Você está na página 1de 19

SENAC – SÃO BERNARDO DO CAMPO

Técnico em teatro – Turma noite 2020-2021


Profª Simone Evaristo

Relatório UC 02 - Um Bonde Chamado Desejo –


Tennessee Williams

Aluno: Fernando José Viana Maffía


OUTUBRO 2020

Introdução:

Esse relatório tem como objetivo fazer uma breve análise da obra “Um bonde
chamado desejo” do dramaturgo estadunidense Tennesse Williams (1911 – 1983).
A peça estreou pela primeira vez em 1947, montada na Broadway em Nova Iorque
atingindo muito sucesso de público e crítica chegando a receber um prêmio Pulitzer.
A peça ganha também uma versão no cinema, lançada em 1951, com a direção de
Elia Kazan (o próprio Kazan foi o diretor da primeira montagem teatral e foi parceiro
de Williams em vários outros projetos) e com Vivian Leigh e Marlon Brando nos papeis
principais (Brando também interpretou Stanley Kowalski no teatro).

Em um Bonde Chamado Desejo, Tennessee Williams nos traz à tona temas


como o machismo e brutalidade dos homens, a decadência de uma elite sulista dos
Estados Unidos em face a uma realidade dura de uma sociedade urbana e industrial
no pós guerra; a questão da imigração e discriminação, tabus como estupro,
machismo, violência doméstica, o desejo feminino e o papel da mulher na sociedade,
a homossexualidade, o alcoolismo, e saúde mental entre outros. Seus personagens
têm com conflitos psicológicos intensos (característica do seu estilo de realismo
psicológico) com muitos elementos biográficos, mas ao mesmo tempo com uma
poética e sensibilidade única, o que o inclui entre um dos maiores dramaturgos do
século XX e Um bonde Chamado desejo, um clássico do teatro com diversas
montagens por todo mundo até hoje.
A peça:

Personagens:
Blanche DuBois
Stanley Kowalski
Stella Kowalski
Micth
Eunice
Steve
Pablo
O Médico
A enfermeira
O Jovem Cobrador do Jornal
Vendedora Mexicana
Uma Mulher Negra

