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Artigo recebido em: 29/03/2012 Artigo publicado em: 21/12/2012

GLOBALIZAÇÃO: AS MARCAS DA HOMOGENEIZAÇÃO DO MUNDO NO UNI-


VERSO REGIONAL

Globalization: The Marks of a World Homogeneization in a Regional Universe

Globalización: Las marcas de la Homogeneización del Mundo en el Universo Regional

Edinaldo Enoque Silva Junior


Mestrando em Educação, Pesquisador, graduado em História, especialista
em Ciências Sociais pela Universidade do Oeste de Santa Catarina.
e-mail: enquesmo@hotmail.com

Paulino Eidt
Doutorado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Professor titular da Universidade do Oeste de Santa Catarina.
e-mail: paulino@unoescsmo.edu.br

Revista Geografares, n°13, p.160-191, Dezembro, 2012


ISSN 2175 -370
Globalização: as Marcas da Homogeneização do Mundo no Universo Regional
Silva, E.; Eidt, P.

Resumo

Globalização Negativa é um termo cunhado por Zygmunt Bauman, para analisar a relação perversa da
globalização nos espaços por ela afetada. O presente artigo pretende contribuir para o debate, na me-
161 dida em que objetiva analisar os aspectos verticalizadores da globalização, bem como sua influência no
processo de liquefação das localidades. Contempla prioritariamente a expansão das corporações para
regiões fora de seus núcleos geopolíticos, a revolução tecnológica nas comunicações e na eletrônica
e a hibridização entre culturas populares locais e uma cultura de massa universal. A análise teórica
fundamenta-se predominantemente no campo das ciências sociais. Num segundo momento, o artigo
expressa os impactos da verticalização da economia na região Oeste de Santa Catarina. Trata-se da
extinção de Fidelidades Locais e Regionais, reordenamento da produção e a imposição de um conjunto
de valores culturais intrinsecamente ligados ao mundo mercadológico. Os resultados apontam de que
a globalização não é democrática, ou seja, não permite a manutenção de uma mútua inter-referência
entre as partes do globo, mostra-se, ao contrário, autoritária e impositiva como afirma Bauman.

Palavras-chave: Economia. Globalização. Região.

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Abstract

Negative Globalization is a term created by Zygmunt Bauman, for analyzing the perverse rela-

162 tionship of globalization in the spaces affected by it. This article seeks to contribute for the debate,
as it aims to analyze the verticality aspects of globalization and its influence on the locations of the
liquefaction process. Primarily include the expansion of corporations for regions outside of its ge-
opolitical cores, technological revolution in communications and electronics and hybridization be-
tween popular culture and local culture of a universal mass. The theoretical analysis is based pre-
dominantly in the social sciences. Secondly, the article expresses the impact of vertical integration
of the economy in western of Santa Catarina. It is the extinction of Local and Regional loyalties,
the reorganization of production and the imposition of a set of cultural values intrinsically linked to
the marketing world. The results indicate that globalization is not democratic, that means, it does
not allow the maintenance of a mutual cross-reference between parts of the globe, it proves the
contrary, authoritative and compelling as Bauman says.

Keywords: Economy. Globalization. Region.

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Resumen

La globalización negativa es un término acuñado por Zygmunt Bauman, para analizar la relación

163 perversa de la globalización en los espacios afectados por ella. Este artículo pretende contribuir al
debate, ya que tiene como objetivo analizar los aspectos verticalizadores de la globalización y su
influencia en la ubicación del proceso de licuefacción. Principalmente incluyen la expansión de las
empresas a las regiones fuera de su núcleo geopolítico revolución tecnológica de las comunicaciones
y la electrónica y la hibridación entre la cultura popular y la cultura local de una masa universal. El
análisis teórico se basa principalmente en las ciencias sociales. En segundo lugar, el artículo expre-
sa el impacto de la integración vertical de la economía en el oeste de Santa Catarina. Se trata de
la extinción de las lealtades locales y regionales, la reorganización de la producción y la imposición
de un conjunto de valores culturales, estrechamente relacionados con el mundo del marketing. Los
resultados indican que la globalización no es democrática, es decir, no permite el mantenimiento de
una mutua de referencias cruzadas entre las partes del mundo, demuestra lo contrario, autoritaria y
convincente como dice Bauman.

Palabras clave: Economía. Globalización. Región.

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Introdução zação é um processo irreversível e, quem di-


ria, irresistível. Querendo ou não, amando ou
“O processo de globalização capitalista racionaliza

164 o comportamento e as ideias e, ao fazê-lo, expul- odiando, a globalização se apresenta cada vez
sa de nossas mentes, juntamente com a crença mais como a Nova Ordem Mundial ou uma fa-
metafísica, as ideias mística e romântica de todos
os tipos. E assim reformula não só os métodos de ceta dela.
atingir nossos fins como também os próprios fins” É vista, pelos entusiastas, como a possibilida-
(SCHUMPETER, 1984, p.167)
de de pôr fim às barreiras norte/sul, desen-
A “globalização” está na ordem do dia; uma pala- volvido/subdesenvolvido; possibilitando, desta
vra da moda que se transforma rapidamente em
forma,, ressaltar as diferenças e o respeito sob
um lema, uma encantação mágica, uma senha ca-
paz de abrir as portas de todos os mistérios pre- a insígnia do multiculturalismo.
sentes e futuros. Para alguns, “globalização” é o Na controvérsia, há autores como
que devemos fazer se quisermos ser felizes; para
outros, é a causa da nossa infelicidade. Para todos, Lombardi (2011) para o qual a globalização
porém, “globalização” é o destino irremediável do nada mais é do que um nome sofisticado dado
mundo, um processo irreversível; é também um
ao velho e conhecido liberalismo que se escon-
processo que nos afeta a todos na mesma medida
e da mesma maneira. Estamos todos sendo “glo- de sob uma rubrica equalizante, mas prosse-
balizados” – e isso significa basicamente o mesmo
gue oprimindo, verticalizando e perpetuando a
para todos. (BAUMAN, 1999a, 07)
opressão imperialista dos séculos XVIII e XIX.
Contudo, “com ares democráticos”; a invasão
Um processo de homogeneização do dos países, os embargos econômicos, a amea-
mundo está em curso. Isso não é novidade; ça de exclusão de dissidentes conseguem ago-
desde os fins da Segunda Guerra Mundial Bau- ra, em nome da paz e da democracia (demo-
man parece certo ao afirmar que a globali- cracia de produção, consumo e venda), amplo

