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MESTRADO
DISTRITO FEDERAL
Brasília
2004
ALEXANDRE DE OLIVEIRA ENIZ
DISTRITO FEDERAL
Brasília
2004
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA
DISTRITO FEDERAL
Banca Examinadora
_____________________________________________________________
Prof. Dr. Sérgio Luiz Garavelli – UCB
Orientador
_____________________________________________________________
Prof. Dr. Conrado Silva de Marco – UnB
Examinador Externo
_____________________________________________________________
Profa. Dra. Sueli Corrêa de Faria – UCB
Examinadora Interna
Q u e r o de d ica r e st e tr a b a lh o à m in h a
mãe, qu e m e sm o nã o t e nd o
o p o r t u n id a d e de e st u d o n o s e n sin o u
qu e e st e é o me lh o r cam in h o .
À Ad r ia n a , p e sso a b e la e
co m p r ee n siva ; so b r e t u do co mp a n h e ira .
À m in h a ir m ã Cé lia , qu e se m p r e ze l o u
p o r m im e m sua s o ra çõ e s.
Às m in o r ia s ( e m a io r ia s) e xclu í d a s e
deste trabalho. Seria difícil listar todas! Agradeço, então, coletivamente, àqueles
que, aos seus modos, contribuíram para que esta pesquisa se concretizasse.
superar obstáculos.
Aos meus amigos, que tenho certeza torceram pelo meu sucesso. Obrigado
Américo, Cléber, Hélio, Igor, João Paulo, Lígia, Magali, Verusca, Webster e Wesley!
Ao Prof. Dr. Antônio José de Andrade Rocha, que acreditou no meu trabalho e
Ao Prof. Dr. Sérgio Luiz Garavelli, que se tornou mais do que orientador.
À Profa. Dra. Sueli Corrêa de Faria, pelo seu carinho e dedicação. Suas
Umberto.
RESUMO............. ............................................................................ v ii
ABSTRACT....... .............................................................................. viii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ....................................................................ix
LISTA DE TABELAS ........................................................................... x
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ....................................................xi
1 INTRODUÇÃO ............................................................................... 12
1.1 Ju sti f i cativ a ............................................................................... 16
1.2 Perg unt a s de pe sq ui sa ................................................................. 20
1.3 Objetiv o geral ............................................................................. 20
1.4 Obj etiv os e sp ecíf i cos ................................................................... 21
In big cities with high human concentration the acoustic contamination is huge. This
situation demands control effects to improve the citizens’ quality of life. World Health
Organization (WHO) indicates that 55 dB is the first level of audible stress. If the
noise levels it’s higher than 65 dB, audible stress starts gradually, causing fatigue,
irritation, sleeping disturbances, low focus, health problems and disturbing the good
diary activity’s performance. At noise’s schools normally have students who are
scatterbrained or agitated. In a classroom, the combination between high noise levels
and an inadequate reverberation time, can cause interference in speech’s
intelligibility, which results is low understandings levels and a reduced learning
capability. The goals of this work was investigate the acoustics conditions of the
classrooms in the public and private Distrito Federal’ schools and verify the students
and teachers’ sense about schools’ noise pollution situation. Ten schools, between
public and private, were chose. Two tests were made, the noise pressure level (NPS)
and the reverberation’s time (TR). The NPS were measured in class time and on
vacation (with this measure the background noise was analyzed). A questionnaire
was applied to the teachers and the students, to check they perception about works
and health. Teachers and students are continually exposed to different kinds of
noises (aircraft, heavy vehicles and advertising sound cars). The NPS, in class time,
was between 42,3 and 118,0 dB (A). On vacation, half of schools presented noise
levels over that recommended by standards. To TR only one school met established
in the current legislation. In the Distrito Federal, the most affected schools by noise
pollution are located in places without the same standard planning of Brasilia. The
buildings are bad located in the city and doesn’t have any acoustic treatment. The
results show a critic situation indicating that observed conditions aren’t good enough
to achieve the objectives that they were created.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
fechado ....................................................................................... 31
2000 Hz ....................................................................................... 78
3 Nív ei s de pr e ssã o son ora dur ante o perí o do de aul a – 6a séri e d o EF ... 69
a
4 Nív ei s de pr e ssã o son ora dur ante o perí o do de aul a – 3 séri e d o EF ... 71
aul a s – E sc ol a 1 .......................................................................... 85
aul a s – E sc ol a 10 ........................................................................ 87
LISTA DE ABREVIATURAS
1 cm – centímetro
2 h – horas
3 m –m et ro
2
4 m – metro quadrado
3
5 m – metro cúbico
6 min – minutos
7 N – Ne wt o n
8 NPS – Nív el de Pre ssã o Son ora
9 p – página
10 s – se gu nd o
11 TR – Tempo de Rev erberação
12 dB – Decibel
13 Hz – Hertz
14 LAeq – Nív el de Pressão Sonora Equiv alente medido na banda A
15 log – Logaritmo base 10
16 % – Por cento
17 W – W at t
1 INT RO DUÇÃO
natureza. Da forma como se apresentam hoje, eles parecem não ter solução, pois
fazem parte de uma crise contínua e crescente, que é social, cultural, política,
econômica, ecológica etc. Trata-se, pois, de uma crise de valores” (LEVI, 1990, p.
17).
modalidade que deve ser discutida mais intensamente, uma vez que traz uma série
inimigo invisível, penetrante, que não deixa resíduo e não dá consciência às vítimas
ambiental que mais vem se agravando, exigindo soluções que controlem seus
vem trazendo prejuízos a vários setores da sociedade moderna, tais como: hospitais,
residências, comércio, escolas, dentre outros. Para se ter uma idéia, na União
Européia, 40% da população está exposta aos ruídos provindos do tráfego urbano
(WHO, 1999).
escolar, objeto principal desta pesquisa, os estudos ainda são escassos. Pouco se
tem discutido sobre o ambiente escolar no que se refere aos aspectos físicos –
privada de ensino.
sonora em salas de aula – mostra a relevância desta pesquisa. O tema ainda não
faz parte das discussões dos profissionais que atuam no Ensino Fundamental e
pode, por vezes, tornar-se um ambiente ruidoso, pelas próprias atividades de alunos
Além disso, muitas escolas do Ensino Fundamental e Médio não estão isentas
sonora nos grandes centros urbanos. Cada carro de passeio é uma fonte emissora
para abrigar 500 mil habitantes, no ano 2000, e portar-se “... não apenas como urbs,
mas como civitas, possuidora dos atributos inerentes a uma nova Capital...”
poluição sonora, afirma que milhões de cidadãos passivos do terceiro mundo estão
adolescentes são sempre excluídos dos estudos em larga escala dos efeitos
causados pelo ruído. O ambiente ruidoso acarreta danos à saúde humana. “Fadiga,
que se destina.
