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Universidade Federal

do Rio de Janeiro-UFRJ
Instituto de Economia-IE
Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento-PPED
24/Março/2017

Indústria parapetrolífera brasileira: uma


investigação sobre suas fragilidades
Tese de Doutorado
Telmo Ghiorzi

Banca Examinadora:
Prof. Dr. Edmar Fagundes de Almeida (orientador)
Prof. Dr. José Vitor Bomtempo (orientador)
Prof. Dr. Alexandre Szklo
Prof. Dr. André Tosi Furtado
Profa. Dra. Lia Hasenclever
Profa. Dra. Monica Pinhanez
Conteúdo

• Contexto e questão
• Fundamento teórico e metodologia
• Resultados
• Conclusão
O objeto desta investigação é a indústria parapetrolífera brasileira (IPB)

Upstream Midstream Downstream

Exploração e Transporte, Refino e


Produção armazenamento e comercialização de
Onshore Offshore
distribuição derivados

Indústria Parapetrolífera Brasileira (IPB)

Empresas que fornecem


bens e serviços para as Petroleiras
petroleiras
Flutuações inerentes à indústria de óleo e gás implicam 55

flutuações sobre a indústria parapetrolífera em geral

Figura 2.5 – Preços de petróleo WTI 2007-20016


(Fonte: Nasdaq, acessada em 05/11/2016)

As forças-motrizes que explicam as variações de preço do petróleo são objeto


e muito estudo e ainda não há consenso nem tampouco conclusões definitivas
obre a dinâmica desta variável.

O exemplo mostrado acima ilustra um dos possíveis mecanismos pelos quais o


reço do óleo pode variar.

Para efeito do nosso trabalho, importa observar que, similarmente ao que


corre com fatores técnicos ou políticos, fatores econômicos (no caso acima, de
atureza geopolítica) podem produzir efeitos sobre a indústria petrolífera que
Boletim da Produção de Petróleo e Gás Natural Dezembro 2016 ● número 76

Alguns fatores são exclusivos da IPB e indicam outros sintomas de


fragilidade
Gráfico 8. Distribuição da Produção de Petróleo por Operador

Além de fatores estruturais, operadores apontam algumas questões


adicionais como desafios à competitividade local
Estudo Operadora 1 Estudo Operadora 2
Petrobras
1% Diferença de Preço Cotações do Brasil vs Internacional Comparação Propostas Locais e de Estrangeiros
2% Statoil Brasil O&G (Campo Peregrino) (Campo de Polvo)
1% Custo Adicional Variação das cotações
94% Shell Brasil 200% 456% 110%

Chevron Frade 80%


2% 20%
188%
8%
Outras Operadoras
Jaqueta Pilares e Módulo Deck Custo adicional Estrangeiras Brasileiras
Condutores das propostas
locais
Produção de petróleo por operador Principais Fontes da Diferença Identificada Principais Justificativas Apontadas
! Elevada incerteza em relação às características
(Fonte: ANP, dez/2016) ! 60% da diferença no preço pode ser explicada
pelos custos indiretos e precificação de risco das do produto e eventuais contingências
atividades de construção, integração e montagem ! Inclusão de margens em atividades sem adição
de valor agregado
onte: ANP/SDP/Sigep ! Restante das diferenças ocorre devido à estrutura
em aço - elementos tubulares pré-fabricados ! Necessidade de compra do aço só através de
ez/2016
equipamentos distribuidores para a quantidade requerida
(elevado custo da matéria prima)
1) Produtos Considerados no Estudo: Estacas, Manifolds, Engenharia, Condutores, Cabeças de Poços e Árvores de Natal, Revestimentos, Barcos de Apoio, Equipamentos de Segurança, Linhas
Flexíveis, Plataforma e Sondas, Barcos de Resgate
Fonte: Entrevistas Operadores Figura 1.3 – Competitividade da IPB
Gráfico 9. Distribuição da Produção de Gás Natural por Operador (Fonte: Booz & Company, 2010, p. 123)
ONIP – Organização Nacional da Indústria do Petróleo
122