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apoio nos meios de comunicação de massa. mo dos séculos XVIII, XIX e parte do XX é o
No presente artigo se apresenta - num modos operandi. Enquanto as nações impe-

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primeiro momento - uma abordagem sobre rialistas estavam presentes de maneira física,
como a globalização vem impactando o nosso fazendo-se sentir enquanto força opressora,
dia a dia na área da tecnologia, da economia, exploradora e expropriadora, com seus exérci-
da política e da cultura. Num segundo mo- tos, suas armas e sua política de protetorados;
mento, sinaliza-se a forma como os processos na contramão, hoje a presença se dá de modo
globalizantes penetraram e penetram na Re- sutil, suave como uma brisa, invisível. O domí-
gião Oeste de Santa Catarina, transformando nio não se dá mais pelo controle das fronteiras
o modus vivendi da população - modo de vida e territórios e sim pelos Fluxos.
construído com base na solidariedade e no vi- Sob a forma de organizações, o capita-
ver comunitário. lismo global foi impulsionado no período pós-
Entrementes, com o arcabouço teórico e -guerra e, principalmente na II metade do
conceitual procurou-se entender as tramas da século XX, por meio do Fundo Monetário Inter-
racionalidade produtiva e as condições obje- nacional (FMI), Banco Mundial ou Banco Inter-
tivas e da subjetivação impostas aos espaços nacional de Reconstrução e Desenvolvimen-
submetidos à lógica da revolução científica e to (BIRD), Organização Mundial do Comércio
tecnológica. (OMC), Organização para Cooperação e De-
senvolvimento (OCDE), Organização Mundial
A Globalização e suas Marcas da Saúde (OMS), Organização das Nações Uni-
das (ONU), Organização do Tratado do Atlânti-
O que diferencia a globalização do imperialis-
co Norte (OTAN), União Europeia (EU), Brasil,

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Rússia, Índia, China e África do sul (BRICS), é, do mercado do trabalho e do trabalho im-
Banco Interamericano de Desenvolvimento produtivo, ainda a universalização do ambien-

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(BID), Associação Latino-Americana para o te das firmas e das economias, dos gostos,
Desenvolvimento Industrial e Social (ALADIS), do consumo e da alimentação. Paralelo a este
Comissão Econômica para a America Latina paradigma, ocorre ainda a universalização da
(CEPAL), Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) cultura e dos modelos de vida social, de uma
Comunidade Econômica Europeia (CEE) entre racionalidade a serviço do capital erigida em
tantos outros. Apresenta-se na forma de cota- moralidade igualmente universalizada, a uni-
ções como Ouro, Euro, Dólar, Yuan, Libra Es- versalidade de uma ideologia mercantil conce-
terlina etc. bida do exterior; além disso, a universalização
Milton Santos (1996) afirma de que a do espaço, da sociedade tornada mundial e do
universalização do mundo pode ser consta- homem ameaçado por uma alienação total.
tada nos fatos; universalização da produção, Desse modo, a globalização, sob o mote
incluindo a produção agrícola, dos processos da “mútua dependência” (enquanto uns po-
produtivos e do marketing. Conforme o autor, luem outros não podem, enquanto uns produ-
estamos na era da Universalização das trocas, zem os outros consomem, enquanto uns per-
universalização do capital e de seu mercado, manecem agroexportadores, outros impõem
a universalização da mercadoria, dos preços seus bens tecnológicos) leva aos quatro can-
e do dinheiro como mercadoria-padrão, tam- tos do globo as “benesses do desenvolvimento
bém a universalização das finanças e das dívi- econômico”, em detrimento da “pobreza e do
das, do modelo de utilização dos recursos por habitus retrógrado” das localidades. As dife-
meio de uma universalização do trabalho, isto renças se esvaem. Segundo Ianni (2001, p.93)

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“A globalização tende a desenraizar as coisas, Destarte nada disso é novidade ao cida-


as gentes e as ideias. Sem prejuízo de suas dão médio de qualquer parte do mundo. Po-

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origens, marcas de nascimento, determina- rém, se é verdade que a globalização e o que
ções primordiais, adquirem algo de deslocado, advém dela tende a homogeneizar o mundo,
genérico, indiferente. [...] aos poucos predo- também é verdade que ela não se dá de modo
mina o espaço global em tempo principalmen- simultâneo e igual em todas as partes. Num
te presente”. plano puramente técnico, a economia de mer-
Por sua vez Bauman (1999 p. 15) pre- cado só pode ser introduzida na medida em
coniza um quadro mais sombrio sobre as mu- que o sistema de transporte for suficientemen-
danças “globalizantes”. Conforme ele, estas te eficaz para garantir o encaminhamento dos
mudanças levam-nos invariavelmente ao mo- excedentes da produção a seus consumidores
vimento, à errância e até mesmo a mendicân- eventuais. Santos (2001, p. 86) afirma que
cia de sentido: se criaram incompatibilidades entre velocida-
des diversas e os portadores das velocidades
Todos nós estamos, a contragosto, por desígnio
extremas buscam induzir os demais atores a
ou à revelia, em movimento. Estamos em movi-
mento mesmo que fisicamente estejamos imó- acompanhá-los “[...] Há, sempre, uma seleti-
veis: a imobilidade não é uma opção realista num vidade nessa difusão, separando os espaços da
mundo em permanente mudança. E, no entanto,
os efeitos dessa nova condição são radicalmente pressa daqueles outros propícios à lentidão”.
desiguais. Alguns de nós tornam-se plena e ver- Considerando que a globalização tende
dadeiramente “globais”; alguns se fixam na sua
a homogeneizar, colocar fim às barreiras geo-
“localidade” – transe que não é nem agradável
nem suportável num mundo em que os “globais” gráficas, enfraquecer as tradições e inserir os
dão o tom e fazem as regras do jogo da vida.
diversos espaços dentro de um único sistema

