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Instrumentos na prática clínica: CBCL como facilitador da análise funcional e


do planejamento da intervenção

Article  in  Temas em Psicologia · December 2011

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3 authors, including:

Annie Wielewicki Alex Eduardo Gallo


Universidade Estadual de Londrina
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ISSN 1413-389X Temas em Psicologia - 2011, Vol. 19, no 2, 513 – 523

Instrumentos na prática clínica: CBCL como facilitador da


análise funcional e do planejamento da intervenção

Annie Wielewicki
Alex Eduardo Gallo
Renata Grossi
Universidade Estadual de Londrina – Londrina, PR – Brasil

Resumo
É amplamente documentado na literatura o uso de instrumentos variados – questionários, inventários,
testes − tanto na pesquisa, quanto na prática clínica comportamental. Neste trabalho, destacaremos o
uso do CBCL como um instrumento facilitador da análise funcional de comportamentos de encoprese
apresentados por uma criança de 10 anos de idade. O instrumento foi utilizado como indicativo de
comportamentos-alvo, pois as escalas que foram apresentadas por maior pontuação (queixas
somáticas, problemas de pensamento, ansiedade/depressão, comportamento agressivo, e problemas
sociais) serviram como pistas para investigação nas análises funcionais. A partir dessas análises,
definiram-se estratégias de intervenção, considerando as classes de comportamento que precisavam
ser trabalhadas.
Palavras-chave: Instrumentos, Análise funcional, Encoprese, CBCL.

Clinical practice instruments: CBCL as a functional analysis and


intervention planning facilitator
 
Abstract
It is widely documented on literature the use of varied instruments – questionnaires, inventories, tests
– on research as on behavioral clinical practice. In this paper we highlight the use of CBCL as a
facilitator instrument for functional analysis of encopresis behavior presented by a 10 years old child.
The instrument was used as an indicative of target behaviors because the scales presented as having
high scores (somatic complains, tough problems, anxiety/depression, aggressive behaviors, and social
problems) acted as clues for further investigations on functional analysis. Based on these analyses, we
defined intervention strategies, considering behaviors classes that needed to be addressed.
Keywords: Instruments, Functional analysis, Encopresis, CBCL.

É amplamente documentado na literatura o Reconhecendo a importância e utilização


uso de instrumentos variados – questionários, dos instrumentos de avaliação em psicoterapia,
inventários, testes − tanto na pesquisa, quanto Oliveira et al. (2005) buscaram caracterizar as
na prática clínica comportamental (Oliveira, estratégias, técnicas e instrumentos
Noronha, Dantas, & Santarém, 2005; Oliveira, psicológicos mais conhecidos e utilizados por
Noronha, & Dantas, 2006). psicólogos de abordagem comportamental ou
Na área clínica, é comum a utilização de cognitiva. O estudo foi realizado com 35
instrumentos, principalmente nas primeiras psicólogos de diversas universidades e estados
sessões de atendimento. Esta prática tem o brasileiros e verificou-se que 85% dos
objetivo de coletar, de maneira mais rápida e pesquisados também realizavam avaliações
focal, informações importantes sobre o cliente, quantitativas do comportamento do cliente.
que, de outra forma, dificilmente seriam Dentre estes, os objetivos apontados para o uso
levantadas nas primeiras sessões. Podem ainda de instrumentos foram: diagnóstico (80%),
ajudar no levantamento e teste de hipóteses e intervenção (66%), avaliação dos resultados
no planejamento das intervenções. (60%), avaliação da intervenção (57%),
_____________________________________
Endereço para correspondência: Annie Wielewicki. Rua Astorga, 190, Londrina/PR, CEP: 86061- 160.
Telefone/Fax: (43) 3328.0001. E-mail: anniewicki@gmail.com.
Apoio financeiro: Secretaria do Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI – Paraná).
514 Wielewicki, A., Gallo, A. E., & Grossi, R.

encaminhamento (37%) e avaliação psicológica pelo cliente. Um item de um questionário, por


