Você está na página 1de 111

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU


EM PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAL

MESTRADO

POLUIÇÃO SONORA EM ESCOLAS DO

DISTRITO FEDERAL

Autor: Alexandre de Oliveira Eniz

Orientador: Prof. Dr. Sérgio Luiz Garavelli

Brasília

2004
ALEXANDRE DE OLIVEIRA ENIZ

POLUIÇÃO SONORA EM ESCOLAS DO

DISTRITO FEDERAL

Dissertação submetida ao Programa de Pós-


Graduação Stricto Sensu em Planejamento e
Gestão Ambiental da Universidade Católica de
Brasília, para obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Sérgio Luiz Garavelli

Brasília

2004
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA

ALEXANDRE DE OLIVEIRA ENIZ

POLUIÇÃO SONORA EM ESCOLAS DO

DISTRITO FEDERAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação Stricto Sensu em Planejamento e
Gestão Ambiental da Universidade Católica de
Brasília, para obtenção do título de Mestre.

Área de concentração: Planejamento e Gestão


Ambiental

Banca Examinadora

_____________________________________________________________
Prof. Dr. Sérgio Luiz Garavelli – UCB
Orientador

_____________________________________________________________
Prof. Dr. Conrado Silva de Marco – UnB
Examinador Externo

_____________________________________________________________
Profa. Dra. Sueli Corrêa de Faria – UCB
Examinadora Interna
Q u e r o de d ica r e st e tr a b a lh o à m in h a

mãe, qu e m e sm o nã o t e nd o

o p o r t u n id a d e de e st u d o n o s e n sin o u

qu e e st e é o me lh o r cam in h o .

À Ad r ia n a , p e sso a b e la e

co m p r ee n siva ; so b r e t u do co mp a n h e ira .

À m in h a ir m ã Cé lia , qu e se m p r e ze l o u

p o r m im e m sua s o ra çõ e s.

Às m in o r ia s ( e m a io r ia s) e xclu í d a s e

m a r g in a liza d a s d e n o ssa so cie d a d e .


AGRADECIMENTOS

Agradeço aqui, em primeira instância, àquele que se faz presente em minha

vida, me confortando, iluminando e fortalecendo. Que a minha fé nunca se abale.

Deus, muito obrigado!

Àquelas pessoas que, de uma forma ou de outra, me apoiaram na confecção

deste trabalho. Seria difícil listar todas! Agradeço, então, coletivamente, àqueles

que, aos seus modos, contribuíram para que esta pesquisa se concretizasse.

À minha mãe, que sempre me proporcionou condições para que eu pudesse

superar obstáculos.

Aos meus amigos, que tenho certeza torceram pelo meu sucesso. Obrigado

Américo, Cléber, Hélio, Igor, João Paulo, Lígia, Magali, Verusca, Webster e Wesley!

Ao Prof. Dr. Antônio José de Andrade Rocha, que acreditou no meu trabalho e

me proporcionou acesso a uma bolsa de estudos!

Ao Prof. Dr. Sérgio Luiz Garavelli, que se tornou mais do que orientador.

Obrigado Sérgio, você é um exemplo de simplicidade e dedicação ao seu trabalho!

À Profa. Dra. Sueli Corrêa de Faria, pelo seu carinho e dedicação. Suas

contribuições foram de extrema valia para a confecção deste trabalho.

Aos funcionários da Administração do Núcleo Bandeirante e Taguatinga, da

Secretaria de Educação, às escolas que permitiram o desenvolvimento deste estudo

e aos alunos de iniciação científica da UCB, em especial Leonardo, Paulo Rafael e

Umberto.

À CAPES, pelo incentivo financeiro prestado durante parte do meu mestrado.

Meus sinceros agradecimentos!


SUMÁRIO

RESUMO............. ............................................................................ v ii
ABSTRACT....... .............................................................................. viii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ....................................................................ix
LISTA DE TABELAS ........................................................................... x
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ....................................................xi
1 INTRODUÇÃO ............................................................................... 12
1.1 Ju sti f i cativ a ............................................................................... 16
1.2 Perg unt a s de pe sq ui sa ................................................................. 20
1.3 Objetiv o geral ............................................................................. 20
1.4 Obj etiv os e sp ecíf i cos ................................................................... 21

2 P0LUIÇÃO SONORA ....................................................................... 22


2.1 Co ncei to s f ísi co s ........................................................................ 23
2.1.1 Ond a s son ora s ......................................................................... 23
2.1.2 Tempo de rev erberação ............................................................. 30
2.2 Le gi sl aç ão e norm a s técni ca s ........................................................ 32
2.3 Ef ei tos do r uído no pr oce sso en si n o- apre ndi za gem ........................... 36
2.4 A rel açã o si nal /ruído ................................................................... 38
2.5 Ef ei tos pote nci ai s do r uído n a sa úde hum ana .................................. 44
2.5.1 Perda auditiv a induzida por ruído ................................................ 46
2.5.2 Efeito nas cordas v ocais ............................................................ 47
2.5.3 Efeitos na saúde mental ............................................................ 49
2.5.4 Di stúrbi o s do so no .................................................................... 51
2.5.5 Efeitos na performance .............................................................. 52
2.5.6 Efeitos no comportamento .......................................................... 54

3 METODOLOGIA DE PESQUISA ........................................................ 56


3. 1 Mét o do d e av ali ação do s ní v ei s de p r essão son ora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
3.2 Av aliação do tempo de rev erberação .............................................. 60
3.3 Pe sq ui sa com prof essore s e al un o s ................................................ 62

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................... 64


5 CONCLUSÕES ............................................................................... 93
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 101
APÊNDICES.... ............................................................................... 106
RESUMO

A concentração da população em grandes centros urbanos tem agravado a


contaminação acústica, exigindo soluções que controlem seus efeitos na qualidade
de vida dos cidadãos. A Organização Mundial da Saúde considera 55 dB como o
início do estresse auditivo. Para níveis acima de 65 dB, começa o estresse
gradativo, causando fadiga, irritabilidade, perturbação do sono, falta de
concentração, dentre outros, o que prejudica a saúde e o bom desempenho das
atividades diárias. Em escolas muito “barulhentas”, é comum a existência de alunos
mais dispersos ou agitados. Níveis de ruído elevado, combinado com tempo de
reverberação inadequado para uma sala de aula, interferem na inteligibilidade da
fala, resultando na redução do entendimento e, portanto, numa maior dificuldade de
aprendizado. O objetivo deste trabalho foi investigar as condições acústicas em
salas de aula de escolas da rede pública e privada do Distrito Federal e a percepção
de alunos e professores acerca do problema da poluição sonora no ambiente
escolar. Para tanto, foram escolhidas dez escolas, privadas e públicas, onde foram
analisados os níveis de pressão sonora (NPS) em sala, além do tempo de
reverberação (TR). Os NPS foram medidos durante o período das aulas e, ainda,
durante o recesso escolar, medida que caracterizou o ruído de fundo. Para
complementar o estudo, aplicou-se um questionário junto a professores e alunos, a
fim de conhecer sua percepção acerca das condições de trabalho e saúde.
Constatou-se que professores e alunos estão convivendo diariamente com os ruídos
advindos do tráfego de aviões, caminhões, ônibus, carros de propaganda etc.
Durante o período das aulas, os NPS variaram de 42,3 a 118,0 dB (A). No recesso
escolar, metade das escolas apresentou níveis de ruído acima daqueles
recomendados pelas normas. Quanto ao TR, apenas uma escola estava de acordo
com a legislação vigente. No Distrito Federal, os ambientes escolares mais
fortemente afetados pela poluição sonora são aqueles que se encontram localizados
em regiões desprovidas do mesmo padrão de planejamento destinado à cidade de
Brasília. São edificações mal localizadas dentro da malha urbana e sem qualquer
tipo de tratamento acústico. Os resultados encontrados revelam uma situação crítica,
indicando que as condições observadas não estão adequadas à finalidade a que se
destinam.
ABSTRACT

In big cities with high human concentration the acoustic contamination is huge. This
situation demands control effects to improve the citizens’ quality of life. World Health
Organization (WHO) indicates that 55 dB is the first level of audible stress. If the
noise levels it’s higher than 65 dB, audible stress starts gradually, causing fatigue,
irritation, sleeping disturbances, low focus, health problems and disturbing the good
diary activity’s performance. At noise’s schools normally have students who are
scatterbrained or agitated. In a classroom, the combination between high noise levels
and an inadequate reverberation time, can cause interference in speech’s
intelligibility, which results is low understandings levels and a reduced learning
capability. The goals of this work was investigate the acoustics conditions of the
classrooms in the public and private Distrito Federal’ schools and verify the students
and teachers’ sense about schools’ noise pollution situation. Ten schools, between
public and private, were chose. Two tests were made, the noise pressure level (NPS)
and the reverberation’s time (TR). The NPS were measured in class time and on
vacation (with this measure the background noise was analyzed). A questionnaire
was applied to the teachers and the students, to check they perception about works
and health. Teachers and students are continually exposed to different kinds of
noises (aircraft, heavy vehicles and advertising sound cars). The NPS, in class time,
was between 42,3 and 118,0 dB (A). On vacation, half of schools presented noise
levels over that recommended by standards. To TR only one school met established
in the current legislation. In the Distrito Federal, the most affected schools by noise
pollution are located in places without the same standard planning of Brasilia. The
buildings are bad located in the city and doesn’t have any acoustic treatment. The
results show a critic situation indicating that observed conditions aren’t good enough
to achieve the objectives that they were created.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

1 Ruído s e seu s v al ores m édi o s d e i nten si d ade em dB (A) ...................... 27

2 Rev erberaçã o: curv a de decai m ent o de u m som im pul siv o em um am bi ent e

fechado ....................................................................................... 31

3 Ruído de f undo da s sal a s de a ul a m ai s pr óx im as à rua ou av eni da ........ 73

4 T em po de rev erberaç ão (t 60) p ara sal a s de soc up ad a s – 250, 50 0, 100 0 e

2000 Hz ....................................................................................... 78

5 Queixas com relação às condições de trabalho: barulho ...................... 83

6 O barul ho ex tern o pr ej udi ca o a nd am ento de sua s aul a s? .................... 86

7 Você tem o co stum e de a um entar o tom de v oz em sal a de a ul a? .......... 88

8 Índi ce de ate sta do o u l i cença m édi ca – R ede P úbl i ca .......................... 90

9 O barul ho ex tern o pr ej udi ca o a nd am ento de sua s aul a s? .................... 91


LISTA DE TABELAS

1 Índices de reconhecimento de fala (IRF) médios de e st uda nte s x

deficientes auditiv os sob diferentes condições de tempo de rev erberação

e rel açõ e s si nal /ruído ................................................................... 39

2 Nív ei s de pr e ssã o son ora dur ante o perí o do de aul a – 2a séri e d o EM .. 66

3 Nív ei s de pr e ssã o son ora dur ante o perí o do de aul a – 6a séri e d o EF ... 69
a
4 Nív ei s de pr e ssã o son ora dur ante o perí o do de aul a – 3 séri e d o EF ... 71

5 Ruído de f undo da s sal a s de a ul a m ai s pr óx im as à rua ou av eni da ....... 72

6 Esti m ativ a do fl ux o de v eícul os no tu rno da m anhã – Escol a 1 ............ 75

7 Esti m ativ a do fl ux o de v eícul os no tu rno da m anhã – Escol a 1 0 ........... 76

8 Volume das salas de aula .............................................................. 79

9 Principais queixas sobre as condições de trabalho ............................ 82

10 Pri nci pai s q uei x as r el ativ as à saú de ............................................... 84

11 Principais queixas feitas pelos professores quanto ao andamento das

aul a s – E sc ol a 1 .......................................................................... 85

12 Principais queixas feitas pelos professores quanto ao andamento das

aul a s – E sc ol a 10 ........................................................................ 87

13 Di agn ó sti co m édi co ...................................................................... 89

14 Você ti rou at e stad o ou entro u de l i cenç a m édi ca no s úl ti m os 90 di a s? .. 90

15 O barulho dentro da sala de aula prejudica suas atividades? .............. 92


LISTA DE SIGLAS

1 ABNT – Associ açã o Bra si l ei ra de N orm as Téc ni ca s


2 ANSI – Associ ati on Nati o nal Stand ard In sti tute
3 ASHA – American Speech Language Hearing Association
4 COE – Código de Edificações
5 GEA – Gerência de Engenharia e Arquitetura
6 IBGE – Fundaç ão In sti tuto Br a si l ei ro de Geo graf ia e E statí sti ca
7 NBR – Norm a Bra si l ei ra de Re gi str o
8 NGB – Norm as de Edi f i cação, U so e Ga bari to
9 OMS – Organização Mundial da Saúde
10 PDL – Plano Diretor Local
11 RA – Regi ã o Adm i ni strativ a
12 SBLV – Soci eda de Br a si l ei ra de La ri ngol o gi a e V oz
13 SEDF – Secretari a de Ed ucaç ão d o Di stri to Feder al
14 SEDUH – S ecreta ri a de D e se nv olv im ento Urba no e Habi taç ão
15 SI – Si stem a Interna ci onal d e Medi da s
16 UCB – Univ ersi da de C atól i ca de Br a síl i a

LISTA DE ABREVIATURAS

1 cm – centímetro
2 h – horas
3 m –m et ro
2
4 m – metro quadrado
3
5 m – metro cúbico
6 min – minutos
7 N – Ne wt o n
8 NPS – Nív el de Pre ssã o Son ora
9 p – página
10 s – se gu nd o
11 TR – Tempo de Rev erberação
12 dB – Decibel
13 Hz – Hertz
14 LAeq – Nív el de Pressão Sonora Equiv alente medido na banda A
15 log – Logaritmo base 10
16 % – Por cento
17 W – W at t
1 INT RO DUÇÃO

“Os problemas ambientais nascem da relação entre os seres humanos e a

natureza. Da forma como se apresentam hoje, eles parecem não ter solução, pois

fazem parte de uma crise contínua e crescente, que é social, cultural, política,

econômica, ecológica etc. Trata-se, pois, de uma crise de valores” (LEVI, 1990, p.

17).

Dentre as várias manifestações de agressão ao meio ambiente, existe uma

modalidade que deve ser discutida mais intensamente, uma vez que traz uma série

de conseqüências para a saúde e qualidade de vida humana. Esse tipo de poluição,

que põe o organismo em estado de alerta, preparando-o contra o ataque de um

inimigo invisível, penetrante, que não deixa resíduo e não dá consciência às vítimas

do mal, é a poluição sonora. A poluição sonora é uma das formas de poluição

ambiental que mais vem se agravando, exigindo soluções que controlem seus

efeitos na qualidade de vida dos cidadãos.

Disseminado-se fortemente nos grandes centros urbanos, a poluição sonora

vem trazendo prejuízos a vários setores da sociedade moderna, tais como: hospitais,

residências, comércio, escolas, dentre outros. Para se ter uma idéia, na União

Européia, 40% da população está exposta aos ruídos provindos do tráfego urbano

(WHO, 1999).

No Brasil, as maiores preocupações com esse tipo de poluição ainda estão

voltadas para a população de trabalhadores da indústria. Quanto ao ambiente

escolar, objeto principal desta pesquisa, os estudos ainda são escassos. Pouco se

tem discutido sobre o ambiente escolar no que se refere aos aspectos físicos –

luminosidade, temperatura, circulação de ar, ambiente arquitetônico e ambiente

sonoro – especialmente na região do Distrito Federal (DF). Embora todos esses


itens sejam relevantes, esta pesquisa contempla essencialmente o aspecto sonoro,

tendo em vista suas implicações no processo ensino-aprendizagem e os efeitos

nocivos causados na saúde de professores e alunos de escolas da rede pública e

privada de ensino.

A quase ausência de estudos sobre o ambiente escolar no DF – poluição

sonora em salas de aula – mostra a relevância desta pesquisa. O tema ainda não

faz parte das discussões dos profissionais que atuam no Ensino Fundamental e

Médio, mas há necessidade crescente de que os mesmos possam, pelo

conhecimento, identificar, minimizar e superar efetivamente as interferências

negativas que um ambiente acusticamente inadequado pode trazer ao processo

ensino-aprendizagem e à saúde de professores e alunos.

O ambiente escolar, destinado à produção cultural e formação do cidadão,

pode, por vezes, tornar-se um ambiente ruidoso, pelas próprias atividades de alunos

e professores. Tais atividades envolvem uma gama de sentimentos e emoções, que

os remete a elevados níveis de pressão sonora (NPS), sem que percebam ou

mesmo atentem para o fato.

Além disso, muitas escolas do Ensino Fundamental e Médio não estão isentas

do ruído advindo do tráfego de veículos automotivos, principal vilão da poluição

sonora nos grandes centros urbanos. Cada carro de passeio é uma fonte emissora

de 70-75 dB (A) a sete metros de distância (SOUZA, 2000).

A cidade de Brasília, inaugurada em 1960 para ser o centro de tomadas de

decisões político-administrativas e econômicas do país, foi projetada por Lúcio Costa

para abrigar 500 mil habitantes, no ano 2000, e portar-se “... não apenas como urbs,

mas como civitas, possuidora dos atributos inerentes a uma nova Capital...”

(COSTA, 1957, p. 20). Embora essa fosse a perspectiva, o idealizador do projeto


não contava com o adensamento populacional em torno da cidade. Assim, segundo

dados do último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,

2000), a população de Brasília e entorno ultrapassa os 2 milhões de habitantes. De

agosto de 1996 a agosto de 2000, a taxa anual de crescimento foi de 2,91%.

Paralelamente ao crescimento populacional, verifica-se relevante aumento das

pressões sobre o meio ambiente. Desmatamento, destruição de nascentes, criação

de favelas, aumento da frota de veículos, que geram poluição de diversas

modalidades. A poluição sonora que, segundo a Organização Mundial da Saúde

(OMS, 1980), é a terceira mais grave forma de poluição, só perdendo para a

poluição do ar e da água, vem se agravando, reduzindo cada vez mais a qualidade

de vida nas grandes cidades.

Diante dessa situação, temos um quadro preocupante, uma vez que o

ambiente escolar é suscetível a esse tipo de poluição. Souza (2000), referindo-se à

poluição sonora, afirma que milhões de cidadãos passivos do terceiro mundo estão

ficando perturbados física, mental e psicologicamente, perdendo sua capacidade

intelectual. Compromete-se o raciocínio, a comunicação oral, a educação e o bem-

estar, limitando as potencialidades humanas.

Dentre os problemas causados pelo ruído, ressalta-se a falta de concentração,

baixa produtividade, interferência na comunicação e dificuldade na aprendizagem de

crianças e adolescentes. De acordo com Schick; Klatte; Meis (2000), as crianças e

adolescentes são sempre excluídos dos estudos em larga escala dos efeitos

causados pelo ruído. O ambiente ruidoso acarreta danos à saúde humana. “Fadiga,

nervosismo, reações de estresse, ansiedade, falta de memória, cansaço, irritação,

problemas com as relações humanas”, são todos efeitos potenciais já claramente

identificados (WHO, 1999, p. 42).


Uma vez que o ambiente escolar foi desenvolvido para maximizar as

potencialidades humanas, é imprescindível que este esteja adequado à finalidade a

que se destina.

Quick & Lapertosa (1981, p. 51), afirmam que “o problema do ruído dever ser

encarado seriamente, não só no ambiente industrial, mas também na comunidade

em geral, pois ele afeta as pessoas na sua individualidade e na coletividade,

alterando seu comportamento e relacionamento".

Nesse sentido, esta dissertação procura investigar os níveis de pressão sonora

a que estão sujeitas escolas da rede pública e privada do DF, tomando como

referência escolas localizadas em Brasília, Taguatinga e Núcleo Bandeirante.

Com o intuito de contextualizar a importância do estudo, verifica-se também se

o Plano Diretor Local (PDL) de Taguatinga e as Normas de Gabarito (NGB) do

Núcleo Bandeirante prevêem ações contra a poluição sonora, e se as escolas

pesquisadas obedecem ao Art. 6º do Decreto n. 20.769, de 03 de novembro de

1999, que aprova as normas relativas a obras de construção e de modificação em

estabelecimentos de ensino destinados à Educação Infantil, ao Ensino Fundamental

e ao Ensino Médio do Sistema de Ensino do Distrito Federal.

Entendendo que o processo ensino-aprendizagem, principalmente dos mais

jovens, fica comprometido pelo excesso de ruído, além dos vários males causados à

saúde humana, o presente trabalho visa alertar a comunidade civil, órgãos

governamentais, planejadores urbanos e ambientalistas, para um tipo de poluição

que não é devidamente avaliada, seja pelo escasso número de trabalhos científicos,

por não arrolar provas suficientes de convencimento, ou por não se poder captar a

causa pelos próprios olhos, nesta era considerada de predomínio visual (SOUZA,

2000).
1.1 Justificativa

A idéia de pesquisar o tema poluição sonora em escolas surgiu em função do

meu trabalho como professor de Física, no Ensino Médio, num Colégio situado no

Núcleo Bandeirante, Região Administrativa do Distrito Federal. Geralmente, as aulas

depois do intervalo eram muito conturbadas, pois os alunos se mostravam inquietos

e falantes. A conversa era excessiva e barulhenta. Pude perceber, com o passar dos

meses, que o barulho advindo da área externa ao colégio era demasiado – carros,

motos, apitos, buzinas, aviões etc – o que poderia estar contribuindo para aquele

comportamento. Por várias vezes, durante a aula, a turma perdia a concentração em

função do ruído excessivo advindo do tráfego aéreo e/ou terrestre.

