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Análise de Sistemas de Potência (ASP)

IV – Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos

IV.1 – Formulação do problema básico

Para um sistema elétrico, com NB barras, as equações básicas do fluxo de carga para k = 1,2, ⋯ , NB são:

Pk = Vk ∑ V (G
m∈K
m km cos θ km + Bkm sen θ km ) (IV.1)

Qk = V ∑ V (G
k m km sen θ km − Bkm cos θ km ) (IV.2)
m∈K

constituindo um sistema de 2 × NB equações e 4 × NB variáveis com as seguintes características:

• NB equações do tipo (IV.1);


• NB equações do tipo (IV.2);
• 4 × NB variáveis (para uma dada barra k associam-se: Vk , θ k , Pk e Qk ).

O fluxo de carga básico em redes de energia consiste em resolver este problema definindo (especificando)
parte das variáveis ( 2 × NB variáveis) e calculando as demais ( 2 × NB variáveis). Na formulação clássica, a
definição das variáveis que são especificadas e calculadas encontra-se na Tabela IV.1.

Tabela IV.1 – Tipos de barra no fluxo de carga convencional.

Tipo de barra Notação Dados Incógnitas


Barra de carga PQ Pk e Qk Vk e θ k
Tensão controlada PV Pk e Vk θ k e Qk
Referência Vθ Vk e θ k Pk e Qk

Se a barra está representando um ponto do sistema onde é conhecida a injeção líquida de potência (como
S k = S G − S D , deve-se conhecer a potência gerada S G e a potência demandada S D ), esta pode ser
especificada, restando calcular Vk e θ k . Este tipo de barra é denominado barra de carga ou PQ.

Se a barra está representando um ponto do sistema onde é possível o controle da magnitude da tensão Vk ,
através do controle da injeção líquida de potência reativa Qk = QG − QD ou por intermédio do ajuste do tap
de algum transformador, esta tensão pode ser especificada, restando calcular θ k e Qk . Este tipo de barra é
denominado barra de tensão controlada ou PV.

Como as perdas não são conhecidas a priori, deve-se deixar pelo menos uma barra onde a injeção líquida de
potência S k = S G − S D seja calculada. Este tipo de barra é denominado referência ou Vθ, sendo definidos
Vk e θ k . Observar que pelo menos uma injeção líquida de potência ativa Pk = PG − PD e outra de potência
reativa Qk = QG − QD precisam ser calculadas para fechar os balanços de potência ativa e reativa. Embora
geralmente tais injeções de balanço sejam associadas à barra de referência angular, não é mandatório que
sejam associadas a uma única barra.

Uma vez resolvido o problema do fluxo de carga, é conhecido o estado da rede, ou seja, são conhecidos os
fasores tensão (Vk , θ k ) de todas as barras (k = 1,2, ⋯ , NB ) . Isto torna possível o cálculo de outras variáveis
de interesse como as injeções de potência nas barras e os fluxos de potência nos ramos (linhas e
transformadores).

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Sejam NPQ e NPV, respectivamente, o número de barras PQ e PV da rede. O fluxo de carga pode ser
decomposto em dois subsistemas de equações algébricas:

• Subsistema 1 (dimensão 2 × NPQ + NPV ) – Neste subsistema são dados:


Pi e Qi , i ∈ {barras PQ} : Pi = Pi esp Qi = Qiesp
Pj e V j , j ∈ {barras PV} : Pj = Pjesp V j = V jesp
Vk e θ k , k ∈ {barra Vθ} : Vk = Vkesp θ k = θ kesp
e deseja-se determinar:
Vi e θ i , i ∈ {barras PQ}
θ j , j ∈ {barras PV}
resultando em um sistema de 2 × NPQ + NPV equações algébricas não-lineares (funções quadráticas e
trigonométricas) onde parte das incógnitas aparece de forma implícita (θ km = θ k − θ m ) . O Subsistema
1 é constituído pelas seguintes equações:

 Pkesp − Vk∑ Vm (Gkm cos θ km + Bkm sen θ km ) = 0 k ∈ {barras PQ e PV}



(S1)  esp
m∈K

Qk − Vk ∑ Vm (Gkm sen θ km − Bkm cos θ km ) = 0 k ∈ {barras PQ}


 m∈K

• Subsistema 2 (dimensão NPV + 2 ) – É resolvido após a solução do Subsistema 1. No Subsistema 2


são dados:
Vk e θ k , k = 1,2,⋯, NB
e deseja-se determinar:
Pi e Qi , i ∈ {barra Vθ}
Q j , j ∈ {barras PV}
resultando em um sistema de NPV + 2 equações algébricas não-lineares onde todas as incógnitas
(Pk e Qk ) aparecem isoladas de forma explícita. O Subsistema 2 é constituído pelas seguintes
equações:

 Pk = Vk ∑ Vm (Gkm cos θ km + Bkm sen θ km ) k ∈ {barra Vθ}



(S2) 
m∈K

Qk = Vk ∑ Vm (Gkm sen θ km − Bkm cos θ km ) k ∈ {barras PV e Vθ}


 m∈K

A Tabela IV.2 resume as características dos dois subsistemas. Observar que o Subsistema 2 pode ser
facilmente resolvido após a solução do Subsistema 1, ou seja, após a determinação do estado (Vk , θ k ) da
rede. Por outro lado, a solução do Subsistema 1 exige um processo iterativo pois este é formado por
equações não-lineares. Assim, os métodos de resolução do problema do fluxo de carga concentram-se na
solução do Subsistema 1.

Tabela IV.2 – Características dos subsistemas que constituem o fluxo de carga.

Variáveis
Subsistema Dimensão
Especificadas Calculadas
Pi e Qi , i ∈ {barras PQ}
Vi e θ i , i ∈ {barras PQ}
2 × NPQ + NPV Pj e V j , j ∈ {barras PV }
θ j , j ∈ {barras PV }
S1
Vk e θ k , k ∈ {barra Vθ}
Pi e Qi , i ∈ {barras Vθ }
NPV + 2 e θ k , k = 1,2,⋯, NB
Q j , j ∈ {barras PV }
S2 Vk

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Exemplo IV.1 – Considerando o sistema elétrico utilizado no Exemplo III.1, cujos dados encontram-se na
Figura IV.1, formular as equações referentes ao Subsistema 1 do fluxo de carga.

V 1 = 1 0 pu V 2 = V2 θ 2

Z LT = (0,01 + j 0,1) pu
1 I 12 2

S1 S 2 = (0,8 + j 0,4) pu
Figura IV.1 – Sistema elétrico de duas barras.