No caso do “Estudo Operadora 1”, as diferenças de preço entre empresas da


IPB e empresas internacionais atinge 200%, para “Pilares e Condutores”. Mesmo
Petrobras
1% onde a IPB é mais competitiva, a diferença é de 20%. Este nível de diferença é difícil
Parnaíba Gás Natural
0,2% de ser compreendido e resolvido, e acaba por reforçar a conclusão da fragilidade da
94% Shell Brasil
5% 0,2% IPB no que diz respeito à sua competitividade.
Chevron Frade
Outras Operadoras
No caso do “Estudo Operadora 2”, as conclusões são ainda mais negativas.
Não apenas os preços apresentados pela IPB são de 188% a 456% maiores do que
empresas internacionais, como há uma variação significativa entre os preços das
empresas da IPB. Enquanto empresas internacionais apresentam variações de
onte: ANP/SDP/Sigep preço entre elas da ordem da 8%, as empresas da IPB apresentam variações entre
ez/2016
elas da ordem de 110%.
Mostrados também por diversos outros estudos que descrevem
sintomas e identificam possíveis contribuições para esta fragilidade
• (...) programa de compras da Petrobras serviu para mascarar a fragilidade
da IPB (SILVA e FURTADO, 2006)
• A interação para troca de conhecimentos dentro das empresas, e entre
empresas e academia é baixa e depende de estímulo e coordenação da
Petrobras (SILVA e FURTADO, 2006)
• O domínio tecnológico do CENPES não é transferido para a IPB (...) o
CENPES é o maior competidor das empresas brasileiras de engenharia,
que acabam realizando apenas a engenharia de detalhamento (RIBEIRO e
FURTADO, 2015)
• Engenharia básica, perfuração e completação são fornecidos por
empresas sem filiais no Brasil (BOOZ and COMPANY, 2010)
• A interação entre empresas e universidades é tênue. A maior parte do
conhecimento decorre de learning-by-doing em vez de atividades de P&D
(OLIVEIRA e ROCHA, 2009)
• A principal fragilidade das empresas brasileiras reside na menor
capacidade tecnológica (...) as políticas nacionais não foram capazes de
ultrapassar o âmbito da substituição de importações (OLIVEIRA, 2008)
A fragilidade da IPB é pacífica, mas os fatores que contribuem para
criar esta fragilidade são ainda pouco explorados

• Objetivo da tese: investigar fatores que


contribuem para fragilizar a IPB
– Quais são estes fatores?
– Como eles causam ou contribuem para a fragilidade da
IPB?
– Estes fatores permanecem presentes?
– Que medidas podem ser adotadas para tornar a IPB mais
robusta?
A hipótese de resposta é que existe um conjunto de políticas públicas
que contribuem para esta fragilidade

• Regulação de Conteúdo Local (CL)


• Cláusula de Investimento em P,D&I (PDI)
• Decreto 2.745 (D2745)

Políticas Públicas aplicadas à IPB


contribuem para sua fragilidade
Fundamentos teóricos do método desenvolvido: Economia da
Inovação, Sistemas de Inovação e suas Funções
• A destruição-criadora constitui a essência do capitalismo

• As empresas buscam obter lucros extraordinários pelo monopólio


temporário que decorre da introdução de novidades no ambiente
produtivo

• Sistema de Inovação (SI) é o conjunto formado por organizações,


interações cognitivas entre elas, e as instituições que moldam sua
dinâmica. É uma construção analítica utilizada para compreensão
da dinâmica econômica.

• Função de um SI são as contribuições de seus elementos estruturais


para o desenvolvimento de inovações

• O desempenho de um SI é afetado pelo exercício de suas funções


O método desenvolvido tem como núcleo as relações causais entre
políticas públicas e as funções

Descrição do SI
O núcleo do método é formado
pelas relações causais entre
Seleção de polí1cas políticas públicas e funções
públicas

Mecanismos Polí1ca-
Função

Análise dos
Resultados

Recomendações

Figura 4.3 – Etapas do Método de Análise de Sistemas de Inovação


(Fonte: elaboração própria)
O conjunto de argumentos que conectam políticas públicas com
128
funções fundamentam a construção do diagrama de Políticas-Funções

Mecanismos de Indução Funções Mecanismos de Bloqueio

Mecanismo a Mecanismo I
Política 1
Política 1 Mecanismo b F1: Mecanismo II
Empreendedorismo
Mecanismo c Mecanismo III
F2: Geração de
Conhecimento
Mecanismo a Mecanismo I
Política “i’ F3: Difusão de Política “i’
Mecanismo b Conhecimento Mecanismo II
Mecanismo III
F4: Direcionamento

Mecanismo a Mecanismo I
Política “n” F5: Formação de
Mecanismo b Mercado Mecanismo II Política “n”
Mecanismo c F6: Mobilização de
Recursos

