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Arbitragem e mediação

Mediação extrajudicial

Introdução

 As soluções alternativas de conflitos, gênero do qual são espécies a mediação, a


conciliação e a arbitragem, consiste no conjunto de medidas que permitem a busca de
solução de conflitos entre as partes por mecanismos jurisdicionais (como ocorre com a
arbitragem) ou não jurisdicionais (como se observa na conciliação e/ou na mediação).
o A arbitragem é um sistema de solução de conflitos por meio do qual as partes
em conflito nomeiam um árbitro (terceiro particular) único ou em colegiado,
ou ainda uma Câmara de arbitragem, para conduzir o processo arbitral e
entregar uma sentença arbitral que terá a mesma eficácia de uma sentença
judicial.
o A conciliação, diferentemente da arbitragem, não tem a mesma eficácia da
sentença judicial - salvo se realizada em processo judicial ou arbitral - mas
viabiliza a realização de acordos extrajudiciais que afastam a necessidade de
intervenção do Poder Judiciário.
o A única coincidência entre os meios alternativos de solução de conflitos em
questão é o fato de poderem ser aplicados extrajudicialmente.
 Aliás, mesmo a este respeito, há uma fundamental diferença:
enquanto a arbitragem envolve atividade decisória do árbitro em
relação às partes, na mediação e na conciliação não existe o poder de
decidir em favor do mediador e do conciliador.