Resultados de um levantamento inicial dos níveis de pressão sonora, realizado

em parceria com o grupo de Pesquisa da Universidade Católica de Brasília (UCB),

confirmaram que os níveis de ruído estavam acima daqueles recomendados pelas

normas vigentes. Com base nos resultados preliminares, que denotaram a

importância do assunto, iniciou-se um levantamento bibliográfico, que demonstrou

ser esse tipo de estudo relativamente escasso, no Brasil, e praticamente inexistente,

no Distrito Federal.

Desse ponto em diante, optou-se por uma linha de pesquisa investigativa, com

o intuito de evidenciar a real situação das escolas do DF, no tocante à poluição

sonora. Professores, alunos e funcionários estão sendo “contaminados” e não

percebem, uma vez que os efeitos desse tipo de poluição só aparecem após um

certo tempo de exposição, variando de pessoa para pessoa.

É importante destacar que, nas grandes cidades, além do ruído, inúmeros

outros problemas ambientais têm influenciado a qualidade de vida dos cidadãos:

poluição causada pela emissão de gases, poluição de rios e lagos, deslizamento de


encostas ocupadas por favelas etc. Esses problemas são, em sua grande maioria,

conseqüências da concentração de atividades econômicas nos grandes centros

urbanos (OLIVEIRA; MEDEIROS; DAVIS JÚNIOR, 2000).

O excesso de ruído urbano tem trazido significativos prejuízos às populações

das cidades, principalmente àquelas não planejadas, como é o caso do Núcleo

Bandeirante e Taguatinga. Dentre os prejudicados pelo ruído, destaca-se o ambiente

escolar. Escolas que sofrem com o ruído externo, tráfego aéreo e terrestre, têm seu

espaço físico comprometido, uma vez que altos níveis de pressão sonora (NPS)

comprometem o desempenho escolar além de prejudicar as condições de trabalho e

saúde de professores e alunos.

As crianças, em geral, são as mais prejudicadas, pois estão na fase de

aquisição de vocabulário e leitura, nem sempre compreendendo com exatidão as

palavras proferidas por seus professores. Assim, se o ambiente for acusticamente

inadequado, esse grupo de estudantes será potencialmente o mais prejudicado.

Quanto aos adolescentes, eles conseguem compreender melhor as palavras

num ambiente ruidoso, sofrendo talvez uma perda relativamente menor, porém não

menos importante. Outros aspectos que ficam evidentes, em crianças e

adolescentes, são a perda de concentração, desinteresse, mudança de

comportamento, decréscimo da capacidade de trabalho, reações de estresse e

aumento significativo do tom de voz na comunicação verbal. Este último fato fica

evidente na comunicação entre alunos e professor. Segundo Junqua1 (1993 apud

BRADLEY, 2002, p.3), “os professores parecem falar num tom de voz mais alto em

classes de estudantes mais jovens”. Este, provavelmente, é um exemplo do

1
JUNQUA, J.C. The Lombard reflex and its role on human listeners and automatic speech
recognizers. Journal Acoustic Society American. 1993. p. 2145-146.
chamado Efeito Lombard, o qual se refere à nossa natural tendência a aumentar a

voz em ambientes mais ruidosos.

Esse tipo de efeito se faz presente em várias escolas do Distrito Federal, seja

na esfera pública, seja na esfera privada. Salas com número excessivo de alunos,

professores desmotivados, cansados, estressados, irritados, com problemas de

insônia, dor nas costas, nas pernas, dor de garganta, rouquidão etc, são sintomas

dos quais, por vezes, não se sabe a origem. Segundo pesquisas da Organização

Mundial da Saúde (OMS, 1999), alguns desses problemas podem estar relacionados

com o excesso de ruído nas escolas; nas áreas internas, por vezes intensificados

por ruídos externos, principalmente os provindos do tráfego aéreo e terrestre.

A reportagem “Sinal de alerta para voz” publicada pelo Correio Braziliense, de

13 de abril de 2003, chama a atenção para o problema da perda da voz, ressaltando

que a sociedade Brasileira de Laringologia e Voz (SBLV) calcula que 30% dos

brasileiros apresentam dificuldades para falar, o que resulta em perdas sociais, tais

como o afastamento do trabalho. Sem a voz, mais de 50% da população

economicamente ativa do país não teria condições de trabalhar, mesmo que a fala

não fosse o foco principal de suas atividades. Quanto aos professores, estima-se

que 2% do total – cerca de 25 mil profissionais – serão afastados das suas funções,

por problemas na laringe e nas cordas vocais. Segundo a mesma reportagem,

17,8% dos professores da rede pública do Distrito Federal, apresentam sintomas de

disfunção vocal.

Professores e alunos – do Ensino Infantil ao Médio – estão convivendo

diariamente com níveis de ruído acima daqueles recomendados pelas normas NBR

10.151 e NBR 10.152, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Levantamentos preliminares, realizados numa escola situada no Núcleo


Bandeirante, revelaram níveis de até 67 dB (A) – medidos com a escola em recesso

escolar –, ou seja, níveis superiores aos 50 dB (A) recomendados pelas normas.

Segundo Cantrell2 (1974 apud SOUZA, 2000, p.12), “o barulho transitório a

partir de 35 dB (A) já provoca reações vegetativas, que em longo prazo e em níveis

mais elevados, a partir de 70 dB (A), se convertem permanentemente em

hipertensão arterial, úlcera péptica, estresse, irritação, excitação maníaco-

depressiva, arteriosclerose e até mesmo infarto”.

Se considerarmos a escola em plena atividade, esses valores tendem a subir.

Medidas realizadas por um grupo de pesquisa da Universidade Católica de Brasília

(UCB) mostram uma realidade preocupante, uma vez que o nível de pressão sonora

equivalente (LAeq) alcançou valores para o ruído de fundo superiores a 70 dB (A).

Cantrell (1974) observou ainda aumento de liberação de 25% de colesterol e

68% de cortisol em jovens submetidos a ruídos de fundo de 50 a 70 dB (A), com

picos de cerca de 85 dB (A) só a 3% do tempo de exposição. Isso significa, pelos

níveis de ruído urbano, com especial atenção às escolas, que jovens e adultos estão

se sujeitando a sérios distúrbios hormonais que operam na “surdina”, uma vez que

seus efeitos se revelam a médio e longo prazo e ainda não são evidentes como um

“raio da morte” abatendo de imediato a vítima (SOUZA, 2000).

O excesso de ruídos tem trazido sérios danos à saúde humana e

“mansamente” tem invadido ambientes residenciais, escolares, hospitalares etc,

tornando-se um inimigo sutil e imperceptível. Faz-se necessário, então, que

planejadores, administradores e urbanistas passem a levar em conta, os efeitos do

ruído para saúde humana e os prejuízos que causam ao processo ensino-

2
CANTRELL, R.W. Prolonged exposure to intermittent noise: audiometric, biochemical, motor,
psychological and sleep effects. The Laryngoscope, v. 1, n. 84(10/2), p. 1-55, 1974.
aprendizagem, para que os mesmos possam elaborar planos de Ordenamento

Territorial, de modo a controlar e prevenir com maior eficiência, o ruído em áreas

urbanas.

1.2 Perguntas de pesquisa

As salas de aula das escolas públicas e privadas do Distrito Federal são

adequadas, do ponto de vista do conforto acústico, ao tipo de atividade a que se

destinam?

Os níveis de pressão sonora a que estão submetidas as salas de aula das

escolas da rede pública e privada de ensino do DF afetam as condições de trabalho

e saúde de professores e alunos?

Há uma fiscalização efetiva dos órgãos competentes, no que se refere às

condições acústicas das escolas do DF?

O Plano Diretor Local (PDL) de Taguatinga e as Normas de Gabarito (NGB) do

Núcleo Bandeirante possuem ações preventivas contra a poluição sonora no âmbito

escolar?

1.3 Objetivo geral

Investigar as condições acústicas em salas de aula de escolas da rede pública

e privada do Distrito Federal e a percepção de professores e alunos acerca do

problema da poluição sonora no ambiente escolar, tomando como referência escolas

localizadas em Brasília, Taguatinga e Núcleo Bandeirante.


1.4 Objetivos específicos

Para orientar a pesquisa de modo a torná-la consistente, foram traçados quatro

objetivos específicos:

1. Verificar os níveis de pressão sonora (NPS) a que estão submetidas as salas

de aula de escolas da rede pública e privada de ensino do DF e, ainda, medir o

tempo de reverberação nesses ambientes.

2. Conhecer a percepção de alunos e professores acerca das condições de

conforto ambiental oferecidas por escolas da rede pública e particular de ensino, à

saúde e ao desempenho.

3. Identificar as principais causas de poluição sonora no ambiente escolar e no

entorno das escolas.

4. Verificar se o Plano Diretor Local de Taguatinga e as Normas de Gabarito do

Núcleo Bandeirante possuem ações destinadas a prevenir ou mitigar a poluição

sonora no ambiente escolar.


2 PO L UIÇ ÃO SO NO R A

Segundo a Agenda 21 (CNUMAD, 2000, p. 74), “as condições de vida sofríveis

das zonas urbanas e periferias urbanas estão destruindo vidas, saúde e valores

sociais e morais de milhares de pessoas. Além de expor as populações a sérios

riscos ambientais, o crescimento urbano deixou as autoridades governamentais sem

condições de proporcionar às pessoas os serviços de saúde ambiental necessários.

A poluição ambiental das áreas urbanas está associada a níveis excessivos de

insalubridade e mortalidade".

A mesma fonte ressalta (CNUMAD, 2000, p. 70), que “os jovens são

particularmente suscetíveis aos problemas associados ao desenvolvimento

econômico e urbano, o que freqüentemente debilita as formas tradicionais de apoio

social essenciais ao desenvolvimento saudável dos mesmos”.

Tratando especificamente da questão da poluição sonora nos centros urbanos,

Azevedo3 (1982 apud SOUZA, 1992), afirma que as cidades mais barulhentas do

mundo são o Rio de Janeiro e São Paulo. Nestas, as medições nas ruas e nas casas

ultrapassam 85 dB (A), produzindo na maioria de seus habitantes níveis de estresse

avançados. A poluição sonora constitui um dos fatores de risco para a saúde de

grande parte das pessoas do país, agravando as doenças cardio-vasculares e

infecciosas, interferindo na recuperação dos enfermos e tornando-se mais fácil o

adoecer dos sãos (SOUZA, 1992).

As condições físicas e psicológicas são afetadas, principalmente em indivíduos

com predisposições, acarretando redução do desempenho, instabilidade de humor,

3
Azevedo, A.V. O país do barulho. Revista Veja, p. 99, 23 jun. 1982.
infarto, agressividade, alterações emocionais (depressões e excitações), estresse,

dentre outros males.

A Organização Mundial da Saúde (OMS, 1980) considera 55 dB (A) o início do

estresse auditivo. O tráfego aéreo e terrestre, considerado o maior vilão da poluição

sonora nos grandes centros urbanos, contribui sistematicamente para altos níveis de

ruído podendo levar os moradores das grandes cidades a desequilíbrios psíquicos e

deixá-los, ao mesmo tempo, vulneráveis a doenças físicas degenerativas. Além de

São Paulo e Rio de Janeiro, muitas outras capitais convivem com o excesso de

ruído, como é o caso de Belo Horizonte, e mais recentemente o Distrito Federal, cuja

população já começa a sofrer os seus efeitos.

2.1 Conceitos físicos

2.1.1 Ondas sonoras

O som é uma perturbação mecânica do meio ambiente, devido às vibrações de

um corpo emitente, que se desloca a partir de uma posição de equilíbrio. Essas

vibrações provocam variações de pressão do ar, acima e abaixo da pressão

atmosférica. É possível, portanto, defini-lo como sendo o resultado de um movimento

vibratório especial da matéria, transmitindo-se através dos meios elásticos, e capaz

de impressionar nosso ouvido.

Sendo assim, uma “onda sonora, mais especificamente, é uma variação de

pressão que se propaga no ar ou em qualquer outro meio. A pressão no ar, num

ponto, eleva-se acima da atmosférica (1,0 x 105 N/m2), torna-se menor que esta, a

seguir volta a aumentar, e assim por diante. O resultado é uma propagação dessa

variação de pressão, que tem a forma de uma onda" (ACIOLI, 1994, p. 292).
A variação de pressão, quando chega ao ouvido, causa vibração das partículas

do ar no tímpano – afastamento ou deslocamento das partículas materiais de sua

posição de equilíbrio – transmitindo ao ser humano, no caso, a sensação do som. A

diferença máxima entre a pressão do ar e a atmosférica é chamada amplitude de

pressão.

Para Acioli (1994), as amplitudes de variação de pressão dos sons mais

intensos tolerados pelo ouvido humano são da ordem de 28 N/m2, enquanto que as

amplitudes de acréscimo de pressão para os sons mais fracos são da ordem de

2,0 x 10-5 N/m2, revelando um fator da ordem de 1.400.000. Tais valores indicam que

o ouvido humano possui alto grau de sensibilidade e complexidade. Nepomuceno

(1994), afirma que o sistema auditivo é o mais sensível do organismo, superando até

mesmo o sistema visual. Para a autora, a região de maior sensibilidade do ouvido

situa-se entre 2000 Hz e 3000 Hz, dentro da faixa de freqüências audíveis, que

varia, normalmente, de 20 Hz a 20.000 Hz.

Dentro do espectro audível, todos os sons têm potencial de serem descritos

como ruídos, mas sua classificação é subjetiva e sua distinção se refere ao fato de

ser ou não desejável (RUSSO, 1999, p. 157). Sendo assim, o termo ruído é utilizado

para descrever um “sinal acústico aperiódico, originado da superposição de vários

movimentos de vibração com diferentes freqüências, que não estabelecem

necessariamente relação harmônica entre si” (FELDMAN & GRIMES4, 1985 apud

RUSSO, 1999, p.157).

4
FELDMAN, A.S.; GRIMES, C.T. Hearing Conservationin Industry. Baltimore, The Williams &
Wilkins, 1985.
Intensidade de energia sonora

“A intensidade I de uma onda que se propaga é definida como a média no

tempo da quantidade de energia transportada pela onda por unidade de área e por

unidade de tempo através de uma superfície perpendicular à direção de

propagação” (ACIOLI, 1994, p. 293).

I = Energia / Área x Tempo

Em resumo, os valores de intensidades de energia sonora audíveis para um

tom de 1000 Hz (valor de referência) variam de 10-12 W/m2 a 102 W/m2, no Sistema

Internacional de Medidas (SI).

Nível de intensidade sonora

O ouvido humano é capaz de responder a uma gama muito grande de

variações de pressão ou de intensidade de energia sonora. O som mais intenso que

o ouvido pode receber sem sensação de dor tem cerca de 1012 vezes a intensidade

(ou 106 vezes a pressão) do mais fraco som audível.

Com a finalidade de facilitar a leitura de tão grande variação de intensidade

sonora audível, foi adotado o BEL como unidade e, na prática o seu submúltiplo, o

Decibel – dB. Esta unidade não mede uma grandeza absoluta, mas sim uma

grandeza relativa, avaliando a razão entre duas intensidades sonoras.

Segundo Nepomuceno (1994, p. 50), “deu-se o nome de Bel ao resultado do

logaritmo da relação entre determinada intensidade e a intensidade de referência ou

da relação entre determinada pressão e a pressão de referência”.


Portanto, segundo a autora, o Bel não é uma unidade, mas sim a relação

logarítmica entre duas grandezas, tomando-se uma delas como referência.

NIS = 10 log (I/I0), onde:

I é a intensidade sonora em W/m2;

I0 é a intensidade de referência = 10-12 W/m2; e corresponde,

aproximadamente, à intensidade de um tom de 1000 Hz, que é o menor valor de

intensidade de energia audível para o ouvido humano normal.

Para Gerges (2000, p. 7), o “ouvido humano responde a uma larga faixa de

intensidade sonora, desde o limiar da audição até o limiar da dor”. Em valores, o

limiar da audição humana, ou seja, o mínimo de energia sonora que o aparelho

auditivo pode discriminar equivale ao já referido 10-12 W/m2. Quanto ao limite

superior da audição humana, o máximo de energia e pressão sonora, ligados ao

limiar da dor são 102 W/m2 e 200 N/m2, respectivamente.

Aqui, é importante ficar claro que a intensidade sonora é proporcional ao

quadrado da pressão sonora. No caso do Nível de Pressão Sonora (NPS), o padrão

de referência equivale à menor pressão audível, que por sua vez, equivale à menor

intensidade de energia audível. Desta forma, o NPS é dado por:

NPS = 10 log (P2/P02) = 20 log (P/P0), onde:

P é a pressão sonora em N/m2;

P0 é a pressão de referência = 2 x 10-5 N/m2 correspondente ao limiar da

audição para a freqüência de 1000 Hz.

Outro aspecto importante da escala dB é que ela apresenta uma correlação

com a audibilidade humana muito melhor do que a escala absoluta em N/m2 ou

W/m2. Assim, para cada valor de pressão ou intensidade sonora há um

correspondente valor em decibels (dB).


Na figura 1, são apresentados os principais ruídos a que estamos expostos e

seus respectivos níveis médios de intensidade e pressão sonora. São valores

apenas aproximados, podendo ser mais ou menos elevados.

Nível de Intensidade
e Pressão Sonora

Nível Subjetivo Descrição (dB) (Pa)


Câmara anecóica 0 20 µ
Limiar de audibilidade normal
Muito Respiração normal, deserto, região polar sem 10 _
Silencioso ventos
Movimento de folhas nas árvores, estúdios de 20 200 µ
gravação, sussurro
Noite no campo, quarto de dormir, hospital em 30 _
Silencioso bairro tranqüilo
Sala de aula ideal, escritório ideal, ruídos caseiros, 40 0,002
conversa telefônica
Escritório calmo, restaurante calmo, agência 50 _
Tranqüilo bancária com baixo movimento
Conversação entre vários indivíduos, escritório 60 0,02
movimentado, canto de pássaros
Moderado Rádio, TV em volume médio, rua de médio 70 _
movimento, carro de passeio
Barulhento Auto-estrada, grito, escritório muito barulhento, 80 0,2
caminhão a diesel
Observação: Zona de perigo – Nocividade Auditiva
Fábricas, orquestra sinfônica, aspirador de pó, 90 _
Barulhento liquidificador, caminhão pesado a 15m
Indústria mecânica, cortador de grama, fundição,
tecelagem, marcenaria, discoteca, fones de ouvido 100 2
em volume máximo
Muito barulhento Trem de metrô, sirene, buzina de carro, conjunto 110 _
de rock, construção, discoteca, turbina de avião
Motocicleta, carro de corrida, 120 20
Limiar do desconforto auditivo
Martelo pneumático, turbina de avião a 5m 130 _

Estrondoso Limiar da dor 140 200


Decolagem de avião a jato, tiro de revólver 150 _
FIGURA 1 – Ruídos e seus valores médios de intensidade em dB (A)
FONTE: RUSSO, I. C. P. Acústica e psicoacústica aplicadas à fonoaudiologia. 2. ed. São Paulo.
Lovise, 1999.

Para a confecção deste trabalho, considerou-se ainda o Anexo A da NBR

10.151, da Associação Brasileira de Normas Técnicas.


Esse anexo apresenta um método alternativo para o cálculo do nível de

pressão sonora equivalente, LAeq, quando o medidor de nível de pressão sonora não

dispõe dessa função, que é o caso do medidor da Minipa, modelo MSL 1352 A tipo2,

que foi utilizado na pesquisa. Nesse caso, o nível de pressão sonora equivalente,

LAeq, em dB(A), deve ser calculado pela expressão:

T
1 P2
LAeq = 10 log ( dt )
T 0 P02

ou

n Li
1
LAeq = 10 log ( 10
10 ) , onde:
n i =1

T é tempo de integração;

P(t) é a pressão sonora instantânea;

P0 é pressão sonora de referência (2,0 × 10-5 N/m2);

LAeq representa o nível contínuo estacionário equivalente em dB(A), que tem a

mesma energia que o nível variável considerado;

Li é o nível de pressão sonora, em dB (A), lido em resposta rápida (fast) a cada 5s,

durante o tempo de medição do ruído e;

n é o número total de leituras.

Além do nível de pressão sonora equivalente, foram relacionados:

Lmín: menor nível de pressão sonora num determinado intervalo de tempo;

Lmáx: maior nível de pressão sonora num determinado intervalo de tempo;

L10: nível de pressão sonora em 10% do tempo de medida efetiva;

L90: nível de pressão sonora em 90% do tempo de medida efetiva.


O nível de pressão sonora equivalente foi ponderado no circuito de

compensação “A” em função do ouvido humano não ser igualmente sensível a todas

as freqüências (GERGES, 2000, p. 53). Dessa forma, os circuitos de compensação

dos medidores são usados para que o aparelho efetue as medições do ruído de

acordo com a sensibilidade do ouvido humano. Essa compensação ou ponderação é

dada pela curva “A” que atenua os sons graves, dá maior ganho para a banda de

2 kHz a 5 kHz, faixa em que o ouvido humano é mais sensível, e volta a atenuar

levemente os sons agudos (FERNANDES, 2002).

