Você está na página 1de 55

INTRODUÇÃO AO GEOPROCESSAMENTO

E GEORREFERENCIAMENTO
RESUMO DA UNIDADE

Esta unidade analisará os elementos introdutórios do Geoprocessamento e do


Georreferenciamento, além da abordagem de algumas aplicações das ferramentas
de Geoprocessamento e de Georreferenciamento. Na introdução ao
Geoprocessamento, foram tratados os conceitos e os principais elementos que o
compõem, além das etapas que devem ser realizadas para o seu funcionamento,
além da importância de sua utilização. Na introdução ao Georreferenciamento, foram
analisados os conceitos essenciais, bem como os princípios básicos do Sistema de
Posicionamento Global (GPS) e as etapas de execução do georreferenciamento. Por
fim, foram discutidas as aplicações do geoprocessamento e do georreferenciamento,
demonstrando a sua importância em diversas áreas do conhecimento para uma
gestão inteligente do território e dos dados espaciais e geográficos.

Palavras-chave: Geoprocessamento. Georreferenciamento. Sistema de Informação


Geográfica. Sistema de Posicionamento Global. Localização.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO DO MÓDULO ............................................................................... 4


CAPÍTULO 1 – GEOPROCESSAMENTO: PRINCÍPIOS E CONCEITOS .................. 6
1.1 História do Geoprocessamento ...................................................................... 6
1.2 Conceitos e Definições em Geoprocessamento ............................................ 7
1.3 Geoprocessamento e o Processamento de Informações............................... 9
1.4 Componentes do Geoprocessamento .......................................................... 16
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO GEORREFERENCIAMENTO ........................... 21
2.1 Histórico e Conceitos ................................................................................... 21
2.2 Sistema de Posicionamento Global (GPS)................................................... 23
2.2.1 Histórico e Evolução do Sistema de Posicionamento Global ....................... 24
2.2.2 Segmentos dos Sistemas de Posicionamento Global .................................. 24
2.2.3 Precisão em Mapeamentos e Restrições ao uso do GPS............................ 30
2.2.4 Tipos de Sistemas de Posicionamento Global ............................................. 35
2.3 Sistema de Posicionamento Global e o Georreferenciamento ..................... 37
2.3.1 Etapas do Georreferenciamento .................................................................. 37
CAPÍTULO 3 – USO DO GEOPROCESSAMENTO E DO
GEORREFERENCIAMENTO NA ANÁLISE ESPACIAL .......................................... 41
3.1 Aplicações do Geoprocessamento ............................................................... 42
3.2 Aplicações do Georreferenciamento ............................................................ 49
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 54

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
4

APRESENTAÇÃO DO MÓDULO

A cartografia impressa, que é expressa através de mapas, cartas e plantas é


uma forma de representar o mundo de maneira estática, limitando as interações do
usuário com a realidade já que ela se encontra “cristalizada” no papel.
Com a evolução das novas tecnologias nas últimas décadas, a informação de
qualquer natureza passou a ser difundida de forma mais interativa, permitindo uma
maior facilidade quanto ao seu acesso e a sua manipulação. E toda essa revolução
tecnológica também se refletiu na confecção dos mais variados produtos
cartográficos, permitindo a associação de diferentes informações geográficas.
Os mapas interativos permitiram que os fenômenos e as características do
mundo real fossem percebidos de forma mais fácil. Graças as tecnologias
relacionadas ao geoprocessamento e ao georreferenciamento, sua evolução e sua
disseminação, os mapas passaram a apresentar uma riqueza de dados e inter-
relações, facilitando os estudos do espaço geográfico.
O Geoprocessamento consiste em um conjunto de técnicas que envolvem os
conhecimentos da informática e da cartografia aplicada à Geografia, associando
informações teóricas e práticas, com aplicações distintas. Neste sentido, podemos
dizer que o geoprocessamento não é uma simples ferramenta, mas também um
grande aliado na obtenção de produtos cartográficos que ampliam a capacidade de
trabalho e análise de banco de dados geográficos. Além disso, as novas tecnologias
geográficas permitem, através de programas computacionais, a manipulação e o
tratamento de dados espaciais e por conseguinte a inclusão de diversos tipos de
informação em diferentes escalas, perfeitamente integradas.
O Georreferenciamento refere-se ao processo de conferir a um local ou a um
objeto uma referência espacial. Para que um arquivo seja inserido em um banco de
dados geográfico e seja utilizado no geoprocessamento e em outras aplicações que
envolvem os Sistemas de Informação Geográfica, o arquivo deve ser
georreferenciado. Um arquivo georreferenciado significa que ele possui uma
referência espacial, e isto permite a a sua articulação, inserção, manipulação, dentre
outras operações, em um software de Sistemas de Informação Geográfica ou de ser
incluído em uma base de dados geográfica.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
5

A referência espacial consiste nas informações relacionadas à localização


exata de um objeto na superfície terrestre, que permite identificar o seu
posicionamento, sendo comumente utilizado os Sistemas de Referência Terrestre ou
Geodésicos. Por sua vez, estão associados a uma superfície que mais se aproxima
da forma da Terra, e sobre a qual são desenvolvidos todos os cálculos das suas
coordenadas.
Nesta unidade, serão discutidos os aspectos principais do Geoprocessamento
e do Georreferenciamento, através da análise e discussão dos conceitos essenciais,
bem como a aplicação destas potentes ferramentas no estudo do espaço geográfico.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
6

CAPÍTULO 1 – GEOPROCESSAMENTO: PRINCÍPIOS E CONCEITOS

1.1 História do Geoprocessamento

As representações tradicionais que conhecemos, como os mapas e as cartas,


são geralmente apresentadas em papel. Sabemos que o papel é um recurso
limitado, por se tratar de um material estático, e ainda, apresentar limitações com
relação ao tamanho.
O advento da cartografia digital está associado ao surgimento dos
computadores, na década de 1960, e que, de forma progressiva, foi substituindo as
técnicas analógicas e estáticas por técnicas digitais. Entretanto, mesmo com todo o
desenvolvimento apresentado na cartografia digital, para a sua utilização ainda são
necessários processos relacionados a cartografia analógica.
A cartografia digital pode, então, ser definida como um processo em que as
etapas de construção de um mapa são executadas por processadores digitais,
reduzindo a necessidade de intervenção humana (PORTOCARRERO et. al. 2018).
Antes da utilização da informática e de técnicas de impressão na elaboração
dos mapas e das cartas, as representações eram feitas através de desenhos
manuais (Figura 1).

Figura 1: Na Antiguidade, os mapas eram desenhados a mão, indicando por meio de


referências naturais ou artificiais a localização de um determinado local

Fonte: UNSPLASH, 2019.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
7

Desta maneira, para se localizar no espaço geográfico, indicar um ponto ou um


lugar ou representar informações para que as relações pudessem ser
compreendidas, eram feitos esquemas ou figuras a mão, com o auxílio de técnicas
cartográficas. Nos dias atuais, as representações são feitas através de softwares,
modelagem e outros sistemas utilizados em mapeamento digital.
Com o avanço das tecnologias nas últimas décadas, o processo de
mapeamento e geração de produtos cartográficos se tornou mais preciso e
sofisticado, além de diminuir o tempo gasto e o custo das diversas etapas que
envolvem a elaboração de mapas e cartas.
O Geoprocessamento chegou ao Brasil no início dos anos de 1980, através do
interesse de um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Em 1982, com a vinda ao Brasil do prof. Dr. Roger Tomlinson, criador do primeiro
Sistema de Informação Geográfica, o (Canadian Geographical Information System),
vários outros grupos de pesquisadores do Brasil se interessaram em desenvolver
tecnologias voltadas para o geoprocessamento (PORTOCARRERO et al. 2018).
Na área de Geociências, as tecnologias voltadas para a obtenção de produtos
cartográficos são chamadas de geotecnologias. As Geotecnologias são
responsáveis pela geração de mapas e cartas para finalidades diversas,
contribuindo de forma relevante na interpretação e na análise de diversos
fenômenos espaciais.
Para que as geotecnologias possam desempenhar a sua função de maneira
adequada, é necessário que os dados obtidos para a elaboração das
representações cartográficas, ou seja, as informações geográficas, sejam
processados de forma que gerem os resultados esperados. O processamento das
informações geográficas é feito através do Geoprocessamento.

1.2 Conceitos e Definições em Geoprocessamento

As Geotecnologias baseiam-se em um conjunto de tecnologias que tem por


objetivo tratar e manipular as informações geográficas, através de programas
computacionais ou softwares, cujo uso está associado ao geoprocessamento.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
8

SAIBA MAIS
Quando analisamos a palavra Geoprocessamento, o prefixo “geo” representa o
globo, a Terra, o espaço terrestre natural e construído, enfim, o espaço geográfico.
Já o termo processamento significa o ato ou efeito de proceder, de executar. Ou
seja, no nosso caso, o processamento representa a análise de dados. Desta fora,
podemos dizer que o termo “Geoprocessamento”, consiste no desenvolvimento de
processos que envolvam e apoiem a análise de dados para descrever e representar
o espaço geográfico.

O geoprocessamento pode ser definido como o processamento informatizado


de dados georreferenciados, ou seja, com referência espacial. Para isso, o
geoprocessamento integra e utiliza os conhecimentos das áreas de geografia, de
cartografia e de informática.

FIQUE ATENTO
Os dados Georreferenciados são os dados que apresentam, como uma de suas
características, uma localização geográfica a partir de um sistema de coordenadas.
Desta forma, os dados georreferenciados são aqueles que possuem uma referência
espacial, ou seja, apresentam coordenadas e um sistema de projeção definidos. O
georreferenciamento de um dado em meio digital acontece quando associamos a
este a sua localização geográfica, com o auxílio de programas computacionais.
Estes dados, quando em forma de arquivo, passarão a ter uma localização
(PORTOCARRERO et al. 2018).

A resolução de problemas nas diversas atividades humanas consiste em uma


série de etapas, como por exemplo, a reflexão sobre o que é e como fazer, e em
seguida a execução das operações. No caso das atividades que envolvem o
computador, é o ser humano quem define os comandos, e a máquina só executa.
Assim, podemos afirmar que a informática contribui e muito para a automatização de
diversos processos, e o mesmo acontece com as informações geográficas.
Desde o aparecimento da informática e da sua utilização no processamento de
informações geográficas, surgiram várias ferramentas que exercem funções como a

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
9

captura, o armazenamento, o processamento de dados geográficos e a


apresentação de informações espaciais. E foi graças a ligação técnica e conceitual
dessas ferramentas que houve o desenvolvimento do geoprocessamento
(PORTOCARRERO et al. 2018) (Figura 2).

Figura 2: O geoprocessamento permitiu a integração de diversos tipos de dados, oferecendo


um variado conjunto de análises da superfície da Terra

Fonte: PIXABAY, 2019.