Solução Exemplo IV.1: Conforme as definições já apresentadas para o problema do fluxo de carga, a
barra 2 é uma barra de carga pois sua injeção de potência é conhecida; a barra 1 é a referência. Assim, as
variáveis especificadas (conhecidas) para o Subsistema 1 são as seguintes:
P2esp = P2G − P2D = 0 − 0,8 = −0,8 pu
Q2esp = Q2G − Q2D = 0 − 0,4 = −0,4 pu
V1esp = 1,0 pu
θ1esp = 0 rad
A matriz admitância da rede é dada por:
1 1
Y 12 = = ≈ 0,9901 − j9,9010 = 9,9504 − 84,29 pu
Z 12 0,01 + j 0,1
 Y 12 − Y 12   0,9901 − 0,9901  − 9,9010 9,9010 
Y =  ⇒ G=  e B= 
 − Y 12 Y 12   − 0,9901 0,9901   9,9010 − 9,9010
As equações do Subsistema 1 são as seguintes:

(S1)  P2esp − V2 [V1 (G21 cos θ 21 + B21 sen θ 21 ) + V2G22 ] = 0


 esp
Q2 − V2 [V1 (G21 sen θ 21 − B21 cos θ 21 ) − V2 B22 ] = 0

− 0,8 − V2 (− 0,9901cosθ 2 + 9,9010 sen θ 2 + 0,9901V2 ) = 0


(S1) 
− 0,4 − V2 (− 0,9901sen θ 2 − 9,9010 cosθ 2 + 9,9010V2 ) = 0
Observar que o Subsistema 1 é formado por duas equações não lineares e possui duas incógnitas: V2 e θ 2 .
As expressões do Subsistema 1 têm origem na equação de balanço de potência da Barra 2 (a potência
injetada menos a potência que flui através da linha de transmissão é igual a zero) e diferem das equações
obtidas na solução do Exemplo III.1, oriundas da aplicação de uma equação de malha (soma de tensões),
entretanto, a solução de ambos sistemas é mesma1: V2 ≈ 0,9460 pu .e θ 2 ≈ −0,0804 rad = −4,61 .

As incógnitas do Subsistema 1 podem ser agrupadas no vetor x dado por:


θ  } NPQ + NPV
x= 
V  } NPQ
em que θ é o vetor dos ângulos das tensões nodais das barras PQ e PV e V é o vetor das magnitudes das
tensões nodais das barras PQ. De forma mais compacta, o Subsistema 1 pode ser rescrito como:
∆Pk = Pkesp − Pk (V ,θ ) = 0 k ∈ {barras PQ e PV}
(S1) 
∆Qk = Qk − Qk (V , θ ) = 0 k ∈ {barras PQ}
esp

1
Isto pode ser comprovado substituindo este valor nas expressões anteriores. Como os números apresentam alguns
arredondamentos, o resultado fica próximo a zero, na ordem de 10-4.

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colocando as funções ∆Pk e ∆Qk na forma vetorial


∆ P = P − P (V , θ ) = 0
esp

∆Q = Q − Q (V ,θ ) = 0
esp

em que P é o vetor das injeções de potência ativa nas barras PQ e PV e Q é o vetor das injeções de potência
reativa nas barras PQ. Definindo a função vetorial g (x ) :

 ∆ P  } NPQ + NPV
g (x ) =  
 ∆Q  } NPQ
o Subsistema 1 pode ser rescrito de forma simplificada através da seguinte expressão:
g (x ) = 0
Este sistema de equações não-lineares pode ser resolvido por um número muito grande de métodos, sendo
que os mais eficientes são os métodos de Newton e o método Desacoplado Rápido.

Exemplo IV.2 – Empregando a notação na forma vetorial, determinar as variáveis e equações do


Subsistema 1 do problema definido no Exemplo IV.1.

Solução Exemplo IV.2: As variáveis e equações do problema são dadas respectivamente por:
θ  θ   ∆ P( x )  ∆P2 (θ 2 , V2 )  0
x =   =  2 g (x ) =  = = 
V  V2   ∆Q (x )  ∆Q2 (θ 2 , V2 ) 0

∆P2 (θ 2 , V2 ) = −0,8 − V2 (− 0,9901cosθ 2 + 9,9010senθ 2 + 0,9901V2 )


∆Q2 (θ 2 , V2 ) = −0,4 − V2 (− 0,9901senθ 2 − 9,9010 cosθ 2 + 9,9010V2 )

Na figura a seguir encontra-se o gráfico das funções ∆P2 (θ 2 , V2 ) e ∆Q2 (θ 2 , V2 ) para valores em torno do
ponto (θ 2 , V2 ) = (− 0,0804 ; 0,9460) que corresponde a solução do problema, pois ∆P2 (− 0,0804 ; 0,9460) = 0
e ∆Q2 (− 0,0804 ; 0,9460) = 0 . A linha pontilhada indica a intersecção entre as duas funções, ou seja,
corresponde aos valores para os quais a função ∆P2 (θ 2 , V2 ) = ∆Q2 (θ 2 , V2 ) .

1
dP2(theta2,V2) dP2=dQ2
0.5

dQ2(theta2,V2)
-0.5

-1
1

-0.06
0.95 -0.08
-0.1
-0.12
0.9 -0.14
V2 theta2

A figura anterior foi gerada utilizando o seguinte código MATLAB.

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Solução Exemplo IV.2 (continuação):


% disponivel em: http://slhaffner.phpnet.us/sistemas_de_energia_1/exemplo_VII_2.m
clear all;
theta2 = -0.15:.002:-0.05; V2 = 0.9:.002:1.0;
[T,V] = meshgrid(theta2,V2);
g1 = -0.8 - V.*(-0.9901.*cos(T)+9.9010.*sin(T)+0.9901.*V);
g2 = -0.4 - V.*(-0.9901.*sin(T)-9.9010.*cos(T)+9.9010.*V);
zero = zeros(size(V2,2),size(theta2,2));
figure(1)
contour3(theta2,V2,g1,100); %colorbar;
xlabel('theta2'); ylabel('V2');
hold on
contour3(theta2,V2,g2,100);
% determina pontos de interseccao entre as superficies g1 e g2
g11 = []; g22 = [];
t = []; v = [];
for k=1:size(g1,1)
g11 = [g11 g1(k,:)]; g22 = [g22 g2(k,:)];
t = [t T(k,:)]; v = [v V(k,:)];
end
i = find(abs(g11-g22)<=0.005);
tt = t(i); vv = v(i); gg = g11(i);
plot3(tt,vv,gg,'k');

Exemplo IV.3 – Para a rede de quatro barras cujos dados estão na Figura IV.2 e nas Tabelas IV.3 e IV.4,
determinar as equações do fluxo de carga.

1 2 3 4

V1 Y 12 V2 S2 Y 23 V3 1 : a 34 V4

jb12sh jb12sh sh
jb23 sh
jb23 Y 34

S3

Y 13
S1 S4

jb13sh jb13sh jb3sh

1 : e jϕ14

Y 14

Figura IV.2 – Sistema exemplo de 4 barras.

Tabela IV.3 – Dados das barras do sistema de 4 barras.

Barra Tipo V esp [pu] θ esp [rad] P esp [pu] Q esp [pu] b sh [pu]
1 Vθ 1,05 0,0 — — —
2 PQ — — –0,4 –0,2 —
3 PV 0,95 — 0,2 — 0,0675
4 PQ — — –0,8 –0,4 —

Tabela IV.4 – Dados dos ramos do sistema de 4 barras.


k m Y km [pu]
sh
bkm [pu] a km [pu] ϕ km [rad]
1 2 0,3 – j2,0 0,01 — —
1 3 0,3 – j2,0 0,01
1 4 – j2,0 — — 0,15
2 3 0,2 – j1,0 0,02 — —
3 4 – j1,0 — 0,95 —

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Solução Exemplo IV.3: Como já determinado na solução do Exemplo III.2, a expressão da matriz
admitância é dada por:
Y 12 + Y 13 + Y 14 + jb12sh + jb13sh − Y 12 − Y 13 − e − jϕ14 Y 14 
 
− Y 12 Y 12 + Y 23 + jb12sh + jb23
sh
− Y 23 0
Y = 
 − Y 13 − Y 23 Y 13 + Y 23 + a34
2
Y 34 + jb13sh + jb23
sh
+ jb3sh − a34 Y 34 
 
