Você está na página 1de 15

Brazilian Journal of Development 95838

Estimativa do desgastes das pás do rotor de bomba centrífuga, decorrente da


abrasão de sedimento: estudo de caso de rotores fabricados em aço SAE 8620

Estimation of centrifugal pump rotor blade wear due to sediment abrasion: case
study of steel made rotors SAE 8620
DOI:10.34117/bjdv6n12-175

Recebimento dos originais: 08/11/2020


Aceitação para publicação: 08/12/2020

Rodrigo Otávio Peréa Serrano


Grupo De Pesquisa: Hidrologia, Meio Ambiente e Geografia dos Riscos da Universidade Federal do
Acre (UFAC), Rodovia BR 364, Km 04 - Distrito Industrial, Rio Branco - AC, CEP: 69920-
900,Brasil
E-mail: ropereas@gmail.com

Ana Leticia Pliz de Castro


Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), R. Diogo de
Vasconcelos, 122, Pilar, Ouro Preto-MG, CEP: 35400-000, Brasil
E-mail: analetciapilz@gmail.com

José Genivaldo do Vale Moreira


Grupo De Pesquisa: Hidrologia, Meio Ambiente e Geografia dos Riscos da Universidade Federal do
Acre (UFAC), Rodovia BR 364, Km 04 - Distrito Industrial, Rio Branco - AC, CEP: 69920-
900,Brasil
E-mail: genivaldoufac@gmail.com

Anderson Azevedo Mesquita


Grupo De Pesquisa: Hidrologia, Meio Ambiente e Geografia dos Riscos da Universidade Federal do
Acre (UFAC), Rodovia BR 364, Km 04 - Distrito Industrial, Rio Branco - AC, CEP: 69920-
900,Brasil
Brasil.
E-mail: amgeoufac@hotmail.com

Edwin Andrés Mancilla Rico


Centro de Pesquisas Hidráulicas e Recursos Hídricos da Universidade Federal de Minas Gerais
(CPH/UFMG), Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 - Pampulha, Belo Horizonte - MG, CEP: 31270-901
Brasil
E-mail: ing.andresmancilla@hotmail.com

Edna Maria de Faria Viana


Centro de Pesquisas Hidráulicas e Recursos Hídricos da Universidade Federal de Minas Gerais
(CPH/UFMG), Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 - Pampulha, Belo Horizonte - MG, CEP: 31270-901,
Brasil.
E-mail: ednamariafaria@bol.com.br

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.12, p.95838-95852 dec. 2020. ISSN 2525-8761


Brazilian Journal of Development 95839

Maria Aparecida Pinto


Departamento de Engenharia Metalúrgica (UFOP), R. Diogo de Vasconcelos, 122, Pilar, Ouro Preto-
MG, CEP: 35400-000, Brasil
E-mail: mariap06@gmail.com

Carlos Barreira Martinez


Instituto de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), Av. B P S, 1303,
Pinheirinho, Itajubá - MG, CEP: 37500-903, Brasil
E-mail: martinez@cce.ufmg.br

RESUMO
Apesar dos cuidados especiais quanto a escolha do material de fabricação das bombas, o desgaste por
abrasão do rotor é praticamente impossível de ser totalmente evitado. Este trabalho analisa a dinâmica
dos desgastes erosivo e abrasivo em pás de rotor de bombas centrífugas, utilizadas em Estação
Elevatórias de Água Bruta (EEAB), instaladas em rios sedimentares. Sugere-se a realização de teste de
desgastes em abrasometro de esfera rotativa, utilizando como abrasivo, sedimentos coletados do
processo de bombeamento. Apresenta-se também uma descrição do abrasometro e dos procedimentos
utilizados para se medir o desgaste causado pelo impacto dos sedimentos sobre as pás das bombas. A
partir dos resultados obtidos nos testes, determinou-se possíveis reduções da velocidade rotacional que
se deve aplicar a bomba com o objetivo de aumentar sua vida útil. Além disso, observou-se que o
desgaste dos rotores de bombas centrífugas é intensificado com o aumento da concentração de
sedimentos e que as formas semi-arredondadas dos sedimentos podem causar micro aração por
sulcamentos.