Quick & Lapertosa (1981, p. 51), afirmam que “o problema do ruído dever ser
a que estão sujeitas escolas da rede pública e privada do DF, tomando como
jovens, fica comprometido pelo excesso de ruído, além dos vários males causados à
que não é devidamente avaliada, seja pelo escasso número de trabalhos científicos,
por não arrolar provas suficientes de convencimento, ou por não se poder captar a
causa pelos próprios olhos, nesta era considerada de predomínio visual (SOUZA,
2000).
1.1 Justificativa
meu trabalho como professor de Física, no Ensino Médio, num Colégio situado no
e falantes. A conversa era excessiva e barulhenta. Pude perceber, com o passar dos
meses, que o barulho advindo da área externa ao colégio era demasiado – carros,
motos, apitos, buzinas, aviões etc – o que poderia estar contribuindo para aquele
no Distrito Federal.
Desse ponto em diante, optou-se por uma linha de pesquisa investigativa, com
percebem, uma vez que os efeitos desse tipo de poluição só aparecem após um
escolar. Escolas que sofrem com o ruído externo, tráfego aéreo e terrestre, têm seu
espaço físico comprometido, uma vez que altos níveis de pressão sonora (NPS)
num ambiente ruidoso, sofrendo talvez uma perda relativamente menor, porém não
aumento significativo do tom de voz na comunicação verbal. Este último fato fica
BRADLEY, 2002, p.3), “os professores parecem falar num tom de voz mais alto em
1
JUNQUA, J.C. The Lombard reflex and its role on human listeners and automatic speech
recognizers. Journal Acoustic Society American. 1993. p. 2145-146.
chamado Efeito Lombard, o qual se refere à nossa natural tendência a aumentar a
Esse tipo de efeito se faz presente em várias escolas do Distrito Federal, seja
na esfera pública, seja na esfera privada. Salas com número excessivo de alunos,
insônia, dor nas costas, nas pernas, dor de garganta, rouquidão etc, são sintomas
dos quais, por vezes, não se sabe a origem. Segundo pesquisas da Organização
Mundial da Saúde (OMS, 1999), alguns desses problemas podem estar relacionados
com o excesso de ruído nas escolas; nas áreas internas, por vezes intensificados
que a sociedade Brasileira de Laringologia e Voz (SBLV) calcula que 30% dos
brasileiros apresentam dificuldades para falar, o que resulta em perdas sociais, tais
economicamente ativa do país não teria condições de trabalhar, mesmo que a fala
não fosse o foco principal de suas atividades. Quanto aos professores, estima-se
que 2% do total – cerca de 25 mil profissionais – serão afastados das suas funções,
disfunção vocal.
diariamente com níveis de ruído acima daqueles recomendados pelas normas NBR
(UCB) mostram uma realidade preocupante, uma vez que o nível de pressão sonora
níveis de ruído urbano, com especial atenção às escolas, que jovens e adultos estão
se sujeitando a sérios distúrbios hormonais que operam na “surdina”, uma vez que
seus efeitos se revelam a médio e longo prazo e ainda não são evidentes como um
2
CANTRELL, R.W. Prolonged exposure to intermittent noise: audiometric, biochemical, motor,
psychological and sleep effects. The Laryngoscope, v. 1, n. 84(10/2), p. 1-55, 1974.
aprendizagem, para que os mesmos possam elaborar planos de Ordenamento
urbanas.
destinam?
escolar?
objetivos específicos:
saúde e ao desempenho.
das zonas urbanas e periferias urbanas estão destruindo vidas, saúde e valores
insalubridade e mortalidade".
A mesma fonte ressalta (CNUMAD, 2000, p. 70), que “os jovens são
Azevedo3 (1982 apud SOUZA, 1992), afirma que as cidades mais barulhentas do
mundo são o Rio de Janeiro e São Paulo. Nestas, as medições nas ruas e nas casas
3
Azevedo, A.V. O país do barulho. Revista Veja, p. 99, 23 jun. 1982.
infarto, agressividade, alterações emocionais (depressões e excitações), estresse,
sonora nos grandes centros urbanos, contribui sistematicamente para altos níveis de
São Paulo e Rio de Janeiro, muitas outras capitais convivem com o excesso de
ruído, como é o caso de Belo Horizonte, e mais recentemente o Distrito Federal, cuja
ponto, eleva-se acima da atmosférica (1,0 x 105 N/m2), torna-se menor que esta, a
seguir volta a aumentar, e assim por diante. O resultado é uma propagação dessa
variação de pressão, que tem a forma de uma onda" (ACIOLI, 1994, p. 292).
A variação de pressão, quando chega ao ouvido, causa vibração das partículas
pressão.
intensos tolerados pelo ouvido humano são da ordem de 28 N/m2, enquanto que as
2,0 x 10-5 N/m2, revelando um fator da ordem de 1.400.000. Tais valores indicam que
(1994), afirma que o sistema auditivo é o mais sensível do organismo, superando até
situa-se entre 2000 Hz e 3000 Hz, dentro da faixa de freqüências audíveis, que
como ruídos, mas sua classificação é subjetiva e sua distinção se refere ao fato de
ser ou não desejável (RUSSO, 1999, p. 157). Sendo assim, o termo ruído é utilizado
necessariamente relação harmônica entre si” (FELDMAN & GRIMES4, 1985 apud
4
FELDMAN, A.S.; GRIMES, C.T. Hearing Conservationin Industry. Baltimore, The Williams &
Wilkins, 1985.
Intensidade de energia sonora
tempo da quantidade de energia transportada pela onda por unidade de área e por
tom de 1000 Hz (valor de referência) variam de 10-12 W/m2 a 102 W/m2, no Sistema
o ouvido pode receber sem sensação de dor tem cerca de 1012 vezes a intensidade
sonora audível, foi adotado o BEL como unidade e, na prática o seu submúltiplo, o
Decibel – dB. Esta unidade não mede uma grandeza absoluta, mas sim uma
Para Gerges (2000, p. 7), o “ouvido humano responde a uma larga faixa de
de referência equivale à menor pressão audível, que por sua vez, equivale à menor
Nível de Intensidade
e Pressão Sonora
pressão sonora equivalente, LAeq, quando o medidor de nível de pressão sonora não
dispõe dessa função, que é o caso do medidor da Minipa, modelo MSL 1352 A tipo2,
que foi utilizado na pesquisa. Nesse caso, o nível de pressão sonora equivalente,
T
1 P2
LAeq = 10 log ( dt )
T 0 P02
ou
n Li
1
LAeq = 10 log ( 10
10 ) , onde:
n i =1
T é tempo de integração;
Li é o nível de pressão sonora, em dB (A), lido em resposta rápida (fast) a cada 5s,
compensação “A” em função do ouvido humano não ser igualmente sensível a todas
dos medidores são usados para que o aparelho efetue as medições do ruído de
dada pela curva “A” que atenua os sons graves, dá maior ganho para a banda de
2 kHz a 5 kHz, faixa em que o ouvido humano é mais sensível, e volta a atenuar
Ruído de fundo
professor. Outras vezes, é o ruído excessivo, tanto no interior quanto fora da sala de
De acordo com Berg5 (1993 apud RUSSO, 1999, p. 213), existem três tipos de
5
BERG, F.S. Acoustics and Sounds Systems in Schools. Singular Publishing Group Inc. San Diego,
1993.
