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Efeitos de Segunda Ordem e Instabilidade
Efeitos de Segunda Ordem e Instabilidade
1. Introdução
O texto que segue mostra a determinação aproximada do momento fletor total na posição
deformada do eixo de pilares, a qual é desconhecida de início. O pilar está sujeito à ação de uma
força de compressão , aplicada com excentricidades iguais e de mesmo sentido no topo e na
base, causando uma força normal = , constante ao longo de sua altura (desconsiderado seu
peso próprio ou adicionado a ), e a forças horizontais, concentradas ou distribuídas ao longo
de sua altura, com distribuição simétrica em relação à sua seção média. Supõe-se a seção
constante, inclusive a armadura, disposta na seção transversal com dupla simetria em relação aos
dois eixos principais de inércia. Com isto, a deformada do pilar é simétrica em relação à seção
média do pilar, e sua curvatura é simples. Mostra-se adiante que os pilares de pórticos,
geralmente fletidos em curvatura dupla e, por vezes, simples, podem ser dimensionados
equivalentemente, com as devidas alterações, recaindo-se no presente caso. Por esta razão, o pilar
em questão é denominado pilar padrão ou coluna modelo, e sua altura é denominada
comprimento equivalente.
O fato de considerar-se a deformada do pilar para determinar o momento solicitante total, através
da máxima excentricidade da força = , caracteriza o chamado efeito de segunda ordem.
Assim, interfere no problema a esbeltez do pilar, com o que não basta dimensionar a seção do
pilar, sendo necessário considerar a peça como um todo, caracterizando a análise local dos efeitos
de segunda ordem. O mesmo acontece com pórticos esbeltos (ou pouco contraventados),
caracterizando a análise global dos efeitos de segunda ordem.
⁄2
= =
⁄2 =
= !í ! ,
$ à !á !
⁄2
ℎ
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( (1)
=
( ( 1
=+ =
Na seção central do pilar, = ⁄2, tem-se a máxima curvatura (mínimo raio), em módulo dada por:
1 (
=
ou
1 1
= ≅ 0,1 (2)
(
Considerando que o momento solicitante total na seção central do pilar é dado pela soma dos
momentos de 1ª. e de 2ª. ordem, ou seja:
1 ,232 =1 4 51 =1 4 5 (3)
podem ocorrer as seguintes situações, para taxas de armadura (total) crescentes, 6 ,2324 7
6 ,232 7 6 ,2328 …, cf. a Figura 2.
1 0
1 ,232 , 1 0
1 ,232
= ,
6 ,2328
; = ;< í= ;
6 ,232 :=: = ;
? ?=? $ !
; :
1 4 6 ,2324
1
= 0,1
Figura 2: Comparação dos momentos solicitante e resistente para taxas de armadura crescentes
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(1) A reta do momento solicitante total, 1 ,232 , não intersepta a curva do momento
resistente 1 0 em nenhum ponto (caso da taxa 6 ,2324). A seção e o pilar não resistem
às solicitações dadas, pois não é possível o equilíbrio.
(2) A reta do momento solicitante total, 1 ,232 , intersepta a curva do momento resistente
no ponto E (caso da taxa 6 ,2328 ). A seção e o pilar resistem às solicitações dadas, o
equilíbrio é possível e estável, pois se houver um acréscimo na excentricidade tem-
se 1 0 > 1 ,232 . Isto quer dizer que o momento resistente cresce mais rapidamente
ABC AEB,FGF
que o momento solicitante, ou seja, > . Entretanto, a armadura está em
D D
excesso e por isso reduz os efeitos de 2ª. ordem ( e 1 ,232 .
(3) A reta do momento solicitante total, 1 ,232 , tangencia a curva do momento resistente
no ponto I (caso da taxa 6 ,232 ). A seção e o pilar resistem às solicitações dadas, a
armadura é a mais econômica, mas o equilíbrio é possível e instável, pois se houver um
acréscimo qualquer na excentricidade , para mais ou para menos, tem-se 1 ,232 >
1 0 . Isto quer dizer que o momento solicitante cresce mais rapidamente que o momento
AEB,FGF A
resistente, ou seja, > BC . Diz-se, então, que o pilar atingiu o estado limite
D D
último de instabilidade. Note-se que a inclinação da reta de 1 ,232 é dada pela força
normal , e como a excentricidade depende de ao quadrado, qualquer aumento em
uma ou em ambas as grandezas, gira a reta para a esquerda, exigindo maior armadura.
(4) Outra situação possível, não mostrada na Figura 2, decorre da interseção da reta de
1 ,232 justamente no último ponto da curva 1 0 . Isto pode ocorrer em pilares
medianamente esbeltos. Neste caso, tem-se convencionalmente ruptura material (ponto
R), e a seção atinge uma deformação limite, no concreto (HI,J = 3,5‰ na borda mais
8
comprimida, ou 2‰ na fibra distante M ℎ da borda mais comprimida, considerando
NIO ≤ 50 1Q ), ou o aço tracionado atinge seu alongamento limite HR,S0T = 10‰.
