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| Os sistemas de saúde
- os tipos de sistemas de saúde “[...] correspondem a modalidades de intervenção
governamental no financiamento, na condução da regulação dos diversos setores
assistenciais e na prestação de serviços de saúde, gerando condições distintas de
acesso e no direito à saúde”
- Na saúde, a proteção social do tipo socialdemocrata ou institucional
redistributivo, fundada na cidadania e inspirada na busca da aplicação de
justiça social, resultou nos sistemas nacionais de saúde, de caráter universal e
financiado por impostos.
- Exemplo desse tipo de assistência à saúde é o National Health Service (NHS).
- Começou a funcionar em 1948.
- Todo cidadão britânico teria acesso gratuito à assistência saúde
registrar junto a um clínico geral/responsável pela atenção básica > referência a
especialistas e hospitais.
- Nos sistemas universais geralmente o Estado é o executor dos serviços de
saúde de modo que a rede hospitalar e ambulatorial é quase totalmente de
propriedade estatal e os profissionais de saúde são funcionários públicos.
- Além do Reino Unido, o sistema de saúde beveridgiano, de serviços nacionais
de saúde organizados pelo Estado e financiados com recursos de impostos, existe
na Dinamarca, Espanha, Finlândia, Grécia, Itália, Portugal, Reino Unido e
Suécia.
- A implantação desse sistema de saúde em Portugal e na Espanha ocorreu
somente nos anos 1980;
- No processo de redemocratização propiciado com a Revolução dos Cravos.
- Na Itália, ocorreu um pouco antes, em 1978, fruto de amplo movimento de
reforma sanitária.
- À proteção social corporativista ou meritocrática, correspondem os sistemas de
saúde de tipo seguro, financiados fundamentalmente com contribuições de
empregados e empregadores, embora possam contar também, em alguns casos,
com recursos de impostos.
- A origem mais remota desses sistemas são as Caixas, organizações por
categoria profissional que concediam assistência médica de acordo com sua
capacidade financeira, o que se traduzia em segmentação e em diferenciação dos
cuidados.
- São também chamados de sistemas bismarkianos.
- Nesses sistemas, as ações de serviços de saúde coletiva são de responsabilidade
de um órgão público, ficando o seguro responsável pelo tratamento e
reabilitação.
- Das Caixas aos tempos atuais, houve, principalmente depois das décadas que
se seguiram ao fim da II Guerra Mundial (II GM), uniformização das ações
e serviços de saúde concedidos e progressiva inclusão de novos grupos
profissionais ao seguro social.
- Na proteção social residual, o Estado somente se responsabiliza por proteger
os mais pobres, deixando que cada um compre serviços de saúde no mercado.
- O exemplo emblemático desse sistema é os Estados Unidos.
- Os programas públicos de proteção à saúde, introduzidos em 1965, dirigem-se
apenas aos mais necessitados (Medicaid, financiado por impostos) e parcialmente
aos aposentados (Medicare, financiado por contribuição compulsória).
- Aqueles que não têm renda suficiente, embora não sejam considerados pobres,
não estão cobertos nem pelos programas públicos nem pelos seguros e planos de
saúde privados.
- Estima-se que 46 milhões de estadunidenses não tenham nenhum tipo de
cobertura no caso de doença.
- Apesar disso, os Estados Unidos é o país que mais gasta em saúde no
mundo, tanto em termos per capita como proporção do Produto Interno Bruto
(PIB).
- Nos Estados Unidos em 2010 o governo Obama propôs uma reforma no
sistema de saúde, a Lei do Seguro Saúde Acessível previa uma ampliação da
faixa de renda; o governo criou um mercado regulado de venda de planos de
saúde, preços mais baixos, sem a possibilidade de negar cobertura a pessoas
com doenças preexistentes.
- Em janeiro de 2014 a lei passou a vigorar, todo residente nos Estados
Unidos passou a ser obrigado a contratar um seguro, a população de baixa
renda, não elegível pelo Medicaid tem direito a um subsídio parcial dos
governos federal e estadual.
- Contudo, como a implantação da lei depende da adoção por cada estado,
tem apresentado importantes diferenças nacionais.