2. Transitórios (inesperados) – Ruídos de motores de avião, gritos no pátio,
Para efeitos práticos, o ruído de fundo pode ser medido no período de recesso
escolar ou com a escola em atividade normal. Para tanto, é necessário que a sala de
aula esteja vazia, de modo que se possa mensurar o incômodo advindo das áreas
parte desse tipo de ambiente; por isso, são considerados como ruído de fundo. São
Médio ou até mesmo Superior, por vezes estão localizadas em regiões que sofrem
obstáculos devem estar a uma distância igual ou superior a 17m. Esse fenômeno é
ondas sonoras. Nesse caso, o som refletido chega ao sistema auditivo, enquanto a
sensação do som direto ainda não se extinguiu. Esse fenômeno ocorre em intervalos
determinada, entre outros fatores, pelo tempo de reverberação, que segundo Berg &
onda sonora caia um milhão de vezes (10-6) em relação ao valor original, ou seja, é o
0,161 * V
Equação de Sabine, t60 = onde:
A
A= Si * ai + ni * ai + x * V , onde:
Tal Decreto está de acordo com a Lei n. 2.105, de 08 de outubro de 1998, que
dispõe sobre o Código de Edificações do Distrito Federal (COE), que entre outros
Diretor Local (PDL), que entre outros objetivos, visa simplificar as normas de uso e
administrações locais fazem uso das Normas de Edificação, Uso e Gabarito (NGB),
seguintes requisitos:
piso;
não ultrapasse vinte e nove graus centígrados; e conforto acústico, onde o tempo de
– Ensino Fundamental
1a e 2a séries: 35 alunos;
3a e 4a séries: 40 alunos;
5a à 8a séries; 45 alunos;
específico que verse sobre: espessura das paredes, tipo de material utilizado no
revestimento das paredes, espessura dos vidros das janelas ou quaisquer outros
cuidados acústicos que possam diminuir os efeitos nocivos do ruído nas salas de
aula.
De maneira geral, as normas relativas a obras de construção e de modificação
Gabarito ou, no caso específico de Taguatinga, do Plano Diretor Local. Para o início
das atividades escolares, a SEDF, por meio de equipe técnica e pedagógica, vistoria
níveis de ruído recomendados pela ABNT. No caso dos níveis de ruído interno, os
NBR 10. 151: Acústica – Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto
da comunidade – Procedimento;
Além dos parâmetros acústicos mencionados, outro importante fator deve ser
“estabelece que a superfície da construção deve ser de 2,0 a 2,5 m2 por aluno. A
área ocupada por aluno deve ser maior ou igual a 1,5 m2; de preferência 2,0 m2.
0,5 m entre as carteiras; 0,5 m entre as carteiras e as paredes laterais; 2,20 a 2,35 m
um dos aspectos da questão ambiental, que no Brasil, ainda tem recebido pouca
descumprimento das leis vigentes entre outros fatores. São inúmeras as exposições
carente, uma pessoa à qual não tenham sido dadas oportunidades, ou uma pessoa
de tal forma que crianças, jovens ou adultos possam executar suas tarefas com o
ensino-aprendizagem.
6
CARDOSO, M. L. P. Educação para a Nova Era. São Paulo: Summus, 1999.
2.4 A relação sinal/ruído
linguagem oral. Por esse motivo, todo cuidado deve ser tomado, no sentido de
boa acústica, pois são ainda incapazes de “inferir do contexto”. Com seu vocabulário
professor, elas são menos capazes, que os alunos mais velhos, de “preencher” os
pensamentos perdidos.
Todas as crianças precisam de boa acústica para ouvir e aprender. As mais jovens necessitam
de melhor acústica para entender o que os seus professores dizem em comparação com os
mais velhos ou adultos. O fato é que as mais novas ainda não estão familiarizadas com a
linguagem. Elas podem repetir palavras e sentenças em ambientes calmos ou com níveis de
ruído mínimo. Entretanto, quando os NPS são altos, as mesmas têm dificuldade de entender o
que está sendo dito. Crianças com idade entre cinco e sete anos, ou seja, nas séries iniciais,
necessitam de níveis de ruído significativamente baixos para que possam compreender os
sinais da fala. Quando se trata de crianças com perdas auditivas temporárias por motivos
quaisquer, ou até mesmo com perdas definitivas, as condições acústicas devem ser ainda mais
favoráveis.
De acordo com Seep et al. (2002), estudos têm mostrado que, salas de aula
que têm relação sinal/ruído menor que +10 dB, a inteligibilidade da fala é
Finitzo-Hieber & Tillman7 (1978 apud RUSSO, 1999) realizaram uma pesquisa
mostram que salas de aula com excesso de ruído e longos TRs são
TABELA 1
Índices de reconhecimento de fala (IRF) médios de estudantes ouvintes x deficientes auditivos sob
diferentes condições de tempo de reverberação e relações sinal/ruído
0 48 28
1,2 +12 70 41
+6 54 27
0 30 11
7
FINITZO-HIEBER, T.; TILLMAN, T. Room Acoustics Effects on Monosyllabic Word Discrimination
Hability by Normal and Hearing Impaired Children. J. Speech Hear.Res, 1978, v. 21, p. 440-458.
“Uma sala de aula, para ser considerada um ambiente adequado para a
que o tempo de reverberação não pode ultrapassar 0,4s. Nesse ambiente, a voz do
Fundamental, verificou que o ruído gera aceleração no ritmo da leitura; falta de feed-
aprender em salas de aula “barulhentas”, onde o ruído ambiental compete com a voz
Interferência na comunicação
8
CRANDELL, C.; SMALDINO, J.; FLEXER, C. Sound Field FM amplification: theory and pratical
applications. San Diego, Ed. Singular Publishing Group, 1995.