(5) Por último, pode ocorrer ainda que a interseção da reta de 1 ,232 e da curva 1 0 só
seja possível na origem, quando então = 1 4 = 0, e só atua a força . Isto
significa que o pilar atinge o estado limite último de instabilidade na compressão pura,
não sendo possível o equilíbrio para qualquer valor de , finito ou infinitesimal, pois
será sempre 1 ,232 > 1 0 . Como se vê, esta carga de instabilidade não se confunde
com a carga de Euler da flambagem elástica, ( ;:⁄ , em que a forma reta deixa de ser
estável, e a forma curva passa a ser estável. Neste caso, tem-se um problema de
estabilidade, mas não necessariamente um problema de estabilidade e resistência, como
no pilar esbelto de concreto armado. A propósito, esta é a principal razão de impor-se
no dimensionamento de pilares de concreto armado a excentricidade construtiva ou
falta de retilineidade ou desaprumo, evitando-se com isto a compressão pura e, ao
mesmo tempo, levando-se em conta a esbeltez do pilar.
A NBR 6118, item 15.8.3.3.2, dá a seguinte expressão da curvatura aproximada na seção crítica
do pilar:
4
=
, W
, com [ =
\B
e NI =
^_` (4)
V X YZ ,W ]X^_B a_
Mostra-se no que segue uma expressão mais precisa da curvatura na seção crítica do pilar,
considerando-se o ramo descendente (domínios 4 e 5) linearizado do diagrama de interação
entre o momento e a força normal de cálculo, b [ , resultante da soma das parcelas
resistentes das seções de concreto simples, b [ , e metálica, b [ . Esta solução está dada no
Model Code 1990, 1993, e no Eurocode 2, 2010. Toma-se como base para a dedução a seção
retangular, com as seguintes restrições: aço CA-50, e relação cobrimento/altura da seção
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cd = d⁄
ℎ ≤ HIJ + He ⁄2HIJ . As deformações que aí aparecem são assim definidas:
H = 3,5‰ se N f
≤ 501Q , e
90+N f 4
H = [2,6 5 35 se 501Q 7 N f ≤ 901Q ,
]‰
100
deformação do aço no início do patamar de escoamento:
H = N ⁄; , com N = N f ⁄l ,
no caso ; = 210mQ , N f
= 5001Q , l = 1,15.
Assim, a mencionada faixa de força total nula na seção metálica ocorre para c′ ≤ 0,20 se N f
≤
′
50 1Q e, p.ex., para c ≤ 0,10 se N f
= 901Q .
A expressão aproximada da curvatura é válida também para outras formas de seção – embora
não tratadas aqui – de pilares em flexão composta normal, nos domínios 4 e 5, o que é frequente
nos casos usuais, especialmente em pilares de edifícios. Ver a Figura 3. A solução nela
indicada, obtida com os domínios de deformação da NBR 6118: 2004, item 17.2.2, e N f ≤
50 1Q , coincide com a da teoria da plasticidade (materiais rígido-plásticos), verificada em
Buchaim, 2005, mas apenas se c d = d ⁄ℎ ≤ 0,20, para o aço CA-50. Se for c d = d ⁄ℎ > 0,20,
o losango bR [R apresenta-se truncado, e o momento de máximo módulo dessa função ocorre
para uma força de tração na seção metálica, [R 7 0. A solução plástica está dada em Baker e
Heyman, 1969, e Marti, 1999. Ver também Wight e MacGregor, 2011.
0,125 sJ = 0
0,5 1
[I −6 6 [R −6 ,232
[ .8/y [
,232 ,232
[ J = 1+6 ,232
′
! z c > 0,20 [
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O ponto de máximo do diagrama de interação b [ ocorre na divisa dos domínios 3 e 4,
correspondendo à força normal [ ,8/y (também chamada [ ,]{S nos textos norte-americanos e no
MC-90), enquanto o último ponto corresponde à compressão pura, com força normal [ J = 1 +
6 ,232 e curvatura nula, sJ = 0. Na divisa dos domínios 3 e 4, as duas armaduras estão em
escoamento, uma em compressão, outra em tração, para as restrições c d = d ⁄ℎ ≤
HIJ − He ⁄2HIJ e aço CA-50, e a curvatura correspondente é se , definida a seguir pela
Equação (8). Com isto, a força normal [ ,8/y pode ser determinada, pois a profundidade da linha
neutra é conhecida. Assim, como simplificação, lineariza-se a curva b [ nos domínios 4 e 5, o
que permite obter a curvatura s , dada a força normal correspondente [ , ambas indicadas na
Figura 3.
108 ℎ 2H̅e
se = e =
1 − 2c d (8)
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H
Nestas equações, „3/4 = = 1 − c′
3/4
é a profundidade relativa da LN na divisa dos
ℎ H +H
domínios 3 e 4, ‚ e ƒ são fatores do bloco retangular de tensões, o primeiro aplicado à
profundidade da LN e o segundo à resistência do concreto. Conforme o item 17.2.2 da NBR
6118: 2012, eles são respectivamente iguais aos já conhecidos ‚ = 0,8, ƒ = 1 se N f ≤ 50 1Q ,
mas passam a depender da resistência do concreto se 501Q < N f ≤ 901Q , e valem ‚ =
^_` ~W ^_` ~W
0,8 − … †,ƒ = 1 − .
y
Nos casos mais simples, com o da seção retangular da Figura 4, é possível determinar a taxa
mecânica sem necessidade de iteração. Conforme se vê na Figura 3, a equação do momento
resistente da seção metálica, no primeiro quadrante, é bR = 6 ,232 − [R 0,5 − c d . Na divisa
dos domínios 3 e 4, tem-se [R8/y = 0, bR,8/y = 6 ,232 0,5 − c d e bI,8/y e [I,8/y conhecidos por
meio da LN dessa divisa, dada acima, donde o momento resistente total nessa divisa b ,8/y =
bI,8/y + 6 ,232 0,5 − c d . Para [ > [ ,8/y = [I,8/y (em que apenas a armadura comprimida
escoa até o fim do domínio 5, nas condições da Figura 3), resulta o momento resistente
linearizado igual a:
4ZˆB,FGF ~YB 4ZˆB,FGF ~YB
b =b ,8/y 4Zˆ = [bI,8/y + 6 ,232 0,5 − c d ] (10)
B,FGF ~Y_,t/• 4ZˆB,FGF ~Y_,t/•
Este momento resistente (com b = b 0 igualado ao momento solicitante total b ,232 , dado pela
Equação (11), fornece uma equação do segundo grau na taxa mecânica.