Princípios e cabimento da mediação extrajudicial

 Conceito de mediação
o O contexto histórico da Lei de Mediação é o contexto de um sistema jurídico
cuja principal forma de solução de conflitos, por meio da atividade estatal
desenvolvida pelo Poder Judiciário, vive uma crise.
 Crise esta que pode estar atrelada a três fatores fundamentais: uma
sociedade altamente litigante; a deficiência de recursos que permitam
a adequada construção de uma estrutura capaz de responder à
demanda; a existência de uma cultura tendente à manutenção da
litigância, seja pelo abuso dos mecanismos recursais contra as
decisões judiciais, seja pela resistência do condenado em cumprir a
decisão judicial passada em julgado.
o Na mediação a atividade do mediador é a de um verdadeiro “aparador de
arestas”.
 Sua função é aproximar as partes, afastar os itens que criam
obstáculos à negociação, tudo a permitir que as partes consigam, por
meio de um procedimento organizado de negociação, chegar a um
acordo.
o Já o conciliador é o criador de oportunidades e minutas de acordo.
 Compete ao conciliador criar para as partes meios de conciliação que
as levem a um acordo, imaginado ou criado pelo conciliador e que
resolva o conflito entre as partes.
 Ainda assim, seja na mediação, seja na conciliação, não são as partes
submetidas às atividades do mediador ou do conciliador: as partes
assinarão o acordo, se possível, por livre manifestação de vontade,
nunca por imposição.
o Tanto a mediação quanto à conciliação são meios de solução de conflitos que
podem ser aplicados em Juízo ou fora dele.
 A Lei nº 13.140/2015 tratou especificamente da mediação
extrajudicial.
o A Lei nº 13.140/15 estabelece o conceito legal de mediação, como sendo a
atividade técnica desenvolvida por terceiro imparcial sem poder decisório,
escolhido pelas partes, com a função de auxiliar ou desenvolver soluções
consensuais (diferente da arbitragem em que o árbitro julga através de uma
sentença arbitral).
 De acordo com esse conceito, como bem se vê, o legislador confirmou
a distinção doutrinária entre mediação, conciliação e arbitragem,
estabelecendo a função do mediador como uma função não decisória.
 Neste aspecto, portanto, a mediação se distingue substancialmente da
arbitragem: nesta o árbitro exerce poder decisório e sua decisão, em
princípio, deve ser executada pelo Poder Judiciário.
 A função do mediador não envolve decisão. Sua função, como
esclarece a parte final do conceito, é de auxiliar as partes a atingirem a
capacidade de obter uma negociação.
 Deve-se destacar do conceito a presença dos verbos de sua
atividade: “auxiliar”, no exato sentido de permitir que as
partes afastem as amarras que as impedem de negociar; e
“desenvolver”, no sentido de contribuir para que as
negociações estabelecidas entre as partes possam evoluir para
um acordo.
 Assim, não é o mediador o criador de hipóteses de negociação: tais
hipóteses são apresentadas pelas próprias partes. A tarefa do
mediador, portanto, está ligada à aproximação das partes, à
“intermediação” necessária para que as partes retomem conversações
e consigam evoluir para um acordo.
 Princípios
o Princípio da imparcialidade
 De acordo com este princípio o mediador não deve pender para
favorecer qualquer das partes, até porquê, como visto, não precisará
criar ideias de soluções negociais para aprovação delas.
o Princípio da isonomia
 De acordo com este princípio, o tratamento dispensado pelo mediador
a uma das partes deve ser equivalente ao tratamento aplicado à outra,
conferindo a ambas os mesmos direitos de manifestação.
 Não se impede, com tal princípio, que o mediador realize reuniões
separadamente com cada parte envolvida no procedimento de
mediação, mas a reunião com uma das partes deve refletir outra,
separadamente com a outra parte.
o Princípio da oralidade
 A atuação do mediador deve favorecer a negociação entre as partes e
deve se pautar pela ausência de procedimentos burocráticos para o
seu desenvolvimento.
 Nesse sentido, o aproveitamento das reuniões e a facilitação da
condução do procedimento estimulam a oralidade, típico princípio que
permite a concentração de atos e maior celeridade em todo o
procedimento.
o Princípio da informalidade
 Sendo o procedimento predominantemente oral, dessa oralidade
decorre a necessária informalidade, isto é, as formas não devem
prevalecer sobre o desenvolvimento do procedimento, a dificultar a
celeridade e a evolução de todo o procedimento.
o Princípio da autonomia de vontade
 É um princípio que está diretamente ligado aos fins da lei de mediação
e, principalmente, às características das soluções alternativas de
conflitos.
 Isto porque só é possível pensar-se num método de solução de
conflitos extrajudicial se houver livre manifestação de vontade das
partes envolvidas no desenvolver desse procedimento.
 Sem a liberdade de manifestação de vontade e sem que a conclusão
da mediação se dê de acordo com essa vontade, não é possível
realizar-se validamente a mediação.
o Princípio do consenso
 Trata-se de um valor ínsito à ideia de mediação.
 Como se vê do próprio conceito da mediação, é do objetivo desta a
obtenção de uma solução consensual de tal maneira que tal valor deve
permear já o início do desenvolvimento de qualquer procedimento
nesse sentido.
o Princípio da confidencialidade
 Para que a mudança de postura referida no princípio anterior seja
possível, é fundamental que as partes estejam à vontade para debater
integralmente as questões que envolvem o conflito existente entre
elas.
 Assim, para que o procedimento possa se desenvolver com a eficácia
necessária é preciso que as partes estejam protegidas adequadamente
em seus interesses, a fim de que a revelação de questões
eventualmente contrárias a seus próprios interesses não seja capaz de
lhes trazer prejuízos em juízo ou fora dele.
 Por essa razão, há uma particular preocupação do legislador em
estabelecer grande proteção para as informações reveladas pelas
partes entre si ou perante o mediador, seja impedindo o mediador de
advogar em favor de qualquer delas, seja impedindo que uma das
partes use tais informações, obtidas por meio da mediação em
detrimento da outra.
 Amplitude da mediação
o A mediação possui alcance maior do que o da arbitragem.
 Na arbitragem exige-se que os direitos sejam, simultaneamente,
patrimoniais, isto é, ligados ao patrimônio e não ao sujeito de direitos
e, de outro, disponíveis, isto é, que estejam dentro da esfera
disponível de direitos e obrigações de cada sujeito de direitos.
 Já a mediação segue regra diversa: como o objetivo é a obtenção de
uma solução consensual, exige-se apenas que os direitos sejam
transacionáveis, o que pode atingir direitos não patrimoniais ou
mesmo direitos indisponíveis.
o Assim, a mediação poderá tratar de direitos não patrimoniais e direito não
disponíveis, o que se exige é que, por ser fundada no consenso, que estes
direitos sejam transacionáveis.
o É possível que um direito indisponível seja transacionável?
 Sim, é possível desde que se trate de uma indisponibilidade relativa.
 Na indisponibilidade absoluta existe uma preocupação legal
em razão da prevalência do interesse público sobre o direito
absolutamente indisponível.
 Já na indisponibilidade relativa o que se observa é a
indisponibilidade na esfera de interesses do particular que,
embora não possa ser obrigado a dispor desse interesse ou
desse direito, poderá espontaneamente a ele renunciar.