Palavras-chave: Efeito abrasivo, rotação, desgaste.

ABSTRACT
Despite the special care of the choice of pump material, abrasive wear of the rotor is practically
impossible to completely avoid. Este trabalho analisa a dinâmica do desgaste erosivo e abrasivo nas
lâminas do rotor da bomba centrífuga, utilizadas nas Estações Grossistas de Abastecimento de Água
(EEAB), instaladas em rios sedimentares. It is suggested to perform a wear test on a rotating ball
abrasometer, using as an abrasive, sediments collected from the pumping process. A description of the
abrasometer and the procedures used to measure the wear caused by the impact of sediment on the
impeller blades of the pumps is also presented. From the results obtained in the tests, possible
reductions in the rotational speed that the pump should be applied with the aim of increasing its useful
life were determined. In addition, it was observed that the wear of the impeller of the centrifugal pumps
is intensified with the increase of the concentration of sediments and that the semi-rounded shapes of
the sediments can cause micro-plowing by furrows.

Keywords: Abrasive effect, rotation, wear.

1 INTRODUÇÃO
As Estações Elevatórias de Água Bruta (EEAB), instaladas em rios de água branca da região
amazônica, sofrem desgastes do rotor decorrente da variação da carga de sedimento que desce pelos

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.12, p.95838-95852 dec. 2020. ISSN 2525-8761


Brazilian Journal of Development 95840

rios ao longo do ano. Esse desgaste provoca perda de eficiência e comprometimento do funcionamento
do equipamento (Serrano et al., 2018). Neste estudo, considerou-se a concentração da carga de
sedimentos bombeados pela EEAB da Estação de Tratamento de Água (ETA) da cidade de Rio Branco-
AC.
Em uma revisão preliminar da literatura, verificou-se que aproximadamente 30% dos
sedimentos do rio Acre apresentam granulometria que varia de 30 a 45 micras, com concentrações
variando entre 38mg/L a 840mg/L (Carvalho et al., 2008). Em trabalho recente, em que se analisou a
granulometria das partículas bombeadas pela EEAB, verificou-se maior concentração de partículas
entre 50 e 100 micras, com possível influência do efeito turbulento no bocal de sucção
(Serrano et al., 2016). Em relação ao desgaste, os sulcos na superfície dos rotores das bombas
decorrente do impacto das partículas e identificaram aumento da distorção dos sulcos em função do
aumento do diâmetro das partículas (Xing et al., 2009).
As cargas de sedimentos que descem nos rios amazônicos, são provenientes dos processos
erosivos ao logo da rede hidrográfica e são transportados até os oceanos na forma dissolvida ou em
suspenção. Além disso, a variação da carga de sedimento pode ser influenciada pela variação da
precipitação, do clima e pelas atividades humanas. As maiores taxas de erosão são observadas nas
bacias hidrográficas situadas na faixa tropical e particularmente naquelas que drenam cadeias de
montanha ativas, como as cadeias Andinas (Filizola and Guyot, 2011).
Sabe-se, que apesar dos cuidados especiais quanto à escolha do material de fabricação dos
rotores, o desgaste por abrasão e erosão é praticamente impossível de ser evitado totalmente (Coiado e
Nogueira, 1989). Diante dessas questões, surgiu a necessidade de se estudar com mais atenção as
regiões de maior vulnerabilidade ao desgaste em função do sedimento e o material utilizado na
fabricação de rotores.
Callister Jr. (2002), relatou a importância de investigar as correlações existentes entre estrutura
e propriedades de materiais, para determinar um conjunto predeterminado de propriedades desse
material. O autor, também relata, a importância da Engenharia de Materiais para a indústria, nos
diversos setores da economia.
Já Askland et al. (2010), considera que a relação entre estrutura, propriedade e processamento
determinam a função do material e o ciclo de vida esperado para o produto, e que uma mudança na
estrutura mudará a propriedade e o processamento.
Para entender o sistema de desgaste de um material em contato com outro, é importe conhecer
os processos tribológicos, responsáveis por estudar as interações de superfícies em movimento relativo

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.12, p.95838-95852 dec. 2020. ISSN 2525-8761