Para facilitar a solução numérica, transforma-se a Equação (3) em adimensional, dividindo-a por
0,85NI =ℎ :
(11)
b ,232 =b 4 +b =b 4 + 10~y [ s
ℎ
S
Nesta expressão, o quociente ‰ é a esbeltez do pilar. Se este valor for nulo, o pilar reduz-se à
X
seção transversal, e não há momento de segunda ordem. Na realidade, o efeito de 2ª. ordem local
em pilares isolados, destacados de um pórtico ou em balanço, é desprezado para um valor do
índice de esbeltez suficientemente pequeno, indicado na NBR 6118, item 15.8.2, por ‚4 .
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Figura 4: Diagrama de Interação Momento - Força Normal. Seção
Retangular, Armadura Dupla e Simétrica. Bloco retangular de tensões.Aço d
CA-50, R⬚
d'/h = 0,10. Taxa Mecânica Total: 1 ℎ⬚
wd,tot = (2As fyd) / (bh0,85fcd), R⬚
d
0,85fcd=0,85fck/γ γc , fck ≤ 50 MPa
=⬚
Momento Relativo: µ d=Md / (bh^2 0,85fcd)
wd,tot=2
1 wd,tot=1.8
wd,tot=1,6
0,9
wd,tot=1,4
0,8
wd,tot=1,2
0,7 wd,tot=1
0,6 wd,tot=0.8
wd,tot=0.6
0,5
wd,tot=0.4
0,4
wd,tot=0.2
0,3 wd=0
0,2
0,1
0
-2 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
O cálculo da taxa mecânica total, no caso da seção retangular aqui considerada, pode ser feito
diretamente pela Equação (12), dada a seguir. Igualando (10) e (11), resulta:
6 ,232 + =Š 6 ,232 + Š =0
2
b − 10−4 [ … † s − b 1 + 1 − [ Œ0,5 − c′ •
,3/4 ℎ
=s =
0,5 − c′
2
[b − 10−4 [ … † s ] 1 − [ − 1−[ b
,3/4 ℎ ,3/4 1
s =
0,5 − c′
Ver o Exemplo 1.
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•
este é comparado com o índice de esbeltez limite ‚4 . Em (13), = ‹ é o raio de giração e é
área da seção, tomando-se para o momento de inércia : da seção o eixo principal de inércia
• ]X t XD X
perpendicular ao plano de flexão. Para seção retangular, sendo = = , resulta = ,
4 ]X 4 √4
S S
donde ‚ = √12 X‰ ≅ 3,46 X‰ . Nesta expressão, ℎ é o lado da seção perpendicular ao plano de
S
flexão. Analogamente para a seção circular, obtém-se ‚ = 4 ‰ , onde ∅ é o diâmetro da seção.
∅
Para os pilares em balanço engastados na base, é o dobro da sua altura. Se houver rotação no
engaste (p. ex., fundação em sapata direta, ou bloco só com uma estaca ou tubulão), é necessário
considerar o conjunto pilar-fundação, incluindo o solo, representado por meio de molas. Nestas
condições, i.e., por causa da rotação na conexão com a fundação, é maior do que o dobro da
altura em balanço.
O índice de esbeltez limite ‚4 é dado, cf. o item mencionado da NBR 6118, por:
25+12,5 1
‚4 =
(14)
ℎ
≥ 35
’=
com os limites 35 ≤ ‚4 ≤ 90. Abaixo de 35 o pilar é considerado não esbelto (efeitos de 2ª.
ordem desprezíveis), acima de 90 os métodos aproximados não se aplicam, sendo necessário um
cálculo não linear mais rigoroso.
É o caso dos pilares de pórticos, quando se analisa um lance, após a análise global com ou sem
efeitos de 2ª. ordem:
1
1 ≥ ’] = 0,6 + 0,4 1 ≥ 0,40 (15)
(c) Pilares em balanço engastados na base, com momentos no engaste igual a 1 e no meio
do pilar igual a 1• , ambos de 1ª. ordem:
1
1 ≥ ’] = 0,8 + 0,2 1– ≥ 0,85 (16)
(d) Pilares biapoiados ou em balanço com momentos menores que o momento mínimo a que
o pilar deve resistir, 14 ,T0— = 0,015 + 0,03ℎ , com ℎ em metros:
’] = 1
Neste caso, para efeito de dimensionamento, aplica-se 14 ,T0— nas duas extremidades,
tracionando a mesma face do pilar se biarticulado, ou no topo se em balanço. Se o pilar for
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esbelto, há efeitos de 2ª. ordem ativados justamente por este momento mínimo e pela força axial
= . Com isto, estabelece-se um patamar de resistência do pilar esbelto na
flexocompressão, evitando-se a determinação da carga de instabilidade na compressão pura.