Resumo

Blanche DuBois é uma mulher da elite sulista norte-americana que após ficar
totalmente falida e sem emprego, parte da cidade de Laurel e vai morar em New
Orleans, no miserável e apertado apartamento de sua irmã Stella, que está casada
com Stanley Kowalski, de família de imigrantes poloneses. Stanley é homem rude,
grosseiro, machista, sexista que adora uma vida boêmia regado a álcool e jogatinas.
Logo o estilo tosco, grosseiro e direto de Stanley vai entrar em choque com costumes
refinados de Blanche e sua personalidade sonhadora; logo nos primeiros encontros
já ocorrem atritos com indiretas e ironias de ambas as partes, mas com também
ocorre uma certa tensão sexual entre eles. Logo que Blanche chega ao apartamento
ela revela a sua irmã que nos últimos anos perdera todos os bens da família, que
estava administrando desde a morte dos pais, inclusive a grande propriedade da
família, Belle Rêve. Stella (que durante a trama ficamos sabendo que abandona
todas suas raízes de vida de conforto para se casar com Stanley) compreende a
situação da irmã e a consola. Mas Stanley não aceita a situação e acredita que
Blanche está na verdade é uma mentirosa e está aplicando um golpe e passa a
investigá-la. Durante os dias que se passam Blanche começa a ter um relacionamento
com Mitch, um dos amigos e parceiro de pôquer de Stanley. Micth é um solteirão que
mora com a mãe doente, a princípio se mostra um homem gentil, sensível e educado
e Blanche começa acreditar que pode finalmente ter um relacionamento estável.
Blanche, uma mulher acima dos 30 anos, vêm de um passado trágico: além da morte
de familiares, a ruína financeira, ela se tornara viúva muito cedo. Seu marido, um
jovem e delicado rapaz, por quem ela se apaixonou muito jovem, cometera suicídio
após saber que Blanche descobriu sua homossexualidade e ainda o insultou
duramente. Blanche nunca se recuperou da culpa e do trauma entrando em profunda
depressão.
As semanas se passam e a convivência entre o trio, no apartamento minúsculo e
sufocante, torna-se cada vez mais explosiva. Blanche tem cada vez mais episódios
de “crise de nervos”, além clara dependência com o álcool; Stanley (além das
humilhações psicológicas tanto com a Stella como com Blanche) agride fisicamente
Stella, que nessa altura está grávida. Blanche fica indignada com a atitude e clama
para que Stella largue Stanley e parta com ela para uma nova vida. Porém Stella é
uma mulher que já não nutre mais a visão sonhadora de Blanche carrega uma visão
prática e conformada da vida: é apaixonada perdidamente por Stanley por quem nutre
um forte desejo e atração sexual e não vê perspectivas de uma vida independente
para a mulher naquela sociedade decadente e machista.
Stanley, através de contatos com amigos e conhecidos que frequentavam a cidade
de Laurel, acaba descobrindo todo passado secreto de Blanche: à medida que as
tragédias foram sucedendo, e sua situação financeira desmoronando Blanche passou
a morar em hotéis de baixa reputação e acaba se prostituindo. Para piorar a situação
Blanche é demitida da escola onde lecionava, pois fora descoberta que tivera um
envolvimento com um aluno de 17 anos.
Stanley impiedosamente revela todo o passado de Blanche tanto para Stella
quanto para Mitch, inclusive de uma forma extremamente sádica e debochada,
expulsa Blanche de seu apartamento dando como presente de aniversário, uma
passagem de ônibus de volta para Laurel. Stella custa a acreditar na história e Mitch
não comparece a festa. Logo depois da desastrosa festa, Blanche consegue ter uma
última conversa com Mitch, porém esse não é nada receptivo, não aceita o seu
passado e a humilha ainda mais.

Blanche vai perdendo a sua lucidez, apresentando surtos psicóticos de delírios


cada vez mais frequentes, misturando realidade e ilusão, passado e presente, surtos
agravados também pelo álcool. Porém mais uma tragédia aguardava Blanche: na
noite em que Stella estava no hospital em resguardo, pois deu à luz a seu bebê,
Stanley volta para o apartamento e ficando sozinho com Blanche; após mais um
embate com insultos e agressão, Stanley a estupra.

A peça termina no apartamento dos Kowalski, com Blanche já completamente


entregue a loucura, Stella, Stanley e a vizinha Eunice, estão se preparando para a
chegada da equipe do sanatório para a internação compulsória de Blanche. Quando
a equipe chega, Blanche está relutante a internação à força pelas enfermeiras, que
respondem violentamente, mas quando o médico da equipe a aborda com delicadeza
e cavalheirismo, e Blanche se acalma e aceita seu destino com a célebre frase “Seja
o senhor quem for... eu sempre dependi da bondade dos estranhos. . .”

Um bonde Chamado Desejo: Ilusões X Realismo


MITCH
O que significa é que eu nunca pude olhar bem para você, Blanche. Vamos
acender a luz aqui.
BLANCHE (medrosamente)
Luz? Que luz? Para quê?
MITCH
Essa que está com esse troço de papel. (Rasga a lanterninha de papel da
lâmpada. Ela ofega, assustada.)
BLANCHE
Para que você fez isso?
MITCH
Para ver você bem, como você é!
BLANCHE
Você não está querendo insultar-me!
MITCH
Não, só estou querendo ser realista.
BLANCHE
Não quero realismo. Eu quero magia. (Mitch ri.) Sim, sim, magia. É o que tento dar as
pessoas. Não digo a verdade, digo o que deveria ser verdade. E se isso é pecado, que eu seja
amaldiçoada para sempre. Não acenda a luz!