Brazilian Journal of Development 95841

(Hutchings, 1992). Tal interação deve levar em consideração o atrito, o desgaste e a lubrificação, tendo
em vista o interesse econômico, científico e tecnológico em minimizar o desgaste. O desgaste é a
principal causa da perda material e do desempenho mecânico, enquanto o atrito é a principal causa do
desgaste e da dissipação de energia.
O atrito e o desgaste dependem das propriedades da superfície do material e da sua forma, sendo
que, devido à interação das superfícies, estas propriedades podem mudar. Aliado a isso, outro fator
importante, é as características do agente abrasivo: o tamanho, morfologia e estrutura das partículas de
desgaste que agem na interface entre os materiais. Tais informações são muito importantes para estudar
fenômenos de desgaste de superfície (Upadhyay e Kumaraswamidhas, 2014; Serrasno et al.).
Segundo a norma ASTM G40 (2015), o desgaste é a perda progressiva de matéria da superfície
de um corpo sólido devido ao contato e movimento relativo com um outro corpo sólido, líquido ou
gasoso. Já a norma DIN 50320 (1979), apresenta definição parecida e destaca quatro principais tipos
de mecanismos de desgaste, que são: desgaste adesivo, desgaste abrasivo, desgaste por fadiga de
superfície e desgaste por reação triboquímica, sendo que o desgaste, pode ter à ação de mais de um
mecanismo, dependendo da condição de contato e da geometria da das superfícies.
O volume de desgaste pode ser calculado pela equação (1) (Archard and Hirst, 1956), que é
diretamente proporcional à carga normal e a distância de movimento e inversamente proporcional à
dureza do material.

"
! =# %&%' (1)
$

Onde:
Qw – Volume do material removido [m³];
k – Coeficiente de desgaste
Hm – Dureza do material [N/mm²];
F – Carga normal aplicada [N]
S - Distância de deslizamento [m]

O desgaste também poder se determinado por testes em tribossistemas, onde parâmetros como
propriedades da superfície, composição química do material, distância de deslizamento, velocidade e
carga aplicada, devem ser analisados para uma melhor compreensão dos mecanismos de desgaste.
O desgaste erosivo ocorre quando partículas em um fluido deslizam a uma velocidade relativa
a superfície. Cada partícula que entra em contato com a superfície corta uma pequena partícula da
superfície onde entrou em contato. Individualmente, cada partícula removida é insignificante, mas um
grande número de partículas removidas durante um longo período de tempo pode acarretar diferentes
graus de erosão (DIM, 1979). O desgaste erosivo pode ser esperado em rotores de bombas e turbinas,

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.12, p.95838-95852 dec. 2020. ISSN 2525-8761


Brazilian Journal of Development 95842

ventiladores, linhas de vapor e bocais, no interior de curvas acentuadas em tubos e tubulações, e áreas
semelhantes onde existe um movimento relativo considerável entre o metal e as partículas.
Nesse sentindo, este artigo avalia a resistência ao desgaste do aço SAE 8620 em função da
concentração de sedimentos bombeados e estima matematicamente o desgaste para diferentes rotações
de bomba.

2 METODOLOGIA
Considerando a existência de diferentes modelos de bombas centrifugas, optou-se pela
determinação das características construtivas de um rotor de projeto, para atender a demanda de 300
L/s, a uma altura manométrica de 25 m, trabalhando com uma rotação de 1180 rpm, seguindo a
metodologia descrita por Macintyre (2013). As determinações das características construtivas do rotor
seguirão a proposta descrita por Palomino (2017), que desenvolveu um algoritmo computacional que
correlaciona as principais características de dimensionamento de um rotor de bomba centrifuga, em
função da vazão (Q), altura manométrica (H), e rotação do sistema moto bomba (n), ou seja, em função
da rotação especifica (nq), dada pela equação (2).

"#/$
!= %&/'
(2)

Em seguida, determinou-se a velocidade relativa que o fluido em ralação as pás na entrada e


saída do rotor. Essa velocidade foi utilizada para o cálculo da força de arrasto abrasivo em função da
velocidade relativa, descrita na equação (3) (Fox, 2006).