= − /2
1 1 1 1 1
1
1
1
= = /2 =−
1 =1 , 1 = −1 /2, 1 = = 0, 1 = 1 /2, 1 = −1 ,
$ $ ã $ ! $ ! $ ! $ !
4.1 Exemplo 1
Solução:
1 1 1
š4 = = =
100› 100√4 200
Este valor deve ser comparado com os extremos estabelecidos na NBR 6118, item
4 4 4
11.3.3.4.2, š4,T0— = 8 , š4,T{œ = . Logo, š4 = š4,T{œ = . Considerando a
forma triangular do eixo do pilar, com excentricidade máxima na seção central,
obtém-se a excentricidade da força axial, igual a
1 4
{ = š4 = × = 0,01 !
2 200 2
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(b) Cálculo do momento de 1ª. ordem na seção central do pilar
4
1 4 =™ + { = 33,66 + 728,6 × 0,01 = 40,95 f !
4 4
Adimensionalmente resultam:
y ,¦W×4 § y ,¦W
b 4 =
8 × D ×4o, 4 = 0,187,
X
r
=
M o,¨
/0,20 = 0,281
Da Equação (12), obtém-se diretamente a taxa mecânica, sem iteração. Com c d = = 0,1,
× , M œ3/4 ¬_} 3,5
se = 4~ × ,4
= 5,175, „3/4 = X
= 1 − cd ¬_} Z¬qB
= 0,9 3,5+2,07 = 0,5655, [ ,3/4 =
0,452 0,452
‚ƒ„3/4 = 0,8 × 1 × 0,5655 = 0,452, b ,3/4 = 2
…1 − 1 † = 0,124,
2
= 10−4 [ - ® s = 10−4 × 0,667 × 400 × 5,175 = 0,1381
ℎ
obtêm-se:
b ,3/4
− −b 1
+ 1 − [ Œ0,5 − c′ • 0,124 − 0,1381 − 0,187 + 0,333 × 0,4
=s = =
0,5 − c ′ 0,4
= −0,1698
[b ,3/4
− ] 1−[ − 1−[ ,3/4 b 1
s = ′
0,5 − c
[0,124 − 0,1381] × 0,333 − 1 − 0,452 × 0,187
= = −0,2679
0,4
4ZˆB,FGF ~YB
b = °bI,8/y + 6 ,232 0,5 − c d ± -4Zˆ ® = [0,124 + 0,609 ×
B,FGF ~Y_,t/•
0,4] × 0,8142 = 0,299
E de (11):
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S 4ZˆB,FGF ~YB
b ,232 =b 4 + 5,175 × 10~y [ … ‰ † - ® = 0,187 + 5,175 × 10~y × 0,667 × 20 ×
X 4ZˆB,FGF−[ ,3/4
O momento total é, portanto: 1 ,232 = 0,299 × 300 × 200 × 18,21 × 10~¨ = 65,34 f !.
Note-se que para os dois momentos, o total e o de 1ª. ordem, respectivamente iguais a
b ,232 = 0,299 e b 4 = 0,187, obtém-se a parcela correspondente ao momento de 2ª. ordem,
b = 0,112, valor que é igual a ≅ 0,6b 4 . Ou seja, o momento de 2ª. ordem é 60% do momento
de 1ª. ordem. Isto significa que o efeito de 2ª. ordem, no caso, não pode ser desprezado, sob pena
de reduzir o coeficiente de segurança l^ abaixo de 1.
³EB,FGF , ¦¦
No exemplo, a excentricidade total da força axial vale =ℎ YB
= 200 × ,¨¨M
= 89,7 !!, e
4 tX 4ZˆB,FGF ~4
a curvatura máxima vale s = V
= 5,175 4Zˆ = 5,175 × 0,8142 = 4,213, donde
B,FGF´µ_,t/•
4 t× ,
o raio mínimo = = 47,5 !. Note-se, por fim, que a força normal [ = 0,667 está no
y, 48
intervalo 0,452; 1,609 . Além disso, o método da curvatura aproximada se aplica, pois ‚ =
69,3 < 90.
4.2 Exemplo 2
Seja o pilar em balanço da Figura 6, engastado na base e livre no topo. Conhecida a área da
armadura total, R,232 = 2 × 2∅25, aço CA-50 e a resistência do concreto NIO = 30 1Q , pede-se
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obter a máxima força horizontal aplicada no topo a que o pilar resiste, sabendo-se que a força
axial vale = 1371,5 f . Dados adicionais: ⁄ℎ = 0,9, seção quadrada de lados = = ℎ =
400 !!. Usar o método da curvatura aproximada, cf. Equação (9).
232 = 4 +
$ ! $ š4 = 0,36 !
= 4,00 !
= = ℎ = 0,40 !
Solução:
^ ×y8y,Mo
Taxa mecânica da armadura total: 6 ,232 = ]X p,FGF qB
,oW^
= y D ×4o,
4
= 0,30
_B
\B 48M4,W×4 t
Força normal relativa: [ = ]X ,oW^_B
=y D ×4o, 4 = 0,471
Intervalo da força normal relativa:
8
‚ = 3,46 = 3,46 = 69,3 > ‚4T0— = 35
ℎ 0,4
O pilar é esbelto (como se comprova no item (f)), embora não se conheça o valor de ‚4 , pois este
depende da excentricidade relativa de 1ª. ordem r , a qual depende do momento de 1ª. ordem, que
X
ainda é incógnito.