Neste sentido, o geoprocessamento não pode ser considerado uma ferramenta


simples ou específica, mas sim um conjunto de mecanismos que possui um aporte
teórico relacionado ao uso dessas ferramentas na modelagem do mundo real.
Assim, a modelagem de uma situação real em um meio computacional exige que
esteja definido o que se deseja extrair da modelagem e a sua finalidade.
A definição dos objetivos e da finalidade é de grande importância para a
escolha das ferramentas e dos componentes do geoprocessamento, pois é a partir
da clareza do que se quer observar e qual tipo de resultado ou análise que se quer
obter é que a determinação dos componentes e ferramentas se tornarão mais
assertivos.

1.3 Geoprocessamento e o Processamento de Informações

O Geoprocessamento, de forma geral, pode ser definido como um conjunto de


tecnologias voltadas à coleta e ao tratamento de informações espaciais para um
objetivo específico. Ainda, o geoprocessamento consiste em um conjunto de

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
10

técnicas computacionais que trabalha sobre dados geográficos georreferenciados,


transformando-os em informação, que pode ser utilizada nas mais diversas áreas do
conhecimento.
Neste sentido, o geoprocessamento também é considerado uma tecnologia
transdisciplinar pois integra várias disciplinas, equipamentos, programas, processos,
metodologias e pessoas de diversas áreas. Esta integração é necessária em todas
as etapas que envolvem o uso do geoprocessamento, desde a entrada de dados até
a obtenção do produto final e sua posterior interpretação.
Para ser utilizado, o geoprocessamento precisa de uma série de elementos,
como os dados geográficos, os recursos humanos, os equipamentos (de entrada, de
armazenamento e processamento, e de saída), os programas computacionais e os
métodos de trabalho (Conceição e Costa, 2013). Devido a grande variedade de
aplicações do geoprocessamento, os elementos essenciais podem ser combinados
de diversas formas, atendendo de forma ampla qualquer objetivo.
Os avanços da tecnologia ocorridos nas últimas décadas tem facilitado o
processo de mapeamento da superfície terrestre, tornando esta atividade mais
sofisticada. Desta forma, o tempo necessário de mapeamento foi diminuído,
minimizando os custos e aumentando a sua precisão.
Nos dias atuais, todo o processo de mapeamento é realizado através de
dispositivos eletrônicos equipados com processadores, que executam milhões de
cálculos por segundo, facilitando todas as etapas de elaboração de mapas e outros
produtos cartográficos, tornando-os cada vez mais precisos. Desta forma, por meio
da informática, podemos transformar e/ou atualizar um mapa convencional (ou um
formato analógico) em um mapa gráfico (ou um formato digital).
Vimos até aqui que para que o geoprocessamento funcione, é necessário uma
série de elementos, como os dados geográficos, os recursos humanos, os
equipamentos (de entrada, de armazenamento e processamento, e de saída), os
programas computacionais e os métodos de trabalho (Conceição e Costa, 2013). O
mapa é um desses elementos, que, associado ao banco de dados, são inseridos nos
equipamentos e através de softwares e metodologias de trabalho são obtidos os
produtos cartográficos.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
11

O tipo de produto a ser obtido é delineado de acordo com os objetivos


pretendidos pelo usuário, ou seja, o que se espera visualizar na associação entre
um determinado banco de dados e um mapa.
Para que o mapa em formato analógico seja transformado em um formato
digital, é necessário um processo de digitalização. A digitalização é o processo de
conversão de pontos e linhas de um mapa convencional em um formato compatível
para o uso em computador (CONCEIÇÃO e COSTA, 2013).
No processo de digitalização de um mapa, alguns elementos devem ser
considerados, como as características cartográficas (a escala, o sistema de projeção
e o sistema geodésico), códigos de entidades gráficas, compilação e atualização das
informações contidas no mapa, entre outros.

FIQUE ATENTO
A digitalização não é um processo de obtenção de bases cartográficas, pois elas já
existem em formato analógico, ou seja, impressas. A etapa de digitalização significa,
portanto, a conversão dos dados analógicos em dados digitais.

As bases cartográficas convencionais são convertidas para bases digitais por


meio de dois métodos: a digitalização vetorial e a digitalização raster (CONCEIÇÃO
e COSTA, 2013).
A digitalização vetorial consiste em transportar os dados representados em um
mapa (pontos, linhas e polígonos) para um computador, através da utilização de
mesas digitalizadoras e de programas computacionais. As mesas digitalizadoras são
periféricos eletrônicos, que apresentam uma superfície plana e eletronicamente
sensível. Nesta superfície coloca-se o mapa a ser digitalizado, e através de um
mouse, é feito um registro das posições ocupadas pelo cursor em relação à área da
mesa, que envia as coordenadas de um ponto na superfície da mesa para o
computador.
A digitalização automática ou raster consiste na transformação do mapa
analógico em pixels, através de um scanner. Após a digitalização, a imagem obtida
(raster) sofre um processo de edição, que trata a imagem e a prepara para a
vetorização (CONCEIÇÃO e COSTA, 2013).

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
12

SAIBA MAIS
Os pixels são unidades retangulares homogêneas de um arquivo digital, cuja
somatória em um arquivo digital é responsável pela formação de uma figura ou
imagem.

O processo de conversão de imagens raster para imagens vetoriais é feito de


forma gradativa, e depende de fatores como: o tipo de documento cartográfico a ser
vetorizado, da sua origem e de seu estado de conservação. A vetorização permite a
definição dos atributos das entidades, evitando perdas de representação gráfica.

FIQUE ATENTO
A estrutura de dados vetorial está relacionada aos elementos na forma de áreas,
com pontos, linhas ou polígonos. Já a estrutura raster está relacionada aos pixels de
uma imagem.

Através de técnicas como o processamento digital de imagens, é possível


realizar a vetorização automática de uma imagem raster de forma rápida, obtendo-
se, assim uma imagem que permite ser trabalhada.

SAIBA MAIS
Neste vídeo, você poderá observar as diferenças entre as imagens raster e a
vetorizada. Acesse o link https://www.youtube.com/watch?v=WYmjTzNx204 e amplie
o seu conhecimento sobre o assunto.

A principal vantagem da imagem vetorial em relação à imagem raster é a


possibilidade de ampliação e redução de forma indefinida, sem perda na resolução.
Isso acontece devido ao fato de que a imagem vetorial é redesenhada a partir das
coordenadas armazenadas no arquivo, diferentemente do que ocorre com a imagem
raster, que é limitada pelo número de pixels.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
13

SAIBA MAIS
A perda de resolução por uma imagem raster é facilmente percebida em uma
fotografia digital. Quando ampliamos a fotografia, ela perde resolução, ou seja, ela
perde a sua qualidade e a sua nitidez em mostrar uma informação, no caso a
imagem de pessoas, uma paisagem, entre outros. O mesmo efeito ocorre nos
mapas digitalizados quando não são vetorizados.

Para a vetorização de imagens, um dos sistemas mais utilizados na cartografia


digital é o CAD (Computer Aided Design ou Projeto Auxiliado pelo Computador).
O CAD pode ser entendido, em termos gerais, como uma aplicação da
informática coma finalidade de facilitar e agilizar a construção de desenhos em
diversas áreas como a mecânica, automobilística, aeronáutica, eletrônica, entre
outras. Esses sistemas passaram a ser utilizados em projetos de cartografia digital
devido a sua propriedade de armazenar dados espaciais como entidades gráficas.

IMPORTANTE
A entidade é um termo usado por alguns autores para se referir a figuras como um
segmento de reta, ponto, polígono, arco, círculo, entre outras. Algumas literaturas
usam o termo objeto ao invés de entidade.

Além disso, os sistemas CAD acessam as informações de modo sequencial,


forçando a fragmentação das informações geográficas em diversos arquivos. Assim,
os mapas podem ser trabalhados independentemente de continuidade de uma folha
para outra (CONCEIÇÃO e COSTA, 2013).
Os sistemas CAD apresentam diversas características importantes para o
mapeamento digital, que são vinculadas aos sofisticados recursos de representação
gráfica, edição, exibição em tela e impressão. Devido as suas funcionalidades, são
sistemas bastante usados para digitalizar cartas topográficas.

FIQUE ATENTO
Cada área coberta por uma ou mais folhas de cartas topográficas impressas é
identificada por uma nomenclatura, que é composta por uma sequência de letras e

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
14

números. Os arquivos gráficos digitais utilizados em sistemas de cartografia digital


também devem seguir esta sequência, respeitando a localização por meio de um
sistema de coordenadas (CONCEIÇÃO e COSTA, 2013).

Os softwares de CAD podem ser divididos em dois grupos, que estão


relacionados aos projetos que eles resultam: 2D e 3D. Os projetos em duas
dimensões (2D) são utilizados em trabalhos no plano, em que a criação e a
manipulação dos desenhos são realizadas sobre um sistema de coordenadas
cartesianas, como uso de entidades geométricas.
Nos projetos 2D é possível a manipulação das figuras desenhadas, editando
suas propriedades, alterando o valor da escala, rotacionando, movendo e
executando cópias simples e múltiplas. Por exemplo, através dos níveis de
visualização do comando zoom, a representação do projeto pode ser controlada,
mudando os valores de aproximação ou afastamento, obtendo assim um aumento
ou redução do enquadramento do projeto na tela do computador. Nos aplicativos 2D
ainda é possível definir cores, tipos de linhas, cotagem dos elementos, criação de
textos e de uma biblioteca de símbolos.
Já os sistemas 3D permitem definir e manipular uma geometria tridimensional,
resultando em um desenho com perspectiva de volume. Esta geração de geometria
é conhecida como modelagem geométrica, e permitem a obtenção de várias
representações visuais, ou seja, pode-se visualizar a geometria modelada de
qualquer ponto de observação.

SAIBA MAIS
Por meio do CAD é possível utilizar os mapas do Google Earth e do Google Maps
para as mais diversas aplicações. Pesquise, no YouTube, e encontrará diversos
exemplos e tutoriais.

