de
arrancamento das fundações devido a estas ações.
Silva e Carvalho (2009) ensaiaram um protótipo em escala real na África do Sul, tendo
como objetivo principal a medição das freqüências de vibração nas direções longitudinal e
transversal à linha, avaliando a influência dos condutores nestes parâmetros. Neste trabalho
foi constatado que as freqüências fundamentais mudam com a inclusão dos cabos nos
ensaios e que o amortecimento é maior para a torre com os cabos do que no modelo
isolado, principalmente para vibrações na direção transversal à linha.
Percebe-se assim um grande esforço dos pesquisadores para a avaliação correta das
solicitações presentes nas estruturas que compõe as linhas de transmissão. Somente o
conhecimento adequado das ações e respectiva resposta da estrutura à atuação das mesmas
poderão levar a um projeto de linhas de transmissão com a confiabilidade controlada.
Segundo Labegaline et al. (1992), a reação vertical devida ao peso próprio dos cabos para
suportes em diferentes alturas é dada pela EQ. (3-1), para o suporte superior.
A p h To
VA = + (3-1)
2 A
Como o somatório das forças verticais deve permanecer constante e igual ao peso total do
cabo (A.p), a reação vertical para o suporte inferior terá o segundo termo negativo,
conforme exposto na EQ. (3-2).
15
A p h To
VB = − (3-2)
2 A
Neste mesmo trabalho o autor apresenta algumas formulações para a determinação das
variáveis envolvidas nas catenárias, associadas ao peso próprio dos cabos. O comprimento
do cabo desenvolvido, para suportes desnivelados, pode ser obtido através da EQ. (3-3).
A2
2
L = h + A 1 + 2
(3-3)
2
12 C1
x − xo x
yc = C1 cosh − cosh o (3-4)
C1 C1
A flecha máxima da catenária devida ao peso próprio, para vãos desnivelados, pode ser
calculada através da EQ. (3-5).
2
h
f o = f s 1 − (3-5)
4 f s
A2 p
fs = (3-6)
8 To
3.4.1 Generalidades
FIGURA 3.1 – Exemplos de cargas aplicadas sobre a estrutura deformada sem (A) e com (B) a mudança da
direção da força.
Uma das formulações que permite analisar estruturas sujeitas a grandes gradientes de
deslocamentos é apresentada a seguir (AJIT,1991). Admite-se que as partes de um corpo
ocupam posições {X} no espaço da configuração de referência (indeformada), definidas
pelas coordenadas Lagrangianas, e posições {x} na configuração deformada, definidas
pelas coordenadas Eulerianas. Então, o vetor deslocamento {u} é dado pela EQ.(3-7).
∂ {x}
[F ] = (3-8)
∂{ X }
Este vetor pode ser escrito em termos do vetor deslocamento, conforme EQ. (3-9).
∂ {u}
[F ] = [ I ] + (3-9)
∂{ X }
∂V
J = det [F ] = (3-10)
∂ Vo
∂ {u}
O tensor é denominado tensor gradiente de deslocamentos e poderia ser definido
∂ {X }
∂ {u}
também em função das coordenas Eulerianas {x}, isto é, .
∂ {x}
E = + + × (3-11)
2 ∂ { X } ∂ { X } ∂ { X } ∂ { X }
e = + − × (3-12)
2 ∂ {x} ∂ {x} ∂ {x} ∂ {x}
a) Large Strain: assume que as deformações não são infinitesimais (i.e. estas são
finitas). Mudanças de forma (como na espessura, área, etc.) são contabilizadas
nos cálculos. Os deslocamentos e as rotações podem assumir valores
extremamente altos.
b) Large Rotation: assume que as rotações podem ser grandes, embora não se
tenham grandes deformações. As deformações são calculadas utilizando
expressões linearizadas.
estabelecido foi atendido até que esta meta seja atingida. Então, passa-se para o “load step”
seguinte, até o valor final da carga.
Wahba et al. (1998) discutiram dois modelos diferentes de elementos finitos usados na
análise de torres estaiadas para antenas. No primeiro modelo elementos tridimensionais de
barra são usados na modelagem do mastro da torre treliçada e elementos não-lineares de
cabo são usados para os estais. Já no segundo modelo, mais simples, porém, extensamente
utilizado, a torre é modelada como uma viga com base elástica não-linear. Os modelos
computacionais foram avaliados utilizando seis torres existentes sujeitas a uma variedade
de combinações de carregamento que envolve peso próprio, carga de vento e neve. Os
autores concluíram que, para modelagem em elementos finitos dos mastros de torres
estaiadas, o modelo tridimensional de barras não mostra nenhuma vantagem a mais sobre o
modelo equivalente de viga, que reduziu extremamente o número de elementos e graus de
liberdade. Para a análise da estrutura, o modelo de viga com base elástica não-linear
forneceu uma solução razoável para as solicitações, mesmo sob condições de carregamento
último.