(c) Cálculo do momento resistente total: conforme a Figura 4, com a força normal relativa
u
[ = 0,471 e os parâmetros 6 ,232 = 0,30, X = 1 − X = 0,10, aço CA-50, resulta
b ,232 = 0,23. Alternativamente, usando a Equação (10), obtém-se um valor apenas 4%
maior:
1 + 0,30 − 0,471
b = [0,124 + 0,30 × 0,4] = 0,2385
1 + 0,30 − 0,452
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(d) Cálculo do momento resistente de 1ª. ordem, de (11):
b ,232 =b 4 +b =b 4 + 10~y [ s
ℎ
8
0,2385 = b 4 + 10~y × 0,471 × × 5,059 = b + 0,0953
0,4 4
1
{ = š4 = š4 = × 4 = 0,02 !
2 200
™ = 167 − 27,4 /4 = 35 f
Este é o valor da máxima força horizontal a que o pilar esbelto resiste com a devida segurança.
1–
1 ≥ ’] = 0,8 + 0,2 = 0,8 + 0,2 × 0,5 = 0,9 ≥ 0,85
1
25 + 12,5 1
25 + 12,5 × 0,304
ℎ
‚4 = = = 32 → ‚4T0— = 35
’= 0,9
E o pilar é, de fato, esbelto, o que já se percebe dos cálculos anteriores, pois o momento de 2ª.
A 0,0953
ordem é ABD = ,4y8 = 0,67, ou 67% × 1 4 .
Br
Se a esbeltez do pilar gerar momento de 2ª. ordem maior ou igual a 10% do de 1ª. ordem, i.e., se
1 ≥ 0,11 4 , este acréscimo não pode ser desprezado. Esta é a tolerância, inclusive na análise
global de 2ª. ordem (“critério dos 10%"), para o erro nos cálculos dos efeitos de 2ª. ordem.
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ABD 444,4
A excentricidade total da força axial é 232 = 4 + = 0,122 + ¶EB
= 0,122 + 48M4,W =
0,203 ! ≅ 200 !!, onde o momento de 2ª. ordem é igual a:
O momento total é igual a 1 ,232 = 0,2385 × 4008 × 18,21 × 10~¨ = 278 f !, ou 1 ,232 =
1371,5 × 0,203 = 278 f !. Usando o mesmo programa de Marino et al, 2001, vê-se no
diagrama de interação que o momento solicitante é praticamente igual ao momento resistente.
No item 15.8.3.3.3 da NBR 6118 é dado um segundo método para a determinação do momento
total de cálculo, 1 ,232 , aplicável a pilares esbeltos com índice de esbeltez ‚ ≤ 90, de seção
retangular e armaduras com dupla simetria, ambas constantes ao longo da altura do pilar.
Também é constante a força normal de compressão = . A deformada do pilar é, como no
método da curvatura aproximada, admitida senoidal. Ver França, 1991, e Oliveira, 2004. Para
exemplos, ver Kimura, Santos e França, 2006.
A base do método, descrito no item 15.3.1 da NBR 6118, consiste em determinar no diagrama
momento-curvatura uma rigidez à flexão secante, considerando para a deformabilidade da seção
^ ^
(e do pilar) as resistências do concreto 0,85 × 1,3 × a_` = 4,_`M e do aço Ne . A rigidez secante
_
corresponde ao momento resistido pela seção no ELU, 1/ , dividido por 1,1. Nesse diagrama, a
A¹B
força normal do ELU também é dividida por 1,1. Ligando o ponto correspondente a 4,4 à origem
do diagrama momento-curvatura assim calculado obtém-se, pela inclinação da reta, a rigidez
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secante, que é considerada, a favor da segurança, constante ao longo do pilar. O valor
adimensional dessa rigidez é dado por:
s = ;: R I/ Iℎ NI (17)
^_`
onde I é a área e ℎ é a altura da seção considerada e NI = .
a_
O valor adimensional aproximado da rigidez à flexão secante no caso de seções retangulares tem
a seguinte expressão:
Š A¹B,FGF \EB
= 32 …1 + 5 †, ![= (18)
Y X\EB ]X^_B
rigidez secante dimensional ;: R I , deve-se obtê-la de (17), i.e., deve-se usar NI e não 0,85NI ,
que é 15% menor que NI . Este processo pode ser estendido a classes de concretos de resistência
até NIO = 90 1Q , cf. Fortes e França, 2013.
O momento solicitante total, incluindo o efeito de 2ª. ordem, 1 ,232 , a ser igualado ao momento
resistente total, 1/ ,232 , resulta da seguinte expressão:
’= 1
1 ,232 = ‚2
(19)
1− s
120
[
Nesta equação, ’] está definido nos itens 3(a) a 3(d), e 1 é o momento de maior módulo nas
extremidades do pilar biapoiado (i.e., no lance considerado do pilar pertencente a um pórtico)
decorrente da análise global de 2ª. ordem. Se no pórtico analisado globalmente resultar efeitos de
2ª. ordem desprezíveis, 1 (agora de 1ª. ordem) é do mesmo modo o momento de maior módulo
dentre os dois momentos em suas extremidades. Para um pilar em balanço, 1 é o momento de
1ª. ordem no engaste. Ou ainda, se ocorrer que ’] 1 seja menor que o momento resistente
mínimo 14 ,T0— = 0,015 + 0,03ℎ , com ℎ em metros, considera-se no pilar biarticulado
14 ,T0— atuando nas duas extremidades e tracionando a mesma face do pilar. No caso do pilar em
balanço este momento mínimo atua no topo. Em outras palavras, 14 ,T0— toma o lugar do
momento ’] 1 e é constante ao longo do pilar. Nestes casos, tem-se o coeficiente ’] = 1, cf.
