Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
net/publication/348065935
CITATIONS READS
0 118
1 author:
Clóvis Ecco
Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás)
30 PUBLICATIONS 19 CITATIONS
SEE PROFILE
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
All content following this page was uploaded by Clóvis Ecco on 31 December 2020.
CONSELHO EDITORIAL
Dra Solange Martins Oliveira Magalhães (UFG)
Prof Dra Rosane Castilho (UEG)
Profa Dra Helenides Mendonça (PUC GO)
Prof. Dr. Henryk Siewierski (UNB)
Profa Dra Irene Dias de Oliveira (PUC GO)
Prof Dr João Batista Cardoso (UFG)
Prof Dr Luiz Carlos Santana (UNESP)
Profa Ms Margareth Leber Macedo (UFT)
Profa Dra Marilza Vanessa Rosa Suanno (UFG)
Prof Dr Nivaldo dos Santos (PUC GO)
Profa Dra Leila Bijos (UCB DF)
Prof Dr Ricardo Antunes de Sá (UFPR)
Profa Dra Telma do Nascimento Durães (UFG)
Prof Dr Francisco Gilson (UFT)
CLÓVIS ECCO
JAPCY MARGARITA QUICENO
EDUARDO GUSMÃO DE QUADROS
LUIZ SIGNATES
(organizadores)
Religião, Saúde e
Terapias integrativas
VOLUME I
Goiânia-GO
Editora Espaço Acadêmico, 2016
Copyright © 2016 by Clóvis Ecco et al
Contatos:
Prof Gil Barreto (62) 81061119 TIM / (62) 85130876 OI
Larissa Pereira (62) 82301212 TIM
B8621
Ecco, Clóvis (org.)
Religião, Saúde e Terapias Integrativas. - Clóvis Ecco, Japcy Margarita
Quiceno, Eduardo Gusmão de Quadros, Luiz Signates (org.). -
Goiânia: / Editora Espaço Acadêmico, 2016
200 p.il.
ISBN:
1. I. Título.
CDU:
DIREITOS RESERVADOS
É proibida a reprodução total ou parcial da obra, de qualquer forma ou por qualquer meio, sem a
autorização prévia e por escrito dos organizadores. A violação dos Direitos Autorais (Lei nº 9.610/98)
é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
2016
Religião e saúde: o diálogo imprescindível
Luiz Signates
Clóvis Ecco
Eduardo Quadros de Gusmão
Japcy Quiceno
Sumário
203 Autores
Eduardo Quadros
11
mente ampla, teve efeitos positivos por certo tempo, na medida em que
ampliou a atenção para aspectos até então negligenciados: a dimensão
mental e social dos seres humanos. Trata-se, entretanto, de um conceito
de difícil expressão prática. E a extrapolação do seu significado, confun-
dindo mal estar mental e social com doença, tem levado a sociedade à
práticas de medicalização. Denomina-se de medicalização da sociedade
ao fenômeno da medicina normatizar cada vez mais a vida, estabele-
cendo os parâmetros do “bom viver”, valorizando uma responsabilidade
individual na manutenção da saúde e, de alguma forma, obscurecendo
o peso que as características mais gerais da sociedade em que vivemos
têm sobre nosso modo de adoecer e morrer25.
Dois modelos sobre saúde passam a ser disputados. Um deles,
alicerçado no sistema de saúde dos EUA e por um número pequeno
de países - embora sua influência seja maior do que se possa imaginar -
trata a saúde como um bem de consumo, como valor de uso e de troca
definidos, a ser regido pelas regras de mercado. Neste modelo, a saúde
e a doença (a vida, portanto) constituem-se em uma mercadoria. Desta
forma, compete ao mercado prover as necessidades de saúde e o acesso
passa a ser um problema a ser resolvido pela lei da oferta e da procura.
Tem direito à saúde as pessoas com recursos para pagá-la por desem-
bolso direto ou seguro privado. As demais são tratadas como indigentes,
como acontecia no Brasil até a criação do Sistema Único de Saúde (SUS)
pela Constituição Federal de 1988, que contavam apenas com o apoio
de benzedeiras, curandeiros, médiuns ou de instituições de assistência
beneficente, como as Santas Casas, por exemplo.
Outros países, por outro lado, influenciados pelos ideais da so-
cial-democracia, do socialismo ou por entenderem que mesmo na lógi-
ca do capital era necessário garantir a reprodução da força de trabalho e
atenuar as pressões sociais mediante a concessão de “políticas públicas”,
passaram a lidar com a saúde enquanto um direito social (com maior
ou menor abrangência, de acordo com contextos específicos). É o caso
do Brasil, que após intensa mobilização social, passa a garantir a saúde
em sua Constituição Federal. Seu artigo 196 preconiza que: “ A saúde é
22 Ademar Arthur Chioro dos Reis
tipo, passam a ser vistos como a principal estratégia para se ter saúde,
desvalorizando a centralidade das condições de vida e existência. A se-
gunda é quando confundimos tecnologias de saúde com a utilização
de hospitais de alta complexidade e equipamentos de última geração.
Merhy as denomina “tecnologias duras”63. Mas há outras tecnologias
de saúde que dependem dos saberes próprios das várias profissões de
saúde. São saberes como a epidemiologia, a clínica, a psicanálise, a pa-
tologia, etc e também saberes práticos - saber fazer, saber diagnosticar,
saber prescrever, saber cuidar – aliás, as tecnologias que os profissionais
mais utilizam no seu cotidiano. Mas há outra tecnologia de saúde que
é mais imaterial ainda, que é aquela tecnologia da escuta, da produ-
ção de formas singulares de cuidado, aquela que se dá no encontro do
profissional com cada usuário, a partir das necessidades que apresenta
naquele momento singular de sua vida. Tecnologia de saúde que con-
tém um elemento de improvisação ou de criação, que é dada mais pela
experiência, quando a medicina, ou trabalho em saúde, se revela como
arte. A arte da escuta, do encontro, da troca. Emerson Merhy (2002) é
um autor que denomina de tecnologias duras de saúde aquelas ligadas
aos equipamentos; de tecnologias leve-duras aquelas ligadas aos saberes
profissionais; de tecnologias leves aquelas tecnologias de encontro. Para
ele, o ideal de bom funcionamento dos serviços de saúde seria que as
tecnologias leves comandassem todas as demais. Não há uma separação
nítida entre as várias formas de tecnologia, de modo que elas, na prática
podem se apresentar de modo simultâneo. O grande problema é que
prevalece um “esmagamento” das tecnologias relacionais pelas tecnolo-
gias duras ou mesmo leve-duras64.