9
DREOSSI, R. F. A interferência do ruído sobre a leitura e a aprendizagem. São Paulo, 2000.
Monografia – CEFAC-CEDIAU.
particularmente mais vulneráveis a este tipo de efeito, constituindo-se desta forma
professores e alunos, impondo dessa forma um esforço adicional por parte de quem
fala ou ouve. De acordo com Gerges (2000, p. 291), “quando duas pessoas
conversam perto uma da outra a influência da sala é irrelevante, pois cada uma
recebe o campo direto”. No entanto, quando um professor fala para uma classe com
torna mais difícil pelo aumento do ruído interno. Assim, para se entenderem, cada
um fala mais alto que o outro, aumentando os níveis de ruído dentro da sala de aula
pronúncia, distância entre quem ouve e quem fala, altos níveis de pressão sonora e
pelos professores e alunos. Contudo, os últimos são aqueles que mais interferem no
com um tempo de reverberação (TR) superior a 1,2 s vem revelando uma piora
das salas de aula são críticas para possibilitar um processo educacional adequado.
pior, uma vez que convivem também com o ruído ambiental – advindo
e o Dr. Lorraine Maxwell (1997) mostraram que crianças que estudam em escolas
expostas ao ruído de aviões não aprendem a ler tão bem quanto àquelas que
o indivíduo normal precisa gastar, em média, 20% de energia extra para realizar
tarefa em presença de ruído intenso, uma vez que este interfere nos processos de
agitados, cujos professores precisam se esforçar muito mais para ensinar, porque a
aumento de erros, dentre outros, são efeitos cumulativos que podem se tornar um
sério problema na vida adulta dessa criança ou adolescente, além, é claro, dos
ruidosos.
10
GONÇALVES NETO, J. Ruído é inimigo do ensino nas escolas da cidade. O Estado de São Paulo,
São Paulo, 22 abr. 2001.
2.5 Efeitos potenciais do ruído na saúde humana
o mesmo som, brusco e intenso, determina uma reação muito mais intensa. Quanto
mais barulhento for o ambiente, mais dramático será o efeito de qualquer ruído
Alguns psiquiatras e psicólogos crêem que, com níveis altos de ruído, um som
sala.
É provável que ruídos intensos e súbitos, como os provindos do tráfego
propensão para discutir e brigar. Mais uma vez, não é raro observar, no ambiente
tornando-se por vezes agressivos, sem motivo aparente. Esse tipo de reação pode
relacionado com os efeitos desencadeados pelo excesso de ruído nas salas de aula.
grandes cidades, não conseguem identificar o ruído como um dos principais agentes
agressores e, cada vez mais, menos o sentem, ficando desorientadas por não saber
localizar a causa de tal mal. Por isso, nada se faz e vive-se sob o impacto de uma
progressivamente mudado para pior. O ruído nas cidades pode ser apontado como
tão insidioso quanto o mais agressivo barulho das indústrias, trazendo aos seus
participantes o perigo de lesão auditiva, que entre outras conseqüências, é a mais
definida e quantificada.
estar sofrendo com os males causados por esse tipo de agressão. Os profissionais
poluição sonora e não estão, em princípio, recebendo a devida atenção por parte
Do ponto de vista sensorial, “nota-se que as pessoas atingidas pela surdez são
risco, como por exemplo, em atividades industriais. Embora o ambiente escolar não
escolas da rede pública e privada da rede de ensino nem sempre estão livres da
própria cultura.
passada ao aluno” (PINTO et al., 1991, p. 40). É na sala de aula que se estabelecem
Salas de aula com excesso de ruído exigem um esforço muito maior por parte
clareza. Nesse tipo de situação, os professores têm que impor uma entonação de
“As pessoas podem ajustar esse nível, até inconscientemente, dependendo do local,
da região cervical, postura inadequada, falar sem parar por horas e horas seguidas,
freqüentemente encontradas.
Segundo Pinto & Furck (1988, p. 12), “as difonias profissionais preocupam
aqueles que têm a voz como instrumento de trabalho e a incidência tem atingido
De acordo com David Lubman (2001, p. 1), “os professores estão menos
menores em ambientes onde os níveis de pressão sonora são altos”. Quando eles
têm que aumentar a voz acima dos níveis de ruído de fundo, suas vozes podem vir a
ficar fadigadas.
Esse tipo de ambiente pode contribuir para a frustração e até mesmo levá-los a
não é causa direta de doenças mentais, mas presume-se que o ruído acelera e
psiquiátricas gerais tais como neuroses, psicoses e histeria" (WHO, 1999, p. 48). A
livrar dessa reação, por tornar-se desagradável, (por exemplo, de uma palpitação),
11
Burnout foi o nome escolhido; em português, algo como “perder o fogo”, “perder a energia” ou
“queimar (para fora) completamente” (numa tradução mais direta). É uma síndrome através da qual
o trabalhador perde o sentido da sua relação com o trabalho, de forma que as coisas já não
importam mais e qualquer esforço lhe parece ser inútil. Esta síndrome afeta, principalmente,
profissionais da área de serviços quando em contato direto com seus usuários. Como clientela de
risco são apontados os profissionais de educação e saúde, policiais e agentes penitenciários, entre
outros. Schaufeli et al. apud Codo e Menezes (1999, p. 238) chega a afirmar que este é o principal
problema dos profissionais da educação.
Libera também substâncias anestesiantes que acabam provocando prazer. As
abre caminho para estresses crônicos. Certas áreas do cérebro acabam perdendo a
neste campo demonstrou uma relação inicial entre o tráfego urbano e desordens
de se fazer um relato para os grupos mais vulneráveis, uma vez que eles podem não
12
STANSFELD, S.A. Noise, noise sensitivity and psychiatric disorder: Epidemiological and
psychological studies. Psychological Medicine, Cambridge, UK, 1992. v. 22.
De acordo com o autor, isso é particularmente verdade para crianças, idosos e
vários estudos inconclusivos acerca dos efeitos adversos do ruído na saúde mental,
a “community noise” sugere que se realize estudo acerca do uso de drogas, tais
em hospitais psiquiátricos.
Pesquisas afirmam que o sono ininterrupto é conhecido por ser pré-requisito para o
p. 147), “os ruídos escutados durante o dia podem atrapalhar o sono de horas após.
trabalho e mesmo em sua vida social” (RICHTER13, 1966 apud SELIGMAN, 1997, p.
147).
13
RICHTER, H.R. Le sommeil morcelé. Revue Neurologique, 115(1), p. 592-5, 1966.