Ruído de fundo

A capacidade de escutar é essencial para que a comunicação entre o professor

e os estudantes possa ocorrer e, aos últimos, é requerido um tempo maior nesse

comportamento do que falar, ler ou escrever. Algumas vezes, a tarefa de

comunicação pode ser comprometida pela intensidade insuficiente da voz do

professor. Outras vezes, é o ruído excessivo, tanto no interior quanto fora da sala de

aula, que exerce um efeito mascarante deletério sobre a mensagem falada.

De acordo com Berg5 (1993 apud RUSSO, 1999, p. 213), existem três tipos de

ruído nas salas de aula:

1. Ambientais (contínuos) – Provenientes de ruídos de tráfego de veículos

na rua, ventilação ou refrigeração, quadras de esportes, lanchonete,

projetores de slides, retroprojetores e equipamentos de vídeo.

5
BERG, F.S. Acoustics and Sounds Systems in Schools. Singular Publishing Group Inc. San Diego,
1993.
2. Transitórios (inesperados) – Ruídos de motores de avião, gritos no pátio,

movimentação de alunos nos corredores, campainhas ou sirenes.

3. Gerados no interior da sala – Conversas entre alunos, deslocamento de

carteiras e mesas, objetos derrubados no chão.

Para efeitos práticos, o ruído de fundo pode ser medido no período de recesso

escolar ou com a escola em atividade normal. Para tanto, é necessário que a sala de

aula esteja vazia, de modo que se possa mensurar o incômodo advindo das áreas

externas e/ou adjacentes. Ruídos ambientais, como os provenientes de tráfego de

veículos, ou ruídos transitórios, como os de motores de avião, a priori não fazem

parte desse tipo de ambiente; por isso, são considerados como ruído de fundo. São

situações a serem gerenciadas, uma vez que escolas, do Ensino Fundamental,

Médio ou até mesmo Superior, por vezes estão localizadas em regiões que sofrem

os efeitos do tráfego urbano.

2.1.2 Tempo de reverberação (TR)

O ouvido humano consegue distinguir o som direto do som refletido em

intervalos de tempo iguais ou superiores a 1/10 de segundo. Para isso, os

obstáculos devem estar a uma distância igual ou superior a 17m. Esse fenômeno é

denominado eco. Já, a reverberação, refere-se à persistência ou prolongamento das

ondas sonoras. Nesse caso, o som refletido chega ao sistema auditivo, enquanto a

sensação do som direto ainda não se extinguiu. Esse fenômeno ocorre em intervalos

de tempo inferiores a 1/10 de segundo, sendo um fenômeno característico de

ambientes fechados, cujo controle é de suma importância em cinemas, teatros,

estúdios, salas de aula e outros.


Salas de aula com reverberação em excesso afetam negativamente os sinais

da fala, sobrepondo os sons refletidos e os sons diretos, mascarando as mensagens

pretendidas pelos locutores, no caso, os professores. A inteligibilidade da fala,

relação entre palavras faladas e entendidas, expressa em porcentagem, é

determinada, entre outros fatores, pelo tempo de reverberação, que segundo Berg &

Stork (1995), é caracterizado como o tempo necessário para que a intensidade da

onda sonora caia um milhão de vezes (10-6) em relação ao valor original, ou seja, é o

tempo requerido para que a onda refletida seja atenuada em 60 dB em relação ao

seu nível de intensidade inicial. A figura 2 representa a curva de decaimento de um

som impulsivo em um ambiente fechado.

FIGURA 2 – Reverberação: curva de decaimento de um som impulsivo em


um ambiente fechado

FONTE: MASSARANI, P. Medição de Tempo de Reverberação: teoria e


prática. In: Anais do II Simpósio Brasileiro de Metrologia em
Acústica e Vibrações. Rio de Janeiro, 2002.

O tempo de reverberação é um parâmetro acústico, diretamente proporcional

ao volume da sala e inversamente proporcional à absorção do som no ambiente. O


TR é função das propriedades físicas da sala ou ambiente e pode ser calculado pela

0,161 * V
Equação de Sabine, t60 = onde:
A

t60 = tempo de reverberação em segundos;

V = volume do ambiente em m3;

A = índice de absorção, obtido segundo a equação:

A= Si * ai + ni * ai + x * V , onde:

Si = área da superfície analisada;

ai = coeficiente de absorção do material de revestimento;

ni = número de elementos isolados;

x = coeficiente de absorção do ar, considerado somente para a freqüência de 2000Hz;

V = volume total do ambiente.

2.2 Legislação e normas técnicas

As normas vigentes relativas a obras de construção e de modificação em

estabelecimentos de ensino destinados à Educação Infantil, ao Ensino Fundamental

e ao Ensino Médio do Sistema de Ensino do Distrito Federal encontram-se no

Decreto n. 20.769, de 03 de novembro de 1999.

Tal Decreto está de acordo com a Lei n. 2.105, de 08 de outubro de 1998, que

dispõe sobre o Código de Edificações do Distrito Federal (COE), que entre outros

objetivos, visa estabelecer padrões de qualidade dos espaços edificados,

satisfazendo condições mínimas de segurança, conforto, higiene e saúde dos

usuários e demais cidadãos.


Embora os projetos arquitetônicos referentes aos estabelecimentos de ensino

procurem se adequar aos padrões de qualidade exigidos pelo Código de

Edificações, as Regiões Administrativas (RA) seguem normas urbanísticas distintas.

No caso específico de Taguatinga – RA III, o COE foi recepcionado pelo Plano

Diretor Local (PDL), que entre outros objetivos, visa simplificar as normas de uso e

ocupação do solo, adequando-as à dinâmica socioeconômica da cidade, a fim de

garantir o pleno desenvolvimento das funções sociais da Região Administrativa, da

propriedade e do bem-estar de seus habitantes.

Com relação à cidade do Núcleo Bandeirante – RA VIII e Brasília – RA I, as

administrações locais fazem uso das Normas de Edificação, Uso e Gabarito (NGB),

que é específica para cada obra.

Independentemente da norma urbanística ou mesmo de sua natureza, pública

ou privada, as escolas devem adequar-se à legislação vigente, que entre outras

determinações, confere os requisitos mínimos exigidos para salas de aula. De

acordo com o Art. 6º do Decreto n. 20.769/99, as salas de aula obedecerão aos

seguintes requisitos:

I – destinação e capacidade especificada em projeto, obedecida a proporção

mínima de 1,20 m2 (um metro e vinte centímetros quadrados) por aluno;

II – vãos de aeração e iluminação naturais com efetiva possibilidade de

abertura, protegidas contra o sol e chuva, na proporção mínima de 1/6 da área do

piso;

III – condições de conforto térmico, onde a temperatura ambiente, no verão,

não ultrapasse vinte e nove graus centígrados; e conforto acústico, onde o tempo de

reverberação máximo não supere seis décimos de segundo e o nível de ruído

ambiente não supere 50 dB (A);


IV – pé direito mínimo de três metros;

V – a maior dimensão não poderá ser superior a três vezes o pé direito e a

menor não inferior a duas vezes o pé direito.

VI – vãos de acesso com largura mínima de oitenta centímetros;

VII – nível de iluminação artificial mínimo de trezentos lux;

§ 1º Os estabelecimentos de ensino que possuírem, na data de publicação

deste Decreto, Carta de “Habite-se” e não procederem modificações, terão o prazo

de quatro anos para se adaptarem ao disposto no inciso I deste artigo.

§ 2º As salas de aula obedecerão aos limites máximos de alunos estabelecidos

pelo Conselho de Educação do Distrito Federal, de acordo com sua finalidade.

Segundo a Portaria n. 58, de 24 de abril de 1997, da Secretaria de Educação,

as salas de aula obedecerão aos seguintes limites máximos:

– Educação Infantil: 30 alunos;

– Ensino Fundamental

1a e 2a séries: 35 alunos;

3a e 4a séries: 40 alunos;

5a à 8a séries; 45 alunos;

– Ensino Médio: 50 alunos.

§ 3º As salas de aula com capacidade superior a cinqüenta alunos obedecerão

à legislação referente a locais de reuniões de natureza cultural.

Apesar do detalhamento das normas, observa-se que não há nenhum item

específico que verse sobre: espessura das paredes, tipo de material utilizado no

revestimento das paredes, espessura dos vidros das janelas ou quaisquer outros

cuidados acústicos que possam diminuir os efeitos nocivos do ruído nas salas de

aula.
De maneira geral, as normas relativas a obras de construção e de modificação

em estabelecimentos de ensino, da Secretaria de Educação do Distrito Federal

(SEDF), devem ser seguidas na execução de escolas públicas e privadas.

Primeiramente, segundo o Art. 4º, o projeto arquitetônico de obra inicial ou

modificação de estabelecimento de ensino será analisado e aprovado pela SEDF, no

que diz respeito à legislação específica e, em seguida, submetido à Administração

Regional correspondente, para obtenção do “Visto”. Para a concessão do alvará de

construção ou modificação, as Administrações Regionais fazem uso das Normas de

Gabarito ou, no caso específico de Taguatinga, do Plano Diretor Local. Para o início

das atividades escolares, a SEDF, por meio de equipe técnica e pedagógica, vistoria

a escola, que estando em conformidade com os requisitos mínimos, recebe da

Administração Regional o alvará de funcionamento.

Entre outras exigências, o ambiente escolar deve estar de acordo com os

níveis de ruído recomendados pela ABNT. No caso dos níveis de ruído interno, os

valores variam de 40 a 50 dB (A), enquanto que os níveis externos devem limitar-se

a 50 dB (A), durante o dia.

As normas da ABNT a que se refere o Decreto 20.769/99 são:

NBR 10. 151: Acústica – Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto

da comunidade – Procedimento;

NBR 10.152: Níveis de ruído para conforto acústico;

NBR 12.179: Tratamento acústico em recintos fechados.

Em comparação com as normas internacionais, verifica-se que estas são ainda

mais exigentes. A American Speech Language Hearing Association (ASHA, 1995)

recomenda, para salas desocupadas, níveis de ruído de 30 dB (A) e tempo de

reverberação igual a 0,4s. Já o grupo de trabalho em acústica de salas de aula, da


American National Standards Institute (ANSI S12. 60-2002), recomenda níveis de 35

dB (A) para o ruído de fundo, e um máximo de 0,6s para o tempo de reverberação

(Knecht et al., 2002).

Além dos parâmetros acústicos mencionados, outro importante fator deve ser

considerado: o excesso de alunos em sala.

Diferentemente dos padrões estabelecidos pela SEDF, Neufert (1976, p. 213)

“estabelece que a superfície da construção deve ser de 2,0 a 2,5 m2 por aluno. A

área ocupada por aluno deve ser maior ou igual a 1,5 m2; de preferência 2,0 m2.

Deve existir ainda um corredor de 80 cm entre a última fila e a parede do fundo;

0,5 m entre as carteiras; 0,5 m entre as carteiras e as paredes laterais; 2,20 a 2,35 m

de distância entre a primeira fila e a parede frontal e mais uma profundidade de 80

cm para cada carteira”.

2.3 Efeitos do ruído no processo ensino-aprendizagem

“Na sociedade moderna, as ondas sonoras freqüentemente nos incomodam,

interferem em nossas atividades, em nosso sono, em nosso humor e

comportamento, e até mesmo em nossa saúde física e mental. A poluição sonora é

um dos aspectos da questão ambiental, que no Brasil, ainda tem recebido pouca

atenção da comunidade científica” (MORATA; LEWIS; BEVILACQUA, 1990, p. 68).

A desatenção a este tipo de degradação ambiental pode ser observada no

crescimento urbano desordenado, na eliminação de áreas verdes, no

descumprimento das leis vigentes entre outros fatores. São inúmeras as exposições

ao ruído, em diversos ambientes, como residências, escolas, hospitais etc que,

somadas, podem provocar uma série de distúrbios.


Entre os ambientes afetados, destaca-se o ambiente escolar, onde o excesso

de ruído prejudica a aprendizagem e o desenvolvimento não só de crianças, mas

também de jovens e adultos.

Segundo Johnson & Myklebust (1983), o processo de aprendizagem ocorre de

maneira satisfatória quando estão presentes certas integridades básicas e quando

são oferecidas oportunidades adequadas para a aprendizagem. Uma pessoa

carente, uma pessoa à qual não tenham sido dadas oportunidades, ou uma pessoa

inserida num ambiente físico inadequado, terá deficiências em vários tipos de

aprendizagem, mesmo se tiver potencialidades excelentes. Portanto, é essencial que

se considere as oportunidades e as integridades básicas, tais como audição e visão.

De acordo com os autores acima citados, as pessoas aprendem ao receber

informações através de seus sentidos, através de seus sistemas receptores.

Basicamente, a aprendizagem se dá via audição e visão, pois esses são os

principais canais para a aprendizagem simbólica.

Desta forma, para que a aprendizagem se desenvolva satisfatoriamente, faz-se

necessário que o ambiente físico esteja livre de interferências, estando organizado

de tal forma que crianças, jovens ou adultos possam executar suas tarefas com o

mínimo de distração. Salas de aula com estimulações auditivas em excesso podem

promover a distração, acarretando prejuízos significativos para a aprendizagem.

Segundo Cardoso6 (1999 apud LEUCZ, 2001, p.18), as cores ou falta de

pintura nas paredes, má iluminação, excesso de frio ou calor, má ventilação,

trepidações, ruídos, são condições extremamente prejudiciais para o processo de

ensino-aprendizagem.

6
CARDOSO, M. L. P. Educação para a Nova Era. São Paulo: Summus, 1999.
2.4 A relação sinal/ruído

A percepção auditiva é, sem dúvida, fundamental no desenvolvimento da

comunicação humana, uma vez que possibilita a aquisição e o desenvolvimento da

linguagem oral. Por esse motivo, todo cuidado deve ser tomado, no sentido de

observar o adequado desenvolvimento das habilidades auditivas.

Reverberação e ruído em excesso interferem com a inteligibilidade da fala,

resultando na redução do entendimento e, portanto, na redução da aprendizagem.

Este tipo de ambiente afeta a performance educacional de crianças e jovens com ou

sem perdas auditivas. As crianças, em especial as das séries iniciais, necessitam de

boa acústica, pois são ainda incapazes de “inferir do contexto”. Com seu vocabulário

e experiência limitados, quando perdem algumas palavras da exposição do

professor, elas são menos capazes, que os alunos mais velhos, de “preencher” os

pensamentos perdidos.

Nelson (2001, p.1), em pesquisa com um grupo de engenheiros, audiologistas,

arquitetos e consultores acústicos da U.S. Access Board, resume:

Todas as crianças precisam de boa acústica para ouvir e aprender. As mais jovens necessitam
de melhor acústica para entender o que os seus professores dizem em comparação com os
mais velhos ou adultos. O fato é que as mais novas ainda não estão familiarizadas com a
linguagem. Elas podem repetir palavras e sentenças em ambientes calmos ou com níveis de
ruído mínimo. Entretanto, quando os NPS são altos, as mesmas têm dificuldade de entender o
que está sendo dito. Crianças com idade entre cinco e sete anos, ou seja, nas séries iniciais,
necessitam de níveis de ruído significativamente baixos para que possam compreender os
sinais da fala. Quando se trata de crianças com perdas auditivas temporárias por motivos
quaisquer, ou até mesmo com perdas definitivas, as condições acústicas devem ser ainda mais
favoráveis.

Destaca-se, neste contexto, a relação Sinal/Ruído (S/R), útil para estimar o

quão compreensível é a fala em uma sala. O nível sonoro da voz do professor em


dB, menos o nível de ruído de fundo da sala, em dB, é igual a S/R em dB. Quanto

maior a relação S/R, maior é a inteligibilidade da fala.

De acordo com Seep et al. (2002), estudos têm mostrado que, salas de aula

que têm relação sinal/ruído menor que +10 dB, a inteligibilidade da fala é

significativamente degradada para crianças com audição mediana. Crianças com

alguma deficiência auditiva precisam de, no mínimo, +15 dB de S/R.

Finitzo-Hieber & Tillman7 (1978 apud RUSSO, 1999) realizaram uma pesquisa

sobre a média de reconhecimento de fala de doze estudantes ouvintes normais e

doze estudantes deficientes auditivos, simulando várias condições de salas de aula,

com diferentes tempos de reverberação e relações sinais/ruído. Os resultados

mostram que salas de aula com excesso de ruído e longos TRs são

significativamente prejudiciais ao processo ensino-aprendizagem.

TABELA 1

Índices de reconhecimento de fala (IRF) médios de estudantes ouvintes x deficientes auditivos sob
diferentes condições de tempo de reverberação e relações sinal/ruído

Tempo de Relação I.R.F I.R.F


Reverberação (TR) Sinal/Ruído (S/R) Ouvintes Normais Deficientes auditivos
(%)
(s) (dB) (%)
0,4 +12 83 60
+6 71 52

0 48 28

1,2 +12 70 41
+6 54 27

0 30 11

FONTE: FINITZO-HIEBER, T.; TILLMAN, T. Room Acoustics Effects on Monosyllabic Word


Discrimination Hability by Normal and Hearing Children. J. Speech Hear. Res, 1978, v. 21,
p. 440-458.

7
FINITZO-HIEBER, T.; TILLMAN, T. Room Acoustics Effects on Monosyllabic Word Discrimination
Hability by Normal and Hearing Impaired Children. J. Speech Hear.Res, 1978, v. 21, p. 440-458.
“Uma sala de aula, para ser considerada um ambiente adequado para a

aprendizagem, implica que a relação sinal/ruído deve exceder + 15 dB, enquanto

que o tempo de reverberação não pode ultrapassar 0,4s. Nesse ambiente, a voz do

professor deve exceder em aproximadamente 30 dB o nível de ruído de fundo, para

proporcionar uma boa compreensão por parte dos alunos” (CRANDELL;

SMALDINO; FLEXER8, 1995 apud MARTINS et al., 2002, p.2).

Dreossi9 (2000 apud MARTINS et al., 2002), em pesquisa realizada para

verificar a interferência do ruído na leitura, em onze crianças da 4a série do Ensino

Fundamental, verificou que o ruído gera aceleração no ritmo da leitura; falta de feed-

back auditivo; e os sujeitos, quando expostos ao ruído, durante a leitura, não

apresentam correções de seus erros de leitura.

Não só as crianças, mas adolescentes e até mesmo adultos, são obrigados a

aprender em salas de aula “barulhentas”, onde o ruído ambiental compete com a voz

do professor, exigindo um nível de atenção e esforço muito maior.

Interferência na comunicação

A interferência do ruído na compreensão da fala resulta em incapacidade,

desvantagem e mudança comportamental. Problemas com a concentração,

incertezas e falta de autoconfiança, baixa capacidade de interpretação, decréscimo

da capacidade de trabalho são todas reações identificadas. “As crianças são

8
CRANDELL, C.; SMALDINO, J.; FLEXER, C. Sound Field FM amplification: theory and pratical
applications. San Diego, Ed. Singular Publishing Group, 1995.
9
DREOSSI, R. F. A interferência do ruído sobre a leitura e a aprendizagem. São Paulo, 2000.
Monografia – CEFAC-CEDIAU.
particularmente mais vulneráveis a este tipo de efeito, constituindo-se desta forma

um grupo de grande proporção em todo o país” (WHO, 1999, p. 42).

Altos níveis de pressão sonora aumentam a interferência na comunicação e

interpretação da fala, aumentando quase que automaticamente o tom de voz de

professores e alunos, impondo dessa forma um esforço adicional por parte de quem

fala ou ouve. De acordo com Gerges (2000, p. 291), “quando duas pessoas

conversam perto uma da outra a influência da sala é irrelevante, pois cada uma

recebe o campo direto”. No entanto, quando um professor fala para uma classe com

quarenta ou cinqüenta alunos, a pressão acústica aumenta e a comunicação se

torna mais difícil pelo aumento do ruído interno. Assim, para se entenderem, cada

um fala mais alto que o outro, aumentando os níveis de ruído dentro da sala de aula

e, conseqüentemente, diminuindo a inteligibilidade da fala. Isso é o que o autor

chama de Efeito Coquetel.

A inteligibilidade da fala é influenciada pelo nível da fala, pelo tipo de

pronúncia, distância entre quem ouve e quem fala, altos níveis de pressão sonora e

pelas características das salas de aula (material de revestimento das paredes,

formato das superfícies etc), que influenciam diretamente o fenômeno da

reverberação. Longos tempos de reverberação, combinados com altos níveis de

pressão sonora, diminuem a percepção da fala, tornando-a mais difícil,

especialmente para os grupos mais vulneráveis, como o é o caso de crianças em

séries iniciais e/ou crianças com algum tipo de distúrbio auditivo.

Segundo Russo (1995, p. 19), “a percepção auditiva é essencial no processo

de comunicação entre estudantes e professores em sala de aula. Não basta apenas

ouvir, é necessário escutar e isto pressupõe atentar para o falante a fim de

compreender o que foi dito”.