Para a complementação dos sistemas CAD, outros sistemas foram


desenvolvidos, dentre eles, os sistemas CAM e os sistemas AM/FM.
Os sistemas CAM (Computer Aided Mapping ou Mapeamento Auxiliado pelo
Computador) são utilizados para produção de mapas através de camadas de

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
15

entidades gráficas georreferenciadas. Essas camadas são utilizadas para a


organização temática das entidades gráficas dos mapas ou para a classificação dos
tipos de elementos gráficos, como as linhas, os textos, e outros elementos presentes
nos mapas. Os sistemas CAM são considerados mais sofisticados que os sistemas
CAD, mas ainda sem as possibilidades de um Sistema de Informação Geográfica
(SIG).
Os sistemas AM/FM (Automated Mapping/Facility Management ou
Mapeamento Automatizado/Gerenciamento de Equipamentos) consistem em
sistemas baseados na tecnologia CAD, mas são menos precisos e detalhados que
os sistemas CAM. São sistemas criados para o armazenamento e a análise de
dados para a geração de relatórios, por meio da associação entre atributos
alfanuméricos e entidades gráficas. Essa associação permite o modelamento e a
análise de operações em rede.
Graças ao desenvolvimento dos sistemas de gerenciamento de bancos de
dados, a cartografia digital sofreu uma grande evolução, tornando possível a
integração da base cartográfica digital ao banco de dados descritivo, surgindo assim
os Sistemas de Informação Geográfica (SIGs).
As atividades que envolvem o geoprocessamento são executadas pelos
Sistemas de Informação Geográfica (SIG). De forma geral, o SIG é composto por
componentes que são organizados de forma hierárquica, que são a interface com
usuário; a entrada e integração de dados; as funções de consulta e análise espacial;
a visualização e plotagem; e o armazenamento e a recuperação de dados
organizados sob a forma de um banco de dados geográficos (CONCEIÇÃO e
COSTA, 2013).
Com o surgimento dos SIGs, tornou-se possível a realização de análises
complexas, através da integração de dados de diversas fontes e da criação de
bancos de dados com referência e localização espacial, isto é, coordenadas
geográficas. Desta forma, os SIGs passaram a ser vistos como um importante
sistema de suporte à tomada de decisão, oferecendo mecanismos para a
manipulação e análise de dados georreferenciados frente a uma necessidade, como
o planejamento do uso do solo, controle e gestão do território, dentre outras
aplicações.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
16

1.4 Componentes do Geoprocessamento

O Geoprocessamento é, portanto, o processamento de informações


geográficas, ou seja, a integração de conhecimentos relacionados à cartografia, a
informática e a geografia. Mas para que o geoprocessamento aconteça, é
necessário a utilização de tecnologias ou geotecnologias.
Nos últimos anos, o desenvolvimento tecnológico trouxe uma série de avanços,
não somente na cartografia, mas nas ciências de uma maneira geral. As
geotecnologias promoveram um importante progresso no que se refere à geração e
a análise de informações espaciais para os mais diversos fins (CONCEIÇÃO e
COSTA, 2013).
As geotecnologias englobam diversas tecnologias de tratamento e manipulação
de dados geográficos, por meio de métodos de coleta e informações espaciais e
programas computacionais. As principais geotecnologias usadas são a
Fotogrametria, o Sensoriamento Remoto, e o Sistema de Posicionamento Global
(GPS), todos integrados ao Sistema de Informação Geográfica (SIG).
A fotogrametria pode ser definida como a maneira de se obter informações
sobre o espaço geográfico com o uso de uma série de processos, que envolvem o
registro, medições e interpretações de imagens fotográficas e dos padrões de
energia eletromagnéticas. É uma técnica utilizada para a obtenção de dados brutos
de fotografias aéreas, que são bastante usadas para a elaboração de mapas
básicos que necessitem de um grau elevado de exatidão e precisão.

FIQUE ATENTO
A fotogrametria digital representa uma evolução da fotogrametria analítica, ou seja, é
uma consequência direta da evolução da eletrônica e da informática. Diferentemente
da fotogrametria analítica, que usa imagens que foram armazenadas em papel, a
fotogrametria digital utiliza imagens digitais, que são armazenadas em forma
numérica, isto é, são armazenadas em computador como elementos de figura
(pixels).
Além disso, a fotogrametria digital difere da fotogrametria analítica, pois realiza tanto
a aquisição de dados como também a sua análise, sendo a primeira uma técnica

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
17

baseada em algoritmos matemáticos, que controlam todo o processo, desde o


levantamento aerofotográfico até a sua edição gráfica (PORTOCARRERO et al.
2018).

SAIBA MAIS
Neste vídeo, você verá os principais conceitos da Fotogrametria, e ainda
compreender a sua importância e a sua relação com os drones. Acesse o link
https://www.youtube.com/watch?v=223QJjDBQhc e amplie o seu conhecimento
sobre o assunto.

O sensoriamento remoto refere-se ao conjunto de técnicas que permitem


observar e obter informações sobre a superfície terrestre, por meio de sensores
instalados em satélites artificiais, aeronaves e até mesmo em balões, sem a
necessidade de contato direito com o objeto. Desta forma, o objetivo da utilização do
sensoriamento remoto é possibilitar o estudo do ambiente terrestre através dos
registros das imagens captadas pelos sensores (CONCEIÇÃO e COSTA, 2013).
As imagens obtidas pelo sensoriamento remoto são processadas e analisadas
por sistemas computacionais, que analisam os diferentes objetos terrestres através
da comparação entre as intensidades de radiação eletromagnética
absorvidas/refletidas pelas substâncias presentes nesses objetos (Conceição e
Costa, 2013). As alterações e outros aspectos observados nas imagens obtidas
podem ser transformadas em informações gráficas.
O sistema de posicionamento global (GPS) consiste em um sistema de
posicionamento geográfico, responsável por fornecer as coordenadas geográficas
de um determinado lugar na superfície terrestre, a partir de um receptor de sinais.
Para que o sistema GPS funcione, é necessária uma infraestrutura tecnológica, que
é constituída por três subsistemas: os satélites, as estações terrestres e os
receptores.

SAIBA MAIS
Neste vídeo, você verá os principais conceitos da Fotogrametria, e ainda
compreender a sua importância e a sua relação com os drones. Acesse o link

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
18

https://www.youtube.com/watch?v=223QJjDBQhc e amplie o seu conhecimento


sobre o assunto.

Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) consistem em um sistema com


capacidade para operar uma série de variáveis, dentre elas a aquisição, o
armazenamento, o tratamento, a integração, o processamento, a recuperação, a
transformação, a manipulação, a modelagem, a atualização, a análise e a exibição
de informações digitais georreferenciadas. As informações devem estar estruturadas
e podem estar associadas ou não a um banco de dados alfanumérico (Figura 3)
(CONCEIÇÃO e COSTA, 2013).

Figura 3: O SIG e os avanços tecnológicos permitiram o acesso a um mapa em boa parte dos
lugares

Fonte: UNSPLASH, 2019.

Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) são considerados uma das


ferramentas mais representativas do geoprocessamento, pois agregam, em sua
estrutura básica, muitas funções que contemplam a extração da informação
geográfica, bem como sua análise.
Para a utilização de um SIG, de forma que todas as suas potencialidades
possam ser aproveitadas, é recomendado a preparação de um projeto, com os
diversos estágios de trabalho.
Desta forma, um projeto de SIG pode ter os seguintes estágios:
 Definição do problema: nesta etapa, é importante delimitar os objetivos do
projeto, ou seja, quais são os problemas a serem resolvidos e como eles

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
19

serão resolvidos; quais são as soluções necessárias, entre outras


questões. Desta maneira, os objetivos devem ser bem estruturados, para
que possa se extrair o máximo de informações para as interpretações
necessárias e a resolução do problema;
 Aquisição de programas computacionais e equipamentos: os suprimentos
são escolhidos de acordo com os objetivos a serem atingidos;
 Aquisição de bases de dados: os dados são escolhidos e adquiridos de
acordo com os objetivos a serem alcançados;
 Montagem e capacitação dos recursos humanos: de acordo com os
objetivos, os recursos humanos envolvidos no processo de aquisição e
análise dos dados obtidos devem ser preparados para trabalhar o banco
de dados, bem como processar e avaliar as diversas interações;
 Organização da base de dados: consiste na preparação da base de
dados de forma que as operações realizadas com o SIG gere os
resultados esperados;
 Realização de análises: através da interação entre o banco de dados e as
bases cartográficas, são realizadas as análises com o objetivo de
encontrar as soluções para os problemas propostos;
 Interpretação, apresentação e distribuição dos resultados: após a geração
e a análise dos produtos cartográficos, é necessária a sua interpretação.
A interpretação dos resultados obtidos irá contribuir para a solução dos
problemas propostos nos objetivos.

No decorrer do processo de análise e interpretação dos resultados, pode ser


necessário a construção e/ou adaptação das ferramentas dos programas
computacionais de SIG. Essas novas ferramentas são construídas com o objetivo de
adaptar os programas computacionais de SIG à tarefas específicas da aplicação ou
de acordo com as solicitações que variam de estudo para estudo.
Além disso, as ferramentas de SIG podem ser desenvolvidas para automatizar
processos de entrada, organização, armazenamento, gerenciamento, análises,
exibição e distribuição de dados e informações geográficas. Ainda, podem ser
desenvolvidas ferramentas para realizar a integração de programas computacionais

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
20

de SIG à outros programas computacionais tais como processamento de imagens,


CAD, programas de processamento de dados GNSS, programas de análise
estatística, modelagem tridimensional, entre outros.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
21

CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO GEORREFERENCIAMENTO

2.1 Histórico e Conceitos

Nos dias atuais, a ação de nos localizarmos em algum Estado, Município ou


até mesmo em uma rua, a qualquer hora, constitui-se em uma tarefa relativamente
simples. Basta acessar os diversos aplicativos existentes, e por meio de um GPS
(Sistema de Posicionamento Global, em português) instalado no equipamento
eletrônico, é possível se localizar com bastante precisão.
Entretanto, a ação de se localizar nem sempre foi tão simples, como é relatado
pela própria história da cartografia e das navegações. Desta forma, se localizar de
forma mais exata possível no espaço geográfico tornou-se uma importante questão
a ser resolvida pela ciência. A conquista de novas fronteiras exigia um deslocamento
seguro e o domínio sobre a arte de navegar, isto é, saber ir e voltar de um local a
outro, com conhecimento de seu posicionamento, durante todo o trajeto, tanto na
terra como no mar ou no ar (ROQUE et al. 2006).
Neste sentido, para que um arquivo seja inserido em um banco de dados
geográfico, isto é, para que seja utilizado no Geoprocessamento e em outras
aplicações que envolvem os Sistemas de Informação Geográfica, o arquivo deve ser
georreferenciado. Um arquivo georreferenciado significa que ele possui uma
referência espacial, e isto permite a a sua articulação, inserção, manipulação, dentre
outras operações, em um software de Sistemas de Informação Geográfica ou de ser
incluído em uma base de dados geográfica.
A referência espacial consiste nas informações relacionadas à localização
exata de um objeto na superfície terrestre, que permite identificar o seu
posicionamento, sendo comumente utilizado os Sistemas de Referência Terrestre ou
Geodésicos. Por sua vez, estão associados a uma superfície que mais se aproxima
da forma da Terra, e sobre a qual são desenvolvidos todos os cálculos das suas
coordenadas (MELO et al. 2014).
O arquivo georreferenciado é considerado um metadado, pois apresenta um
conjunto de informações descritivas sobre os dados, incluindo as características de
seu levantamento, produção, qualidade e estrutura de armazenamento. Estas

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
22

informações são essenciais para promover a sua documentação, integração e


disponibilização, bem como possibilitar sua busca e exploração. Assim, torna-se
possível a sua inserção em banco de dados geográficos.
O processo de georreferenciamento é considerado de fundamental importância
no tratamento da informação geográfica, pois está relacionado diretamente com a
qualidade cartográfica.
Quando os arquivos não possuem uma referência espacial, os mesmos devem
ser georreferenciados. Para que isto possa acontecer, é necessário algumas
operações que envolvem uma transformação geométrica, que tem por objetivo
estabelecer uma relação entre o sistema de referência do arquivo geográfico e um
sistema de referência terrestre. Esta operação pode ocasionar a alteração de
algumas de suas características como posição, forma ou tamanho.
Para que haja a referência espacial, també necessária a coleta de informações
espaciais pontuais, lineares e poligonais, que são realizadas pelo GPS. Desta forma,
a área ou objeto passa a ser georreferenciado, ou seja, passa a possuir uma
localização específica, individualizada dentro do globo terrestre.
Por exemplo, é possível georreferenciar as árvores para acompanhar um
projeto de reflorestamento, através das coordenadas geográficas de cada uma das
árvores; georreferenciar um curso de água, coletando os dados por meio de GPS
por todo o seu percurso; e georreferenciar uma área, através da coleta dos dados
nos seus limites, formando um um polígono.

