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ASP Unidade4A
ASP Unidade4A
Para um sistema elétrico, com NB barras, as equações básicas do fluxo de carga para k = 1,2, ⋯ , NB são:
Pk = Vk ∑ V (G
m∈K
m km cos θ km + Bkm sen θ km ) (IV.1)
Qk = V ∑ V (G
k m km sen θ km − Bkm cos θ km ) (IV.2)
m∈K
O fluxo de carga básico em redes de energia consiste em resolver este problema definindo (especificando)
parte das variáveis ( 2 × NB variáveis) e calculando as demais ( 2 × NB variáveis). Na formulação clássica, a
definição das variáveis que são especificadas e calculadas encontra-se na Tabela IV.1.
Se a barra está representando um ponto do sistema onde é conhecida a injeção líquida de potência (como
S k = S G − S D , deve-se conhecer a potência gerada S G e a potência demandada S D ), esta pode ser
especificada, restando calcular Vk e θ k . Este tipo de barra é denominado barra de carga ou PQ.
Se a barra está representando um ponto do sistema onde é possível o controle da magnitude da tensão Vk ,
através do controle da injeção líquida de potência reativa Qk = QG − QD ou por intermédio do ajuste do tap
de algum transformador, esta tensão pode ser especificada, restando calcular θ k e Qk . Este tipo de barra é
denominado barra de tensão controlada ou PV.
Como as perdas não são conhecidas a priori, deve-se deixar pelo menos uma barra onde a injeção líquida de
potência S k = S G − S D seja calculada. Este tipo de barra é denominado referência ou Vθ, sendo definidos
Vk e θ k . Observar que pelo menos uma injeção líquida de potência ativa Pk = PG − PD e outra de potência
reativa Qk = QG − QD precisam ser calculadas para fechar os balanços de potência ativa e reativa. Embora
geralmente tais injeções de balanço sejam associadas à barra de referência angular, não é mandatório que
sejam associadas a uma única barra.
Uma vez resolvido o problema do fluxo de carga, é conhecido o estado da rede, ou seja, são conhecidos os
fasores tensão (Vk , θ k ) de todas as barras (k = 1,2, ⋯ , NB ) . Isto torna possível o cálculo de outras variáveis
de interesse como as injeções de potência nas barras e os fluxos de potência nos ramos (linhas e
transformadores).
Fluxo de carga não linear: algoritmos básicos – Sérgio Haffner Versão: 7/10/2008 Página 1 de 48
Análise de Sistemas de Potência (ASP)
Sejam NPQ e NPV, respectivamente, o número de barras PQ e PV da rede. O fluxo de carga pode ser
decomposto em dois subsistemas de equações algébricas:
A Tabela IV.2 resume as características dos dois subsistemas. Observar que o Subsistema 2 pode ser
facilmente resolvido após a solução do Subsistema 1, ou seja, após a determinação do estado (Vk , θ k ) da
rede. Por outro lado, a solução do Subsistema 1 exige um processo iterativo pois este é formado por
equações não-lineares. Assim, os métodos de resolução do problema do fluxo de carga concentram-se na
solução do Subsistema 1.
Variáveis
Subsistema Dimensão
Especificadas Calculadas
Pi e Qi , i ∈ {barras PQ}
Vi e θ i , i ∈ {barras PQ}
2 × NPQ + NPV Pj e V j , j ∈ {barras PV }
θ j , j ∈ {barras PV }
S1
Vk e θ k , k ∈ {barra Vθ}
Pi e Qi , i ∈ {barras Vθ }
NPV + 2 e θ k , k = 1,2,⋯, NB
Q j , j ∈ {barras PV }
S2 Vk
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Análise de Sistemas de Potência (ASP)
Exemplo IV.1 – Considerando o sistema elétrico utilizado no Exemplo III.1, cujos dados encontram-se na
Figura IV.1, formular as equações referentes ao Subsistema 1 do fluxo de carga.
V 1 = 1 0 pu V 2 = V2 θ 2
Z LT = (0,01 + j 0,1) pu
1 I 12 2
S1 S 2 = (0,8 + j 0,4) pu
Figura IV.1 – Sistema elétrico de duas barras.
