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Apostila: 

 Tradução do livro “Teoria general de la gimnasia”, Langlade y Langlade (1970).

O Caos Ginástico

Discussão dos objetivos e dos procedimentos técnico­metodológicos da ginástica tendo em 
vista responder às preocupações básicas com o homem, ou seja, análise crítica das propostas dos 
diferentes métodos ginásticos de forma a considerar a técnica a serviço do homem, adequando­se a 
um projeto pedagógico centrado numa postura humanista.
A discussão gira em torno de seis questões chaves:

1. Não interpretar a Ginástica como um elemento da Educação Física e da Educação
Tanto   a   ginástica   como   as   demais   práticas   corporais,   tais   como:   a   recreação   e   o   esporte   são 
considerados como meios ou agentes da proposta pedagógica a ser desenvolvida pela Educação 
Física.

Quadro das contribuições dos diferentes meios pedagógicos da Educação Física para satisfazer as 
necessidades e interesses do homem ao longo do desenvolvimento
Meios ou agentes da Educação Física
Idade (percentual de contribuição para o desenvolvimento e bem­estar corporal)
(em anos) Jogos Ginástica Esportes
... – 6 100% ­­­ ­­­
7 – 12 80% a 10% 20% a 60% ­­­ a 30%
13 – 18 10% a 5% 60% a 35% 30% a 60%
19 – 25 5% 35% a 15% 60% a 80%
26 – 35 5% 15% a 35% 80% a 60%
36 – 45 5% a 15% 35% a 45% 60% a 40%
46 – 60 15% a 20% 45% a 60% 40% a 20%
60 – ... 20% 60% 20%

A ginástica assume, portanto, um papel chave na adolescência, entre 12 e 18 anos de idade, 
e no treinamento esportivo, entre 18 e 35 anos de idade.

Objetivos da ginástica

I   –   Formação   Corporal  –   relacionado   com   o   desenvolvimento   das   qualidades   físicas   (força, 


velocidade, flexibilidade, resistência muscular localizada) e com a educação do sentido postural 
(dimensão formativa da corporeidade);
II – Educação Motriz  – relacionado com o desenvolvimento das habilidades motoras e com o 
aprimoramento da agilidade e destreza corporal na realização dos padrões de movimento, tais como: 
andar, correr, saltar, pular, trepar, equilibrar, arremessar (dimensão educativa da corporeidade);
III – Treinamento esportivo  – relacionado com o desenvolvimento das prontidões necessárias 
para a melhoria do desempenho esportivo (dimensão objetiva da corporeidade);
IV – Expressão corporal – relacionado com o desenvolvimento das possibilidades expressivas dos 
movimentos corporais e com a criação de novos movimentos (dimensão subjetiva da corporeidade).
Todos   os   meios/agentes   da   Educação   Física   (ginástica,   recreação   e   esporte)   têm 
determinadas contribuições a fornecer para o alcance de cada um desses objetivos, contribuições 
essas que variam de acordo com a idade e os interesses da pessoa. Langlade y Langlade (1970) 
apresentam   um   quadro   comparativo   (página   seguinte)   entre   os   meios   e   objetivos   da   Educação 
Física.

Tradução do Prof. Dr. Alexandre Rezende – rezende@unb.br – 81140647
Apostila:  Tradução do livro “Teoria general de la gimnasia”, Langlade y Langlade (1970).

Objetivos
Meios/Agentes Formação  Educação  Treinament Expressão corporal
Corporal Motriz o
ESPORTE 10 30 30 30
GINÁSTICA 50 30 10 10
RECREAÇÃO 10 40 10 40

2. Não precisar exatamente para quê e porque fazemos ginástica

A prática de ginástica pode estar associada a diversos tipos de interesses:

I. Educativos  –   relacionados   com   a   formação   do   caráter   e   o   conhecimento   de   si   mesmo, 


despertando o aprender a ser;
II. Higiênicos  – relacionados com a educação para a saúde e os cuidados com o próprio corpo, 
incluindo a estética, despertando o aprender a exercitar­se;
III.Psicomotores – relacionados com o desenvolvimento das capacidades físicas e das habilidades 
motoras, despertando o aprender a fazer e a jogar;
IV. Sociais – relacionados com a formação da consciência ética e política, despertando o aprender a 
conviver;
V. Recreativos – relacionados com a educação para o lazer, despertando o aprender a ser.

A seguir, apresentaremos 3 gráficos comparando os interesses dos praticantes de Educação 
Física de acordo com sua faixa etária e o perfil de interesses nas atividades corporais.