Mediador

 Em linhas gerais, qualquer pessoa poderá ser um mediador, exigindo-se apenas que
ele tenha capacidade e que seja uma pessoa de confiança das partes.
o Para que se tenha mediador, exige a lei, quanto à escolha das partes, apenas
que se atenda a dois requisitos: o mediador deve ser capaz, isto é, deve estar
apto à prática dos atos da vida civil e deve gozar da confiança das partes.
o Quanto à capacidade quer nos parece que para que se assuma a posição de
mediador não basta apenas a capacidade civil: como é cediço a capacidade
civil não está necessariamente atrelada à maioridade civil, adquirida aos 18
anos.
o De um lado é possível a emancipação e, de outro, a interdição. Assim, em
princípio, o emancipado e o não interditado estariam em tese aptos a serem
escolhidos como mediadores.
o Entretanto, a função do mediador atrai para este a responsabilidade penal, à
qual deve estar apto de ser responsabilizado. Por essa razão, entendemos que
o emancipado até os dezoito anos não poderá ser mediador, na medida em
que na hipótese de conduzir a mediação por meio de atitude criminosa não
poderá ser penalmente responsabilizado por ser inimputável.
 Funções do mediador
o Cuidar da comunicação com as partes;
o “Aparar as arestas” – buscar a vontade de negociar entre as partes;
o Estimular a obtenção de consenso.
 Não está entre as funções do mediador a criação de hipóteses de acordo entre as
partes, visto que tal função é própria do conciliador.
o Ao mediador incumbe permitir que as próprias partes encontrem o acordo que
melhor atende a seus interesses, ainda que aos olhos do mediador a solução
encontrada não lhe pareça tecnicamente a mais interessante.
 Deveres do mediador:
o Imparcialidade
o Manter sigilo
 Uma negociação somente se desenvolve se as partes estiverem
suficientemente à vontade para revelar ao mediador todos os
aspectos do conflito.
 As partes também deverão cumprir com o dever de sigilo (art. 30, lei
de mediação).
 As informações prestadas na mediação são confidenciais e não
podem ser utilizadas em processos judiciais ou arbitrais.
 A lei ou o acordo entre as partes, porém, poderá afastar a
confidencialidade.
 Se o sigilo não for respeitado, as provas serão consideradas ilícitas.
 Sendo as provas ilícitas, elas não poderão ser usadas no
processo civil por expressa vedação constitucional.
 O sigilo não se aplica, porém, se houver a revelação de crimes de ação
civil pública ou se envolverem questões de matéria penal ou tributária.
o Revelação
 Dever relacionado com a imparcialidade.
 Ao ser nomeado para a mediação e antes de aceitar exercer essa
função, deverá o mediador informar, isto é, revelar às partes qualquer
contato prévio existente com qualquer das partes.
o Impedimento de advogar em favor de qualquer das partes por um ano
 O impedimento de advogar em favor de qualquer das partes por um
ano é garantia de que as partes poderão revelar suas questões sem o
receio de que o mediador ou as informações por ele recebidas
poderão ser usados no futuro a favor de qualquer delas, valendo-se de
tais informações.
 Aliás, é por essa razão que o mediador detém a efetiva confiança das
partes para viabilizar o procedimento com elevada probabilidade de
eficácia.
 O mediador também poderá ser responsabilizado por crimes eventualmente
praticados no exercício da mediação.
o Para tanto, cuidou o legislador de ir além da atividade privada desenvolvida
pelo mediador: no lugar de responsabilizá-lo como um particular, equiparou-o
a funcionário público para fins de aplicação da legislação penal, de tal maneira
que o mediador poderá ser responsabilizado por crimes próprios do
funcionalismo público, tais como a concussão, a corrupção, a prevaricação e
ainda pode ser sujeito passivo do crime de desacato, por exemplo.
 Para ser mediador é preciso registrar-se em um cadastro de mediadores, devendo,
ainda, receber remuneração pela atividade desempenhada (ele pode ser remunerado
pelas partes ou pela câmara de mediação).

Formatos de mediação extrajudicial

 Mediação ad hoc: é a mediação que se desenvolve perante a escolha de um mediador


específico, geralmente escolhido pelas suas qualidades e qualificações pessoais.
 Mediação institucional: é a que se desenvolve perante uma câmara de mediação,
escolhida pelas partes e por meio da qual se decide quem será o mediador,
respeitando-se as regras internas para esta definição.

Cláusula de mediação

 Para se submeter ao processo de mediação é necessário que as partes optem por esse
meio de solução de conflitos.
 Pode-se afirmar que a mediação, como mecanismo de solução de conflitos se inicia
quando as partes optam por esse mecanismo de solução de conflitos.
 Tal opção pode ocorrer por meio da adoção da cláusula de mediação que estabelece o
compromisso de submeter-se à mediação.
 A cláusula de mediação estabelece o compromisso das partes de se submeterem à
mediação antes de se envolverem em um processo judicial.
o Uma vez celebrada a cláusula de mediação, este se torna obrigatória.
o Caso não cumprida a cláusula, haverá aplicação de penalidade.