Oliveira et al. (2007) propuseram diferentes modelos para a análise estrutural de torres
metálicas estaiadas, considerando todas as forças e momentos internos na estrutura,
utilizando elementos finitos tri-dimensionais de viga e de treliça. As comparações foram
realizadas para três configurações de torres metálicas de telecomunicação estaiadas
existentes (50m, 70m e 90m de altura). Foram realizados cálculos estáticos e dinâmicos,
seguidos por uma análise de flambagem linearizada, para avaliar a influência das diferentes
modelagens no comportamento da estabilidade da torre. Os autores concluíram que uma
análise utilizando somente elementos finitos de treliça não é adequada para a análise do
problema, uma vez que este modelo acarreta a necessidade de um grande número de
acoplamentos nodais para impedir a ocorrência de mecanismos estruturais, implicando no
aumento de tempo gasto na modelagem. A utilização do elemento finito de viga apresenta
diversas vantagens, mas a sua adoção leva a conexões rígidas, o que faz com que as cargas
de flambagem tenham valores mais elevados. Com relação à análise dinâmica, não se
observou muita influência da modelagem, sendo que os autores recomendam a utilização de
uma terceira estratégia, considerando as diagonais representadas por elementos de treliça e
as colunas por elementos de viga.
Assim, percebe-se que existem vários estudos sobre o tipo de modelagem utilizado nas
estruturas que compõe as linhas de transmissão. Sabe-se também que acidentes com torres
21
de transmissão continuam ocorrendo e muitas vezes não se descobre o motivo principal das
ocorrências, concluindo-se que uma soma de fatores levou a falha. Buscando aumentar a
segurança destas estruturas e, ao mesmo tempo, otimizar o projeto das mesmas, o
prosseguimento de estudos nesta área é devidamente justificado.
22
1
qo = ρ V p2 (4-1)
2
A altitude média da região de localização da torre foi considerada como 700 metros e a
temperatura média da região, conforme informado nos ábacos desta norma, igual a 15oC.
1n
H
V p = K r K d Vb (4-3)
10
FIGURA 4.1 – Fator K d para diferentes categorias de terreno e períodos de integração (NBR 5422).
24
QUADRO 4.2 – Expoente de correção da altura para a velocidade do vento (NBR 5422).
n
Categoria do terreno
t = 2 segundos t = 30 segundos
A 13 12
B 12 11
C 10 9,5
D 8,5 8
A FIGURA 4.2 apresenta as velocidades básicas de projeto para toda a extensão territorial
do Brasil, considerando um terreno de categoria B, tempo de integração de 10 minutos, 10
metros acima do solo e período de recorrência de 50 anos.
25
FIGURA 4.2 – Velocidades básicas de projeto para o território brasileiro (NBR 5422).
z
Ac = qo C Xc α d sen 2 θ (4-4)
2
26
A norma NBR 5422 sugere o valor do coeficiente de arrasto para cabos ( C XC ) igual à
unidade.
FIGURA 4.3 – Fator de efetividade para diferentes categorias de terreno e vãos de cabos (NBR 5422).
Os fatores de efetividade para os vãos adjacentes a torre em estudo, 882 e 400 metros,
foram tomados iguais a 0,69 e 0,77 respectivamente.
referência deve ser realizado considerando a altura do centro de gravidade da cadeia dos
isoladores.
Ai = qo C Xi Si (4-5)
O valor do coeficiente de arrasto para cadeias de isoladores ( C Xi ) foi tomado igual a 1,2,
conforme indicado pela norma.
Para o cálculo de esforços devidos ao vento nos suportes metálicos (torres), recomenda-se a
decomposição da estrutura em troncos (módulos) de altura não superior a 10 metros. A
velocidade é corrigida para a altura do centro de gravidade de cada tronco. No caso
específico da torre em estudo, foram criados módulos de 5 metros de altura, com exceção
do último que ficou com 7,8 metros. A FIGURA 4.4 apresenta os módulos da estrutura.
Os coeficientes de arrasto são função do índice de área exposta de cada painel, definido na
EQ. (4-7).
Aefetiva
φ= (4-7)
Atotal
FIGURA 4.5 – Coeficientes de arrasto para diferentes índices de áreas expostas (NBR 5422).
A TABELA 4-1 apresenta os coeficientes de arrasto para cada face dos módulos da torre,
considerando que a estrutura é composta por cantoneiras.
TABELA 4-1 – Coeficientes de arrasto para as faces dos módulos da torre conforme a NBR 5422.
A norma NBR 5422 apresenta uma formulação para o cálculo do ângulo de balanço da
cadeia de isoladores devida à ação do vento sobre os cabos, conforme exposto na EQ. (4-8).
qo d
γ = tg −1 k tg
(4-8)
p (V D )
A norma sugere que para o cálculo do ângulo de balanço a relação vão de peso/vão de
vento adotada deve ser a mais desfavorável.
Vk = Vo S1 S 2 S 3 (4-10)
31
A velocidade básica do vento foi considerada igual à sugerida para a cidade de Belo
Horizonte, 32 m/s.
32
O terreno foi considerado como categoria III de rugosidade (zona florestal com cota média
de 3 metros) e a classe da construção foi adotada como B para a torre (tempo de integração
de 5 segundos). Para os cabos foram calculados diretamente os tempos de integração da
velocidade característica de vento, conforme o ANEXO A. Foram adotados valores de
242,9 segundos para o vão de 882 metros e 103,7 segundos para o vão de 400m.
Através da relação matemática exposta na EQ. (4-11) pode-se obter o valor final do
parâmetro S2, uma vez definidas as classes ou tempos de integração e as categorias do
terreno.
p′
H
S 2 = b Fr (4-11)
10
A força de arrasto devida à incidência do vento em cabos pode ser determinada através da
EQ. (4-12).
33
Ac = C a q o z d cos 2 β (4-12)
Neste trabalho, o ângulo β é definido como o ângulo formado entre a direção do vento e o
eixo transversal à linha de transmissão. Conforme as prescrições desta norma, a
componente longitudinal da força devida ao vento pode ser desprezada.