De acordo com as Associações Internacionais de Distúrbios do Sono (ASDA14,
1990 apud SOUZA, 1992, p. 2), “cerca de 5% das insônias são causadas por fatores
qualidade de vida ambiental de nossas cidades foi revelado por pesquisa de Braz15
(1988 apud SOUZA, 1992, p. 2) na cidade de São Paulo, onde 14% das pessoas
atribuem suas insônias a fatores externos, das quais 9,5% exclusivamente ao ruído”.
pesquisa intenciona apenas ressaltar que pessoas que estão expostas a altos níveis
humana ainda são subjetivos. Sabe-se que em crianças, o ruído ambiental prejudica
1999).
14
ASDA. The International classification of sleep disorders, 1990. 396p.
15
BRAZ, S. Estudo do sono e seus distúrbios numa amostra probabilística da cidade de São
Paulo. São Paulo, 1988. 150 f. Tese de Doutorado – Escola Paulista de Medicina.
16
EVANS, G.W.; LEPORE, S.J. Non-Auditory effects of noise on Children: A critical review.
Children’s Environments, v. 10, p. 31-51, 1993.
Os estudos sobre os efeitos do ruído na performance mostram que o “barulho”
mas os efeitos dependem do tipo de ruído e da tarefa que está sendo realizada.
Segundo Evans & Maxwell17 (1993 apud WHO, 1999), o ruído induzido pode
estresse.
17
EVANS, G.W.; MAXWELL, L. Chronic noise exposure and reading deficits. Environment and
Behavior, v. 29, p. 638-656, 1997.
18
COHEN S, EVANS, G.W.; KRANTZ, D.S.; STOKOLS, D. Physiological, motivational and cognitive
effects of aircraft noise on children. American Psychologist, v. 35, p. 231-243, 1980.
2.5.6 Efeitos no comportamento
indivíduos afetados” (KOELEGA19, 1987 apud WHO, 1999, p. 68). “Entretanto, além
depressão, ansiedade, agitação, exaustão etc” (JOB20, 1993 apud WHO, 1999, p.
68).
19
KOELEGA, H.S. Environmental Annoyance: Characterization, Measurement and Control. Elsevier,
Amsterdam, Netherlands. 1987
20
JOB, R.F.S. Psychological factors of community reaction to noise. In: VALLET, M. (Ed.) Noise as a
Public Health Problem, Arcueil, France: INRETS – Institut National de Recherche sur les
Transports et leur Sécurité, v.3, p. 48-59, 1993.
susceptibilidade de crianças e jovens, além de provocar um sentimento de
21
EVANS, G.W.; LEPORE, S.J. Non-Auditory effects of noise on Children: A critical review.
Children’s Environments, v. 10, p. 31-51. 1993.
3 MET O DO L OG IA D E PE SQ U IS A
os mesmos motivos. Para finalizar, foi escolhida uma décima escola da rede privada
pontos acerca da flexibilização das regras de uso e ocupação do solo proposta pelo
aula das escolas da rede pública e privada. A fim de verificar o incômodo advindo do
tráfego aéreo e/ou terrestre, mediu-se o nível de pressão sonora no exterior de duas
No caso dos níveis de pressão sonora foi escolhido o LAeq (nível de pressão
uma vez que leva em consideração a média das ocorrências sonoras num certo
ponto (WHO,1980). Também foram medidos Lmín, L10, L90 e Lmáx. Os
equipamentos utilizados foram: medidor da Minipa, modelo MSL 1352 A tipo2, com
vigente.
medidas em todo o período de aula é uma decisão do grupo de trabalho, pois não há
normais. Apesar de muito mais trabalhoso, a opção foi por realizar medidas durante
NBR 10.152. Para salas de aula, a norma indica valores entre 40 e 50 dB (A), ou
Sendo assim, adotou-se como referência 68 dB (A), nível mensurado durante vários
dias da semana, em intervalos de vinte minutos, numa escola com ruído de fundo
de tempo de 1 hora e também nas salas de aula mais próximas às ruas ou avenidas
10 horas e terminando às 11 horas. Este intervalo de tempo foi escolhido pelo fato
relativamente constante. Para obter uma estimativa mais próxima da realidade foi
feita uma média22 dos níveis de pressão sonora e do fluxo de veículos nos vários
22
Para se obter a média dos níveis de pressão sonora nos vários dias e horários estimados, tanto
para as medidas no interior da sala de aula, quanto para as medidas nas imediações das escolas
foi utilizado um programa escrito em linguagem “c” desenvolvido pelo Departamento de Física da
Universidade Católica de Brasília (UCB). Como o equipamento utilizado na pesquisa (medidor de
pressão sonora da Minipa modelo MSL 1352 A tipo 2) não faz a integração direta, os dados eram
descarregados e manuseados em um computador compatível. Para o cálculo dos níveis de pressão
sonora equivalente (LAeq) reunia-se todas as medidas da semana, de um determinado horário, em
um único arquivo e o programa em linguagem “c” fazia a integração segundo Anexo A da NBR
10.151 da Associação Brasileira de Normas Técnicas.
dias e horários estimados.
Para complementar a pesquisa foi feita uma relação entre os níveis de pressão
como paredes ou muros. O NPS foi medido ainda em dB (A), em resposta rápida
fast e a cada 5 s.
acústico de recintos fechados e ainda é definido como o tempo necessário para que
demarcados cinco pontos, que interligados formariam uma figura tal qual a letra “X”.
Para cada ponto foram efetuadas três medidas, totalizando quinze medidas por sala,
onde para cada ambiente foi feita uma média dos tempos de reverberação medidos
Além do medidor 01 dB – SIP 95, foram usados balões n. 9, uma vez que o
vários pontos de uma determinada sala, onde os resultados foram comparados com
resultados, esta metodologia mostrou-se eficaz devido ao baixo erro percentual entre
o ruído rosa e o estouro dos balões e precisa, devido ao baixo desvio padrão entre
os estouros dos balões. Sendo assim, esta alternativa revelou-se viável para a
fechado. O balão n. 9 foi o que melhor se encaixou nos padrões do ruído rosa sendo
instituição.
O tempo de reverberação foi medido com a sala desocupada, uma vez que as
ocupação da maioria das salas varia. “Numa análise completa, este cálculo dever
diferentes freqüências. Porém, para uma estimativa, o TR de uma sala de aula pode
fala, como 1000 Hz. Se esse TR é aceitável, então o TR para as outras bandas de
23
“O ruído rosa é uma filtragem do ruído branco, abrangendo uma área mais reduzida do espectro
audível, ou seja, sua energia está igualmente distribuída na faixa de freqüências de 500 a 4000 Hz.