Donas de Casa Escolares na faixa etária de 11 a 12 anos de idade

100 100 100 100 100

80 80 80
Percentual de participa

Percentual de participa

60 60 60 60

40 40 40
20 20 20
0 0
çã

çã
o

Exercícios Formação Correção Potência Exercícios Formação Correção Potência


Educativos corporal postural muscular Educativos corporal postural muscular
Objetivos da Educação Física Objetivos da Educação Física

Jogadores de futebol ­ adultos

100 100

80 80
Percentual de participa

60 60

40 40

20

0
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o

Exercícios Formação Correção Potência


Educativos corporal postural muscular
Objetivos da Educação Física

Tradução do Prof. Dr. Alexandre Rezende – rezende@unb.br – 81140647
Apostila:  Tradução do livro “Teoria general de la gimnasia”, Langlade y Langlade (1970).

3. Não   saber   diferenciar   as   escolas   ou   métodos   ginásticos   de   acordo   com   seus   objetivos 
específicos e seu enfoque predominante.

Os quadros a seguir retratam a proposta defendida pelos métodos ginásticos em relação à 
proporção que deve ser conferida a cada um dos grandes objetivos da Educação Física: Formação 
Corporal (FC); Educação Motriz (EM); Treinamento Esportivo (TD) e Expressão Corporal (EC):
Ginástica Moderna Ginástica Natural (Austríaca)

EC
FC TD
EM TD

FC EM EC

Ginástica Olímpica (Internacional)  Ginástica Neo­Sueca

EM EM
TD EC FC TD
FC EC

Método Natural (Hebert) Orgânica (Medau)

EM EC FC
EM
TD FC EC
TD

Proposta de Langlade y Langlade
EM

FC EC

TD

4. Não diferenciar os conteúdos essencialmente ginásticos dos pertencentes à educação estética, à 
educação do sentido rítmico e à educação da expressão corporal.
Obs: questão que afeta particularmente a organização dos festivais e eventos demonstrativos de 
ginástica realizados no início do século XX.

Tradução do Prof. Dr. Alexandre Rezende – rezende@unb.br – 81140647
Apostila:  Tradução do livro “Teoria general de la gimnasia”, Langlade y Langlade (1970).

5. A falta de uma terminologia universal que estabeleça uma linguagem comum entre os vários 
autores,   favorecendo  a   troca  de   experiências  e  o  amadurecimento  científico  da  Ginástica.   Esse 
quadro   retrata   a   insuficiência   teórica   e   a   inexistência   de   um   paradigma   dominante   no   campo 
ginástico.

6. A   busca   pelo   novo   e   pelo   original.   Não   se   trata   da   busca   de   novos   elementos   técnico­
metodológicos e sim de meras inovações e adaptações que exaltam o protagonismo dos criadores, 
aguçando o sentido comercial das propostas, visando atrair novos alunos através do modismo.

Discussões metodológicas

1. Oposição entre exercícios naturais e/ou orgânicos versus exercícios construídos
2. Confusão entre naturalidade na execução dos exercícios versus exercícios naturais
3. Adoção de uma única forma (exclusiva) de estruturação dos exercícios
4. Utilização de uma única técnica (exclusiva) de movimento na elaboração dos exercícios
5. Negação da validade de algumas linhas ginásticas que não enfatizam a expressão corporal
6. Afirmação   de   que   somente   a   estrutura   analítica   permite   a   localização   do   efeito   de   um 
exercício
7. Confusão entre ritmo na ginástica versus ginástica rítmica
8. Oposição entre os exercícios com mãos livres versus exercícios com aparatos portáteis
9. Utilização de aparatos portáteis com uma finalidade exclusiva
10. Adoção de um conceito de relaxamento que exclui totalmente o conceito de tensão
11. Confusão entre os conceitos de soltura versus flexibilidade
12. Transferência   de   técnicas   de   movimento   do   campo   feminino   para   o   masculino,   sem 
considerar a complexidade da expressão corporal
13. Oposição das distintas técnicas de construção da aula (lição)