Solução Exemplo IV.1: Conforme as definições já apresentadas para o problema do fluxo de carga, a
barra 2 é uma barra de carga pois sua injeção de potência é conhecida; a barra 1 é a referência. Assim, as
variáveis especificadas (conhecidas) para o Subsistema 1 são as seguintes:
P2esp = P2G − P2D = 0 − 0,8 = −0,8 pu
Q2esp = Q2G − Q2D = 0 − 0,4 = −0,4 pu
V1esp = 1,0 pu
θ1esp = 0 rad
A matriz admitância da rede é dada por:
1 1
Y 12 = = ≈ 0,9901 − j9,9010 = 9,9504 − 84,29 pu
Z 12 0,01 + j 0,1
Y 12 − Y 12 0,9901 − 0,9901 − 9,9010 9,9010
Y = ⇒ G= e B=
− Y 12 Y 12 − 0,9901 0,9901 9,9010 − 9,9010
As equações do Subsistema 1 são as seguintes:
1
Isto pode ser comprovado substituindo este valor nas expressões anteriores. Como os números apresentam alguns
arredondamentos, o resultado fica próximo a zero, na ordem de 10-4.
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Análise de Sistemas de Potência (ASP)
∆Q = Q − Q (V ,θ ) = 0
esp
em que P é o vetor das injeções de potência ativa nas barras PQ e PV e Q é o vetor das injeções de potência
reativa nas barras PQ. Definindo a função vetorial g (x ) :
∆ P } NPQ + NPV
g (x ) =
∆Q } NPQ
o Subsistema 1 pode ser rescrito de forma simplificada através da seguinte expressão:
g (x ) = 0
Este sistema de equações não-lineares pode ser resolvido por um número muito grande de métodos, sendo
que os mais eficientes são os métodos de Newton e o método Desacoplado Rápido.
Solução Exemplo IV.2: As variáveis e equações do problema são dadas respectivamente por:
θ θ ∆ P( x ) ∆P2 (θ 2 , V2 ) 0
x = = 2 g (x ) = = =
V V2 ∆Q (x ) ∆Q2 (θ 2 , V2 ) 0
Na figura a seguir encontra-se o gráfico das funções ∆P2 (θ 2 , V2 ) e ∆Q2 (θ 2 , V2 ) para valores em torno do
ponto (θ 2 , V2 ) = (− 0,0804 ; 0,9460) que corresponde a solução do problema, pois ∆P2 (− 0,0804 ; 0,9460) = 0
e ∆Q2 (− 0,0804 ; 0,9460) = 0 . A linha pontilhada indica a intersecção entre as duas funções, ou seja,
corresponde aos valores para os quais a função ∆P2 (θ 2 , V2 ) = ∆Q2 (θ 2 , V2 ) .
1
dP2(theta2,V2) dP2=dQ2
0.5
dQ2(theta2,V2)
-0.5
-1
1
-0.06
0.95 -0.08
-0.1
-0.12
0.9 -0.14
V2 theta2
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Análise de Sistemas de Potência (ASP)
Exemplo IV.3 – Para a rede de quatro barras cujos dados estão na Figura IV.2 e nas Tabelas IV.3 e IV.4,
determinar as equações do fluxo de carga.
1 2 3 4
V1 Y 12 V2 S2 Y 23 V3 1 : a 34 V4
jb12sh jb12sh sh
jb23 sh
jb23 Y 34
S3
Y 13
S1 S4
1 : e jϕ14
Y 14
Barra Tipo V esp [pu] θ esp [rad] P esp [pu] Q esp [pu] b sh [pu]
1 Vθ 1,05 0,0 — — —
2 PQ — — –0,4 –0,2 —
3 PV 0,95 — 0,2 — 0,0675
4 PQ — — –0,8 –0,4 —
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Análise de Sistemas de Potência (ASP)
Solução Exemplo IV.3: Como já determinado na solução do Exemplo III.2, a expressão da matriz
admitância é dada por:
Y 12 + Y 13 + Y 14 + jb12sh + jb13sh − Y 12 − Y 13 − e − jϕ14 Y 14
− Y 12 Y 12 + Y 23 + jb12sh + jb23
sh
− Y 23 0
Y =
− Y 13 − Y 23 Y 13 + Y 23 + a34
2
Y 34 + jb13sh + jb23
sh
+ jb3sh − a34 Y 34
− e jϕ14 Y 14 0 − a34 Y 34 Y 14 + Y 34
Substituindo os valores da Tabela IV.4, chega-se a:
0,6 − j 5,98 − 0,3 + j 2 − 0,3 + j 2 0,2989 + j1,9775
− 0,3 + j 2 0,5 − j 2,97 − 0,2 + j1 0
Y= 2
− 0,3 + j 2 − 0,2 + j1 0,5 − j 3,805 j 0,95
− 0,2989 + j1,9775 0 j 0,95 − j3
0, 6 − 0,3 − 0 ,3 0 , 2989 − 5,98 2 2 1,9775
− 0,3 0,5 − 0,2 0 2 − 2,97 1 0
G= e B=
− 0,3 − 0,2 0,5 0 2 1 − 3,805 0,95
− 0,2989 0 0 0 1,9775 0 0,95 −3
As matrizes anteriores podem ser obtidas com o seguinte código MATLAB.