Para os cabos condutores e pararraios, o coeficiente de arrasto foi tomado igual a 1,1,
devido ao fato do número de Reynolds do escoamento ser muito próximo de 4,2 x 104 e a
relação r`/d ser maior do que 1/25. Blessmann (1983) apresentou diversos estudos e
comparações e Silva et al. (2005) realizaram experimentos que comprovaram a validade
dos coeficientes de arrasto considerados.
A força de arrasto do vento atuante sobre uma torre reticulada pode ser calculada conforme
a EQ. (4-13).
At = C aβ qo Ae (4-13)
C aβ = K β C a t (4-14)
′
Kβ =1+ β , para 0 o ≤ β ′ ≤ 20 o
125
(4-15)
K β = 1,16 , para 20 o ≤ β ′ ≤ 45 o
34
Os coeficientes de arrasto para torres constituídas por barras prismáticas de faces planas,
com cantos vivos ou levemente arredondados e para o vento incidindo perpendicularmente
a uma das faces são fornecidos na FIGURA 4.9.
Ca t
FIGURA 4.9 – Coeficientes de arrasto para torres reticuladas de seção quadrada ou triangular eqüilátera,
formadas por barras prismáticas de cantos vivos ou levemente arredondados (NBR 6123).
A mesma distribuição de módulos utilizada para a norma NBR 5422 foi considerada no
cálculo pela norma NBR 6123. Assim, a TABELA 4-2 apresenta os coeficientes de arrasto
para cada face dos módulos da torre.
35
TABELA 4-2 – Coeficientes de arrasto para as faces dos módulos da torre segundo a NBR 6123.
Como esta norma não contempla uma metodologia específica para o cálculo das cargas de
vento nas cadeias de isoladores, considera-se o mesmo procedimento sugerido pela norma
NBR 5422, apresentado em detalhes no item 4.1.
36
A torre deste trabalho pertence a um sistema composto por três condutores elétricos em
disposição triangular do tipo Linnet 336,4 MCM e um cabo pára-raios HS 5/16 in. Os vãos
adjacentes à torre analisada são de 400 e 882 metros respectivamente, sendo as cadeias de
isoladores compostas por discos com corpo isolante de vidro temperado (254 x 146 mm)
com 1,62 m de comprimento. A FIGURA 5.1 apresenta a geometria e as principais
dimensões da estrutura da torre em análise.
37
A força de tração EDS (Every Day Stress) é definida como a tração final de trabalho dos
cabos após o seu lançamento, dada em relação ao valor da carga de ruptura em (%). Nesta
tração é considerado o efeito da atuação do peso próprio somado à tração imposta ao cabo
para a obtenção da catenária de projeto.
Para a definição dos pontos chave (keypoints) do modelo da torre foi criado um arquivo
com as coordenadas espaciais e importado no programa.
1
ELEMENTS
Z X
A torre é constituída por meio de cantoneiras de ASTM A-36. Assim, o material usado na
modelagem da torre apresenta módulo de elasticidade de 200 GPa, coeficiente de poisson
igual a 0,3 e densidade de 7850 kg/m3.
Para a modelagem das colunas da torre foram utilizados elementos de pórtico espacial
(beam4), com seis graus de liberdade por nó (três translações e três rotações). Utilizam-se
estes elementos para evitar algumas instabilidades do modelo. Para estes elementos foram
definidos a área transversal e momentos de inércia (Ixx e Iyy), propriedades estas
estabelecidas de acordo com as seções transversais de cada perfil metálico que compõe a
estrutura. Para este tipo de elemento também é necessária a definição do nó de orientação
(k).
Na modelagem dos contraventamentos foram utilizados elementos de treliça (link 8), que
por definição possuem três graus de liberdade por nó (três translações). Para este tipo de
elemento é necessário definir somente a área da seção transversal.
As C.C. foram aplicadas nos nós que simulam os pés da torre. Para simular bases
indeslocáveis dos perfis metálicos na fundação de concreto, os nós das bases foram
considerados restritos nas três translações. A FIGURA 5.3 apresenta as condições de
contorno aplicadas aos pés da torre.
41
1
ELEMENTS
U
Z X
Foram considerados dois casos de carregamento, sendo que no primeiro caso são
contempladas somente as cargas devidas ao peso próprio. Já no segundo caso, as forças de
vento são aplicadas no modelo já deformado devido à ação do peso próprio. Todos os
carregamentos foram aplicados através de macros, cujos fluxogramas encontram-se no
Apêndice A.
O peso próprio da estrutura metálica da torre foi aplicado por meio da densidade dos
elementos estruturais. A estrutura da torre apresenta o peso de projeto igual a 21,1 kN. O
conjunto de isoladores teve seu peso próprio estimado em 0,69 kN.
42
Quanto à aplicação do peso próprio dos cabos, duas metodologias foram avaliadas.
Conforme mencionado anteriormente, a norma NBR 5422 não apresenta explicitamente um
método para o cálculo das reações de cabos em desnível. Portanto, na primeira
metodologia, o peso próprio de cada vão dos cabos foi determinado, dividido por 2 e
aplicado nos pontos de suspensão dos mesmos. Na segunda metodologia foi utilizada a
formulação apresentada por Labegaline et al. (1992) que considera o desnível, conforme
EQ. (3-1) e (3-2).