Análise detalhada de cada questão metodológica

1. Oposição entre exercícios naturais e/ou orgânicos versus exercícios construídos

O conceito de exercícios naturais advém da posição de alguns autores sobre a seleção dos 
movimentos   mais   adequados   para   compor   a   aula   de   ginástica.   Hébert   se   refere   aos   exercícios 
naturais como aqueles que correspondem aos movimentos  que o homem primitivo realizava no 
contato com a natureza. Bode utiliza critérios de ordem mais conceitual e metodológica, afirmando 
que   os   exercícios   naturais   são   aqueles   nos   quais   a   pessoa,   além   de   realizar   movimentos   que 
envolvem todo o corpo, é capaz de respeitar uma integração rítmica entre esses movimentos. Outros 
autores destacam  os exercícios  naturais como aqueles  que envolvem movimentos  com as mãos 
livres, ou seja, sem aparatos portáteis que visem aumentar a carga e direcionar o exercício para 
certos grupamentos musculares. Existem também autores que consideram como exercícios naturais 
aqueles   que  utilizam  movimentos  autênticos,  ou seja, que possuam uma dimensão subjetiva   de 
expressão   corporal,   assumindo   o   caráter   de   uma   linguagem   que   expressa   o   que   a   pessoa   está 
sentindo ou pensando.
Langlade & Langlade alertam para que se evite aprisionar a ginástica nos princípios ditados 
pela tendência romântica que influenciava os autores dessa época, principalmente os que estavam 
muito ligados à dança, à música e ao teatro. Observa­se, nesse caso, uma valorização exclusiva dos 
aspectos que aproximam o homem da natureza e da subjetividade. Ao mesmo tempo em que não se 
deve aprisionar pela tendência oposta, de caráter mais utilitarista, que valoriza exclusivamente o 

Tradução do Prof. Dr. Alexandre Rezende – rezende@unb.br – 81140647
Apostila:  Tradução do livro “Teoria general de la gimnasia”, Langlade y Langlade (1970).

desempenho e uma postura mais funcional, sugerindo a adoção de exercícios construídos de acordo 
com as necessidades ditadas pela utilização social do corpo, seja na arte, no trabalho ou na guerra.
Nesse sentido, os exercícios construídos devem ser entendidos como um recurso técnico 
posto a serviço da educação do homem. Logo o que está em discussão é que tipo de homem se 
deseja formar através da ginástica, ou seja, qual é a finalidade da ação educativa, e não uma crítica 
específica a um determinado recurso metodológico, que pode ser utilizado para alcançar diferentes 
finalidades.
A   rigor,   todos   os   movimentos   podem   ser   considerados   construídos,   de   acordo   com 
determinados princípios e para atingir diferentes objetivos. 

Princípios para a construção dos exercícios:

I. Estrutura  dos   exercícios  – os  exercícios,  de  acordo  com  a  estrutura  de  realização   dos 
movimentos, podem ser divididos em:
a. Analíticos  –  que  envolvem  a  movimentação   de  apenas   uma  das  partes  do  corpo 
(cabeça, tronco ou membros);
b. Sintéticos  – que envolvem a movimentação simultânea de mais de uma parte do 
corpo;
c. Globais   –   que   envolvem   a   participação   simultânea   de   todas   as   partes   do   corpo 
(mesmo princípio que define o exercício sintético, porém com um nível máximo de 
abrangência).
II. Técnicas   de   movimento  –   os   exercícios,   de   acordo   com   a   técnica   de   realização   dos 
movimentos, podem ser divididos em:
a. Regulados – movimentos realizados com um ritmo constante, geralmente localizados 
e visando o desenvolvimento da força;
b. Com impulso – movimentos realizados num ritmo variado, geralmente envolvendo 
coordenação motora e visando o desenvolvimento da potência;
 Balanceio   ou   oscilação   –   quando   se   executa   um   impulso   inicial   e   se 
coordena o restante do movimento em torno de um ponto de apoio (eixo) – 
ritmo decrescente;
 Lançamento   –   quando   se   imprime   um   ritmo   crescente   até   alcançar   a 
velocidade máxima, que coincide com o final da ação.
III.Expressividade   rítmica  –   os   exercícios,   de   acordo   com   a   presença   ou   não   de 
expressividade rítmica, podem ser divididos em:
a. Naturais   –   movimentos   expressivos   e   autênticos   que   assumem   uma   dimensão 
subjetiva, comunicando o que a pessoa está sentindo ou pensando;
b. Construídos – movimentos específicos selecionados de acordo com as necessidades 
ditadas   pela   própria   atividade   corporal   que   a   pessoa   deseja   realizar   com   mais 
eficiência.
IV. Espaço tridimensional – classificação dos exercícios de acordo com a forma como ocupam 
o espaço, utilizando dois ou três planos.
V. Tipo e forma de movimento  – os exercícios, de acordo com a forma de realização dos 
movimentos, podem ser classificados em função:
a. Da amplitude – movimentos amplos ou restritos;
b. Da   agilidade   –   movimentos   soltos   e   sem   esforço   ou   movimentos   presos   e   com 
esforço.