% disponivel em: http://slhaffner.phpnet.us/sistemas_de_energia_1/exemplo_VII_3.m
ramos = [ 1 2 0.3-2i 0.01 1.0 0;
1 3 0.3-2i 0.01 1.0 0;
1 4 -2i 0 1.0 0.15;
2 3 0.2-1i 0.02 1.0 0;
3 4 -1i 0 0.95 0];
bksh = [ 0; 0; 0.0675; 0];
nr = size(ramos,1);
y = ramos(:,3);
bsh = 1i*ramos(:,4);
a = ramos(:,5);
fi = ramos(:,6);
Y = diag(1i*bksh);
for k = 1:nr
k1 = ramos(k,1);
k2 = ramos(k,2);
Y(k1,k2) = Y(k1,k2) - a(k)*exp(-1i*fi(k))*y(k);
Y(k2,k1) = Y(k2,k1) - a(k)*exp(1i*fi(k))*y(k);
Y(k1,k1) = Y(k1,k1) + a(k)*a(k)*y(k) + bsh(k);
Y(k2,k2) = Y(k2,k2) + y(k) + bsh(k);
end
Y
G = real(Y)
B = imag(Y)
Para cada uma das quatro barras do sistema, podem ser escritas duas equações, uma para a injeção de
potência ativa e outra para a injeção de potência reativa, da forma como segue:
P1 = V1esp Vm (G1m cos θ 1m + B1m senθ 1m )
∑
Ω1 = {2,3,4} K1 = {1,2,3,4}
m∈K1
Q1 = V1esp ∑ V (G
m∈K1
m θ
1m sen 1m − B1m cos θ1m )
2
Observar que devido à presença de um transformador defasador a matriz admitância não é simétrica.
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Análise de Sistemas de Potência (ASP)
Observar que as variáveis que se deseja calcular (incógnitas) encontram-se tanto do lado direito ( θ 2 , θ 3 , θ 4 ,
V2 e V4 ) quanto do lado esquerdo ( P1 , Q1 e Q3 ) da igualdade. O Subsistema 1, de dimensão
2 × NPQ + NPV = 5 , cujas incógnitas aparecem do lado direito ( θ 2 , θ 3 , θ 4 , V2 e V4 ) é dado por:
P2esp = V2 ∑ V (G m 2m cos θ 2 m + B2 m sen θ 2 m )
K 2 = {1,2,3}
m∈K 2
Q2esp = V2 ∑ V (G
m∈K 2
m 2m sen θ 2 m − B2 m cos θ 2 m )
P3esp = V3esp ∑V (G
m∈K3
m 3m cos θ 3m + B3m sen θ 3m ) K 3 = {1,2,3,4}
Q3 = V3esp ∑V (G
m∈K3
m 3m sen θ 3m − B3m cos θ 3m ) K 3 = {1,2,3,4}
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Exemplo IV.4 (alternativo, sem transformador defasador) – Para a rede de quatro barras cujos dados
estão na Figura IV.3 e nas Tabelas IV.5 e IV.6, determinar as equações do fluxo de carga.