Um terceira ordem de necessidade é a de se ter vínculo com al-
gum profissional ou com alguma equipe de saúde (uma tecnologia leve).
O vínculo é um encontro de sujeitos, de empatia e de troca que nem
sempre ocorre. Exige a responsabilização com o paciente e compor-
ta, necessariamente, um componente amoroso, afetivo e de confiança.
Quando um profissional consegue estabelecer uma relação vinculante
com seus pacientes tem mais chance de obter sucesso terapêutico, em
36 Ademar Arthur Chioro dos Reis
Referências
2 No que diz respeito aos hábitos alimentares minha pesquisa foi feita juntamente com a professora
Maria Angelica Motta-Maués, minha mulher, que se dedicava também ao estudo das mulheres, ten-
do sido nessa ocasião (nos anos de 1975 e 1976) uma das pioneiras dos estudos de gênero no Brasil.
Desse estudo resultou sua dissertação de mestrado na UnB (defendida em 1977) que mais tarde foi
publicada em livro (MOTTA-MAUÉS, 1993).
Aspectos do campo da saúde referentes a uma parte da Amazônia Oriental Brasileira 47
4 Sobre essa Revolução vale lembrar que este fenômeno está descrito em dois artigos científicos pu-
blicados no Brasil: um deles na Revista de Antropologia da USP (RAPCHAN & NEVES, 2005) e
outro em Estudos Avançados, também da USP (NEVES, 2006). Nesses dois artigos são abordados
o fenômeno evolutivo que ocorreu no cérebro do Homo sapiens permitindo que essa única espécie
do gênero homo adquirisse a capacidade de simbolização. Isto proporcionou a linguagem que temos
hoje, a qual transformou essa espécie humana na única espécie animal com o dom da palavra. Isto
fez com que o ser humano se transformasse num ser de linguagem e pudesse a partir daí conquistar
todo o planeta e, partindo da África, povoar todos os continentes. Nesse processo precisou haver
uma adaptação a todos os climas e ambientes, provocando com isso mudanças morfológicas que de
fato não caracterizam novas raças. Entre as mudanças extraordinárias que ocorreram com esse fenô-
meno está também o surgimento da religião, atestada por arqueólogos e outros estudiosos através do
aparecimento, a partir daí, de túmulos com evidências de símbolos religiosos, antes não existentes.
Esse fenômeno também pode ter resultado no desaparecimento de todas as outras espécies humanas
embora aparentemente ainda não se saiba realmente como se deu esse desaparecimento. Talvez o
Homo sapiens seja o único gênero e a única espécie animal hoje existente em nosso planeta. Além
disso, embora nós seres humanos na maioria não saibamos, mas pertencemos todos à ordem dos
primatas. E também somos uma espécie que não possui raças: há diferenças morfológicas entre os
seres humanos, resultantes da adaptação a seus ambientes, mas nenhuma delas chega a constituir
uma raça.
52 Raymundo Heraldo Maués
Referências:
ABREU, Jean Luiz Neves. Nos domínios do corpo: o saber médico luso-brasileiro no
século XVIII. 1ª. ed. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2011. v. 1. 220 p .
ALMEIDA PINTO, Antônio Rodrigues de. O Bispado no Pará. Annaes da Biblio-
theca e Archivo Público do Pará. Tomo V. Belém: Typ. e Encadernação do Instituto
Lauro Sodré, 1906.
AMARAL LAPA, J. R. Livro da Visitação do Santo Ofício da Inquisição ao Estado
do Grão Pará. Texto inédito e apresentação de J. R. Amaral Lapa. Coleção “História
Brasileira”. Petrópolis: Editora Vozes, 1978.
AZZAN Jr., Celso. Antropologia e Interpretação. Explicação e compreensão nas
antropologias de Lévi-Strauss e Geertz. Campinas: Unicamp, 1993.
BRAGA, C. G. Enfermagem transcultural e as crenças, valores e práticas do povo
cigano. Rev. Esc. Enf. USP 31 (3): 498-516, 1997.
BRAUDEL, Fernand. O Mediterrâneo e o mundo mediterrâneo na época de Felipe
II. 2ª edição. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1995.
BUCHILLET, Dominique. A antropologia da doença e os sistemas oficiais de saú-
de. In Medicinas tradicionais e medicina ocidental na Amazônia. Belém: MPEG/
Edições CEJUP/UEP, 1991, 21-44 pp.
CAVALCANTE, Patrícia Carvalho. De “nascença” ou de “simpatia”: iniciação, hie-
rarquia e atribuições dos mestres na pajelança marajoara. Dissertação de mestrado
em Antropologia, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências So-
ciais da UFPA, Belém: 2008.
CRAVALHO, M. A. De Doente a “Encantado”: O Conceito de Mecanismo de De-
fesa Constituído Culturalmente e a Experiência de uma Vítima de “Espírito Mau”
em uma Comunidade Rural na Amazônia. In: Paulo César Alves; Miriam Cristina
Rabelo (Orgs.). Antropologia da Saúde: Traçando Identidade e Explorando Fron-
teiras. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998, 157-177 pp.