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econômico, isso não quer dizer que as pesqui- quiçá, jogar luz sobre a realidade. A realidade
sas sociológicas, geográficas, antropológicas do Oeste Catarinense e - se possível, sob o

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entre outras devam seguir o mesmo caminho. efeito da globalização, o risco que nos cabe.
Os grandes movimentos “ideológicos” (huma- Pois como afirma Beck (2010, p. 66):
nismo, positivismo e iluminismo), cada um no
A fase de latência das ameaças do risco (global)
seu devido tempo, propugnaram um melhor
chega ao fim. As ameaças invisíveis tornam-se vi-
modo de produzir, consumir e pensar; e to- síveis. Os danos e destruições infligidos à nature-
za já não se realizam apenas na esfera inverificá-
dos foram devidamente criticados por grandes
vel das cadeias de efeitos químico-físico-biológico,
pensadores. mas aguilhoam de modo cada vez mais pungente
Os estudos em torno da globalização e os olhos, o nariz e os ouvidos. Apenas os fenô-
menos mais chamativos: a esqueletização das
seus efeitos tendem a chegar num denomina- florestas que avança em passos largos, as águas
dor comum. Bauman (2008, p.48) afirma que interiores e os mares cobertos de espuma, carca-
ças de animais besuntadas de óleo, smog, erosão
“todos estamos fadados a contragosto ou não
arquitetônica de edifícios e monumentos decor-
aos desígnios da globalização”. rente da poluição, a sucessão de acidentes, es-
cândalos e catástrofes causadas por materiais tó-
Acreditamos na possibilidade de escolha
xicos, desejos animais e esgotos sem tratamento.
e resistência. Entretanto, isso só será possí- Os balanços da presença de substâncias poluentes
vel compreendendo, analisando e explicando a e tóxicas nos alimentos e nos bens de consumo
tornam-se cada vez mais extensos.
parte que nos cabe, ou seja, o espaço geográ-
fico e sociocultural no qual estamos inseridos.
Logo, pretendemos dar uma viagem compre-
ensiva de ida e vindas em torno do conceito de
globalização e seus aspectos mais gerais para,

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Homogeneização: O englobamento do migrantes ocuparam o espaço e constituíram


sujeito regional aos ditames do seus mores. Com base em crenças religiosas
mercado mundial

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dividiram-se em seus primórdios em duas ca-
Com efeito, sobre a globalização do espa- tegorias: os protestantes alemães formaram a
ço regional, não podemos precisar a data de região de Porto Feliz (Mondai, Iporã do Oeste e
chegada, não sabemos a intensidade, a dura- Riqueza, por exemplo), e os católicos alemães,
ção, muito menos seus efeitos. Todavia, já é Porto Novo (Itapiranga, São João do Oeste e
possível senti-la no que se refere à noção de Tunápolis, por exemplo).
economia, tradição, cultura e de território; na A pequena propriedade, a policultura, a
influência do global sobre o local e na dimen- autossuficiência, as trocas comerciais locais
são espaço/tempo e a própria concepção de eram as marcas econômicas da região. A cria-
história. ção dos animais era nomeadamente caseira,
A título de demarcação histórica (para sem padrões tecnologicamente dados. A vida
maiores detalhes ver referências) a região que se dava mais ou menos ao estilo do que Bau-
hoje compreende o Oeste Catarinense tem man (2003, p.07) define de COMUNidade:
sua colonização datada do início do século XX
[...] Numa comunidade, todos nos entendemos
e atingiu seu apogeu na década de 1970. A bem, podemos confiar no que ouvimos, estamos
formação étnica dessa população tem base seguros a maior parte do tempo e raramente fi-
camos desconcertados ou somos surpreendidos.
europeia. Alemães, italianos, poloneses fo-
Nunca somos estranhos entre nós. Podemos dis-
ram, em sua maioria, os colonizadores da re- cutir — mas são discussões amigáveis, pois to-
dos estamos tentando tornar nosso estar juntos
gião. Distribuídos pelo espaço que faz divisas
ainda melhor e mais agradável do que até aqui e,
com o Rio Grande do Sul, Paraná, Argentina os

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Mapa do Estado de Santa Catarina

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Fonte: http://www.mapasparacolorir.com.br/mapa-estado-santa-catarina.php

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embora levados pela mesma vontade de melhorar extremado das técnicas e a proeminência do
nossa vida em comum, podemos discordar sobre
pensamento técnico conduzem à necessidade
como fazê-lo. Mas nunca desejamos má sorte uns

171 aos outros, e podemos estar certos de que os ou- obsessiva de normas. Essa pletora normativa
tros à nossa volta nos querem bem. [...] E ain- é indispensável à eficácia da ação. Como, po-
da: numa comunidade podemos contar com a boa
vontade dos outros. Se tropeçarmos e cairmos, os rém as atividades hegemônicas tendem a uma
outros nos ajudarão a ficar de pé outra vez. Nin- centralização, consecutiva à concentração da
guém vai rir de nós, nem ridicularizar nossa falta
de jeito e alegrar-se com nossa desgraça. Se der-
economia, aumenta a inflexibilidade dos com-
mos um mau passo, ainda podemos nos confes- portamentos, acarretando um mal-estar no
sar, dar explicações e pedir desculpas, arrepen-
corpo social.
der-nos se necessário; as pessoas ouvirão com
simpatia e nos perdoarão, de modo que ninguém Este mal-estar pode ser percebido na
fique ressentido para sempre. E sempre haverá Região Oeste de Santa Catarina, a partir dos
alguém para nos dar a mão em momentos de tris-
teza. Quando passarmos por momentos difíceis e anos 1970, quando entra nos circuitos nacio-
por necessidades sérias, as pessoas não pedirão nais e internacionais da economia (Revolução
fiança antes de decidirem se nos ajudarão; não
perguntarão como e quando retribuiremos, mas
Verde). O potencial da mão de obra, os recur-
sim do que precisamos. sos naturais presentes (rios, a qualidade do
solo, e os interesses dos grupos econômicos)
Em muitas situações o sociólogo fala de
tornaram ora lento, ora rápido o universo re-
comunidade com outros parâmetros e contex-
gional numa das mais importantes bacias lei-
tos. No entanto, todos esses elementos são
teiras do país, bem como no maior produtor
enriquecedores para discutir as transforma-
de aves e suínos. Abriram-se as portas da re-
ções regionais nos mais diversos aspectos.
gião para o mercado mundial de carnes, leites
Milton Santos (2001, p. 36) escreve que o uso
e derivados, bem como a tranformação socio-