 − e jϕ14 Y 14 0 − a34 Y 34 Y 14 + Y 34 
Substituindo os valores da Tabela IV.4, chega-se a:
 0,6 − j 5,98 − 0,3 + j 2 − 0,3 + j 2 0,2989 + j1,9775
 − 0,3 + j 2 0,5 − j 2,97 − 0,2 + j1 0 
Y=  2
 − 0,3 + j 2 − 0,2 + j1 0,5 − j 3,805 j 0,95 
 
 − 0,2989 + j1,9775 0 j 0,95 − j3 
 0, 6 − 0,3 − 0 ,3 0 , 2989   − 5,98 2 2 1,9775
 − 0,3 0,5 − 0,2 0    2 − 2,97 1 0 
G= e B=
 − 0,3 − 0,2 0,5 0   2 1 − 3,805 0,95 
   
 − 0,2989 0 0 0  1,9775 0 0,95 −3 
As matrizes anteriores podem ser obtidas com o seguinte código MATLAB.
% disponivel em: http://slhaffner.phpnet.us/sistemas_de_energia_1/exemplo_VII_3.m
ramos = [ 1 2 0.3-2i 0.01 1.0 0;
1 3 0.3-2i 0.01 1.0 0;
1 4 -2i 0 1.0 0.15;
2 3 0.2-1i 0.02 1.0 0;
3 4 -1i 0 0.95 0];
bksh = [ 0; 0; 0.0675; 0];
nr = size(ramos,1);
y = ramos(:,3);
bsh = 1i*ramos(:,4);
a = ramos(:,5);
fi = ramos(:,6);
Y = diag(1i*bksh);
for k = 1:nr
k1 = ramos(k,1);
k2 = ramos(k,2);
Y(k1,k2) = Y(k1,k2) - a(k)*exp(-1i*fi(k))*y(k);
Y(k2,k1) = Y(k2,k1) - a(k)*exp(1i*fi(k))*y(k);
Y(k1,k1) = Y(k1,k1) + a(k)*a(k)*y(k) + bsh(k);
Y(k2,k2) = Y(k2,k2) + y(k) + bsh(k);
end
Y
G = real(Y)
B = imag(Y)

Para cada uma das quatro barras do sistema, podem ser escritas duas equações, uma para a injeção de
potência ativa e outra para a injeção de potência reativa, da forma como segue:
P1 = V1esp Vm (G1m cos θ 1m + B1m senθ 1m )

Ω1 = {2,3,4} K1 = {1,2,3,4}
m∈K1
Q1 = V1esp ∑ V (G
m∈K1
m θ
1m sen 1m − B1m cos θ1m )

P2esp = V2 ∑ V (G m 2m cos θ 2 m + B2 m senθ 2 m )


Ω 2 = {1,3} K 2 = {1,2,3}
m∈K 2
Q2esp = V 2 ∑ V (G
m∈K 2
m θ
2 m sen 2 m − B 2 m cos θ 2 m )

P3esp = V3esp ∑ V (G cosθm 3m 3m + B3m sen θ 3m )


Ω 3 = {1,2,4} K 3 = {1,2,3,4}
m∈K 3
Q3 = V3esp ∑ V (G sen θ
m∈K 3
m 3m 3m − B3m cos θ 3m )

2
Observar que devido à presença de um transformador defasador a matriz admitância não é simétrica.

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Solução Exemplo IV.3 (continuação):


P4esp = V4 Vm (G4 m cos θ 4 m + B4 m sen θ 4 m )

Ω 4 = {1,3} K 4 = {1,3,4}
m∈K 4
Q4esp = V4 ∑ V (G
m∈K 4
m 4m sen θ 4 m − B4 m cos θ 4 m )

Observar que as variáveis que se deseja calcular (incógnitas) encontram-se tanto do lado direito ( θ 2 , θ 3 , θ 4 ,
V2 e V4 ) quanto do lado esquerdo ( P1 , Q1 e Q3 ) da igualdade. O Subsistema 1, de dimensão
2 × NPQ + NPV = 5 , cujas incógnitas aparecem do lado direito ( θ 2 , θ 3 , θ 4 , V2 e V4 ) é dado por:
P2esp = V2 ∑ V (G m 2m cos θ 2 m + B2 m sen θ 2 m )
K 2 = {1,2,3}
m∈K 2
Q2esp = V2 ∑ V (G
m∈K 2
m 2m sen θ 2 m − B2 m cos θ 2 m )

P3esp = V3esp ∑V (G
m∈K3
m 3m cos θ 3m + B3m sen θ 3m ) K 3 = {1,2,3,4}

P4esp = V4 ∑ V (G m 4m cos θ 4 m + B4 m sen θ 4 m )


K 4 = {1,3,4}
m∈K 4
Q4esp = V4 ∑ V (G
m∈K 4
m 4m sen θ 4 m − B4 m cos θ 4 m )

As equações restantes constituem o Subsistema 2, de dimensão NPV + 2 = 3 . Para este subsistema, as


incógnitas aparecem do lado esquerdo ( P1 , Q1 e Q3 ) sendo dado por:
P1 = V1esp ∑ (G
Vm 1m cos θ1m + B1m sen θ1m )
K1 = {1,2,3,4}
m∈K1
Q1 = V1esp ∑ (G
m∈K1
Vm 1m sen θ1m − B1m cos θ1m )

Q3 = V3esp ∑V (G
m∈K3
m 3m sen θ 3m − B3m cos θ 3m ) K 3 = {1,2,3,4}

Observar que após a determinação das incógnitas do Subsistema 1 ( θ 2 , θ 3 , θ 4 , V2 e V4 ), o estado da rede


será completamente definido pois o fasor tensão da Barra 1 ( V1 = V1esp e θ1 = θ1esp ) e a magnitude da tensão
da Barra 3 ( V3 = V3esp ) são conhecidos, o que torna a solução Subsistema 2 trivial (basta substituir os valores
das tensões e ângulos e calcular os somatórios).
Reescrevendo-se as equações do Subsistema 1, tem-se um sistema de cinco equações não lineares e cinco
incógnitas ( θ 2 , θ 3 , θ 4 , V2 e V4 ), das quais três aparecem de forma implícita (os ângulos de fase θ 2 , θ 3 e
θ 4 ):
[
P2esp = V2 V1esp (G21 cosθ 21 + B21 sen θ 21 ) + V2 (G22 cosθ 22 + B22 sen θ 22 ) + V3esp (G23 cosθ 23 + B23 sen θ 23 ) ]
P3esp = V3esp [
(G31 cosθ 31 + B31 senθ 31 ) + V2 (G32 cosθ 32 + B32 senθ )
V1esp 32 + V3 (G33 cosθ 33 + B33 senθ 33 ) +
esp

+ V4 (G34 cosθ 34 + B34 senθ 34 )]


