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GREENING/HLB

Medidas essenciais de controle


GREENING/HLB
O greening ou huanglongbing (HLB) é a mais severa doença
dos citros no Brasil e a maior ameaça à citricultura mundial.
Não existem variedades comerciais de copa ou porta-enxerto
resistentes à doença e nem cura para as plantas contaminadas.
A doença é causada pela bactéria Candidatus Liberibacter que é
transmitida para as plantas pelo psilídeo Diaphorina citri.
O HLB foi identificado no Brasil, em 2004, nas regiões Centro
e Leste do estado de São Paulo. Atualmente, está presente em
todas as regiões citrícolas de São Paulo e em pomares de Minas
Gerais e Paraná.
De acordo com a Instrução Normativa nº 53, publicada pelo
Ministério da Agricultura, em outubro de 2008, o produtor
deve inspecionar seu pomar e eliminar as plantas doentes.
As inspeções devem ser feitas pelo menos a cada três meses
e os resultados encaminhados à Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado por meio de relatórios semestrais.
Talhões com incidência superior a 28% de plantas com sintomas
devem ser totalmente eliminados.
Manter plantas doentes no campo implica em redução gradativa
da produtividade do pomar e da qualidade dos frutos colhidos,
além de colocar em risco a renovação e/ou o replantio de pomares
e gerar necessidade de mais frequência e rigor no controle do psi-
lídeo, para que essas árvores não sirvam de fonte de bactéria que
pode contaminar o próprio pomar e outros na região.
O PSILÍDEO

O psilídeo Diaphorina citri é o inseto transmissor da bactéria que causa o HLB. Ele vive em
plantas da família Rutaceae, principalmente em citros e murta.
Originário do continente asiático, o psilídeo foi identificado durante a década de 40 no
Brasil como uma praga secundária. Hoje, está presente nas principais regiões produtoras de
citros do país.
Sua população é maior nos períodos de primavera e verão, quando ocorrem os principais
fluxos vegetativos.
IDENTIFICAÇÃO DO PSILÍDEO

OVOS
As fêmeas colocam até 800 ovos, que
são amarelos e aderidos às folhas das
brotações. Seu ciclo dura entre 15 dias, no
verão, até 40 dias, no inverno.

NINFA
As ninfas são achatadas de coloração
amarelo-alaranjada. Alimentam-se em brotos
novos e caminham lentamente. Durante a
alimentação, eliminam substâncias brancas
em grande quantidade.

ADULTO
O inseto mede de 2 a 3 mm de comprimento,
possui asas transparentes com bordas escuras.
Normalmente, é encontrado em brotações,
local preferido para sua alimentação, mas, na
ausência deste tipo de vegetação, pode ser
encontrado em folhas maduras.
MURTA

Tanto o psilídeo quanto as bactérias do excelente criadouro de psilídeos e por


HLB são encontrados na planta ornamental isso deve ser eliminada ou receber
Murraya spp., conhecida como murta. pulverização quando estiver em áreas
Parente dos citros, essa planta é um próximas a pomares de citros.
TRANSMISSÃO

Durante sua alimentação, o psilídeo A bactéria também pode ser transmitida


Diaphorina citri pode adquirir as bactérias pela enxertia de borbulhas infectadas em
em plantas doentes e, posteriormente, árvores sadias. Não é disseminada pelo
transmiti-las para árvores sadias. vento, água ou instrumentos agrícolas.
Psilídeos que se desenvolvem (de ovo a Ao ser introduzida na planta, a bactéria
adulto) em plantas doentes apresentam multiplica-se e é levada por meio do fluxo
maior eficiência de transmissão em relação da seiva, primeiramente para as raízes, e
aos que adquirem a bactéria na fase adulta. depois para todas as partes da árvore.
SINTOMAS