Para que um ouvinte tenha sucesso em compreender bem os sinais de fala que

recebe, é necessário que algumas condições sejam obedecidas: 1. atenção à

mensagem – comportamento de escuta, o qual hierarquiza o estímulo da fala;

2. intensidade da mensagem – os sons da fala devem ser audíveis para que

possam ser percebidos; 3. intensidade do ruído ambiental – deve ser inferior ao

do sinal priorizado; 4. tipo de material de fala empregado – vocabulário utilizado

pelo falante: palavras familiares e mais comuns da língua; 5. co-articulação e

fatores supra-segmentais – entonação, pausas no discurso; 6. fatores temporais,

ritmo e velocidade da fala etc.

Para a autora, os ruídos que ocorrem em sala de aula incluem os produzidos

pelos professores e alunos. Contudo, os últimos são aqueles que mais interferem no

aprendizado, uma vez que a tarefa de atenção auditiva, isto é, hierarquizar um

estímulo sonoro em detrimento dos demais, fica bastante prejudicada, exigindo do

aluno um esforço considerável para assimilar a informação. A combinação do ruído

com um tempo de reverberação (TR) superior a 1,2 s vem revelando uma piora

significativa na percepção dos sons da fala, mostrando que as condições acústicas

das salas de aula são críticas para possibilitar um processo educacional adequado.

É importante destacar que a situação de muitas escolas do nosso país é ainda

pior, uma vez que convivem também com o ruído ambiental – advindo

principalmente do tráfego aéreo e terrestre. Em um estudo recente o Dr. Gary Evans

e o Dr. Lorraine Maxwell (1997) mostraram que crianças que estudam em escolas

expostas ao ruído de aviões não aprendem a ler tão bem quanto àquelas que

estudam em escolas livres desse tipo de poluição.


Gonçalves Neto10 (2001 apud MARTINS et al., 2001, p. 1), afirma em artigo

publicado pelo jornal O Estado de São Paulo, em 22 de abril de 2001, que “o

ambiente escolar na cidade está altamente contaminado pelo ruído. As medições de

ruído em escolas municipais chegaram a ultrapassar 100 dB, enquanto os valores

recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), para a aprendizagem,

devem ficar entre 38 e 48 dB. Os achados encontrados pela Equipe de Saúde

Auditiva da Prefeitura de São Paulo, durante breve levantamento em escolas

municipais, mostraram que o aprendizado é prejudicado pela poluição sonora, já que

o indivíduo normal precisa gastar, em média, 20% de energia extra para realizar

tarefa em presença de ruído intenso, uma vez que este interfere nos processos de

memorização, planejamento e concentração”.

Em escolas “barulhentas”, é comum a existência de alunos dispersos ou

agitados, cujos professores precisam se esforçar muito mais para ensinar, porque a

dificuldade dos alunos em aprender é maior que em escolas silenciosas.

Deficiências de leitura, de identificação correta da linguagem, dificuldade de

assimilação, distração, perda do desempenho em tarefas que envolvam cálculos,

aumento de erros, dentre outros, são efeitos cumulativos que podem se tornar um

sério problema na vida adulta dessa criança ou adolescente, além, é claro, dos

efeitos negativos na saúde, decorrentes de anos de exposição a ambientes

ruidosos.

10
GONÇALVES NETO, J. Ruído é inimigo do ensino nas escolas da cidade. O Estado de São Paulo,
São Paulo, 22 abr. 2001.
2.5 Efeitos potenciais do ruído na saúde humana

São vários os efeitos potenciais na saúde humana decorrentes do excesso de

ruído. Entretanto, esses efeitos dependem, basicamente, do tempo de exposição,

idade, susceptibilidade, bem como de intensidade e freqüência do ruído.

Dependendo da combinação desses fatores, os efeitos podem desencadear

deficiência imunológica, desintegração orgânica, óssea e muscular, estresse,

angústia, maior susceptibilidade ao desagrado, níveis crescentes de perdas

auditivas, alterações do aparelho circulatório, entre outros (SOUZA, 1992).

Sabe-se que a exposição a níveis elevados de ruído, por um longo período de

tempo, pode determinar comprometimentos físicos, mentais e sociais no indivíduo.

“Estudos em animais e seres humanos têm mostrado que em situações calmas

e silenciosas, um ruído de 100 dB produz sobressalto, mas num ambiente de 70 dB,

o mesmo som, brusco e intenso, determina uma reação muito mais intensa. Quanto

mais barulhento for o ambiente, mais dramático será o efeito de qualquer ruído

súbito” (QUICK & LAPERTOSA, 1981, p. 51).

Alguns psiquiatras e psicólogos crêem que, com níveis altos de ruído, um som

forte adicional pode desencadear violência. Não é raro observar em escolas,

professores irritados e com pouca paciência para com os estudantes. Esses

sentimentos ficam ainda mais evidentes quando os alunos conversam

excessivamente durante a aula, aumentado significativamente o nível de ruído em

sala.
É provável que ruídos intensos e súbitos, como os provindos do tráfego

terrestre, possam fazer com que as pessoas excitáveis, neuróticas ou pré-psicóticas

percam o controle e ultrapassem o limite do comportamento racional.

Pessoas expostas ao ruído prolongado mostram mais sensibilidade e mais

propensão para discutir e brigar. Mais uma vez, não é raro observar, no ambiente

escolar, professores que, de uma hora para outra, mudam de comportamento,

tornando-se por vezes agressivos, sem motivo aparente. Esse tipo de reação pode

estar relacionado com a insatisfação profissional, ou pode estar (in)diretamente

relacionado com os efeitos desencadeados pelo excesso de ruído nas salas de aula.

O ruído atua como um fator estressante, provocando manifestações neuro-

vegetativas e psicossomáticas, comprovadas e especificadas em numerosos

trabalhos. Estudos informam da aceleração cardíaca, hipertensão arterial, danos ao

aparelho digestivo, nervosismo, tendência agressiva, cefaléia, cansaço e desânimo

(QUICK & LAPERTOSA, 1981).

Segundo Souza (2000, p. 13), “o ruído mais traiçoeiro ocorre em níveis

moderados, pois vão se instalando distúrbios físicos, mentais e psicológicos. Muitos

sinais passam despercebidos do próprio paciente pela tolerância e aparente

adaptação e são de difícil reversão. Muitas pessoas, perdidas no redemoinho das

grandes cidades, não conseguem identificar o ruído como um dos principais agentes

agressores e, cada vez mais, menos o sentem, ficando desorientadas por não saber

localizar a causa de tal mal. Por isso, nada se faz e vive-se sob o impacto de uma

abusiva e ruidosa mecanização e sonorização de ambientes abertos e fechados”.

É fácil perceber que o perfil acústico do mundo vem sendo rápida e

progressivamente mudado para pior. O ruído nas cidades pode ser apontado como

tão insidioso quanto o mais agressivo barulho das indústrias, trazendo aos seus
participantes o perigo de lesão auditiva, que entre outras conseqüências, é a mais

definida e quantificada.

No Brasil, as principais pesquisas acerca dos males causados pelo ruído à

saúde humana estão localizadas no setor industrial. Fonoaudiólogos, engenheiros

de segurança, médicos do trabalho, entre outros profissionais, têm voltado sua

atenção para trabalhadores da indústria. Dessa forma, é importante mostrar à

comunidade em geral que, trabalhadores fora do ambiente industrial também podem

estar sofrendo com os males causados por esse tipo de agressão. Os profissionais

da educação, principalmente os professores, podem estar sofrendo os efeitos da

poluição sonora e não estão, em princípio, recebendo a devida atenção por parte

das autoridades competentes.

Como os distúrbios no corpo humano são difíceis de serem medidos e

comprovados cientificamente, principalmente os distúrbios de ordem emocional e

mental, são discutidos, aqui, somente os supostos efeitos negativos da poluição

sonora sobre os sujeitos pesquisados.

2.5.1 Perda auditiva induzida por ruído

A perda auditiva é tipicamente definida como um aumento do limiar da audição

e avaliada pelo limiar audiométrico.

Do ponto de vista sensorial, “nota-se que as pessoas atingidas pela surdez são

afastadas das experiências sonoras, a ponto de ficarem totalmente isoladas do

mundo dos sons. Já no nível intelectual, ficam privadas da modalidade primária no

processo das inter-relações, sofrendo frustrações e insucessos nas áreas sociais,

ocupacionais e emocionais” (SELIGMAN, 1997, p. 143).


A perda auditiva induzida pelo ruído é mais predominante em ocupações de

risco, como por exemplo, em atividades industriais. Embora o ambiente escolar não

seja necessariamente um ambiente que ofereça riscos ao sistema auditivo, as

escolas da rede pública e privada da rede de ensino nem sempre estão livres da

presença de altos níveis de pressão sonora.

2.5.2 Efeitos nas cordas vocais

O papel do professor enquanto educador é o de orientar o educando no

processo de desenvolvimento cognitivo e a aquisição de conhecimentos de sua

própria cultura.

“O conteúdo de trabalho do professor é o conhecimento, a informação. Seus

recursos são o saber da dinâmica do desenvolver desse processo interativo de

informação e o fazer refletido. Para tanto, ele dispõe de um importante instrumento

de trabalho: a fala e, antes, a voz, carregada de informações pela sua vibração,

intensidade, completando, facilitando ou auxiliando a interpretação da mensagem

passada ao aluno” (PINTO et al., 1991, p. 40). É na sala de aula que se estabelecem

as ligações entre professor e aluno, ligações essas fundamentais para que o

processo ensino-aprendizagem se realize com qualidade (LEUCZ, 2001). Quando

esse tipo de ambiente torna-se ruidoso, pode desencadear sérios problemas às

cordas vocais dos profissionais.

Salas de aula com excesso de ruído exigem um esforço muito maior por parte

dos professores para que possam transmitir as informações com o mínimo de

clareza. Nesse tipo de situação, os professores têm que impor uma entonação de

voz que supere os níveis de ruído de fundo, submetendo as cordas vocais a um


esforço extra. O nível de intensidade sonora numa conversação normal é de 60 dB.

“As pessoas podem ajustar esse nível, até inconscientemente, dependendo do local,

podendo baixá-lo para 45 dB num local silencioso e aumentá-lo para 90 dB num

local barulhento” (OKUNO; CALDAS; CHOW, 1982, p. 233).

O fato é que os professores falam muito, gritam e mantêm a intensidade

aumentada, tentando com a voz superar o ruído ambiental. Tensões na musculatura

da região cervical, postura inadequada, falar sem parar por horas e horas seguidas,

padrão respiratório inadequado, alterando o tom, agudizando repentinamente no

momento do grito, voz abafada, presa, sem projeção são características

freqüentemente encontradas.

Segundo Pinto & Furck (1988, p. 12), “as difonias profissionais preocupam

aqueles que têm a voz como instrumento de trabalho e a incidência tem atingido

níveis alarmantes. Os sintomas de cansaço e fadiga vocal, perda da intensidade,

ensurdecimento do timbre, que os indivíduos tentam superar provocando um esforço

ainda maior na musculatura faríngea, aliados ao fator psicológico, causam as

rouquidões e até as afonias. Com o decorrer do tempo, os exames otorrinolaringoló -

gicos revelam freqüentes nódulos, edemas e pólipos”.

De acordo com David Lubman (2001, p. 1), “os professores estão menos

propensos a conversar com seus alunos, ou conversarão por períodos de tempo

menores em ambientes onde os níveis de pressão sonora são altos”. Quando eles

têm que aumentar a voz acima dos níveis de ruído de fundo, suas vozes podem vir a

ficar fadigadas.
Esse tipo de ambiente pode contribuir para a frustração e até mesmo levá-los a

desenvolver a Síndrome de Burnout11”.

2.5.3 Efeitos na saúde mental

A saúde mental é definida como a ausência de identidade psiquiátrica, de

acordo com as normas correntes. Pesquisadores acreditam que o ruído ambiental

não é causa direta de doenças mentais, mas presume-se que o ruído acelera e

intensifica o desenvolvimento de desordens mentais latentes. “Estudos acerca dos

efeitos do ruído ambiental para a saúde mental revelam o surgimento de vários

sintomas, entre eles: ansiedade, estresse emocional, dores de cabeça, instabilidade,

mudanças de humor, aumento dos conflitos sociais, bem como desordens

psiquiátricas gerais tais como neuroses, psicoses e histeria" (WHO, 1999, p. 48). A

ativação permanente do sistema nervoso simpático do morador das metrópoles pode

condicionar o aparecimento de sintomas agressivos. Muitas pessoas procuram se

livrar dessa reação, por tornar-se desagradável, (por exemplo, de uma palpitação),

fazendo uso de drogas – tranqüilizantes ou cigarro – para tentar bloqueá-la.

“O ruído estressante libera substâncias excitantes no cérebro, tornando as

pessoas sem motivação própria, incapazes de suportar o silêncio.

11
Burnout foi o nome escolhido; em português, algo como “perder o fogo”, “perder a energia” ou
“queimar (para fora) completamente” (numa tradução mais direta). É uma síndrome através da qual
o trabalhador perde o sentido da sua relação com o trabalho, de forma que as coisas já não
importam mais e qualquer esforço lhe parece ser inútil. Esta síndrome afeta, principalmente,
profissionais da área de serviços quando em contato direto com seus usuários. Como clientela de
risco são apontados os profissionais de educação e saúde, policiais e agentes penitenciários, entre
outros. Schaufeli et al. apud Codo e Menezes (1999, p. 238) chega a afirmar que este é o principal
problema dos profissionais da educação.
Libera também substâncias anestesiantes que acabam provocando prazer. As

pessoas tornam-se viciadas, dependentes do ruído, paradoxalmente caindo em

depressão em ambientes com silêncio salutar, permanecendo agitadas e incapazes

de refletir e meditar mais profundamente. É um conflito, gerador de ansiedade, que

abre caminho para estresses crônicos. Certas áreas do cérebro acabam perdendo a

sensibilidade a neurotransmissores, rompendo o delicado mecanismo de controle

hormonal. Esse processo aparece também no envelhecimento normal e ataca os

mais jovens, que se tornam prematuramente velhos num ambiente estressante”

(SOUZA, 1992, p. 26).

Pesquisas desenvolvidas por Berglund & Lindvall (1995) confirmam que em

longo prazo, as populações urbanas têm demonstrado associações entre a

exposição ao ruído – quase sempre acima do limite do equilíbrio – e a ingestão de

drogas psicotrópicas e pílulas tranqüilizantes para dormir (WHO, 1999).

A exposição a altos níveis de ruído tem sido associada com o desenvolvimento

de neuroses e deterioração da saúde mental, mas as constatações acerca de tal

associação ainda não são totalmente conclusivas. Um único estudo longitudinal

neste campo demonstrou uma relação inicial entre o tráfego urbano e desordens

psiquiátricas menores. Esses distúrbios menores são associados, principalmente,

com a susceptibilidade do indivíduo ao ruído. Os resultados mostram a importância

de se fazer um relato para os grupos mais vulneráveis, uma vez que eles podem não

ser suficientemente capazes de lidar com sons indesejáveis “barulho”

(STANSFELD12, 1992 apud WHO, 1999).

12
STANSFELD, S.A. Noise, noise sensitivity and psychiatric disorder: Epidemiological and
psychological studies. Psychological Medicine, Cambridge, UK, 1992. v. 22.
De acordo com o autor, isso é particularmente verdade para crianças, idosos e

pessoas com doenças pré-existentes, especialmente depressão. A despeito de

vários estudos inconclusivos acerca dos efeitos adversos do ruído na saúde mental,

a “community noise” sugere que se realize estudo acerca do uso de drogas, tais

como tranqüilizantes e pílulas para dormir, e ainda se verifique as taxas de admissão

em hospitais psiquiátricos.

2.5.4 Distúrbios do sono

No sono, o sentido da audição é o que nos informa de algum perigo e está

sempre alerta, onde, a partir de 30 dB já aparecem reações perturbadoras.

Pesquisas afirmam que o sono ininterrupto é conhecido por ser pré-requisito para o

bom funcionamento mental e psicológico.

O excesso de ruído durante a noite, ou durante o dia, pode desencadear

distúrbios no sono, levando as pessoas a um ciclo vicioso. Segundo Seligman (1997,

p. 147), “os ruídos escutados durante o dia podem atrapalhar o sono de horas após.

Os pacientes reclamam de insônia, de dificuldade para iniciar o adormecimento e de

despertares freqüentes, resultando em um repouso pouco reparador com sensação

de cansaço ao acordar”. “Esses sintomas, quando freqüentes, podem seguramente

trazer efeitos desastrosos ao dia-a-dia do indivíduo, com visíveis interações em seu

trabalho e mesmo em sua vida social” (RICHTER13, 1966 apud SELIGMAN, 1997, p.

147).

13
RICHTER, H.R. Le sommeil morcelé. Revue Neurologique, 115(1), p. 592-5, 1966.
De acordo com as Associações Internacionais de Distúrbios do Sono (ASDA14,

1990 apud SOUZA, 1992, p. 2), “cerca de 5% das insônias são causadas por fatores

externos ao organismo, principalmente pelo ruído”. “Um dos indicadores de má

qualidade de vida ambiental de nossas cidades foi revelado por pesquisa de Braz15

(1988 apud SOUZA, 1992, p. 2) na cidade de São Paulo, onde 14% das pessoas

atribuem suas insônias a fatores externos, das quais 9,5% exclusivamente ao ruído”.

Embora os efeitos primários do excesso de ruído sobre o sono – alteração dos

estágios mais profundos, aumento da pressão sanguínea, mudanças na respiração,

arritmia cardíaca e aumento dos movimentos corporais – sejam relevantes, esta

pesquisa intenciona apenas ressaltar que pessoas que estão expostas a altos níveis

de pressão sonora durante o horário de trabalho (professores), podem desenvolver

estágios de insônia ou sonos pouco reparadores, ficando expostas a efeitos

secundários como aumento da fadiga, depressão, mau humor e decréscimo da

performance (WHO, 1999).

2.5.5 Efeitos na performance

Os estudos acerca dos efeitos adversos do excesso de ruído na performance

humana ainda são subjetivos. Sabe-se que em crianças, o ruído ambiental prejudica

parâmetros cognitivos e motivacionais (EVANS & LEPORE16, 1993 apud WHO,

1999).

14
ASDA. The International classification of sleep disorders, 1990. 396p.
15
BRAZ, S. Estudo do sono e seus distúrbios numa amostra probabilística da cidade de São
Paulo. São Paulo, 1988. 150 f. Tese de Doutorado – Escola Paulista de Medicina.
16
EVANS, G.W.; LEPORE, S.J. Non-Auditory effects of noise on Children: A critical review.
Children’s Environments, v. 10, p. 31-51, 1993.
Os estudos sobre os efeitos do ruído na performance mostram que o “barulho”

pode produzir queda no desempenho e aumento do número de erros no trabalho,

mas os efeitos dependem do tipo de ruído e da tarefa que está sendo realizada.

Segundo Evans & Maxwell17 (1993 apud WHO, 1999), o ruído induzido pode

melhorar a performance em tarefas mais simples, mas deteriora substancialmente a

performance em tarefas mais complexas (tarefas que requerem atenção contínua ou

que demandam uma grande capacidade de memória). Entre as perdas, as mais

fortemente afetadas pelo ruído são: raciocínio, concentração, compreensão etc.

Estudos realizados em escolas próximas ao aeroporto de Los Angeles e

Munique revelaram que as crianças possuem deficiência em provas de leitura e

baixa persistência em tarefas desafiadoras, como charadas e quebra-cabeças

(COHEN et al.18, 1980 apud WHO, 1999). Os estudos em escolas próximas a

aeroportos mostraram que os efeitos adversos do ruído são encontrados em maior

escala em estudantes com baixo rendimento escolar. Na infância, a exposição

crônica a ruídos advindos do tráfego aéreo prejudica a aquisição de leitura e reduz

as capacidades motivacionais. As recentes preocupações são concomitantes ainda

com as mudanças psicofisiológicas – pressão sanguínea e níveis do hormônio do

estresse.

17
EVANS, G.W.; MAXWELL, L. Chronic noise exposure and reading deficits. Environment and
Behavior, v. 29, p. 638-656, 1997.
18
COHEN S, EVANS, G.W.; KRANTZ, D.S.; STOKOLS, D. Physiological, motivational and cognitive
effects of aircraft noise on children. American Psychologist, v. 35, p. 231-243, 1980.
2.5.6 Efeitos no comportamento

Segundo a literatura, o aborrecimento devido ao barulho é um fenômeno

global. A definição de aborrecimento é “um sentimento de desgosto associado com

algum agente ou condição, conhecido ou creditado a um indivíduo ou grupo de

indivíduos afetados” (KOELEGA19, 1987 apud WHO, 1999, p. 68). “Entretanto, além

do “aborrecimento” as pessoas podem sentir uma variedade de emoções negativas

quando expostas ao ruído: raiva, desapontamento, insatisfação, fraqueza,

depressão, ansiedade, agitação, exaustão etc” (JOB20, 1993 apud WHO, 1999, p.

68).

O ruído pode produzir ainda mudanças sociais e comportamentais. Os efeitos

sociais e comportamentais são complexos, sutis e indiretos. As mudanças no

comportamento social incluem agressão, antipatia, isolamento, insucessos

emocionais, entre outros.