P4esp = V4 [V1esp (G41 cos θ 41 + B41 sen θ 41 ) + V3esp (G43 cos θ 43 + B43 sen θ 43 ) + V4 (G44 cos θ 44 + B44 sen θ 44 )]
Q2esp = V2 [V1esp (G21 sen θ 21 − B21 cos θ 21 ) + V2 (G22 sen θ 22 − B22 cos θ 22 ) + V3esp (G23 sen θ 23 − B23 cos θ 23 )]
Q4esp = V4 [V1esp (G41 sen θ 41 − B41 cos θ 41 ) + V3esp (G43 sen θ 43 − B43 cos θ 43 ) + V4 (G44 sen θ 44 − B44 cos θ 44 )]
Colocando na forma de diferenças de potência ( ∆Pk = Pkesp − Pk (V , θ ) = 0 e ∆Qk = Qkesp − Qk (V ,θ ) = 0 ) e
considerando que cos θ kk = 1 e sen θ kk = 0 , tem-se:
[
P2esp − V2 V1esp (G21 cosθ 21 + B21 senθ 21 ) + V2 G22 + V3esp (G23 cosθ 23 + B23 senθ 23 ) = 0 ]
P3esp − V3esp [ (G31 cosθ 31 + B31 senθ 31 ) + V2 (G32 cosθ 32 + B32 senθ 32 ) +
V1esp +
G33V3esp
+ V4 (G34 cosθ 34 + B34 senθ 34 )] = 0
P4esp − V4 [V1esp (G 41 cosθ 41 + B41 sen θ 41 ) + V3esp (G43 cosθ 43 + B43 sen θ 43 ) + G44V4 ] = 0

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Solução Exemplo IV.3 (continuação):


[
Q2esp − V2 V1esp (G21 senθ 21 − B21 cosθ 21 ) − B22V2 + V3esp (G23 senθ 23 − B23 cosθ 23 ) ] = 0
Q4esp − V [V
4 (G41 senθ 41 − B41 cosθ )
1
esp
(G43 senθ 43 − B43 cosθ 43 ) − B44V4 = 0
41 + V3
esp
]
Substituindo-se os valores conhecidos mostrados na Tabela IV.3 e pela matriz admitância, têm-se as
seguintes equações que constituem o Subsistema 1:
− 0,4 − V2 [1,05(− 0,3 cosθ 21 + 2 sen θ 21 ) + 0,5V2 + 0,95(− 0,2 cosθ 23 + 1sen θ 23 )] = 0
0,2 − 0,95[1,05(− 0,3 cos θ 31 + 2 sen θ 31 ) + V2 (− 0,2 cos θ 32 + 1sen θ 32 ) + 0,5 × 0,95 +
+ V4 (0 cos θ 34 + 0,95 sen θ 34 )] = 0
− 0,8 − V4 [1,05(− 0,2989 cos θ 41 + 1,9775 sen θ 41 ) + 0,95(0 cos θ 43 + 0,95 sen θ 43 ) + 0V4 ] = 0
− 0,2 − V2 [1,05(− 0,3 sen θ 21 − 2 cos θ 21 ) + 2,97V2 + 0,95(− 0,2 sen θ 23 − 1 cos θ 23 )] = 0
− 0,4 − V4 [1,05(− 0,2989 sen θ 41 − 1,9775 cosθ 41 ) + 0,95(0 sen θ 43 − 0,95 cosθ 43 ) + 3V4 ] = 0
Agrupando as variáveis do Subsistema 1 no vetor x e as equações do Subsistema 1 e utilizando Pk ( x ) e
Qk (x ) para representar as injeções de potência ativa e reativa calculadas em função das variáveis x , tem-se:
∆P2 = P2esp − P2 ( x ) = 0 
θ 2   
θ   ∆P3 = P3esp − P3 ( x ) = 0  ∆P = 0 {barras PQ e PV} = {2,3,4}
 3 ∆P = P4esp − P4 ( x ) = 0 
x = θ 4  (S1) 
4 
  ∆Q
V2  = Q2esp − Q2 (x ) = 0 
 2  ∆Q = 0 {barras PQ} = {2,4}
V4  ∆Q4 = Q4esp − Q4 (x ) = 0 

∆ P  } NPQ + NPV = 2 + 1 = 3 equações
(S1) g (x ) =   = 0
∆Q  } NPQ = 2 equações
Na forma compacta, as expressões das equações do Subsistema 2 são dadas por:

 P1 = P1 (x ) } {barras Vθ} = {1}

(S2) 
Q1 = Q1 ( x )  {barras PV e Vθ} = {1,3}
Q3 = Q3 ( x ) 

Exemplo IV.4 (alternativo, sem transformador defasador) – Para a rede de quatro barras cujos dados
estão na Figura IV.3 e nas Tabelas IV.5 e IV.6, determinar as equações do fluxo de carga.

1 2 3 4

V1 Y 12 V2 S2 Y 23 V3 1 : a34 V4

jb12sh jb12sh sh
jb23 sh
jb23 Y 34

S3

Y 13
S1 S4

jb13sh jb13sh jb3sh

a 41 : 1

Y 41

Figura IV.3 – Sistema exemplo de 4 barras (alternativo).

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Tabela IV.5 – Dados das barras do sistema de 4 barras (alternativo).


Barra Tipo V esp [pu] θ esp [rad] P esp [pu] Q esp [pu] b sh [pu]
1 Vθ 1,05 0,0 — — —
2 PQ — — –0,4 –0,2 —
3 PV 0,95 — 0,2 — 0,0675
4 PQ — — –0,8 –0,4 —

Tabela IV.6 – Dados dos ramos do sistema de 4 barras.


sh
k m Y km [pu] bkm [pu] a km [pu]
1 2 0,3 – j2,0 0,01 —
1 3 0,3 – j2,0 0,01
2 3 0,2 – j1,0 0,02 —
3 4 – j1,0 — 0,95
4 1 – j2,0 — 0,90

Solução Exemplo IV.4: Como já determinado na solução do Exemplo III.3, a expressão da matriz
admitância é dada por:
Y 12 + Y 13 + Y 41 + jb12sh + jb13sh − Y 12 − Y 13 − a 41 Y 41 
 
− Y 12 Y 12 + Y 23 + jb12sh + sh
jb23 − Y 23 0
Y = 
 − Y 13 − Y 23 Y 13 + Y 23 + 2
a34 Y 34 + jb13sh + jb23
sh
+ jb3sh − a34 Y 34 
 
 − a 41Y 41 0 − a34 Y 34 2
a 41 Y 41 + Y 34 
Substituindo os valores das Tabelas IV.5 e IV.6, chega-se a:
0,6 − j 5,98 − 0,3 + j 2 − 0,3 + j 2 j1,8 
 − 0,3 + j 2 0,5 − j 2,97 − 0,2 + j1 0 
Y =
 − 0,3 + j 2 − 0,2 + j1 0,5 − j 3,805 j 0,95 
 
 j1,8 0 j 0,95 − j 2,62
 0,6 − 0,3 − 0,3 0 − 5,98 2 2 1,8 
− 0,3 0,5 − 0,2 0  2 − 2,97 1 0 
G= e B=
− 0,3 − 0,2 0,5 0  2 1 − 3,805 0,95 
   
 0 0 0 0  1,8 0 0,95 − 2,62

As matrizes anteriores podem ser obtidas com o seguinte código MATLAB.