F7: Legitimação

Figura 4.6 – Diagrama de políticas-funções


(Fonte: elaboração própria)
Abordagens de diversos autores convergem para um conjunto de 7
funções
Função Descrição da atividade e/ou processo associado à função

Esforços de empresários no sentido de introduzir novidades no


F1: Empreendedorismo
mercado, com incerteza (ignorância) sobre o sucesso comercial
Produção e acúmulo de conhecimento teórico, prático,
F2: Geração de Conhecimento
experimental, operacional etc.
Troca e compartilhamento do conhecimento gerado entre os
F3: Difusão de Conhecimento
diversos atores que compõem um SI
Visibilidade sobre trajetórias de inovação com mais probabilidade
F4: Direcionamento
de sucesso devido ao apoio dos atores do SI
Crescimento da demanda pelas inovações pela extensão da base de
F5: Formação de Mercado
usuários dentro do SI ou para outros mercados e/ou regiões
Disponibilidade de dinheiro, profissionais qualificados e
F6: Mobilização de Recursos
infraestrutura voltados para inovação
Aceitação de novidades e contraposição de resistências a mudanças
F7: Legitimação
e introdução de novidades
As três políticas públicas analisadas nesta investigação são exclusivas,
obrigatórias e de alto impacto sobre a dinâmica da IPB

• Política de Conteúdo Local (CL)

• Política de Pesquisa, Desenvolvimento e


Inovação (PDI)

• Política de compras da Petrobras, estabelecida


pelo Decreto 2.745 (D2745)
144
A figura abaixo ilustra como a multa M varia em função do CL não realizado
O Conteúdo Local (CL) obriga petroleiras a adquirir bens e serviços de
empresas brasileiras
ANEXO XIII - TABELA DE ITENS COM EXIGÊNCIAS MÍNIMAS DE CONTEÚDO LOCAL
PLANILHA 1 - Águas Profundas > 400 metros Setor: Bloco:

CL sistema (%) CL minimo


Sistemas Subsistemas Item
Mínimo Máximo item (%)
Interpretação e Processamento 40
Geologia e Geofísica
Aquisição 5
Exploração

37 55 Perfuração, Avaliação
Afretamento Sonda 10 100,0
e Completação Perfuração + Completação (obs 1) 30
Sistemas Auxiliares (obs 2) 55
Apoio Operacional Apoio Logístico (Marítimo/Aéreo/Base) 15
80,0
Afretamento Sonda 10
Perfuração + Completação (obs 1) 30 60,0
Perfuração, Avaliação
e Completação Sistemas Auxiliares (obs 2) 55
Apoio Logístico 15 40,0
Árvore de Natal 85 Multa
Umbilicais 40
Manifolds 80 20,0
Linhas de Produção/Injeção Flexíveis (Flowlines, Risers) 80
Linhas de Produção/Injeção Rígidas
Sistema de Coleta da Dutos de Escoamento
100 0,0
100
Produção
Sistema de Controle Submarino 50 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Engenharia Básica 50
Desenvolvimento

Engenharia de Detalhamento 95
Gerenciamento, Construção e Montagem 60
55 65 Engenharia Básica 50
% do CL Não Realizado - NR (%)
Engenharia de Detalhamento 95
Gerenciamento, Construção e Montagem 60
Casco 80
Sistemas Navais 50
Sistema Multiplo de Ancoragem 70 Figura 5.2 – Variação da Multa em função do CL não realizado
Sistema simples de ancoragem 30
UEP
Instalação e Integração dos Módulos
Pré-Instalação e Hook-up das Linhas de Ancoragem
95
85
(Fonte: ANP, 2008, p. 57)
Engenharia Básica 50
Engenharia de Detalhamento 95
Plantas (obs 4) Gerenciamento de Serviço 90
Materiais (obs 3) 75
Construção & Montagem Com o fim de melhor explicar como se calcula e qual é a relevância das mul
95

Obs 1: Na composição do CL médio para Perfuração, Avaliação e Completação, devem ser considerados os seguintes sub-itens:
Equipamentos CL (%) considere-se o exemplo a seguir.
Cabeça de Poço Figura 5.1
45 – Exemplo de tabela de CL mínimo