- Outro tipo de sistema de saúde, cuja inspiração foi o modelo Semashko, nome
associado ao sistema de saúde da ex-União Soviética (URSS)
- Esse sistema, implantado depois da revolução russa, garantia acesso universal,
era centralizado e financiado pelo orçamento estatal.
- Cuba é um exemplo ainda vivo desse sistema.
- Embora mostre características semelhantes ao sistema de saúde institucional
redistributivo, não pode ser a ele comparado, pois foi construído em sociedade
socialista, na qual não havia a possibilidade do desenvolvimento de um setor
privado de saúde, mesmo que pequeno.
- No caso da Rússia hoje:
- persiste a assistência à saúde pública e universal
- financiado por impostos
- restrita a um programa básico previamente definido.
- Para uma assistência à saúde para além desse básico, é necessário estar
vinculado a um seguro de saúde voluntário.
- Quanto maior a participação do Estado no financiamento da assistência à
saúde, fundada no entendimento de que o acesso à saúde constitui um direito
derivado da cidadania, maior a igualdade de oportunidades de acesso e o nível
de cobertura
| Os Desafios Atuais
- Os principais motivos levantados eram:
- o ritmo de crescimento das despesas, principalmente na área da saúde e
da aposentadoria
- e a queda da relação contribuintes/segurados decorrente do
envelhecimento da população e da maturidade dos sistemas.
- No caso da saúde, a literatura especializada aponta que os fatores
responsáveis pelo crescimento da despesa foram (são):
- a extensão e a melhoria da cobertura; a maior exigência do usuário;
- o envelhecimento da população;
- a alta de preços de bens e serviços;
- e a introdução e o desenvolvimento de tecnologias mais sofisticadas.
- A extensão da cobertura foi resultado da universalização do acesso, que
prosseguiu mesmo depois da crise dos anos 1970.
- Incorporação de novos segmentos populacionais, incluindo aqueles que não
contribuíam.
- A melhoria da qualidade de cobertura foi produzida pela crescente
diversificação e complexidade da oferta pública de ações e serviços de saúde.
- Ao longo dos anos, muitos dos sistemas de saúde passaram a conceder
assistência odontológica, psicanalítica e terapias de alto custo.
- Esse crescimento vertical foi a contrapartida do avanço da concepção da
integralidade das ações e serviços de saúde pública em um ambiente de franco
desenvolvimento das técnicas da medicina.
- O envelhecimento da estrutura etária da população, provocado pela queda da
fecundidade e da mortalidade, também teve impacto direto nos gastos com saúde.
- A população idosa tende a ter doenças crônicas, que exigem tratamentos
prolongados e, não raras vezes, dispendiosos.
- No nascimento e nos primeiros anos de vida são mais altos, decrescem ao
longo da infância e adolescência, passam a crescer com a maturidade e
aumentam exponencialmente na velhice.
- A maior exigência do usuário, por sua vez, é explicada como resultado da
própria melhoria do nível de vida das pessoas.
- Junto com a adoção de novas técnicas e equipamentos, surgiram novas
especialidades.
- A incorporação do progresso tecnológico em saúde, como novas formas de
diagnóstico, terapia baseada em equipamentos e medicamentos sofisticados,
diferentemente do que ocorre em outros setores, não substitui trabalho por
capital.
- Ao contrário, aumenta a necessidade de mão-de-obra cada vez mais
complexa e especializada.
- A alta de preços de bens e serviços, muitas vezes a taxas maiores que em
outros setores, reflete a inexistência de escolha por parte do usuário e do setor
público no tratamento a ser realizado.
- Isso porque a saúde é um setor único, no qual a demanda é altamente
determinada pelos médicos, pelos atendentes, entre outros profissionais da área.
- Na melhor das hipóteses, o profissional sempre tenderá a utilizar os recursos
de última geração, na esperança de tornar seu diagnóstico mais preciso, para
melhor definir o tratamento a ser seguido.
- Somados a esses fatores que impulsionaram e impulsionam o aumento do
gasto em saúde, é preciso se destacar o alto nível do desemprego.
o grande desafio da atualidade em matéria de assistência saúde é encontrar
alternativas de gestão que permitam não retroceder com relação à
universalização do direito à saúde nos países em que isso ocorreu.