ELIADE, Mircea. O Xamanismo e as técnicas arcaicas do êxtase, Trad. Beatriz Per-
rone Moisés e Ivone C. Benedetti. Martins Fontes, São Paulo, 1998 [1951].
Aspectos do campo da saúde referentes a uma parte da Amazônia Oriental Brasileira 61
e Medicina no Brasil: contribuição para um debate. Rio de Janeiro: Graal, pp. 225-
237.
MALINOWSKI, Bronislaw. Argonautas do pacifico ocidental: Um relato do em-
preendimento e da aventura dos nativos nos arquipélagos da Nova Guiné, Melane-
sia. São Paulo: Abril Cultural, 1976. 436 p. (Pensadores, v.43).
MAUÉS, Raymundo Heraldo. Três formas de cura “espiritual”: na pajelança cabo-
cla amazônica, na Renovação Carismática e na biomedicina. In FLEICHER, So-
raya; TORNQUIST, Carmen Susana; e MEDEIROS, Bartolomeu Figueirôa: Saber
Cuidar, Saber Contar: Ensaios de Antropologia e Saúde Popular. Florianópolis: Ed.
Da UDESC, 2009, pp. 125-142.
MOTA, Clarisse dos Santos. A Pomba e o Estetoscópio: Um estudo sobre médicos
religiosos na Renovação Carismáica Católica. Dissertação (Mestrado em Saúde
Coletiva) - Universidade Federal da Bahia, 2003.
MOTTA-MAUÉS, Maria Angelica. Trabalhadeiras e Camarados: Relações de gêne-
ro, simbolismo e ritualização numa comunidade amazônica. Belém: UFPA, 1993.
NEVES, Walter A. E no princípio ... era o macaco! Estudos Avançados 20 (58):
249-285, 2006.
OLIVEIRA, Elda Rizzo. O que é Medicina Popular. Coleção Primeiros Passos. São
Paulo: Abril Cultural/Brasiliense, 1985.
PINHEIRO, Suanne Coelho. Enfermeiros da estratégia saúde da família vivencian-
do na prestação dos cuidados a influência cultural amazônica. Dissertação (Mes-
trado em Enfermagem) - Universidade Federal do Pará, 2014.
QUEIROZ, Fr. João de S. Joseph (Bispo do Grão Pará). Memórias, com uma in-
trodução e muitas notas ilustrativas por Camillo Castelo Branco. Porto: Livraria
Nacional, 1808.
RAPCHAN, Eliane Sebeika & NEVES, Walter Alves. Chipanzés não amam! Em
defesa do significado. Revista de Antropologia 45 (1): 85-154, 2003.
TAYLOR, Kenneth I. Sistemas de classificação e a ciência do concreto. Anuário
Antropológico 2: 121-148, 1976.
WAWZYNIAK, João Valentin. Assombro de olhada de bicho: uma etnografia das
concepções e ações em saúde entre ribeirinhos do baixo rio Tapajós. Tese de Douto-
rado em Ciências Sociais, Universidade Federal de São Carlos, 2008.
63
Introducción
Sonja Lyubomirsky ha encontrado que los mitos como, creer que la feli-
cidad está afuera (exterior), que se requiere modificar las circunstancias
de la vida y que sé es o no feliz, no permiten experimentar la felicidad. De
hecho nacemos para ser felices. Entonces ¿por qué a veces sentimos que
la felicidad se nos va y no es duradera? y ¿se abre la puerta para entrar al
sufrimiento, la tristeza y percibir el dolor con mayor intensidad?
De acuerdo con Seligman (2005) las pérdidas reducen mucho la
felicidad y los éxitos-logros o sucesos significativos la aumentan poco.
Este planteamiento puede ser visto como desalentador, pero esto de-
muestra que estamos hechos con sabiduría. ¿Qué sería del hombre si
estuviera en un estado de permanente felicidad? o ¿qué pasaría si nos
habituáramos a la felicidad? El mundo sería un total caos, nadie tra-
bajaría por conseguir sus metas, seriamos egoístas o en caso extremo
perderíamos la noción de realidad como en el optimismo ilusorio, la
idea sería regirse por el “principio de Pollyanna” (novela de Eleanor H.
Porter del año 1913). El que la experiencia de felicidad dure poco indica
que la felicidad es un “regalo” que se deriva del fruto constante del traba-
jo personal que se debe realizar para conseguirla, y así evitar o aminorar
el sentir lo contrario, tristeza, depresión, sufrimiento o hasta el dolor.
Ahora bien, esta polaridad entre felicidad y sufrimiento no es del
todo negativa, a veces hay que sentir el dolor y llegar al sufrimiento o
percibir que se acercan para buscar la felicidad, la salud y la calidad de
vida o el bienestar completo (ausencia de dolor según la Organización
mundial de la Salud -OMS) o incluso el placer. Y aquí es donde la per-
sona se vale de múltiples recursos y estrategias para paliarlo, combatirlo
y aminorarlo, y entre esas estrategias están las religiosas y espirituales.
Dolor físico
Dolor psicógeno
Se cuenta con más de 3.300 estudios desde antes del año 2010,
respecto a situaciones de crisis como divorcio, con muestras de cuida-
dores de enfermos crónicos (Delgado-Guay et al., 2013), en el área de la
salud física, mental y emocional; y significativamente en los últimos 20
años es donde ha cobrado más fuerza la investigación (Koenig, 2015),
mostrando los estudios consistentemente relaciones positivas de la reli-
gión/espiritualidad con estas variables (Koenig et al., 2001; Moreira-Al-
meida, Lotufo & Koenig, 2006).