Procedimento

 O procedimento da mediação se inicia quando as partes começam os procedimentos


de desenvolvimento da mediação, por meio dos atos preparatórios necessários ao
início da mediação: o primeiro destes atos é o convite, previsto no art. 21 da Lei de
Mediação.
 O convite deve preencher os seguintes requisitos: definição do escopo da mediação
esclarecendo o conflito a ser resolvido; a data da primeira reunião e a data do local em
que está se desenvolverá.
o Recebido o convite, deverá a parte convidada responder no prazo de 30 dias.
o Diante do recebimento do convite, a parte convidada somente terá três
condutas a adotar: a aceitação do convite, a sua rejeição, em ambos os casos
expressamente, ou o silêncio.
 O silêncio implicará rejeição do convite.
 Em caso de rejeição do convite, assumirá a parte convidada as
consequências estabelecidas em lei para a hipótese.
 O não comparecimento para a mediação contratada implicará a sucumbência mínima
da parte no processo litigioso que envolve a questão de 50% do valor debatido nos
autos, valendo tal percentual tanto para o processo arbitral quanto para o processo
judicial.
 Enquanto não realizada a mediação, a ação judicial ou o processo arbitral não terão
curso e se iniciados deverão ser suspensos até a realização da mediação contratada.
 Aceita a mediação, deverá ser realizada a primeira reunião pelo mediador.
o De acordo com a Lei de Mediação, durante o procedimento de mediação não
correrá o prazo prescricional (suspende o prazo prescricional).
 A solução legal é bem-vinda na medida em que fosse diversa a solução
legal haveria grande prejuízo pela opção da mediação, pois correriam
as partes o risco de perderem o direito de ação em juízo.
 O prazo decadencial não é suspenso, nem interrompido pela
mediação.
 Mesmo durante o desenvolvimento da mediação os prazos
decadências correrão normalmente o que impõe às partes o
cuidado de que em havendo risco de decurso desse prazo,
terem que promover a competente ação, ainda que para a
esperada e imediata suspensão judicial.
 As reuniões, na mediação, podem se desenvolver em dois formatos distintos:
o Com apenas uma das partes;
 Justifica-se a possibilidade desses dois formatos pelo fato de que não
raro a parte somente revela as questões que de fato a impedem de se
predispor a negociar e chegar a um acordo se não estiver na presença
da outra parte.
o Com ambas as partes.
 De outro lado, vencidas as questões particulares envolvendo cada
parte, separadamente, torna-se possível trazê-las para a mesa de
negociação em conjunto.
 Há possibilidade de que adotada a mediação institucional, por meio de
câmara escolhida pelas partes, exista um regulamento a ser seguido,
que, por si só, imponha a realização das reuniões nos dois formatos e
em momentos específicos do procedimento.
 Neste caso, a obrigatoriedade se impõe pela necessidade de
respeitar o regulamento escolhido pelas partes para a
condução dos trabalhos.
 A mediação se encerra ao final das negociações, podendo ser obtidas duas soluções: a
obtenção do desejado acordo ou a declaração de encerramento dos trabalhos sem
que se justifiquem mais esforços, isto é, sem a obtenção do acordo.
o O acordo, por si só, não faz coisa julgada entre as partes.

Mediação e conciliação judiciais

Audiência de conciliação e mediação

 No Código de Processo Civil de 1973 havia a previsão de uma audiência de tentativa de