• Quem “realiza” o CL é a IPB


Revestimento 80
Coluna de Produção 80
Equipamentos do Poço (Fonte: ANP, 2013b, p. 165)
30
Brocas 5
Um equipamento tem preço de R$10 milhões e CL requerido de 80%. De
• Multas aplicadas pela ANP são transferidas para a IPB por instrumentos contratuais
Obs 2: Na composição dos sistemas auxiliares devem ser considerados os seguintes sub-itens:
Equipamentos CL (%)
forma, o CL requerido em termos de valor em dinheiro é de R$8 milhões.
•Há três Origem dos valores de CL mínimo requerido não é conhecida
Sistema Elétrico 60
Sistema de Automação 60
aspectos a destacar no método e procedimentos ilustrados pela tabela
Sistema de Telecomunicações 40
Sistema de Medição Fiscal 60
acima e pelas resoluções da ANP que definem a operacionalização da regra de CL.
Instrumentação de Campo 40

Obs 3: Na composição do CL médio para os equipamentos da UEP devem ser considerados os seguintes sub-itens: Vamos primeiramente assumir o caso em que o CL atingido foi de 50%,
Tipos Equipamentos CL (%)
O PDI obriga petroleiras a investir 1% das receitas com venda de óleo e
163

gás em atividades de P,D&I

• Pelo menos 50% dos recursos têm


de ser destinados à Instituições
Credenciadas (e.g., universidades)
• Cerca de 86% dos recursos sujeitos
à aprovação foram aplicados em
formação de recursos humanos
(16%) e infraestrutura laboratorial
(70%)
• Cerca de 95% das recursos são
gerados pela Petrobras

Figura 5.5 - Obrigação de Investimentos em PDI de 1998 até 2016


(Fonte: ANP, 2016a)

Um resultado revelador dos efeitos do PDI é observado quando são analisados


O D2745 determina como a Petrobras deve realizar suas compras

• O D2745 deriva e se inspira na Lei 8.666


• Legalidade, impessoalidade, moralidade,
igualdade, publicidade...
• Petrobras pode escolher seus fornecedores, mas
o critério de seleção é unicamente o preço:
– Melhor Preço: "menor dispêndio para a Petrobras"
– Técnica e Preço: "será vencedora a firma com melhor
preço"
– Melhor Técnica: "desde que atendidas as condições
econômico-financeiras" (...) "a Petrobras poderá
negociar com as demais licitantes"
Objeto da investigação: o Sistema de Inovação que contém a IPB

Instituições:
- Política de Conteúdo Local
- Regulamento de PDI
- Procedimento de compras da Petrobras
- Leis do Petróleo
- Regimes de Concessão, Cessão Onerosa e Partilha
- Regras gerais:
- Propriedade Industrial, Repetro, Lei da Inovação, Lei do Bem, Lei
8.666, Normas ABNT, NRs…

Atores:
- Indústria Parapetrolífera Brasileira
- MME, MDIC, CNPE e ANP Petroleiras e
- Universidades e Centros de Pesquisa sua entidade classe (IBP)
- Fontes de financiamento (BNDES, FINEP etc.)
Como o CL INDUZ e/ou BLOQUEIA as funções da IPB

Como o CL INDUZ Função Como o CL BLOQUEIA

Novidades não são requeridas pelo CL. Itens


Empreendedorismo novos não são certificáveis. Itens sendo
nacionalizados são não-CL.
Conhecimento presente em produtos
importados é multado. Engenharia de produtos
Geração de Conhecimento não é computada como CL.

Necessidade de fabricação
local induz difusão de Difusão de Conhecimento
conhecimento operacional
CL abrangente. Não é permitido priorizar
Direcionamento trajetórias com CL diferenciado.
Lucro protegido pelo CL. Buscar novos
Formação de Mercado mercados implica riscos em vez de lucros.
PROMINP e necessidade de
capacidade mobilizaram RH Mobilização de Recursos
e investimentos
Aceitar novidades não certificáveis resulta em
Legitimação multas.
Como o PDI INDUZ e/ou BLOQUEIA as funções da IPB

Como o PDI INDUZ Função Como o PDI BLOQUEIA

Vetado: segredo industrial e alterar


Empreendedorismo projetos. Explorar e tentar introduzir
novidades não é permitido.
Conhecimento gerado por ICs e
pelo PRH-ANP é disponibilizado Geração de Conhecimento
para IPB
Restrição a subcontratações dentro da
Difusão de Conhecimento IPB. Restrição a eventos de difusão.