Ahora bien, el dolor y el sufrimiento han sido temas abordados
por diferentes disciplinas, pero en el campo de la salud es retomado
por un área especial dentro de los servicios médicos llamada cuidada
paliativos (CP). En momentos de enfermedad aunque se pueda paliar el
dolor con tratamiento médico, los efectos secundarios de estos acarrean
otros costes para la calidad de vida de la persona. Es por tanto que, fren-
te a este escenario los pacientes buscan alternativas para controlar más
el dolor y es aquí donde se llega a las creencias y prácticas espirituales
y al afrontamiento religioso y espiritual (R/E) (Astin, 1998). De igual
manera el sufrimiento cobra relevancia en escenarios donde la persona
lucha con sus enfermedades de carácter crónico y progresivo, especial-
mente al final de la vida (Krikorian, Limonero & Maté, 2011).
Afrontamiento religioso espiritual: una estrategia de afrontamiento ante el dolor y el sufrimiento 83
Kristeller, Zumbrun y Schilling (1999) algunos motivos por los que los
médicos no abordan la dimensión espiritual son falta de formación y
tiempo, dificultad en percibir quienes requieren tratar estos temas, te-
mor a que salga a luz mecanismos de proyección de las creencias perso-
nales, la falta de que haya un médico con creencias R/E, los sentimientos
sobrecargados con demandas que compiten y la suposición de que los
pacientes se autorreferencien.
Según una revisión de estudios en el área se ha demostrado que
las técnicas derivadas del modelo cognitivo-conductual son eficaces
para la intervención R/E (Koenig, 2015). Sin embargo se cuenta con
otras estrategias para abordar programas de intervención y que facilitan
además la movilización cognitiva y emocional. Solo véase la revisión de
literatura de Hawks, Hull, Thalman y Richins (1995) entre los años 1964
a 1994 quienes demostraron en primera medida que las técnicas de ima-
ginería, la meditación y las actividades de apoyo social sirven para tra-
bajar elementos relacionados con la salud espiritual como el significado
y el propósito en la vida, el autoconocimiento y el conectarse consigo
mismo, con los demás y con un poder más alto, aspectos que tienen be-
neficios sobre la salud mental y física y la adherencia a los tratamientos
y reducción de la enfermedad cardiaca y mortalidad en pacientes con
cáncer. Para mayor información sobre programas de intervención véase
la revisión de Quiceno y Vinaccia (2009).
Al respecto Wachholtz y Pearce (2009) proponen algunas estrate-
gias prácticas para el abordaje clínico. Entre ellas está:
1. Mantener una consulta breve lo cual consiste en hacer preguntas
sencillas y cortas sobre R/E que sirvan como medio de evaluación clínica
para identificar fortalezas y los recursos con que se dispone para paliar
el sufrimiento y el dolor y comprender su enfermedad como: ¿Formas
parte de una comunidad de fe? ¿Es la espiritualidad algo que es relevan-
te para su vida o la forma de manejar su dolor crónico? ¿Cuáles activida-
des E/R realiza su comunidad? Kristeller, Rhodes, Cripe y Sheets (2005)
demuestran en su estudio con 118 pacientes oncológicos sobre “inter-
vención espiritual asistida oncológica” (OASIS) que la capacitación a los
94 Japcy Margarita Quiceno
Conclusiones
Desde hace 130 años varios estudiosos se han preocupado por las
relaciones entre religión y mortalidad (Lucchetti, Lucchetti & Koenig,
2011), sin embargo la mayoría de las investigaciones en el área de R/E
son de origen norteamericano o europeo (judeo-cristiana) y son mino-
ritarios los estudios en otros grupos que tiene gran relevancia R/E como
son las provenientes de cultural asiáticas e incluso latinoamericanas
(Krikorian et al., 2011). Sin embargo, es de resaltar las investigaciones
desarrolladas en México por los médicos Armando Rivera-Ledesma,
María Montero-López Lena y José de Jesús Almanza Muñoz, y en Bra-
sil por Alexander Moreira-Almeida y Giancarlo Lucchetti y sus grupos
de investigación, entre otros. A nivel del sufrimiento es de resaltar los
98 Japcy Margarita Quiceno
REFERENCIAS
Abraham, A., Kutner, J. S., & Beaty, B. (2006). Suffering at the end of life in the
setting of low physical symptom distress. Journal of Palliative Medicine, 9(3),
658-665.
Abraido-Lanza, A. F., Vasquez, E., & Echeverria, S. E. (2004). “En las manos de
Dios [in God’s hands]: Religious and other forms of coping among Latinos with
arthritis.” Journal of Consulting & Clinical Psychology, 72(1), 91-102
Ahmad, M., Raza, F., & Akhtar, I. (2015). Pain: History, culture and philosophy.
Acta médico-historica Adriatica, 3(1), 113-130.
Aukst-Margetić, B., Jakovljević, M., Ivanec, D., Margetić, B., Ljubicić, D., & Samija,
M. (2009). Religiosity and quality of life in breast cancer patients. Collegium Antro-
pologicum, 33(4), 1265-1271.
Bayés, R., Arranz, P., Barbero, J., & Barreto, P. (1996). Propuesta de un modelo in-
tegral para una intervención terapéutica paliativa. Medicina Paliativa, 3, 114-121.
Bentur, N., Stark, D. Y., Resnizky, S., & Symon, Z. (2014). Coping strate-
gies for existencial and spiritual suffering in Israeli patients with advanced
cancer. Israel Journal of Health Policy Research, 3, 21. doi: 10.1186/2045-
4015-3-21.
Brannon, L., & Feist, J. (2001). Psicología de la Salud. Madrid, España: Paraninfo.
Bush, E. G., Rye, M. S., Brant, C. R., Emery, E., Pargament, K. I., & Riessinger, C.
102 Japcy Margarita Quiceno
A. (1999). Religious coping with chronic pain. Applied Psychophysiology and Bio-
feedback, 24(4), 249-260.
Chapman, C. R. & Gavrin, J. (1993). Suffering and its relationship to pain. Journal
of Palliative Care, 9(2), 5-13.