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cultural do espaço regional. Alargou-se o ter- a dissolução das comunidades em sociedades


ritório (acelerou-se o processo de derrubadas mostra relações menos legítimas, as relações

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das matas, a exclusão do diferente se tornou face a face tendem a diminuição. Desse modo,
ainda mais cruel – caboclo e indígena – e a Tonnies (1947, p.41) postula, assim, o que se-
produção tornou-se extremamente racionali- riam as regras gerais da comunidade: a) pa-
zada, aos moldes dos grandes frigoríficos que rentes, cônjuges, vizinhos e amigos se gostam
se instalam. A raça do porco a ser criada se reciprocamente; b) entre os que se gostam, há
padroniza, bem como o gado de corte, de lei- consenso; c) os que se gostam, se entendem,
te e as aves, a poluição das águas aumenta convivem e permanecem juntos, ordenam sua
assustadoramente, da mesma forma sua con- vida em comum. Para Bauman, a Comunidade
taminação por dejeto animais, notadamente o seria o lugar aconchegante onde todos sabem
suíno). quem são seus membros e as ideias são recí-
Como provável consequência desse ar- procas para o bem comum.
ranjo, a COMUNidade torna-se SOCIEdade, a Ocorre então uma binariedade: a comu-
INDENTIDADE em identidade e o navio da glo- nidade difere da sociedade. Partindo do pressu-
balização lança âncoras. Um processo de dis- posto de que na sociedade vigora a diferencia-
tanciamento entre os membros das comuni- ção e a heterogeneidade, como decorrência as
dades vai se acentuando. Aqui nos remetemos relações face a face diminuem e os laços afeti-
a Tonnies (1947) e Bauman (2003), que em vos de reciprocidade tendem a fragmentar-se,
linhas gerais concondam com a ideia de que por conseguinte, a identidade se enfraquece.
em comunidades as relações entre seus mem- No caso específico da Região Oeste de Santa
bros se dão de modo autêntico, por outro lado, Catarina, com a implantação do meio técnico

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e científico através da agroindustrialização, o Stuart Hall (2003) avalia o processo de


fato de seus membros estarem cumprindo as deslocamento das estruturas tradicionais ocor-

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demandas da produção (como criação, orde- rido nas sociedades modernas, assim como o
nhas, plantio ou preparo da terra) na própria descentramento dos quadros de referências
produção como funcionários de chão de fábri- que ligavam o indivíduo ao seu mundo social
ca, ou da diferenciação em torno da melhor e cultural a partir do processo de globaliza-
casa, melhor carro, melhor roupa; dissipa as ção. Para o autor, a globalização, desaloja o
peculiaridades comunais que deram origem à sistema social e as estruturas por muito tempo
região. consideradas como fixas.
Santos (2001), quando se refere ao ca- Desta forma, se inicia o processo de
pitalismo globalizado, afirma que a tirania desencaixe do qual nos fala Giddens (1991,
do dinheiro e a da informação são os pilares p.89): Em condições de modernidade, uma
da produção da história atual. Para o autor, quantidade cada vez maior de pessoas vivem
ambas, juntas, fornecem as bases do sistema em circunstâncias nas quais instituições de-
ideológico que legitima as ações mais caracte- sencaixadas, ligando práticas locais a relações
rísticas da época e, ao mesmo tempo, buscam sociais globalizadas, organizam os aspectos
conformar segundo um novo ethos as relações principais da vida cotidiana.
sociais e interpessoais. Influenciando o cará- Concomitante a este pensamento, Mil-
ter das pessoas, a competitividade - sugerida ton Santos (2001, p. 49) preconiza: O Con-
pela produção e pelo consumo, é a fonte de sumismo e competitividade levam ao ema-
novos totalitarismos, mais facilmente aceitos grecimento moral e intelectual da pessoa, à
graças à confusão dos espíritos que se instala. redução da personalidade e da visão do mun-

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do, convidando, também, a esquecer a oposi- e dos infinitos condicionamentos de libertação


ção fundamental entre a figura do consumidor das amarras comunais - que aprenderam a ig-

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e a figura do cidadão. norar desde a mais tenra idade pelos discur-
Considerando sob o mesmo viés, Ianni, sos de sofrimento nostálgico dos seus pais e
(2003, p.272) aclara avós - em favor de milhares de possibilidades
felizes expostas na TV. Meio termo parece algo
Nesse mundo globalizado [...] o indivíduo se mu-
inatingível quando se fala de globalização.
tila, se reduz, fragmenta, apaga, anula. Transfor-
ma-se em títere, autômato, zumbi. Fica solitário, Existe uma dicotomia crescente: de um
no mapa do mundo, membro de uma vasta mul- lado a globalização afunda os trabalhadores
tidão de solitários; espectadores, audiência, pú-
blico, massa. Está disperso nas cartografias, por- em suas cidades, submetendo-os, acorrentan-
tulanos e mapas com os quais se desenha o atlas do-os, às batidas do relógio, dos dias e dos
mundial.
meses, ao pagamento do fim do mês, às con-
tas do cartão de crédito, ao cumprimento do
A globalização, a homogeneização cultu-
plano de metas, da TV à cabo, da internet, às
ral a fragmentação e o esfacelamento das dife-
férias programadas; do outro, todavia, pro-
renças em prol de um mundo global apresen-
mete a possibilidade de alforria, de liberdade,
tam-se com aspecto otimista podendo ser, por
de cosmopolitismo e da felicidade sem fim dos
vezes, enervante. Os jovens locais demons-
comerciais de celular. Como reflete Bauman
tram repugnância e desprezam cada vez mais
(1999, p.08)
o local a favor das redes e dos infinitos espa-
ços propostos pela globalização e seus meios
Ser local num mundo globalizado é sinal de pri-
de comunicação; das aventuras, do mistério vação e degradação social. Os desconfortos da
existência localizada compõem-se do fato de que,