Os sintomas do HLB podem ser vistos Plantas novas ficam totalmente


durante o ano todo, com mais frequência comprometidas em um ou dois anos.
de fevereiro a agosto. Primeiramente Em árvores mais velhas a evolução dos
aparecem em ramos com folhas sintomas para a morte econômica ou
amareladas, do tipo mosqueadas, que produtiva da planta pode levar de três a
apresentam uma clorose assimétrica e cinco anos.
irregular, contrastando tecidos verdes com
áreas mais claras e amareladas. Em alguns
casos, a nervura da folha fica grossa e mais
clara, podendo também ficar áspera.
As folhas afetadas tendem a cair. No seu
lugar podem surgir novos brotos com folhas
pequenas, amarelas e voltadas para cima.
Os frutos de ramos com sintomas de
HLB, normalmente, não amadurecem
e podem ficar com a casca manchada.
Geralmente, são pequenos, deformados
e assimétricos. Caem precocemente e na
região de inserção do pedúnculo observa-
se uma coloração alaranjada. Ao cortá-los
é possível verificar filetes alaranjados na
columela a partir da região do pedúnculo,
sementes abortadas (necrosadas) e albedo
(parte branca da casca) com espessura
maior que a de um fruto sadio. O suco
de frutas doentes tem sabor mais ácido,
menos açúcares e fica amargo.
MOSQUEADO NERVURA AMARELA E SALIENTE

FRUTO TORTO COM


SEMENTES ESCURAS QUEDA DE FRUTOS
DIFERENÇAS DE OUTRAS DOENÇAS

As folhas mosqueadas são o sintoma típico cor palha na parte de trás. As folhas ficam
do HLB, mas podem ser confundidas com “acanoadas”, como se estivessem murchas.
outras doenças e até com deficiência de
minerais. Veja como diferenciá-las: Gomose – folhas amareladas, nervura
central mais grossa, com cor mais clara.
CVC – pequenas manchas amarelas intensas Checar se há lesões e goma no tronco
e irregulares na frente da folha e lesões de próximo ao solo.

CVC GOMOSE
Rubelose – verificar se entre os galhos Podridão Floral – no ramo há cálices
há filamentos, de brancos a rosados, do florais retidos (“estrelinhas”).
fungo e a rachadura da casca dos ramos.
Deficiência de manganês – surge clorose
Deficiência de zinco – as folhas ficam entre as nervuras, quase simétrica, mais
pequenas e estreitas, com clorose intensa pálida e menos acentuada do que a
e quase simétrica entre as nervuras. verificada na deficiência de zinco.

DEFICIÊNCIA
RUBELOSE DE ZINCO

DEFICIÊNCIA
PODRIDÃO FLORAL DE MANGANÊS
DIFERENÇAS DE OUTRAS DOENÇAS

Deficiência de magnésio – afeta folhas (bolsas de goma) e rachaduras.


velhas com amarelecimento em “V” invertido
no limbo foliar. Ramos quebrados, anelados ou com
ataque intenso de pragas - folhas podem
Deficiência de cobre – as folhas dos ponteiros ficar com aspecto semelhante as com
ficam amareladas e quase simétricas. Os HLB. Entretanto, os sintomas em frutos
ramos mais novos apresentam ondulações não são observados.

DEFICIÊNCIA
DE MAGNÉSIO

DEFICIÊNCIA
DE COBRE RAMO QUEBRADO
OS DEZ MANDAMENTOS PARA CONTROLAR O HLB

PLANEJE O PLANTIO E A RENOVAÇÃO DO POMAR

A escolha da área de plantio é fundamental. Plante em áreas grandes, no formato


Se possível, evite regiões altamente afetadas quadrado, sempre que possível. Evite
pelo HLB. Opte por onde a incidência da plantios recortados e estreitos para diminuir
doença é menor, como no Norte, Noroeste e a borda, uma vez que essa é a região do
Sul do estado de São Paulo. pomar mais sujeita às infestações por
Plantio próximo às áreas contaminadas psilídeos vindos de outros pomares.
e com baixo controle do psilídeo coloca A renovação deve ser em blocos contínuos.
em risco as plantas ainda em fase de Evite o plantio de talhões novos ao lado
desenvolvimento que, se forem infectadas, de velhos e não plante talhões pequenos,
nem chegarão a produzir. retangulares e estreitos.
PLANTE MUDAS SADIAS

O plantio de mudas sadias, produzidas


em viveiros certificados, é indicado para
a prevenção de qualquer doença da
citricultura, pois garante que o pomar seja
iniciado sem contaminação.
É preferível usar mudas com pernadas já
formadas que vão para o campo com mais
vigor, antecipando o início da produção em
até seis meses. Quanto maior o tempo da
muda no viveiro, menor será seu período
de exposição ao psilídeo no campo.
MANTENHA A PLANTA BEM NUTRIDA

A adubação não evita a contaminação por HLB, nem cura a planta doente. Mas a
nutrição adequada, desde o plantio, é essencial para uma boa produtividade do pomar.
Árvores bem nutridas suportam melhor o ataque de pragas e doenças e têm maior
longevidade produtiva do que as mal nutridas.