Chochinov, H. M., Hassard, T., McClement, S., Hack, T., Kristjanson, L. J., Harlos,
M., et al. (2009). The landscape of distress in the terminally ill. Journal of Pain and
Symptom Manage, 38(5), 641-649.
Delgado-Guay, M. O., Hui, D., Parsons, H., Govan, K., De la Cruz, M., & Thornei,
S. (2011). Spirituality, religiosity and spirituality pain in advanced cancer patient.
Journal of pain and symptom management, 41(6), 986-994.
Delgado-Guay, M. O., Parsons, H. A., Hui, D., De la Cruz, M. G., Thorney. S., &
Bruera, E. (2013). Spirituality, religiosity, and spiritual pain among caregivers of
patients with advanced cancer. American Journal of Hospice & Palliative Medicine,
30(5), 455-461. doi: 10.1177/1049909112458030.
Díaz, R., Marulanda, F., & Sáenz, X. (2009). Estudio epidemiológico del dolor cró-
nico en Caldas, Colombia (Estudio Dolca). Acta Medica Colombiana, 34(3), 96-
102.
Dunn, K. S., & Horgas, A. L. (2004). Religious and nonreligious coping in older
adults experiencing chronic pain. Pain Management Nursing, 5(1), 19-28.
Felipe, E., & León, B. (2010). Estrategias de afrontamiento del estrés y estilos de
conducta interpersonal. International Journal of Psychology and Psychological The-
rapy, 10(2), 245-257.
Afrontamiento religioso espiritual: una estrategia de afrontamiento ante el dolor y el sufrimiento 103
Folkman, S., & Greer, S. (2000). Promoting psychological well-being in the face of
serious illness: when theory, research and practice inform each other. Psychoonco-
logy, 9(1), 11-19.
Gantiva, C. A., Luna, A., Dávila, A. M., & Salgado, M. J. (2010). Estrategias de
afrontamiento en personas con ansiedad. Psychologia Avances de la disciplina, 4(1),
63-72.
Goebel, J. R., Doering, L. V., Lorenz, K.A., Maliski, S. L., Nyamathi, A. M. & Evan-
gelista, L. S. (2009). Caring for Special Populations: Total Pain Theory in Advanced
Heart Failure: Applications to Research and Practice. Nursing Forum, 44(3), 175-
185. doi:10.1111/j.1744-6198.2009.00140.x.
Gómez, M., & Grau, J. (2006). Dolor y sufrimiento al final de la vida. Madrid, Es-
paña: Arán Ediciones
Guevara, U. M., & De Lille, R. (2008). Medicina del dolor y paliativa (2a. Ed.). Mé-
xico, D.F.: Corinter
Harrison, M. O., Edwards, C. L., Koenig, H. G., Bosworth, H. B., Decastro, L., &
Wood, M. (2005). Religiosity, spirituality, and pain in patients with sickle cell dise-
ase. The Journal of Nervous and Mental Disease, 193(4), 250-257.
Hawks, S. R., Hull, M. L., Thalman, R. L. & Richins, P. M. (1995). Review of spiri-
104 Japcy Margarita Quiceno
tual health: definition, role, and intervention strategies in health promotion. Ame-
rican Journal of Health Promotion, 9(5), 371-378.
Hayes, S. C., & Batten, S. V. (1999). Acceptance and commitment therapy Europe-
an. Journal of Psychotherapy, 1, 2-9
Kahn, D. L. & Steeves (1995). The significance of suffering in cancer care. Seminars
in Oncology Nursing, 11, 9-16.
Keefe, F. J., Affleck, G., Lefebvre, J., Underwood, L., Caldwell, D. S., Drew, J., et al.
(2001). Living with rheumatoid arthritis: the role of daily spirituality and daily
religious and spiritual coping. The Journal of Pain, 2(2), 101-110.
Kerns, R. D., Sellinger, J., & Goodin, B. R. (2011). Psychological treatment of chro-
nic pain. Annual Review of Clinical Psychology, 7, 411-434. doi: 10.1146/annurev-
clinpsy-090310-120430.
Koenig, H. G. (2001). Religion and medicine IV: religion, physical health, and cli-
nical implications. International Journal of Psychiatry in Medicine, 31(3), 321-336.
Koenig, H. G., Cohen, H. J., Blazer, D. G., Pieper, C., Meador, K.G., Shelp, F., Goli,
V., & DiPasquale, B. (1992). Religious Coping and Depression Among Elderly,
Hospitalized Medically Ill Men. American Journal of Psychiatry, 149, 1693-1700.
Koenig, H. G., McCullough, M., & Larson, D. B. (2001), Handbook of religion and
health: a century of research reviewed. New York: Oxford University Press.
Koenig, H. G., Pargament, K. I., & Nielsen, J. (1998). Religious coping and mental
health outcomes in medically ill hospitalized older adults. Journal of Nervous and
Mental Diseases, 186, 513-521.
Afrontamiento religioso espiritual: una estrategia de afrontamiento ante el dolor y el sufrimiento 105
Krikorian, A., Limonero, J. T., & Maté, J. (2011). Suffering and distress at the end-of
-life. Psycho-Oncology. doi: 10.1002/pon.2087
Kristeller, J. L., Rhodes, M., Cripe, L. D., & Sheets, V. (2005). Oncologist assisted
spiritual intervention (OASIS): patient acceptability and initial evidence of effects.
International Journal of Psychiatry in Medicine, 35(4), 329-347.
Kristeller, J. L., Zumbrun, C. S., & Schilling, R. F. (1999). “I would if I could”: how
oncologists and oncology nurses address spiritual distress in cancer patients. Psy-
chooncology, 8(5), 451-458.
Lazarus, R. S., & Folkman, S. (1984). Stress, Appraisal and Coping. New York:
Springer Publishing Company.
Loeser, J. D., & Melzack, R. (1999). Pain: an overview. The Lancet, 35, 1607-1609.