1 2 3 4
V1 Y 12 V2 S2 Y 23 V3 1 : a34 V4
jb12sh jb12sh sh
jb23 sh
jb23 Y 34
S3
Y 13
S1 S4
a 41 : 1
Y 41
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Solução Exemplo IV.4: Como já determinado na solução do Exemplo III.3, a expressão da matriz
admitância é dada por:
Y 12 + Y 13 + Y 41 + jb12sh + jb13sh − Y 12 − Y 13 − a 41 Y 41
− Y 12 Y 12 + Y 23 + jb12sh + sh
jb23 − Y 23 0
Y =
− Y 13 − Y 23 Y 13 + Y 23 + 2
a34 Y 34 + jb13sh + jb23
sh
+ jb3sh − a34 Y 34
− a 41Y 41 0 − a34 Y 34 2
a 41 Y 41 + Y 34
Substituindo os valores das Tabelas IV.5 e IV.6, chega-se a:
0,6 − j 5,98 − 0,3 + j 2 − 0,3 + j 2 j1,8
− 0,3 + j 2 0,5 − j 2,97 − 0,2 + j1 0
Y =
− 0,3 + j 2 − 0,2 + j1 0,5 − j 3,805 j 0,95
j1,8 0 j 0,95 − j 2,62
0,6 − 0,3 − 0,3 0 − 5,98 2 2 1,8
− 0,3 0,5 − 0,2 0 2 − 2,97 1 0
G= e B=
− 0,3 − 0,2 0,5 0 2 1 − 3,805 0,95
0 0 0 0 1,8 0 0,95 − 2,62
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Análise de Sistemas de Potência (ASP)
Solução Exemplo IV.4 (continuação): Como os tipos das barras e as conexões existentes são as mesmas,
as expressões obtidas no exemplo anterior permanecem válidas, havendo diferença apenas nas expressões
cujos valores numéricos foram substituídos. Para os valores das Tabelas IV.5 e IV.6 que definem a matriz
admitância, têm-se as seguintes equações que constituem o Subsistema 1:
∆P2 : − 0,4 − V2 [1,05(− 0,3 cosθ 21 + 2 sen θ 21 ) + 0,5V2 + 0,95(− 0,2 cosθ 23 + 1sen θ 23 )] = 0
0,2 − 0,95[1,05(− 0,3 cos θ 31 + 2 sen θ 31 ) + V2 (− 0,2 cos θ 32 + 1sen θ 32 ) + 0,5 × 0,95 +
∆P3 :
+ V4 (0 cos θ 34 + 0,95 sen θ 34 )] = 0
∆P4 : − 0,8 − V4 [1,05(0 cos θ 41 + 1,8 sen θ 41 ) + 0,95(0 cos θ 43 + 0,95 sen θ 43 ) + 0V4 ] = 0
∆Q2 : − 0,2 − V2 [1,05(− 0,3 sen θ 21 − 2 cos θ 21 ) + 2,97V2 − 0,95(− 0,2 sen θ 23 − 1 cos θ 23 )] = 0
∆Q4 : − 0,4 − V4 [1,05(0 sen θ 41 − 1,8 cosθ 41 ) + V2 (0 sen θ 43 − 0,95 cosθ 43 ) + 2,62V4 ] = 0
( )
g (x ) = g x 0 +
( )(
1 ∂g x 0
x − x0 + )
1 ∂2 g x0 ( )(
2
x − x0 + … )
1! ∂x 2! ∂x 2
Desprezando-se todos os termos após a derivada primeira, isto é, aproximando-se a função g (x ) por uma
reta, conforme mostra a Figura IV.4, chega-se a:
( )
g (x ) ≈ g x 0 +
( )(
∂g x 0
x − x0 ) (IV.4)
∂x
A partir da expressão da aproximação linear (IV.4) é possível determinar o ponto x1 no qual o valor desta
( )
aproximação é nulo, ou seja, g x1 = 0 (vide Figura IV.4) da seguinte forma:
( ) ( )
g x1 = g x 0 +
∂g x( ) (x 0
1
)
− x0 = 0 (IV.5)
∂x
∂g x 0
x = x −
1 0 ( ) 0
−1
( )
gx
∂x
g(x)
Equação da reta tangente por x0:
gx( )0
( )
g (x ) = g x0 +
( )(
∂g x 0
)
x − x0
∂x
( ) (
g x1 = g x 0 + ∆x 0 ) Ponto no qual a reta
tangente por x0 é nula: x1
x1 x0 x
∆x = x − x
0 1 0
3
Embora a função seja de apenas uma variável x, adotou-se a notação de derivada parcial para facilitar a extensão para
o caso multidimensional.
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Análise de Sistemas de Potência (ASP)
( )(
+ ∆x 0
x 0 ∆x
0
( ) ( )
∂g x
)
0
g x =g x +
1 0
x − x0 = 0
1
∂x
( ) ( ) ( )
g x 0 + ∆x 0 = g x 0 +
∂g x 0
∂x
∆x 0 = 0 (IV.6)
∂g (x )
−1
g (x )
0
∆x = −
0 0
(IV.7)
∂x
onde x 0 é a aproximação inicial e x1 = x 0 + ∆x 0 uma primeira aproximação. Observar que x1 não é a
solução da equação inicial (IV.3) e sim a solução de uma aproximação linear dada por (IV.4). A solução da
equação (IV.3) é obtida repetindo-se este processo até que o módulo da função g (x ) esteja suficientemente
próximo de zero (dentro de uma tolerância definida). Isto sugere o seguinte algoritmo denominado método
de Newton-Raphson.