*+.,.-$ .0
() = (3)
$
Onde:
FD – Força de arrasto abrasivo [N];
Cd – Coeficiente de arrasto;
ρ – Densidade do fluido [kg m-3];
V – Velocidade do fluido [m s-1];
A – Área [m²]

Considerando que o fluxo é laminar na entrada da pá, passando para turbulento no decorrer da
passagem, optou-se pela utilização da equação (4), para o cálculo do coeficiente de arrasto
(FOX, 2006):

","#$% -#$"
! = &'(",%) * +
&'
(4)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.12, p.95838-95852 dec. 2020. ISSN 2525-8761


Brazilian Journal of Development 95843

Já o número de Reynolds (Re) é uma relação entre forças de inercia e força viscosa (equação 5)
!"
!=
#
(5)

Onde:
D – Comprimento do deslocamento do fluido [m];
V – Velocidade do fluido [m s-1]
v - Viscosidade cinemática [m² s-1]

2.1 ENSAIOS TRIBOLOGICOS


Conhecer o tipo de desgaste sofrido pela superfície do material, através de um método
reprodutível e bem caracterizado, é importante para sua avaliação e replicação. Neste âmbito, o ensaio
de desgaste por micro abrasão ou ensaio de desgaste do tipo de esfera-sobre-placa tem-se mostrado
como uma técnica muito eficiente na avaliação do desgaste abrasivo de superfícies (Cozza et al., 2015;
Santos et al., 2015; Serrano et al., 2018).
Neste ensaio, a amostra é pressionada, pelo carregamento de um peso inoperante, contra uma
esfera de aço em rotação. Uma suspensão abrasiva é gotejada na interface de desgaste (Figura 1). Após
a esfera percorrer uma distância relativa de180m, tem-se a impressão da calota de desgaste, devido à
perda do material no contato esfera-amostra e sob a ação do abrasivo (Allsopp and Hutchings, 2001;
Colaço, 2001).

Figura 1. Diagrama esquemático do dispositivo de ensaio de micro abrasão (Santos, 2015)

A caracterização dos mecanismos de desgaste é realizada de acordo com as deformações


observadas na superfície de desgaste das amostras, nas várias condições de ensaio. O processo
dominante é controlado pela natureza do movimento das partículas abrasivas na região de contato das
duas superfícies, podendo ser por sulcamento ou rolamento.
As equações que permitem calcular o coeficiente de desgaste, a partir do volume de material
removido em ensaios com esfera rotativa sobre placa foram inicialmente estabelecidas por Kassman et

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.12, p.95838-95852 dec. 2020. ISSN 2525-8761


Brazilian Journal of Development 95844

al. (1991). Posteriormente, Rutherford et al. (1997) generalizaram essas equações para o caso de
amostras planas e curvas e para o cálculo do coeficiente de desgaste de filmes independentemente do
substrato.
Após a realização dos ensaios de desgaste, o cálculo do coeficiente de desgaste se baseia na
leitura do diâmetro médio da calota (Dc) formada pelo desgaste seguida da aplicação das equações (6),
(7), (8) e (9) apresentadas a seguir. Essas leituras foram realizadas usando um microscópio de varredura
eletrônica (MEV), conforme apresentado na figura (5).

#$ !
Volume do material removido (Qw) ! =" (6)
"!. #
Distância teórica percorrida (S) $ = %. &. #. '; (7)
(*
Taxa teórica de desgaste (QT) () = (8)
$
()
Coeficiente de desgaste do material (K) += (9)
,'

Onde:
Dc – Diâmetro da calota de desgaste [m];
R – Raio da esfera [m];
π – Pi [3.14159265359];
n – Número de rotações da esfera;
Fn – Força normal aplicada a superfície da amostra [N]

2.2 AQUISIÇÃO E PREPARO DAS AMOSTRAS DE LIGAS METÁLICAS


Considerando a dificuldade de aquisição de amostras genuínas das ligas metálicas junto aos
fabricantes, foram adquiridas junto as empresas de varejo de blocos metálicos para usinagem, três
amostras de Aço SAE 8620. As amostras foram lixadas, polidas e limpas. A operação de lixamento
teve como objetivo eliminar riscos e marcas mais profundas da superfície, preparando a peça para o
polimento. Para este trabalho optou-se pela técnica de lixamento manual, onde as amostras são lixadas
com granulometria que variando de #100 para #1200, mudando-se a direção em 90º em cada mudança
de lixa, tomando o cuidado de mudar a lixa apenas quando os traços do lixamento anterior na peça
desaparecerem (Figura 2) (Rohde, 2010).