% disponivel em: http://slhaffner.phpnet.us/sistemas_de_energia_1/exemplo_VII_4.m
ramos = [ 1 2 0.3-2i 0.01 1.0 0;
1 3 0.3-2i 0.01 1.0 0;
2 3 0.2-1i 0.02 1.0 0;
3 4 -1i 0 0.95 0;
4 1 -2i 0 0.9 0];
bksh = [ 0; 0; 0.0675; 0];
nr = size(ramos,1);
y = ramos(:,3);
bsh = 1i*ramos(:,4);
a = ramos(:,5);
fi = ramos(:,6);
Y = diag(1i*bksh);
for k = 1:nr
k1 = ramos(k,1);
k2 = ramos(k,2);
Y(k1,k2) = Y(k1,k2) - a(k)*exp(-1i*fi(k))*y(k);
Y(k2,k1) = Y(k2,k1) - a(k)*exp(1i*fi(k))*y(k);
Y(k1,k1) = Y(k1,k1) + a(k)*a(k)*y(k) + bsh(k);
Y(k2,k2) = Y(k2,k2) + y(k) + bsh(k);
end
Y
G = real(Y)
B = imag(Y)

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Solução Exemplo IV.4 (continuação): Como os tipos das barras e as conexões existentes são as mesmas,
as expressões obtidas no exemplo anterior permanecem válidas, havendo diferença apenas nas expressões
cujos valores numéricos foram substituídos. Para os valores das Tabelas IV.5 e IV.6 que definem a matriz
admitância, têm-se as seguintes equações que constituem o Subsistema 1:
∆P2 : − 0,4 − V2 [1,05(− 0,3 cosθ 21 + 2 sen θ 21 ) + 0,5V2 + 0,95(− 0,2 cosθ 23 + 1sen θ 23 )] = 0
0,2 − 0,95[1,05(− 0,3 cos θ 31 + 2 sen θ 31 ) + V2 (− 0,2 cos θ 32 + 1sen θ 32 ) + 0,5 × 0,95 +
∆P3 :
+ V4 (0 cos θ 34 + 0,95 sen θ 34 )] = 0
∆P4 : − 0,8 − V4 [1,05(0 cos θ 41 + 1,8 sen θ 41 ) + 0,95(0 cos θ 43 + 0,95 sen θ 43 ) + 0V4 ] = 0
∆Q2 : − 0,2 − V2 [1,05(− 0,3 sen θ 21 − 2 cos θ 21 ) + 2,97V2 − 0,95(− 0,2 sen θ 23 − 1 cos θ 23 )] = 0
∆Q4 : − 0,4 − V4 [1,05(0 sen θ 41 − 1,8 cosθ 41 ) + V2 (0 sen θ 43 − 0,95 cosθ 43 ) + 2,62V4 ] = 0

IV.2 – Resolução de sistemas algébricos não lineares pelo método de Newton-


Raphson

Considere, inicialmente, um sistema unidimensional (neste caso, os vetores g (x ) e x possuem apenas um


componente e podem ser representados por escalares) formado por uma equação do tipo:
g (x ) = 0 (IV.3)
Resolver este sistema significa determinar o valor de x tal que a função g (x ) seja nula. Sendo g (x ) uma
função contínua com suas derivadas contínuas a expansão em série de Taylor em torno de um ponto
conhecido x 0 é dada por3:

( )
g (x ) = g x 0 +
( )(
1 ∂g x 0
x − x0 + )
1 ∂2 g x0 ( )(
2
x − x0 + … )
1! ∂x 2! ∂x 2

Desprezando-se todos os termos após a derivada primeira, isto é, aproximando-se a função g (x ) por uma
reta, conforme mostra a Figura IV.4, chega-se a:

( )
g (x ) ≈ g x 0 +
( )(
∂g x 0
x − x0 ) (IV.4)
∂x
A partir da expressão da aproximação linear (IV.4) é possível determinar o ponto x1 no qual o valor desta
( )
aproximação é nulo, ou seja, g x1 = 0 (vide Figura IV.4) da seguinte forma:

( ) ( )
g x1 = g x 0 +
∂g x( ) (x 0
1
)
− x0 = 0 (IV.5)
∂x
 ∂g x 0 
x = x −
1 0 ( ) 0
−1

( )
 gx
 ∂x 
g(x)
Equação da reta tangente por x0:
gx( )0
( )
g (x ) = g x0 +
( )(
∂g x 0
)
x − x0
∂x

( ) (
g x1 = g x 0 + ∆x 0 ) Ponto no qual a reta
tangente por x0 é nula: x1

x1 x0 x
∆x = x − x
0 1 0

Figura IV.4 – Interpretação geométrica do método de Newton.

3
Embora a função seja de apenas uma variável x, adotou-se a notação de derivada parcial para facilitar a extensão para
o caso multidimensional.

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Definindo-se ∆x 0 = x1 − x 0 ⇒ x1 = x 0 + ∆x 0 e substituindo-se na expressão (IV.5), tem-se:

( )(
+ ∆x 0
x 0  ∆x 

0

( ) ( )
∂g x
)
0
g x =g x +
1 0
x − x0 = 0
1
∂x

( ) ( ) ( )
g x 0 + ∆x 0 = g x 0 +
∂g x 0
∂x
∆x 0 = 0 (IV.6)

 ∂g (x )
−1

 g (x )
0
∆x = − 
0 0
(IV.7)
 ∂x 
onde x 0 é a aproximação inicial e x1 = x 0 + ∆x 0 uma primeira aproximação. Observar que x1 não é a
solução da equação inicial (IV.3) e sim a solução de uma aproximação linear dada por (IV.4). A solução da
equação (IV.3) é obtida repetindo-se este processo até que o módulo da função g (x ) esteja suficientemente
próximo de zero (dentro de uma tolerância definida). Isto sugere o seguinte algoritmo denominado método
de Newton-Raphson.

Algoritmo do método de Newton-Raphson unidimensional

i. Fazer ν = 0 e escolher uma aproximação inicial xν = x 0 .

ii. Calcular o valor da função g (x ) , no ponto x = xν : g xν ( )


iii. ( ) ( )
Comparar o valor calculado g xν com a tolerância especificada ε: se g xν ≤ ε , então x = xν será a
( )
solução procurada (dentro da faixa de tolerância ±ε); se g xν > ε , prosseguir.

iv. ( ( ))
Linearizar a função g (x ) em torno do ponto xν , g xν . Isto se resume na determinação da seguinte
derivada – vide equação (IV.6):
( )
∂g xν
∂x
v. Calcular a correção ∆xν que resolve o problema linearizado (IV.6) – vide equação (IV.7):

ν ∂g xν 
∆x = − 
( )
ν
−1

( )
 gx
 ∂x 
vi. Determinar a nova estimativa de x passa a ser: xν +1 = xν + ∆xν
vii. Fazer ν = ν + 1 e voltar para o Passo (ii).

Exemplo IV.5 – Utilizando o método de Newton-Raphson, determinar a solução para a equação4


x = 2 − sen x , considerando uma tolerância ε = 0,001 .

Solução Exemplo IV.5: Inicialmente, faz-se:


g ( x ) = x − 2 + sen x = 0
∂g (x ) ∂
= (x − 2 + sen x ) = 1 + cos x
∂x ∂x
Considerando uma solução inicial x 0 = 0 obtêm-se os resultados mostrados na Tabela IV.7.

4
x em radianos.

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Solução Exemplo IV.5 (continuação):

Tabela IV.7 – Resultados parciais do processo iterativo – método de Newton-Raphson ( x 0 = 0 ).

ν xν ( )
g xν
( )
∂g xν
∆xν
∂x
0 0 –2 2 1
1 1 –0,1585 1,5403 0,1029
2 1,1029 –0,0046 1,4510 0,0031
3 1,1061 –4,4×10-6 — —

Portanto, para uma tolerância ε = 0,001 , a solução x = 1,1061 foi obtida após 3 iterações, seguindo o
processo ilustrado na Figura IV.5.
1

-1
g(x)

-2

-3

-4
-1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2
x
Figura IV.5 – Processo de convergência para x 0 = 0 .