Embora as mudanças no comportamento social, tais como desânimo e

aumento da agressividade, estejam associadas com a exposição ao ruído, a

exposição por si só não é suficiente para produzir agressão. Entretanto, a

combinação com provocação ou raiva ou hostilidade pré-existente, pode

desencadear o processo. Um número satisfatório de evidências mostra que o ruído

acima de 80 dB está associado com o comportamento agressivo – nervosismo e

irritação. “Particularmente, os altos níveis de ruído contínuo podem contribuir para a

19
KOELEGA, H.S. Environmental Annoyance: Characterization, Measurement and Control. Elsevier,
Amsterdam, Netherlands. 1987
20
JOB, R.F.S. Psychological factors of community reaction to noise. In: VALLET, M. (Ed.) Noise as a
Public Health Problem, Arcueil, France: INRETS – Institut National de Recherche sur les
Transports et leur Sécurité, v.3, p. 48-59, 1993.
susceptibilidade de crianças e jovens, além de provocar um sentimento de

impotência” (EVANS & LEPORE21, 1993 apud WHO, 1999, p. 69).

21
EVANS, G.W.; LEPORE, S.J. Non-Auditory effects of noise on Children: A critical review.
Children’s Environments, v. 10, p. 31-51. 1993.
3 MET O DO L OG IA D E PE SQ U IS A

Neste trabalho foi desenvolvida uma pesquisa bibliográfica, em que, a partir do

referencial teórico levantou-se elementos de apoio à pesquisa, no que se refere à

questão dos níveis de pressão sonora e tempo de reverberação em salas de aula.

Uma vez que o sistema de informação estava devidamente estruturado,

realizou-se um estudo de caso em nove escolas da rede pública e privada de ensino

do Distrito Federal. Do total de escolas, duas estão localizadas na cidade de

Taguatinga, quatro na cidade do Núcleo Bandeirante e três na cidade de Brasília.

A escolha das escolas particulares das cidades de Taguatinga e Núcleo

Bandeirante deu-se principalmente por dois motivos: facilidade de entrada nas

instituições, e necessidade de verificar se essas escolas estavam sujeitas a altos

níveis de pressão sonora, principalmente em decorrência do tráfego aéreo e

terrestre. Quanto às escolas públicas, foram escolhidas três na cidade do Núcleo

Bandeirante e três na cidade de Brasília. A escolha das escolas seguiu basicamente

os mesmos motivos. Para finalizar, foi escolhida uma décima escola da rede privada

de ensino da cidade de Taguatinga, com a finalidade tão somente de analisar alguns

pontos acerca da flexibilização das regras de uso e ocupação do solo proposta pelo

Plano Diretor Local.

Optou-se pela metodologia qualitativa, em virtude do objetivo da pesquisa ser o

de investigar o ambiente escolar no DF, envolvendo professores e alunos para

levantar o nível de informação sobre a problemática em sala de aula, a relevância

desse aspecto no processo ensino-aprendizagem e os efeitos potenciais da poluição

sonora na saúde humana.

Em primeiro lugar mediu-se o nível de pressão sonora no interior das salas de

aula das escolas da rede pública e privada. A fim de verificar o incômodo advindo do
tráfego aéreo e/ou terrestre, mediu-se o nível de pressão sonora no exterior de duas

escolas da rede particular de ensino.

Na segunda fase da pesquisa, com o intuito de complementar o estudo acerca

das condições acústicas das salas de aula, mediu-se o tempo de reverberação,

importante parâmetro acústico de recintos fechados. Este tipo de informação

possibilita verificar se há algum tipo de preocupação com os aspectos arquitetônicos

das salas em questão.

Na terceira fase, foi aplicado um questionário fechado para professores e

alunos, elaborados com base em um estudo realizado pelo Departamento de

Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da UFBA (1995). A finalidade foi a

de tão somente, investigar a problemática da poluição sonora em sala de aula e

ainda levantar informações acerca das condições de trabalho e saúde dos

professores. São informações que buscam traduzir os efeitos negativos do excesso

de ruído no processo ensino aprendizagem e os efeitos potenciais sobre a saúde

humana. Nesta fase buscou-se, junto aos profissionais, correlacionar a poluição

sonora com alguns sintomas desencadeados por este tipo de agressão.

Na quarta e última fase, confrontou-se os níveis de pressão sonora e tempo de

reverberação com as normas vigentes e analisou-se e interpretou-se os resultados

das respostas dos dois grupos pesquisados.

3.1 Método de avaliação dos níveis de pressão sonora

No caso dos níveis de pressão sonora foi escolhido o LAeq (nível de pressão

sonora equivalente) por melhor representar a exposição sonora em cada região,

uma vez que leva em consideração a média das ocorrências sonoras num certo
ponto (WHO,1980). Também foram medidos Lmín, L10, L90 e Lmáx. Os

equipamentos utilizados foram: medidor da Minipa, modelo MSL 1352 A tipo2, com

protetor de vento e tripé e calibrador acústico. Os LAeq foram confrontados com a

NBR 10.151 e 10.152 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

O já referido Decreto n. 20.769, de 03 de novembro de 1999, que aprova as

normas relativas a obras de construção e de modificação em estabelecimentos de

ensino destinados à Educação Infantil, ao Ensino Fundamental e ao Ensino Médio

do Sistema de Ensino do Distrito Federal, complementou o estudo da legislação

vigente.

As medidas foram realizadas ao longo da manhã (7h30 às 12h30 –

aproximadamente), em vários dias da semana. O NPS foi medido em dois horários

distintos: antes e depois do intervalo. As medidas foram feitas em intervalos

aproximados de 2 horas, sempre nas salas de aula mais próximas às ruas ou

avenidas vizinhas, e respeitaram as especificações da NBR 10.151. A proposição de

medidas em todo o período de aula é uma decisão do grupo de trabalho, pois não há

ainda uma metodologia específica que comprove a eficácia dos resultados em

intervalos de tempo inferiores.

O estudo considerou os alunos dentro da sala de aula – com suas atividades

normais. Apesar de muito mais trabalhoso, a opção foi por realizar medidas durante

todo o período, pois além do fato citado anteriormente, as aulas e as atividades

desenvolvidas por cada professor são bem diferenciadas.

Aqui, suscita-se um questionamento sobre os níveis de ruído indicados pela

NBR 10.152. Para salas de aula, a norma indica valores entre 40 e 50 dB (A), ou

seja, valores que não consideram a presença de alunos e professores em sala.

Sendo assim, adotou-se como referência 68 dB (A), nível mensurado durante vários
dias da semana, em intervalos de vinte minutos, numa escola com ruído de fundo

discreto – entre 50 e 55 dB (A) – com as atividades normais, porém com os alunos e

professor, falando moderadamente e de forma organizada. As medidas foram

realizadas durante as aulas de vários professores, numa sala de aula da 2ª série do

EM, com aproximadamente 150m3, sempre considerando a intensidade normal de

voz de cada professor.

Com relação ao ruído de fundo, o mesmo foi medido no recesso escolar e no

período normal de atividades da escola. As medidas foram realizadas em intervalos

de tempo de 1 hora e também nas salas de aula mais próximas às ruas ou avenidas

adjacentes. Para tanto, no período normal de atividades, desconsiderou-se ruídos

transitórios tais como campainhas ou sirenes.

Como já citado anteriormente, foram efetuadas medidas na área externa de

duas escolas particulares, sendo uma na cidade de Taguatinga e outra na cidade do

Núcleo Bandeirante. Aqui, o intuito foi o de relacionar os níveis de pressão sonora

no interior das salas de aula com o tráfego aéreo e/ou terrestre.

A coleta de dados foi feita em vários dias da semana, iniciando-se sempre às

10 horas e terminando às 11 horas. Este intervalo de tempo foi escolhido pelo fato

de se perceber que o tráfego aéreo e terrestre na redondeza das escolas é

relativamente constante. Para obter uma estimativa mais próxima da realidade foi

feita uma média22 dos níveis de pressão sonora e do fluxo de veículos nos vários

22
Para se obter a média dos níveis de pressão sonora nos vários dias e horários estimados, tanto
para as medidas no interior da sala de aula, quanto para as medidas nas imediações das escolas
foi utilizado um programa escrito em linguagem “c” desenvolvido pelo Departamento de Física da
Universidade Católica de Brasília (UCB). Como o equipamento utilizado na pesquisa (medidor de
pressão sonora da Minipa modelo MSL 1352 A tipo 2) não faz a integração direta, os dados eram
descarregados e manuseados em um computador compatível. Para o cálculo dos níveis de pressão
sonora equivalente (LAeq) reunia-se todas as medidas da semana, de um determinado horário, em
um único arquivo e o programa em linguagem “c” fazia a integração segundo Anexo A da NBR
10.151 da Associação Brasileira de Normas Técnicas.
dias e horários estimados.

Para complementar a pesquisa foi feita uma relação entre os níveis de pressão

sonora com o tráfego urbano, estimando-se o número de veículos durante os

períodos de medição. Foram considerados: carros de passeio, motocicletas, ônibus,

caminhões, vans, camionetes, carros de propaganda ou carros de som e aviões.

Para as medidas foram consideradas as recomendações da norma técnica

NBR 10.151, com distâncias mínimas do piso e de quaisquer superfícies refletoras

como paredes ou muros. O NPS foi medido ainda em dB (A), em resposta rápida

fast e a cada 5 s.

3.2 Avaliação do tempo de reverberação

No que se refere ao tempo de reverberação, sua medida foi realizada com o

auxílio do medidor da 01dB – SIP95 Tipo 1, com filtro de 1 e 1 1/3 de oitavas.

Segundo Gerges (2000), o tempo de reverberação t60 é um importante parâmetro

acústico de recintos fechados e ainda é definido como o tempo necessário para que

o nível de pressão sonora seja atenuado em 60 dB.

Para a devida avaliação do tempo de reverberação das salas de aula, foram

demarcados cinco pontos, que interligados formariam uma figura tal qual a letra “X”.

Para cada ponto foram efetuadas três medidas, totalizando quinze medidas por sala,

onde para cada ambiente foi feita uma média dos tempos de reverberação medidos

em seus diferentes pontos.

Além do medidor 01 dB – SIP 95, foram usados balões n. 9, uma vez que o

estouro de balões apresentou-se como uma metodologia alternativa para a

determinação do tempo de reverberação de um determinado recinto.


Segundo TRAVAGLIA FILHO; ALVES; GARAVELLI (2003) foi feita uma análise

com balões de números 5, 7, 9, 10 e 11, em bandas de um terço de oitava, em

vários pontos de uma determinada sala, onde os resultados foram comparados com

o método do ruído interrompido utilizando o ruído rosa23. De acordo com os

resultados, esta metodologia mostrou-se eficaz devido ao baixo erro percentual entre

o ruído rosa e o estouro dos balões e precisa, devido ao baixo desvio padrão entre

os estouros dos balões. Sendo assim, esta alternativa revelou-se viável para a

medição do tempo de reverberação de uma sala de aula ou de qualquer ambiente

fechado. O balão n. 9 foi o que melhor se encaixou nos padrões do ruído rosa sendo

este, portanto, adotado nesta metodologia.

Como as salas de aula de cada escola têm características e dimensões bem

semelhantes, foi medido somente o tempo de reverberação de uma sala em cada

instituição.

O tempo de reverberação foi medido com a sala desocupada, uma vez que as

pessoas e suas vestimentas oferecem uma absorção sonora adicional. A sala

desocupada representa o pior caso, entretanto ainda realista, considerando que a

ocupação da maioria das salas varia. “Numa análise completa, este cálculo dever

ser feito em cada banda de oitava, já que o TR pode variar consideravelmente em

diferentes freqüências. Porém, para uma estimativa, o TR de uma sala de aula pode

ser calculado para apenas uma banda de oitava representativa da freqüência da

fala, como 1000 Hz. Se esse TR é aceitável, então o TR para as outras bandas de

23
“O ruído rosa é uma filtragem do ruído branco, abrangendo uma área mais reduzida do espectro
audível, ou seja, sua energia está igualmente distribuída na faixa de freqüências de 500 a 4000 Hz.
Por ter energia concentrada numa faixa de freqüências mais estreita do que o ruído branco, sua
efetividade de mascaramento para sons da fala é maior, necessitando de menor intensidade total”
(SANTOS & RUSSO, 1993 apud RUSSO, 1999, p.165).
freqüência da fala será provavelmente aceitável” (SEEP et al., 2002, p. 18). Neste

caso, como se trata de um trabalho mais completo, resolveu-se medir o TR em

quatro bandas de freqüência: 250, 500, 1000 e 2000 Hz, visto que “os sons emitidos

numa conversação normal estão compreendidos numa faixa de freqüência que varia

de 300 a 3000 Hz” (OKUNO; CALDAS; CHOW, 1982, p. 232).

3.3 Pesquisa com professores e alunos

A coleta de dados, nas dez escolas envolvidas na pesquisa, foi feita em épocas

diferentes, o que de maneira alguma acarretou prejuízos ao estudo. Como critério de

inclusão, considerou-se integrante do estudo a totalidade de alunos regularmente

matriculados no Ensino Médio, que freqüentavam as aulas no turno matutino.

Quanto aos profissionais, estabeleceu-se, como critério de exclusão, os professores

de Educação Física e Educação Artística.

Os professores que ensinavam em mais de um estabelecimento de ensino

foram orientados a preencher o questionário somente com base na escola

pesquisada.

O questionário já referido continha quatro partes (Apêndice A):

a) identificação geral dos participantes quanto a idade, sexo, tempo de trabalho

como professor, segmento em que atua, turno, e exame audiométrico (não era

necessário a identificação pessoal do entrevistado, mantendo-se o seu anonimato);

b) questões referentes às condições do ambiente de trabalho;

c) questões referentes às condições gerais de saúde;

d) avaliação das condições de trabalho dentro de sala de aula – questões que

tratavam especificamente das bases da Psicoacústica ou Acústica Fisiológica.


Foram consideradas no estudo informações de 234 formulários. Os professores

da Escola 7 não fizeram parte da amostra, uma vez que a escola tem uma

característica muito peculiar, que é a de trabalhar com deficientes auditivos. Por

possuir este tipo de característica, não se mensurou os níveis de pressão sonora

durante as aulas.

Com relação aos alunos, foram aplicados 673 questionários (Apêndice B).

Foram considerados apenas estudantes pertencentes ao Ensino Médio, como citado

anteriormente. Os alunos da Escola 5 não fizeram parte da amostra, uma vez que a

escola possui uma dinâmica completamente diferente das outras. Nesta, as salas de

aula são salas ambiente, onde quem se desloca de uma sala a outra são os alunos.

Por esse motivo, também não se mensurou os NPS durante o período das aulas.

Como já mencionado, a escolha da décima escola foi feita apenas com a

finalidade de se analisar alguns pontos acerca da flexibilização das regras de uso e

ocupação do solo proposta pelo Plano Diretor Local da cidade de Taguatinga. Sendo

assim, não houve necessidade de incluir os estudantes na pesquisa, nem tão pouco,

avaliar os níveis de pressão sonora durante as aulas.


4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Níveis de pressão sonora

As medidas dos níveis de pressão sonora nas escolas foram realizadas no

interior das salas de aula em duas situações: com as salas ocupadas e

desocupadas. Procurou-se não intervir na rotina de cada escola para que os

resultados fossem os mais confiáveis possíveis. Para não interferir na rotina diária

das escolas e realizar as medidas com maior grau de confiabilidade foi necessário

em primeiro lugar esclarecer para professores e alunos os motivos pelos quais

estava-se realizando tal estudo e qual a sua importância para a comunidade escolar.

A partir do momento que professores e estudantes se habituaram à presença do

aparelho, iniciou-se a coleta de dados.

A pesquisa focou três séries: 3a e 6a séries do Ensino Fundamental e 2a série

do Ensino Médio. A faixa etária correspondente a cada um desses segmentos é,

nove, doze e dezesseis anos de idade. Assim, a pesquisa incluiu alunos com idades

diferenciadas, formando um grupo diverso.

Ao todo foram avaliadas dez escolas, sendo quatro pertencentes à rede de

ensino privada e seis pertencentes à Secretaria de Educação do Distrito Federal

(Mapa – Apêndice C). A Escola 1, localizada na parte central da RA VIII – Núcleo

Bandeirante, é uma escola particular que trabalha com todos os segmentos de

ensino, ou seja, da Educação Infantil ao Ensino Médio. É uma escola de médio

porte, que abriga aproximadamente 1200 alunos que convivem diariamente com

ruídos advindos do tráfego urbano (aéreo e terrestre).

Já a Escola 2, localizada na RA III – Taguatinga, pertence à rede privada de

ensino, trabalha com todos os segmentos de ensino, porém é de grande porte, visto
que abriga aproximadamente 2500 alunos. É uma escola que convive diariamente

com ruídos provenientes do tráfego aéreo e terrestre e ainda com o trânsito de

alunos nos seus pátios internos. No caso da Escola 3, tem-se uma situação bem

diferenciada, uma vez que esta se localiza dentro de um Shopping, na RA III, o que

reduz consideravelmente a influência do tráfego urbano. É uma escola pequena,

com aproximadamente 250 alunos que freqüentam os níveis de Ensino Fundamental

e Médio.

As Escolas 4 e 5, pertencem à Secretaria de Educação, trabalham

exclusivamente com alunos do nível médio e estão localizadas em grandes áreas do

Núcleo Bandeirante e Brasília – RA I, respectivamente. São escolas de grande porte,

em média 1500 alunos, que pouco sofrem os efeitos do ruído urbano, uma vez que a

distância média entre as salas de aula e as pistas de rolamento supera 60m.

Quanto às Escolas 6, 7, 8 e 9, são todas da rede pública. As Escolas 6 e 7

trabalham com o EF (5a a 8a séries), enquanto que as Escolas 8 e 9 trabalham com

as séries iniciais (1a a 4a séries). Excetuando-se a Escola 6, todas as outras

possuem em média 400 alunos. No que se refere à localização, as Escolas 6 e 9

estão situadas na RA VIII, enquanto que as Escolas 7 e 8 situam-se em Brasília,

região previamente planejada e portanto livre do trânsito de veículos automotores.

Para completar a pesquisa, utilizou-se a Escola 10, situada em frente a uma

avenida movimentada da cidade de Taguatinga, com o intuito de verificar as regras

de flexibilização do uso e ocupação do solo urbano. É uma escola de médio porte,

que trabalha com todos os segmentos de ensino (da Educação Infantil ao Ensino

Médio) e possui aproximadamente 500 alunos.

A descrição das escolas visa mostrar que os níveis de ruído em salas de aula

durante o período de aula são maiores para aquelas situadas em áreas onde o
tráfego urbano – aéreo e/ou terrestre – é mais intenso. Sendo assim, a tabela 2

expressa os NPS em salas de aula da 2a série do EM durante todo o período de

aula, excetuando-se o horário do intervalo.

TABELA 2

Níveis de pressão sonora durante o período de aula - 2a série do EM

NÍVEL DE PRESSÃO SONORA – dB (A)

Lmín L90 Leq L10 Lmáx

1.ESCOLA 1 51,5 66,1 82,9 85,0 114,6

ESCOLA 2 58,5 67,1 79,6 83,1 99,8

ESCOLA 3 47,0 58,7 75,2 78,3 99,7

ESCOLA 4 43,9 64,8 79,0 80,7 118,0


NOTA: Segundo a NBR 10.151, todos os valores medidos do NPS devem ser
aproximados ao valor inteiro mais próximo. Por melhor representar a precisão
do aparelho, optou-se por trabalhar com uma casa decimal.

Observando as medidas durante o período de aula, constata-se que os níveis

de ruído são altos, apesar das normas técnicas não especificarem limites para o

NPS em salas de aula com a presença dos estudantes e professor. Conforme

resultados mostrados, a Escola 1 apresentou o maior nível de pressão sonora

equivalente Leq = 82,9 dB (A).

A norma NBR 10.152 estabelece como nível de conforto para salas de aula,

níveis entre 40 e 50 dB (A), como já especificado no item 2.2. Esta pesquisa assume

que estes valores são para situações em que a escola se encontra em recesso

escolar. Logo, para o período de aula, adotou-se como referência o nível de ruído

estabelecido em sala de aula, com a presença dos estudantes, levando-se em

conta, basicamente, a intensidade da voz dos professores. De acordo com a

metodologia utilizada, os níveis de ruído não devem ser superiores a 68 dB (A).


Em primeira análise, constata-se que todos os resultados encontrados estão

acima daquele adotado como referência. Verifica-se que a Escola 1 apresenta o

maior nível de pressão sonora equivalente Leq = 82,9 dB (A), com picos de energia

de até 114,6 dB (A). Já a Escola 3 apresenta o menor valor para o Leq = 75,2 dB

(A), valor praticamente igual para os períodos antes e depois do intervalo.

Uma análise mais detalhada revela grande variação entre os Lmín e Lmáx e

também entre L90 e L10, indicando picos de ruído acentuados, o que causa

repentina perda de concentração dos usuários desses ambientes. A Escola 4

apresenta um Leq = 79,0 dB (A), e uma variação de 74,1 dB (A) entre o nível de

pressão sonora máximo e mínimo, diferença que acarreta constantes interrupções

no andamento das aulas. Em geral, os alunos conversam demasiadamente, o que

acaba desencadeando o chamado Efeito Lombard. Assim sem perceber,

professores e alunos passam a se comunicar num tom de voz gritado, o que de

maneira alguma é aconselhável. Perde-se a percepção do limite aceitável de ruído,

trazendo danos à saúde e ao processo ensino-aprendizagem.