SAIBA MAIS
O Georreferenciamento é uma técnica essencial na descrição de imóveis rurais,
contribuindo tanto no controle cadastral desses imóveis como também dos direitos
reais a eles relativos. No Brasil, o cadastramento dos imóveis rurais é usado para a
obtenção, por parte do proprietário, do Certificado de Cadastro de Imóvel Rural
(CCIR) que é um documento expedido pelo INCRA que comprova a regularidade
cadastral do imóvel rural. Este documento apresenta informações sobre o titular, a
área, a localização, a exploração e a classificação fundiária do imóvel rural.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
23

Para compreendermos como o georreferenciamento é realizado, precisamos


conhecer e entender o funcionamento do Sistema de Posicionamento Global, bem
como suas características e as metodologias associadas.

2.2 Sistema de Posicionamento Global (GPS)

O GPS (Sistema de Posicionamento Global ou Global Positioning System em


inglês) pode configurar-se em um equipamento isolado ou um elemento que
compõem diversos aparelhos eletrônicos, como celulares, que fazem parte do
cotidiano da maioria das pessoas (Figura 4).

Figura 4: Equipamento GPS tanto de forma isolada como também um elemento acessório de
aparelhos de telefonia móvel

Fonte:PIXABAY, 2019.

O Sistema de Posicionamento Global (GPS, do original em inglês Global


Positioning System) consiste em um sistema que inclui um conjunto de satélites que
transmitem uma informação eletrônica, e que fornecem a posição de um objeto ou
de ponto qualquer com referenciamento, isto é, coordenadas terrestres, a um
aparelho receptor.
O advento da tecnologia GPS permitiu que qualquer pessoa, munida de um
receptor, localize-se em qualquer lugar do planeta. Além disso, a presença dos
satélites contribuem não somente para a comunicação cartográfica, na medida em
que colaboram com o estabelecimento de uma cartografia digital, captando imagens
e criando mapas por meio de softwares e hardwares de processamento digital, mas

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
24

também na captação e no envio da localização por meio de coordenadas


geográficas.

2.2.1 Histórico e Evolução do Sistema de Posicionamento Global


O sistema GPS foi criado em 1973, pelo Departamento de Defesa dos EUA,
sendo chamado de Sistema Navstar/GPS (Navigation System with Time and
Ranging Global, e foi declarado totalmente operacional em 1995.
O sistema funciona a partir de um conjunto de (28) vinte e oito satélites, sendo
(24) vinte e quatro operacionais e (4) quatro sobressalentes. Os sobressalentes tem
por objetivo substituir, em caso de falha ou defeito, um dos satélites operacionais.
O conjunto de satélites permanece em órbita, e esta ocorre em seis planos, a
partir do Equador em direção aos polos. Cada um dos satélites circunda a Terra
duas vezes por dia, a uma altitude de 20.200 quilômetros e a uma velocidade de
11.265 quilômetros por hora. Os satélites têm a bordo relógios atômicos, que
fornecem o tempo preciso e a localização dos objetos na superfície terrestre.

SAIBA MAIS
O relógio atômico é um medidor de tempo que funciona com base em uma
propriedade do átomo. Como um pêndulo de relógio, o átomo pode ser estimulado
externamente, que no caso dos satélites em órbita eles são estimulados por ondas
eletromagnéticas, para que sua energia oscile de forma regular. É o relógio mais
preciso já construído pelo homem, e ainda assim, ele atrasa um segundo a cada 65
mil anos.

Os dados coletados pelos satélites são enviados para os aparelhos receptores


de GPS e para as estações remotas existentes ao redor do planeta, que compõem
os três segmentos do sistema, que são o espacial, de controle e o de usuários.

2.2.2 Segmentos dos Sistemas de Posicionamento Global


O seguimento espacial consiste na constelação de (24) vinte e quatro satélites
que compõem o GPS. O sistema orbital é dividido em seis planos, com quatro
satélites cada, em um período de revolução de 12 horas siderais. Com essa

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
25

configuração, em qualquer ponto da superfície da Terra, há, no mínimo, quatro


satélites acima da linha do horizonte, 24 horas por dia. Os satélites utilizam o Datum
World Geodetic System (Sistema Mundial Geodésico de Datum), chamado WGS- 84
(PORTOCARRERO et al. 2018).

SAIBA MAIS
O tempo sideral refere-se ao tempo das estrelas, que é definido a partir da relação
entre as 24 horas siderais – um dia sideral – e o intervalo de tempo que a Terra leva
para fazer uma rotação completa (360 graus) em relação as estrelas.

No segmento espacial, os satélites devem assegurar as seguintes funções


(PORTOCARRERO et al. 2018):
 Manter uma escala de tempo bastante precisa e, para isso, cada satélite
possui um relógio atômico;
 Emitir sinal de rádio que informa sobre a posição precisa do satélite e a
hora em que é transmitido, pois o receptor GPS, ao receber esse sinal,
determina o tempo exato que ele levou no percurso e o cálculo da
distância percorrida (que é realizado multiplicando esse tempo pela
velocidade da luz);
 Emitir dois sinais, através dos códigos denominados pseudoaleatórios,
sobre as duas frequências específicas do sistema.

O segmento de controle consiste nas estações de controle que monitoram os


satélites GPS. As estações de controle estão localizadas nos Estados Unidos, além
de algumas antenas de transmissão espalhadas pela superfície terrestre.
Além disso, outra função importante das estações de controle central é
determinar as órbitas de cada satélite e prever a sua trajetória nas 24 horas
posteriores. As informações são enviadas para cada satélite, para depois serem
transmitidas por ele, informando o receptor do local onde é possível encontrar o
veículo espacial (Figura 5) (PORTOCARRERO et al. 2018).

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
26

Figura 5: Envio de informações para os satélites e sua posterior transmissão, indicando ao


receptor o local onde é possível onde está o objeto

Fonte: PIXABAY, 2019.

O segmento de usuários refere-se aos receptores, ou seja, aos aparelhos de


GPS e às antenas que recebem as informações dos satélites e calculam a sua
posição precisa, além da velocidade. Os receptores são capazes de registrar as
medidas de pseudodistâncias com base nas duas frequências, L1 e L2, transmitidas
pelos satélites.

FIQUE ATENTO
A pseudodistância, também chamada de pseudorange é um fenômeno que ocorre
entre o receptor, que é o usuário, e entre pelo menos quatro satélites, para que
ocorra a sincronização do relógio do receptor com os relógios dos satélites.
Se considerarmos a distância tridimensional (fator geométrico) três satélites seriam
suficientes para determinar a distância do usuário, pois seriam obtidas três
distâncias. Entretanto, o quarto satélite é necessário para que haja a sincronização
das distâncias obtidas. Desta forma, são necessários quatro satélites ou mais para
que seja possível, em tempo real, determinar a posição geocêntrica do ponto a ser
coletado pelo GPS.
Além disso, o receptor GPS também poderá informar de forma precisa velocidade e
a direção do deslocamento, devido a constante atualização de posição.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
27

Como acompanhamos até então, o GPS se comunica com o seu usuário


através de sinais emitidos pelos satélites. Esses sinais são gerados na frequência de
10,23 MHz e modulados sobre portadoras, pois só assim conseguem ser enviados.
Para que os sinais sejam enviados, são usadas duas portadoras para permitir a
compensação, de primeira ordem, do efeito da refração ionosférica. Essas
portadoras têm as suas frequências geradas a partir da frequência fundamental, da
seguinte forma:
L1 com frequência w1 = 154 x 10,23 = 1575,42 MHz
L2 com frequência w2 = 120 x 10,23 = 1227,60 MHz

Que correspondem aos comprimentos de onda:


λ1 = 19,05 cm e
λ2 = 24,45 cm.

Os sinais L1 e L2 que são transmitidos para o usuário contêm informações


sobre:
 As efemérides do satélite;
 As correções do relógio do satélite;
 Parâmetros atmosféricos;
 Parâmetros orbitais de todos os satélites (almanaque);
 Outros dados relevantes sobre o sistema em geral.

Além dos sinais, os satélites também trasmitem códigos, e que podem ser de
quatro tipos: Código P, Código Y, Código C/A e Códigos Não Padrão.
O código P tem seu nome derivado de preciso, e está disponível apenas para
usuários autorizados, sendo modulado sobre a portadora L2. O Código Y é usado
em substituição do código P quando o AS (anti-spoofing) é ativado, ou seja, quando
há a suspeita de um ataque cibernético, o código P é multiplicado por um código
secreto, denominado W.
O Código C/A, ou código de fácil acesso, é modulado sobre a portadora L1, e
está disponível para todos os usuários. Já os códigos não Padrão são os códigos

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
28

NCS e NSY, que são usados para proteger o usuário do mau funcionamento do
sistema de frequência do satélite.
Os dados recebidos também são utilizados para a classificação dos receptores,
que podem ser:
 Os receptores de Código C/A, que também são conhecidos como
receptores de navegação, e possuem precisão de posicionamento da
ordem de 18 m;
 Os receptores L1, que são usados em georreferenciamento para a
determinação das coordenadas dos vértices das propriedades e, por meio
de técnicas específicas, é feito o transporte de coordenadas; sua precisão
é de aproximadamente 18 m, e, quando utilizado em método relativo, sua
precisão pode chegar na ordem do centímetro;
 Os receptores L1 e Código C/A, que apresentam a mesma aplicação que
os equipamentos anteriores;
 Os receptores L1 e L2, que, por usarem o sinal de duas portadoras, são
mais precisos, chegando a ordem do milímetro. São utilizados no
georreferenciamento para o transporte de coordenadas;
 Os receptores L1 e L2 mais os códigos C/A e P são utilizados por
usuários autorizados, e permitem a determinação absoluta de
coordenadas precisas.