O trecho acima é entre Mitch e Blanche DuBois, considerada por muitos a mais
importante personagem feminina do teatro do século XX. Retrata a situação de uma
mulher aristocrática que vivia com todo glamour, beleza jovial, riqueza e agora está
diante de uma realidade muito dura: solidão, miséria, desprezo, violência etc.

Essa obra de Tennessee Williams é como arrancar a lanterna de papel que cobre
a lâmpada da sociedade e revelar com clareza e nitidez como realmente se
apresenta, expondo e debatendo as falsas aparências, preconceitos e tabus.

A peça é apresentada em um único ato e onze cenas, apesar de seus temas duros
e diálogos fortes, ainda assim tem um lirismo e poesia na dramaturgia. Suas rubricas
detalhadas, quase como um romance literário, descrevendo detalhadamente o
ambiente, o cenário, figurino, aspectos físicos e os sentimentos dos personagens. A
música está sempre presente e funciona como quase um personagem, um
observador invisível: Um bar de jazz na esquina ressoa sua música o dia todo. Ora
Polca, ora um Blues, ela permeia os personagens, marcando fortemente diversas
situações, como agressões, insultos, delírios, sonhos, os momentos de
sensualidade...

O cenário de um minúsculo apartamento nos traz uma sensação de sufocamento,


mas ao mesmo tempo conseguimos ter um olhar muito íntimo dos personagens e
daquela sociedade. Estamos num cenário de um pós guerra, onde vemos a realidade
de um bairro pobre de New Orleans: uma rotina dura de trabalho industrial, onde
americanos, afro-americanos e imigrantes dividem espaços miseráveis. Nesse
cenário vivem homens brutos e duros, que circulam num universo de bebida, jogo,
machismo que pode ser personificado na figura de Stanley. É a nova realidade dos
Estados Unidos. De outro lado duas mulheres de origem mais aristocrática, elegante,
cultas, mas decadentes que tem de aprender a conviver na nova realidade. Stella se
adapta mais fácil, mas Blanche com todos seus traumas e uma personalidade mais
diáfana e manipuladora parte para o embate com Stanley. Os dois convivem entre
com insultos machistas (ex. “gata do mato”) e ela com insultos xenófobos e
discriminatórios socialmente (ex. “porco, polaco”).
As mulheres constantemente são vítimas de agressões psicológicas e físicas. O
texto mostra isso, na relação de Stanley e Stella, mas também deixa claro na relação
dos vizinhos Eunice e Steve para ilustrar que é algo recorrente em toda comunidade.
Essas mulheres sabem que são vítimas de um sistema de crenças e valores, mas
diante da falta de amparo e perspectivas acabam cedendo de volta aos apelos dos
maridos. O trecho a seguir da peça, onde Stella e Mitch comentam sobre a agressão
sofrida por Eunice, retrata com tom de ironia e praticidade como estão desamparados
por todo o sistema:

STANLEY
Que é que há com Eunice?
STELLA
Ela e Steve brigaram. Ela chamou a polícia?
STANLEY
Não. Está tomando um drinque.
STELLA
É muito mais prático

Stella é a personagem mais prática e realista da trama, tenta a todo custo amparar
sua irmã e conciliar os atritos entre Stanley e Blanche. Mas mesmo sofrendo os
abusos e agressões de Stanley e estar perdidamente apaixonada, não enxerga outra
saída a não ser persistir em sua vida e se entregar ao seu desejo sexual por Stanley.
Blanche tenta bolar um plano sonhador de fuga para as duas, mas logo cai na
realidade e percebe tem apenas poucas moedas na bolsa. Ambas são vítimas de um
sistema machista financeiro cruel para as mulheres. No trecho a seguir Stella e
Blanche tem um interessante diálogo sobre o assunto:

STELLA (rindo)

Não seja ridícula, querida!

BLANCHE

Mas eu vou pensar em alguma coisa, eu preciso pensar em. . . alguma coisa!