A TABELA 5-1 apresenta os pesos próprios de cada vão de cabo, juntamente com as
reações de apoio determinadas segundo as duas metodologias de cálculo.
TABELA 5-1 – Peso próprio dos vãos dos cabos e reações de apoio.
O comprimento desenvolvido da catenária devido ao peso próprio dos cabos foi obtido
analiticamente, somente para o cálculo do peso total dos mesmos. A formulação
metamática utilizada foi exposta na EQ.(3-2)(3-3).
As cargas devidas ao vento atuantes sobre os perfis metálicos foram aplicadas como
carregamentos distribuídos sobre os perfis que compõem as colunas de cada módulo
(tronco), conforme definido na FIGURA 4.4. Já as cargas de vento atuantes nos cabos e nas
cadeias de isoladores foram aplicadas no ponto de fixação das cadeias, ou seja, nos pontos
extremos das mísulas da torre.
No modelo completo utiliza-se todo o modelo desenvolvido para a torre, com adição dos
elementos que representam os cabos e as cadeias de isoladores. A FIGURA 5.4 apresenta
uma vista isométrica do modelo completo e o sistema de coordenada utilizado.
1
ELEMENTS
Z X
FIGURA 5.4 – Modelo tridimensional completo, contemplado a torre, os cabos e as cadeias de isoladores.
44
Na modelagem dos cabos foram utilizados elementos de treliça (link 10), que possuem três
graus de liberdade por nó (três translações). No elemento link 10 foi utilizado o keyoption 3
igual a 0, condicionando os esforços no elemento somente a tração. Em caso de
compressão, os mesmos terão suas translações axiais liberadas e conseqüentemente
perderão sua função estrutural no modelo. Como nos elementos que representam os
contraventamentos da torre, é necessário definir somente a área da seção transversal para
sua caracterização.
As cadeias de isoladores são verticais após o lançamento dos cabos condutores. Contudo,
como existem vãos de cabos diferentes, e conseqüentemente pesos diferentes, com a
atuação do peso próprio dos cabos no modelo, o elemento que representa a cadeia de
isoladores não fica na posição vertical. Esse elemento deverá ser modelado inclinado, no
sentido do menor vão dos cabos, para que, após a realização de cálculos iterativos
considerando a atuação incremental do peso próprio e do esticamento dos condutores,
apresente-se na posição vertical. A FIGURA 5.5 apresenta a modelagem da cadeia de
isoladores inclinada no sentido do vão com o menor comprimento.
1
ELEMENTS
FIGURA 5.5 – Modelagem da cadeia de isoladores inclinada para o vão de menor comprimento.
45
Para chegar à tração final de trabalho dos cabos (EDS – Every Day Stress), deve-se utilizar
uma sobreposição de efeitos, forçando deslocamentos (cabos modelados a partir de
catenárias obtidas teoricamente) e deformações iniciais. A formulação de grandes
gradientes de deslocamentos (large rotation) deve ser considerada para o cálculo correto
das trações e conseqüentemente da catenária final. Os cálculos devem ser iterativos, com
acréscimos graduais de carga para que o sistema chegue à convergência em cada iteração.
A deformação inicial é o fator preponderante para a estabilidade da solução.
A modelagem do pararraio foi feita com uma metodologia diferente da utilizada para os
cabos condutores, uma vez que a ligação deste cabo com a torre é realizada através de um
elemento fixo (grampo), e não de um elemento deslocável (cadeia de isoladores). No
entanto, o grampo só é prensado após o lançamento dos cabos pararraios, forçando a carga
longitudinal resultante tender para zero. Contudo, para estabelecer a mesma tração em
ambos os vãos do pararraios, é necessário realizar cálculos iterativos, considerando o
aumento do comprimento da catenária do lado do maior vão e, conseqüentemente, a
redução da catenária do menor vão.
TABELA 5-3 – Valores dos coeficientes que definem as catenárias iniciais dos cabos.
Todos os posicionamentos verticais dos nós que compõem os cabos foram aplicados através
de uma macro que contém as equações das quatro catenárias definidas pela tabela anterior.
O fluxograma desta macro encontra-se no Apêndice A.
A FIGURA 5.6 apresenta as catenárias iniciais impostas aos nós que compõem os cabos do
vão de 882 metros.
30
20 Cabo Condutor
Cabo Pararraios
10
Deslocamento vertical [m]
-10
-20
-30
-40
-50
0 100 200 300 400 500 600 700 800
Comprimento do cabo [m]
A FIGURA 5.7 apresenta as catenárias iniciais impostas aos nós que compõem os cabos do
vão de 400 metros.
47
10
8
Cabo Condutor
6 Cabo Pararraios
Deslocamento vertical [m]
-2
-4
-6
-8
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Comprimento do cabo [m]
Além das condições de contorno especificadas para as bases da torre, as extremidades dos
cabos (fixadas nas torres 49 e 51) tiveram suas translações restritas, conforme mostrado na
FIGURA 5.8.
48
1
ELEMENTS
U
As cargas devidas ao vento atuantes sobre os perfis metálicos foram aplicadas também
conforme no modelo simplificado. As cargas de vento atuantes nas cadeias dos isoladores
foram aplicadas nos dois nós extremos do elemento utilizado. As cargas de vento nos cabos
foram aplicadas como cargas nodais equivalentes nos nós que compõem os cabos, ao longo
do comprimento.