Figura 2. Representação esquemática do método de lixamento (Rohde, 2010)

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.12, p.95838-95852 dec. 2020. ISSN 2525-8761


Brazilian Journal of Development 95845

Após lixamento, as amostras passaram pelo procedimento de polimento com alumina de 1µm
concentrada, seguido por polimento com pasta de diamante de 1 µm e 0,25 µm para acabamento
superficial isento de marcas. O procedimento foi realizado por processo mecânico em Politriz de
velocidade variável de bancada, com adição de alumina na concentração de 10% (Figura 3).

Figura 3. Polimento das amostras em politriz de bancada (Serrano, 2017)

Em seguida as amostras foram lavadas em água corrente para eliminação dos vestígios dos
abrasivos, seguida da aplicação de álcool etílico para facilitar a secagem. Em seguida foi separado uma
amostra para passar pela análise metalógrafa e estudo das microestruturas (Serrano, 2017).

2.3 PREPARO DOS ABRASIVOS


As amostras de sedimento foram diluídas em água destilada para homogeneização, em 3
concentrações diferentes 0,1%, 0,2%, 0,3%, (1g/L; 2g/L; e 3g/L respectivamente). Para obtenção da
distribuição granulométricas dos tamanhos das partículas do sedimento, utilizou-se a análise
combinada do método de sedimentação e peneiramento, conforme a NBR 7181 de dezembro de 1984,
que leva em consideração as normas NBR 5734 (Especificações - peneira para ensaio); NBR 6457
(Método de ensaio - Preparação de amostras de solo para ensaio normal de compactação e ensaios de
caracterização); e NBR 6508 (Método de ensaio – Grão de solos que passam na peneira 4,8mm –
determinação da massa especifica).
A morfologia da partícula é o resultado do transporte de diferentes agentes da rocha do seu local
original para locais de deposição, sendo que a forma final do seixo é influenciada pelo rigor do
transporte, esfoliação, mudanças de temperatura e etc. (Rodrigues et al., 2013).

2.4 ESTIMATIVA DO DESGASTE DO ROTOR


A estimativa do desgaste do rotor foi realizada com base na equação de Archard and Hirst
(1956). Considerando que, o coeficiente de degaste (k) apresentado na equação (1) é uma constante
adimensional que será dividida pela dureza do material desgastado e que, o (K) apresentado na equação

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.12, p.95838-95852 dec. 2020. ISSN 2525-8761


Brazilian Journal of Development 95846

(9), se refere a um coeficiente de desgaste especifico para um material em função de um abrasivo


especifico, realizou-se o seguinte ajuste na equação (Serrano et al., 2018):

= !"!# (10)

Se considerarmos a velocidade relativa da água passando por uma determinada área da pá do


rotor, pode-se estimar uma distância relativa, como se essa pá tivesse sendo arrastada em um fluido
conforme a equação (11) (Serrano et al., 2018).

#= $!% (11)

A força F considerada nesta análise, foi calculada pela equação (3) da força de arrasto abrasivo
(FD) que ocorre em uma determinada região da pá de 1cm².

3 RESULTADOS DISCUSSÃO
A amostra de Aço SAE 8620, passou por tratamento de tempera e revenimento, alcançando
uma dureza na ordem de 80 HRA. Na tabela 01 são apresentados os resultados das analise químicas
realizadas por espectrômetro de absorção atômica por plasma indutivamente acoplado.