Por ter energia concentrada numa faixa de freqüências mais estreita do que o ruído branco, sua
efetividade de mascaramento para sons da fala é maior, necessitando de menor intensidade total”
(SANTOS & RUSSO, 1993 apud RUSSO, 1999, p.165).
freqüência da fala será provavelmente aceitável” (SEEP et al., 2002, p. 18). Neste
quatro bandas de freqüência: 250, 500, 1000 e 2000 Hz, visto que “os sons emitidos
numa conversação normal estão compreendidos numa faixa de freqüência que varia
A coleta de dados, nas dez escolas envolvidas na pesquisa, foi feita em épocas
pesquisada.
como professor, segmento em que atua, turno, e exame audiométrico (não era
da Escola 7 não fizeram parte da amostra, uma vez que a escola tem uma
durante as aulas.
Com relação aos alunos, foram aplicados 673 questionários (Apêndice B).
anteriormente. Os alunos da Escola 5 não fizeram parte da amostra, uma vez que a
escola possui uma dinâmica completamente diferente das outras. Nesta, as salas de
aula são salas ambiente, onde quem se desloca de uma sala a outra são os alunos.
Por esse motivo, também não se mensurou os NPS durante o período das aulas.
ocupação do solo proposta pelo Plano Diretor Local da cidade de Taguatinga. Sendo
assim, não houve necessidade de incluir os estudantes na pesquisa, nem tão pouco,
resultados fossem os mais confiáveis possíveis. Para não interferir na rotina diária
das escolas e realizar as medidas com maior grau de confiabilidade foi necessário
estava-se realizando tal estudo e qual a sua importância para a comunidade escolar.
nove, doze e dezesseis anos de idade. Assim, a pesquisa incluiu alunos com idades
porte, que abriga aproximadamente 1200 alunos que convivem diariamente com
ensino, trabalha com todos os segmentos de ensino, porém é de grande porte, visto
que abriga aproximadamente 2500 alunos. É uma escola que convive diariamente
alunos nos seus pátios internos. No caso da Escola 3, tem-se uma situação bem
diferenciada, uma vez que esta se localiza dentro de um Shopping, na RA III, o que
e Médio.
em média 1500 alunos, que pouco sofrem os efeitos do ruído urbano, uma vez que a
que trabalha com todos os segmentos de ensino (da Educação Infantil ao Ensino
A descrição das escolas visa mostrar que os níveis de ruído em salas de aula
durante o período de aula são maiores para aquelas situadas em áreas onde o
tráfego urbano – aéreo e/ou terrestre – é mais intenso. Sendo assim, a tabela 2
TABELA 2
de ruído são altos, apesar das normas técnicas não especificarem limites para o
A norma NBR 10.152 estabelece como nível de conforto para salas de aula,
níveis entre 40 e 50 dB (A), como já especificado no item 2.2. Esta pesquisa assume
que estes valores são para situações em que a escola se encontra em recesso
escolar. Logo, para o período de aula, adotou-se como referência o nível de ruído
maior nível de pressão sonora equivalente Leq = 82,9 dB (A), com picos de energia
de até 114,6 dB (A). Já a Escola 3 apresenta o menor valor para o Leq = 75,2 dB
Uma análise mais detalhada revela grande variação entre os Lmín e Lmáx e
também entre L90 e L10, indicando picos de ruído acentuados, o que causa
apresenta um Leq = 79,0 dB (A), e uma variação de 74,1 dB (A) entre o nível de
explicado pelo fato dos estudantes estarem mais agitados, pelo aumento de
aulas são em geral as mais desgastantes. Não é raro observar alunos inquietos, sem
estímulos. Com isso eles se agitam na cadeira, têm conversas paralelas, não se
Se uma escola, além dos ruídos gerados no interior das salas, for afetada por
potencializado.
tráfego urbano – aéreo e/ou terrestre – apresentam níveis de pressão sonora mais
avenida não ultrapassar 8,0m. Além disso, a Escola se localiza numa das rotas
52), dentro da categoria – ruídos exteriores – “os aviões são os que produzem os
intenso trânsito de alunos nos pátios internos. São intervalos diferenciados que
24
Segundo Cury (2003), a televisão mostra mais de sessenta personagens por hora com as mais
diferentes características de personalidade. Policiais irreverentes, bandidos destemidos, pessoas
divertidas. Essas imagens são registradas na memória e competem com a imagem de pais e
professores. A conseqüência do excesso de estímulos da TV é contribuir para a Síndrome do
Pensamento Acelerado, SPA, ou seja, aumento crônico da velocidade dos pensamentos. Ocorre
diminuição da concentração e aumento da ansiedade.
No que se refere à Escola 3, escola isenta de ruídos ambientais, verifica-se um
nível de pressão sonora equivalente menor, Leq = 75,2 dB (A). Quanto à Escola 4, o
qualquer faixa etária. Entretanto, os mais jovens são os mais prejudicados, uma vez
salas de aula da 6a série do EF, para estudantes com faixa etária de doze anos.
TABELA 3
a
Níveis de pressão sonora durante o período de aula – 6 série do EF
Verifica-se por meio dos resultados que os níveis de pressão sonora são muito
próximos aos níveis encontrados para as salas de aula da 2a Série do EM, ou seja,
escola se encontra “prensada” entre duas avenidas movimentas, com tráfego aéreo
seu tom de voz. A situação é problemática, visto que a poluição sonora não deixa
pressão sonora equivalente mais baixo, Leq = 73,9 dB (A). Este resultado está
isto seja um fato positivo, a diferença entre os Lmín e Lmáx e também entre L90 e
L10, indicam mais uma vez picos de ruído acentuados, o que causa significativo
estão expostos a um tipo de poluição que não deixa sinais visíveis, entretanto
etária de nove anos de idade. É possível verificar mais uma vez que os níveis de
TABELA 4
Com exceção da Escola 8, que apresenta Leq = 69,2 dB (A), todas as outras
estão localizadas em regiões onde o tráfego aéreo e/ou terrestre é intenso. São
salas de aula que possuem em média 30 alunos, que são freqüentemente expostos
planejamento prévio – Brasília, são escolas a princípio privilegiadas, uma vez que
estão localizadas em regiões devidamente arborizadas, livres de intenso tráfego
desempenho escolar.
das escolas e analisar seus efeitos potenciais, foram efetuadas medidas no recesso
TABELA 5
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Figura 3 – Ruído de fundo das salas de aula mais próximas à rua ou avenida
verifica-se que das dez escolas pesquisadas, metade apresenta valores acima
Escola 1, cujo nível de pressão sonora equivalente está bem além do estabelecido
pela norma, Leq = 67,3 dB (A). Este NPS é decorrente do intenso tráfego urbano
nas imediações desta instituição. Para se ter uma idéia, durante a medida do ruído
de fundo (1 hora) foi possível anotar a passagem de 18 aviões, com picos de energia
as Escolas 2, 4, 9 e 10, são escolas que também sofrem com o tráfego urbano. No
caso das Escolas 2, 4 e 9, os maiores NPS estão relacionados com o tráfego aéreo
Samambaia. O nível de pressão sonora equivalente Leq = 65,5 dB (A) foi medido
numa sala de aula que dista pouco mais de 20m da avenida. São motos, carros de
terrestre, foram realizadas medidas na área externa das Escolas 1 e 10, escolas que
45 dB (A) para o período noturno. Comparando o valor especificado pela norma com
o resultado obtido para os limites externos do colégio, verifica-se que este está bem
acima do estabelecido.