(20%). Estes resultados confirmam a alta exemplo, se tornaria um estímulo
recorrência do uso de instrumentos por discriminativo para o terapeuta fazer mais
terapeutas. perguntas para o cliente, o que tornaria as
Apesar de largamente utilizados, o perguntas do terapeuta uma condição para
emprego de instrumentos de avaliação não é comportamentos de auto-observação e/ou
consenso entre teóricos, como afirmam Godoy descrição, por parte do cliente, de
e Noronha (2005). Uma crítica ao seu uso comportamentos públicos e privados diante das
poderia ser a de que a utilização de um situações enunciadas no instrumento. Assim,
instrumento de avaliação resultaria apenas em tem-se a avaliação quantitativa e, mais
medida topográfica e, como o comportamento importante, a qualitativa.
só pode ser explicado por sua função, os dados Os instrumentos que podem ser
provenientes dos instrumentos não se utilizados na psicoterapia são inúmeros e
constituiriam em uma medida confiável. E, podem atender a uma ampla gama de objetivos.
assim, apenas uma análise funcional seria Alguns dos instrumentos mais utilizados e
relevante na avaliação de comportamentos. pesquisados por terapeutas comportamentais
Porém, para a realização de uma análise fazem parte do Sistema de Avaliação ASEBA
funcional, além de antecedentes e (Achenbach System of Empirically Based
consequentes, também são coletados dados Assessment), entre eles Child Behavior
topográficos – intensidade, frequência, duração Checklist – CBCL (Achenbach & Rescorla,
– do comportamento. Sendo assim, os 2001), Youth Self Report – YSR (Achenbach &
instrumentos auxiliariam na coleta destes Rescorla, 2001), Teacher Report Form – TRF
dados. (Achenbach & Rescorla, 2001). Além destes,
Outra crítica poderia ser a de que o Inventário Beck de depressão (Beck, Steer, &
comportamento medido por um instrumento Brown, 1996); Escala de ajustamento conjugal
seria apenas o relato verbal do comportamento- – MAT (Locke & Wallace, 1959); Questionário
problema, e não o próprio comportamento. de Situações Domésticas – QSD (Barkley,
Todavia, em clínica, o relato verbal do cliente é 1987), Inventário de Habilidades Sociais – IHS
a principal fonte de dados e se este não for (Z. A. P. Del Prette & A. Del Prette, 2001),
considerado válido, se faria necessário o uso, Inventário de Estilos Parentais – IEP (Gomide,
em todos os casos, de técnicas de verificação da 2006), entre outros.
veracidade das informações, como perguntar Aqui será adotada a posição de que, com
várias vezes, de forma diferente ou questionar ressalvas, qualquer instrumento que apresente
outras pessoas do convívio do cliente que objetivos bem delineados e que sejam
pudessem confirmar ou refutar as informações compatíveis com o referencial teórico do
obtidas por meio do relato verbal do cliente. terapeuta pode contribuir para a avaliação
No entanto, é reconhecido que o método clínica em diferentes momentos do processo
mais favorável para avaliação dos psicoterápico, que pode ser inicial, do
comportamentos-problema seria a observação andamento e de resultados de um determinado
no ambiente natural do cliente. Porém, este caso. Os dados coletados por instrumentos
procedimento impõe dificuldades ao clínico. padronizados e validados para a população
Diante disto, os instrumentos se configuram brasileira são mais confiáveis, pois apresentam
como uma possibilidade de identificar e medir, validade de conteúdo, de construto e de critério.
de forma mais sistemática, os comportamentos No entanto, outros instrumentos ainda não
do cliente (Oliveira et al., 2005). validados podem fornecer pistas importantes do
comportamento do cliente. É comum que
Para aumentar a eficácia do instrumento na
instrumentos padronizados para outras
coleta de dados relevantes, Guilhardi (2003)
populações sejam traduzidos e utilizados por
sugere que o terapeuta deveria coletar mais
pesquisadores e clínicos.
informações sobre quais circunstâncias as
mudanças ocorreram, ou ainda realizar outras O quadro 1 apresenta algumas das
perguntas, durante a aplicação do instrumento, vantagens e desvantagens de se utilizar um
que poderiam descrever a contingência que instrumento nas diversas etapas do processo
produz o tipo de comportamento assinalado psicoterápico.
Instrumentos na prática clínica 515

Vantagens Desvantagens
Avaliação inicial Pode dar pistas ao clínico dos Pode limitar o olhar do clínico apenas
comportamentos apresentados pelo cliente aos aspectos levantados pelo
fora da sessão; instrumento;
Levanta a percepção do cliente sobre seu Por ser uma medida geral do
próprio comportamento dentro e fora de comportamento, não especifica o
sessão; contexto. Exige uma avaliação do
comportamento fora do seu contexto
Maximiza obtenção de dados nas primeiras
de sessão;
sessões;
Pode tornar a interação terapeuta-
Pode favorecer a identificação do repertório
cliente mecânica, prejudicando assim
global do cliente.
o estabelecimento de vínculo.
Desenvolvimento Pode favorecer o autoconhecimento, na Pode limitar a intervenção, caso o
medida em que pode funcionar como um terapeuta fique restrito aos dados
estímulo verbal que evoca respostas de coletados pelo instrumento;
observação do próprio comportamento.
Encerramento Favorece a verificação dos efeitos das
intervenções
Pode indicar se há algum aspecto que ainda
está deficiente no repertório do cliente.