Tabela 1. Composição química do Aço SAE 8620


Fe C Mn P S Si Cu
Aço
97,5 0,734 0,531 0,0150 0,0352 0,216 0,0677
SAE
Cr Ni Mo Co Al V
8620
0,242 0,446 0,0968 0,0112 0,0376 <0,0050

A dureza é uma propriedade importante para caracterização das amostras sujeitas ao ensaio de
desgaste, nesta pesquisa optou-se por determinar a dureza ao longo da seção transversal da amostra
utilizada nos ensaios.
A análise metalográfica, mostrou que a liga utilizada no ensaio, apresenta estruturas acirculares
agulhares de martensita e grande quantidade de poros.
As partículas abrasivas utilizadas nos ensaios (Figura 4), apresentaram 60% da granulometria
variando de 0,075mm a 0,420mm, 1,36% com granulometria superior a 0,420mm e o restante, 40,35%
com granulometria abaixo de 0,075mm, com uma D50 de 0,097 mm. Sendo 74% da amostra composta
por areia, 16% por Silte e 10% por argila.

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.12, p.95838-95852 dec. 2020. ISSN 2525-8761


Brazilian Journal of Development 95847

Figura 4.Morfologia dos sedimentos erosivos presentes nas águas do Rio Acre, tanque de desarenação da ETA II.

Observando a figura (5 e 6), verificou-se evolução das calotas em função do aumento da


concentração de sedimento, demostrando o rigor do efeito abrasivo dos sedimentos. Também foi
identificado que o padrão de desgaste predominante é por sulcamento, sem emproamentos nas bordas
dos sulcos, justificável pela baixa concentração de sedimento (<18%) (Cozza et al., 2015;
Serrano et al., 2018), não apresentado deformação plástica.

Figura 5. Calota formada após os ensaios com 3N, nas concentrações de 3g de sedimento por 1000 ml

Os resultados experimentais obtidos na relação erosão-concentração apresentados na figura (6),


indicam que a taxa de erosão, dentro dos intervalos de concentração estudados, é diretamente

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.12, p.95838-95852 dec. 2020. ISSN 2525-8761


Brazilian Journal of Development 95848

proporcional à concentração. Ao mesmo tempo, os resultados também mostram que a intensidade da


erosão, cresce mais devagar em comparação com o crescimento da concentração da matéria abrasiva
(Duan and Karelin, 2012; Serrano et al.,2018)

Figura 6. Variação do coeficiente de desgaste especifico em função da concentração de sedimento.

Agora, se consideramos a possibilidade da redução de até 20% da rotação da bomba


(Serrano et al., 2018) em situações de maior concentração de sedimento, pode-se reduzir a velocidade
relativa da água em relação as pás do rotor, reduzindo o atrito e o desgaste do rotor.
Vale lembrar, que a resistência ao desgaste abrasivo de um material, pode indicar que o material
e menos susceptível a impactos (Minatto et al. 2020), devendo-se sempre considerar a aplicação do
matéria , antes de determinar o tratamento do material.

Figura 7. Variação do desgaste em função da rotação da bomba em um cm²

4 CONCLUSÕES
· O desgaste dos rotores de bombas centrifugas, são intensificados com o aumento da concentração
de sedimentos abrasivos, podendo causar o aumento da vibração no conjunto, reduzindo seu
rendimento.

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.12, p.95838-95852 dec. 2020. ISSN 2525-8761


Brazilian Journal of Development 95849

· A análise demostra a vulnerabilidade da liga metálica utilizada na fabricação de rotores sem


revestimento ao efeito abrasivo.
· As formas semi-arredondadas dos sedimentos produziram evidências de micro aração por
sulcamento.
· A análise matemática demostrou a diminuição do desgaste, decorrente da redução da rotação da
bomba

AGRADECIMENTOS
Os autores manifestam seus agradecimentos à Fundação GORCEIX, à ANEEL, à CEMIG, à
ELETROBRAS-FURNAS, à FAPEMIG e ao CNPq, CAPES pelo suporte financeiro para a realização
desse trabalho.
Agradecem também ao Laboratório de Tratamento Térmico e de Microscopia Ótica (LTM), ou
Laboratório de Microscopia Eletrônica (ManoLab), ao Laboratório de Fundição e Micro Desgaste
Abrasivo, todos da UFOP, pelo apoio técnico e experimental.