Normalmente, o prejuízo maior se dá no fim da manhã, o que pode ser

explicado pelo fato dos estudantes estarem mais agitados, pelo aumento de

temperatura em relação ao início da manhã e pelo cansaço natural. As duas últimas

aulas são em geral as mais desgastantes. Não é raro observar alunos inquietos, sem

concentração e, ainda por cima, viajando em seus pensamentos (CURY, 2003).

Freqüentemente os professores precisam gritar para obter o mínimo de atenção.


Segundo o autor, os jovens estão sofrendo de um mal designado por Síndrome

do Pensamento Acelerado24 (SPA), o que os impele a buscar constantemente novos

estímulos. Com isso eles se agitam na cadeira, têm conversas paralelas, não se

concentram, mexem com os colegas etc. Esses comportamentos são tentativas de

aliviar a ansiedade gerada pela SPA.

Se uma escola, além dos ruídos gerados no interior das salas, for afetada por

ruídos externos, como os provindos do tráfego de veículos e aeronaves, seu

ambiente físico será comprometido e o comportamento disperso dos estudantes

potencializado.

Os resultados expressos na tabela 2 revelam que escolas “contaminadas” pelo

tráfego urbano – aéreo e/ou terrestre – apresentam níveis de pressão sonora mais

elevados durante o período de aulas. Nas Escolas 1 e 2, estudantes e professores

convivem diariamente com os ruídos advindos do tráfego urbano. No caso da Escola

1, a “contaminação” se dá pelo fato da distância entre algumas salas de aula e a

avenida não ultrapassar 8,0m. Além disso, a Escola se localiza numa das rotas

aéreas que leva ao Aeroporto Internacional de Brasília. Segundo De Marco (1982, p.

52), dentro da categoria – ruídos exteriores – “os aviões são os que produzem os

ruídos mais intensos na nossa civilização”.

No caso da Escola 2, a influência é devida ao tráfego aéreo e terrestre e ao

intenso trânsito de alunos nos pátios internos. São intervalos diferenciados que

acabam interferindo no andamento das aulas de outros segmentos de ensino.

24
Segundo Cury (2003), a televisão mostra mais de sessenta personagens por hora com as mais
diferentes características de personalidade. Policiais irreverentes, bandidos destemidos, pessoas
divertidas. Essas imagens são registradas na memória e competem com a imagem de pais e
professores. A conseqüência do excesso de estímulos da TV é contribuir para a Síndrome do
Pensamento Acelerado, SPA, ou seja, aumento crônico da velocidade dos pensamentos. Ocorre
diminuição da concentração e aumento da ansiedade.
No que se refere à Escola 3, escola isenta de ruídos ambientais, verifica-se um

nível de pressão sonora equivalente menor, Leq = 75,2 dB (A). Quanto à Escola 4, o

valor encontrado, Leq = 79 dB (A), deveu-se principalmente à agitação dos alunos

durante o período de aulas.

Os prejuízos desencadeados por excesso de ruído afetam estudantes de

qualquer faixa etária. Entretanto, os mais jovens são os mais prejudicados, uma vez

que ainda estão em processo de aquisição de vocabulário. Se o ambiente em que

estudam estiver submetido a altos níveis de pressão sonora, seu desempenho

escolar será, possivelmente, comprometido. A tabela 3 mostra os NPS medidos em

salas de aula da 6a série do EF, para estudantes com faixa etária de doze anos.

TABELA 3

a
Níveis de pressão sonora durante o período de aula – 6 série do EF

NÍVEL DE PRESSÃO SONORA – dB (A)

Lmín L90 Leq L10 Lmáx

ESCOLA 1 46,6 64,4 82,7 86,5 106,8

ESCOLA 2 52,4 64,9 79,5 81,5 115,5

ESCOLA 6 45,5 58,3 73,9 76,3 109,1

Verifica-se por meio dos resultados que os níveis de pressão sonora são muito

próximos aos níveis encontrados para as salas de aula da 2a Série do EM, ou seja,

acima do valor adotado como referência – 68 dB (A).

Mais uma vez a Escola 1 apresenta o maior nível de pressão sonora

equivalente Leq = 82,7 dB (A). Este resultado apenas confirma o já esperado. A

escola se encontra “prensada” entre duas avenidas movimentas, com tráfego aéreo

e terrestre intenso em sua vizinhança. O ruído externo contamina o ambiente


interno, os alunos ficam mais agitados, perdem facilmente a concentração,

conversam mais e mais alto e os professores sem perceber acabam aumentando

seu tom de voz. A situação é problemática, visto que a poluição sonora não deixa

rastros visíveis e seus efeitos são desencadeados em longo prazo.

Quanto a Escola 6, escola pertencente à SEDF, constata-se um nível de

pressão sonora equivalente mais baixo, Leq = 73,9 dB (A). Este resultado está

relacionado, provavelmente, com a localização da escola, que praticamente não tem

suas dependências “contaminadas” pelo ruído advindo do tráfego urbano. Embora

isto seja um fato positivo, a diferença entre os Lmín e Lmáx e também entre L90 e

L10, indicam mais uma vez picos de ruído acentuados, o que causa significativo

incômodo para os usuários desses ambientes.

A proposta deste estudo não visa absolutamente comparar escolas, sejam

particulares ou da rede oficial de ensino. Apesar disso, as tabelas 2 e 3 indicam uma

forte tendência: os ruídos advindos do tráfego urbano aumentam consideravelmente

os NPS no interior da edificação, aumentando conseqüentemente os níveis de ruído

durante as aulas. As escolas 1 e 6 possuem salas com praticamente o mesmo

número de alunos, 40 em média, e no entanto apresentam duas realidades bem

diferenciadas. Os resultados mostram que a diferença para o nível de pressão

sonora equivalente é de aproximadamente 9 dB. Analisando as Escolas 1 e 2, que

também possuem basicamente o mesmo número de alunos por sala, constata-se

que a diferença é menor, 3 dB, aproximadamente.

Sem a pretensão de comparar instituições, a pesquisa objetiva revelar que a

poluição sonora está “contaminando” o ambiente escolar, prejudicando alunos e

professores. Desta forma, faz-se necessário que, não somente a comunidade

escolar, mas outros segmentos, como administradores, urbanistas, engenheiros,


ambientalistas entre outros, passem a considerar os efeitos negativos desta

modalidade de poluição a fim de combatê-los. Não só crianças, mas jovens e adultos

estão expostos a um tipo de poluição que não deixa sinais visíveis, entretanto

prejudiciais. A tabela 4 expressa os resultados dos níveis de pressão sonora

medidos em salas de aula onde se desenvolvem atividades de crianças com faixa

etária de nove anos de idade. É possível verificar mais uma vez que os níveis de

ruído estão além daquele adotado como referência.

TABELA 4

Níveis de pressão sonora durante o período de aula – 3a série do EF

3NÍVEL DE PRESSÃO SONORA – dB (A)

Lmín L90 Leq L10 Lmáx

ESCOLA 1 52,8 63,8 78,1 81,6 98,1

ESCOLA 2 42,3 60,8 77,3 81,3 102,8

ESCOLA 8 45,8 58,2 69,2 72,7 91,4

ESCOLA 9 47,2 58,5 75,7 79,1 96,3

Com exceção da Escola 8, que apresenta Leq = 69,2 dB (A), todas as outras

estão localizadas em regiões onde o tráfego aéreo e/ou terrestre é intenso. São

salas de aula que possuem em média 30 alunos, que são freqüentemente expostos

ao ruído urbano. Neste tipo de ambiente as crianças perdem a concentração

facilmente, prejudicando o processo de aquisição de linguagem e escrita. Segundo a

literatura pesquisada, mudança de comportamento, desinteresse, estresse,

nervosismo e aumento do tom de voz são reações identificadas. Logo, as Escolas

1,2 e 9 precisam reduzir os NPS durante as aulas em pelo menos 7 dB (A).

Escolas como as Escolas 5, 7 e 8, localizadas em regiões concebidas sob

planejamento prévio – Brasília, são escolas a princípio privilegiadas, uma vez que
estão localizadas em regiões devidamente arborizadas, livres de intenso tráfego

urbano e conseqüentemente isentas de ruídos nocivos à saúde e ao bom

desempenho escolar.

A fim de verificar a influência do ruído – tráfego urbano – nas dependências

das escolas e analisar seus efeitos potenciais, foram efetuadas medidas no recesso

escolar, período no qual as principais fontes de “barulho” neste tipo de ambiente,

professores e alunos, são subtraídas.

A tabela 5 expressa os resultados do ruído de fundo no recesso escolar e

também com as escolas desenvolvendo suas atividades normais.

TABELA 5

Ruído de fundo das salas de aula mais próximas à rua ou


avenida

NÍVEL DE PRESSÃO SONORA – dB (A)


RECESSO ATIVIDADE
ESCOLAR NORMAL
ESCOLA 1 67,3 71,1

ESCOLA 2 52,5 60,4

ESCOLA 3 48,6 62,2

ESCOLA 4 51,5 68,9

ESCOLA 5 46,7 54,9

ESCOLA 6 41,9 58,1

ESCOLA 7 48,3 54,9

ESCOLA 8 44,2 ---

ESCOLA 9 51,5 54,8

ESCOLA 10 65,5 68,2

A figura 3 representa graficamente os resultados expressos na tabela 5.


  
 

 
 

-  
+,
)* 
(
&'  
 


         
  ! #"
 $ 
 %  !! 


    !. /10%32%3!
45.67!8

Figura 3 – Ruído de fundo das salas de aula mais próximas à rua ou avenida

Comparando os resultados obtidos para o ruído de fundo no recesso escolar,

verifica-se que das dez escolas pesquisadas, metade apresenta valores acima

daqueles recomendados pelas normas, ou seja, superiores a 50 dB (A). Isto significa

que a região escolhida para a localização da escola sofre os efeitos do ruído

proveniente do tráfego urbano.

Dentre as instituições pesquisadas, a mais “contaminada” pelo ruído urbano é a

Escola 1, cujo nível de pressão sonora equivalente está bem além do estabelecido

pela norma, Leq = 67,3 dB (A). Este NPS é decorrente do intenso tráfego urbano

nas imediações desta instituição. Para se ter uma idéia, durante a medida do ruído

de fundo (1 hora) foi possível anotar a passagem de 18 aviões, com picos de energia

superiores a 100 dB (A).


Analisando a tabela 5 e a figura 3, é possível perceber que além da Escola 1,

as Escolas 2, 4, 9 e 10, são escolas que também sofrem com o tráfego urbano. No

caso das Escolas 2, 4 e 9, os maiores NPS estão relacionados com o tráfego aéreo

e com a presença de carros de propaganda na vizinhança.

Quanto à escola 10, esta se localiza próxima a uma avenida muito

movimentada da cidade de Taguatinga. A Avenida SAMDU dá acesso às zonas

nortes e sul da cidade, além de servir de passagem para as cidades de Ceilândia e

Samambaia. O nível de pressão sonora equivalente Leq = 65,5 dB (A) foi medido

numa sala de aula que dista pouco mais de 20m da avenida. São motos, carros de

passeio, ônibus, carros de propaganda, caminhões e vans transitando diariamente

no sentido norte-sul e sul-norte.

Assim, com o intuito de comprovar os incômodos provenientes do tráfego

terrestre, foram realizadas medidas na área externa das Escolas 1 e 10, escolas que

apresentaram os maiores níveis de pressão sonora durante o recesso escolar.

No caso da Escola 1, o fluxo de veículos na frente da escola produziu um nível

de pressão sonora equivalente Leq = 71,8 dB (A).

De acordo com a NBR 10.151, os níveis de conforto para área estritamente

residencial urbana, de hospitais ou de escolas são 50 dB (A) para o período diurno e

45 dB (A) para o período noturno. Comparando o valor especificado pela norma com

o resultado obtido para os limites externos do colégio, verifica-se que este está bem

acima do estabelecido.

Para complementar o estudo realizado na parte externa da escola, buscou-se

determinar o fluxo de veículos durante o período da medição. A tabela 6 expressa o

resultado obtido para a contagem de 1 hora.


TABELA 6

Estimativa do fluxo de veículos no turno da manhã – Escola 1

Veículos Moto carro Ônibus caminhão Vans camionete c. de som

Total 18 238 5 8 10 20 2

Esta escola, como citado anteriormente, se localiza na parte central da Região

Administrativa RA VIII, que serve, para alguns bairros, de rota para o centro

Administrativo e Financeiro de Brasília – RA I, o que aumenta e por vezes

congestiona as vias que circundam o colégio. Uma das avenidas, no caso, a que se

encontra atrás da escola, além do fluxo normal, admite também passagem de linha

de ônibus, que segundo registros admite um fluxo médio de 28 ônibus por hora.

Tomando por base a tabela 6, verifica-se que o tráfego terrestre nas

redondezas da escola é intenso. O ruído do trânsito, não só terrestre como aéreo,

repercutiu muito no interior das salas de aula. Como resposta ao ruído do tráfego

obteve-se uma oscilação entre 45,7 – 102,4 dB (A).

Dentre os veículos que mais contribuem para o aumento do NPS dentro das

dependências da escola, pode-se citar os caminhões, ônibus, carros de propaganda

e aviões. Infelizmente, não se pode descartar nem mesmos os carros de passeio e

as motocicletas, devido à grande proximidade da pista às salas de aula. Nestas

salas de aula um caminhão produziu picos de energia superiores a 85 dB (A),

enquanto que um carro de propaganda superou 100 dB (A).

Com relação à Escola 10, foi possível verificar um fluxo de veículos ainda mais

intenso. A tabela 7 estima o número de veículos num período entre 10 e 11 horas da

manhã.
TABELA 7

Estimativa do fluxo de veículos no turno da manhã – Escola 10

Veículos Moto Carro ônibus Caminhão vans camionete c. de som

Total 80 762 80 32 272 40 4

Dentro da sala de aula, a passagem dos ônibus registrou picos de energia

superiores a 70 dB (A), enquanto que as vans, em número excessivo, registraram

picos maiores que 65 dB (A). Em 1 hora de medida foi possível anotar um tráfego de

272 vans e 80 ônibus.

Em medida realizada na frente da escola, a 8m de distância da pista, ônibus,

moto, camionete e vans registraram níveis superiores a 82 dB (A), enquanto que um

caminhão ultrapassou os 90 dB (A). Tal fluxo produz um nível de pressão sonora

equivalente Leq = 76,4 dB (A), nível superior aos 50 dB (A) indicado pela norma.

As outras escolas pesquisadas são menos “contaminadas” pelo ruído advindo

do tráfego terrestre, uma vez que estão mais afastadas de ruas e avenidas. Pela

tabela 5 e figura 3 é possível verificar que os níveis de pressão sonora no interior

das salas de aula são mais discretos.

As Escolas 5, 7 e 8, são escolas que estão localizadas em uma região

devidamente planejada – RA I, sofrendo influências exteriores muito menores.

Verifica-se que os valores de ruído de fundo encontrados no recesso escolar estão

todos abaixo do limite estabelecido pela norma.

Quanto à avaliação do ruído de fundo com as escolas em atividade normal, é

possível verificar que os níveis de pressão sonora superam os limites estabelecidos

pela norma, revelando pouca preocupação com a acústica do ambiente escolar.

Embora este fato possa ser constatado, é importante ressaltar que não há nenhum
item na norma que faça referência a discriminação entre as duas modalidades de

ruído de fundo abordadas nesta pesquisa.

De acordo com a tabela 5, verifica-se que a Escola 4, escola de Ensino Médio

pertencente à SEDF, apresenta um nível de pressão sonora Leq = 68,9 dB (A) bem

maior do que aquele registrado no recesso escolar Leq = 51,5 dB (A). Essa

diferença é explicada pelo excessivo número de alunos fora de sala durante o

período normal de aulas. Foi possível constatar que muitos estudantes ficavam

circulando nas dependências da escola em função da falta de professores. Durante

uma semana de observação, não houve um só dia em que pelo menos um professor

não faltasse.

Tempo de reverberação

Concomitante ao nível de pressão sonora, o tempo de reverberação é uma

importante característica de ambientes fechados. Tanto baixos como altos valores

prejudicam a qualidade acústica das salas de aula e interferem diretamente no

entendimento da fala.

A combinação de altos níveis de pressão sonora com altos tempos de

reverberação prejudica a inteligibilidade da fala, acarreta prejuízos de entendimento

e resulta numa pobre comunicação entre professores e alunos. Bradley (2002),

afirma que esta combinação determina em longo prazo altos custos sociais e

econômicos para aqueles que passam vários anos estudando em salas de aula

acusticamente inadequadas.
Com o intuito de avaliar as condições acústicas das salas de aula e verificar a

sua influência sobre a compreensão da fala, mediu-se o tempo de reverberação em

cada escola, escolhendo-se para tanto a mesma sala de aula onde foram medidos

os níveis de pressão sonora. Para uma mesma escola, as salas apresentam

características arquitetônicas semelhantes, de forma que o TR não varia muito de

uma sala para outra.

A figura 4 expressa os tempos de reverberação medidos em salas

desocupadas para as freqüências de 250, 500, 1000 e 2000 Hz.

9;:8<>=@?BAC:EDC:F@:8GHI:8GJKL@?
PNOR
PNQP
PNOM
U NOT
U NOS
g U NOR
dfe U NQP
bc U NOM
M8NOT
M8NOS
M8NOR
M8NQP
M8NOM
U P V R W S X T Y
ZI[\ 8
? ]^J [ =@: [_ `8a [ J@A7J [

P@WMihkj WMMBhCj U MMMihkj P@MMMlhmj

FIGURA 4 – Tempo de reverberação (t60) para salas desocupadas – 250, 500, 1000 e 2000 Hz

De acordo com o Decreto 20.769/99 da SEDF, o tempo de reverberação

máximo indicado para a boa compreensão da fala é 0,6s.

Uma análise criteriosa permite verificar que o tempo de reverberação variou de

0,6 a 2,2s. Comparando os resultados encontrados, percebe-se que das nove


escolas analisadas, apenas a Escola 6 apresenta resultados compatíveis com a

legislação vigente. Todas as outras estão acima ou muito acima do valor

recomendado, revelando total desacordo com os padrões estabelecidos pela SEDF.

Apesar dos valores encontrados nas escolas 8 e 9 serem ligeiramente maiores

do que aquele estabelecido no Decreto, tem-se ainda uma situação considerada

satisfatória. O fato é que estas escolas apresentam salas com volumes menores,

113m3 e 124m3, respectivamente, e forros suspensos feitos com placas de materiais

mais absorventes (gesso e PVC). No caso da Escola 6, cujo volume da sala é de

123m3, o forro do teto é feito com um material de papelão prensado.

TABELA 8

Volume das salas de aula

ESCOLAS VOLUME (m3)

1 183

2 275

3 124

4 134

5 151

6 123

7 128

8 113

9 124

As escolas do Ensino Médio e Fundamental por admitirem maior número de

alunos por sala, necessitam conseqüentemente de salas de aula com dimensões

maiores.
Das salas pesquisadas a que possui maior volume é a da Escola 2, com um

valor aproximado de 275m3. São salas destinadas ao Ensino Médio, que não

apresentam nenhum tipo de preocupação com materiais absorventes. O teto, as

paredes e o chão são constituídos de materiais desprovidos de tratamento acústico,

ditos “duros”, que apresentam baixos coeficientes de absorção. São condições que

comprometem a mensagem da fala e influenciam negativamente o processo ensino-

aprendizagem.

De acordo com a figura 4, o tempo de reverberação das salas de aula da

Escola 2 para a freqüência de 1000 Hz supera em 1,1s o tempo máximo

estabelecido pela norma. Embora os TR das salas de aula desta escola não estejam

adequados à finalidade, há que se ressaltar a vantagem destas salas em relação às

das Escolas 1, 3, 5 e 7, que além de um tempo de reverberação elevado,

apresentam acentuadas diferenças entre os TRs para as freqüências consideradas,

fato que prejudica ainda mais a percepção do ouvinte.

Segundo a equação de Sabine, t60 = 0,161*V/A, quanto maior o volume de uma

sala e menor o coeficiente de absorção dos materiais, maior será o tempo de

reverberação de um dado ambiente. É exatamente o que ocorre com as salas das

escolas 1 e 2.

No caso da Escola 7, a freqüência representativa (1000 Hz) apresenta valor

bem acima daquele considerado ideal, uma vez que supera em 0,9s, o máximo

estabelecido pela legislação. Isto por si só já seria prejudicial, mas a situação se

agrava quando se verifica que esta escola trabalha com deficientes auditivos. Para

esta classe de estudantes o tempo de reverberação não deveria exceder 0,3s

(BERG, 1993 apud RUSSO, 1999, p.219).


Apesar do TR está muito acima do considerado ideal, a escola conta com salas

de aula pequenas, poucos alunos em sala e está localizada numa região livre de

incômodos externos (tráfego urbano), o que aumenta a relação sinal/ruído e melhora

a inteligibilidade da fala.