49
6 ANÁLISES / RESULTADOS
1
ELEMENT SOLUTION
MX
STEP=1
SUB =12
TIME=1
SMIS1
DMX =8.461
SMN =-12336 MN
SMX =6480
Z X
FIGURA 6.1 – Forças normais na torre do modelo simplificado devidas às cargas de peso próprio,
considerando a igualdade das reações verticais dos cabos [N].
50
1
ELEMENT SOLUTION
STEP=1 MX
SUB =12
TIME=1
SMIS1
DMX =7.508
SMN =-11060
SMX =5733 MN
Z X
FIGURA 6.2 – Forças normais na torre do modelo simplificado devidas às cargas de peso próprio,
considerando o desnível entre as torres [N].
A simulação da torre isolada sem a consideração do desnível entre torres apresentou uma
distribuição de forças normais nos elementos com valores mais elevados, em comparação
com a consideração do desnível. Foi constatada uma diferença de 13% entre os valores
máximos de tração e 12% entre os de compressão. Em casos mais extremos de desníveis,
esta diferença pode ser ainda mais significante. Se a torre analisada estivesse em nível
superior aos das adjacentes, a consideração do desnível aumentaria as forças normais.
A FIGURA 6.3 apresenta a numeração das bases da torre para identificação das reações de
apoio.
51
1
ELEMENTS
4 Z X
2
As reações verticais obtidas nas bases da torre para ambas as considerações de reações
devidas ao peso próprio dos cabos encontram-se na TABELA 6-1.
TABELA 6-1 – Reações verticais das bases do modelo simplificado para as duas considerações das reações
devidas ao peso próprio dos cabos.
Como a torre em estudo se encontra em um nível abaixo das torres adjacentes, as reações
dos cabos são menores com a consideração do desnível, levando a um menor somatório das
reações verticais. O somatório das reações nas demais direções apresentaram valores nulos
nestas simulações.
52
6.1.2 Resultados obtidos conforme recomendações das normas NBR 5422 e 6123
Uma vez que os resultados apresentaram diferenças significativas devidas à variação das
reações verticais dos cabos, ambos os casos de carregamento que contemplam o vento serão
avaliados com a consideração do desnível entre as torres.
A FIGURA 6.4 apresenta as forças normais nos elementos da torre, considerando as cargas
de vento conforme a norma NBR 5422 com um ângulo de incidência igual a 0o (direção –z,
transversal aos cabos) e o efeito do peso próprio.
1
ELEMENT SOLUTION
STEP=2
SUB =12
TIME=2
SMIS1
DMX =85.69
SMN =-70142
SMX =54821
MX MN
Y
Z X
FIGURA 6.4 – Forças normais na torre do modelo simplificado devidas às cargas de peso próprio e vento
conforme a NBR 5422 [N].
A aplicação do vento (0o) segundo as prescrições da norma NBR 6123 leva a outras
solicitações na torre, conforme pode ser observado na FIGURA 6.5.
53
1
ELEMENT SOLUTION
STEP=2
SUB =12
TIME=2
SMIS1
DMX =126.006
SMN =-100200
SMX =84956
MX MN
Y
Z X
FIGURA 6.5 – Forças normais na torre do modelo simplificado devidas às cargas de peso próprio e vento
conforme a NBR 6123 [N].
A comparação dos esforços axiais nas barras indicou valores mais elevados para a NBR
6123. Tal fato justifica-se pelas maiores cargas aplicadas aos perfis metálicos e cabos,
provenientes principalmente dos maiores valores de massa específica do ar e coeficiente de
arrasto de cabos, da não consideração do coeficiente de efetividade (item 4.1) e dos
menores tempos de integração de velocidades características sugeridos por esta norma.
TABELA 6-2 – Reações das bases do modelo simplificado, considerando ambas as normas analisadas.
A comparação dos valores das reações de apoio indicou maiores resultantes na direção do
escoamento do vento (z) para a metodologia sugerida pela norma NBR 6123 (cerca de 46%
maiores). Maiores cargas horizontais ocasionaram, conseqüentemente, maiores momentos
na base da torre, aumentando assim as reações verticais nas bases. Neste caso aumentam os
riscos de arrancamento das fundações. O somatório das reações na direção x (longitudinal)
foi nulo para estes casos de carregamento.
30
20 Cabo Condutor
Cabo Pararraios
10
Deslocamento vertical [m]
-10
-20
-30
-40
-50
0 100 200 300 400 500 600 700 800
Comprimento do cabo [m]
FIGURA 6.6 – Catenárias dos cabos presentes no vão de 882 m devidas ao peso próprio [m].
10
8 Cabo Condutor
Cabo Pararraios
6
Deslocamento vertical [m]
-2
-4
-6
-8
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Comprimento do cabo [m]
FIGURA 6.7 – Catenárias dos cabos presentes no vão de 400 m devidas ao peso próprio [m].
56
As respectivas trações nos cabos condutores e nos cabos pararraios devidas ao peso próprio
encontram-se na FIGURA 6.8 e FIGURA 6.9 respectivamente.
1
ELEMENT SOLUTION
STEP=1
SUB =12
TIME=1 MX
SMIS1
DMX =2102
SMN =11602
SMX =12006
MN
Z X
FIGURA 6.8 – Forças de tração nos cabos condutores devidas ao peso próprio [N].
57
1
ELEMENT SOLUTION
STEP=1
SUB =12
TIME=1 MX
SMIS1
DMX =2102
SMN =5697
SMX =5863
MN
Z X
FIGURA 6.9 – Forças de tração nos cabos pararraios devidas ao peso próprio [N].