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.12, p.95838-95852 dec. 2020. ISSN 2525-8761


Brazilian Journal of Development 95850

REFERÊNCIAS

Allsopp, D.N. and Hutchings, I.M. (2001). “Micro-scale abrasion and scratch response of PVD coatings
at elevated temperatures”. Wear. vol. 251, p. 1308–1314. DOI: https://doi.org/10.1016/S0043-
1648(01)00755-4

Archard, J. F. and Hirst, W. (1956) “The Wear of metals under unlubricated conditions”. Proc. Roy.
Soc., London, vol. 236, pp. 397-410. DOI: https://doi.org/10.1098/rspa.1956.0144

Askeland, D.R.; Fulay, P.P.; Wright, W. J. (2010). The Science and Engineering of Materials,
CENGAGE Learning, Stamford USA, 6 ed., 921 p.

ASTM G40 (2015) - Standard Terminology Relating to Wear and Erosion, G 40, Annual Book of
ASTM Standards, ASTM, 2015.

Callister Jr, W.D. (2002). Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução, 5ª ed., rev., LTC, 578
pp., Rio de Janeiro, 2002.

Carvalho, A.T.; Costa, M.L.; Almeida, H.D.F. (2008). “Os Sedimentos em suspensão dos rios Purus e
Juruá no Estado do Acre”, Revista Cientifica da UUFPA, Belém – PA, 8 p. Acesso em 13/09/2016,
disponível em: http://www.cultura.ufpa.br/rcientifica/cabecalho.php?conteudo=5.1

Coiado, E.M. e Nogueira, A.A.S. (1989). “Efeitos do desgaste por abrasão, da concentração e do
diâmetro médio da fase sólida de mistura nas curvas características de uma bomba centrifuga utilizada
no recalque de esgoto”, DAE, vol. 49, no. 157, pp. 194-204, out/dez. Acesso em 13/09/2016, disponível
em: http://revistadae.com.br/artigos/artigo_edicao_157_n_102.pdf

Colaço, R. (2001). Comportamento ao Desgaste Abrasivo de Ligas Fe-Cr-C Processadas e


Desenvolvidas por Laser, Tese (doutorado), Lisboa, Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica
de Lisboa, 250 p.

Cozza, R.C.; Rodrigues, L.C.; Schon, C.G. (2015) “Analysis of the micro-abrasive wear behavior of
an iron aluminide alloy under ambient and high-temperature conditions”. Wear, v.330-331, p.250-260,
2015. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.wear.2015.02.021

DIN. (1979). DIN 50320. Wear; Terms, Systematic Analysis of Wear Processes, Classification of Wear
Phenomena. English, International Classification for Standards, Alemannic, 8p.
Duan, C.G. and Karelin, V.Y. (2012) Abrasive Erosion & Corrosion of Hydraulic Machinery, Series
on hydraulic machinery, v 2, 425p.

Filizola, N. and Guyot, J.L. (2011). “Fluxo de sedimentos em suspensão nos rios da Amazônia”,
Revista Brasileira de Geociência, vol. 41, no. 4, pp. 566-576. Acesso em 13/09/2016, disponível em:
http://ppegeo.igc.usp.br/index.php/rbg/article/view/7853/7280

Fox, R.W. (2006), Introdução à Mecânica de Fluidos / Robert W. Fox, Alan T. McDonald, Philip J.
Pritchard) (1934): Tradução de Ricardo Nicolau Nassar Koury, Geraldo Augusto Campolina. France.
Rio de Janeiro: LTC.

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.12, p.95838-95852 dec. 2020. ISSN 2525-8761


Brazilian Journal of Development 95851

Hutchings, M. (1992). Tribology: Friction and Wear of Engineering Materials. Edward Arnold,
Londres, 1 ed., 273 p.

Kassman, A.; Jacobson, S.; Erickson, L.; Hedenqvist, P.; Olsson, M. (1991) “A new test method for
the intrinsic abrasion resistance of thin coatings”. Surface and Coatings Technology. vol. 50, pp. 75-
84, Kassman, 1991. DOI: https://doi.org/10.1016/0257-8972(91)90196-4

Macintyre, A.J. (2013). Bombas e Instalações de Bombeamento. 2.ed. LTC – Livros Técnicos e
Científicos Editora S.A. Rio de Janeiro, RJ. 782p.