iv. ( ( ))
Linearizar a função g (x ) em torno do ponto xν , g xν . Isto se resume na determinação da seguinte
derivada – vide equação (IV.6):
( )
∂g xν
∂x
v. Calcular a correção ∆xν que resolve o problema linearizado (IV.6) – vide equação (IV.7):
ν ∂g xν
∆x = −
( )
ν
−1
( )
gx
∂x
vi. Determinar a nova estimativa de x passa a ser: xν +1 = xν + ∆xν
vii. Fazer ν = ν + 1 e voltar para o Passo (ii).
4
x em radianos.
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ν xν ( )
g xν
( )
∂g xν
∆xν
∂x
0 0 –2 2 1
1 1 –0,1585 1,5403 0,1029
2 1,1029 –0,0046 1,4510 0,0031
3 1,1061 –4,4×10-6 — —
Portanto, para uma tolerância ε = 0,001 , a solução x = 1,1061 foi obtida após 3 iterações, seguindo o
processo ilustrado na Figura IV.5.
1
-1
g(x)
-2
-3
-4
-1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2
x
Figura IV.5 – Processo de convergência para x 0 = 0 .
Observar que a escolha da solução inicial afeta o processo de convergência conforme pode ser comprovado
pela comparação entre os resultados obtidos com x 0 = 0 e com x 0 = 2 , quando foram necessárias 4
iterações (vide Tabela IV.8 e Figura IV.6).
ν xν ( )
g xν
( )
∂g xν
∆xν
∂x
0 2 0,9093 0,5838 –1,5574
1 0,4426 –1,1291 1,9036 0,5931
2 1,0357 –0,1040 1,5099 0,0689
3 1,1046 –0,0021 1,4495 0,0014
4 1,1061 –9,10×10-7 — —
-1
g(x)
-2
-3
-4
-1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2
x
Figura IV.6 – Processo de convergência para x 0 = 2 .
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Análise de Sistemas de Potência (ASP)
Uma variante do método de Newton-Raphson é obtida considerando-se a derivada constante, isto é, o Passo
(iv) do algoritmo é realizado uma única vez, na primeira iteração quando ν = 0 :
( )
∂g xν
=
( )
∂g x 0
∂x ∂x
Utilizando-se derivada constante, em geral, o número de iterações (para uma tolerância definida) é maior que
no método de Newton original, mas cada uma das iterações se torna mais rápida pois não é necessário
recalcular a derivada.
Exemplo IV.6 – Utilizando o método de Newton-Raphson com derivada constante (Von Mises), determinar
a solução para a equação x = 2 − sen x , considerando uma tolerância ε = 0,001 .
Solução Exemplo IV.6: Considerando uma solução inicial x 0 = 0 obtêm-se os resultados mostrados na
Tabela IV.9.
ν xν ( )
g xν
( )
∂g xν
∆xν
∂x
0 0 –2 2 1
1 1 –0,1585 2 0,0793
2 1,0793 –0,0391 2 0,0196
3 1,0988 –0,0105 2 0,0052
4 1,1041 –0,0029 2 0,0014
5 1,1055 –0,0008 — —
Portanto, para uma tolerância ε = 0,001 , x = 1,1055 . Como esperado, com a utilização de derivada
constante, foi necessário realizar um número maior de iterações (5 ao invés de 3).
Exercício IV.1 – Utilizando os métodos de Newton-Raphson e de Von Mises, determinar, com uma
tolerância ε = 0,001 , o valor de x tal que e x = sen x − 3 x 2 + 5 .