López, F., & Gil, N. (2004). Estrés y Salud. En N. Gil (Ed.), Psicología de la salud:
aproximación histórica, conceptual y aplicaciones. Madrid, España: Pirámide
MacLean, C., Susi, B., Phifer, N., Schultz, L., Bynum, D., Franco, M., et al. (2003).
Patient preference for physician discussion and practice of spirituality: results from
a multicenter patient survey. Journal of General Internal Medicine, 18(1), 38-43.
doi: 10.1046/j.1525-1497.2003.20403.x
Magee, D., Zachazewski, J. & Quillen., W. (2007). Scientific Foundations and Princi-
ples of Practice in Musculoskeletal Rehabilitation. St. Louis, United States: Saunders
106 Japcy Margarita Quiceno
Mako, C., Galek, K., & Poppito, S. R. (2006). Spiritual pain amount patients with
advances cancer in palliative care. Journal Paliative Medicine, 9, 1106-1113.
McCord, G., Gilchrist, V. J., Grossman, S. D., King, B. D., McCormick, K. E.,
Oprandi, A.M., et al. (2004). Discussing spirituality with patients: a rational and
ethical approach. Annals of Family Medicine, 2(4), 356-361.
McGrath, P. (2002). Creating a language for ‘spiritual pain’ through research: a be-
ginning. Support Care Cancer, 10(8), 637-646.
Merskey, H. (1979). Pain terms: A list with definitions and a note on usage. Recom-
mended by the International Association for the Study of Pain (IASP) Subcommit-
tee on Taxonomy. Pain, 6, 249-252.
Moreira-Almeida, A., Lotufo, F., & Koenig, G.H. (2006). Religiousness and mental
health: a review. Revista Brasileira de Psiquiatria, 28(3), 242-50.
Morita, T., Tsunoda, J., Inoue, S., & Chihara, S. (2000). An exploratory factor analy-
sis of existential suffering in Japanese terminally ill cancer patients. Psycho-Onco-
logy, 9(2), 164-168.
Muñoz, A. (2003). ¿Por qué las creencias religiosas funcionan como recurso de
Afrontamiento religioso espiritual: una estrategia de afrontamiento ante el dolor y el sufrimiento 107
Murata, H. (2003). Spiritual pain and its care in patients with terminal cancer:
construction of a conceptual framework by philosophical approach. Palliative Su-
pport Care, 1, 15-21.
Nelson, C., Rosenfeld, B., Breitbart, W., & Galietta, M. (2002). Spirituality, religion,
and depression in the terminally ill. Psychosomatics, 43(3), 213-220.
Pargament, K. I., Ano, G., & Wachholtz, A. B. (2005). Religion and Coping. In R.
Paloutzian & C. Park (Eds.), The Handbook of the Psychology of Religion. New York:
Guilford Press.
Pargament, K. I., & Brant, C. (1998). Religion and coping. In H. Koenig (Ed.), Han-
dbook of Religion and Mental Health (112-129). San Diego: Academic Pres.
Pargament, K. I., Kennell, J., Hathaway, W., Grevengoed, N., Newman, J., & Jones,
W. (1998). Religion and the problem-solving process: three styles of coping. Jour-
nal for the Scientific Study of Religion, 27(1), 90-104. doi: 10.2307/1387404
Pargament, K. I., Koenig, H. G., & Perez, L. M. (2000). The many methods of reli-
gious coping: Development and initial validation of the RCOPE. Journal of Clinical
Psychology, 56, 519-543.
Pargament, K. I., Koenig, H. G., Tarakeshwar, N., & Hahn, J. (2001). Religious stru-
ggle as a predictor of mortality among medically ill elderly patients: a 2-year longi-
tudinal study. Archives of Internal Medicine, 161(15), 1881-1885.
Pargament, K. I., Koenig, H. G., Tarakeshwar, N., & Hahn, J. (2004). Religious co-
108 Japcy Margarita Quiceno
Pargament, K. I., Smith, B. W., Koenig, H. G., & Perez, L. (1998). Patterns of posi-
tive and negative religious coping with major life stressors. Journal for the Scientific
Study of Religion, 37(4), 710-724. Doi: 10.2307/1388152
Parkes, C. M. (1998). Bereavement. Studies of grief in adult life. Madison, C.T.: In-
ternational Universities Press.
Pérez, J. M., Arilla, J. A., & Vázquez, M. L. (2008). Dolor psicógeno. Psiquiatría
Biológica, 15(3), 90-96.
Peteet, J. R., & Balboni, M. J. (2013). Spirituality and Religion in Oncology. CA: A
cancer Journal for Clinicians, 63(4), 280-289. doi: 10.3322/caac.21187.
Phillips, R. E., Pargament, K. I., Lynn, Q. K., & Crossley, C. D. (2004). Self-Directing
Religious Coping: A Deistic God, Abandoning God, or No God at All? Journal for the
Scientific Study of Religion, 43(3), 409-418. doi: 10.1111/j.1468-5906.2004.00243.x
Proot, C., & York, M. (2014). Life to be Lived: Challenges and Choices for Patients
and Carers in Life threatening illnesses. New York: Oxford.
Reynolds, N., Mrug, S., Hensler, M., Guion, K., & Madan-Swain, A. (2014). Spiritu-
al coping and adjustment in adolescents with chronic illness: a 2-year prospective
study. Journal of Pediatric Psychology, 39(5), 542-551. doi: 10.1093/jpepsy/jsu011
Rippentrop E. A., Altmaier E. M., Chen J. J., Found, E. M., & Keffala, V. J. (2005).
The relationship between religion/spirituality and physical health, mental health,
and pain in a chronic pain population. Pain, 116, 311-321.
Rosenstiel, A. K., & Keefe, F. J. (1983). The use of coping strategies in chronic low
back pain patients: Relationship to patient characteristics and current adjustment.