Total 18 238 5 8 10 20 2
Administrativa RA VIII, que serve, para alguns bairros, de rota para o centro
congestiona as vias que circundam o colégio. Uma das avenidas, no caso, a que se
encontra atrás da escola, além do fluxo normal, admite também passagem de linha
de ônibus, que segundo registros admite um fluxo médio de 28 ônibus por hora.
repercutiu muito no interior das salas de aula. Como resposta ao ruído do tráfego
Dentre os veículos que mais contribuem para o aumento do NPS dentro das
Com relação à Escola 10, foi possível verificar um fluxo de veículos ainda mais
manhã.
TABELA 7
picos maiores que 65 dB (A). Em 1 hora de medida foi possível anotar um tráfego de
equivalente Leq = 76,4 dB (A), nível superior aos 50 dB (A) indicado pela norma.
do tráfego terrestre, uma vez que estão mais afastadas de ruas e avenidas. Pela
Embora este fato possa ser constatado, é importante ressaltar que não há nenhum
item na norma que faça referência a discriminação entre as duas modalidades de
pertencente à SEDF, apresenta um nível de pressão sonora Leq = 68,9 dB (A) bem
maior do que aquele registrado no recesso escolar Leq = 51,5 dB (A). Essa
período normal de aulas. Foi possível constatar que muitos estudantes ficavam
uma semana de observação, não houve um só dia em que pelo menos um professor
não faltasse.
Tempo de reverberação
entendimento da fala.
afirma que esta combinação determina em longo prazo altos custos sociais e
econômicos para aqueles que passam vários anos estudando em salas de aula
acusticamente inadequadas.
Com o intuito de avaliar as condições acústicas das salas de aula e verificar a
cada escola, escolhendo-se para tanto a mesma sala de aula onde foram medidos
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FIGURA 4 – Tempo de reverberação (t60) para salas desocupadas – 250, 500, 1000 e 2000 Hz
satisfatória. O fato é que estas escolas apresentam salas com volumes menores,
TABELA 8
1 183
2 275
3 124
4 134
5 151
6 123
7 128
8 113
9 124
maiores.
Das salas pesquisadas a que possui maior volume é a da Escola 2, com um
valor aproximado de 275m3. São salas destinadas ao Ensino Médio, que não
ditos “duros”, que apresentam baixos coeficientes de absorção. São condições que
aprendizagem.
estabelecido pela norma. Embora os TR das salas de aula desta escola não estejam
escolas 1 e 2.
bem acima daquele considerado ideal, uma vez que supera em 0,9s, o máximo
agrava quando se verifica que esta escola trabalha com deficientes auditivos. Para
de aula pequenas, poucos alunos em sala e está localizada numa região livre de
a inteligibilidade da fala.
Embora esta seja uma situação positiva, o que se percebe, em geral, são altos
inteligibilidade da fala cai dramaticamente para 30% (SEEP et al., 2002). Apesar
inadequados, sujeitos a custos sociais e culturais que ainda não são devidamente
pelos profissionais. Questões como idade, tempo e turno de trabalho, também foram
consideradas.
Do total pesquisado 60% situavam-se na faixa de 20 a 35 anos de idade,
50% atuavam no período matutino, 20% no período vespertino e 34% atuavam nos
Fundamental e Médio.
pertencia a SEDF, visto que as escolas particulares não exigem tal exame.
barulho (90%).
TABELA 9
sim não
O resultado mais expressivo está relacionado com o barulho (figura 5), isto
118 dB (A).
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~}k^tB}|u{1z3sw~
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mantendo-se o ser humano preocupado sem uma razão específica e com agitação
intranqüilo e estressante.
mais de quinze anos no exercício de suas funções. É possível que muitos estejam
sendo acometidos por males desencadeados pelo excesso de ruído nas escolas.
sim não
mentais latentes.
raiva, distração, agitação, exaustão etc. Segundo o autor a exposição por si só não é
suficiente para produzir agressão, mas a combinação com provocação ou raiva pode
encontrados durante o período de aulas revelam que o ambiente de sala de aula não
é necessariamente um ambiente tranqüilo, reforçando a pesquisa feita junto aos
professores.
professores.
pesquisa feita junto aos professores confirma a situação preocupante face aos
TABELA 11
Principais queixas feitas pelos professores quanto ao andamento das aulas – Escola 1
Perguntas a b c
O barulho externo prejudica suas aulas? (avião, carro etc). 0% 26% 74%
Você tem costume de aumentar o tom de voz em sala de aula? 6% 47% 47%
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constantes para se fazer entender. Segundo Evans & Maxwell (1993), o ruído
dentro da malha urbana, que acabam por ter suas dependências “contaminadas”
de boa qualidade. Nesta escola, 44% dos professores admitiram que o barulho
professor e o ruído que chega aos ouvidos, principalmente das crianças em sala de
nível de ruído em sala para proporcionar uma boa compreensão por parte dos
Os profissionais que trabalham na Escola 10, escola que também tem suas
pesquisada, 76% admitiram que o barulho prejudica sua comunicação verbal com os
TABELA 12
Principais queixas feitas pelos professores quanto ao andamento das aulas – Escola 10
Perguntas a b c
Você tem costume de aumentar o tom de voz em sala de aula? 4% 52% 44%
O barulho externo prejudica suas aulas? (avião, carro, etc). 24% 57% 19%
¶·ª¸¹º »¼½
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ÂÃÄŪƪÇÄƪÈÉÈÄÆ
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ÇÊ ËÌÉÇųͪÈÎÈÅ
ÀwÁ ¿ Ï Ç Ï ÇÉÈÄƪÈ
são menores. Verificou-se que 43% da população pesquisada não observam ruídos
tráfego urbano.
alunos. Dos professores entrevistados, 71% disseram que o barulho prejudica a sua
grande maioria, 63%, tem o costume de aumentar o tom de voz em sala de aula, ou
disfunções vocais para aqueles profissionais que têm a voz como instrumento de
trabalho.