Devido a relação custo, benefício e precisão, os receptores mais utilizados são


o L1 e o L1 e L2. Com o receptor L2 as coordenadas do ponto de base da
propriedade são obtidas, e com o L1 se faz o rastreio dos vértices da área, pelo
método relativo, com relação as coordenadas da base.
Para que a localização fornecida pelo GPS seja correta e precisa, também é
necessário uma série de cuidados em relação a adequação do receptor às
referências geodésicas que mostrem o elipsoide de representação da região, e
consequentemente, o datum, bem como o sistema de coordenadas.
No Brasil podem ser utilizados três elipsoides distintos (PORTOCARRERO et
al. 2018):
 O mundial, também denominado como WGS84;

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
29

 O de Heyford, com o datum em Córrego Alegre;


 O SAD69, com o datum em Chuá.

A partir de fevereiro de 2005 passou a ser utilizado um novo datum,


denominado de SIRGAS 2000 (Sistema de Referência Geocêntrico para as
Américas).

SAIBA MAIS
No site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) existem diversas
informações sobre o SIRGAS, como os aplicativos para download para conversão
das coordenadas, o estatuto, as bases, relatórios e outras informações para a
utilização correta do sistema. Acesse:
https://www.ibge.gov.br/geociencias/informacoes-sobre-posicionamento-
geodesico/sirgas/16257-centro-de-analise-ibge.html?=&t=downloads e amplie o seu
conhecimento!

FIQUE ATENTO
Quando o receptor GPS é ligado pelo usuário, ele utiliza como padrão a referência
WGS84, que é o sistema mundial. O usuário, ao utilizá-lo, deve configurar o GPS
para que as leituras sejam feitas nos elipsoides brasileiros, ou posteriormente,
realizar as conversões com softwares específicos, para que a localização dos
objetos seja feita de forma precisa.

Além da escolha do elipsoide de representação da superfície, o usuário


também deve estar atento para a escolha do sistema de coordenadas, sendo as
mais utilizadas no Brasil:
 UTM (coordenadas planas cuja projeção é a Universal Transversa de
Mercator);
 Latitude/longitude, que correspondem as coordenadas geográficas ou
geodésicas.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
30

2.2.3 Precisão em Mapeamentos e Restrições ao uso do GPS


A utilização do GPS tem por objetivo a localização de pontos de interesse na
superfície da Terra, e para que a localização seja acurada, é necessário uma série
de precauções que possam garantir a precisão dos dados obtidos. A precisão, que é
muito importante para a representação da realidade cartográfica, se tornou
problemática quando passou a ser exigida no formato digital.
Os problemas decorrentes da necessidade de grande precisão na localização
estão relacionados ao próprio Sistema de Posicionamento Global (GPS), que possui
alguns erros inerentes ao processo de determinação da posição geográfica de um
objeto terrestre e mesmo ao tipo de aparelho utilizado na medição
(PORTOCARRERO et al. 2018).
Desta maneira, existem uma série de restrições que devem ser consideradas
pois são fontes de erros que podem comprometer o mapeamento e qualquer outro
propósito relacionado a localização.
A primeira das restrições está relacionada aos cálculos realizados pelo sistema
para mensurar o tempo e a velocidade do sinal. Como o satélite emite os sinais na
frequência das ondas de rádio, e sabendo-se que a velocidade da luz só é constante
no vácuo, o sinal acaba sofrendo degradação quando atravessa a ionosfera
terrestre.

SAIBA MAIS
A Ionosfera é uma parte integrante da termosfera, que é uma das camadas que
formam a atmosfera, e está localizada entre 50 km a 1000 km acima da superfície
terrestre. Esta camada é caracterizada por sofrer ionização da radiação solar, sendo
portanto muito reativa. Para saber mais sobre ela, assista a esta sugestão de vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=ex60dbZn_Wo e conheça mais sobre as
camadas da atmosfera.

A ionosfera interfere no sinal pois diminui a sua velocidade, ocasionando erros


de cálculo na localização dos pontos de coordenadas. Esses efeitos relacionados a
ionosfera também podem ser potencializados em função da hora do dia, da estação
do ano, da latitude e do ciclo das explosões solares.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
31

SAIBA MAIS
Na Ionosfera também ocorre um fenômeno chamado de “aurora polar”, que se refere
a um fenômeno óptico composto de um brilho observado nos céus noturnos nas
regiões polares, em decorrência do impacto de partículas de vento solar com a alta
atmosfera da Terra, canalizadas pelo campo magnético terrestre (Figura 6). No
hemisfério norte, ela é conhecida como “aurora boreal”, enquanto que no hemisfério
sul ela é chamada de “aurora austral”.

Figura 6: Fenômeno da aurora polar

Fonte: PIXABAY, 2019.

Entretanto, os aparelhos GPS podem corrigir esses erros através da utilização


de alguns softwares comerciais, que a partir de sua instalação nos aparelhos
receptores, corrigem as anomalias no momento em que os dados são processados.
A troposfera é outra camada que compõem a atmosfera, mais próxima da
superficíe terrestre, e que também exerce interferência e refração dos sinais. A
refração pode causar um atraso da propagação, que pode gerar um erro de 2 a 5%,
dependendo das condições de temperatura, umidade e pressão, que variam de
acordo com as características ambientais de cada local (PORTOCARRERO et al.
2018).
Outras interferências nos dados obtidos pelo GPS podem estar relacionados a
erros nos relógios atômicos ou na órbita dos satélites. A responsabilidade pelo
ajuste e pela manutenção do sistema de posicionamento global é do Departamento

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
32

de Defesa dos EUA, que também pode desligar o sistema de acordo com seus
interesses, como por exemplo, em locais de conflito armado ou sob ameaça militar.
Além dos erros inerentes aos fatores ambientais e ao próprio sistema, também
existem os erros provocados pela ação humana, que em nomenclatura internacional
são chamados de Selective Availability (SA), ou, em tradução livre, disponibilidade
seletiva.
A disponibilidade seletiva (SA) consiste na degradação intencional imposta aos
sinais de GPS, realizada através da manipulação dos dados das efemérides
transmitidas e dos relógios dos satélites, impedindo que o cálculo das coordenadas
não sejam realizados no posicionamento absoluto. A SA foi removida do sinal do
GPS em maio de 2000, por meio de um decreto do governo americano
(PORTOCARRERO et al. 2018).

SAIBA MAIS
Os EUA mantiveram uma função ativa, até os anos 2000, que introduzia erro
proposital ao sistema GPS civil. Apenas os militares americanos tinham acesso ao
sinal sem erro, com o objetivo de obterem uma vantagem estratégica, já que
impediriam inimigos de usarem o próprio sistema contra os EUA. No entanto, desde
2000 essa função foi desativada. Além disso, com o aparecimento de outros
sistemas GNSS (Global Navigation Satelite System - Sistema de Navegação Global
por Satélite) tornou o SA inútil.

Outro fator que pode ser uma fonte de interferência e de possibilidade de erro
de precisão é a disposição geométrica dos satélites. Existem diversos outros erros
que descrevem a propagação dos erros na geometria dos satélites, conforme
descritos a seguir.
O DoP (Dilution of Precision) é um fator importante para a qualidade do
resultado das medições do GPS. O DoP é responsável por indicar, em uma escala
padronizada, se a geometria espacial dos satélites está adequada, ou seja, se a
posição dos satélites no céu está correta.
Quanto mais perto do horizonte os satélites se encontram, mais atmosfera e
obstáculos os sinais enfrentam até chegar ao receptor. Além disso os satélites

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
33

precisam estar relativamente espalhados no céu para haver uma melhor


triangulação (tecnicamente trilateração) de sinal, princípio fundamental dos sistemas
GNSS.
O DoP pode ser dividido em vários componentes:
 HDoP, que é a influência da geometria na posição planimétrica ou
horizontal (latitude/longitude);
 VDoP, que é o efeito da geometria dos satélites na definição das altitudes
ou da posição vertical;
 PDoP, que é a influência da geometria dos satélites na posição
tridimensional (latitude/longitude/altitude), substituindo o HDoP e VDoP;
 TDoP, que é o efeito da geometria dos satélites na definição da posição e
do tempo;
 GDoP, que é a influência para a definição da posição tridimensional e do
tempo, isto é, a combinação de PDoP e TDoP;
 RDoP, que é a medida relativa da DoP para uma base ou vetor.

Na Tabela 1, é possível conhecer os níveis de DoP e assim classificar a


qualidade do sinal:

Tabela 1: Nível de DoP e a precisão do sinal de GPS

Nível DOP Qualidade Descrição


Nível de confiança mais alto; máxima precisão
<1 Ideal
possível em todos os momentos.
1-2 Excelente Medições precisas
2-5 Bom Medições com precisão adequadas
5-10 Moderado Qualidade moderada. Correção recomendada
10-20 Fraco Nível de confiança baixo. Considere descartar dados
>20 Ruim Precisão muito baixa. Erros podem atingir 300 metros

Fonte: FORESTGIS, 2018.

FIQUE ATENTO
O DoP aparece na tela do GPS, indicando, por meio de números como os
apresentados na Tabela 1, sobre a precisão dos dados daquele momento.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
34

Para ter mais segurança na recepção dos dados e das medidas das
coordenadas, além de minimizar o erro de leitura em virtude das oscilações
existentes nos receptores, recomenda-se que sejam observados quatro satélites
(Portocarrero et al. 2018). Para a obtenção da posição de determinada latitude-
longitude ou coordenada UTM, o receptor GPS precisa somente receber o sinal de
três satélites. No entanto, para a posição de altitude, é necessário receber os sinais
de quatro satélites.
Outro fator importante que interfere na qualidade do sinal é o cut-off-angle, que
se refere a um parâmetro de posicionamento dos satélites em relação ao horizonte,
que pode acarretar erros nas medições do GPS. O ângulo que indica esse
posicionamento ocorre apenas quando os satélites estão localizados a menos de 15º
acima do horizonte, fazendo com que o receptor não consiga captar o sinal,
ocasionando a imprecisão.
O multicaminhamento (ou efeito multipath ou multicaminho) é um fenômeno
que ocorre quando o o sinal de satélite do GPS “bate” em estruturas próximas, como
edifícios, estruturas concretadas, torres de transmissão de energia e de telefonia
móvel, árvores e montanhas, entre outros, que diminuem a precisão do sinal.
Quando isto acontece, o receptor GPS detecta o mesmo sinal duas vezes em
diferentes intervalos. No entanto, é um erro de fácil resolução, pois geralmente
causa imprecisão de poucos metros.
Para que a precisão dos sinais de GPS possam ser melhorados, especialmente
para trabalhos em que a acurácia seja um fator primordial, há algumas alternativas
que contribuem neste processo. Uma delas é a utilização de um segundo receptor,
que pode porporcionar aos usuários uma precisão métrica ou até milimétrica. O uso
de um segundo receptor é chamado de DGPS (Diferential Global Positioning System
– GPS Diferencial) (PORTOCARRERO et al. 2018).
Os aparelhos DGPS são similares ao GPS tradicional, apresentando, como
diferencial, um link que opera na frequência do rádio, que é utilizado para receber as
correções diferenciais provenientes de uma estação-base. As correções acontecem
em tempo real, e, por meio delas, é possível eliminar diversos erros de localização e
precisão (PORTOCARRERO et al. 2018).