Não, não se ria de mim, Stella! Por favor, por favor, não se ria, eu, eu. . . quero

que você olhe o que tem dentro da minha bolsa! Veja o que há aqui! (Abre

rapidamente a bolsa.) Sessenta e cinco míseros centavos em moeda corrente!

STELLA (dirigindo se à cômoda)

Stanley não me dá uma quantia regular, ele próprio gosta de pagar as contas.

mas. . . esta manhã ele me deu dez dólares para ajudar a ajeitar as coisas. Pegue

cinco para você, Blanche, e eu ficarei com o resto.

BLANCHE

Oh, não. Não, Stella.

STELLA (insistindo)

Eu sei o quanto o moral da gente melhora só por a gente ter um pouquinho de

dinheiro no bolso.

BLANCHE

Não, obrigada . . .eu vou consegui-lo nas ruas

STELLA
Que é isso? Fale direito. Como é que você foi ficar assim tão sem recurso.?

BLANCHE

Simplesmente o dinheiro some, desaparece em qualquer lugar. (Esfrega a

testa.) Ainda hoje mesmo preciso tomar um antiácido.

Além da peça retratar os terríveis abusos e opressão das mulheres, os


personagens masculinos também são afetados com os tabus, preconceitos e
cobranças sociais da sociedade. Podemos citar como a repressão a
homossexualidade (retratada no suicídio do marido de Blanche); no caso de Mitch
apesar ser um homem de uma certa educação e delicadeza, o mesmo tempo se torna
patético e vulnerável, sucumbindo a cobrança social dos amigos e da sociedade ao
assumir o papel de “machão” e rejeitar uma mulher mais velha e com um passado
considerado “promíscuo”. A fala final de Mitch retrata bem a crueldade de como as
mulheres como Blanche são retratadas:

BLANCHE
Então case comigo, Mitch!
MITCH
Acho que não quero mais casar com você.
BLANCHE
Não?
MITCH (tirando as mãos da cintura dela)
Você não é bastante limpa para entrar na casa de minha mãe.

Mesmo Stanley é um homem fruto do seu meio; descendente de imigrantes, desde


cedo encara o sistema que apenas quer sugar sua força física, seja servindo na
guerra, seja trabalhando na fábrica. Vive cercado pelos valores machistas desde
muito jovem. Mas não impede de que sinta incomodado com o fato de Blanche e
Stellla sempre o acusarem de ter origem imigrante (como se não fosse um verdadeiro
norte americano genuíno):
STANLEY
Não sou polaco. Mas o que eu sou é cem por cento americano, nascido e criado
no maior país do mundo e muito orgulhoso disso. Por isso não me chame mais
de polaco.

A condição social de Stanley, por ser um homem sem educação também mostra-
se ser o seu ponto franco que o atinge no seu íntimo:

STELLA
Seu rosto, seus dedos, dão nojo, de tão engordurados. Vá lavar-se e venha
ajudar-me a tirar a mesa.
(Ele atira um prato ao chão.)

STANLEY
É assim que vou tirar a mesa! (Agarra o braço dela.) Nunca mais fale assim
comigo! “Porco — polaco — nojento — vulgar — engordurado” essa espécie
de palavras tem andado muito por aqui, na sua língua e na da sua irmã! Que
pensam que são? Um par de rainhas? Lembrem-se do que Huey Long disse:
“Cada homem é um rei !” E eu sou rei aqui dentro, é bom que não se esqueçam
disso. (Atira ao chão uma xícara e um pires.) Meu lugar está limpo. Querem
que eu limpe o de vocês?
(Stella começa a chorar debilmente. Stan1ey sai com passos largos
para o alpendre e acende um cigarro. Ouve-se a música dos artistas
negros que tocam além da esquina.)

Interessante na rubrica do texto que a música de artistas negros sobe nesse


momento que o tema da discriminação social e racial é tratado.