Embora esta seja uma situação positiva, o que se percebe, em geral, são altos

TRs combinados com altos níveis de pressão sonora. Degrada-se o processo

ensino-aprendizagem, interferindo diretamente na inteligibilidade da fala. Para se ter

idéia, uma sala de aula com 1,5s de TR e + 10 dB de S/R terá aproximadamente

75% de inteligibilidade. Se a relação S/R cai para 0 dB e o TR é de 1,5s, a

inteligibilidade da fala cai dramaticamente para 30% (SEEP et al., 2002). Apesar

deste trabalho não medir a relação sinal/ruído, é possível constatar que as

condições das escolas pesquisadas não estão adequadas à finalidade a que se

destinam. São jovens e crianças estudando em ambientes acusticamente

inadequados, sujeitos a custos sociais e culturais que ainda não são devidamente

estudados. Neste tipo de ambiente, altera-se a performance, o comportamento e a

saúde de professores e alunos.

Pesquisa com professores e alunos

Para verificar a percepção dos professores acerca das condições de trabalho e

saúde nas escolas, foi aplicado um questionário fechado, baseado em um estudo

realizado pela Faculdade de Medicina da UFBA. O questionário abordou questões

relativas ao ambiente de trabalho e a alguns sintomas normalmente observados

pelos profissionais. Questões como idade, tempo e turno de trabalho, também foram

consideradas.
Do total pesquisado 60% situavam-se na faixa de 20 a 35 anos de idade,

caracterizando uma população jovem. Em relação ao tempo de trabalho, a minoria,

ou seja, 28% atuavam a mais de quinze na profissão. Quanto ao turno de trabalho,

50% atuavam no período matutino, 20% no período vespertino e 34% atuavam nos

turnos matutino e vespertino. A pesquisa englobou professores do Ensino Infantil,

Fundamental e Médio.

A última análise considerada na primeira parte fez menção ao exame

audiométrico. Dos entrevistados, 59% nunca fizeram o exame, revelando pouca

preocupação com este tipo de acompanhamento. Dos 41% restante, a maioria

pertencia a SEDF, visto que as escolas particulares não exigem tal exame.

Condições de trabalho e saúde

As queixas mais freqüentes a respeito das condições de trabalho foram:

ritmo acelerado de trabalho (71%), ambiente intranqüilo e estressante (73%) e

barulho (90%).

TABELA 9

Principais queixas sobre as condições de trabalho

sim não

Barulho 90% 10%

Ambiente intranqüilo e estressante 73% 27%

Ritmo acelerado de trabalho 71% 29%

O resultado mais expressivo está relacionado com o barulho (figura 5), isto

porque, os valores de níveis de pressão sonora durante as aulas variaram de 42,3 a

118 dB (A).
q orp sutwvyxz {w|}~€ƒ‚u|„t
~}†‚k‡^ˆƒtB‰}†|Š‹‚u{1z3sw~
…
x‚w~xŒ~z Žz {~{w|x

uv t‘sƒtkv’xz {w|“}@~
€u‚ƒ|lt ~}†‚k‡^ˆƒt
…
nCo5p ‰}†|Š‹‚ƒ{z sk~”x‚k~x
~z Žz {~{•|x

FIGURA 5 – Queixas com relação às condições de trabalho: barulho

Segundo Berglund & Lindvall (1995), a partir de 55 dB (A), limiar do

desconforto auditivo, começa-se a ativação nervosa, desencadeando estresse leve,

mantendo-se o ser humano preocupado sem uma razão específica e com agitação

motora estéril, afetando o sistema nervoso central como um todo.

Os altos níveis de pressão sonora em sala de aula acabam por trazer

conseqüências ao dia-a-dia dos profissionais. De acordo com a pesquisa realizada

junto aos professores, 73% dos entrevistados consideram o ambiente escolar

intranqüilo e estressante.

Ainda de acordo com o estudo, 28% dos professores entrevistados estão a

mais de quinze anos no exercício de suas funções. É possível que muitos estejam

sendo acometidos por males desencadeados pelo excesso de ruído nas escolas.

A tabela 10 apresenta a percepção dos professores das escolas públicas e

privadas do DF acerca de suas condições de saúde.


TABELA 10

Principais queixas relativas à saúde

sim não

Cansaço mental/estresse 76% 24%

2.Dor de garganta 63% 37%

Dor nas pernas 62% 38%

Irritação/nervosismo 60% 40%

Rouquidão 54% 46%

Dor nas costas 54% 46%

Insônia 32% 68%

Em relação aos problemas de saúde destacaram-se as seguintes queixas: dor

de garganta (63%), dor nas pernas (62%), irritação/nervosismo (60%) e cansaço

mental/estresse (76%) como a mais expressiva.

Segundo referencial teórico levantado, o ruído não é causa direta de doenças

mentais, mas presume-se que acelera e intensifica o desenvolvimento de desordens

mentais latentes.

Quanto aos efeitos no comportamento, Job (1993), afirma que as pessoas

podem sentir uma variedade de emoções negativas quando expostas ao ruído:

raiva, distração, agitação, exaustão etc. Segundo o autor a exposição por si só não é

suficiente para produzir agressão, mas a combinação com provocação ou raiva pode

desencadear o processo. Um número satisfatório de evidências mostra que o ruído

acima de 80 dB (A) está associado com o comportamento agressivo – nervosismo. A

literatura confirma os resultados da pesquisa, visto que 60% dos entrevistados

disseram se sentir irritados ou nervosos. Os elevados níveis de pressão sonora

encontrados durante o período de aulas revelam que o ambiente de sala de aula não
é necessariamente um ambiente tranqüilo, reforçando a pesquisa feita junto aos

professores.

A quarta e última parte da pesquisa buscou obter informações acerca das

condições de trabalho em sala de aula. Em suma as questões abordaram os

prejuízos causados pelo excesso de ruído à comunicação verbal entre alunos e

professores.

Como mencionado anteriormente, das escolas pesquisadas, as que mais

sofrem os impactos do ruído advindo do tráfego urbano são as Escolas 1 e 10. A

pesquisa feita junto aos professores confirma a situação preocupante face aos

efeitos potenciais sobre a saúde e o processo ensino-aprendizagem.

TABELA 11

Principais queixas feitas pelos professores quanto ao andamento das aulas – Escola 1

Perguntas a b c

O barulho externo prejudica suas aulas? (avião, carro etc). 0% 26% 74%

Você tem costume de aumentar o tom de voz em sala de aula? 6% 47% 47%

O barulho prejudica sua comunicação verbal com os alunos? 5% 51% 44%

Você sente dificuldades de raciocínio ou de concentração? 23% 67% 10%


NOTA: legenda: a) raramente b) às vezes c) constantemente

Dos resultados encontrados, o de maior destaque se relaciona ao barulho

proveniente do tráfego urbano (ruas e avenidas adjacentes). De acordo com a

pesquisa, 74% dos professores admitiram constante interrupção em suas aulas

devido ao barulho externo (carros, aviões, buzinas, caminhões, motocicletas etc). Do

restante, 26% sentiram – se incomodado algumas vezes, e absolutamente ninguém

admitiu nunca ter sido interrompido pelo ruído urbano.


A figura 6 ilustra o resultado de maior destaque com relação às condições de

trabalho em sala de aula.

–ƒ—™˜@š•› œž

¡ ¥¦§¨ª©ª«§©ª¬­®¬§©ª¬
¢£ ¡ ¤
«•¯ °±­®«¨³²ª¬´¬¨

« « ­®¬§©ª¬
µ µ

Ÿ ¡

FIGURA 6 – O barulho externo prejudica o andamento de suas aulas?

O excesso de ruído prejudica a comunicação em sala de aula, levando os

professores a sentirem dificuldades de concentração e obrigando-os a esforços

constantes para se fazer entender. Segundo Evans & Maxwell (1993), o ruído

induzido pode melhorar a performance em tarefas mais simples, mas deteriora

substancialmente a performance em tarefas mais complexas (tarefas que requerem

atenção contínua ou que demandam uma grande capacidade de memória). Entre as

perdas, as mais fortemente afetadas pelo ruído são: raciocínio, leitura,

concentração, resolução de problemas, compreensão etc.

Segundo Russo (1999, p 219), “o ruído excessivo e indesejável é um problema

acústico comumente encontrado em salas de aula”, o que mostra falta de

preocupação quanto a esta modalidade de poluição. São escolas mal localizadas

dentro da malha urbana, que acabam por ter suas dependências “contaminadas”

pelo ruído externo. Situação que impossibilita um processo educacional adequado e

de boa qualidade. Nesta escola, 44% dos professores admitiram que o barulho

prejudica constantemente sua comunicação verbal com os estudantes, enquanto


que 51% disseram se sentir prejudicados algumas vezes. Somente 5% afirmaram

não perceber nenhum tipo de incômodo.

Desse modo, é importante considerar a relação entre a intensidade da voz do

professor e o ruído que chega aos ouvidos, principalmente das crianças em sala de

aula. Com níveis de pressão sonora variando de 78 a 83 dB (A), as salas de aula

desta instituição exigem do profissional um esforço vocal muito acima do normal.

Nesse ambiente a voz do professor deve exceder aproximadamente + 15 dB (A) o

nível de ruído em sala para proporcionar uma boa compreensão por parte dos

alunos; níveis que são encontrados somente na voz gritada.

Os profissionais que trabalham na Escola 10, escola que também tem suas

dependências fortemente afetadas pelo ruído advindo do tráfego urbano, também

reclamam da dificuldade de comunicação com os estudantes. Da população

pesquisada, 76% admitiram que o barulho prejudica sua comunicação verbal com os

alunos. Em função deste prejuízo, 44% dos entrevistados têm o costume de

aumentar o tom de voz em sala de aula, ou seja, se esforçam constantemente para

se comunicar com os estudantes.

TABELA 12

Principais queixas feitas pelos professores quanto ao andamento das aulas – Escola 10

Perguntas a b c

Você tem costume de aumentar o tom de voz em sala de aula? 4% 52% 44%

O barulho externo prejudica suas aulas? (avião, carro, etc). 24% 57% 19%

O barulho prejudica sua comunicação verbal com os alunos? 15% 76% 9%

Você sente dificuldades de raciocínio ou de concentração? 48% 52% 0%


NOTA: legenda: a) raramente b) às vezes c) constantemente
De maneira semelhante à Escola 1, a figura 7 ilustra o resultado mais

expressivo da pesquisa feita junto aos professores.

¶·ª¸¹º »‘¼½

¾¿
ÂÃÄŪƪÇÄƪÈɓÈÄÆ
¾•¾¿ È
Ç•Ê ËÌɓÇųͪÈÎÈÅ
ÀwÁ ¿ Ï Ç Ï ÇɓÈÄƪÈ

FIGURA 7 – Você tem o costume de aumentar o tom de voz em sala de aula?

Além das Escolas 1 e 10, as Escolas 4 e 5 chamaram a atenção. A Escola 5,

localizada em Brasília, região devidamente planejada, apresentou resultados

satisfatórios. Foi possível perceber que os incômodos advindos do tráfego urbano

são menores. Verificou-se que 43% da população pesquisada não observam ruídos

provenientes de carros, aviões, caminhões, motocicletas etc e apenas 5% admitiram

constante prejuízo ao andamento de suas aulas em função do barulho advindo do

tráfego urbano.

No tocante à Escola 4, escola situada no Núcleo Bandeirante, a maior

contribuição para altos níveis de pressão sonora advém do trânsito interno de

alunos. Dos professores entrevistados, 71% disseram que o barulho prejudica a sua

comunicação com os alunos. Constatou-se, que em decorrência deste trânsito, a

grande maioria, 63%, tem o costume de aumentar o tom de voz em sala de aula, ou

seja, se esforça para se comunicar com os estudantes.


Salas de aula com excesso de ruído interferem na inteligibilidade da fala,

resultando na redução do entendimento e, portanto, na redução da aprendizagem.

O esforço vocal do professor, na tentativa de se fazer entender, pode trazer

efeitos nocivos à sua saúde. Estudos realizados por fonoaudiólogos constataram

disfunções vocais para aqueles profissionais que têm a voz como instrumento de

trabalho.

Segundo Pinto e Furck (1988, p. 12), “os sintomas de fadiga vocal, perda da

intensidade da voz, que os indivíduos tentam superar provocando um esforço ainda

maior na musculatura faríngea, aliados ao fator psicológico, causam as rouquidões e

até as afonias. Com o decorrer do tempo, os exames otorrinolaringológicos revelam

freqüentes nódulos, edemas e pólipos”.

No que se refere aos problemas de saúde, a tabela 10 revela que 63% dos

pesquisados disseram sentir dor de garganta e 54% observaram rouquidões. Esses

dados apontam para um grande esforço dos órgãos envolvidos no mecanismo da

fala, tendo o excesso de barulho nas salas de aula como o principal motivo desses

sintomas.

Os efeitos potenciais levantados nesta pesquisa são compatíveis com alguns

casos de doença diagnosticados por uma pesquisa encomendada pelo Sindicato

dos Professores do Distrito Federal (Sinpro – DF). Segundo o Sinpro, o diagnóstico

médico mais freqüente estava relacionado com estresse/estafa.

TABELA 13

Diagnóstico médico

Diagnóstico médico Escola particular Escola pública

Estresse/estafa 37,6% 38,7%

Problemas nas cordas vocais 0,9% 17,8%


FONTE: Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro – DF)
A tabela 13 mostra que 38,7% dos professores das escolas públicas do DF

apresentaram sintomas de estresse. Esse resultado representa uma população

aproximada de 12.600 professores, o que justifica os altos índices de pedidos de

licença médica entre os profissionais da educação.

Segundo a pesquisa – Sinpro, realizada no período de 20 a 23 de novembro de

2001, 38,4% dos profissionais da rede pública tinham requerido licença por

problemas de saúde. Este índice representa uma população aproximada de 12.500

profissionais.

TABELA 14

Você tirou atestado ou entrou de licença médica nos últimos 90 dias?

Licença médica sim não sr/ns

Escola pública 38,4% 61,0% 0,6%

Escola particular 20,5% 78,9% 0,6%


FONTE: Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro – DF)

A figura 8 evidencia o resultado mais representativo quanto ao pedido de

licença médica entre os profissionais da educação – Rede pública.

Õ7Ö Òf×;Ô

ÙÛÚ Ü
ÝÞß
Ùªàªá Ý Ù
ÐmÑ7ÒfÓ;Ô
×ØÒ Õ Ô

FIGURA 8 – Índice de atestado ou licença médica – Rede Pública


Certamente o alto índice de pedidos de licença médica não está diretamente

relacionado com o nível de ruído em salas de aula, mas segundo a literatura, os

sintomas pesquisados podem ser agravados pelo excesso de ruído no ambiente

escolar.

Com a finalidade de complementar o estudo realizado com os professores e

aumentar o universo pesquisado, foi feito um levantamento junto aos estudantes do

Ensino Médio em quatro instituições de ensino relacionadas. A pesquisa focou

basicamente sua atenção para informações acerca do barulho: interno e externo à

escola. Quanto ao ruído externo, a figura 9 mostra que 84% dos estudantes da

Escola 1 admitiram que o barulho externo prejudica o andamento de suas aulas.

Comparando com as respostas dos professores (ver tabela 11), verifica-se que os

índices são próximos.

èââ“ã

ç â“ã
ÿ æâ“ã
fü ýþ
úû å â“ã
÷3øù
ä â“ã

â“ã
è ä é å
êÛë™ìíî ïuëñð’òë™óôõ ëyïuöïuë

FIGURA 9 – O barulho externo prejudica o andamento de suas aulas?

No caso da Escola 3, apenas 6% dos estudantes afirmaram se sentir

incomodado com o ruído externo à escola – tráfego urbano. Tal índice é compatível
com as respostas dos professores, os quais admitiram, em sua maioria, nunca terem

sido incomodados pelo barulho externo (carros, aviões, motos etc).

No tocante ao ruído interno, o estudo mostrou, segundo opinião dos

estudantes, que independentemente da localização da escola, o barulho dentro da

sala de aula prejudica as atividades escolares. A tabela 15 expressa o resultado da

pesquisa realizada junto aos alunos.

TABELA 15

O barulho dentro da sala de aula prejudica


suas atividades?

sim não

ESCOLA 1 79% 21%

ESCOLA 2 74% 26%

ESCOLA 3 76% 24%

ESCOLA 4 82% 18%

Com base nos dados da pesquisa, verifica-se que a maioria dos estudantes

considera o ruído como um agente nocivo às atividades desenvolvidas no ambiente

escolar. São prejuízos que podem acarretar altos custos socioeconômicos àqueles

que passam vários anos estudando neste tipo de ambiente.


5 CO NCL USÕ ES

“O ruído e seus efeitos fazem parte da questão ambiental se os entendermos

não exclusivamente como a preservação da natureza, mas sim como a integração

do homem à natureza e às obras criadas por esse mesmo homem” (MORATA;

LEWIS; BEVILACQUA, 1990, p. 75).

Sendo assim, a pesquisa desenvolvida nesta dissertação buscou

essencialmente verificar as condições de conforto acústico em escolas da rede

pública e privada do Distrito Federal, além de conhecer a percepção de alunos e

professores acerca do tema.

Os resultados encontrados mostram realidades diferenciadas e preocupantes.

São escolas que sofrem diariamente com o intenso ruído externo, provindo

principalmente do tráfego aéreo e terrestre. Estas fontes provocam ainda o aumento

dos ruídos internos produzidos pelos próprios alunos, prejudicando ainda mais a

qualidade ambiental desses estabelecimentos.

A análise dos valores obtidos durante o período de aula e durante o recesso

escolar, mostrou que os níveis de pressão sonora estão além daqueles aceitáveis. O

Decreto 20.769/99 da SEDF, não está sendo cumprido em sua íntegra, denotando

falta de atenção quanto às questões físico-ambientais no interior das salas de aula.

Embora isto seja uma verdade, o poder público precisa definir melhor os níveis de

ruído aceitáveis para o ambiente escolar. As normas não são claras, o que suscita

dúvidas quanto à interpretação.

O estudo mostra que o NPS mais discreto durante as aulas foi de 69,2 dB (A),

para uma turma da 3a série do Ensino Fundamental. No período de recesso escolar

o nível medido foi de 44,2 dB (A). Esta escola, da rede pública, se localiza numa
Região Administrativa previamente planejada, o que a isenta de interferências

nocivas como as advindas do tráfego urbano – aéreo e terrestre.

Tal situação não se repete em todas as escolas pesquisadas. Regiões

Administrativas que não seguiram um planejamento urbano pré-definido mostram

uma realidade diferenciada. São escolas mal localizadas dentro da malha urbana,

que têm suas dependências fortemente afetadas pelo ruído ambiental, trazendo

prejuízos à educação dos mais jovens e à qualidade de vida das populações que

freqüentam diariamente esses ambientes.

Verifica-se, portanto, que o ambiente escolar é freqüentemente “contaminado”

pelo excesso de ruído. Não há ainda preocupação quanto à qualidade acústica

desses ambientes. A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh),

juntamente com a secretaria competente (SEDF), deveriam controlar com maior

eficiência a questão da poluição sonora no interior dos prédios escolares, pois o que

se apresenta é uma situação demasiadamente crítica.

No caso das cidades de Taguatinga e Núcleo Bandeirante, a concessão para a

instalação de prédios escolares é regulamentada pelo Plano Diretor Local (PDL) e

pelas Normas de Gabarito (NGB), respectivamente. Em ambos os casos, não há

nenhum item que faça menção à proteção do ambiente escolar quanto ao excesso

de ruído proveniente do tráfego urbano.

Tais instrumentos legais são ineficientes no trato da questão ambiental –

poluição sonora. O PDL, que objetiva orientar os agentes públicos e privados que

atuam na gestão do território para o pleno desenvolvimento das funções sociais da

Região Administrativa e da propriedade, além do bem-estar de seus cidadãos, gera

um problema grave ao disponibilizar o uso e ocupação do solo segundo critérios de

incomodidade.
De acordo com o Projeto de Lei Complementar n. 38, de 1997, o uso do solo

urbano, divide-se em residencial e não residencial. O uso não residencial do solo

urbano subdivide-se em:

I - comercial;

II - institucional;

III - industrial.

Nestes casos as atividades ficam classificadas como atividades incômodas e

não incômodas, onde as atividades incômodas são aquelas que interferem e

perturbam o meio urbano, especialmente o uso residencial.

O uso institucional realiza-se por meio de atividades de lazer, social, cultural,

de educação e outros.

Este tipo de flexibilização prevê apenas o incômodo que a atividade pode gerar

na vizinhança e não o que a vizinhança pode gerar no interior da edificação. Sendo

assim, verificam-se casos alarmantes, onde escolas estão localizadas próximas a

avenidas com intenso tráfego terrestre e até mesmo em áreas industriais. Toda esta

distorção amparada pela Lei vigente.

A SEDF, órgão que aprova os projetos de construção e reformas de escolas

em toda a região do DF, não possui recursos humanos suficientes para a devida

fiscalização, instalando-se assim uma situação caótica quanto à regulamentação de

aberturas de novas instituições educacionais. Outras regiões, como o Núcleo

Bandeirante, não possuem PDL, logo seguem as Normas de Gabarito. Neste caso

constata-se a mesma omissão.