Quadro 1: Vantagens e desvantagens do uso de instrumentos em diferentes momentos do


processo terapêutico.

Apontadas as vantagens que a utilização ambos os instrumentos, o informante deverá ser


de um instrumento pode acarretar na prática os pais ou cuidadores. A primeira versão é
clínica comportamental, convém destacar que composta de 99 sentenças que deverão ser
nenhum instrumento deve substituir o método avaliadas pelo respondente como não
de análise mais consolidado na Análise do verdadeira – tanto quanto se sabe; um pouco
Comportamento, isto é, a Análise Funcional. verdadeira ou algumas vezes verdadeira; ou
Conforme apontado por Oliveira et al. muito verdadeira ou frequentemente
(2005), o maior interesse da Análise do verdadeira, o que corresponde,
Comportamento é a identificação das variáveis respectivamente, a 0, 1 e 2 pontos na escala.
de controle de uma classe de respostas e de sua A versão para crianças e adolescentes de 6
funcionalidade, além da predição do a 18 anos é composta por 138 sentenças, nas
comportamento futuro. Sendo assim, a Análise quais 118 referem-se a problemas de
Funcional configura-se como a mais útil comportamento e 20, à competência social.
ferramenta do clínico e neste contexto, os Esta escala é composta por 20 itens que
instrumentos podem fornecer dados sobre o incluem atividades da criança, como
comportamento atual do cliente em diversas brincadeiras, jogos e tarefa; participação em
ocasiões, se constituindo como um recurso que grupos; relacionamento com familiares e
auxilie na construção de uma análise funcional amigos; independência para brincar e
melhor fundamentada (Segura, Sanchez Prieto, desempenho escolar. Na maior parte destes
& Barbado Nieto, 1991). itens, é solicitado que os pais comparem o
comportamento de seus filhos com o de outras
crianças da mesma idade, nos quesitos
O Child Behavior Checklist (CBCL) desempenho e tempo despendido em cada
O CBCL é parte de um sistema de atividade, assinalando como abaixo da média,
avaliações desenvolvido por Achenbach e dentro da média ou acima da média. O
Rescorla (2001) que avalia os comportamentos instrumento avalia as síndromes reatividade
infantis por faixa etária. Existem duas versões: emocional, ansiedade/depressão, queixas
uma para crianças de 1 ½ a 5 anos e outra para somáticas, problemas de atenção,
crianças e adolescentes de 6 a 18 anos. Em comportamento agressivo e problemas de sono
516 Wielewicki, A., Gallo, A. E., & Grossi, R.

(comuns à versão para crianças de 1 ½ a 5 CBCL como um instrumento facilitador na