conciliação, prevista no art. 331, que ora foi tratada como audiência facultativa, ora
como obrigatória.
 Houve até julgados daquela época declarando nulos os procedimentos que não
realizassem a audiência de tentativa de conciliação, mormente no procedimento
sumário - já extinto - em que a audiência se operava no início do procedimento.
 No projeto do Código de Processo Civil de 2015 o tratamento da audiência de
conciliação ganhou particular relevância não só pelo restabelecimento de sua
obrigatoriedade, como também pela inovação gerada pela sua antecipação, para o
início do procedimento.
 A audiência é consequência de um dos poderes do juiz, consistente no dever legal de
procurar a conciliação das partes sempre que possível.
 De fato, é o processo uma relação jurídica iniciada pelo autor, por meio da petição
inicial, dirigida a órgão jurisdicional, completando-se com a citação do réu e
desenvolvendo-se em atos jurídicos logicamente encadeados e dirigidos à entrega de
uma tutela jurisdicional.
o Esta é o objetivo final do processo, que tem por objetivo resolver a lide
noticiada pelo autor na petição inicial e resistida pelo réu na contestação.
 Tal hipótese não significa que o conflito deverá necessariamente ser
resolvido pelo curso integral do processo. Tanto assim é que o próprio
Código de Processo Civil regula entre as formas de resolução do feito
com julgamento de mérito, o reconhecimento jurídico do pedido, a
renúncia ao direito sobre o qual se funda a ação e a transação (art.
487, inciso III).
 A mediação é a atividade que busca a solução dos conflitos por meio da eliminação dos
pontos de conflitos entre as partes.
o Nela o mediador realiza uma atividade de aproximação das partes que, entre si
buscarão a obtenção de um acordo, trocando as propostas possíveis para fazê-
lo.
o Nesse ponto o mediador apenas evita que pontos de conflito evoluam e
impeçam a realização da transação.
o O mediador é, na verdade, um aparador de arestas da negociação.
 Já na conciliação, na expressão de Carlos Alberto Carmona (2009), temos uma usina de
ideias.
o É função do conciliador desenvolver possibilidades de propostas capazes de
levar as partes a um acordo.
o São as propostas apresentadas que levarão à formação do acordo e eliminarão
o conflito.
o Nesta tem-se uma atividade mais proativa do profissional que buscará
interferir efetivamente na negociação para permitir que as partes cheguem a
um acordo.
 Art. 334, CPC/15:
o Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso
de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação
ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser
citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.
 §4º A audiência não será realizada: I. se ambas as partes
manifestarem, expressamente, desinteresse na composição
consensual; II. quando não se admitir a autocomposição.
 O autor deverá na própria petição inicial manifestar se tem interesse
ou não na realização da audiência.
 O réu deverá manifestar o seu interesse ou não, após citado, dentro
do prazo de dez dias da audiência.
 Em caso de litisconsórcio, todos os litisconsortes deverão manifestar
desinteresse para evitar a realização da audiência.
o A intenção do legislador, portanto, é ausente de dúvidas: a expectativa é de
que a conciliação e a mediação levem em concreto à resolução do litígio, a fim
de que não pairem dúvidas no sentido de que é uma grande oportunidade
para a pronta solução dos feitos e uma forma mais célere e efetiva de entregar
solução para o litígio.
o Ainda assim, é possível localizar, mesmo na vigência do Código de Processo
Civil de 2015, julgados entendendo pela não obrigatoriedade da audiência do
art. 334 do CPC/15.
 Mediação é um procedimento de aproximação entre as partes, para auxiliar que elas
firmem acordo.
 Conciliação é um procedimento de propositura de ideias e formatos de acordo que
podem resolver o conflito entre as partes.
 Princípios da mediação e conciliação judicial
o Princípio da independência
 O mediador/conciliador deve conduzir a realização dos acordos com
absoluta independência, independentemente de qual parte estiver
remunerando a sua atividade.
 Pelo princípio da independência se deve entender que o mediador ou
o conciliador que conduzirão a audiência deve manter independência
em relação às partes, conduzindo a audiência com a necessária cautela
para a obtenção do acordo, sempre que possível.
o Princípio da decisão informada
 As partes devem ser informadas de todas as benesses, riscos e
possibilidades do acordo ao qual estejam se submetendo.
 O princípio da decisão informada impõe ao conciliador e ao mediador
que conduzam as decisões tomadas pelas partes sejam precedidas dos
necessários esclarecimentos a serem dados pelos condutores da
audiência, tanto no aspecto fático quanto no jurídico.
 Quanto aos deveres, são reprisados os deveres do mediador previstos na Lei nº
13.140/15 - aqui, no Código de Processo Civil de 2015, estendidos também aos
conciliadores, ante a amplitude da audiência a que se refere a audiência do art. 334.
o Entretanto, da legislação processual exsurge outra obrigação aos mediadores e
conciliadores apresentada na forma de proibição: ficarão os mediadores e
conciliadores proibidos de patrocinar os interesses de qualquer das partes que
tenham participado de audiências por eles conduzidas pelo período de um
ano, contando-se da última audiência em que o mediador ou o conciliador
funcionou.
 Requisitos para ser mediador ou conciliador judicial
o Pessoa capaz;
o Graduação em ensino superior reconhecimento pelo MEC, há pelo menos dois
anos;
o Aprovação em curso que respeita a resolução nº 125 do CNJ, realizada por
entidade reconhecida pelo ENFAM ou por Tribunal;
o Atender aos requisitos definidos pelo Ministério da Justiça.
 É possível que os tribunais estabeleçam concursos públicos para eleição dos
mediadores e conciliadores judiciais.
o Tribunal de cada Estado ou Região devera disciplinar como será feita a
inscrição do mediador.
 Infelizmente, em matéria de remuneração o Código de Processo Civil de 2015 foi
apenas comedido: recomendou, mas não exigiu a remuneração dos mediadores e dos
conciliadores, permitindo conforme o Estado, diversidade de situações: Estados em
que a remuneração não ocorre; Estados em a remuneração é feita com recursos
públicos destinados a esta finalidade e Estados em que a remuneração é realizada
pelas partes.
 Também na mediação e na conciliação em Juízo se admite as duas espécies de
mediações/conciliações: realizadas pelo mediador ou conciliador escolhido pelas
partes “ad hoc”, ou ainda determinado pelo juiz, ou, ainda, a mediação e a conciliação
institucionais realizadas por Câmaras especializadas nessa atividade, admitindo-se
ainda a sua realização com gratuidade de Justiça.
 Havendo infração dos deveres legais do mediador/conciliador o Código de Processo
Civil estabelece a possibilidade de afastamento em caráter provisório e cautelar.
o Tal sanção não é única, respondendo os mediadores e conciliadores pelos
prejuízos que dolosamente causarem às partes, aplicando-se, ainda, as