O equilíbrio entre os dois vãos dos cabos condutores foi confirmado, uma vez que a
componente horizontal da tração nos dois vãos foi idêntica e as cadeias de isoladores, após
a atuação das cargas do peso próprio dos cabos, ficaram na posição vertical. O equilíbrio
entre os vãos do pararraio poderá será comprovado caso a resultante das reações das bases
das torres na direção x (direção longitudinal à linha) apresente valor nulo.
1
ELEMENT SOLUTION
MX
STEP=1
SUB =12
TIME=1
SMIS1
DMX =2102
SMN =-10751 MN
SMX =5549
Z X
FIGURA 6.10 – Forças normais nos elementos da torre do modelo completo devidas ao peso próprio [N].
As forças máximas calculadas através do modelo completo, com atuação do peso próprio,
apresentaram-se próximas dos obtidos no modelo simplificado com a consideração do
desnível entre torres, com diferenças da ordem de 3%.
A TABELA 6-3 apresenta as reações verticais e horizontais (direções x,y e z) obtidas nas
bases da torre para o modelo completo, com a atuação das cargas de peso próprio.
TABELA 6-3 – Reações nas bases do modelo completo considerando as cargas de peso próprio.
Direções X Y Z
Base 1 [N] -563,5 6393,7 -622,5
Base 2 [N] -843,1 10342 628,5
Base 3 [N] 831,9 10400 623,9
Base 4 [N] 571,7 6656,7 -630,5
Resultante [N] -3,0 33792,4 -0,6
59
Analisando as reações do modelo completo pode-se verificar o equilíbrio dos vãos do cabo
pararraios, uma vez que a resultante na direção x apresentou valor próximo a zero. Outra
importante constatação foi a pequena diferença (1,2%) encontrada entre o valor da
resultante na direção y deste modelo e do modelo simplificado contemplando o desnível
entre torres. Este resultado implica que a modelagem utilizada para os cabos é capaz de
representar adequadamente o comportamento destes quando submetidos a desníveis.
A FIGURA 6.11 apresenta as forças normais nos elementos da torre sujeita à atuação do
peso próprio e das forças de vento transversal aos cabos conforme a norma NBR 6123
(ângulo de incidência igual a 0o).
1
ELEMENT SOLUTION
STEP=2
SUB =12
TIME=2
SMIS1
DMX =51682
SMN =-99893
SMX =84574
MX MN
Y
Z X
FIGURA 6.11 – Forças normais na torre do modelo completo devidas à atuação de peso próprio e vento
conforme a NBR 6123 [N].
60
A TABELA 6-4 apresenta as reações de apoio da torre presente no modelo completo com a
atuação de peso próprio e vento conforme a norma NBR 6123.
TABELA 6-4 – Reações das bases da torre do modelo completo considerando as cargas de peso próprio e
vento conforme NBR 6123.
Direções X Y Z
Base 1 [N] 6269,9 -87255 8477,4
Base 2 [N] -7606,8 104280 9008
Base 3 [N] 7273,1 101080 8935,5
Base 4 [N] -6081,3 -85594 8395
Resultante [N] -145,2 32511 34815,9
Diante dos valores apresentados pode-se observar que a somatória das reações na direção z
foi a mesma obtida no modelo simplificado sob considerações da NBR 6123. Foi
constatada uma diminuição da somatória das cargas verticais no modelo completo. Tal fato
ocorre devido à movimentação do centro de gravidade das catenárias dos cabos do sistema
com a incidência de cargas de vento. Os centros de gravidade se afastam da torre 50 em
direção as torres adjacentes devido ao fato das mesmas estarem mais elevadas, diminuindo
assim a carga vertical resultante.
Sendo o vão de 882 metros maior que o vão de 400 metros, os cabos presentes neste vão
receberão maiores valores de cargas de vento. Esta diferença de carga é amenizada pelos
diferentes valores de fator S2 (diferentes tempos de integração da velocidade média de
vento) adotados de acordo com os comprimentos de cada vão dos cabos.
61
Cargas de vento distintas em cada vão de cabo levarão a diferentes valores de tração, o que
ocasionará um desequilíbrio de forças na direção longitudinal da linha no sistema. Esta
força longitudinal também não é considerada no modelo simplificado da torre.
A FIGURA 6.12 e FIGURA 6.13 apresenta as trações nos cabos condutores e pararraios,
respectivamente.
1
ELEMENT SOLUTION
STEP=2
SUB =12
TIME=2
SMIS1
DMX =51682 MX
SMN =18912
SMX =19539
MN
Z X
FIGURA 6.12 – Forças de tração nos cabos condutores devidas ao peso próprio e ao vento conforme a NBR
6123 [N].
62
1
ELEMENT SOLUTION
STEP=2
SUB =12
TIME=2
SMIS1
DMX =51682 MX
SMN =9154
SMX =9404
MN
Z X
FIGURA 6.13 – Forças de tração nos cabos pararraios devidas ao peso próprio e as forças de vento conforme
a NBR 6123 [N].
Conforme as prescrições da norma NBR 5422, as forças normais de tração nos cabos para a
condição de vento máximo não devem exceder 50% do valor da máxima tração resistente.
A TABELA 6-5 apresenta os valores obtidos da análise numérica e os valores permitidos.