anos) e problemas sociais, problemas de elaboração de uma análise funcional.
pensamento e violação de regras. A partir dos
escores obtidos nessas escalas, a criança ou Estudo de caso
adolescente pode ser incluído nas faixas clínica,
Cliente
limítrofe ou normal, em relação ao seu
funcionamento global e nos perfis Bruna, 10 anos, estudante das séries
internalizante e externalizante. Para inclusão iniciais do ensino fundamental em um colégio
no perfil internalizante, são considerados os estadual, não demonstrava atraso em relação à
itens isolamento, queixas somáticas, série escolar e idade prevista para aquela classe.
ansiedade/depressão, e para inclusão no perfil A menina era filha única e seus pais eram
externalizante, os itens avaliados são violação separados. Residia com a mãe e a avó e recebia
de regras e comportamento agressivo. visitas constantes do pai, que frequentemente
O Child Behavior Checklist, construído a almoçava ou dormia na casa da filha.
partir de dados normativos da população dos
Estados Unidos, tem demonstrado ser efetivo Queixa
em diferentes culturas. No Brasil, foi feito um Bruna foi encaminhada à terapia por
estudo preliminar de validação do CBCL em indicação do gastrologista, por apresentar
que os resultados advindo das respostas da mãe dificuldades de evacuação (prende as fezes,
ao instrumento foram comparadas com ressecamento) sem causa orgânica. A queixa da
resultados de avaliação psiquiátrica e mãe referia-se aos “problemas psicológicos
apresentaram alto índice de correlação (Bordin, decorrentes das lavagens” pelas quais Bruna
Mari, & Caeiro, 1995). Estudos conduzidos em foi submetida. Segundo o relato da mãe, após
diferentes países mostram alta correlação entre as lavagens, a menina ficou com “medo de
os resultados obtidos por diferentes defecar”, “medo de ir a hospitais ou ao
instrumentos, mostrando validade multicultural dentista”, ficou “rebelde” e “manhosa”.
(Achenbach & Rescorla, 2006).
Em função de seu rigor metodológico e
Histórico da queixa
importância em pesquisas e na prática clínica
(Bordin et al., 1995), o CBCL encontra-se Tereza, mãe de Bruna, afirmou que a filha
disponível com tradução para 61 línguas e é sempre foi ressecada, mas, no ano em que foi
pesquisado em 50 culturas diferentes realizada a triagem, estes problemas se
(Achenbach & Rescorla, 2001; Carvalho, agravaram e foi indicado pelo médico o
Junqueira, Gracioli & Bordin, 2009). procedimento de lavagem, que consiste na
É citado por Gauy e Guimarães (2006) injeção, por meio do reto, de água no intestino
como um dos três instrumentos mais utilizados grosso para retirar os resíduos fecais.
para a avaliação de comportamentos-problema Bruna fez 4 lavagens no período de 35 dias
infantis. As autoras apontam que este (com intervalo de 15 a 20 entre elas, sendo que
instrumento propicia uma avaliação do a 3ª e a 4ª lavagem foram realizadas no mesmo
repertório geral da criança e favorece um dia). A mãe não relatou problemas durante a
diagnóstico rápido, porém confiável. A primeira lavagem. Após a segunda lavagem, o
agilidade que o CBCL propicia na avaliação pai de Bruna pediu que esta fosse levada para
inicial de um caso tem consequências casa antes do término do período em que ela
significativas principalmente em clínicas- deveria permanecer no hospital e disse para a
escola, nas quais frequentemente o terapeuta filha que esta poderia defecar no assoalho do
dispõe de menos tempo para realizar as carro, se fosse necessário. A mãe contou que a
primeiras análises que antecedem e direcionam menina segurou-se firmemente no carro e
a intervenção. quando chegou em casa disse que não queria
Carvalho et al., (2009) relatam que o descer do automóvel. A mãe acreditava que ela
CBCL é indicado na literatura como um dos tinha ficado com medo de não conseguir
instrumentos mais eficazes na quantificação das segurar as fezes e defecar no carro ou no chão.
respostas parentais sobre o comportamento dos Após 30 minutos tentando convencê-la, com
filhos. conversas, a descer do carro, o pai a pegou no
A seguir, será apresentado um estudo de colo e a levou até o banheiro onde a deixou
caso que tem como objetivo mostrar o uso do sentada em uma cadeira que foi posta em baixo
Instrumentos na prática clínica 517

