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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...

VARA DO TRIBUNAL
DO JURI DA COMARCA DE SÃO PAULO

Processo.n°: ...

Maria, já qualificada nos autos, por seu procurador infra-assinado, com procuração anexa, vem,
respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, apresentar MEMORIAIS, com base no art. 403, §3º
do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos:

I- DOS FATOS

Adriana, a época com 14 anos de idade, inconformada com o fato de ter engravidado de seu
namorado, Augusto, de 28 anos de idade à época dos fatos, resolveu procurar a ré, a fim de que a
mesma lhe provocasse um aborto, utilizando seus conhecimentos de estudante de enfermagem, a ré fez
que Adriana ingerisse um remédio para úlcera.
Augusto, namorado de Adriana, desconfiado do aborto, após encontrar o frasco de remédio para
úlcera embrulhado em um papel com um bilhete de Maria à Adriana, deslocou-se até a Delegacia de
Polícia e narrou os fatos a autoridade policial.
A ré foi denunciada pela prática de aborto. Encerrada a instrução, a acusação sustentou a
comprovação da autoria e materialidade.

II- DO DIREITO
a) DAS PRELIMINARES
a.1) Da prescrição

O crime de aborto provocado por terceiro, previsto no art. 126 do Código Penal, prevê a pena
máxima de 4 anos, sendo o prazo prescricional de 8 anos, nos termos do art. 109, IV, do Código Penal.
Todavia, como a ré contava com 20 anos à época dos fatos, o prazo prescricional é reduzido pela
metade, sendo, portanto, de 4 anos, nos termos do art. 115 do Código Penal.
No caso, considerando que o fato ocorreu as vésperas do ano de 2014 e a denúncia foi oferecida
em 30 de janeiro de 2019, verifica-se que entre a data da consumação do delito e do recebimento da
denúncia passaram-se mais de 6 anos.
Logo, incide assim prescrição da pretensão punitiva em abstrato, devendo ser declarada extinta
a punibilidade da ré, com base no art. 107, IV, do Código Penal.

b) DO MÉRITO
B.1) Da materialidade
Conforme se verifica nos autos, Adriana foi encaminhada para perícia no Instituto Médico
Legal, onde se confirmou a existência de resquícios de saco gestacional, compatível com a gravidez,
mas sem elementos suficientes para a confirmação do aborto espontâneo ou provocado. Logo, verifica-
se que o laudo pericial não concluiu tenha sido o aborto provocado, não havendo, portanto, prova da
materialidade.
Diante disso, não havendo prova da materialidade, deve o magistrado decidir pela impronúncia
da ré, nos termos do art. 414 do Código de Processo Penal

b.2) Da inexistência do dolo

A ré foi denunciada pela prática de crime de aborto com base no bilhete encontrado por
Augusto onde constava a prescrição de doses de remédio para úlcera a Adriana. No entanto não era de
conhecimento da a ré que Adriana estava grávida, receitando o remédio com o objetivo unicamente de
curar a úlcera.
Deste modo, observa-se que a ré não agiu com dolo de interromper a gravidez, razão pela qual a
absolvição sumária é medida que se impõe.

III- DO PEDIDO

Ante exposto, a ré requer:

a) Que seja declarada extinta a punibilidade pela prescrição, nos termos do art. 107, IV, do
Código Penal;
b) Que seja declarada a impronúncia da ré, com base no art. 414 do Código de Processo Penal;

c) A absolvição sumária, com base no art. 415, III, do Código de Processo Penal.

Nestes termos,
Pede deferimento

Brasilia, 05 de Abril de 2021

OAB N°

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