Foco em P&D. Nenhuma trajetória


Direcionamento tecnológica é priorizada. COMTEC?
Rejeição ao lucro. Desconsideração do
Formação de Mercado mercado.
Recursos financeiros mobilizados Recursos não atingem IPB. Teto sobre
para o setor petrolífero Mobilização de Recursos remuneração impede que melhores
profissionais sejam mobilizados.
Exclusão de empresas grandes das
Legitimação atividades de normalização, estudos de
viabilidade, lote piloto, homologação etc.
Como o D2745 INDUZ e/ou BLOQUEIA as funções da IPB

Como o D2745 INDUZ Função Como o D2745 BLOQUEIA

Preço como critério único bloqueia o lucro


Empreendedorismo do monopólio temporário

A transformação de necessidades em
Geração de Conhecimento especificações é feita pela Petrobras. A IPB
as recebe e realiza, mas não cria.
Isonomia induz difusão do
conhecimento gerado pela Difusão de Conhecimento
Petrobras
Sem exceções nem direções. Nenhuma
Direcionamento trajetória pode ser priorizada ou
estimulada pela Petrobras.

Formação de Mercado

Mobilização de Recursos

Critério preço impede aceitar e contrapor


resistência a novidades. Petrobras não
Legitimação
pode ser pioneira no que é desenvolvido
externamente.
217
Diagrama resultante da ANÁLISE POSITIVA

Mecanismos de Indução Funções Mecanismos de Bloqueio

Conchecimento não
conta como CL
F1: Foco na capacidade e
substituição de
Empreendedorismo CL
Conhecimento e importações
difusão operacional Generalidade
Prominp formou 99 F2: Geração de
CL mil profissionais Conhecimento Restrição ao Brasil

Foco na capacidade
F3: Difusão de Sem segredo nem
Conhecimento alterações
Difícil subcontratar
Millhares de projetos
e artigos
PDI F4: Direcionamento Foco acadêmico PDI
Bilhões de reais
Teto de remuneração
F5: Formação de Restrições a grandes
Mercado empresas

D2745 F6: Mobilização de


Recursos Apenas critério preço
Abrangência geral D2745
F7: Legitimação Precisa competidores

Figura 6.2 – Diagrama Políticas-Funções da IPB: Visão Positiva


(Fonte: elaboração própria)
Recomendações analisadas

• PEDEFOR: engenharia, exportação e


investimentos passam a ser computados como CL

• Lei 13.361: faculta, em vez de obrigar, à Petrobras


a operação no pré-sal

• Audiência e Consulta Pública da ANP sobre novo


regulamento de PDI: sugestões enviadas por
atores da indústria brasileira de óleo e gás
Como o PEDEFOR poderia INDUZIR e/ou BLOQUEAR as funções da IPB

Como o PEDEFOR poderia Função Como o PEDEFOR poderia


INDUZIR BLOQUEAR
CL extra se engenharia for local.
Créditos de CL por investimentos em Empreendedorismo
tecnologia.
Engenharia, portanto conhecimento, Geração de
gerado no Brasil resulta em CL extra. Conhecimento

Exportação poderá facilitar acesso e


Difusão de
difusão de conhecimento
Conhecimento
internacional
Depende da regulamentação Depende da regulamentação
Direcionamento

Exportar resulta em CL extra e


créditos de CL, portanto há estímulo Formação de Mercado
para buscar outros mercados.
Investir em capacidade produtiva Mobilização de
resulta em créditos de CL. Recursos
Aquisição de lotes pioneiros resultam
em créditos de CL. Legitimação
Como a DESOBRIGAÇÃO da Petrobras no Pré-Sal poderia INDUZIR e/ou
BLOQUEAR as funções da IPB
Como a DESOBRIGAÇÃO Função Como a DESOBRIGAÇÃO poderia
poderia INDUZIR BLOQUEAR
Outras petroleiras aceitam o
monopólio temporário e critérios que Empreendedorismo
não apenas preço.
Petroleiras podem descrever
Geração de
necessidades e deixar IPB criar
Conhecimento
respostas, especificações, engenharia.
Petroleiras e IPB vão trocar e
Difusão de
compartilhar as respostas criadas em
Conhecimento
rede e não unilateralmente.
Petroleiras podem escolher e dar
visibilidade de trajetórias preferidas. Direcionamento

Venda para petroleiras globais


presentes no Brasil abre mercados Formação de Mercado
globais.
Mobilização de
Recursos
Outros critérios que não preço vão
permitir adoção de novidades (ainda Legitimação
que mais caras).
Como as SUGESTÕES poderiam INDUZIR e/ou BLOQUEAR as funções
da IPB
Como a DESOBRIGAÇÃO Função Como a DESOBRIGAÇÃO poderia
poderia INDUZIR BLOQUEAR
Permitir segredo industrial. Permitir
alterações nos planos de trabalho. Empreendedorismo

Engenharia conceitual e básica Geração de


contemplada. Conhecimento

Permitir subcontratações cria redes.