do chuveiro. O pai e a mãe ficaram com a filha História de vida


no banheiro até que ela terminasse de defecar, Tereza informou que, após seis meses de
sob o chuveiro. Tendo terminado, a mãe deu namoro decidiu, junto ao seu namorado, que
banho e o pai a secou e ambos (pai e mãe) era o momento de terem um filho. Tereza
ficaram deitados com a filha até que esta engravidou após dois meses, mas perdeu a
pegasse no sono, sendo que o pai permaneceu criança no segundo mês de gestação, segundo
na casa durante essa noite. ela, em razão de um episódio de stress muito
Após a segunda lavagem, Bruna passou a forte − ter presenciado sua casa ser assaltada.
prender as fezes quando sentia dor de barriga. Dois meses após a perda do bebê, engravidou
Nestes momentos (que, segundo a mãe, novamente de gêmeos, porém, na segunda
ocorriam todos os dias, com intervalos de 10 a ultrassonografia, não mais havia indícios de um
20 minutos) Bruna gritava para que todos dos fetos. Tereza contou que, apesar de não
ficassem quietos e mandava desligar a morar com o pai da criança, este participou
televisão. Segundo a mãe, estes ativamente da gravidez, acompanhando as
comportamentos de Bruna tinham por objetivo ultrassonografias, tocando sua barriga
retirar qualquer distração que dificultasse a diariamente.
retenção das fezes. Os parentes, exceto o pai, O parto de Bruna não apresentou
acatavam os direcionamentos de Bruna. complicações. A menina foi amamentada por
A mãe contou um episódio em que aproximadamente seis meses. Começou ingerir
recebeu uma visita em casa e que, diante desta alimentos sólidos com sete meses. Com um ano
visita, Bruna, ao invés de gritar para que todos e sete meses, deixou de usar fraldas. Não teve
ficassem quietos, correu ao banheiro, cerca de problemas de saúde.
cinco vezes. Afirmou ainda que, após ter A rotina alimentar de Bruna era a seguinte:
observado este comportamento da filha, disse a café com leite e mel e às vezes uma fatia de
ela que, a partir daquele dia, estava proibida de pão, às 8h30; um iogurte ou suco, às 10h;
fazer cocô na calça, já que a mãe tinha almoço − 1 colher de sopa de arroz e 1 de
observado que ela conseguia ir ao banheiro feijão, 1 bife e 1 tomate inteiro − às 12h; sopa
quando tinha dores de barriga. ou suco de laranja, beterraba e alface, às 18h30;
Bruna, algumas vezes, quando não e antes de dormir, entre 21h30 e 22 horas, leite
conseguia prender as fezes, defecava na e mel. A mãe relatou que todas as vezes que
calcinha. Por esta razão, a mãe já chegou a Bruna comia algum alimento fora de sua rotina
deixá-la sem ir à escola por aproximadamente alimentar a filha perguntava se faria o cocô sair
30 dias. Antes de mandá-la novamente para o mais mole ou mais duro.
colégio, a mãe a ensinou a usar absorvente e a Na tentativa de solucionar o problema,
trocá-los com regularidade (sempre que Bruna já havia feito terapia por dois meses, mas
percebesse que havia feito cocô na calça). A a mãe desistiu do atendimento por dificuldades
mãe relatou ter feito isto para evitar que sua financeiras. O pai dava pouca ajuda financeira à
filha ficasse mal cheirosa na escola. Bruna usou filha, a mãe disse que ele era o responsável pelo
absorvente por algum tempo, mas próximo ao material escolar e que, quando saía com a
dia da triagem, disse à mãe que não iria mais menina, comprava algum brinquedo ou sapato.
usá-lo. Tereza comentou que estava preocupada Os pais não estavam mais namorando, porém
que o cheiro de fezes pudesse causar saíam frequentemente com a menina e várias
constrangimentos à filha na escola. vezes durante a semana o pai dormia ou
Relatou ainda que a filha tinha ficado mais almoçava na casa de Bruna.
“rebelde”, que segundo a entrevistada referia-se Os pais discordavam em alguns aspectos
a gritar e chorar quando os familiares na criação da filha, a mãe disse que o pai era
discordavam dela. Após estes episódios, a mãe muito presente, mas dava poucos limites à
conversava, dizia que o comportamento de filha, que esta responsabilidade ficava com ela.
Bruna era errado e explicava o porquê, a A mãe acreditava que o pai cooperaria na
menina continuava gritando e chorando até que terapia, caso fosse chamado pela terapeuta.
a mãe gritasse com ela. Em seguida, ela corria Tereza esperava que o atendimento
para a avó que a abraçava e dizia à mãe que pudesse dar uma solução ao problema de sua
esta deveria ter mais paciência com a filha filha. Disse que sabia que eram os pais os
devido aos problemas que ela estava passando. principais responsáveis na educação dos filhos,
518 Wielewicki, A., Gallo, A. E., & Grossi, R.

mas que eles precisavam de ajuda e de ganhos poderiam ser estendidos a outras
compreensão. pessoas do convívio das clientes.