As controvérsias e omissões do poder público desencadeiam prejuízos ao

processo ensino-aprendizagem e à saúde daqueles que trabalham nesses

ambientes.
O referencial teórico pesquisado demonstrou que as más condições físico-

ambientais das salas de aula reduzem a performance escolar do indivíduo, seja este

estudante ou professor. O estudo revela a necessidade de regulamentos mais

eficazes quanto à construção de escolas, a fim de proporcionar ambientes mais

tranqüilos e silenciosos, com o intuito de se obter índices mais eficazes de ensino e

aprendizagem. São condições que ofereçam maior concentração na aquisição de

linguagem, escrita, entendimento e conhecimentos. O ambiente em que se estuda

deve favorecer o processo de aquisição de conhecimentos, tornando-se assim um

tópico fundamental das discussões pedagógicas.

Outro importante fator acústico mencionado neste trabalho refere-se ao tempo

de reverberação. A pesquisa revela que das dez escolas relacionadas, apenas uma

apresenta valores compatíveis com a norma. Os resultados mostram falta de

preocupação com a acústica das salas de aula, o que traz significativos prejuízos à

compreensão da fala, principalmente para os estudantes de séries iniciais e àqueles

com problemas auditivos. Ambientes acusticamente inadequados podem prejudicar

a performance, afetar o comportamento, além de desencadear efeitos sobre as

cordas vocais dos profissionais.

Entre os efeitos potenciais pesquisados, a maior reclamação dos professores

refere-se ao cansaço mental/estresse, isto porque 73% consideram que o ambiente

escolar é intranqüilo e estressante. As salas de aula, como revelado neste estudo,

apresentam níveis de pressão sonora muito elevados, desencadeando efeitos

negativos sobre a saúde dos profissionais. Dor de garganta e rouquidão, assim

como estresse/estafa, são reclamações freqüentes. Sabe-se que os problemas

vocais afetam a vida pessoal, social e, sobretudo profissional, gerando excesso de

afastamentos, readaptações e pedidos de licença médica.


Tanto o Sindicato dos Professores (Sinpro – DF), quanto o Sindicato das

Escolas Particulares (Sinepe – DF), poderiam conjuntamente discutir a magnitude do

problema e propor uma ação integrada com o intuito de melhor preservar a saúde

dos profissionais da educação.

“Alterações na voz do professor levam a modelos lingüísticos e psicológicos

inadequados, uma vez que a piora do estado de saúde dos professores, tanto física

(rouquidão, dor de garganta, perda da voz etc), quanto emocional (fadiga geral,

tensão pela dificuldade de falar etc) interfere em sua atuação em sala de aula”

(PINTO & FURCK, 1988, p. 13).

Para minimizar os problemas de saúde dos profissionais da educação e ainda

potencializar as habilidades e competências dos estudantes faz-se necessário

adotar medidas e posturas que nem sempre são as ideais, principalmente quando se

trata da iniciativa privada.

Em primeiro lugar é preciso rever as regras básicas de uso e ocupação do solo

e a legislação pertinente a obras de construção e reformas de escolas, pois o que se

apresenta é um quadro de equívocos e omissão. Faz-se necessário, que

engenheiros e arquitetos da Seduh, em conjunto com a Gerência de Engenharia e

Arquitetura (GEA) da SEDF, passem a considerar os efeitos potenciais

desencadeados pelo excesso de ruído no ambiente escolar.

Além disso, algumas ações podem ser implementadas a fim de reduzir o nível

de ruído nas instituições escolares, mais precisamente em salas de aula. São ações

tais como:
a) reavaliação das regras de uso e ocupação do solo da cidade de Taguatinga,

a fim de evitar o funcionamento de escolas em áreas onde o tráfego urbano seja

intenso, minimizando desta forma a “contaminação” do ambiente escolar pelo

principal agente contaminante. O mesmo se aplica às Normas de Gabarito;

b) estabelecimento de vias e/ou horários exclusivos para transporte de cargas

e veículos pesados (ônibus, tratores etc), a fim de reduzir o tráfego destes veículos

nas imediações de instituições escolares;

c) proibição de áudio-promoção comercial em vias públicas, na qual sejam

utilizados instrumentos sonoros, cornetas, sirenes, apitos etc;

d) treinamentos específicos do corpo de Policiais Militares – especialmente do

Batalhão Escolar – para que possam controlar o excesso de ruído nas imediações

das edificações escolares;

e) estabelecimento de parceria entre os técnicos da Secretaria do Meio

Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) e os profissionais da SEDF pertencentes à

Gerência de Engenharia e Arquitetura, para que possam juntos, promover a melhoria

da fiscalização, com ampliação do quadro de fiscais e aquisição de equipamentos

adequados;

f) revisão do Decreto 20.769/99, da SEDF, a fim de que o mesmo possa

contemplar maior cuidado com a questão acústica das salas de aula. Aqui, deve-se

priorizar as recomendações da NBR 12.179 da ABNT.

Segundo Couto25 (1994 apud RUSSO, 1999), as salas de aula devem ser

projetadas de maneira a reduzir o ruído ambiental, de tal forma que o local de sua

25
COUTO, M.I.V. Efeitos do Ruído e da Reverberação na Discriminação Auditiva em Pré-
Escolares Ouvintes. São Paulo, 1994. Dissertação de Mestrado – PUC São Paulo.
construção seja silencioso, longe de avenidas barulhentas e arborizado.

Recomenda-se ainda:

g) promoção de programas de Educação Ambiental, que visem, entre outros

aspectos, promover o esclarecimento dos efeitos nocivos do excesso de ruído no

ambiente escolar. Para tanto poderiam ser utilizados, cartazes, folders, cartilhas e

até mesmo a disseminação de informações por meio da imprensa de comunicação

de massa (televisão, rádio, jornais e revistas);

h) modificações arquitetônicas, que melhorem, se for o caso, as condições

acústicas das salas de aula;

i) implantação de programas de fonoaudiologia (treinamento de impostação

vocal) que visem averiguar, acompanhar e melhorar as condições de saúde dos

professores, no tocante ao seu sistema fonador. Para o sucesso de tal programa,

seria importante divulgar, junto aos profissionais, a grande incidência de distúrbios

da voz, conscientizando-os e orientando-os quanto aos padrões corretos de

articulação, padrão respiratório, posturas corporais interferentes no desempenho

vocal e aspectos de higiene vocal;

j) redução do elevado número de alunos por sala e modificação da relação

proposta pela SEDF, de 1,2m2/aluno, para pelo menos 1,5m2/aluno. Esta proposta,

além de diminuir os NPS em sala de aula, traria um ganho significativo no processo

educacional.

Essas medidas podem reduzir os níveis de pressão sonora nas edificações

escolares, proporcionando a alunos e professores, melhores condições de trabalho e

saúde.

Esta pesquisa apenas evidencia os malefícios desencadeados pelo excesso de

ruídos no ambiente escolar, embora questões como luminosidade, temperatura,


ventilação, cores em excesso, vibrações, circulação de ar, dimensões, sejam

relevantes e mereçam estudos mais aprofundados.

Em função do caráter multidisciplinar desta pesquisa, destaca-se a

importância de estudos mais específicos. Além dos fatores físicos já mencionados,

outras sugestões podem ser valiosas para a melhoria dos recintos escolares:

a) estudo geográfico/arquitetônico sobre a construção e localização das

escolas – aumentar o espaço amostral de instituições pesquisadas;

b) estudo acerca das condições acústicas das salas de aulas, com o intuito de

investigar com maior profundidade a questão da relação sinal/ruído – testes para

estimar ou prever a inteligibilidade da fala;

c) estudo que verifique os altos índices de pedido de licença médica entre os

professores, principalmente para os profissionais da Rede Pública de Ensino;

d) estudo acerca das condições de saúde vocal dos profissionais da educação

– implantação de programas de fonoaudiologia.

Por isso, é de fundamental importância a integração de profissionais das áreas

de educação, fonoaudiologia, arquitetura, planejamento urbano, administração

pública, consultores acústicos, ergonomia etc, nas discussões acerca das condições

ambientais das escolas das redes pública e privada do DF.

Professores e alunos estão convivendo em ambientes que prejudicam o

processo ensino-aprendizagem e ainda afetam suas condições de saúde. Em média,

os dois grupos pesquisados passam de 4 a 5 horas em ambientes inadequados à

finalidade a que se destinam. No caso dos professores, essa situação pode ser mais

grave, uma vez que muitos fazem jornadas duplas, por vezes triplas, em salas de

aula.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACIOLI, J. de L. Física Básica para Arquitetura. Brasília: Universidade de Brasília,


1994. p. 291-330.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10.151: Acústica –


Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade –
Procedimento. Rio de Janeiro, 2000.

_____. NBR 10.152: Níveis de ruído para conforto acústico. Rio de Janeiro, 1987.

_____. NBR 12.179: Tratamento acústico em recintos fechados. Rio de Janeiro,


1992.

BERG, R. E.; STORK, D. G. The Physics of Sound. 2. ed. New Jersey, 1995. p.
219-224.

BERGLUND, B; LINDVALL, T. Community Noise. Document prepared for the World


Health Organization. Archives of the Center for Sensory Research, 2: 1-195, 1995. A
reprint of this document with corrections of language and references has been
published in 1998. The 1995 document can be addressed on the Internet address
www.who.int/peh/.

BRADLEY, J. S. Optimising Sound Quality for Classrooms, In: Anais do II Simpósio


Brasileiro de Metrologia em Acústica e Vibrações. Rio de Janeiro, 2002. p. 1-15.

CODO, W; MENEZES, I. V. O que é Burnout? In: CODO, W (Coordenador).


Educação: carinho e trabalho. Petrópolis: Vozes/Brasília: Confederação Nacional
dos Trabalhadores em Educação: Universidade de Brasília. Laboratório de
Psicologia do Trabalho, 1999. p. 237-254.

Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, AGENDA


21. 3 ed. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2000.
COSTA, L. Brasília. Rio de Janeiro: Edições Alumbramento, 1986. p. 17-22.
CURY, A. J. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante,
2003. p. 55-63.

DE MARCO, C. S. Elementos de Acústica Arquitetônica. São Paulo: Nobel, 1982.


p. 49-63.

DISTRITO FEDERAL. Código de Edificações do Distrito Federal, 1999. Secretaria


de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Brasília, p. 13-40.

DISTRITO FEDERAL. Decreto n. 20.769, de 03 de novembro de 1999. Aprova as


Normas relativas a obras de construção e de modificação em estabelecimentos de
ensino destinados à Educação Infantil, ao Ensino Fundamental e ao Ensino Médio
do Sistema de Ensino do Distrito Federal e dá outras providências. Diário Oficial
do DF, n. 213 de 08 nov. 1999.

DISTRITO FEDERAL. Projeto de Lei Complementar, 1997. Aprova o Plano Diretor


Local da Região Administrativa de Taguatinga - RA III, conforme o disposto no art.
316 da Lei Orgânica do Distrito Federal. Câmara Legislativa do Distrito Federal,
n. 38, 17 dez. 1997.

FERNANDES, J. C. Acústica e Ruídos. Bauru: Departamento de Engenharia


Mecânica – Unesp, 2002. 102 p. Apostila.

GERGES, S.N.Y. Ruído: fundamentos e controle. 2. ed. Florianópolis: NR Editora,


2000.

IBGE. Censo Demográfico 2000: Primeiros Resultados da Amostra. Disponível em:


<http://www.ibge.gov.br> Acesso em: 21 jul. 2002.

JOHNSON, D. J.; MYKLEBUST, H. R. Distúrbios de Aprendizagem. São Paulo:


Pioneira: Universidade de São Paulo, 1983. p. 1-10.
KNECHT, H. A. et al. Background Noise Levels and Reverberation Times in
Unoccupied Classrooms: Predictions and Measurements. Americam Journal of
Audiology, Columbus, OH, dec. 2002. vol. 11, p. 65-71.

ACOUSTICAL SOCIETY OF AMERICA. Classroom Acoustics & Learning.


Disponível em: <http://www.asa.aip.org> Acesso em: 10 maio 2001.

LEUCZ, J. Ambiente de Trabalho das Salas de Aula no Ensino Básico nas


Escolas de Curitiba. Florianópolis, 2001. 98 f. Dissertação (Mestrado em
Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Produção, Universidade Federal de Santa Catarina.

LEVI, F. Origens, ambiente e evolução. In: MENEZES, L. C. de. A terra gasta: a


questão do meio ambiente. São Paulo: EDUC – Editora da Pontifícia Universidade
Católica – PUC-SP, 1990. p. 17-25.

LUBMAN, D. America’s Need for Standard & Guidelines to Ensure Satisfactory


Classroom Acoustics. Disponível em: <http://www.lhh.org/noise/children> Acesso
em: 25 out. 2003.

MARTINS, M. I. M. et al. A interferência do ruído no reconhecimento da fala: análise


do ambiente e da voz do professor. In: Anais do II Simpósio Brasileiro de
Metrologia em Acústica e Vibrações. Rio de Janeiro, 2002, p. 1-5.

MORATA, T.C.; LEWIS, D. R.; BEVILACQUA, M. C. Quando o som polui. In:


MENEZES, L. C. de. A terra gasta: a questão do meio ambiente. São Paulo: EDUC
– Editora da Pontifícia Universidade Católica – PUC-SP, 1990. p. 67-77.

NELSON, P.B. The Campaign For Improved Acoustics in Schools. Disponível


em: < http://www.lhh.org/hrq/noise/nelson.htm> Acesso em: 11 abr. 2003.

NEPOMUCENO, L. de A. Elementos de acústica física e psicoacústica. São


Paulo: Edgar Blücher, 1994.
NEUFERT, E. Arte de projetar em arquitetura: princípios, normas e prescrições
sobre construção, instalações, distribuição e programa de necessidades, dimensões
de edifícios, locais e utensílios. 5 ed. São Paulo: Gustavo Gilli do Brasil, 1976. p.
213-214.

OKUNO, E.; CALDAS, I. L.; CHOW, C. Física para Ciências Biológicas e


Biomédicas. São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1982. p. 231-235.

OLIVEIRA, M. da P. G.; MEDEIROS, E. B.; DAVIS JUNIOR, C. A. Planejando o


Meio Ambiente Acústico Urbano: uma abordagem baseada em SIG. Disponível
em: <http://www.pbh.gov.br/prodabel/cde/public_1999.html> Acesso em: 08 out.
2003.

PINTO, A. M. M. et al. Fonoaudiologia educacional junto a um sistema de Ensino


Público. In: FERREIRA, L. P. (org). O fonoaudiólogo e a escola. São Paulo:
Summus, 1991. p. 40-42.

PINTO, A. M. M; FURCK, M. A. E.; Projeto saúde vocal do professor. In: FERREIRA,


L. P. (org). Trabalhando a voz. São Paulo: Summus, 1988. p. 11-27.

QUICK, T. C.; LAPERTOSA, J.B. Contribuição ao Estudo das Alterações Auditivas e


de Ordem Neuro-vegetativas Atribuídas ao Ruído. Revista Brasileira de Saúde
Ocupacional, Belo Horizonte, v. 9, n 36, p. 50-56, 1981.

ROCHA, M. Sinal de alerta para a voz. Correio Braziliense, Brasília, 13 abr. 2003.

RUSSO, I. C. P. Acústica e psicoacústica aplicadas à fonoaudiologia. 2. ed.


Lovise, 1999.

_____. A importância da acústica e da psicoacústica para a audiologia: A influência


da acústica das salas de aula na percepção da fala. Acústica e Vibrações,
Florianópolis, n. 16, p. 18-22, dez. 1995.
SCHICK, A.; KLATTE, M.; MEIS, M. Noise Stress in Classrooms. Disponível em:
<http://www.psychologie.uni-Oldenburg.de/mub/schick.pdf> Acesso em: 10 jul. 2002.

SEEP, B. et al. Acústica de salas de aulas. Revista de Acústica e Vibrações,


traduzida por: Stephanie L.B. Mondl. Florianópolis: Sobrac, v.29, p. 2-24, 2002.

SELIGMAN, J. Sintomas e sinais da PAIR. In: NUDELMANN, A. A.; COSTA, E. A.


da.; SELIGMAN, J; IBAÑEZ, R. N.; [et al.]. PAIR: Perda Auditiva Induzida pelo
Ruído. Porto Alegre: Bagaggem Comunicação Ltda, 1997. p. 143-151.

SILVANY, A. M. et al. Condições de trabalho e saúde de professores da rede


particular de ensino na Bahia: estudo piloto. Revista Brasileira de Saúde
Ocupacional, Bahia, 24 (91-92), 115-124, 1995.

SOUZA, F. P. A poluição sonora ataca traiçoeiramente o corpo. In: ASSOCIAÇÃO


MINEIRA DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE (AMDA). Apostila “Meio Ambiente
em Diversos Enfoques”, “Projeto Tamburo”. AMDA, Secretaria Municipal do
Meio Ambiente, Secretaria Municipal da Educação, Belo Horizonte, 1992. p. 24-
26.

_____. Efeitos da Poluição Sonora no Sono e na Saúde em Geral: Ênfase Urbana.


Acústica e Vibrações, Florianópolis, n. 10, fev. 1992.

_____. Efeitos do ruído no homem dormindo e acordado. Acústica e Vibrações,


Florianópolis, n. 25, jul. 2000.

TRAVAGLIA FILHO, U. J; ALVES, P. R. P; GARAVELLI, S. L. Uma metodologia


alternativa para determinar o tempo de reverberação de salas. In: Anais da VII
Jornada de Produção Científica das Católicas do Centro-Oeste. Campo Grande,
2003, v. 1, p. 176-177.

WHO. Guidelines for Community Noise 1999. London: WHO, 1999.


WHO. Noise. Environmental Health Criteria Document n. 12. Disponível em:
<http://www.inchem.org/documents/ehc/ehc/ehc012.htm> Acesso em: 25 ago. 2002.
APÊNDICE A – Questionário aplicado aos professores das escolas públicas e

privadas de ensino.....................................................................108

APÊNDICE B – Questionário aplicado aos estudantes do Ensino Médio das

escolas públicas e privadas de ensino.......................................110

APÊNDICE C – Mapa com a Distribuição Espacial dos Pontos de Monitoramento de

Ruídos ...........................................................................................111
Caros colegas, este questionário foi desenvolvido para verificar as queixas mais
freqüentes a respeito das condições de trabalho e saúde do professor.
Para facilitar suas respostas ele foi dividido em partes, o que o tornou mais objetivo e
menos cansativo. Sua cooperação é muito valiosa.

PARTE 1

1. Sexo ( ) Masculino ( ) FemininoIdade: ______ anos


2. Tempo que atua como professor: _______ ano (s)
3. A sua maior carga horária está concentrada no (a)?
1. ( ) Educação Infantil
2. ( ) Ensino Fundamental (1a a 4a séries)
a a
3. ( ) Ensino Fundamental (5 a 8 séries)
4. ( ) Ensino Médio
4. Em qual (is) turno (s) de trabalho você atua? ( ) Matutino ( ) Vespertino ( ) Mat/Vesp
5. Você já fez exame audiométrico?
( ) sim ( ) não

Há quanto tempo? __________________________

PARTE 2

1. Em relação às condições de trabalho, quais dos itens abaixo você considera prejudicial ao
seu desempenho.

a. Ritmo acelerado de trabalho ( ) sim ( ) não


b. Ambiente intranqüilo e estressante ( ) sim ( ) não
c. Fiscalização contínua do desempenho ( ) sim ( ) não
d. Barulho ( ) sim ( ) não

PARTE 3
1. Em relação a sua saúde, quais dos sintomas abaixo você observa normalmente?

a. Cansaço mental ( ) sim ( ) não


b. Dor de garganta ( ) sim ( ) não
c. Dor nas costas ( ) sim ( ) não
d. Dor nas pernas ( ) sim ( ) não
e. Rouquidão ( ) sim ( ) não
f. Irritação (Nervosismo) ( ) sim ( ) não
g. Insônia ( ) sim ( ) não
PARTE 4

Esta parte refere-se especificamente ao seu trabalho em sala de aula.

1.Em função do barulho a sua comunicação verbal com os alunos é prejudicada?


( ) nunca ( ) às vezes ( ) constantemente
2. Você observa que em sua escola, o barulho externo prejudica o andamento das suas aulas?
(Carros, aviões, buzinas, caminhões, motocicletas etc).
( ) nunca ( ) às vezes ( ) constantemente
3. Durante as aulas você sente dificuldades de raciocínio ou de concentração?
( ) nunca ( ) às vezes ( ) constantemente
4. Você tem costume de aumentar o tom de voz em função do barulho em sala de aula?
( ) nunca ( ) às vezes ( ) constantemente
Caros alunos, este questionário foi desenvolvido para verificar as condições de trabalho
e saúde na sua escola e respectiva sala de aula.

Procurou-se objetividade a fim de tornar as respostas mais ágeis e menos cansativas


possível. Sua cooperação é muito valiosa.

1. Durante as aulas você sente dificuldades de raciocínio ou de concentração?

( ) sim ( ) não

2. De um modo geral, você consegue compreender com clareza as palavras proferidas pelos professores?

( ) sim ( ) não

3. Você considera que o barulho dentro da sala de aula prejudica suas atividades escolares?

( ) sim ( ) não

4. Você observa que em sua escola, o barulho externo prejudica o andamento das suas aulas? (Carros,
aviões, buzinas, caminhões, motocicletas etc).

( ) sim ( ) não

Você também pode gostar