Tradução do Prof. Dr. Alexandre Rezende – rezende@unb.br – 81140647
Apostila:  Tradução do livro “Teoria general de la gimnasia”, Langlade y Langlade (1970).

Objetivos para realização dos exercícios:

I. Desenvolver   as  capacidades   físicas  e   orgânicas,   ampliando   a   eficiência   das   funções 


músculo­articulares e cárdio­respiratórias;
II. Desenvolver as habilidades motoras, ampliando a eficiência no controle e na coordenação 
dos movimentos corporais;
III.Desenvolver os aspectos psico­emocionais, ampliando a eficiência na utilização expressiva 
do corpo.

2. Confusão entre naturalidade na execução dos exercícios versus exercícios naturais

A naturalidade está diretamente relacionada com uma execução habilidosa, na qual os 
movimentos adquirem características semelhantes à preconizada para os exercícios naturais, ou 
seja, movimentos globais ou pelo menos sintéticos, realizados com impulso e expressividade 
rítmica, ocupando os três planos espaciais e sendo realizados com amplitude e desenvoltura. 
Porém, enquanto expressão da qualidade na execução dos movimentos, não pode ser confundida 
com   os   exercícios   naturais   em   si   mesmos,   pois   um   iniciante   poderia   fazer   uma   aula   de 
exercícios naturais realizando movimentos sem essas características, como também, uma pessoa 
habilidosa   poderia   fazer   com   que   exercícios   que   a   priori   não   seguem   os   princípios   que 
caracterizam um exercício natural, parecerem  naturais  pela fluência e domínio corporal que 
possuem.

3. Adoção   de   uma   única   forma   (exclusiva)   de   estruturação   dos   exercícios,   ou   seja, 


analítica, sintética ou global

Na   verdade,   cada   estrutura   de   exercício   está   comprometida   com   uma   proposta   de 
trabalho específica. Sendo assim, a escolha por uma ou outra estrutura depende da definição 
prévia dos objetivos a serem alcançados, tanto pelo praticante como pelo método. Em outras 
palavras, não existe, em termos absolutos, uma estrutura de exercícios melhor do que a outra, 
pois   uma   não   pode   gerar   os   efeitos   alcançados   pela   outra;   logo,   a   análise   para   seleção   da 
estrutura de exercícios mais indicada deve ser feita em função dos objetivos que levam a prática 
da ginática.

4. Utilização   de   uma   única   técnica   (exclusiva)   de   movimento   na   elaboração   dos 


exercícios, ou seja, movimentos regulados ou movimentos com impulso

Nesse caso, a reflexão aborda as mesmas questões levantadas no item anterior, de forma 
que   os   objetivos   a   serem   alcançados   devem   definir   a   melhor   articulação   possível   entre   a 
estrutura   de   exercícios   e   as   técnicas   de   movimentos.   Ambos   se   constituem   em   métodos   a 
disposição dos professores para o planejamento das aulas de ginástica, devendo ser utilizados de 
acordo com os efeitos específicos que são capazes de gerar.

5. Negação   da   validade   de   algumas   linhas   ginásticas   que   não   enfatizam   a   expressão 


corporal,   apresentando   carências   no   tipo   e   forma   dos   movimentos   (amplitude   e 
agilidade/desenvoltura)

Tradução do Prof. Dr. Alexandre Rezende – rezende@unb.br – 81140647
Apostila:  Tradução do livro “Teoria general de la gimnasia”, Langlade y Langlade (1970).

As críticas recaem sobre a falta de cuidado com alguns princípios básicos:
I. Falta de respeito na demarcação das atitudes inicial e final dos movimentos;
II. Indefinição da trajetória geométrica dos movimentos;
III. Descaracterização da postura corporal nos momentos extremos (de amplitude máxima) 
dos movimentos;
IV. Descaracterização da postura corporal durante a execução dos movimentos;
V. Desconsideração dos planos espaciais nos quais os movimentos são realizados;
VI. Ausência de agilidade e desenvoltura na realização dos movimentos (naturalidade);
VII. Inexistência de um compromisso com os princípios de totalidade (movimentos globais 
e economia – movimentos realizados com o menor gasto de energia possível);
VIII. Ausência de um adequado ajuste rítmico­expressivo.