Observar que a escolha da solução inicial afeta o processo de convergência conforme pode ser comprovado
pela comparação entre os resultados obtidos com x 0 = 0 e com x 0 = 2 , quando foram necessárias 4
iterações (vide Tabela IV.8 e Figura IV.6).

Tabela IV.8 – Resultados parciais do processo iterativo – método de Newton-Raphson ( x 0 = 2 ).

ν xν ( )
g xν
( )
∂g xν
∆xν
∂x
0 2 0,9093 0,5838 –1,5574
1 0,4426 –1,1291 1,9036 0,5931
2 1,0357 –0,1040 1,5099 0,0689
3 1,1046 –0,0021 1,4495 0,0014
4 1,1061 –9,10×10-7 — —

-1
g(x)

-2

-3

-4
-1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2
x
Figura IV.6 – Processo de convergência para x 0 = 2 .

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Uma variante do método de Newton-Raphson é obtida considerando-se a derivada constante, isto é, o Passo
(iv) do algoritmo é realizado uma única vez, na primeira iteração quando ν = 0 :
( )
∂g xν
=
( )
∂g x 0
∂x ∂x
Utilizando-se derivada constante, em geral, o número de iterações (para uma tolerância definida) é maior que
no método de Newton original, mas cada uma das iterações se torna mais rápida pois não é necessário
recalcular a derivada.

Exemplo IV.6 – Utilizando o método de Newton-Raphson com derivada constante (Von Mises), determinar
a solução para a equação x = 2 − sen x , considerando uma tolerância ε = 0,001 .

Solução Exemplo IV.6: Considerando uma solução inicial x 0 = 0 obtêm-se os resultados mostrados na
Tabela IV.9.

Tabela IV.9 – Resultados parciais do processo iterativo – método de Von Mises.

ν xν ( )
g xν
( )
∂g xν
∆xν
∂x
0 0 –2 2 1
1 1 –0,1585 2 0,0793
2 1,0793 –0,0391 2 0,0196
3 1,0988 –0,0105 2 0,0052
4 1,1041 –0,0029 2 0,0014
5 1,1055 –0,0008 — —

Portanto, para uma tolerância ε = 0,001 , x = 1,1055 . Como esperado, com a utilização de derivada
constante, foi necessário realizar um número maior de iterações (5 ao invés de 3).

Exercício IV.1 – Utilizando os métodos de Newton-Raphson e de Von Mises, determinar, com uma
tolerância ε = 0,001 , o valor de x tal que e x = sen x − 3 x 2 + 5 .

Considere-se, agora, a resolução do seguinte sistema n-dimensional:


g (x ) = 0 (IV.8)
onde g (x ) é uma função vetorial e x é o vetor das incógnitas, isto é:
 g1 ( x )
 g ( x )
g (x ) =  2 
 ⋮ 
 
 g n ( x )
 x1 
x 
x =  2
⋮
 
 xn 
A solução do sistema de equações (IV.8) é obtida a partir de uma extensão do algoritmo de Newton-Raphson
anterior, descrito a seguir.

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Algoritmo do método de Newton-Raphson n-dimensional


ν
Fazer ν = 0 e escolher uma aproximação inicial x = x .
0
i.
ii. Calcular g (x ) , no ponto x = x : g xν
ν
( )
iii. ( )
Testar convergência: se g i xν ≤ ε para i ∈ [1, n ] , então o processo convergiu para a solução x = x ;
ν

caso contrário, prosseguir.


iv.
ν ν
(
Linearizar a função vetorial g (x ) em torno do ponto x , g x . Isto se resume na determinação da ( ))
seguinte matriz de derivadas, denominada matriz Jacobiana:

( )
 ∂g1 xν ( )⋯
∂g1 x
ν
∂g1 x ( )
ν

 ∂x1 ∂x 2 ∂x n 
( ) ν ( )
 ∂g 2 xν ( )
∂g 2 x
ν
∂g 2 x
ν
( )
( )
J xν =
∂g x
∂x
=  ∂x
 1 ∂x 2

∂x n 
 ⋮ ⋮ ⋱ ⋮ 

( )
 ∂g n xν ( )
∂g n x
ν

∂g n x
ν
( ) 

 ∂x1 ∂x 2 ∂x n 
v. Calcular a correção ∆xν que resolve o problema linearizado:
ν
∆x = − J x[ ( )] g (x )ν −1 ν

vi. Determinar a nova estimativa de x que passa a ser:


ν +1 ν ν
x = x + ∆x
vii. Fazer ν = ν + 1 e voltar para o Passo (ii).

Exemplo IV.7 – Utilizando o método de Newton-Raphson, determinar a solução considerando uma


tolerância ε x = ε y = 0,001 , para o seguinte sistema de equações:
2x + y = 4
2x + y2 = 6

Solução Exemplo IV.7: Inicialmente, faz-se:


 ∂g1 ∂g1 
g1 ( x1 , x2 ) = 2 x1 + x2 − 4 = 0 ∂ g (x )  ∂x1 ∂x2  2 1 
J= = =
g 2 ( x1 , x2 ) = 2 x1 + x22 − 6 = 0 ∂x  ∂g 2 ∂g 2  2 2 x2 
 ∂x1 ∂x2 
Considerando uma solução inicial x10 = 0 e x20 = 3 obtêm-se os resultados mostrados na Tabela IV.10.

Tabela IV.10 – Resultados parciais do processo iterativo – método de Newton-Raphson n-dimensional.


x1ν g1 x ( )
ν

[ ( )] −1 ∆x1ν
ν
(x )
ν
ν ν − J x
x2 g2 ∆xν2
0 –1 − 0,6 0,1 0,9
0
3 3 0,2 − 0,2 –0,8
0,9 0 − 0,647 0,147 0,094
1
2,2 0,64 0,294 − 0,294 –0,188
0,994 0 − 0,665 0,165 0,00586
2
2,012 0,0354 0,331 − 0,331 –0,0117
0,999977 0
3 — —
2,000046 0,000137

Portanto, para uma tolerância ε x = ε y = 0,001 , x = x1 = 0,99977 e y = x2 = 2,000046 .

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Solução Exemplo IV.7 (continuação): Observar que a partir da primeira iteração a função g1 x passa ( )
ν

a apresentar valor nulo. Isto ocorre porque a aproximação linear empregada para representar esta função
corresponde à própria função pois esta é de primeira ordem nas variáveis x1 e x2 .

Exemplo IV.8 – Utilizando o método de Von Mises, determinar a solução do sistema de equações do
exemplo anterior.

Solução Exemplo IV.8: Considerando uma solução inicial x10 = 0 e x20 = 3 obtêm-se os resultados
mostrados na Tabela IV.11.

Tabela IV.11 – Resultados parciais do processo iterativo – método de Von Mises n-dimensional.
x1ν g1 x ( )
ν

[ ( )] −1 ∆x1ν
ν
(x )
ν
ν ν − J x
x2 g2 ∆xν2
0 –1 − 0,6 0,1 0,9
0
3 3 0,2 − 0,2 –0,8
0,9 0 − 0,6 0,1 0,064
1
2,2 0,64 0,2 − 0,2 –0,128
0,964 0 − 0,6 0,1 0,00221
2
2,072 0,2212 0,2 − 0,2 –0,0442
0,9861 0 − 0,6 0,1 0,0084
3
2,0278 0,08406 0,2 − 0,2 –0,0168
0,99452 0 − 0,6 0,1 0,0033
4
2,01095 0,03297 0,2 − 0,2 –0,0066
0,99782 0 − 0,6 0,1 0,00131
5
2,00436 0,01309 0,2 − 0,2 –0,00262
0,99913 0 − 0,6 0,1 0,00052
6
2,00174 0,00522 0,2 − 0,2 –0,00104
0,99965 0 − 0,6 0,1 0,00021
7
2,00069 0,00208 0,2 − 0,2 –0,00042
0,99986 0
8 — —
2,00028 0,000834

Portanto, para uma tolerância ε x = ε y = 0,001 , x = x1 = 0,99986 e y = x2 = 2,00028 .