(15) e (16).
SD
= 5ℎ, = …ℎ − 8 ‰ † − 5ℎ’] 1 , – = −ℎ ’] 1
− +√ −4 –
1 ,232 =
2
Em termos adimensionais, dividindo (20) por [=ℎ 0,85NI ] , esta mesma expressão resulta
igual a:
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4 S YEB
== º320 − … X‰ † » [ − ’] b , =− ’] b
4¨ W
−= + √= − 4
b ,232 =
2
^_`
Os adimensionais, com 0,85NI = 0,85 , são definidos como nos itens 3 e 4 pelas
a_
expressões:
AEB,FGF
Momento solicitante total: b ,232 = ]XD ,oW^_B
ArB,¼C½
Momento resistente mínimo de 1ª. ordem: b4 ,T0— =
]X D ,oW^_B
\EB
Força normal: [ = ]X ,oW^_B
^
Taxa mecânica da armadura total: 6 = ]X p,FGF
qB
,232 ,oW^ _B
Note-se que 14 ,T0— toma o lugar de ’] 1 nestas equações se 14 ,T0— > ’] 1 . Com estes
adimensionais calcular da armadura necessária. Além disso, o cálculo da armadura, da seção
retangular com duas camadas como mostrada na Figura 4, pode, a favor da segurança, também
ser feito usando a (12), nela substituindo b 4 por b ,232 e ao mesmo tempo anulando a esbeltez,
i.e., ⁄ℎ = 0.
6.1 Exemplo 1:
Considere-se o pilar de seção retangular da Figura 7, sujeito à flexão composta normal, com
momentos nas extremidades 1 = 750 f ! 1 = −225 f !, advindos de uma análise
global de um pórtico com efeito de 2ª. ordem. Sendo = 3642,9 f , NIO =
y d⁄
40 1Q , 0,85NI = 0,85 4,y = 24,29 1Q , ç – − 50, ℎ = 0,10, pede-se:
(a) Comparar ’] 1 com 14 ,T0— e decidir qual dos dois momentos deve ser considerado
no pilar equivalente (i.e., no pilar-padrão fletido em curvatura simples e simétrica, com a
parcela do momento constante, ainda sem efeito local de 2ª. ordem).
(b) Mostrar que os efeitos locais de 2ª. ordem não podem ser desprezados.
(c) Usando o método da rigidez secante aproximada, obter o momento total com efeito de 2ª.
ordem e decidir qual é o momento dimensionante, se 1 ,232 ou 1 .
(d) Dimensionar a armadura para o arranjo de barras adotado na Figura 7.
(e) Obter a taxa da armadura pelo método da curvatura aproximada e comparar ambas as
taxas dos métodos aproximados com aquela obtida do gráfico no Anexo 1.
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= = 3642,9f
’] 1 ≥ 14
= ,T0—
= = 600 !!
= 12,5!
ℎ = 500 !!
1
’] 1 ≥ 14 ,T0—
$ , $ $ ã ,
. $ . !$
W
Da Equação (15), obtém-se: ’] = 0,6 − 0,4 × MW = 0,48 ≥ 0,4 e, portanto, ’] 1 = 0,48 ×
750 = 360 f !. Por outro lado, o momento resistente mínimo vale 14 ,T0— = 0,015 +
0,03ℎ = 3642,9 × 0,015 + 0,03 × 0,5 = 109,3 f !. Logo, no pilar padrão usa-se ’] 1 =
360 f !, superior a 14 ,T0— , em ambas as extremidades, tracionando cada qual a mesma face
do pilar.
(b) O índice de esbeltez limite, com a excentricidade relativa de 1ª. ordem igual a r
=
X
AB”⁄\B MW /8¨y ,¦
= = 0,412 , decorre de (14):
, ¨
=
X ,W ,W
25 + 12,5 × 4
‚4 = ℎ = 25 + 12,5 × 0,412 = 62,8 < ‚ = 3,46 12,5 = 86,6
’] 0,48 0,5
\B 8¨y ,¦×4 ´t S‰ 4 ,W
Com os adimensionais [ = ]X =¨ = 0,50, = = 25 e ’] b =
,oW^_B ×W × y, ¦ X ,W
8¨ ×4 §
= 0,099, resultam de (21):
¨ ×W D × y, ¦
1 1
== ¾320 − - ® ¿ [ − ’] b = 320 − 25 × 0,5 − 0,099 = −0,1943
1600 ℎ 1600
[ 0,5
=− ’ b =− × 0,099 = −0,0099
5 ] 5
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−= + √= − 4 0,1943 + ›0,1943 + 4 × 0,0099
b ,232 = = = 0,236
2 2
1 ,232 + 1 ,232 +– =0
= 5ℎ = 2,5 !
12,5
= Àℎ − Á − 5ℎ’] 1 = À0,5 − Á 3642,9 − 2,5 × 360 = −1768 f !