medidas de natureza criminal eventualmente cabíveis.
 O prazo para a solução do conflito na mediação e na conciliação não deve ultrapassar
dois meses, sob pena de, superado o prazo, prejudicar e não colaborar com os
princípios da economia e da celeridade.
o Ademais, há outra distinção nas mediações e conciliações judiciais:
 Nos Juizados Especiais Cíveis não se exige a presença de advogados e
defensores na mediação ou conciliação nos casos em que sua
participação como advogados das partes não for obrigatória;
 Nos casos regulados pelo CPC/15 a participação dos advogados e
defensores na mediação ou conciliação é sempre obrigatória.
 Outra questão de particular relevância que se apresenta no formato da audiência de
conciliação e mediação do CPC/15 é a que diz respeito ao momento de sua realização:
no CPC/73 a audiência preliminar (exclusivamente de tentativa de conciliação) era
realizada antes da fase instrutória, no início da chamada fase ordinatória do processo.
o Esta fase era particularmente interessante para a realização da audiência
conciliatória, na medida em que nos autos do processo já se encontravam
presentes as manifestações das partes: petição inicial do autor, a contestação
e a reconvenção do réu, a contestação à reconvenção do autor-reconvindo, a
ação declaratória incidental do autor e a contestação à ação declaratória
incidental.
o Portanto, para a audiência de conciliação do CPC/73 não se esperava grandes
inovações: toda a matéria fática e as teses de autor e réu já deveriam, ao
menos, constar dos autos, restando preclusas quaisquer inovações
processuais. Pode-se afirmar que em matéria de inovações já não existiriam
surpresas: restariam após a infrutífera audiência somente a instrução dos fatos
controvertidos nos autos e a sentença judicial.
o O Novo CPC/15 inovou especificamente quanto ao momento da audiência:
esta foi levada para a fase postulatória do processo, originada pelo pedido
inicial do autor ao qual se deve seguir a realização da audiência.
o Não podendo ser prévia, a audiência foi inserida no novo CPC/15 na primeira
oportunidade possível: logo após a propositura da petição inicial.
o A inovação legislativa apresentou as seguintes justificativas:
 O litígio ainda não evoluiu judicialmente e, por esta razão, acredita o
legislador que a probabilidade de se obter acordo em audiência seria
maior;
 Ainda que qualquer das partes não queira, há hipóteses em que se
consegue a realização do acordo surpreendendo até mesmo as partes.
o Ainda que tais hipóteses justifiquem a iniciativa, entendemos que o momento
da audiência se apresenta inoportuno. Deve-se ter em mente que a realização
da audiência deve ser precedida do tratamento igualitário das partes.
o Ora, se a audiência é realizada logo após o recebimento da petição inicial (art.
334, caput, do Código de Processo Civil de 2015), tem-se apresentados nos
autos todos os argumentos do autor. Deve-se frisar, aliás, que após a citação
do réu - necessariamente realizada antes da audiência de conciliação e
mediação - não poderá o autor mudar a causa de pedir e o pedido iniciais,
conforme determina o art. 329 do CPC/15.
o Nessa linha de ideias, portanto, em atendimento à necessária estabilidade da
relação jurídica processual, estará o autor definitivamente preso aos termos
de sua petição inicial e é nos termos dela que ele será convocado para
participar da audiência de mediação e conciliação.
o Já a posição do réu será processualmente desequilibrada, favorável e
beneficiada em relação autor: este será convocado para negociar com o autor,
conhecendo os imutáveis termos da petição inicial, podendo sobre eles
negociar, sem que o autor conheça os termos de sua contestação, a ser
eventualmente apresentada caso infrutífera a audiência.
 Prazos
o A audiência de mediação e conciliação será designada pelo juiz ou pelo centro
de mediação e conciliação competente.
o Assim, exige-se pelo menos trinta dias de antecedência para agendamento da
data de audiência de conciliação e mediação.
o Sendo o que o réu deverá ser citado para comparecer com, pelo menos, vinte
dias de antecedência.
 Além da atenção a Lei de Mediação, o CPC/15 permite a possibilidade de múltiplas
sessões de mediação e conciliação a serem realizadas no prazo máximo de dois meses,
respeitando-se o intervalo mínimo de 20 minutos entre os agendamentos das
audiências.
 De outro lado, a audiência somente poderá ser dispensada em duas situações: a. se o
direito objeto do processo não admitir a autocomposição; b. se ambas as partes
manifestarem previamente seu desinteresse na sua realização.
o Logo, a realização da audiência de mediação e de conciliação não depende do
juiz e nem de apenas uma das partes: ou o direito não admite
autocomposição, isto é, enquadra-se entre os direitos não sujeitos à
possibilidade de transação, ou ambas as partes não desejam se sujeitar à
audiência de mediação e de conciliação.
o No segundo caso, trata-se de manifestação expressa das partes: o autor faz
essa manifestação na própria petição inicial, como se observa do novo
requisito para este ato constante do art. 319, inciso VII do Código de Processo
Civil.
o Já o réu deverá, se não quiser se submeter à audiência em questão, manifestar
no prazo de até 10 (dez) dias antes da audiência designada, caso em que o
prazo para a contestação iniciar-se-á a partir do protocolo da petição em que
pede para que a audiência não seja realizada.
o Assim, somente fará sentido pensar o réu em protocolar a petição de
desinteresse na audiência se a petição inicial do autor já vier com a opção pela
não realização da audiência, isto é, se o autor pedir que ela seja realizada, a
realização desta dependerá exclusivamente da vontade do autor, pois ainda
que o réu não a deseje, ela será realizada.
o O mesmo se pode dizer da opção do autor pela não realização da audiência:
neste caso, se o réu não apresenta a petição de desinteresse no prazo legal, a
audiência ocorrerá ainda que o autor tenha manifestado seu desinteresse.
o Tanto numa situação quanto em outra, nunca deverá nos termos do Código de
Processo Civil, caber ao juiz a definição da ocorrência ou não da audiência,
regra esta que se tem observado na maioria dos Estados brasileiros.
Entretanto, a jurisprudência do Estado de São Paulo vem se posicionando no
sentido de caber ao julgador essa definição, restando, por ora, aguardar-se o
posicionamento do Superior Tribunal de Justiça a respeito do tema, ainda
pendente de apreciação.
o A audiência, de outro turno, poderá ser presencial ou eletrônica, podendo
haver a substituição da parte por terceiro desde que o procurador tenha
poderes expressos para transigir em nome do outorgante.
 Em caso de não comparecimento de qualquer das partes, o ausente será multado em
até 2% (dois por cento) da vantagem econômica pretendida com o processo,
considerando-se o ato atentatório à dignidade da justiça.
o Neste caso, diferentemente de outras sanções aplicadas pelo Código, a multa
será revertida em favor da União ou do Estado.
Arbritragem