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
35

A correção dos erros ocorre da seguinte maneira: a estação-base calcula e


transmite o erro de cada satélite através de sinais de rádio. Esses dados são
recebidos pelas estações remotas, que aplicam a correção para o cálculo imediato
das posições. Cabe salientar que, para ter acesso a este tipo de serviço que envolve
o acesso imediato aos dados, é necessário o pagamento periódico à empresa que
mantém as estações de correção.

SAIBA MAIS
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também possui o serviço de
DGPS. Você pode acessar o site https://www.ibge.gov.br/geociencias/informacoes-
sobre-posicionamento-geodesico/servicos-para-posicionamento-geodesico/16332-
rbmc-ip-rede-brasileira-de-monitoramento-continuo-dos-sistemas-gnss-em-tempo-
real.html?=&t=o-que-e e obter maiores informações. Além disso, existe também a
Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo do Sistema GPS (RBMC), que possui
estações fixas com receptores de última geração. A RBMC é totalmente
automatizada e permite ao interessado obter, com o GPS, as coordenadas
geodésicas de um ponto qualquer do território nacional.

O DGPS é muito útil para a elaboração de mapeamentos digitais temáticos por


Sistemas de Informação Geográfica, pois permite a criação, por meio do apoio à
digitalização de mapas temáticos, de produtos cartográficos relacionados ao uso do
solo, geologia e geomorfologia, além de cartas especiais, como as de navegação
costeira e aérea.
Além disso, o DGPS também pode ser usado para a elaboração de mapas
hidrográficos, de levantamentos sísmicos e gravimétricos, mapas para a tomada de
decisão na agricultura de precisão, além de calibração de sistemas de retransmissão
de dados.

2.2.4 Tipos de Sistemas de Posicionamento Global


Além desses sistemas de posicionamento existem ainda os GPS cadastrais, os
topográficos e os geodésicos.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
36

Os sistemas de posicionamento global cadastrais possuem funções de


Sistemas de Informação Geográfica (SIG) associadas ao GPS. O pós-
processamento dos dados coletados é realizado nos próprios aparelhos ou através
de notebooks, tábletes, entre outros, através da utilização de um software
específico. Esses equipamentos aprsentam grande capacidade de aquisição e
armazenamento de dados alfanuméricos associados às feições espaciais levantadas
(PORTOCARRERO et al. 2018).

FIQUE ATENTO
O GPS cadastral diferencia-se do GPS de navegação ou ainda do DGPS devido
justamente à capacidade de adquirir e armazenar os dados alfanuméricos
associados às feições espaciais levantadas, como os pontos, as linhas e os
polígonos. Isso permite a realização de mapeamentos cadastrais através de SIG
próprios para cadastro urbano e rural.

O GPS topográfico é um equipamento similar ao GPS cadastral, entretanto os


primeiros também apresentam evoluções tecnológicas, como softwares de pós-
processamento voltados ao uso de SIG, e diversos acessórios, como tripés, antenas
externas, mochilas, bastões com níveis de calagem para medição da profundidade,
podendo ser utilizados até em áreas marítimas (PORTOCARRERA et al. 2018).
Esses acessórios conferem uma maior precisão à aquisição dos dados, pois o
sinal capta medidas centimétricas e até milimétricas. Por isso, são considerados
topográficos, pois permitem aquisição de dados para mapeamentos temáticos em
escalas de 1:2.000, 1.1.000 ou maiores (PORTOCARRERA et al. 2018).
O GPS geodésico consiste em aparelhos de dupla frequência, o que confere
uma maior precisão na obtenção de dados, além de sofrerem menos interferência
por parte da ionosfera. São equipamentos mais adequados para projetos em que
são necessários uma grande precisão diferencial e cartográfica, de milímetros.
conseguindo mapeamentos na escala de 1:1000 ou mais.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
37

2.3 Sistema de Posicionamento Global e o Georreferenciamento

A referência espacial refere-se às informações pertinentes à localização exata


de um objeto na superfície da Terra, identificando o seu posicionamento através dos
Sistemas de Referência Terrestre ou Geodésicos, sobre os quais são desenvolvidos
todos os cálculos das suas coordenadas.
Quando o arquivo geográfico possui referência espacial, ele é chamado de
arquivo georreferenciado, podendo ser inserido diretamente no banco de dados
geográficos. Desta forma, esse arquivo pode ser integrado a outras informações,
resultando em diversos produtos cartográficos para várias finalidades.
Nos casos em que o arquivo não apresenta uma referência espacial, é
necessário que ele seja georreferenciado. Para isso, é preciso uma série de
operações, chamada de transformação geométrica, que visa estabelecer uma
relação entre o sistema de referência do arquivo geográfico e um sistema de
referência terrestre. Essa relação promove a alteração de algumas de suas
características como posição, forma ou tamanho (ROQUE et al. 2006).
O processo de georreferenciamento é considerado de fundamental importância
no tratamento da informação geográfica, pois está relacionado diretamente com a
qualidade cartográfica.

2.3.1 Etapas do Georreferenciamento


O georreferenciamento pode ser dividido em três grandes etapas (MELO et al.
2014):
A primeira etapa consiste na seleção da transformação de coordenadas
adequada, que também é chamada de mapeamento direto. Nesta fase, o modelo
matemático a ser utilizado é selecionado para estabelecer uma relação entre o
sistema de coordenadas da imagem digital com o sistema de referência terrestre.
A segunda etapa é denominada de mapeamento inverso, e consiste na
construção da nova imagem, baseado na operação utilizada na etapa anterior,
definindo a localização dos pixels.
A terceira etapa é a reamostragem, em que os valores de cada pixel da nova
imagem são definidos, com base na imagem original.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
38

Vamos tratar de forma mais detalhada sobre cada etapa nos próximos itens.

2.3.1.1 Transformação de Coordenadas

A transformação das coordenadas corresponde a mecanismos matemáticos


usados para mover um sistema de coordenadas para outro. Para essa
transformação, podem ser utilizados diversos modelos matemáticos, dentre eles:
 Modelo de correções independentes, ou correção dos erros sistemáticos,
que tem por objetivo corrigir as diversas distorções sistemáticas que
podem ocorrer na aquisição de uma imagem de sensoriamento remoto,
devido as suas características e posicionamento das plataformas (MELO
et al. 2014).
 Modelo fotogramétrico, que utiliza as equações de colinearidade,
semelhante ao aplicado na fototriangulação (MELO et al. 2014).
 Modelo polinomial, ou correção de precisão, que constitui a correção das
coordenadas através da relação geométrica entre as coordenadas da
imagem bidimensional e um Sistema de Referência Terrestre, tendo como
resultado uma imagem corrigida. Esta relação se baseia em funções
polinomiais cujos parâmetros são determinados a partir de Pontos de
Controle do Terreno (do inglês ground control point - GCP) (MELO et al.
2014).

O modelo polinomial está presente na maioria dos Sistemas de Informação


Geográfica (SIG), pois ele não utiliza informações inerentes à aquisição da imagem
como, por exemplo, se ela foi digitalizada ou se é uma imagem de sensoriamento
remoto. Além disso, também não faz distinção sobre o status ou o nível de correção
geométrica da imagem.

INDICAÇÃO DE LEITURA
Para compreender melhor sobre o Modelo Polinomial e seus desdobramentos, leia o
artigo “Decifrando o Georreferenciamento”, de Danilo Heitor Caires Tinoco Bisneto

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
39

Melo e colaboradores, disponível na revista Geografia Ensino & Pesquisa, vol. 18, n.
3, set./dez. 2014.

2.3.1.2 Mapeamento Inverso


Após a transformação geométrica, o equacionamento da imagem se completa
com o mapeamento inverso, que calcula a posição correta de cada pixel para a nova
imagem.
O mapeamento inverso executa a reconstrução da nova imagem que,
raramente, coincide hermeticamente com a imagem original, em decorrência do tipo
de transformação geométrica e de sua precisão. Durante este processo, é formulada
uma função inversa sobre a equação utilizada na etapa anterior, por exemplo,
quando se aplica a transformação geométrica (T), o mapeamento inverso irá efetuar
a transformação T-1 (MELO et al 2014).
De acordo com as características aplicadas no mapeamento direto, a inversão
pode ocorrer de forma numérica e não de forma algébrica. Entretanto, este processo
ocorre de forma automática, sem mediação com o usuário, fundamentado na ideia
de otimização computacional (MELO et al 2014).
O mapeamento inverso é de extrema importância para a realização da última
etapa da transformação geométrica, a reamostragem.

2.3.1.3 Reamostragem
O mapeamento inverso é o responsável por efetuar o rearranjo dos pixels,
enquanto que a reamostragem implica na extração dos valores presentes nos pixels
da imagem original e sua relocação nas coordenadas da imagem de saída (MELO et
al 2014).
A reamostragem trabalha pixel a pixel, primeiro ao longo das linhas e depois ao
longo das colunas, como uma janela móvel. Além disso, corresponde a um processo
de conversão e recuperação dos valores da imagem original para a nova imagem,
fundamentada em interpoladores, isto é, uma função contínua para que sejam
reamostrados os tons de cinza, por meio de interpolação. O uso de interpolação
permite dispor dos novos valores a partir de uma sequência discreta de amostras
pontuais previamente conhecidas (MELO et al 2014).

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
40

Os principais métodos utilizados na reamostragem são: vizinho mais próximo


(ou de interpolador de ordem 0), interpolação bilinear e convolução.

INDICAÇÃO DE LEITURA
Para compreender melhor sobre Mapeamento Inverso e a Reamostragem, leia o
artigo “Decifrando o Georreferenciamento”, de Danilo Heitor Caires Tinoco Bisneto
Melo e colaboradores, disponível na revista Geografia Ensino & Pesquisa, vol. 18, n.
3, set./dez. 2014.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
41

CAPÍTULO 3 – USO DO GEOPROCESSAMENTO E DO


GEORREFERENCIAMENTO NA ANÁLISE ESPACIAL

O objetivo principal do Geoprocessamento é o fornecimento de ferramentas e


soluções computacionais para que diferentes usuários, de qualquer área do
conhecimento, possam realizar estudos que determinem as evoluções espacial e
temporal, além de fenômenos geográficos e as inter-relações entre eles (Figura 7).

Figura 7: O geoprocessamento permite a integração de diversas informações, fornecendo uma


ampla abordagem do espaço geográfico

Fonte: UNSPLASH, 2019.

Já o Georreferenciamento trata de fornecer as coordenadas de uma imagem


ou mapa em um determinado sistema de referência. O processo de
georreferenciamento é iniciado com a obtenção das coordenadas (pertencentes ao
sistema no qual se planeja georreferenciar) de pontos da imagem ou do mapa a
serem georreferenciados, conhecidos como pontos de controle.