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com os espaços públicos removidos para além do parecem ser tão grandes assim” para causar
alcance da vida localizada, as localidades estão
realmente desconforto) as gentes regionais de
dependentes de ações que dão e interpretam sen-

175 tidos, ações que elas não controlam. todas as regionalidades espalhadas pelo glo-
bo entram numa espécie de transe coletivo.
A ágora de discussões está distante, a Luta de Comunidades virtuais a favor da pe-
discussão gira em torno de ideias banais, su- nalização da mulher que violenta o cachorro é
perficiais e, em sua maioria, risíveis. O Face- infinitamente maior do que contra a mãe que
book, o Orkut entre outras redes sociais tor- joga seu filho no lixo, bem como do mendigo
nam-se o elemento aglutinador das massas que morre queimado por jovens delinquentes.
haja vista não ter outra função a não ser en- Rorty (2005) afirma que estamos correndo o
treter, anestesiar as mentes e desenvolver o perigo de ficar com apenas dois grupos sociais
distanciamento. Conforme Balandier ( 1997, genuinamente globais e internacionais: os su-
p. 224) “Há mecanismos de controle na socie- per-ricos e os intelectuais, ou seja, as pessoas
dade aberta, semelhantes a um animal numa que participam de conferências internacionais
reserva. Carregamos inúmeras coleiras eletrô- dedicadas a avaliar os danos causados por
nicas”. seus colegas cosmopolitas super-ricos. Bau-
Sem grandes movimentos sociais (quan- man (2008, p. 190) por sua vez acrescenta
do dizemos grandes, nos reportamos aos gran- um terceiro “grupo social” à lista dos cosmo-
des movimentos referentes à Segunda Guerra politas, abrangendo traficantes de drogas, ter-
Mundial, a 1968 ou aos movimentos cara- roristas e outros criminosos.
-pintadas. A fome, a desigualdade, o suborno, A visão unilateral do processo de globali-
o roubo e a falta de leitos nos hospitais “não zação é refutada por Haesbaert (2007) quando

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vislumbra a possibilidade de uma sociedade Sociólogos como Bauman, no entanto,


global no sentido positivo, e não apenas nega- percebem aspectos quase que exclusivamente

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tivo, de opressão e controle. Conforme o autor negativos no processo globalizante da econo-
(2007, p, 50): mia. Entre os argumentos mais significativos
estão aqueles que conduzem à resignação do
Simbolicamente, territórios como aqueles das
homem moderno e à asfixia de traços culturais
reservas naturais e patrimônios da humanidade
podem ajudar na consolidação de uma identida- e tradições minoritárias.
de-mundo, capaz de unir numa mesma “rede- Maffesoli (1997) parece acertar quando
-território” toda a civilização planetária, que pela
primeira vez (desde a Segunda Grande Guerra) postula o fim do político até então conhecido. A
coloca em risco sua própria existência na superfí- violência estampada contra homens e mulhe-
cie da Terra.
res nos jornais, nos filmes, nas revistas, nas
novelas anestesiam as pessoas sobre a con-
Na leitura do autor, uma nova territoria-
dição humana que, por não chocarem mais,
lidade emerge nas entranhas da globalização.
voltam sua atenção para os bichos, desde que
Conforme ele, entre as características que re-
não sejam comíveis. A condição do gado, do
gem a emergência destas novas-antigas terri-
porco, do frango, do peixe, por exemplo, não
torialidades devemos considerar, inserida nos
interessa.
processos de globalização /mundialização,
A formação simultânea de uma elite globalizada A favor da sedutora ideia de aldeia glo-
vis a vis a uma enorme massa de excluídos que
bal uma espécie de consciência coletiva toma
buscam reconstruir seus territórios, muitas vezes
de forma extremamente reacionária e ainda mais conta das localidades tendo em vista a pos-
discriminatória que a dos Estados-nações (2007, sibilidade do contato total com o globo. Não
p.48).
uma consciência coletiva do tipo durkheimia-

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no, agregador, solidário, autorreferente. Uma de ver o consumo também em larga escala.
consciência coletiva que, por mais paradoxal Logo, além do industrialismo temos o consu-

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que seja, desconscientiza, esmaece os laços mo globalizante. O consumo e a diferenciação
e impõe a diferença. Diferenciar-se e distin- surgem como elemento crucial no desmantela-
guir-se é estar na moda. Moda volátil efême- mento das características regionais.
ra, como ressalta Lipovetsky (1989, p.97): “O O consumo notadamente é causa e efei-
consumo de massa da moda implica a mul- to da globalização e está intimamente atrela-
tiplicação de modelos, a diversificação das do aos conceitos de comunicação de massa,
séries, a produção de diferenças opcionais, a cultura de massa, indústria cultural, sociedade
estimulação de uma procura personalizada”. de consumo. Ele não é durável (em relação
Isso atinge significativamente todos os cantos, à liquidez de Bauman) e fisicamente sentido
todas as classes e todos os modelos de co- como a globalização econômica, embora seja
munidade. Balandier (1997, p 11) afirma que resultado dela. Ele atinge diretamente os de-
“A máquina se interpõe nas relações sociais, sejos, as mentes, as subjetividades, a consci-
torna-se constitutiva delas. A máquina progra- ência.
mada cria a sociedade programada; reduz o Segundo Bauman (2010, p.41):
lugar do empírico, do aleatório das escolhas
No mundo líquido-moderno, a solidez das coisas,
e das decisões, tornando-se progressivamente
assim como a solidez dos vínculos humanos, é vis-
formuladora de normas”. ta como uma ameaça: qualquer juramento de fi-
delidade, qualquer compromisso a longo prazo (e
Se, de um lado, temos a entrada maciça
mais anda por prazo indeterminado) prenuncia um
e homogeinizadora da produção em larga es- futuro prenhe de obrigações que limitam a liber-
cala, temos a possibilidade, ao mesmo tempo, dade de movimentos e a capacidade de perceber

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novas oportunidades (ainda desconhecidas) as- ou eclipsadas nos locais de origem.