Difusão de
Cria as Empresas Ativadoras de Rede
Conhecimento
(EAR).
EAR escolhendo e dando visibilidade
de trajetórias. Direcionamento

As EAR seriam um mercado maior


para novidades de vários Formação de Mercado
subsegmentos.
Alterações permitidas, para não
desmobilizar recursos. EAR fazendo Mobilização de
recursos permearem. Salários de Recursos
mercado.
EAR legitimando novidades.
Legitimação
Com este fim, a título de ilustração, construímos o diagrama mostrado na figura
abaixo.
Diagrama resultante da ANÁLISE NORMATIVA

Recomendações Funções

F1:
Empreendedorismo

PEDEFOR F2: Geração de


Conhecimento

F3: Difusão de
Conhecimento
Desobrigação da
Petrobras no pré-sal F4: Direcionamento

F5: Formação de
Mercado
Diversas PDI
F6: Mobilização de
Recursos

F7: Legitimação

Figura 6.3 – Diagrama Políticas-Funções da IPB: Visão Normativa


(Fonte: elaboração própria)
Conclusões

• A fragilidade da IPB é constatação pacífica;

• A aplicação do método funcional indica que o CL, o PDI e o D2745


contribuem para fragilizar a IPB

• Estas políticas permanecem presentes e influenciando o


desempenho do setor;

• Modificações propostas e/ou sendo implementadas podem reduzir


a fragilidade da IPB

• Questões a serem exploradas e desenvolvidas:


– A abordagem funcional é uma ferramenta suficiente para entender e
analisar a dinâmica de SIs?
– CL, PDI e D2745 foram articuladas para fragilizar a IPB?
BACKUP
O segmento upstream da indústria petrolífera brasileira contém
a indústria parapetrolífera brasileira (IPB)
Agentes Reguladores (ANP, Ibama, Receita…)
Módulos
e Skids de Processo
Sísmica e Geologia
Bombas, Compressores,
Turbinas Sondas de
Perfuração
Motores, Geradores,
Transformadores
Serviços de Poços
Tubulações, Válvulas e Petroleiras
Acessórios Equipamentos
Submarinos
Sistemas de Controle e
Instrumentação Unidades de
Produção
Produtos Químicos
EPC
Siderurgia, Forjados e
Fundidos

Universidades e Centros de Pesquisa


Bancos e Agentes de Fomento (BNDES, FINEP…)
Portos, aeroportos, estradas, energia, insumos básicos…
Funções de Sistemas de Inovação e a abordagem funcional

• Anna Bergek (então Anna Johnson) inaugura a


abordagem funcional com o artigo "Functions in
Innovation System Approaches" (JOHNSON, 2001)

• Pela qual seria possível "ir além da análise estrutural


apenas" no que se refere a Sistemas de Inovação
(CARLSSON, 2010)

• Uma função de um SI é a contribuição de um


elemento estrutural para o desenvolvimento de
inovações (JOHNSON, 2001)
98
Adotou-se a proposta de Hekkert et al. (2007) sobre quais funções
devem ser utilizadas para a construção do método de análise
Hekkert et al (2007), Johnson Rickne (2000) Bergek e Carlsson et al Edquist (2005) Galli e Teubal
Bergek (2008) (2001), Bergek Jacobsson (2004) (1997)
(2002) (vários)
F1: Criação de Criação de Promoção de Criação e
Empreendedorismo conhecimento conhecimento experimentação mudanças de
empresarial organizações
F2: Criação de Criação de Criação de capital Criação de Criação de base P&D P&D
conhecimento conhecimento humano conhecimento de conhecimento
novo
F3: Difusão de Troca de Melhorar redes de Criação de Promoção de Redes de Difusão de
conhecimento conhecimento relacionamentos economias externalidades relacionamento conhecimento
externas positivas
F4: Direcionamento Guiar a direção Direcionar Guiar Criação de Definir qualidade
das pesquisas tecnologias processos de incentivos da demanda
pesquisa
F5: Formação de Estimular Criar mercados Facilitar a Criar boas Formação de
mercados formação de formação de condições de mercados de
mercados mercados mercado novos produtos
F6: Mobilização de Disponibilizar Facilitar Disponibilizar Criar capital Financiar Suprir serviços
recursos recursos financiamento recursos humano e processo de técnicos e
financeiro inovação científicos
F7: Legitimação Contrapor Legitimar Criar regras que Difusão de
resistência à tecnologias e incentivem cultura
mudança empresas inovação científica