6. Afirmação de que somente a estrutura analítica permite a localização do efeito de um 
exercício

Os   exercícios   colocam   em   jogo,   simultaneamente,   diversas   funções   do   organismo. 


Quanto  mais sintéticos  e globais, mais  difusa é a exigência do exercício  para o organismo, 
portanto, os efeitos também passam a ser diversos, incluindo até mesmo uma demanda maior do 
sentido cinestésico, diretamente relacionado com a agilidade. Sendo assim, não se pode afirmar 
que o exercício sintético ou global não gera benefícios localizados, da mesma forma que não se 
pode   afirmar   que   o   exercício   analítico   não   apresenta   nenhum   tipo   de   contribuição   para   o 
desenvolvimento da agilidade corporal.

7. Confusão entre ritmo na ginástica versus ginástica rítmica

A utilização de uma estrutura rítmico­musical na condução dos exercícios é diferente da 
simples marcação de um compasso rítmico. Independente da escolha da maneira como será feita 
a   demarcação   rítmica,   todo   exercício   deve   ser   realizado   de   acordo   com   uma   determinada 
estrutura rítmica, caso contrário, o praticante tende a perder a motivação ou termina por alcançar 
resultados diferentes.
Um   recurso   didático   importante   para   auxiliar   na   orientação   sobre   como   respeitar   o 
compasso rítmico é o acento, ou seja, destacar um ponto da estrutura rítmica, geralmente os 
momentos de transição ou de amplitude máxima, a fim de facilitar a demarcação do compasso 
rítmico,   fornecendo   uma   dica   objetiva   e   somática   (palmas   ou   aumento   da   força)   para   o 
praticante.
Situações típicas de acento:
I. Fase do movimento por inércia nos exercícios com impulso;
II. Fase do movimento na qual o segmento encontra a força de gravidade como uma ação 
resistiva;
III. Fase do movimento onde há a necessidade de se provocar uma reação explosiva dos 
músculos   que   inicialmente   atuam   como   antagonistas,   mas   que   em   seguida   serão 
agonistas na continuidade do movimento.
Existe também uma confusão muito comum entre velocidade e ritmo. Deve­se fazer uma 
análise das exigências técnicas reguladoras da velocidade dos exercícios e a sua correspondente 
interpretação rítmica, considerando que a velocidade de execução de um exercício:

Tradução do Prof. Dr. Alexandre Rezende – rezende@unb.br – 81140647
Apostila:  Tradução do livro “Teoria general de la gimnasia”, Langlade y Langlade (1970).

I. Adequa­se à técnica do movimento;
II. Está em relação com o peso e o volume dos segmentos em movimento;
III. Considera o papel da gravidade e o valor assistido ou resistido que representa para o 
exercício;
IV. Está em relação com a posição inicial escolhida;
V. Depende do nível de dificuldade para a realização do exercício;
VI. Varia de acordo com a exigência de se realizar os movimentos  articulares  em sua 
amplitude total;
VII. Modifica­se de acordo com o grau de conhecimento e a familiaridade com o exercício;
VIII. Depende do nível de habilidade do praticante;
IX. Considera   as   eventuais   perturbações   ou   limitações   momentâneas   que   possam 
influenciar na realização do exercício.

8. Oposição entre os exercícios com mãos livres versus exercícios com aparatos portáteis

Erros que devem ser evitados na utilização dos aparatos portáteis:
I. Que não se convertam no elemento fundamental da ginástica;
II. Que   não   seja   utilizado   para   desnaturalizar   o   valor,   o   sentido   e   a   finalidade   do 
movimento;
III. Que não se considere sua técnica como um fim;
IV. Que não se tenha na sua execução o virtuosismo de um malabarista;
V. Que não se restrinja a utilização de apenas 1 aparato.

9. Utilização de aparatos portáteis com uma finalidade exclusiva

I. Os aparatos auxiliam no ensino­aprendizagem das técnicas de movimento;
II. Os aparatos estimulam a educação motora e o aumento da agilidade corporal;
III. Os aparatos motivam para a prática do exercício;
IV. Os aparatos favorecem a livre expressão dos movimentos, pois desviam a atenção do 
executante de si mesmo e dos outros, direcionando­a para o aparato, diminuindo as 
inibições;

10. Adoção de um conceito de relaxamento que exclui totalmente o conceito de tensão

Negar a tensão significa esvaziar o próprio conceito de relaxamento, pois a maioria das 
técnicas   utiliza  o contraste  entre tensão e relaxamento  para auxiliar  no desenvolvimento   da 
consciência corporal do nível de tensão da musculatura. A questão não é eliminar a tensão e sim 
utilizar   a   tensão   necessária   para   a   correta   realização   do   exercício,   eliminando   as   tensões 
paralelas que prejudicam a coordenação e a precisão dos movimentos.