Observações do comportamento da Avaliação inicial


mãe nas primeiras interações com a
Como avaliação inicial, optou-se pela
terapeuta
aplicação do CBCL, por este instrumento: a)
No contato por telefone, Tereza já iniciou ser de fácil aplicação; b) permitir avaliar a
o relato da queixa. Durante a entrevista, percepção da mãe sobre o repertório geral da
pareceu bastante ansiosa: chegou para a triagem criança; b) dar indícios do repertório geral da
com aproximadamente 30 minutos de criança; c) fornecer dados quantitativos acerca
antecedência, chorou em alguns momentos e do comportamento de Bruna, que pudessem ser
falou durante 1 hora quase sem interrupção da comparados com dados obtidos no final da
terapeuta. Foi necessário marcar uma segunda intervenção.
entrevista para coletar os dados que faltaram.
Os resultados do CBCL apontaram que os
Durante as duas entrevistas de triagem, a mãe
escores para competência social e escolar da
pareceu querer convencer a terapeuta a
avaliada estavam na faixa considerada normal
selecionar o caso para atendimento na Clínica-
para meninas com idade entre 6 e 11 anos. Já os
Escola, disse que: “seria importante para o
escores para competência em atividades, que
aprendizado dos alunos estudarem o caso de
abarcam o tempo e desempenho da criança em
Bruna, que é muito raro”, ou “Se o caso dela
esportes, grupos sociais e outras atividades,
for selecionado, ela nunca vai faltar, eu não
foram levemente abaixo da faixa normal. Sendo
deixo ela faltar” , ou ainda “eu sempre sou
o escore para sua competência total inserido na
pontual” , etc.
faixa normal limítrofe (até 40 pontos).
Encaminhamento Os escores que se encontravam em faixa
limítrofe (entre 65 e 69 pontos) ou faixa clínica
Foi oferecido à Tereza atendimento na
(70 pontos ou mais) para as oito síndromes
modalidade de orientação de pais, que seria
descritas foram: ansiedade/depressão (80
realizada em dupla com outra mãe que
pontos); queixas somáticas (70 pontos);
aguardava em fila de espera para que seu filho
problemas sociais (70 pontos); problemas de
recebesse atendimento individual. Foi dada
pensamento (77 pontos); comportamento
preferência para que as mães recebessem
agressivo (81 pontos). O Quadro 2 apresenta os
atendimento, em dupla, na modalidade de
comportamentos assinalados pela mãe que
orientação a pais em detrimento do atendimento
integram cada uma dessas síndromes.
individual das crianças por considerar-se que
resultaria em maiores benefícios tanto para os
clientes, quanto para a clínica-escola. Análise funcional
Para os clientes, haveria o ganho na A análise funcional é uma importante
agilidade e eficácia do atendimento, já que ferramenta que descreve relação entre variáveis
estudos mostram que intervenções pautadas ambientais e o comportamento. São
exclusivamente na orientação de pais têm formulações pautadas nas contingências que
impacto efetivo sobre a redução de podem estar mantendo o comportamento.
comportamentos inadequados dos filhos e no Sendo assim, realizar uma análise funcional
desenvolvimento de repertórios alternativos equivale a assumir que os comportamentos
(Gallo & Williams, 2010). As duas mães foram foram aprendidos ao longo da história de vida
selecionadas para receber orientações em do organismo e foram mantidos aqueles que
conjunto, porque, em primeira análise, a queixa representaram vantagem adaptativa para o
que relatavam sobre seus filhos apresentava comportamento de acordo com suas
topografia distinta, porém indicava funções consequências. Para uma análise confiável, o
semelhantes. As mães seriam comportamento deve ser descrito em termos de
instrumentalizadas a analisarem operantes, os quais podem ser agrupados em
funcionalmente os comportamentos dos filhos e razão de similaridade na função. Além de
seus próprios comportamentos e poderiam descrever o comportamento-alvo, devem ser
servir de modelo e apoio uma a outra neste levantados os antecedentes e as consequências
processo. Fora isto, as orientações recebidas que podem incluir reforçadores positivos,
poderiam ser generalizadas e, dessa forma, os negativos e punição.
Instrumentos na prática clínica 519

Síndromes Comportamentos assinalados

Ansiedade/depressão Chorar;
Medo;
Medo de ser má;
Acha que deve ser perfeita;
Acha ou reclama que ninguém gosta dela;
Sente-se sem valor ou inferior;
É nervosa ou tensa;
É muito medrosa ou ansiosa;
Sente-se muito culpada;
Facilmente envergonhada;
Fala em suicídio;
Preocupa-se.
Queixas somáticas Pesadelos;
Constipação;
Tontura ou zonzeira;
Cansaço sem motivo;
Dores de cabeça;
Dores de estômago.
Problemas sociais Dependente;
Não se dá bem com outras crianças;
Sente ciúmes.
Problemas de pensamento Não consegue tirar certos pensamentos da cabeça;
Machuca-se de propósito;
Tiques;
Cutuca o corpo;
Mexe demais nas partes íntimas;
Atos repetidos;
Junta coisas desnecessárias;
Comportamentos estranhos.
Comportamento agressivo Discute;
Exige atenção;
Destrói coisas alheias;
Desobediente em casa;
Mete-se em brigas;
Ataca fisicamente as pessoas;
Grita;
Teimoso;
Mudanças repentinas de humor;
Emburra;
Desconfiada;
Provoca;
Birra;
Ameaça;
Barulhento.

Quadro 2: Síndromes em faixa clínica ou limítrofe e itens correspondentes assinalados pela mãe
no CBCL.