SAIBA MAIS
Os pontos de controle são locais que oferecem uma feição física perfeitamente
identificável, tais como intersecções de estradas e de rios, represas, pistas de
aeroportos, edifícios proeminentes, topos de montanha, dentre outros. Os pontos de
controle podem ser obtidos por meio de atividade de campo, a partir dos
levantamentos topográficos e com a utilização do GPS.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
42

Neste sentido, vamos conhecer as principais aplicações e as tendências de


utilização do Geoprocessamento e do Georreferenciamento.

3.1 Aplicações do Geoprocessamento

O Geoprocessamento consiste em um conjunto de tecnologias destinadas a


coleta e ao tratamento de informações espaciais, bem como ao desenvolvimento de
novos sistemas e aplicações, com diferentes níveis de complexidade.
De forma geral, o termo geoprocessamento pode ser aplicado aos profissionais
que trabalham com cartografia digital , processamento digital de imagens e sistemas
de informação geográfica.
A cartografia digital refere-se as tecnologias destinadas a captação, a
organização e ao desenho de mapas. O processamento digital de imagens consiste
no conjunto de procedimentos e técnicas destinadas a manipulação numérica de
imagens digitais, cuja finalidade é corrigir distorções das mesmas e melhorar o
poder de discriminação dos alvos. E por fim, os sistemas de informação geográfica
que são os sistemas destinados à aquisição, armazenamento, manipulação, análise
e apresentação de dados referenciados espacialmente.
Com relação ao processamento digital de imagens, as funções de
processamento gráfico e de imagens são agrupadas de acordo com o tipo de dado
tratado, que corresponde a uma geometria distinta, que podem ser: análise
geográfica, processamento de imagens, modelagem de terreno, redes, geodésia e
fotogrametria, e produção cartográfica.
A Análise Geográfica consiste na combinação de informações temáticas, que
podem ser realizadas tanto no domínio vetorial quanto no domínio matricial
(“raster”). Existe uma série de procedimentos de análise geográfica, que é
denominado de Álgebra de Mapas, e que incluem as seguintes funções:
 Reclassificação;
 Intersecção (“overlay”);
 Operações, boleanas e matemáticas entre mapas; e
 Consulta ao banco de dados.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
43

SAIBA MAIS
Para compreender melhor sobre a Álgebra de Mapas, acesse o link
http://www.dpi.inpe.br/gilberto/livro/introd/cap8-algebra.pdf e leia o Capítulo 8,
Álgebra de Campos e Objetos, dos autores João Pedro Cordeiro, Cláudio Clemente
Faria Barbosa e Gilberto Câmara.

O Processamento Digital de Imagens refere-se ao tratamento de imagens


obtidas por satélite e por meio de scanners.
Com o advento dos satélites de alta resolução e a evolução das técnicas de
fotogrametria digital, esses produtos tem sido cada vez mais utilizados em diversos
estudos e levantamentos, especialmente em estudos ambientais e cadastrais. Mas
para que o processamento digital atenda aos objetivos destes estudos, é necessário
que haja uma série de funções, como:
 Realce por modificação de histograma;
 Filtragem espacial;
 Classificação estatística por máxima verossimilhança;
 Rotação espectral (componentes principais);
 Transformação IHS-RGB; e
 Registro.

A Modelagem Numérica do Terreno é um método que permite o cálculo de


declividade, volume, cortes transversais, linha de visada, entre outros. A modelagem
envolve algumas etapas básicas, como:
 Determinação do modelo a partir de pontos esparços ou linhas;
 Geração de mapas de contorno (isolinhas);
 Geração de mapas de declividade e de aspecto (Figura 10);
 Visualização 3D (com imagens e temas) (Figura 10);
 Cálculo de volumes; e
 Análise de perfis.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
44

Figura 8: Exemplo de mapas gerados que são posteriormente aplicados em software em 3D,
para avaliação de declividade e aspecto

Fonte: PIXABAY, 2019.

A Geodésia e Fotogrametria são técnicas que permitem a realização, através


de programas específicos, de procedimentos de restituição e ortoretificação digital,
que antes eram executados por equipamentos analógicos. É uma metodologia muito
importante para a cartografia automatizada e atualização de mapeamentos diversos.
A Produção Cartográfica refere-se aos sistemas utilizados para produção de
cartas, com recursos muitas vezes altamente sofisticados de apresentação gráfica.
O sistema de produção permite uma definição interativa de uma área de plotagem, a
inserção de legendas, textos explicativos e notas de crédito. Os pacotes mais
sofisticados dispõem de controladores para dispositivos de gravação eletrônica a
laser, o que assegura a produção de mapas de alta qualidade.
A Modelagem de Redes é um a metodologia baseada no conceito de redes. As
redes são estruturas lineares conectadas que armazenam informações sobre os
recursos que fluem entre localizações geográficas distintas. Cada nó de cada arco
que compõem uma rede apresentam características próprias, que são armazenadas
em um bando de dados.
Com o auxílio dessas metodologias, o Geoporcessamento pode ser utilizado
em diversos segmentos, destacando-se o cadastral, a cartografia automatizada, o
ambiental, as redes, planejamento agropecuário e geografia voltada para negócios.
O segmento Cadastral envolve as metodologias relacioandas ao
geoprocessamento em aplicações de cadastro urbano e rural, que são realizadas
por órgãos governamentais, especialmente prefeituras. As escalas do

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
45

cadastramento geralmente variam entre 1:1.000 a 1:20.000. Os sistemas de


informação geográfica podem ser utilizados como base de consulta ao banco de
dados geográfico, além da interação com as diversas variáveis que envovem essas
informações, além de gerar os produtos cartográficos.

SAIBA MAIS
Para compreender melhor sobre o segmento cadastral e o uso do
geoprocessamento, acesse o link https://repositorio.unesp.br/handle/11449/128176 e
consulte a dissertação de mestrado intitulada “Compartilhamento de informações
entre os Sistemas de Cadastro e de Registro de Imóveis utilizando um SIG
cadastral” de Priscila da Silva Victorino, do Programa de Pós-graduação em
Ciências Cartográficas, UNESP campus Presidente Prudente.

A Cartografia Automatizada é o segmento responsável pela transformação de


mapas e cartas analógicos em mapeamentos básicos e temáticos variados em
formato digital. Para que ela seja realizada, é necessário dispor de ferramentas
como a aerofotogrametria digital e de técnicas sofisticadas de entrada de dados,
como os digitalizadores ópticos, e de produção de mapas.
O segmento ambiental é uma área mais generalista, e pode trabalhar em
projetos tanto de instiuições públicas quanto privadas, bem como estar relacionado a
várias áreas do conhecimento, como a agricultura, meio ambiente, ecologia,
planejamento urbano e regional, dentre outros.
Para que o geoprocessamento atenda as necessidades de cada setor, é
importante que haja uma estrutura de sistema de informações geográficas que
sejam capazes de integrar os diversos dados existentes no banco de dados
geográfico, gerenciar e converter as várias projeções cartográficas, realizar a
modelagem numérica de terreno, processar as imagens e gerar os diversos produtos
cartográficos de cartas.

SAIBA MAIS
Para compreender melhor sobre a aplicação do geoprocessamento no segmento
ambiental, acesse o link https://revistas.ufpi.br/index.php/equador/article/view/9253 e

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
46

leia o artigo “Geoprocessamento aplicado na análise da fragilidade ambiental do


município de Brejo, Maranhão” de Paulo Roberto Mendes Pereira, Francisco
Wendell Dias Costa e Audivan Ribeiro Garcês Júnior, na Revista Equador, da
Universidade Federal do Piauí.

O segmento de redes refere-se ao uso do geoprocessamento para atender as


diversas demandas relacionadas ao serviços que são oferecidos em rede, como os
serviços prestados por concessionárias de água, energia e telefonia. Um dos
objetivos de se usar o geoprocessamento neste segmento é a verificação do
atendimento do serviço, mapeamento das redes, dentre outros.
Para serem usados nos segmentos de rede, os sistemas de informação
geográfica devem apresentar duas características básicas: uma forte ligação com
bancos de dados relacionais e a capacidade de adaptação e personalização. Por se
tratar de um segmento mais específico, os pacotes básicos disponíveis no SIG são
insuficinetes, devendo portanto ser desenvolvida linguagens específicas para a
aplicação do SIG.

SAIBA MAIS
Para compreender melhor sobre a aplicação do geoprocessamento no segmento
ambiental, acesse o link:
https://periodicos.unipe.edu.br/index.php/interscientia/article/view/444 e leia o artigo
“Geoprocessamento aplicado à espacialização de serviço de abastecimento de água
em municípios da Paraíba” de Gedeão Costa Floriano dos Santos e Maria Adriana
Mágero de Freitas Ribeiro, da Revista InterScientia.

O segmento de Planejamento Rural envolve a aplicação do geoprocessamento


nos setores agropecuários, para atender as necessidades de planejamento da
produção e da distribuição dos seus produtos, dentre outras aplicações (Figura 9).

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
47

Figura 9: Os drones são instrumentos bastante utilizados com o objetivo de mapeamento e


apoio da tomada de decisão no planejamento rural

Fonte: PIXABAY, 2019.

Da mesma forma que acontece no segmento de redes, para serem usados no


planejamento rural, os sistemas de informação geográfica devem apresentar duas
características básicas: uma forte ligação com bancos de dados relacionais e a
capacidade de adaptação e personalização. Por se tratar de um segmento mais
específico, os pacotes básicos disponíveis no SIG são insuficinetes, devendo
portanto ser desenvolvida linguagens específicas para a aplicação do SIG.

SAIBA MAIS
Para entender melhor sobre a aplicação do geoprocessamento no planejamento
rural, acesse o link:
https://www.locus.ufv.br/bitstream/handle/123456789/20425/artigo.pdf?sequence=1
e leia o artigo “ Usos de geoprocessamento na avaliação de degradação de
pastagens no assentamento Ilha do Coco, Nova Xavantina, Mato Grosso, Brasil” de
Gabriel Caymmi Vilela Ferreira e José Ambrósio Ferreira Neto, da Revista
Engenharia na Agricultura.

A geografia para negócios, ou Business Geographic, como é mais conhecida, é


um segmento que atua na logística e em seus diversos aspectos, como a

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
48

distribuição de equipes de vendas em uma determinada localidade ou na localização


de novos nichos de mercado.
Para a utilização do SIG no segmento de Business Geographic, as ferramentas
devem ser capazes de trabalhar com uma grande capacidade de dados espaciais
para fins de planejamento de negócios. Além disso, os sistemas de informação
geográfica devem ser adaptados ao cliente, com a utlização de ferramentas de
particionamento e segmentação do espaço para a localização de novos negócios e
alocação de equipes.