sim que (inevitavelmente) elas se apresentarem.
As companhias colonizadoras fragmen-
A perspectiva de se ver restrito a uma única coisa

178 a vida inteira é repulsiva e apavorante. O que não taram o território, até então sem fronteiras, e
surpreende, pois todos sabem que até os objetos passaram a agir sobre parcelas dele. Em meio
de desejo logo envelhecem, perdem o brilho num
segundo e, de símbolos de honra, transformam- aos povos nativos, levantaram-se, por meio
-se em estigmas de infâmia. de um esforço contínuo, novas comunidades

Destradicionalização: de colonos atraídos pela intensa propaganda


o processo de esfacelamento do Regional das colonizadoras. Toda a região passou a ser
integrada aos interesses capitalistas mediante
O Oeste de Santa Catarina aparece, na segun-
a criação de frentes agrícolas, que transforma-
da e terceira décadas do século XX, no cená-
ram, paulatinamente, o espaço natural.
rio nacional como recorte geográfico e espaço
A dinâmica socioeconômica que se esta-
de acolhimento de diferentes grupos étnicos.
beleceu desde o início da colonização da região
Alemães, italianos e poloneses, descendentes
Oeste de santa Catarina caracterizou-se pela
da segunda e terceira gerações de imigrantes,
predominância da família como unidade orga-
que povoaram a Encosta Inferior do Rio Gran-
nizadora do processo produtivo e do trabalho.
de do Sul e Santa Catarina (regiões próximas
Nesse modelo, predomina a propriedade dire-
ao litoral dos dois estados como os municípios
ta dos instrumentos de trabalho por parte de
de São Leopoldo, Montenegro, Blumenau e
quem trabalha. O que se obtém é fruto da jor-
Criciúma) no século XIX, foram recrutados
nada de trabalho gratuito da família, que exe-
por companhias colonizadoras e pela Igreja
cuta praticamente todas as operações relati-
para reinventar suas tradições negligenciadas
vas à produção (seleção de sementes, plantio,

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colheita, estocagem, transporte...). Fatores desenvolvimento dos meios de comunicação,


como a falta de mercado, famílias numerosas, a interação com outros espaços, a preocupa-

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meios de transportes e comunicações rudi- ção do Estado e, ainda, o fascínio do capital
mentares, terras montanhosas, além do trans- (agroindústrias) pela região na qual pudesse
plante do modelo de propriedade das regiões espalhar seus interesses implantaram a deno-
de origem, fizeram com que se pautasse a co- minada modernidade tecnológica.
lonização em cima da propriedade familiar e A modernização, introduzida em toda
da produção de subsistência. a região Oeste de Santa Catarina a partir da
Os recursos naturais da região viabiliza- década de 1970, transformou o “espaço na-
ram um modelo de desenvolvimento econômi- tural” e rompeu com a sociabilidade tradicio-
co de reduzida orientação para o mercado. A nal, integrando a região aos circuitos interna-
existência de mata nativa e a boa fertilidade cionais da economia. Pesquisas realizadas por
natural do solo propiciaram ao migrante uma Eidt (1999, 2009, 2011) descrevem a agroin-
relativa autonomia e autossuficiência. A famí- dústria como o principal elemento econômico
lia, enquanto unidade organizadora do pro- da região e está intrincadamente atrelada aos
cesso produtivo executava todas as operações interesses capitalistas notadamente globais.
relativas à produção: seleção de sementes, A Região foi alvo do enquadramento da glo-
plantio, colheita, transporte, estocagem e es- balização sob o selo da economia neoliberal.
cambo (esporadicamente, a venda). Os antigos camponeses que conseguiram so-
À medida que o espaço regional se tor- breviver às “avalanches” tecnológicas, preci-
nou mais aberto e interdependente, as mu- sam se adaptar a uma linguagem universal.
danças aconteceram de forma muito rápida. O Em função disso, denotamos que os índices de

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exportações, as flutuações do dólar, as crises tamos que o não enquadrado está fadado ao
econômicas mundiais, o inverno ou calor nos esquecimento e à falência. Martins (1980)

180
países do norte, as inovações tecnológicas, a denomina a população que não acompanha
sistematização e o uso das tecnologias e as o processo de modernização do campo como
vacinas apresentam papel relevante na con- sendo os da “travessia inacabada”, ou seja,
juntura histórica da região oeste. Além disso, populações bloqueadas no tempo e no espaço
contamos ainda com a ração, o modo de criar, da porta de entrada no mundo moderno, refu-
de abater, de embalar, de cortar e de comer, a gos malqueridos da agricultura e rejeitados e
intervenção da homogeneização da produção temidos das grandes cidades.
e o recrutamento da mão de obra, a logísti- Enquadramento é a norma e a regra do
ca do transporte, o resfriamento, etc. usado sistema de produção em larga escala. Isso ser-
e padronizado em diversos países do mundo ve igualmente para o leite, por exemplo, outro
sob a rubrica do sistema ISO, faz do Oeste produto importante da economia local-global;
Catarinense um produtor padronizado dentro ph, temperatura, alimentação, vacinação, re-
de determinado standard de produção. Santos gistro, ordenhas mecânicas, transporte, arma-
(2001, p.87) enfatiza que: “Cada empresa he- zenamento, embalagem tetra pak, código de
gemônica age sobre uma parcela do território. barras, registros nos mais variados ministé-
[...] Esse poder das grandes empresas, cega- rios e secretarias que enquadram o produtor,
mente exercido, é, por natureza, desagrega- a produção e o produto dentro das verticaliza-
dor, excludente, fragmentado, sequestrando ções do sistema.
autonomia ao resto dos atores”. [...] as divisões territoriais e a segregação de
identidades promovidas e transformadas num
Respaldando a citação acima, ressal-

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must pela globalização dos mercados e da infor- Castells é esclarecedor ao dizer (1999, p.17):
mação não refletem uma diversidade de parceiros
iguais. O que é opção livre para alguns abate-se Nosso mundo, e nossa vida, vêm sendo moldados