 
520 Wielewicki, A., Gallo, A. E., & Grossi, R.

No caso de Bruna, o comportamento- atenção dos pais – dar banho, secar, dormir
problema era encoprese que pode ser descrito juntos, etc – e de ganhos secundários, como
como evacuações repetidas nas roupas. permissão para faltar à aula e proteção da avó
Segundo os dados coletados na entrevista contra brigas da mãe, conforme ilustrado na
inicial, reter as fezes foi seguido de muita Figura 1:

Estas consequências poderiam funcionar comportamento poderia ser de esquiva, porque


como reforçadores positivos para o poderia evitar críticas de terceiros, vergonha,
comportamento de encoprese. E, se de fato, etc.
representassem esta função, dariam indicativos Em uma situação na qual o
que o ambiente familiar de Bruna estava comportamento esperado é emitido, o correto
escasso de reforçadores positivos para seria apresentar consequências funcionalmente
comportamentos adequados ou de similares àquelas obtidas por meio do
independência, pois de outra forma, receber comportamento incompatível: evitar defecar no
atenção dos pais e familiares por evacuar na vaso. Ou seja, para que o comportamento de
calcinha poderia não ser uma consequência defecar no vaso fosse modelado, os pais
fortalecedora. deveriam dar atenção contingente ao
Nota-se que a presença da família era um comportamento de melhora e valorizar por
antecedente que sinalizava a oportunidade de meio de elogios e reconhecimento do esforço
reforço, pois apenas na presença desta variável da criança. No entanto, observa-se que, pelo
os comportamentos-problema ocorriam, contrário, a mãe aumentou o nível de exigência
corroborando a hipótese de a atenção funcionar – verbalizando que proibia a filha de fazer cocô
como um reforçador. Em uma situação na qual na calça novamente, dessa forma, aumentou o
uma variável foi acrescentada – ter uma visita custo da resposta e diminuiu a probabilidade de
na casa – Bruna apresentou um comportamento ocorrência da mesma. Ou seja, as
adequado: ir ao banheiro quando sentiu dor de consequências foram punitivas, conforme
barriga. Pode-se hipotetizar que este mostra o quadro 3:

 
Instrumentos na prática clínica 521

Antecedente Resposta Consequências Função


- Apenas familiares em - Bruna se esforça a) família atende ao pedido; a) reforçador positivo;
casa; para reter as fezes;
b) Bruna retém as fezes; b) esquiva de aversivos
- Vontade de fazer cocô. - grita para que todos potenciais, como dor ou
c) família dá atenção para
fiquem em silêncio. sangramento.
Bruna, ficando por perto.
c) reforçador positivo.
- Familiares e visita em - Bruna vai até o a) evita críticas das visitas; a) esquiva;
casa; banheiro.
b) mãe dá bronca e a proíbe b) aumento da
- vontade de fazer cocô. de fazer cocô na calça. exigência; aumento do
custo da resposta;
punição.

Quadro 3: Análise funcional dos comportamentos de Bruna.

Estes dados, somados aos dados do CBCL Neste sentido, ainda podem ser explicados
e dados históricos da cliente, permitem uma os problemas somáticos apontados pelo CBCL
melhor compreensão do contexto que produz os que se relacionam diretamente com a queixa
comportamentos-problema, favorecendo, desta apresentada pala mãe. Os comportamentos
forma, um planejamento mais rápido e eficiente desta classe também apresentam consequências
da intervenção. previsíveis e alta probabilidade de reforço
Os dados do CBCL indicaram alto social.
desempenho social e acadêmico que pode estar Se observada a história de Bruna, é
relacionado ao alto nível de exigência possível identificar alguns eventos que podem
apresentado e relatado pela mãe. Responder ter favorecido o desenvolvimento e
com bom desempenho social e acadêmico pode agravamento dos comportamentos-problema. A
evitar consequências desagradáveis que gravidez de Bruna foi planejada, porém a mãe
poderiam ser apresentadas pela mãe. enfrentou diversas dificuldades – o aborto
Por outro lado, a alta exigência da mãe espontâneo da gravidez anterior e a perda de
pode deixar a criança confusa quanto a que um dos bebês na gravidez de Bruna – que
repertório é esperado e que tenha alta podem ter favorecido que Tereza desenvolvesse
probabilidade de reforço. Dessa forma, a um padrão de superproteção e hipervigilância
criança pode apresentar comportamentos de em relação à sua filha, criando condições para
exploração, apresentando repertórios variados, que a mesma apresentasse comportamentos de
até que algum seja reforçado. Os dependência.
comportamentos públicos podem ser A alimentação de Bruna é adequada e
acompanhados de comportamentos encobertos poderia dar indícios de que o problema teria
de ansiedade, que justificariam os altos escores causas orgânicas, já que, ainda que a
para esta síndrome e para a síndrome alimentação seja correta, a garota apresenta
problemas de pensamento. dificuldades de evacuar. No entanto, suas
Frente a estes comportamentos dificuldades não apresentam causa orgânica,
exploratórios, podem aparecer comportamentos como confirmado por exames que não
agressivos, que podem ser entendidos como detectaram variáveis biológicas que pudessem
subprodutos das contingências aversivas. atuar no controle dos comportamentos de
Quando estes comportamentos são seguidos por encoprese.
atenção materna, ainda que sob a forma de
críticas, gritos e palmadas, estes Planejamento da intervenção
comportamentos aumentam de frequência. Estes dados dão subsídios para que o
Tanto pelo reforçamento por meio da atenção, planejamento da intervenção se dê no sentido
quanto por ser a única classe de respostas que de aumentar as contingências reforçadoras no
apresenta consequências previsíveis. contexto de Bruna; diminuir as contingências
522 Wielewicki, A., Gallo, A. E., & Grossi, R.