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Análise de Sistemas de Potência (ASP)
∂x1 ∂x 2 ∂x n
( ) ν ( )
∂g 2 xν ( )
∂g 2 x
ν
∂g 2 x
ν
( )
( )
J xν =
∂g x
∂x
= ∂x
1 ∂x 2
⋯
∂x n
⋮ ⋮ ⋱ ⋮
( )
∂g n xν ( )
∂g n x
ν
⋯
∂g n x
ν
( )
∂x1 ∂x 2 ∂x n
v. Calcular a correção ∆xν que resolve o problema linearizado:
ν
∆x = − J x[ ( )] g (x )ν −1 ν
[ ( )] −1 ∆x1ν
ν
(x )
ν
ν ν − J x
x2 g2 ∆xν2
0 –1 − 0,6 0,1 0,9
0
3 3 0,2 − 0,2 –0,8
0,9 0 − 0,647 0,147 0,094
1
2,2 0,64 0,294 − 0,294 –0,188
0,994 0 − 0,665 0,165 0,00586
2
2,012 0,0354 0,331 − 0,331 –0,0117
0,999977 0
3 — —
2,000046 0,000137
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Análise de Sistemas de Potência (ASP)
Solução Exemplo IV.7 (continuação): Observar que a partir da primeira iteração a função g1 x passa ( )
ν
a apresentar valor nulo. Isto ocorre porque a aproximação linear empregada para representar esta função
corresponde à própria função pois esta é de primeira ordem nas variáveis x1 e x2 .
Exemplo IV.8 – Utilizando o método de Von Mises, determinar a solução do sistema de equações do
exemplo anterior.
Solução Exemplo IV.8: Considerando uma solução inicial x10 = 0 e x20 = 3 obtêm-se os resultados
mostrados na Tabela IV.11.
Tabela IV.11 – Resultados parciais do processo iterativo – método de Von Mises n-dimensional.
x1ν g1 x ( )
ν
[ ( )] −1 ∆x1ν
ν
(x )
ν
ν ν − J x
x2 g2 ∆xν2
0 –1 − 0,6 0,1 0,9
0
3 3 0,2 − 0,2 –0,8
0,9 0 − 0,6 0,1 0,064
1
2,2 0,64 0,2 − 0,2 –0,128
0,964 0 − 0,6 0,1 0,00221
2
2,072 0,2212 0,2 − 0,2 –0,0442
0,9861 0 − 0,6 0,1 0,0084
3
2,0278 0,08406 0,2 − 0,2 –0,0168
0,99452 0 − 0,6 0,1 0,0033
4
2,01095 0,03297 0,2 − 0,2 –0,0066
0,99782 0 − 0,6 0,1 0,00131
5
2,00436 0,01309 0,2 − 0,2 –0,00262
0,99913 0 − 0,6 0,1 0,00052
6
2,00174 0,00522 0,2 − 0,2 –0,00104
0,99965 0 − 0,6 0,1 0,00021
7
2,00069 0,00208 0,2 − 0,2 –0,00042
0,99986 0
8 — —
2,00028 0,000834
Exercício IV.2 – Utilizando os métodos de Newton-Raphson e de Von Mises, determinar, com uma
tolerância ε = 0,001 , a solução do seguinte sistema de equações:
x 2 + 3xy = 4
xy − 2 y 2 = −5
O método de Newton-Raphson é aplicado para a resolução do Subsistema 1 (S1) sendo dado por:
∆ P = P esp − P (V , θ ) = 0 ∆Pk = Pkesp − Pk (V , θ ) = 0 k ∈ {barras PQ e PV}
(S1) = ⇒ (IV.9)
∆Q = Q − Q (V , θ ) = 0 ∆Qk = Qk − Qk (V ,θ ) = 0 k ∈ {barras PQ}
esp esp
De acordo com o algoritmo de Newton-Raphson deseja-se determinar o vetor das correções ∆ x , o que exige
a resolução do sistema linear dado por:
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Análise de Sistemas de Potência (ASP)
gx( ) = − J (x )∆ x
υ υ υ
⇒ ν
∆x = − J x [ ( )] g (x )
ν −1 ν
onde
∆ Pυ
( ) υ
g x = υ
← PQ + PV
← PQ
∆Q