Observa-se que, mesmo aplicando as cargas mais elevadas de vento (NBR 6123), os
valores de tração permitidos por norma são superiores aos determinados através do modelo
numérico (60,5% para os condutores e 89,3% para os pararraios). Há outros efeitos a
63
1
NODAL SOLUTION
STEP=2
SUB =12
TIME=2
UZ (AVG)
RSYS=0
DMX =51682
SMN =-47496
MN
Z X
MX
FIGURA 6.14 – Deslocamentos dos cabos na direção z para cargas de vento conforme a NBR 6123 [mm].
Através dos deslocamentos das extremidades das cadeias de isoladores também é possível
calcular o valor do ângulo de balanço dos isoladores. O modelo numérico completo (torre e
cabos) indicou um ângulo de 62º, enquanto que no cálculo analítico conforme a NBR 5422
64
1
ELEMENT SOLUTION
STEP=2
SUB =20
TIME=2
SMIS1
DMX =159.912
SMN =-124553
SMX =105548
MN
MX
Y
Z X
FIGURA 6.15 – Forças normais no modelo simplificado com peso próprio e vento – Análise 1a ordem [N].
65
1
ELEMENT SOLUTION
STEP=2
SUB =12
TIME=2
SMIS1
DMX =160.717
SMN =-124874
SMX =106058
MX MN
Y
Z X
FIGURA 6.16 – Forças normais no modelo simplificado com peso próprio e vento – Análise 2a ordem [N].
Os deslocamentos laterais (z) ocasionados pela atuação das forças de vento encontram-se
expostos na FIGURA 6.17.
66
1
NODAL SOLUTION
MN
STEP=2
SUB =20
TIME=2
UZ (AVG)
RSYS=0
DMX =159.912
SMN =-159.909
SMX =.763994
MX
Y
Z X
FIGURA 6.17 – Deslocamentos laterais (z) com a atuação do peso próprio e vento – Análise 2a ordem [mm].
6.3.2) Avaliação das cargas longitudinais devido à diferença de tração entre cabos
No modelo original avaliado no item 6.2 a resultante longitudinal foi pequena, devido à
pequena diferença entre as cargas transversais de vento aplicadas nos cabos ocasionada
pelos diferentes tempos de integração utilizados. Porém, existem situações em que esta
diferença pode ser maior, como no caso do cálculo das cargas de vento conforme a NBR
6123 sem a utilização do ANEXO A desta norma. O uso deste anexo é contestável devido
ao fato de ter sido inserido em uma das revisões desta norma e atuar contra a segurança por
apresentar cargas de vento menores. No caso em análise, os cabos do sistema estrutural
poderiam ser classificados como classe C, ou seja, estruturas com dimensões acima de 50
metros.
67
1
ELEMENT SOLUTION
STEP=2
SUB =12
TIME=2
SMIS1
DMX =54897
SMN =-149808
SMX =139102
MN
Y
MX
Z X
FIGURA 6.18 – Forças normais na torre do modelo completo com atuação do vento em somente 1 vão dos
cabos [N].
A TABELA 6-6 apresenta a comparação entre as reações nas bases da torre do modelo
simplificado e do modelo completo com a mesma consideração de carregamento, ou seja,
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torres niveladas, vãos de 882 metros simétricos e vento atuando em somente um dos vãos
da linha de transmissão.
TABELA 6-6 – Reações das bases da torre do modelo completo e simplificado considerando as cargas de
vento somente em um dos vãos da linha.
Com a atuação das cargas de vento nos cabos do sistema estrutural ocorre a movimentação
do centro de gravidade das catenárias. No caso da torre central do sistema se localizar
abaixo das adjacentes, o centro de gravidade se desloca no sentido das torres adjacentes,
causando uma diminuição das resultantes verticais nas bases desta torre e
conseqüentemente um aumento nas adjacentes. Em uma simulação de 1a ordem tal efeito
não poderia ser captado, uma vez que a consideração das cargas verticais dos cabos na
posição deformada do sistema não é considerada na análise.
Na simulação exposta no item 6.2.2 que apresenta o modelo completo com desnível entre
torres adjacentes e vãos diferentes pode-se observar uma redução de 4% na somatória das
reações verticais da torre. Essa redução comprova a existência da interação entre os efeitos
de 2a ordem e o desnivelamento entre torres no sistema estrutural.
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
7.1 Conclusões
Este trabalho apresenta comparações entre esforços solicitantes estáticos devidos à ação do
vento em uma torre de transmissão, obtidas utilizado-se duas metodologias diferentes.
A simulação da torre isolada sem a consideração do desnível entre torres apresentou uma
distribuição de esforços nos elementos com valores mais elevados, em comparação com a
consideração do desnível (cerca de 12%). As reações verticais das bases da torre também
apresentaram valores superiores sem a consideração do desnível. Devido às diferenças
significativas, inclusive com a possibilidade de ocorrência de valores mais elevados do que
os obtidos, a consideração do desnível nas reações de apoio dos cabos deve ser incluída na
norma específica de dimensionamento de estruturas de linhas de transmissão, a NBR 5422.