320 320
u
Da Figura 4, com os adimensionais [ = 0,50, b ,232 = 0,236 e c d =
X
= 0,10, resulta, por
interpolação entre as taxas 0,2 e 0,4, a taxa mecânica total igual a 0,3. Portanto, a armadura
decorre de:
R,232 Ne 2 R × 435
6 ,232 = = = 0,3
=ℎ 0,85NI 600 × 500 × 24,29
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(e) Taxa da armadura pelo método da curvatura aproximada e comparação de ambas as taxas
dos métodos aproximados com aquela obtida do gráfico no Anexo 1
S‰ × , M
Taxa mecânica de (12), com
X
= 25, c d = = 0,1, se = 4~
× ,4
= 5,175, [ ,3/4 =
S
0,452, b ,3/4 = 0,124, b 1 = ’= b = 0,099 10~y [ … X‰ † se = 0,1617 :
2
b + 10−4 [ … † s − b 1 + 1 − [ Œ0,5 − c′ •
,3/4 ℎ
=s =
(0,5 − c′ )
0,124 − 0,1617 − 0,099 + 0,5 × 0,4
= = 0,1583
0,4
2
gb − 10−4 [ … † s k(1 − [ ) − (1 − [ ,3/4 )b 1
,3/4 ℎ
s =
(0,5 − c′ )
g0,124 − 0,1617k × 0,5 − (1 − 0,452) × 0,099
= = −0,1828
0,4
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S‰
correspondente a = 25 a taxa mecânica total 62 = 0,29, a qual deve ser dividida por 0,85 para
X
ˆF
comparação com a anterior, donde 6 ,232 = ,oW
= 0,34 7 0,356. Logo, sendo o valor 6 ,232 =
0,34 decorrente do diagrama mais preciso, pode-se confirmar que o método da curvatura
aproximada fica do lado da segurança. Diferença um pouco maior resulta do método da rigidez
aproximada que forneceu um valor 12% inferior, 6 ,232 = 0,3 7 0,34, a qual pode ser atribuída à
deformabilidade menor do concreto na determinação da rigidez aproximada (resistência NIO /
1,27), face à considerada nos diagramas do Anexo 1, a saber, 0,85NIO /lI = NIO /1,65. Em caso de
análise não-linear pelo método geral, o Model Code, 1990, item 6.6.2.3, recomenda considerar
para a deformabilidade do concreto em compressão a resistência e o módulo de elasticidade do
concreto respectivamente iguais a NIO /1,2 e ;I = ;I0 ⁄1,2, e para o dimensionamento é indicada
a lei parábola-retângulo com resistência 0,85NIO /1,5. Já o Euro Code 2, 2010, no item 5.8.6,
estabelece NI = NIO /1,5, reduzindo apenas o módulo de elasticidade ao valor ;I = ;IT ⁄1,2 na
lei constitutiva do concreto (lei de Grasser). Com esta medida, “a análise fornece diretamente um
valor de cálculo da ação última”, cf. EC2: 2010, item 5.8.6 (3). Em contraposição, pela
recomendação do MC90, usam-se duas leis constitutivas do concreto, uma para a deformabilidade
da estrutura, outra para o dimensionamento no ELU.
Para finalizar, observa-se que no dimensionamento não foi considerada a falta de retilineidade
do eixo do pilar, o que é dispensado no item 11.3.3.4.3 da NBR 6118: 2004 nas estruturas
reticuladas (pórticos) se o momento mínimo ÃÄÅ,ÆÇÈ for atendido. Cabe aqui uma observação
em favor da inclusão da falta de retilineidade no dimensionamento seja qual for a esbeltez do
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pilar. De fato, há dificuldade de considerá-la nos casos de pilares fletidos em curvaturas dupla e
simples assimétricas, pois através dos processos simplificados não se conhece a seção em que se
dá o momento solicitante máximo, salvo se este ocorrer em uma de suas extremidades. No
entanto, esta excentricidade no dimensionamento deve ser considerada não no pilar real e sim no
pilar padrão, a ele equivalente por resultar no mesmo momento total e, portanto, na mesma
armadura. Além disso, deixa de haver descontinuidade na ultrapassagem do índice de esbeltez a
partir do qual é obrigatória a consideração da fluência nos efeitos de segunda ordem, ‚ ≥ 90,
quando então não há como desconsiderar a falta de retilineidade. Ver o item 15.8.4 da NBR 6118:
2012.
6. Pré-dimensionamento de pilares
O pré-dimensionamento de pilares de edifícios e de galpões industriais pode ser feito com base
nas equações anteriores. Como no resto da estrutura, esta tarefa exige decisões do projetista no
que se refere a:
(a) forma da seção (retangular, circular, etc.), à relação entre lados da seção
retangular, =⁄ℎ, ou entre os diâmetros interno e externo de seção anelar, ∅0 ⁄∅ , etc., à
disposição da armadura na seção transversal;
(b) resistências do concreto e da armadura;
(c) a esbeltez de um lance, e a consideração de contraventamento do pórtico;
(d) o estabelecimento da taxa geométrica de armadura, e portanto, da taxa mecânica
total, como uma estimativa inicial;
Neste estágio anterior à análise estrutural final, o que se tem de início são a carga vertical nos
pilares, transmitidas pelas vigas (processadas como contínuas) e a altura do lance. Para completar
a geometria da estrutura (pórtico), é preciso estabelecer as seções transversais dos pilares.
1 + 6 ,232 − [ (10a)
b = gbI,8/y + 6 ,232 (0,5 − c d )k( )
1 + 6 ,232 − [I,8/y
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Os demais dados são estimados com base no comportamento usual da família de estrutura em
questão, no caso, pórticos planos. Assim, são escolhidas as seguintes grandezas:
(a) Taxa geométrica da armadura total, geralmente entre 1% 3%. Escolhe-se, p.ex.,
ÂR,232 = 0,02.