Os teores de macro e micronutrientes nas folhas de citros devem ser:

g/kg de folha
Nitrogênio (N) 25 - 30
Fósforo (P) 1,2 - 1,6
Potássio (K) 12 - 16
Cálcio (Ca) 35 - 50
Magnésio (Mg) 3,5 - 5
Nutrientes

Enxofre (S) 2-3


mg/kg de folha
Boro (B) 75 - 125
Cobre (Cu) 8 - 12

Fonte: Boletim 100 IAC


Ferro (Fe) 50 - 120
Manganês (Mn) 35 - 75
Zinco (Zn) 50 - 75
Molibidênio (Mo) 0,1 - 1
INSPECIONE FREQUENTEMENTE

Conhecer a evolução da doença no agosto, quando é mais fácil visualizar os


pomar é essencial para que as decisões sintomas do HLB.
corretas possam ser tomadas com rapidez O treinamento e a reciclagem dos
e eficiência. Para isso, as inspeções devem inspetores para o reconhecimento dos
ser iniciadas a partir do segundo ano da sintomas iniciais do HLB (ramos amarelos,
implantação do pomar e serem feitas, pelo folhas com mosqueado, frutos tortos e
menos, seis vezes por ano, com maior queda de frutos) é fundamental para o
concentração no período de fevereiro a sucesso da inspeção.
ELIMINE AS PLANTAS DOENTES

A eliminação das plantas com HLB é reduzida gradualmente e a qualidade dos


condição indispensável para manter a frutos comprometida.
doença em níveis baixos na propriedade. A remoção deve ser feita rapidamente,
Árvores contaminadas servem de fonte com aplicação imediata de herbicida sobre
de bactérias que podem ser levadas o toco após o corte para evitar rebrotas.
para áreas sadias pelo psilídeo. Além A replanta pode ser feita quando passar
disso, plantas doentes têm sua produção o efeito residual do herbicida.
MONITORE A PRESENÇA DE PSILÍDEO

Saber quando e onde o psilídeo está


no pomar ajuda o produtor a planejar e
estabelecer o controle do inseto.
O monitoramento deve ser feito com
armadilhas adesivas amarelas, colocadas
no terço superior da copa, na extremidade
do ramo e voltadas para fora do talhão.
A instalação deve ser feita nas plantas das
bordas da propriedade e dos talhões, áreas
de maior concentração de psilídeo. Outros
pontos de captura são locais iluminados,
como portaria, barracões e bins, e pomares
podados e irrigados, nos quais há brotações.
A população do inseto tende a aumentar
nas épocas de brotação das plantas.
A avaliação deve ser semanal, buscando
a asa do inseto, que tem bordas escuras
e centro transparente. A leitura em local
calmo e iluminado, como um escritório, é
mais eficiente do que no campo.
A troca das armadilhas deve ser quinzenal
ou quando estiverem sujas ou sem cola.
O monitoramento indica os talhões onde
o controle deve ser feito com mais rigor e o
momento adequado para fazê-lo, evitando
que ocorra pulverizações desnecessárias,
com desperdício de produto e mão de obra.
CONTROLE O PSILÍDEO

O controle do psilídeo Diaphorina citri nos pomares é o ponto chave para o sucesso
na guerra contra o HLB. Por se tratar de um vetor, apenas um inseto encontrado nas
brotações é suficiente para determinar a necessidade de ação, que deve ser feita de
acordo com a idade e condição do pomar.

Aplicação de inseticida sistêmico de um a cinco dias


ANTES DO PLANTIO
antes da saída da muda do viveiro.