Noções introdutórias

 Conceito de jurisdição
o Chiovenda: a jurisdição é a atividade estatal de aplicação do direito ao caso
concreto.
 Para Chiovenda a jurisdição é um monopólio do Estado.
 Referido conceito remonta à extraordinaria cognitio de Otaviano
Augusto – que determina que somente ele irá escolher os julgadores
(retirando do cidadão o direito de escolher o seu próprio julgador –
momento em que surge a ideia de recurso).
 A partir desse momento ocorre a monopolização do exercício
da jurisdição.
 Assim, de acordo com esse conceito de jurisdição, para Chiovenda, a
arbitragem era contratual.
 Não é à toa que Chiovenda negava à arbitragem a natureza
jurisdicional: ao tempo em que viveu o doutrinador italiano, a
arbitragem se sujeitava à posterior homologação judicial e o
árbitro não entregava uma sentença, mas mero laudo arbitral,
como ocorria na nossa legislação até 1996.
o Ocorre que, pela atual legislação, pode-se perceber que não é mais só o
Estado que aplica o direito no caso concreto.
o A coisa julgada é a atribuição específica das decisões proferidas por quem
exerce jurisdição.
 Trata-se do elemento que caracteriza a jurisdição.
 Partindo dessa ideia somente duas atividades, no Brasil, são capazes
de produzir coisa julgada: o Poder Judiciário, através de suas decisões
e a arbitragem (art. 31, Lei 9.307/96).
 Se a arbitragem é capaz de produzir sentença com as mesmas
características da sentença judicial, é porque a sentença
arbitral produz coisa julgada e constitui título executivo
judicial.
 A arbitragem é um método de solução de conflitos
extrajudicial, mas capaz de produzir uma sentença com a
mesma eficácia que a sentença judicial, isto é, que será
executada da mesma forma que esta última.
 Na arbitragem não há recursos e embora seja um título
executivo formado extrajudicialmente, está relacionada pelo
art. 515 do Código de Processo Civil como se título executivo
judicial fosse.
o Assim, pode-se conceituar a jurisdição como sendo a atividade de aplicação do
direito ao caso concreto, com a potencial capacidade de produzir coisa
julgada.
 Não é necessário ter havido a coisa julgada para se afirmar que a
atividade foi jurisdicional, o que se exige é que haja a potencial
formação de coisa julgada; basta que a atividade seja capaz de
produzir coisa julgada.
 Deste conceito, bem se vê que a atividade jurisdicional quando
exercida, não gerará necessariamente, coisa julgada material.
 Para que seja reconhecida como atividade jurisdicional, é
preciso que a atividade tenha a potencial capacidade de
produzi-la.
 Nessa linha de ideias, é possível afastar do conceito de jurisdição o
elemento “estatal” que o conceito chiovendiano impunha sem que o
conceito perca o sentido fundamental de diferenciar-se de outras
atividades comuns de simples aplicação do direito.
o Com esse conceito moderno de jurisdição, há duas espécies de jurisdição
passíveis de serem estudadas:
 Jurisdição pública – exercida pela Poder Judiciário;
 Jurisdição privada – exercida pela arbitragem.
 A jurisdição privada não tem as mesmas características da
jurisdição pública, sendo distinta desta última por sofrer
limites.
 Distinções entre a jurisdição pública x privada
o Jurisdição pública
 É una/indivisível, indelegável, irrenunciável, imparcial (princípio do juiz
natural), ilimitada (salvo o limite do território nacional), declarativa
(declara a quem pertence o direito) e executória (substitui a vontade
do devedor, valendo-se do seu patrimônio para a satisfação das
obrigações reconhecidas em juízo).
 A jurisdição pública é exercida pelo Estado e personificada na
figura do Juiz - funcionário público concursado ou investido
constitucionalmente de suas funções para exercer a jurisdição
estatal.
o Jurisdição privada
 É imparcial (o árbitro tem o dever de imparcialidade), está associada a
ideia de delegação (porque as partes delegam poder a um árbitro para
solucionar seus conflitos), é divisível (porque as partes podem
determinar até que limite pode ir o árbitro no julgamento de uma
causa), é renunciável (porque ainda que as partes tiverem optado pela
jurisdição privada, elas podem renunciar a convenção de arbitragem),
é declarativa (porque o árbitro decide a quem o direito pertence), mas
não é executória (porque é essa jurisdição é, necessariamente,
limitada).
 O árbitro não é nomeado pelo Estado, nem é um funcionário
deste último, fato este que difere substancialmente o agente
desta atividade jurisdicional daquele que exerce a jurisdição
pública.
 Ocorre que a jurisdição privada, diferentemente da pública, não é pré-
instalada e precisa ser constituída formalmente para que se inicie o
processo arbitral.
 É exatamente por isso que o art. 19 da Lei de Arbitragem
expressamente afirma que o processo arbitral se inicia quando
o árbitro aceita a sua nomeação - não pela provocação da
parte como é a jurisdição pública (v. art. 2º do Código de
Processo Civil).
 Assim, é possível afirmar que a jurisdição privada nasce das próprias
partes, quando de comum acordo decidem submeter um conflito ao
sistema de arbitragem e decidem escolher um árbitro submetendo a
ele o conflito.
 A ideia fundamental é que se na jurisdição pública existe o
contrato social que entrega ao Estado a jurisdição, por
vontade do povo (art. 1º, parágrafo único da Constituição
Federal), na arbitragem é a vontade das partes que entrega ao
árbitro a jurisdição privada à qual irão se submeter.
 A jurisdição privada é substancialmente mais limitada que a jurisdição
pública: isto porque a entrega feita pelas partes ao árbitro as vincula à
decisão jurisdicional arbitral, mas esta não pode atingir terceiros que
não façam parte desta entrega.
 Por essa razão, afirma-se que a jurisdição privada é limitada às
partes que a ela se submetem, não podendo atingir terceiros,
na forma do art. 4º da Lei nº 9.307/96.
 Limites da jurisdição privada
o Legal: art. 1º da Lei nº 9.307/96 – a jurisdição privada somente pode tratar de
direitos patrimoniais e disponíveis.
 Não basta que sejam somente patrimoniais ou somente disponíveis: é
preciso que as duas características estejam conjugadas.