Pain, 17, 33-40.
Smith, C. A., Wallston, K. A., Dwyer, K. A., & Dowdy, S. W. (1997). Beyond good
and bad coping: A multidimensional examination of coping with pain in persons
with rheumatoid arthritis. Annals of Behavioral Medicine, 19, 11-21.
Steinhauser, K. E., Christakis, N. A., Clipp, E. C., McNeilly, M., McIntyre, L., & Tul-
sky, J. A. (2000). Factors considered important at the end of life by patients, family,
physicians, and other care providers. JAMA, 284(19), 2476-2482.
Stewart, W. C., Adams, M. P. Stewart, J. A., & Nelson, L. A. (2013). Review of cli-
nical medicine and religious practice. Journal of Religion and Health, 52(1), 91-106.
110 Japcy Margarita Quiceno
Tepper, L., Rogers, S. A., Coleman, E. M., & Malony, H. N. (2001). The prevalence
of religious coping among persons with persistent mental illness. Psychiatric Ser-
vices, 52(5), 660-665.
Thompson, G. N., Chochinov, H. M., Wilson, K. G., McPherson, C. J., Chary, S.,
O’Shea, F., et al. (2009). Prognostic acceptance and the well-being of patients recei-
ving palliative care for cancer. Journal of Clinical Oncology, 27(34), 5757-5762. doi:
10.1200/JCO.2009.22.9799.
Unruh, A. M. (2007). Spirituality, religion, and pain. The Canadian Journal of Nur-
sing Research, 39(2), 66-86.
Van Hooft, S. (1998). Suffering and the goals of medicine. Medicine, Health Care
and Philosophy, 1, 125-131.
Vinaccia, S., Quiceno, J. M., & Remor, E. (2012). Resiliencia, percepción de enfer-
medad, creencias y afrontamiento espiritual-religioso en relación con la calidad de
vida relacionada con la salud en enfermos crónicos colombianos. Anales de Psico-
logía, 28(2), 366-377.
Wachholtz, A., & Pargament, K. (2008). Migraines and meditation: does spirituali-
ty matter? Journal of Behavioral Medicine, 31(4), 351-366.
Whitman, S. M. (2007). Pain and Suffering as Viewed by the Hindu Religion. The
Journal of Pain, 8(8), 607-613.
Help or Hinder Coping With Chronic Pain? Current Pain and Headache Reports,
13(2), 127-132.
Wilson, K. G., Chochinov, H. M., McPherson, C. J., LeMay, K., Allard, P., Chary,
S., et al. (2007). Gagnon PR, Suffering with advanced cancer. Journal of Clinical
Oncology, 25(13), 1691-1697.
Wittmann, L., Sensky, T., Meder, L., Michel, B., Stoll, T., & Büchi, S. (2009). Su-
ffering and posttraumatic growth in women with systemic lupus erythematosus
(SLE): a qualitative/quantitative case study. Psychosomatics 50(4), 362-374. doi:
10.1176/appi.psy.50.4.362.
Yates, J. W., Chalmer, B. J., St James, P., Follansbee, M., & McKegney, F. P. (1981).
Religion in patients with advanced cancer. Medical and Pediatric Oncology, 9(2),
121-128.
Clóvis Ecco
Carolina Teles Lemos
Introdução
O ser humano se entende como nascido para a vida. Para ele tudo
o que conduz na direção de vida abundante, saudável, faz sentido, pois
se insere nessa visão de mundo. Sendo assim, o que não faz sentido é a
doença, pois levaria o sujeito em direção contrária a seu objetivo de per-
manecer vivo, o colocaria diante da possibilidade do desconhecido. Para
Berlinguer (1988, p. 38), a representação negativa da doença iniciou-
se em relação às doenças contagiosas e aos doentes que a portavam.
Isto porque a doença, enquanto sofrimento na vida das pessoas, tende
a causar, naturalmente, perda do poder físico e da dignidade humana.
O autor (p. 51) alerta que, mesmo na atualidade, enquanto as diversi-
dades (doenças contagiosas) são vistas pela sociedade como anormali-
dade, desvio ou mesmo inferioridade pela grande maioria da popula-
ção, a sociedade ainda está reforçando socialmente o aspecto negativo
da doença. O fato de se apontar a doença como negativa, como perigo
para a humanidade, tem incentivado a segregação dos doentes desde a
Antiguidade como se fazia com os leprosos e a peste negra, e como se
vem fazendo na atualidade com os portadores de doenças como o HIV/
AIDS, por exemplo. Para se entender tal forma de comportamento, um
dos pontos de partida é entendermos o medo e a relação deste com a
concepção de doença e morte.
Para Elias (1993a, pp.456-459; 1993b, pp.199-202; 1997 p.73),
medo pode significar pavor, terror, mas também pode significar angús-
tia em relação ao desconhecido, ao que está por vir. A intensidade do
Religião e Saúde: o medo como elemento constituinte das representações da doença 115
humano como a única criatura viva que sabe de sua transitoriedade, ele
tem que imaginar a eternidade, “uma existência perpétua que, ao con-
trário da sua, não tem começo nem fim”, mas que entre ela e a existência
real há uma frágil conexão, contingente e quebradiça “sempre vulne-
rável, a ponto de se romper a qualquer momento”. Continua o referido
autor afirmando que “sejam quais forem os laços e pontes seguros e per-
manentes entre as duas existências, têm ainda que ser descobertos ou
construídos, vigiados continuamente e regularmente servidos” (BAU-
MAN, 2000, p. 39).