υ θ υ ← PQ + PV υ ∆θ υ ← PQ + PV
x = υ ∆x = υ
V ← PQ ∆V ← PQ
υ
∂ (∆ P ) ∂ (∆ P )
∂ g (x )
υ ← PQ + PV
J (x ) =
υ ∂θ ∂V
=
∂x
∂ ∆Q ( ) ( )
∂ ∆Q
← PQ
∂θ ∂V
↑ ↑
PQ + PV PQ
Considerando as expressões dos vetores ∆ P e ∆Q e que P
esp esp
e Q são constantes, a matriz Jacobiana
pode ser rescrita da seguinte maneira:
∂ P (V ,θ ) ∂ P(V ,θ )
υ
∂θ ← PQ + PV
∂V
( )
J x
υ
= −
∂Q (V ,θ ) ∂Q(V ,θ )
← PQ
∂θ ∂V
↑ ↑
PQ + PV PQ
sendo as submatrizes representadas por:
∂ P(V ,θ ) ∂ P (V ,θ ) ∂Q (V ,θ ) ∂Q (V ,θ )
H= N= M= L=
∂θ ∂V ∂θ ∂V
Assim, a equação que define a aplicação do método de Newton ao fluxo de carga fica sendo:
∆ Pυ H N υ ∆θ υ
υ= υ (IV.10)
∆Q M L ∆V
Considerando que:
Pk = Vk Vm (Gkm cosθ km + Bkm sen θ km ) =
∑
m∈K
= Vk2 G kk + Vk ∑V (G
m∈Ω k
m km cosθ km + Bkm sen θ km )
Qk = Vk ∑ (
m∈K
θ
Vm Gkm sen km − Bkm cos km = θ )
= − Vk2 Bkk + Vk ∑ (
Vm Gkm sen km − Bkm
m∈Ω k
θ cosθ km )
∂Pk
H= H kl = = Vk Vl (Gkl sen θ kl − Bkl cosθ kl ) l ∈ Ωk
∂θ ∂θ l
H kl = 0 l ∉ Ωk
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Análise de Sistemas de Potência (ASP)
∂Pk
N kk = ∂V = 2Vk Gkk + Vm (Gkm cosθ km + Bkm sen θ km )
∑
k m∈ Ω
∂ P(V ,θ )
k
∂Pk
N= N kl = = Vk (Gkl cosθ kl + Bkl sen θ kl ) l ∈ Ωk
∂V ∂Vl
N kl = 0 l ∉ Ωk
∂Qk
M kk = ∂θ = Vk Vm (Gkm cosθ km + Bkm sen θ km )
∑
k m ∈Ω
∂Q(V ,θ )
k
∂Qk
M= M kl = = −Vk Vl (Gkl cosθ kl + Bkl sen θ kl ) l ∈ Ωk
∂θ ∂θ l
M kl = 0 l ∉ Ωk
∂Qk
Lkk = ∂V = −2Vk Bkk + Vm (Gkm sen θ km − Bkm cosθ km )
∑
k m ∈Ω
∂Q(V ,θ )
k
∂Qk
L= Lkl = = Vk (Gkl sen θ kl − Bkl cosθ kl ) l ∈ Ωk
∂V ∂Vl
Lkl = 0 l ∉ Ωk
Assim, os passos a serem executados para solução do fluxo de carga pelo método de Newton são os
seguintes:
( υ υ
)
solução V ,θ ; caso contrário, continuar.
iv. Calcular a matriz Jacobiana:
(
υ υ
J V ,θ = − ) (
H V υ ,θ υ N V υ , θ υ ) ( )
υ
M V ,θ
υ υ
(
L V ,θ
υ
) ( )
v. Determinar a nova solução V ( υ +1
,θ
υ +1
) , onde:
υ +1 υ υ
θ = θ + ∆θ
υ +1 υ υ
V = V + ∆V
υ υ
sendo ∆V e ∆θ obtidos com a solução do seguinte sistema linear:
(
∆ Pυ H V υ ,θ υ N V υ ,θ υ ∆θ υ
υ=
) ( ) υ
υ
∆Q M V ,θ
υ υ
( υ υ
L V ,θ ∆V ) ( )
vi. Fazer υ = υ + 1 e voltar para o Passo (ii).
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Após a determinação do fasor tensão de todas as barras, a solução do Subsistema 2 (S2) é trivial, sendo
obtida através das expressões:
Pk = Vk Vm (Gkm cosθ km + Bkm sen θ km )
∑ k = {barra de referência}
(S2) = m∈K
(IV.11)
Qk = Vk Vm (Gkm sen θ km − Bkm cosθ km )
∑ k ∈ {barras PV e referência}
m∈K
Exemplo IV.9 – Utilizando o método Newton, determinar a solução do problema do fluxo de carga
correspondente ao sistema elétrico de duas barras utilizado no Exemplo IV.1, considerando uma tolerância
ε P = ε Q = 0,001 .