Blanche Dubois é sem dúvida a personagem mais complexa e debatida da trama


até os dias de hoje. Uma mulher, que sofre diversos traumas na vida e entra em uma
vida de depressão e amargura. Vive sempre preocupada com sua beleza física, talvez
a última ancora de um passado feliz. Ao mesmo tempo que fica dependente
financeiramente despeja toda a suas dores e desejo em relacionamentos com
homens que a maltratam. Mas a sociedade cobra um preço caro, a mulher que não
segue sua cartilha é rotulada para sempre, não importa para onde tente fugir:

BLANCHE
Sim, Tarântula. É o nome de uma aranha muito grande. Era para lá que eu
carregava as minhas vítimas. (Derrama mais uma dose no copo.) Sim, eu tive
muitas intimidades com estranhos. Depois da morte de Allan as intimidades
com estranhos me pareciam ser a única coisa capaz de encher meu coração
vazio. Eu acho que era pânico, somente pânico, que me levava de um para
outro, buscando proteção aqui, ali, até mesmo nos lugares. . .mais improváveis. .
até mesmo um rapaz de dezessete anos, mas alguém escreveu ao diretor da
escola dizendo: “Essa mulher é moralmente incapaz para exercer sua função!”
(Atira a cabeça para trás com uma risada convulsiva e soluçante. Repete então
a afirmação do diretor, ofega e bebê.) Verdade? Sim, suponho, incapaz é a
palavra. Então eu vim para cá. Não havia nenhum outro lugar para onde eu
pudesse ir. Estava acabada. Você sabe o que é estar acabada? Minha juventude,
de repente, tinha ido embora, por um cano de esgoto. E. . . foi então que
encontrei você. Você disse que precisava de alguém. Eu também precisava de
alguém. Agradeci a Deus por me ter mandado você. Você parecia tão bondoso.
Um abrigo na rocha do mundo, onde poderia me esconder. . . Mas acho que
estava pedindo, desejando. . . demais. Kiefaber, Stanley e Shaw já tinham
amarrado uma lata velha na cauda do papagaio.

Blanche ao mesmo tempo que se relaciona com homens brutos e violentos, nutre
um desejo por rapazes jovens, delicados e gentis, como seu falecido marido e os
outros jovens que se envolve (o aluno e o cobrador do jornal). Esse é um dos vários
aspectos mostrados sobre a dualidade da personagem: em alguns momentos
agressiva e manipuladora, outros frágil e sensível; a vivência entre dois mundos, o
rico e refinado na juventude e depois passa a morar em hotéis de quinta categoria,
uma mulher com desejos eu comportamento sexual livre, mas tem de se mostrar
como uma donzela pura para Mitch. Esses conflitos e contradições faz Blanche
mergulhar progressivamente num processo de desagregação mental até enlouquecer
e parar no hospício.

Mesmo escrita em 1947, “Um bonde Chamado Desejo” aborda temas universais e
que nos afetam até hoje: nossa sociedade ainda tem uma desigualdade social muito
acentuada; os mais pobres vivem em moradias precárias; homossexualidade, desejo
feminino, machismo, imigração, degradação da saúde mental e papel social da
mulher são questões a serem enfrentadas até hoje. Quantas Blanches vemos por aí,
lutando para estar dentro do “que se espera de uma mulher” apenas por que a
sociedade cobra? Quantos Stanleys cruzamos por aí? Quantas moradias miseráveis
e sufocantes como o apartamento do casal ainda existem? Quantos pessoas morrem
pelo motivo de sua sexualidade? E a xenofobia, acabou no século XXI? E quantas
Stellas e Eunices ainda são obrigadas a voltar para seus maridos agressores?
Ainda temos que debater sobre muitos bondes...