(b) Nas extremidades do lance, já considerado como pilar padrão, supõe-se atuante o
momento resistente mínimo, 1/4 ,T0— = (0,015 + 0,03ℎ), donde a excentricidade de
1ª. ordem da força normal, 4 = 0,015 + 0,03ℎ, com ℎ em !. A excentricidade relativa
4 ⁄ℎ, depende, pois, da altura da seção (lado paralelo ao plano de flexão), e vale:
, 4W
r
= 0,03 + (22)
X X
Se for escolhido o valor mínimo da dimensão da seção do pilar exigido pela NBR 6118, ℎ =
, 4W
0,20 !, obtém-se Xr = 0,03 + , = 0,105. A esta excentricidade relativa de 1ª. ordem,
acrescenta-se a de 2ª. ordem, que é estimada em cerca 30% 50% maior, donde a excentricidade
total:
, 4W
FGF
X
= (1,3 1,5) × …0,03 + ,
† ≅ 0,13 0,15 (23)
Esta é a faixa usual da excentricidade relativa total em pilares de edifícios. Considerando NIO P
50 1Q e aço CA-50, pode-se calcular a taxa mecânica total, e com ela os esforços resistentes na
divisa 3/4, i.e., b ,8/y = bI,8/y + 6 ,232 (0,5 − c d ) e [ ,8/y = [I,8/y.
O exemplo a seguir mostra a sequência de cálculo para obter as dimensões da seção do pilar.
Dados: = 2076,2 f , = 3!, d = 0,10ℎ, NIO = 20 1Q , 0,85NI = 12,14 1Q , ç – −
50, ÂR,232 = 0,02, FGF
X
= 0,15.
( ,oW^_B ) y8W
(a) Taxa mecânica: 6 ,232 = ÂR,232 = 0,02 = 0,72
^qB 4 ,4y
(b) Momento relativo total: b = b ,232 = FGF [ = 0,15[
X
(c) Divisa 3/4: [ ,8/y = [I,8/y = 0,45, bI,8/y = 0,12, donde o momento resistente
total dessa divisa, b ,8/y = bI,8/y + 6 ,232 (0,5 − c d )=0,12+0,72× 0,4 = 0,41
(d) Da Equação (10a) obtém-se a força normal relativa, com b = 0,15[
1 + 6 ,232 − [ 1 + 0,72 − [
b =b ,8/y = 0,41 - ® = 0,15[
1 + 6 ,232 − [ ,8/y 1 + 0,72 − 0,45
ou, [ = 1,17.
(e) Com a força normal relativa, obtém-se a área da seção transversal:
= [ =ℎ(0,85NI , ou
2076,2 × 108
=ℎ = = 146138 !!
1,17 × 12,14
4y¨48o
(f) Escolhe-se ℎ = 250 !!, donde = = W = 585 ≅ 600 !!.
(g) A equação (11a) serve para controlar o efeito de 2ª. ordem, pois b =
S
10~y [ ( X‰ ) s pode agora ser calculado com maior precisão. Sendo
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8 ³BD
e pondo ⁄ℎ = = 12, resultam b = 10~y × 1,17 × 12 × 2,24 = 0,0377 e D
= =
, W X YB
0,032. Adicionando este valor à excentricidade de 1ª. ordem, obtém-se: FGF
X
= 0,105 + 0,032 ≅
0,14 P 0,15.
Se fosse escolhido para a altura da seção o valor mínimo, ℎ = 200 !!, resultaria = = 730 ≅
8
750 !!, e o pilar seria mais esbelto, pois ⁄ℎ = , = 15. A excentricidade relativa total, com
³BD , W¦
YB
= 4,4M
= 0,05, passaria a ser FGF
X
= 0,105 + 0,05 = 0,155, valor pouco superior ao adotado.
Isto quer dizer que, adotada esta altura menor da seção, tem-se, em contrapartida, uma taxa
ligeiramente superior à prevista.
Com as dimensões assim estabelecidas para todos os pilares do pórtico, pode-se proceder à análise
da estrutura, e dar sequência ao dimensionamento final.
7. Bibliografia
BAKER, J.; HEYMAN, J. Plastic design of steel frames. Cambridge: Cambridge University,
1969.
BUCHAIM, R. Estado limite último na flexão composta normal. Notas de aula. UEL-CTU,
Departamento de Estruturas. Londrina, 2005, revisado em 2010. Pr.
EUROCODE 2: Projecto de estruturas de betão. Pt. 1-1: Regras gerais e regras para edifícios.
Norma portuguesa NP EN 1992-1-1. 2010.
KIMURA, A. E., dos SANTOS, L. A., FRANÇA, R. L. S. Pilares. Exemplos de aplicação dos
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2006.
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(http://www.cesec.ufpr.br/concretoarmado/).
WIGHT, J. K., MACGREGOR, J. G. Reinforced Concrete: mechanics and design. 6th ed. New
Jersey: Prentice Hall, 2011.
ANEXO 1:
DIAGRAMAS DE INTERAÇÃO
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Figura A1(a): Diagrama de interação ÉÄÅ − ÊÅ − ËÌ ⁄Í. Seção retangular, armadura dupla
e simétrica, aço CA-50, Îd = Åd ⁄Í = Ï, ÄÏ, ËÌ ⁄Í = Ð, Ñ Ò ÓÏ
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Figura A2(b): Diagrama de interação ÉÄÅ − ÊÅ − ËÌ ⁄Í. Seção retangular, armadura dupla
e simétrica, aço CA-50, Îd = Åd ⁄Í = Ï, ÄÏ, ËÌ ⁄Í = ÓÑ Ò ÔÏ
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