Exercício IV.2 – Utilizando os métodos de Newton-Raphson e de Von Mises, determinar, com uma
tolerância ε = 0,001 , a solução do seguinte sistema de equações:
x 2 + 3xy = 4
xy − 2 y 2 = −5

IV.3 – Fluxo de carga pelo método de Newton-Raphson

O método de Newton-Raphson é aplicado para a resolução do Subsistema 1 (S1) sendo dado por:
∆ P = P esp − P (V , θ ) = 0 ∆Pk = Pkesp − Pk (V , θ ) = 0 k ∈ {barras PQ e PV}
(S1) =  ⇒  (IV.9)
∆Q = Q − Q (V , θ ) = 0 ∆Qk = Qk − Qk (V ,θ ) = 0 k ∈ {barras PQ}
esp esp

De acordo com o algoritmo de Newton-Raphson deseja-se determinar o vetor das correções ∆ x , o que exige
a resolução do sistema linear dado por:

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Análise de Sistemas de Potência (ASP)

gx( ) = − J (x )∆ x
υ υ υ
⇒ ν
∆x = − J x [ ( )] g (x )
ν −1 ν

onde
 ∆ Pυ 
( ) υ
g x = υ
← PQ + PV
← PQ
 ∆Q 
υ θ υ  ← PQ + PV υ  ∆θ υ  ← PQ + PV
x = υ ∆x =  υ 
V  ← PQ ∆V  ← PQ
υ
 
 ∂ (∆ P ) ∂ (∆ P ) 
∂ g (x )
υ ← PQ + PV
J (x ) =
υ  ∂θ ∂V 
=
∂x
 ∂ ∆Q ( ) ( )
∂ ∆Q 

← PQ
 ∂θ ∂V 
 
↑ ↑
PQ + PV PQ
Considerando as expressões dos vetores ∆ P e ∆Q e que P
esp esp
e Q são constantes, a matriz Jacobiana
pode ser rescrita da seguinte maneira:
 ∂ P (V ,θ ) ∂ P(V ,θ ) 
υ

 ∂θ ← PQ + PV
∂V 
( )
J x
υ
= −
 ∂Q (V ,θ ) ∂Q(V ,θ ) 

← PQ
 ∂θ ∂V 

↑ ↑
PQ + PV PQ
sendo as submatrizes representadas por:
∂ P(V ,θ ) ∂ P (V ,θ ) ∂Q (V ,θ ) ∂Q (V ,θ )
H= N= M= L=
∂θ ∂V ∂θ ∂V
Assim, a equação que define a aplicação do método de Newton ao fluxo de carga fica sendo:
 ∆ Pυ   H N  υ  ∆θ υ 
 υ=   υ (IV.10)
∆Q   M L   ∆V 
Considerando que:
Pk = Vk Vm (Gkm cosθ km + Bkm sen θ km ) =

m∈K
= Vk2 G kk + Vk ∑V (G
m∈Ω k
m km cosθ km + Bkm sen θ km )

Qk = Vk ∑ (
m∈K
θ
Vm Gkm sen km − Bkm cos km = θ )
= − Vk2 Bkk + Vk ∑ (
Vm Gkm sen km − Bkm
m∈Ω k
θ cosθ km )

as submatrizes que compõem a matriz Jacobiana são dadas por:


 ∂Pk
 H kk = ∂θ = Vk Vm (− Gkm sen θ km + Bkm cosθ km )

 k m∈ Ω
∂ P (V ,θ )
k

 ∂Pk
H=  H kl = = Vk Vl (Gkl sen θ kl − Bkl cosθ kl ) l ∈ Ωk
∂θ  ∂θ l
 H kl = 0 l ∉ Ωk

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Análise de Sistemas de Potência (ASP)

 ∂Pk
 N kk = ∂V = 2Vk Gkk + Vm (Gkm cosθ km + Bkm sen θ km )

 k m∈ Ω
∂ P(V ,θ )
k

 ∂Pk
N=  N kl = = Vk (Gkl cosθ kl + Bkl sen θ kl ) l ∈ Ωk
∂V  ∂Vl
 N kl = 0 l ∉ Ωk


 ∂Qk
M kk = ∂θ = Vk Vm (Gkm cosθ km + Bkm sen θ km )

 k m ∈Ω
∂Q(V ,θ )
k

 ∂Qk
M= M kl = = −Vk Vl (Gkl cosθ kl + Bkl sen θ kl ) l ∈ Ωk
∂θ  ∂θ l
M kl = 0 l ∉ Ωk


 ∂Qk
 Lkk = ∂V = −2Vk Bkk + Vm (Gkm sen θ km − Bkm cosθ km )

 k m ∈Ω
∂Q(V ,θ )
k

 ∂Qk
L=  Lkl = = Vk (Gkl sen θ kl − Bkl cosθ kl ) l ∈ Ωk
∂V  ∂Vl
 Lkl = 0 l ∉ Ωk

Assim, os passos a serem executados para solução do fluxo de carga pelo método de Newton são os
seguintes:

Fluxo de carga pelo método de Newton-Raphson – Algoritmo


i. Fazer υ = 0 e escolher os valores iniciais dos ângulos das tensões das barras PQ e PV θ = θ = θ ( υ 0
)e
as magnitudes das tensões das barras PQ V = V = V ( υ 0
).
ii. Calcular: Pk (V ,θ ) para as barras PQ e PV
Qk (V ,θ ) para as barras PQ
υ υ
e determinar o vetor dos resíduos (“mismatches”) ∆ P e ∆Q .
iii. Testar a convergência: se max
k∈{PQ + PV }
{∆P }≤ ε υ
k P
k∈{PV }
{ }
e max ∆Qkυ ≤ ε Q , o processo convergiu para a

( υ υ
)
solução V ,θ ; caso contrário, continuar.
iv. Calcular a matriz Jacobiana:

(
υ υ
J V ,θ = −  ) (
 H V υ ,θ υ N V υ , θ υ  ) ( )
υ
 M V ,θ
υ υ
(
L V ,θ 
υ 
) ( )
v. Determinar a nova solução V ( υ +1

υ +1
) , onde:
υ +1 υ υ
θ = θ + ∆θ
υ +1 υ υ
V = V + ∆V
υ υ
sendo ∆V e ∆θ obtidos com a solução do seguinte sistema linear:

(
 ∆ Pυ   H V υ ,θ υ N V υ ,θ υ   ∆θ υ 
 υ=
) ( ) υ

υ
∆Q   M V ,θ
υ υ
( υ   υ
L V ,θ  ∆V  ) ( )
vi. Fazer υ = υ + 1 e voltar para o Passo (ii).