Figura 4.1 – Quadro com funções de Sistemas de Inovação


(Fonte: BERGEK, 2008, p. 426 e HEKKERT et al, 2007)
Embora avançada e madura, a abordagem funcional recebe críticas
relevantes e contundentes sobre sua validade e eficácia
• Para Lundvall, a abordagem funcional seria
agnosticismo sobre a dinâmica dos SIs. Uma "lista
incoerente e inconsistente de atividades é inútil como
fundamento teórico sobre a dinâmica de SIs"

• Lundvall, contudo, não discorda dos funcionalistas:


– Ambos querem entender o mesmo fenômeno e utilizam os
mesmos conceitos, alguns deles formulados pelo próprio
Lundvall
– Sob mesma terminologia, Lundvall e funcionalistas
defendem as mesmas coisas
– A qualidade "disparatada" sobre as funções fortalece-as
pois indica abrangência (nenhuma atividade é
negligenciada) e consistência (nenhuma atividade conflita
com outra)
Metodologia: fundamentos de causalidade

• Causalidade (Stuart Mill; Campbell)


– Temporalidade
– Correlação
– Eliminação de causas alternativas plausíveis

• Descrição Causal
– Requer experimentos ou quase-experimentos
– Não descreve mecanismos
– "Acionar interruptor acende lâmpada"

• Explanação causal
– Não requer experimentos
– Descreve mecanismos
– "Acionar interruptor fecha o circuito, que permite a passagem de
corrente, que aquece o filamento, que emite fótons..."
Método da Dinâmica Funcional (BERGEK et al)

6. Questões 5. Mecanismos 4(b). Avaliação de


políticas de indução e funcionalidade e
prioritárias bloqueio formulação de
metas
7.
Instrumentos
de política
3(a). Funções: Geração 4(a). Padrão de
2. de Conhecimento, funcionamento
Elementos Difusão de objetivado
estruturais Conhecimento,
do SI: Mobilização de
1. Início: Atores recursos, Legitimação,
Redes Empreendedorismo, 3(b). Padrão
definição do
Regras Mercado, de
SI
Direcionamento funcionament
o atingido

• Análise Estrutural-Funcional (WIECZOREK e HEKKERT)


– Todos os problemas sistêmicos decorrem de falha de capacidade ou de capacitação dos
elementos estruturais do SI
– Os 4 elementos (atores, interações, instituições e infraestrutura) têm o mesmo peso sobre
a dinâmica do SI
Os argumentos devem seguir a construção proposta por Booth,
Colombs e Williams (2008)
• Afirmação: a política pública P
contribui para induzir/bloquear o
exercício da função F GARANTIA
• Razão: pois P proíbe/estimula/obriga O princípio
que atividades que definem F que permite
ocorram/não ocorram conectar
razão com
• Evidências: o item Pi da Política P afirmação
é...
proíbe/obriga que a atividade Fx da
função F seja exercida. Além disso,
AFIRMAÇÃO porque RAZÃO baseada na EVIDÊNCIA
foi observado que a atividade Fy não
foi exercida na vigência de P
(evidência 2). RECONHECIMENTO E RESPOSTA
• Reconhecimento: há casos em que P
não interfere em F Figura 4.5 – Diagrama dos elementos de um argumento sólido

• Resposta: P influencia a maior parte (Fonte: Booth, Colomb, Williams, 2008, p. 116)
das atividades de F
• Garantia: sob risco de perdas, as
empresas evitam o exercício de Fx. O O núcleo de um argumento sólido é formado pelos elementos Afi
item Pi implica riscos de redução de Razão e Evidência.
lucros, por isso as empresas buscam
evitar o exercício do Fx.
O exemplo a seguir apresenta um argumento com estes elementos.

Violência em programas de TV pode resultar em efeitos dan


crianças (afirmação) porque aqueles expostos a violência

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