A partir do pensamento de Bauman, pensa-se que é nesse pro-
cesso de enfrentamento e de tentativa de criação e de manutenção de
laços de conexão entre a existência real e a eternidade imaginária que se
insere grande parte do pensamento cristão-católico sobre a doença e a
morte. Afirma o referido autor:
(...) a sua forma bruta, o medo existencial que nos torna an-
siosos e preocupados é incontrolável, intratável e, portanto
incapacitante. A única maneira de suprimir essa verdade hor-
ripilante é dividir o grande medo esmagador em pedacinhos
menores e controláveis – reformular a grande questão (so-
bre a qual nada podemos fazer) num conjunto de pequenas
tarefas ‘práticas’ que podemos esperar realizar. Nada acalma
mais o ser pavoroso que não conseguimos erradicar do que se
preocupar e ‘fazer algo’ a respeito do problema que podemos
enfrentar (BAUMAN, 2000, pp.51-52).
2 Uma pessoa desacreditável é quando a diferença não está imediatamente aparente na pessoa e não
se tem dela um conhecimento prévio do seu estigma (GOFFMAN, 1981, p. 38).
128 Clóvis Ecco, Carolina Teles Lemos
4. Considerações Gerais
Referências
LEMOS, Carolina Teles. Religião e saúde: a busca de uma vida com sentido. Goiâ-
nia. Fragmentos de Cultura, V. 12, N. 3. 2002.
MORIN, Edgar. O homem e a morte. Rio de Janeiro: Imago,1997.
NEVES, Ednalva Maciel; LIMA, Débora Arruda Campos de Andrade. SOCIABI-
LIDADE DA AIDS: algumas reflexões sobre sociação a partir da doença e dos mo-
vimentos sociais. CAOS. Revista Eletrônica de Ciências Sociais, v. 18, p. 21-31, 2011.
ORTEGA, Francisco. Práticas de ascese corporal e constituição de bioidentidades.
In: Cadernos Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 11 (1): 59-77, 2003.
139
1 Cf. Crônicas da Comunidade Redentorista de Campinas (1955-1959). VI Vol. São Paulo: Aparecida,
1984, p.190.
Crença e cura: a fabulação do corpo de padre Pelágio Sauter 143
2 É comum que os sacerdotes utilizem grandes pinceis para aspergir água no povo enquanto pas-
sam.
144 Eduardo Gusmão de Quadros
A fábula do túmulo
A fábrica do espírito
Considerações finais
REFERENCIAS
São elas que aumentam nossos pensamentos. São elas que nos
fazem ver e conhecer as coisas de longe, as coisas dos antigos. (o
pó - yãkõanahi) É o nosso estudo, o que nos ensina a sonhar.
Deste modo, quem não bebe o sopro dos espíritos tem o pensa-
mento curto e enfumaçado; quem não é olhado pelos xapiripë
não sonha, só dorme como um machado no chão”. Narrativa
Davi Kopenawa Yanomami – Sonhos das Origens2.
2 http://pib.socioambiental.org/pt/c/no-brasil-atual/narrativas-indigenas/narrativa-yanomami
158 Sofia Beatriz Machado de Mendonça
3 X A eficácia simbólica – in Antropologia Estrutural, Claude Levi-Strauss – 1985. Ed. Tempo Brasi-
leiro. Pg 202.
O sagrado, o cotidiano e o adoecimento entre os Povos Indígenas 159
4 X A eficácia simbólica – in Antropologia Estrutural, Claude Levi-Strauss – 1985. Ed. Tempo Brasi-
leiro. Pg 214.
160 Sofia Beatriz Machado de Mendonça
5 http://www.cartacapital.com.br/sociedade/201cse-o-bicho-avancar-vamos-encarar-de-pe201d-
diz-ailton-krenak-1118.html
O sagrado, o cotidiano e o adoecimento entre os Povos Indígenas 165
Luiz Signates
Introdução
Corpo e religião
mem cuja coluna vertebral tinha sido aberta com a serra, en-
tretanto, permanecia sozinho e tranquilo sobre uma padiola
no meio da rua. Alguns minutos depois, a esposa de Antônio
novamente apareceu com uma agulha e linha cirúrgica, para
fechar as costas do paciente e cobrir a área com bandagem.
Antes que eu pudesse me aproximar dele, vários espectadores
já lhe haviam perguntado o que tinha sentido. Ele não tinha
sentido dores, apenas um leve mal-estar quando a lâmina da
serra lhe penetrara as costas. Ao se despedir com os amigos
que o acompanharam na viagem, ele me deu seu endereço
para que o pudesse visitar depois, quando fosse a São Paulo
(Greenfield, 1999, p. 119-120).
muito raros os casos em que ocorram sem que essas ambiências lhes
precedam. Parece-nos legítimo indagar, portanto, até que ponto o reli-
gioso é pré-requisito para as curas espirituais. Estudiosos de viés cienti-
ficista talvez dissessem que não, mas a experiência social faz-nos pensar
seriamente que sim.
Bibliografia
Referências
REFERÊNCIAS:
Autores
Dr. ADEMAR ARTHUR CHIORO DOS REIS
Graduado em Medicina pela Fundação Educacional Serra dos Ór-
gãos (1986), com Residência em Medicina Preventiva e Social pela UNESP
(1988). Mestre em Saúde Coletiva pela Unicamp (2001). Doutor em Ciên-
cias pelo Programa de Saúde Coletiva da UNIFESP (2011). Professor-ad-
junto do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Me-
dicina/UNIFESP (área Política, Planejamento e Gestão em Saúde). Profes-
sor de Saúde Coletiva da Faculdade de Fisioterapia (Unisanta) e da Faculda-
de de Medicina (UNIMES), ambas de Santos-SP. Foi Secretário Municipal
de Saúde de São Vicente-SP (1993-1996) e de São Bernardo do Campo-SP
(2009-2014). Foi Presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saú-
de do Estado de São Paulo (Cosems-SP) por três mandatos. Foi Diretor
do Departamento de Atenção Especializada do Ministério da Saúde (2003-
2005) e Ministro da Saúde (2014-2015). Professor-adjunto do Departamen-
to de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina – Unifesp.