181 sobre outros como destino cruel. E uma vez que


esses “outros” tendem a aumentar incessante-
mente em número e afundar cada vez mais no
pelas tendências conflitantes da globalização [...].
a revolução da tecnologia da informação e a rees-
truturação do capitalismo introduziram uma nova
desespero, fruto de uma existência sem perspec- forma de sociedade, a sociedade em rede. Essa
tiva, é melhor falar em “glocalização” – fenômeno sociedade é caracterizada pela globalização das
encoberto no conceito de unilateralidade de glo- atividades econômicas decisivas do ponto de vis-
balização e restrição da liberdade de se mover e ta estratégico; por sua forma de organização em
agir. (BAUMAN, 1999. p.44) redes; pela flexibilidade e instabilidade do empre-
go e a individualização da mão de obra. Por uma
Preconiza-se, portanto, que a globaliza-
cultura de virtualidade real construída a partir de
ção promove sua entrada sutil na região. Resis- um sistema de mídia onipresente, interligado e al-
tir? Como? Quais alternativas se têm quando tamente diversificado. E pela transformação das
bases materiais da vida mediante a criação de flu-
muitos dos habitantes que comiam, festejava, xos e de um tempo intemporal como expressões
consumiam alimentos tradicionalmente produ- das atividades e elites dominantes. Essa nova for-
ma de organização social, dentro de sua globalida-
zidos entram consciente ou inconscientemente
de que penetra em todos os níveis da sociedade,
na onda da marca, do “melhor produto”, da está sendo difundida em todo mundo, do mesmo
modo que o capitalismo industrial disseminado no
embalagem mais bonita, dos modismos ali-
século XX, abalando instituições, transformando
mentares apresentados nos programas culiná- culturas, criando riqueza e induzindo a pobreza,
rios e nos comerciais, do embalado a vácuo e incitando a ganância a inovação e a esperança, e
ao mesmo tempo impondo o rigor e instilando o
dos conservantes industriais. É a globalização desespero. Admirável ou não, trata-se na verdade
dos gostos. São os efeitos globais no espaço de um mundo novo.

local.

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Essa reflexão soa efetivamente como nis. Pergunte qual é o “melhor” refrigerante,
uma profecia. Tendo em mente o que Castells peça para enumerar “as melhores” bandas de

182
diz sobre o efeito da globalização e projetando- música, entreviste-os para saber o padrão de
-a na realidade regional de outrora e de hoje é mulher ou homem perfeito, o canal do youtube
impressionante a sua força e clareza. É escla- mais acessado, assim como o “melhor” jogo
recedor e ao mesmo tempo nos faz pensar se de Playstation seja o 1, 2 ou 3 que teremos um
realmente estaremos fadados aos interesses e consenso se não mundial, bem próximo a isso.
aos desejos econômicos das grandes corpora- Pergunte aos homens de meia idade qual é a
ções, se é possível resistir e se a escolha não “melhor” marca de carro importado, reduza a
estará fadada, ela mesma, a limites disponí- escolha entre sedãs ou hets, teremos poucos
veis de antemão, dando a falsa ideia de esco- citados, (embora a produção e as marcas são
lha democrática. imensas), o melhor time de futebol do mundo
A uniformização global tem raízes fecun- e a modelo mais sexy.
dadas e fortes na região. Não nos referimos à Teremos ai um consenso. Igualmente,
indústria, agroindústria e aos prestadores de pergunte a qualquer mulher que tenha em
serviços, pois isso já está presente desde os casa uma TV, qual o tipo ideal de homem, ana-
primórdios do processo globalizador regional. lise porque esse é o tipo ideal e pergunte se
A uniformização é o sine qua non da produ- esse tipo existe no seu bairro, trabalho ou fa-
ção e isso já ressaltamos. O que nos referimos culdade, teremos grandes surpresas. Se per-
agora é, sobretudo, ao consumo e ao gosto. guntarmos tudo isso no Rio de Janeiro, São
Pergunte para qualquer jovem de idade esco- Paulo, Florianópolis, Porto Alegre, e algumas
lar da região qual é a “melhor” marca de tê- dessas perguntas a habitantes de outras par-

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tes do mundo não seria surpresa alguma se até então dado pelos estudos culturais como
tivéssemos grandes acordos. Até mesmo os práticas religiosas, sociais, culturais, organiza-

183
desacordos, se houver, estarão dentro de um cionais de uma determinada nação ou grupo,
limite mínimo de possibilidade de escolha. marcada por certa durabilidade e trânsito en-
Segundo Feathertone (1990, p.141): tre gerações; a não ser que se cunhe o nome
“tradição global”. Mesmo assim, a definição do
Sob diversos aspectos, considera-se que as pes-
conceito deverá mudar. Pode-se caracterizá-la
soas estão envolvidas num complexo jogo de sig-
nos que imita ou repercute o excesso de signos pela efemeridade, presentismo, utilitarismo e
do ambiente edificado. Considera-se que a cultura pragmatismo, verticalismo econômico e so-
contemporânea (moda, música, televisão, víde-
os, bebidas, danças, clubes, carros) está domina- ciocultural, desapego histórico e sem a menor
da pelo mundo do “faz de conta” da publicidade. necessidade de perpetuação.
Roupas, corpos e caras transformam-se em “cita-
Gonçalves (1994, p.22) enfatiza a Nova
ções do outro lado, o lado imaginário da vida: a
moda, o cinema, a publicidade e a sugestibilidade Era Científica a partir de um dualismo:
infinita da iconografia contemporânea”.
A abstração inerente ao modo de produção capita-
Aqui entra outro aspecto verticalizador lista trouxe, assim, a ruptura das relações imedia-
tas do homem com seu corpo e com a natureza. A
da globalização que é a destradicionalização.
redução do trabalho humano à força de trabalho,
A tradição tende - com a globalização eco- no sentido fisiológico, trouxe consigo uma disso-
ciação entre a força criativa espiritual do homem
nômica, cultural, social e midiática - cair em
e a força fisiológica corporal, gerando um corpo
desuso, ou se ressignificar de tal modo que autônomo, desprovido de subjetividade.
passa a ser outra coisa. Essa “outra coisa” não
pode ser mais chamada de tradição no sentido

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Mesmo se Hobsbawm (2008) estiver certo ao Esta afirmação encontra respaldo em


afirmar que as tradições são invenções moder- Harvey (1989, p.240):