Minatto, R. M.; Costa, A. F. da; Daleffe, A. (2020) “Estudo comparativo da resistência ao desgaste
abrasivo de baixa tensão de três ligas metálicas aplicadas em revestimento duro sobre aço manganês
hadfield”, Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 11, p. 84267-84278, nov. 2020. DOI:
https://doi.org/10.34117/bjdv6n11-004

Rodrigues, J.M.; Edeskar, T.; Knutsson, S. (2013) “Particle shape quantities and measurement
techniques–A review”, EJGE, v.18, pp. 169-198, 2013. Acesso em 13/09/2016, disponível em:
http://www.ejge.com/2013/Ppr2013.016alr.pdf

Palomino, A.E.C. (2017) Desenvolvimento de Metodologia para Determinação Dimensional de uma


Bomba Centrifuga Utilizando Velocidades Especificas (ns). Belo Horizonte: UFMG. 132p. Dissertação
de Mestrado.

Rohde, R.A. (2010). Metalografia: Preparação de Amostras – Uma Abordagem Pratica. Versão 3.0, 30
p.
Rutherford, K.L. and Hutchings, I. M. (1997) “Theory and application of a micro-scale abrasive wear
test”. Journal of Testing Evaluation of the American Society for Testing and Materials, vol. 25, no 2,
pp. 250–260. DOI: https://doi.org/10.1520/JTE11487J

Santos, W.C.; Pereira Neto, J.O.; Silva, R.O. da; Rodrigues, G.; Moreto, J.A.; Manfrinato, M.D.;
Rossino, L. S. (2015) “Desenvolvimento de dispositivo e estudo do comportamento ao micro desgaste
abrasivo do aço AISI 420 temperado e revenido”. Revista Matéria, vol. 22, no 02, pp. 304-315, 2015.

Serrano, R.O.P.; Ferreira Jr, A.G.; Castro, A.L.P. de; Santos, P.A.B.V. dos; Menezes, M.V.; Martinez,
C.B. (2016). “Desgaste do rotor por abrasão: O efeito do bombeamento de água bruta com diferentes
cargas de sedimento”. XXVII Congreso Latinoamericano de Hidráulica, Lima, Perú, 9 p.

Serrano, R.O.P. (2017). Metodologia para avaliacao de desgaste abrasivo em pas de rotor de bombas
centrifugas de estacao elevatoria. Tese, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte - MG,
Brasil, 121 p. http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle/1843/BUBD-AVSKS6

Serrano, R.O.P; Santos L.P; Viana, E.M.F.; Pinto, M.A.; Martinez, C.B. (2018). “Case study: Effects
of sediment concentration on the wear of fluvial water pump impellers on Brazil's Acre River”. Wear,
v. 408-409, p. 131-137. DOI: https://doi.org/10.1016/j.wear.2018.04.018

Serrano, R.O.P; Lucio, F. da S.; Xavier, G. B.; Moreira, J. G. do V.; Mesquita, A. A.; Oliveira, A. D.
de; Samtos, W. L.; Júnior, S. L. P. (2019). “Variabilidade morfométrica dos sedimentos arenosos do

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.12, p.95838-95852 dec. 2020. ISSN 2525-8761


Brazilian Journal of Development 95852

rio Acre”. Em: Ciência, Inovação e Tecnologia na Amazônia 2. Stricto Sensu Editora., p. 156-1699.
DOI: https://doi.org/10.35170/ss.ed.9786580261093.11

Upadhyay, R.K. and Kumaraswamidhas, L.A. (2014) “A review on tribology of surfaces and
interfaces”. Advanced Materials Letters, vol. 5, no. 9, pp. 486-495. DOI:
https://doi.org/10.5185/amlett.2014.5566

Xing, D.; Hai-lu, Z.; Xing-yong, W. (2009). “Finite Element Analysis of Wear for Centrifugal Slurry
Pump”. Proceedings of the International Conference on Mining Science and Technology, ICMST
2009“Finite Element Analysis of Wear for Centrifugal Slurry Pump”. Proceedings of the International
Conference on Mining Science and Technology, ICMST 2009, Procedia Earth and Planetary Science,
v. 1(1): p. 532–1 538. DOI: https://doi.org/10.1016/j.proeps.2009.09.236

Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.12, p.95838-95852 dec. 2020. ISSN 2525-8761

Você também pode gostar