CURIOSIDADES:

O título da peça “Um bonde chamado desejo” remete ao bairro “DESIRE” da cidade
de Nova Orleans. No caminho ela deve tomar outro bonde chamado “cemitério” e ir
até o bairro dos Campos Elíseos (campo dos sonhos) onde fica a casa dos Kowalskis.
São alegorias a tudo que Blanche viria vivenciar durante a história: forte desejo, os
últimos devaneios e o sonho de encontrar o amor com Mitch e a morte simbolizada
na internação.
Existem vários elementos bibliográficos da vida de Tennessee Williams dentro da
obra: sua homossexualidade, a doença mental de sua irmã que chegou até ser
lobotomizada; o pai abusivo alcoólatra e viciado em jogos, a mãe bipolar, o contato
com o mundo industrial (Williams foi obrigado pelo pai a trabalhar em uma fábrica de
sapato); relacionamentos amorosos tanto com homens violentos como com jovens
rapazes.

Na versão cinematográfica a homossexualidade do marido de Blanche é suprimida


por causa da censura. A cena é resgatada e incluída nos DVDs como curiosidade.

O filme no Brasil teve o nome traduzido para “Uma rua chamada pecado”. Talvez
o tradutor e os distribuidores interpretaram os diálogos sobre desejo feminino como
pecaminosos.
Marlon Brando recebeu o papel do próprio Tennessee depois de fazer o teste na
casa do dramaturgo.

Em 1999, Pedro Almodóvar fez uma versão da peça no filme Tudo sobre minha
mãe, mantendo alguns dos diálogos da versão filmada em 1951.

O Filme Blue Jasmine, de Woody Allen tem forte inspiração na peça, na qual
Allen quis homenagear.
Várias cenas tanto da peça como do filme se tornaram antológicas. Em New
Orleans existe até um concurso popular (vide foto) com pessoas gritando
“Stellaaaaaaaaaaa” assim como Stanley costumava urrar para chamar a esposa.

No Brasil a peças teve diversas montagens destacando montagem de Augusto


Boal; Blanche foi interpretada por atrizes como Eva Wilma, Tereza Rachel, Leona
Cavalli e recentemente e muito elogiada e laureada por Maria Luiza Mendonça.

Fontes:

Um bonde chamado desejo - L&PM Editores Tradução de Beatriz Viégas-


Faria.

CANAL UNIVESP:

LEITURA Fundamental 56 - Um Bonde Chamado Desejo - Maria Silvia Betti:


https://www.youtube.com/watch?v=X8lWpluLR-4

Considerações Sobre - Um Bonde Chamado Desejo

https://www.scribd.com/doc/311298042/Consideracoes-Sobre-Um-Bonde-
Chamado-Desejo

Revista Cult: Blanche DuBois e os devaneios da intimidade


https://revistacult.uol.com.br/home/blanche-dubois-e-os-devaneios-da-intimidade/

Veja São Paulo: Rafael Gomes, diretor de “Um Bonde Chamado Desejo”:
“Blanche carrega os lados escuros de todos nós”
https://vejasp.abril.com.br/blog/na-plateia/rafael-gomes-diretor-de-8220-um-bonde-
chamado-desejo-8221-8220-blanche-carrega-os-lados-escuros-de-todos-nos-8221/

REVISTA AVENTURAS NA HISTÓRIA:


https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-irma-vitima-de-
lobotomia-sexualidade-e-obito-incomum-vida-intima-de-tennessee-williams.phtml

Blog da LPM:

https://www.lpm-blog.com.br/?tag=um-bonde-chamado-desejo

Programa do Jô: Maria Luisa Mendonça e Virginia Buckowski falam sobre a


peça “Um Bonde Chamado Desejo”
https://globoplay.globo.com/v/4325047/

PAPO DE CINEMA:
https://www.papodecinema.com.br/filmes/uma-rua-chamada-pecado/

Um Bonde Chamado Desejo; outro chamado Cemitérios

https://www.simonde.com.br/um-bonde-chamado-desejo-outro-chamado-
cemiterios-tennessee-williams/

EDUARDO MOSCOVIS UM BONDE CHAMADO DESEJO TEATRO CINE


CULTURA
https://www.youtube.com/watch?v=Rgcu8LYvd94&t=155s

Você também pode gostar