184
nas, nos parece, todavia, que essas invenções
À medida que os espaços se encolhem para se tor-
têm como princípio básico a constituição de
nar uma aldeia “global” de telecomunicações de
IDENTIDADES. A globalização tem marcada- interdependências econômicas e ecológicas – e à
medida que os horizontes temporais se encurtam
mente, ao nosso entender, a transformação
até ao ponto em que o presente é tudo que existe,
dessas IDENTIDADES em identidade. E por temos que aprender a lidar com um sentimento
sua vez as identidades globais não tendem a avassalador de compressão de nossos mundos es-
paciais e temporais.
formar IDENTIDADES, pelo contrário, prezam
pelas fidelidades à marca, ao objeto, ao chei- Desse modo, Tradição e IDENTIDADE
ro, ao gosto, à cor, ao modelo e de preferência torna-se mero repertório de práticas atrasa-
enquanto durarem os estoques, ou até o pró- das, folclóricas e pitorescas. Serve para matar
ximo comercial. saudade ou lembrar-se dos tempos de infân-
Que impacto tem a globalização sobre cia. Torna-se até objeto de venda em massa.
as IDENTIDADES? Hall (2003, p. 69) afirma: A tradição é um dos elementos culturais mais
“Uma de suas características é a “compressão atingidos pelos efeitos verticalizadores da glo-
espaço-tempo”, a aceleração dos processos balização. Os grupos de influência (os novos in-
globais, de forma que se sente que o mundo termediadores culturais) tendem a hipostasiar
é menor e as distâncias mais curtas, que os a tradição como algo em desuso. Mas pronto
eventos em determinado lugar têm um impac- para ser consumido-descartado em momentos
to imediato sobre pessoas e lugares situados a de nostalgia.
uma grande distância”.

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Essa efemeridade, ou Obsolescência desatentos. Todavia, olhando com mais aten-


Programada, tende através dos meios de co- ção, é possível ver mudanças significativas nas

185
municação de massa atingir o globo, pondo em relações sociais e de consumo, nos modelos
relevo outro conceito importante no processo de vida, interferências em relação ao trabalho
de globalização que é a desterritorialização. e ao uso do tempo livre e ver nua e friamente
A desterritorialização elemento importantíssi- as mesmas práticas, queixas, produtos, modo
mo aos interesses do capitalismo global tem, de consumo, de falar, relacionar em toda par-
por interesse maior, o domínio do sistema de te, salvo exceções que tendem a se rarefazer
subjetivação dos grupos - sejam tradicionais, deveras. Carvalho (2003, p. 79) parece dar a
arcaicos ou menos complexos - em favor da- compreensão exata da nova geopolítica e eco-
quilo que Ianni, entre outros, chama de aldeia nomia internacionalizada ao afirmar: “Na ver-
global. dade, não há como identificar nesse espaço/
Desta forma, de acordo com o cená- tempo geopolítico onde se localizam os novos
rio preconizado pelos postulados contidos na inimigos de mundo, pois eles se encontram
ideia de “aldeia global”, sem tradição e sem disseminados, como um monstro de múltiplas
território definido o sujeito imerso no mundo cabeças”.
fluído e efêmero dos dias atuais tende a pôr
Considerações finais
seu eu à mercê dos interesses do mercado.
Sintetizando, a globalização tende a fir-
O industrialismo, o neoliberalismo, a informa-
mar-se, entrementes, de um modo verticaliza-
tização são um dos maiores, se não o maior
dor, transformador, impositivo e viscoso. Essas
elemento globalizador. A internet, as redes so-
transformações se mostram lentas aos olhos

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ciais, os canais tendem a mostrar um mundo sinais. Trata-se de uma visibilidade seletiva,
encantador, de festa, de viagens e de aven- pois o arranjo espacial é planejado e tem nas

186
turas, logo, os jovens no seu apetite de vida redes seus instrumentos privilegiados; portan-
que é natural da fase projetam mais do que to, invisível de acordo com os interesses dos
nunca o bom, o belo e o justo longe, muito grupos investidores (quase sempre em asso-
longe. Os mais velhos - cansados de sua vida, ciação público-privada).
encontram nas novelas, nos casos de família e O que temos de concreto, ou melhor, de
nos programas de auditório um distanciamen- desconcreto, ou como afirma Bauman, líquido,
to inconsciente. Desprezam sobremaneira o são as relações, os costumes os valores que,
local, o familiar e o comunal em prol do global, a nosso ver, precisam ser mantidos mesmo
efêmero e midiático, deste modo, temos ace- quando somos globalizados, mas que parecem
lerado o processo de esfacelamento do local se desmanchar no ar.
em detrimento do global. O uso crescente da máquina, a submis-
Para que isso ocorra efetivamente, não são humana ao ritmo da própria máquina, a
é preciso grandes rodovias ou ferrovias, aero- exploração do trabalhador, a divisão do traba-
portos ou heliponto, até mesmo as parabólicas lho e a subordinação dos territórios são apon-
de outrora não são tão importantes. O global tados com efeitos perversos da globalização
para ter alcance não é mais visível, imperativo por muitos pensadores da modernidade. Ou-
e dominador como foi no início dos anos de tras análises e pesquisas, centradas nos efei-
1990 com as agroindústrias, por exemplo; o tos positivos do processo de globalização, têm
global agora é midiático, informacional e ele- sido feitas, reiterando a ideia do caráter inaca-
trônico, as redes são invisíveis bem como os bado do conhecimento.

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Por consonância, no espaço regional do


Oeste de Santa Catarina já podemos notar -

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na segunda década do século XXI - que o po-
der nivelador da globalização não conseguiu
uma passiva adequação de todos aos produtos
culturais. Grupos dissidentes fazem recortes
claros no tecido social único. Um jogo de for-
ças, silenciosamente, atua contra o poder mo-
nopolizador da massificação Cultural. Exíguas
minorias perseguem, de modo incontestável,
um mundo substancialmente autônomo.
Quem sabe o desejo de Outra Globa-
lização do geógrafo Milton Santos esteja
a caminho e se concretize e se confirme
ao longo da trajetória do século XXI.

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ISSN 2175 -370

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