aversivas e promover na criança repertórios de envolvidos na manutenção dos repertórios


autoconfiança e autocontrole. Estes repertórios inadequados. Este trabalho pode ser continuado
podem ser desenvolvidos se trabalhados com os na modalidade de orientação de pais somado a
pais repertórios que promovam estes atendimento individual da criança. O quadro
comportamentos, já que são os pais aqueles que abaixo exibe os objetivos inicialmente
dispõem a maior parte das contingências de propostos para a orientação de pais.
reforço na vida de Bruna e estão diretamente

Intervenção Objetivos
- compreender funcionalmente os comportamentos-problema da filha;
Orientação de pais - diminuir atenção contingente a comportamentos inadequados;
- promover comportamentos de independência da filha;
- aumentar atenção contingente a comportamentos de independência;
- diminuir a exigência quanto ao desempenho de Bruna;
- valorizar o processo de aprendizagem ao invés do produto;
- aumentar a quantidade de interações lúdicas entre pais e filha.

Quadro 4: Objetivos das orientações aos pais.

Considerações finais Achenbach, T. M., & Rescorla, L. A. (2006).


Multicultural understanding of child and
Este trabalhou buscou destacar o uso do
adolescent psychopathology: Implications
CBCL como facilitador da Análise Funcional
for mental health assessment. New York:
em caso de encoprese. O instrumento apontou
Guilford Press.
alguns comportamentos-problema que puderam
dar indícios dos padrões de comportamento Barkley, R. A. (1987). Defiant children:
tanto da criança – por meio dos escores − Parent-teacher assignments. New York:
quanto de sua mãe – por meio dos Guilford.
comportamentos apresentados no
preenchimento do checklist. Assim, puderam Beck, A., Steer, R., & Brown, G. (1996). Beck
ser levantadas hipóteses acerca das depression inventory (2a ed.). San Antonio,
contingências que produziram e que TX: The Psychological Corporation.
mantiveram os comportamentos-problema,
além de indicar alguns comportamentos que Bordin, I. A. S, Mari, J. J., & Caeiro, M. F.
deveriam ser melhor investigados. (1995). Validação da versão brasileira do
Vale destacar que, neste trabalho, foram “Child Behavior Checklist” (CBCL)
utilizados, além dos dados do CBCL, dados da (Inventário de Comportamentos da Infância
entrevista inicial e dados de observação dos e adolescência): dados preliminares. Revista
comportamentos da mãe, pois o clínico deve ABP- APAL, 17(2), 55-66.
basear-se não apenas no instrumento de análise
escolhido, mas os resultados por meio dele Carvalho, D. M., Junqueira, G. P., Gracioli, S.
obtidos devem ser somados aos demais dados a M. A., & Bordin, M. B. M. (2009).
fim de proceder uma análise funcional bem Avaliação do comportamento infantil: uma
fundamentada. Do contrário, o olhar do clínico revisão da literatura. Anais do III Fórum de
pode ser restringido e sua análise enviesada. Estudos Multidisciplinares, X Encontro de
Pesquisadores e III Congresso de Iniciação
Referências Científica, 3, 164-174.
Achenbach, T. M., & Rescorla, L. A. (2001).
Manual for the ASEBA School-Age Forms Del Prette, Z. A. P., & Del Prette, A. (2001).
& Profiles. Burlington, VT: University of Inventário de Habilidades Sociais. São
Vermont, Research Center for Children, Paulo: Casa do Psicólogo Livraria e Editora
Youth, & Families. Ltda.
Instrumentos na prática clínica 523

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