∂ P(V ,θ ) ∂P
N= = N 22 = 2 = 2V2G22 + Vm (G2 m cos θ 2 m + B2 m sen θ 2 m ) = 2V2 G22 + V1 (G21 cos θ 21 + B21 sen θ 21 )
∑
∂V ∂V2 m∈Ω 2
∂Q(V ,θ ) ∂Q2
M= = M 22 = = V2 ∑ Vm (G2 m cosθ 2 m + B2 m sen θ 2 m ) = V2V1 (G21 cosθ 21 + B21 sen θ 21 )
∂θ ∂θ 2 m∈Ω 2
∂Q (V ,θ ) ∂Q2
L= = L22 = = −2V2 B22 + Vm (G2 m sen θ 2 m − B2 m cosθ 2 m ) = −2V2 B22 + V1 (G21 sen θ 21 − B21 cosθ 21 )
∑
∂V ∂V2 m∈Ω 2
Levando em conta a matriz admitância da rede (já calculada na solução do Exercício IV.1), e os valores
especificados para V1 = V1esp = 1 pu e θ1 = θ1esp = 0 rad , têm-se os seguintes elementos:
H 22 = V2 (0,9901senθ 2 + 9,9010 cosθ 2 )
N 22 = 1,9802V2 + (− 0,9901cosθ 2 + 9,9010 sen θ 2 )
M 22 = V2 (− 0,9901cosθ 2 + 9,9010 sen θ 2 )
L22 = 19,802V2 + (− 0,9901sen θ 2 − 9,9010 cosθ 2 )
Neste caso, como a matriz Jacobiana é dada por:
H N
J = − 22 22
M 22 L22
então sua inversa é dada por:
−1
−1 H N 22 −1 L22 − N 22
J = − 22 = − M
M 22 L22 H 22 L22 − N 22 M 22 22 H 22
Considerando uma solução inicial θ 20 = 0 rad e V20 = 1 pu , obtêm-se os resultados mostrados na Tabela
IV.12. Portanto, para uma tolerância ε P = ε Q = 0,001 , a solução do Subsistema 1 é dada por:
V2 = 0,9461 pu e θ 2 = −0,0804 rad = −4,61 , mesmo valor obtido na solução do Exemplo III.1.
Na Tabela IV.12 é importante observar os valores obtidos nas submatrizes que constituem o Jacobiano.
Enquanto os elementos das submatrizes H e L possuem maior valor absoluto e apresentam variações
pequenas ao longo do processo iterativo, os elementos das submatrizes N e M possuem menor valor absoluto
e variam de forma significativa.
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Análise de Sistemas de Potência (ASP)
Os resultados mostrados na Tabela IV.12, foram obtidos executando-se a seguinte rotina em MATLAB.
% disponivel em: http://slhaffner.phpnet.us/sistemas_de_energia_1/exemplo_VII_9.m
clear all;
saida=fopen('saida.txt','w');
p2=-0.8; q2=-0.4;
v1=1; t1=0;
v2=1; t2=0;
x=[t2; v2];
G11=0.9901; G12=-0.9901;
G21=-0.9901; G22=0.9901;
B11=-9.901; B12=9.901;
B21=9.901; B22=-9.901;
for k=0:5,
dp2=p2-v2*(v1*(G21*cos(t2)+B21*sin(t2))+G22*v2);
dq2=q2-v2*(v1*(G21*sin(t2)-B21*cos(t2))-B22*v2);
gx=[dp2; dq2];
h22=v2*v1*(-G21*sin(t2)+B21*cos(t2));
n22=2*v2*G22+v1*(G21*cos(t2)+B21*sin(t2));
m22=v2*v1*(G21*cos(t2)+B21*sin(t2));
l22=-2*v2*B22+v1*(G21*sin(t2)-B21*cos(t2));
Jac=-[h22 n22
m22 l22];
Jac1=-inv(Jac);
dx=Jac1*gx;
y=[k x(1) gx(1) Jac(1,1) Jac(1,2) Jac1(1,1) Jac1(1,2) dx(1)];
fprintf(saida,'%2.0f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f\n',y);
y=[x(2) gx(2) Jac(2,1) Jac(2,2) Jac1(2,1) Jac1(2,2) dx(2)];
fprintf(saida,' %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f %8.4f\n\n',y);
x=x+dx;
t2=x(1);
v2=x(2);
end
p1=v1*(v2*(G12*cos(-t2)+B12*sin(-t2))+G11*v1);
q1=v1*(v2*(G12*sin(-t2)-B12*cos(-t2))-B11*v1);
y=[p1 q1];
fprintf(saida,'%8.4f %8.4f',y);
fclose(saida);
Por outro lado, o Subsistema 2 corresponde ao cálculo da injeção de potência na barra de referência:
P1 = V1 Vm (G1m cos θ1m + B1m sen θ1m )
∑
(S2) = m∈K1
Q
1 = V 1 ∑ Vm (G1m sen θ1m − B1m cos θ1m )
m∈K1
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