Três a quatro aplicações de inseticidas sistêmicos,


principalmente no início do período de emissão de
POMAR DE 0 A 3 fluxos vegetativos, e pulverizações com inseticida
ANOS E REPLANTAS de contato sempre que o monitoramento realizado
pela propriedade ou o Alerta Fitossanitário
mostrarem que é necessário.

Pulverizações sempre que o monitoramento realizado


POMAR ACIMA DE pela propriedade ou o Alerta Fitossanitário
3 ANOS mostrarem que é necessário. Aumentar a frequência
em talhões de borda ou com alta incidência de HLB.
DÊ ATENÇÃO ESPECIAL ÀS BORDAS

As plantas dos primeiros 100 metros da divisa da propriedade são as mais afetadas pelo
HLB: cerca de 80% dos psilídeos e 80% das plantas infectadas encontram-se nessa área. O
chamado “efeito de borda” ocorre porque quando o psilídeo voa de um pomar para outro,
ele pousa nas primeiras plantas de citros com brotação que encontra.

Algumas medidas ajudam a minimizar o “efeito de borda” e a evitar que o inseto voe
para o interior do pomar:

• Plantio mais adensado na faixa de borda de 100 a 200 metros, paralelo à divisa
do pomar. Dessa forma, facilita-se pulverizações mais frequentes. Além disso, após
o crescimento, as plantas servem de barreira para a entrada do psilídeo no interior
da propriedade.

• Controle mais rigoroso do psilídeo nesta área para impedir a disseminação


para a parte central da fazenda. A aplicação de inseticidas nos primeiros 100
metros deve ser realizada com mais frequência do que na área central.

• Replantar frequentemente a borda após a eliminação de plantas doentes.


Dessa forma, evitam-se as aberturas que facilitam a penetração do psilídeo para o
meio do pomar.
PARTICIPE DO MANEJO REGIONAL

O manejo regional do HLB consiste no


combate em larga escala feito por vários
produtores de uma região ao mesmo tempo, por Inclua sua propriedade e
meio de eliminação de plantas com sintomas, participe do programa de
monitoramento e controle do psilídeo. Alerta Fitossanitário
Com o controle conjunto e coordenado, evita- do Fundecitrus. Mais
se que o psilídeo migre de uma propriedade informações podem ser
para outra no momento da pulverização. Isso obtidas pelo telefone
garante um período maior de controle da
0800 112155.
população do inseto, resultando em menor
necessidade de pulverizações.
SEJA PARCEIRO DO SEU VIZINHO

O citricultor precisa estender as ações contra o HLB às áreas


adjacentes a sua propriedade para acabar com criadouros do
psilídeo, auxiliando na eliminação de plantas doentes, monitorando
e fazendo o controle do inseto em plantas cítricas ou de murta ao
redor do seu pomar.
Modelos de atuação externa:

• Eliminação de plantas de citros com sintomas de HLB na


vizinhança. A ação pode ser negociada com os vizinhos, com
a proposta de troca por mudas de outras frutíferas ou outros
benefícios. Recomenda-se aplicar inseticida imediatamente antes
da eliminação para evitar a dispersão dos psilídeos que estão nas
plantas doentes.

• Aplicação de inseticidas de contato ou sistêmico em


plantas de citros e murta localizadas em quintais ou pomares
vizinhos, onde não for possível a eliminação quando o psilídeo
for detectado visualmente nas armadilhas. Essa ação deve ser
também acordada com os vizinhos.

• Liberação de Tamarixia radiata – inseto que é inimigo natural


do psilídeo – em áreas urbanas, quintais, pomares abandonados
ou orgânicos onde não há aplicação de inseticidas.
Av. Dr. Adhemar Pereira de Barros, 201
Vila Melhado, Araraquara/SP
16 3301 7000 / 0800 112155
www.fundecitrus.com.br

Autores: Marcelo Pedreira de Miranda, Renato Beozzo Bassanezi e Silvio Ap. Lopes | Edição: Fabiana Assis |
Revisão: Jaqueline Ribas | Projeto gráfico: Marcelo Almeida “Quén” | Fotos: Adriano Carvalho, Henrique Santos e
arquivo Fundecitrus - 2016 © - Versão atualizada

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