A comparação dos esforços axiais nas barras devidos à incidência de vento no modelo
simplificado indicou valores mais elevados para a NBR 6123. Tal fato justifica-se pelas
maiores cargas aplicadas aos perfis metálicos e cabos, provenientes principalmente dos
maiores valores de massa específica do ar e coeficiente de arrasto de cabos, da não
consideração do coeficiente de efetividade e dos menores tempos de integração de
velocidades básicas sugeridos por esta norma para os cabos. A somatória das cargas de
vento para a norma NBR 6123 apresentou um valor 46% superior às recomendadas pela
NBR 5422. Esta comparação evidencia que, mesmo sendo a norma específica para o
dimensionamento de LT’s, a norma NBR 5422 fica contra a segurança, quando comparada
a NBR 6123.
70
O equilíbrio entre os dois vãos dos cabos condutores foi confirmado, uma vez que a tração
horizontal dos vãos foi idêntica e as cadeias de isoladores, após a atuação das cargas do
peso próprio dos cabos, ficaram na posição vertical. O equilíbrio entre os vãos do pararraio
foi comprovado uma vez que a resultante das reações das bases da torre na direção x
(direção longitudinal a linha) apresentou valor nulo para o peso próprio.
As forças normais máximas da torre calculadas através do modelo completo com atuação
apenas do peso próprio apresentaram-se próximas das obtidas no modelo simplificado com
a consideração do desnível entre torres, com diferenças na ordem de 3%. As resultantes na
direção y (vertical) destes dois modelos também apresentaram uma diferença pequena
(1,2%). Este resultado implica que a modelagem utilizada para os cabos é capaz de
representar adequadamente o comportamento destes quando submetidos a desníveis.
da linha de transmissão, porém, as forças que os mesmos aplicam nas torres são idênticas as
consideradas na modelo simplificado por questão de equilíbrio dos cabos em torno do eixo
que liga as duas extremidades.
O modelo da torre isolada foi avaliado quanto aos efeitos de 1a e 2a ordem. Os resultados
obtidos foram semelhantes devido às características de baixa deslocabilidade da torre,
evidenciada nos campos de deslocamentos resultantes nas análises de 1a e 2a ordem. Com
baixos níveis de deslocamento, os efeitos de 2a ordem são poucos evidenciados.
Com a atuação das cargas de vento nos cabos do sistema estrutural ocorre a movimentação
do centro de gravidade das catenárias. No caso da torre central do sistema se localizar
abaixo das adjacentes, o centro de gravidade se desloca no sentido das torres adjacentes,
causando uma diminuição das resultantes verticais nas bases desta torre e
conseqüentemente um aumento nas adjacentes. Foi constatada uma redução de 4% da
somatória das reações verticais da torre para o caso de atuação do vento. Essa redução
comprova a existência da interação entre os efeitos de 2a ordem e o desnivelamento entre
torres no sistema estrutural.
substituição do modelo de torre isolada por um modelo que contemple a interação entre os
cabos e a estrutura.
Conforme as prescrições da norma NBR 5422, os esforços normais de tração nos cabos
para a condição de vento máximo não deverão exceder 50% do valor da máxima tração
resistente. Observa-se que, mesmo aplicando as cargas mais elevadas de vento (NBR
6123), os valores de tração permitidos por norma são superiores aos determinados através
do modelo numérico (apesar de outros efeitos, como os de temperatura por exemplo, não
terem sido considerados).
A modelagem dos cabos possibilita a determinação dos deslocamentos laterais dos cabos
submetidos ao vento. Tal cálculo pode ser utilizado na determinação das faixas de
segurança da linha, durante a fase de projeto. O modelo numérico completo (torre e cabos)
indicou um ângulo de balanço de 62º, enquanto que no cálculo analítico baseado na NBR
5422 o valor encontrado foi de 52º. Em ambas as verificações foram utilizadas as mesmas
velocidades básicas (32 m/s).
A análise não linear do sistema formado por torre, cadeias de isoladores e cabos permitiu a
determinação das trações máximas atuantes nos cabos e do ângulo de balanço das cadeias.
A determinação dessas variáveis é imprescindível para a segurança dos cálculos e
possibilidade de otimização do projeto de linhas de transmissão.
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APÊNDICE A
Entrada
Coeficiente C1, vértice da catenária
Variáveis intermediárias
Equação da catenária
Saídas
Coordenada vertical da catenária inicial dos
nós que compõem os cabos
FIGURA A.1 – Fluxograma da macro para os posicionamentos verticais dos nós que compõem os cabos.
Entrada
Peso dos cabos, áreas das faces dos módulos,
coeficientes de arrasto das faces, Kr, Kd, T, ALT, H,
n, Vb, aceleração da gravidade, α, d, z, θ, coeficiente
de arrasto de cabos, área dos isoladores, coeficiente
de arrasto dos isoladores
Variáveis intermediárias
Determinação da densidade do ar,
pressões de referência do vento
Saídas
Forças de vento na torre, cabos e isoladores, peso da
estrutura da torre
FIGURA A.2 – Fluxograma da macro para a aplicação dos carregamentos devidos ao peso próprio e ao vento
conforme a NBR 5422.
Entrada
Peso dos cabos, áreas das faces dos módulos,
coeficientes de arrasto das faces, Vo,S1, S3, aceleração
da gravidade, b, Fr, H, p’, d, z, β, β’, coeficiente de
arrasto de cabos, área dos isoladores, coeficiente de
arrasto dos isoladores
Variáveis intermediárias
S2, kβ’, pressões de referência do vento
Saídas
Forças de vento na torre, cabos e isoladores, peso da
estrutura da torre
FIGURA A.3 – Fluxograma da macro para a aplicação dos carregamentos devidos ao peso próprio e ao vento
conforme a NBR 6123.
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