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Após a determinação do fasor tensão de todas as barras, a solução do Subsistema 2 (S2) é trivial, sendo
obtida através das expressões:
 Pk = Vk Vm (Gkm cosθ km + Bkm sen θ km )
∑ k = {barra de referência}

(S2) =  m∈K
(IV.11)
Qk = Vk Vm (Gkm sen θ km − Bkm cosθ km )
∑ k ∈ {barras PV e referência}
 m∈K

Exemplo IV.9 – Utilizando o método Newton, determinar a solução do problema do fluxo de carga
correspondente ao sistema elétrico de duas barras utilizado no Exemplo IV.1, considerando uma tolerância
ε P = ε Q = 0,001 .

Solução Exemplo IV.9: Conforme já determinado, as incógnitas e equações do Subsistema 1 são as


seguintes:
θ 
x =  2
V2 
∆P2 = − 0,8 − V2 (− 0,9901 cos θ 2 + 9,9010 sen θ 2 + 0,9901V2 ) = 0
(S1) 
∆Q2 = − 0,4 − V2 (− 0,9901 sen θ 2 − 9,9010 cos θ 2 + 9,9010V2 ) = 0
Para este problema a matriz Jacobiana apresenta os seguintes elementos, para os quais Ω 2 = {1} :
∂ P(V ,θ ) ∂P
H= = H 22 = 2 = V2 ∑ Vm (− G2 m sen θ 2 m + B2 m cosθ 2 m ) = V2V1 (− G21 sen θ 21 + B21 cosθ 21 )
∂θ ∂θ 2 m∈Ω2

∂ P(V ,θ ) ∂P
N= = N 22 = 2 = 2V2G22 + Vm (G2 m cos θ 2 m + B2 m sen θ 2 m ) = 2V2 G22 + V1 (G21 cos θ 21 + B21 sen θ 21 )

∂V ∂V2 m∈Ω 2

∂Q(V ,θ ) ∂Q2
M= = M 22 = = V2 ∑ Vm (G2 m cosθ 2 m + B2 m sen θ 2 m ) = V2V1 (G21 cosθ 21 + B21 sen θ 21 )
∂θ ∂θ 2 m∈Ω 2

∂Q (V ,θ ) ∂Q2
L= = L22 = = −2V2 B22 + Vm (G2 m sen θ 2 m − B2 m cosθ 2 m ) = −2V2 B22 + V1 (G21 sen θ 21 − B21 cosθ 21 )

∂V ∂V2 m∈Ω 2

Levando em conta a matriz admitância da rede (já calculada na solução do Exercício IV.1), e os valores
especificados para V1 = V1esp = 1 pu e θ1 = θ1esp = 0 rad , têm-se os seguintes elementos:
H 22 = V2 (0,9901senθ 2 + 9,9010 cosθ 2 )
N 22 = 1,9802V2 + (− 0,9901cosθ 2 + 9,9010 sen θ 2 )
M 22 = V2 (− 0,9901cosθ 2 + 9,9010 sen θ 2 )
L22 = 19,802V2 + (− 0,9901sen θ 2 − 9,9010 cosθ 2 )
Neste caso, como a matriz Jacobiana é dada por:
H N 
J = −  22 22 
 M 22 L22 
então sua inversa é dada por:
−1
−1  H N 22  −1  L22 − N 22 
J = −  22  = − M
 M 22 L22  H 22 L22 − N 22 M 22  22 H 22 
Considerando uma solução inicial θ 20 = 0 rad e V20 = 1 pu , obtêm-se os resultados mostrados na Tabela
IV.12. Portanto, para uma tolerância ε P = ε Q = 0,001 , a solução do Subsistema 1 é dada por:
V2 = 0,9461 pu e θ 2 = −0,0804 rad = −4,61 , mesmo valor obtido na solução do Exemplo III.1.

Na Tabela IV.12 é importante observar os valores obtidos nas submatrizes que constituem o Jacobiano.
Enquanto os elementos das submatrizes H e L possuem maior valor absoluto e apresentam variações
pequenas ao longo do processo iterativo, os elementos das submatrizes N e M possuem menor valor absoluto
e variam de forma significativa.

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Solução Exemplo IV.9 (continuação):

Tabela IV.12 – Resultados parciais do processo iterativo – fluxo de carga Newton.


θ 2ν ∆P2 x( )
ν
[J (x )]
ν
[ ( )] −1 ∆θ 2ν
ν
( )
ν
ν − J x
V 2ν ∆Q 2 x ∆V 2ν
0 –0,8 − 9,9010 − 0,9901 0,1000 − 0,0100 –0,0760
0
1 –0,4 0,9910 − 9,9010 0,0100 0,1000 –0,0480
–0,0760 –0,0418 − 9,3270 − 0,1462 0,1069 − 0,0017 –0,0044
1
0,9520 –0,0463 1,6555 − 9,0543 0,0195 0,1101 –0,0059
–0,0804 –0,0003
2 — — —
0,9461 –0,0004

Os resultados mostrados na Tabela IV.12, foram obtidos executando-se a seguinte rotina em MATLAB.
% disponivel em: http://slhaffner.phpnet.us/sistemas_de_energia_1/exemplo_VII_9.m
clear all;
saida=fopen('saida.txt','w');
p2=-0.8; q2=-0.4;
v1=1; t1=0;
v2=1; t2=0;
x=[t2; v2];
G11=0.9901; G12=-0.9901;
G21=-0.9901; G22=0.9901;
B11=-9.901; B12=9.901;
B21=9.901; B22=-9.901;
for k=0:5,
dp2=p2-v2*(v1*(G21*cos(t2)+B21*sin(t2))+G22*v2);
dq2=q2-v2*(v1*(G21*sin(t2)-B21*cos(t2))-B22*v2);
gx=[dp2; dq2];
h22=v2*v1*(-G21*sin(t2)+B21*cos(t2));
n22=2*v2*G22+v1*(G21*cos(t2)+B21*sin(t2));
m22=v2*v1*(G21*cos(t2)+B21*sin(t2));
l22=-2*v2*B22+v1*(G21*sin(t2)-B21*cos(t2));
Jac=-[h22 n22
m22 l22];
Jac1=-inv(Jac);
dx=Jac1*gx;
y=[k x(1) gx(1) Jac(1,1) Jac(1,2) Jac1(1,1) Jac1(1,2) dx(1)];
fprintf(saida,'%2.0f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f\n',y);
y=[x(2) gx(2) Jac(2,1) Jac(2,2) Jac1(2,1) Jac1(2,2) dx(2)];
fprintf(saida,' %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f\n\n',y);
x=x+dx;
t2=x(1);
v2=x(2);
end
p1=v1*(v2*(G12*cos(-t2)+B12*sin(-t2))+G11*v1);
q1=v1*(v2*(G12*sin(-t2)-B12*cos(-t2))-B11*v1);
y=[p1 q1];
fprintf(saida,'%8.4f %8.4f',y);
fclose(saida);

Por outro lado, o Subsistema 2 corresponde ao cálculo da injeção de potência na barra de referência:
P1 = V1 Vm (G1m cos θ1m + B1m sen θ1m )


(S2) =  m∈K1
Q
 1 = V 1 ∑ Vm (G1m sen θ1m − B1m cos θ1m )
 m∈K1

 P = V [V (G cos θ12 + B12 sen θ12 ) + V1G11 ]


(S2)  1 1 2 12
Q1 = V1 [V2 (G12 sen θ12 − B12 cos θ12 ) − V1 B11 ]
Substituindo os valores conhecidos, chega-se a:
 P = 0,8089 pu
(S2)  1
Q1 = 0,4894 pu

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