SAIBA MAIS
Para conhecer como o geoprocessamento pode ser aplicado em estudos voltados
para os negócios, acesse o link
https://www.researchgate.net/profile/Marcilio_Souza_Junior/publication/284087038_
Adotando_Tecnicas_de_Geolocalizacao_e_Business_Intelligence_PARA_VISUALIZ
ACAO_DOS_ATENDIMENTOS_MOVEIS_DE_URGENCIA_A_PARTIR_DE_UM_DA
SHBOARD/links/564bf1ce08ae020ae9f85af0/Adotando-Tecnicas-de-
Geolocalizacao-e-Business-Intelligence-PARA-VISUALIZACAO-DOS-
ATENDIMENTOS-MOVEIS-DE-URGENCIA-A-PARTIR-DE-UM-DASHBOARD.pdf e
leia o artigo “Adotando técnicas de geolocalização e business intelligence para
visualização dos atendimentos móveis de urgência a partir de um dashboard” de
Michael Melville, Jéssica Medeiros, Marcílio Souza Júnior e Allan Alves.

Por meio desses exemplos, podemos constatar que cada segmento apresenta
características próprias e requer soluções especializadas a partir de um pacote
básico, o que nem sempre é compreendido pelos usuários. Em Geoprocessamento,
a distância entre a compra do software e um resultado operacional por parte do
usuário é muito grande, pois envolve muitos detalhes e etapas, como a geração de
dados geográficos, a disponibilidade de metodologias de trabalho adequadas e os
mecanismos de divulgação dos resultados obtidos.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
49

3.2 Aplicações do Georreferenciamento

O georreferenciamento tem por objetivo mais amplo fornecer a localização


específica de um bem, objeto, ou outro referencial de interesse, de forma
individualizada dentro do globo terrestre. O Sistema de Posicionamento Global
(GPS) possui um papel fundamental no processo de georreferenciamento.
Nos dias atuais, sabemos que o GPS possui diversas aplicações como, por
exemplo, a navegação, que contribui na aviação geral e comercial, além da
navegação marítima.
Ainda, praticamente qualquer cidadão que quiser saber a sua posição, se
localizar no espaço geográfico ou até mesmo encontrar o seu caminho para
determinado local pode se beneficiar com a utilização do sistema GPS. Os veículos
mais modernos já possuem um GPS de fábrica para ser utilizado com esta
finalidade, permitindo uma visão geral da área que se está percorrendo (Figura 10).

Figura 10: O GPS é um equipamento muito difundido, fazendo parte do nosso dia a dia

Fonte: PIXABAY, 2019.

Entretanto, para fins de georreferenciamento, devido à necessidade de


exatidão dos dados coletados, é necessária a utilização de GPS ou de DGPS mais
específicos, que permitam:
 O georreferenciamento e a plotagem dos pontos de campo no mapa a ser
construído com o auxílio dos sistemas de informação geográfica (SIG);

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
50

 A construção de perfis topográficos, com a coleta de pontos com intervalo


conhecido em um determinado perfil de encosta, para fins de investigação
ambiental e agrícola;
 A localização em campo com uma carta temática ou topográfica, com o
cuidado de programar o GPS sob o mesmo sistema de coordenadas
(latitude/longitude ou em coordenadas UTM).

O Georreferenciamento é uma ferramenta que permite, portanto, determinar a


posição exata de um objeto qualquer na superfície terrestre. Desta forma, o
georreferenciamento é muito utilizado na determinação de imóveis rurais

FIQUE ATENTO
O georreferenciamento de imóveis é obrigatório para as áreas rurais, ou seja, os
imóveis rurais. Existem algumas discussões que já tratam da necessidade de
georreferenciamento de áreas urbanas, para eliminar as sobreposições de
propriedades e locação inadequada de loteamentos, além de melhorar o
planejamento urbano. A regulação do espaço urbano é feita pela lei 10.257/2001, o
Estatuto da Cidade, que regulamenta os instrumentos urbanísticos e jurídicos para a
regularização fundiária, por meio do cadastro multifinalitário.

Nesse tipo de mapeamento, as coordenadas geográficas de posição de todas


as suas confrontações estão disponíveis, permitindo ao proprietário saber
exatamente onde começa e onde termina a sua propriedade.
Desta forma, georreferenciar um imóvel significa definir a sua forma, sua
dimensão e sua localização através de levantamento topográfico. Além disso, um
memorial descritivo, em que o imóvel rural é descrito, deve ser elaborado por um
profissional habilitado, com a emissão da devida Anotação de Responsabilidade
Técnica (ART), contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos
imóveis rurais.
As coordenadas do imóvel rural devem ser georreferenciadas ao Sistema
Geodésico Brasileiro e com precisão posicional fixada pelo INCRA, de acordo com a

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
51

orientação prevista no artigo 176, § 4º, da lei 6.015/75, com redação dada pela Lei
10.267/01 (ROQUE et al. 2006).
Desta maneira, todos os imóveis rurais do país, ou seja, aqueles que foram
assim definidos pela autoridade municipal, responsável pelo zoneamento urbano e
rural, sejam eles de propriedade pública ou privada, devem ser georreferenciados.

SAIBA MAIS
Para compreender sobre o georreferenciamento de áreas rurais, acesse o link
http://publicacoes.facthus.edu.br/index.php/geral/article/view/126 e leia o artigo
“Georreferenciamento: regularização de imóveis rurais” de Marcos Morais Alves,
Alcione Wagner de Souza e Fabiana de Araújo Lana, no Jornal de Engenharia,
Tecnologia e Meio Ambiente.

A Lei 10.267/01, também chamada de Lei do Georreferenciamento, está em


vigor desde 2011, e passou a exigir que o proprietário de imóveis rurais relate ao
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) seu exato
posicionamento, característica e extensão, bem como seus confrontantes.

FIQUE ATENTO
Para conhecer a Lei nº 10.267/01, conhecida como a Lei do Georreferenciamento,
acesse o link http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10267.htm e
analise-a na íntegra.

As informações obtidas pelo georreferenciamento, bem como o memorial, são


apresentadas ao INCRA e são confrontados com os dados já existentes e
registrados. Se estiver tudo em conformidade aos registros do INCRA, o órgão irá
emitir a Certidão de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR) ao proprietário.
O georreferenciamento dos imóveis rurais permite não só ao INCRA a
legalização dos reais proprietários das terras, como também garante que o imóvel
esteja registrado de forma correta, evitando sobreposições, desentendimentos por
causa da posse, a usucapião, entre outros.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
52

SAIBA MAIS
O georreferenciamento e o memorial descritivo permitem que o INCRA emita o
Cadastro de Imóvel Rural. Este documento é muito importante e essencial para a
realização de quase todos os procedimentos que envolvem o terreno de uma
propriedade rural.
Desta forma, para a solicitação de algum benefício governamental, a partilha de sua
posse, bem como as operações de compra, venda, arrendamento, entre outras, é
necessário o Cadastro de Imóveis Rurais.
Além disso, o Cadastro de Imóveis Rurais também é solicitado pelas instituições
financeiras para que as mesmas aceitem como forma de garantia os imóveis rurais.

O georreferenciamento não é utilizado somente para fornecer a localização


exata de um imóvel rural, podendo ser aplicado em diversas outras áreas.
Uma das aplicações do georreferenciamento é a determinação da localização
dos solos mais representativos existentes no Brasil. Esse trabalho teve por objetivo
o armazenamento, a manipulação e a disponibilização das informações sobre os
solos brasileiros, que resultou em um sistema chamado “SIGSOLOS”.

SAIBA MAIS
Para saber mais sobre a relação entre o georreferenciamento e a criação de um
bando de dados dos principais solos do Brasil, acesse o link
http://www.scielo.br/pdf/%0D/rbcs/v28n5/22822.pdf e leia o artigo “Estrutura e
organização do sistema de informações georreferenciadas de solos do Brasil
(SIGSOLOS – versão 1.0)”, de C. S. Chagas, W. Carvalho Júnior, S. B. Bhering, A.
K. Tanaka, e J. F. M. Baca, na Revista Brasileira de Ciência do Solo.

Também é possível, através do georreferenciamento associado aos sistemas


de informação geográfica, a integração de dados e estatísticas como, por exemplo,
dados em saúde. O georreferenciamento de dados de saúde pública, como
mortalidade, nascidos vivos, agravos de notificação, informações hospitalares
diversas, entre outros, constitui-se em uma ferramenta interessante para a melhor
gestão dos recursos públicos.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
53

SAIBA MAIS
Para saber mais sobre a relação entre o georreferenciamento e os dados
relacionados a saúde, acesse o link https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/1290 e
leia o artigo “Georreferenciamento de dados de saúde na escala submunicipal:
algumas experiências no Brasil”, Christovam Barcellos, Walter Massa Ramalho,
Renata Gracie, Mônica de Avelar F. M. Magalhães, Márcia Pereira Fontes e Daniel
Skaba, no Repositório Institucional da Fiocruz.

Além disso, esses dados podem ser integrados a outras bases de dados, como
dados ambientais e socioeconômicos, e serem submetidas a procedimentos de
avaliação de sua distribuição espacial, detectando fenômenos e anomalias diversas.
O uso do georreferenciamento também é recomendado em estudos de impacto
de vizinhança para a instalação de empreendimentos com potencial geração de
impactos ambientais. O estudo do impacto de vizinhança é recomendado pela Lei
número 10.257, de 10 de julho de 2001, que é o Estatuto da Cidade, e tem por
objetivo avaliar as áreas do entorno para a instalação de atividades econômicas.

SAIBA MAIS
Para saber mais sobre o Estatuto da Cidade, acesse o link
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10257.htm e tenha acesso ao
documento, na íntegra!

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
54

REFERÊNCIAS

CONCEIÇÃO, R. S. COSTA, V. C. Cartografia e Geoprocessamento. v. 2. Rio de


Janeiro: Fundação CECIERJ, 2013. 264p.

FOREST GIS. Acurácia GPS: O que são PDOP, HDOP, GDOP, multicaminho e
outros? FOREST GIS, 2018. Disponível em: http://forest-gis.com/2018/01/acuracia-
gps-o-que-sao-pdop-hdop-gdop-multi-caminho-e-outros.html/. Acesso em: 13 02
2020.

MELO, D. H. C. T. B. VOLPI, E.M. SILVA, H. M. MENEZES, L. A. MOURA, P. V.


Decifrando o Georreferenciamento. Geografia Ensino & Pesquisa, vol. 18, n. 3,
p.85 – 102, 2014.

PORTOCARRERO, H. CONCEIÇÃO, R. S. COSTA, V. C. Geoprocessamento.


Volume único. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2018. 376p.

ROQUE, C. G. OLIVEIRA, I. C. FIGUEIREDO, P.P. BRUM, E. V. P. CAMARGO, M.


F. Georreferenciamento. Revista de Ciências Agro-Ambientais, v.4, n.1, p.87-102,
2006.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.

Você também pode gostar