11. Confusão entre os conceitos de soltura versus flexibilidade

O conceito de soltura está mais relacionado com a idéia de destreza na realização dos 
movimentos, enquanto que o conceito de flexibilidade se relaciona com a capacidade física que 
indica a condição do sujeito para realizar os movimentos com a maior amplitude possível. Logo, 
os termos expressam fatores diferentes que requerem técnicas diferentes para seu treinamento.

Tradução do Prof. Dr. Alexandre Rezende – rezende@unb.br – 81140647
Apostila:  Tradução do livro “Teoria general de la gimnasia”, Langlade y Langlade (1970).

12. Transferência de técnicas de movimento do campo feminino para o masculino, sem 
considerar a complexidade da expressão corporal

Os   autores   valorizam   a   influência   da   ginástica   feminina   para   a   diversificação   e 


enriquecimento da ginástica masculina, porém alertam para a necessidade de se tomar cuidado 
com a especificidade de cada treinamento, pois observam uma tendência para a diminuição da 
virilidade dos exercícios masculinos (principalmente em termos de força e potência).

13. Oposição das distintas técnicas de construção da aula (lição)

Deve­se considerar:
I. O tempo disponível;
II. As condições materiais e de espaço físico;
III. Os interesses dos praticantes;
IV. As diferenças individuais.

Princípios fisiológicos comuns:
 Progressividade;
 Continuidade;
 Variabilidade;
 Alternância;
 Intensidade.

Ling  –   propõe   um   Esquema,   com   a   finalidade   de   oferecer   pequenas   doses   de   TODOS   os 
exercícios, garantindo a abrangência da aula, que é dividida de acordo com famílias, grupos e 
sub­grupos de exercícios. O esquema subdivide a aula em 3 partes: exercícios preparatórios, 
exercícios morfológicos e exercícios finais ou calmantes.

Esquema de Ling
1) Aquecimento;
2) Exercícios  e Saltos;
3) Volta a clama.

Aula­Tema  –   seleção   de   um   objetivo   central   de   trabalho   em   torno   de   uma   determinada 


capacidade física (resistência, flexibilidade, força etc), de um segmento corporal (abdominal, 
glúteos, braços etc) ou de uma técnica de movimento.

Lição  – retoma o conceito de uma aula padrão, com estímulos diversificados, que podem ser 
reorganizados em 3 grandes partes para atender interesses específicos.

Parte A Exercícios vivificantes Duração: 8 minutos

Parte B  Exercícios para o tronco
Exercícios de equilíbrio Duração: 15 minutos
Exercícios de força e agilidade
Exercícios de corrida Duração: 15 minutos
Exercícios de saltos

Tradução do Prof. Dr. Alexandre Rezende – rezende@unb.br – 81140647
Apostila:  Tradução do livro “Teoria general de la gimnasia”, Langlade y Langlade (1970).

Parte C Exercícios calmantes Duração: 7 minutos


Duração total: 45 minutos

Circuit­training – proposto por Morgan e Admason para:

 Organizar uma lição adaptada para um grande número de pessoas;
 Oferecer uma alternativa para o treinamento, mas contra­indicada para a aprendizagem, 
pois requer uma execução independente.

Requer a atenção constante do professor, acompanhando a execução dos praticantes, além 
de um planejamento adequado dos seguintes aspectos:

 Número adequado de estações = de 8 a 10 exercícios;
 Número de voltas = definido em função da intensidade da aula;
 Tempo padrão previsto para todas as estações;
 Nível de intensidade fixo ou variável (organizado em faixas com 3 níveis);
 Nível de complexidade dos exercícios adequado para assegurar a execução correta dentro do 
tempo disponível).

O circuito pode ser utilizado também com algumas alternativas:

 Circuito­teste – forma de avaliar e acompanhar o treinamento;
 Circuito­competição – forma de motivar a participação.

O circuit­training é uma técnica com finalidades definidas e limitadas, não sendo indicado 
para um treinamento específico e sim para um condicionamento físico geral e, apesar de feito em 
grupo, é uma forma de treinamento de caráter individual.

Tradução do Prof. Dr. Alexandre Rezende – rezende@unb.br – 81140647

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