Segundo Pinto e Furck (1988, p. 12), “os sintomas de fadiga vocal, perda da
No que se refere aos problemas de saúde, a tabela 10 revela que 63% dos
fala, tendo o excesso de barulho nas salas de aula como o principal motivo desses
sintomas.
TABELA 13
Diagnóstico médico
2001, 38,4% dos profissionais da rede pública tinham requerido licença por
profissionais.
TABELA 14
Õ7Ö Òf×;Ô
ÙÛÚ Ü
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Ùªàªá Ý Ù
ÐmÑ7ÒfÓ;Ô
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escolar.
escola. Quanto ao ruído externo, a figura 9 mostra que 84% dos estudantes da
Comparando com as respostas dos professores (ver tabela 11), verifica-se que os
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êÛëìíî ïuëñðòëóôõ ëyïuöïuë
incomodado com o ruído externo à escola – tráfego urbano. Tal índice é compatível
com as respostas dos professores, os quais admitiram, em sua maioria, nunca terem
TABELA 15
sim não
Com base nos dados da pesquisa, verifica-se que a maioria dos estudantes
escolar. São prejuízos que podem acarretar altos custos socioeconômicos àqueles
São escolas que sofrem diariamente com o intenso ruído externo, provindo
dos ruídos internos produzidos pelos próprios alunos, prejudicando ainda mais a
escolar, mostrou que os níveis de pressão sonora estão além daqueles aceitáveis. O
Decreto 20.769/99 da SEDF, não está sendo cumprido em sua íntegra, denotando
Embora isto seja uma verdade, o poder público precisa definir melhor os níveis de
ruído aceitáveis para o ambiente escolar. As normas não são claras, o que suscita
O estudo mostra que o NPS mais discreto durante as aulas foi de 69,2 dB (A),
o nível medido foi de 44,2 dB (A). Esta escola, da rede pública, se localiza numa
Região Administrativa previamente planejada, o que a isenta de interferências
uma realidade diferenciada. São escolas mal localizadas dentro da malha urbana,
que têm suas dependências fortemente afetadas pelo ruído ambiental, trazendo
prejuízos à educação dos mais jovens e à qualidade de vida das populações que
eficiência a questão da poluição sonora no interior dos prédios escolares, pois o que
nenhum item que faça menção à proteção do ambiente escolar quanto ao excesso
poluição sonora. O PDL, que objetiva orientar os agentes públicos e privados que
incomodidade.
De acordo com o Projeto de Lei Complementar n. 38, de 1997, o uso do solo
I - comercial;
II - institucional;
III - industrial.
de educação e outros.
Este tipo de flexibilização prevê apenas o incômodo que a atividade pode gerar
avenidas com intenso tráfego terrestre e até mesmo em áreas industriais. Toda esta
em toda a região do DF, não possui recursos humanos suficientes para a devida
Bandeirante, não possuem PDL, logo seguem as Normas de Gabarito. Neste caso
ambientes.
O referencial teórico pesquisado demonstrou que as más condições físico-
ambientais das salas de aula reduzem a performance escolar do indivíduo, seja este
de reverberação. A pesquisa revela que das dez escolas relacionadas, apenas uma
preocupação com a acústica das salas de aula, o que traz significativos prejuízos à
problema e propor uma ação integrada com o intuito de melhor preservar a saúde
inadequados, uma vez que a piora do estado de saúde dos professores, tanto física
(rouquidão, dor de garganta, perda da voz etc), quanto emocional (fadiga geral,
tensão pela dificuldade de falar etc) interfere em sua atuação em sala de aula”
adotar medidas e posturas que nem sempre são as ideais, principalmente quando se
Além disso, algumas ações podem ser implementadas a fim de reduzir o nível
de ruído nas instituições escolares, mais precisamente em salas de aula. São ações
tais como:
a) reavaliação das regras de uso e ocupação do solo da cidade de Taguatinga,
e veículos pesados (ônibus, tratores etc), a fim de reduzir o tráfego destes veículos
Batalhão Escolar – para que possam controlar o excesso de ruído nas imediações
adequados;
contemplar maior cuidado com a questão acústica das salas de aula. Aqui, deve-se
Segundo Couto25 (1994 apud RUSSO, 1999), as salas de aula devem ser
projetadas de maneira a reduzir o ruído ambiental, de tal forma que o local de sua
25
COUTO, M.I.V. Efeitos do Ruído e da Reverberação na Discriminação Auditiva em Pré-
Escolares Ouvintes. São Paulo, 1994. Dissertação de Mestrado – PUC São Paulo.
construção seja silencioso, longe de avenidas barulhentas e arborizado.
Recomenda-se ainda:
ambiente escolar. Para tanto poderiam ser utilizados, cartazes, folders, cartilhas e
proposta pela SEDF, de 1,2m2/aluno, para pelo menos 1,5m2/aluno. Esta proposta,
educacional.
saúde.
outras sugestões podem ser valiosas para a melhoria dos recintos escolares:
b) estudo acerca das condições acústicas das salas de aulas, com o intuito de
pública, consultores acústicos, ergonomia etc, nas discussões acerca das condições
finalidade a que se destinam. No caso dos professores, essa situação pode ser mais
grave, uma vez que muitos fazem jornadas duplas, por vezes triplas, em salas de
aula.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
_____. NBR 10.152: Níveis de ruído para conforto acústico. Rio de Janeiro, 1987.
BERG, R. E.; STORK, D. G. The Physics of Sound. 2. ed. New Jersey, 1995. p.
219-224.
ROCHA, M. Sinal de alerta para a voz. Correio Braziliense, Brasília, 13 abr. 2003.
privadas de ensino.....................................................................108
Ruídos ...........................................................................................111
Caros colegas, este questionário foi desenvolvido para verificar as queixas mais
freqüentes a respeito das condições de trabalho e saúde do professor.
Para facilitar suas respostas ele foi dividido em partes, o que o tornou mais objetivo e
menos cansativo. Sua cooperação é muito valiosa.
PARTE 1
PARTE 2
1. Em relação às condições de trabalho, quais dos itens abaixo você considera prejudicial ao
seu desempenho.
PARTE 3
1. Em relação a sua saúde, quais dos sintomas abaixo você observa normalmente?
( ) sim ( ) não
2. De um modo geral, você consegue compreender com clareza as palavras proferidas pelos professores?
( ) sim ( ) não
3. Você considera que o barulho dentro da sala de aula prejudica suas atividades escolares?
( ) sim ( ) não
4. Você observa que em sua escola, o barulho externo prejudica o andamento das suas aulas? (Carros,
aviões, buzinas, caminhões, motocicletas etc).
( ) sim ( ) não