o Convencional: art. 32, inciso IV, da Lei nº 9.307/96.


 A própria convenção de arbitragem irá estabelecer quais os limites da
arbitragem.
 Também se extrai do art. 32, inciso IV da Lei nº 9.307/96 que a
sentença arbitral será nula se decidir além do que foi convencionado
pelas partes no instrumento que a institui como método de solução de
conflitos: a convenção de arbitragem.
 Ora, se o árbitro não pode decidir fora do que as partes
convencionaram submeter à arbitragem, então é convenção
de arbitragem em si mesma uma limitação à jurisdição
privada, estabelecendo um limite convencional ao que se
pode decidir nesse sistema de solução de conflitos.

o Subjetivo: art. 4º, da Lei nº 9.307/96.


 Não são todas as pessoas que se sujeitam a jurisdição privada.
 A arbitragem somente atinge quem é signatário da convenção de
arbitragem.

o Atividade: art. 31 da lei nº 9.307/96 e art. 515, inciso VII do CPC.


 O árbitro não pode executar os seus julgados e nem se valer de
medidas coercitivas.
 No processo arbitral a jurisdição privada é desprovida de dois
elementos da jurisdição: a coertio e a executio.
 Tratam-se de atividades monopolizadas pelo Estado brasileiro – por
isso que a sentença arbitral é considerada como título executivo
judicial, porque é perante o Poder Judiciário que se dará o
cumprimento da sentença arbitral, caso a parte vencida resista a
cumpri-lo.
 Daí porque a sentença arbitral deve ser objeto de execução em
processo judicial e no processo arbitral sempre que o árbitro verificar
a necessidade de medidas ou condições de natureza coercitiva.
 Dependerá de cartas arbitrais emitidas ao Poder Judiciário
pois somente este possui o monopólio da coertio e da
executio jurisdicionais.

 Constitucionalidade da arbitragem
o Considerando a arbitragem como mecanismo de solução de conflitos de
natureza jurisdicional, é preciso verificar se ela é constitucional.
o A constituição Federal, em seu art. 5º, inciso XXXV, estabelece que: “A lei não
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
o A arbitragem é constitucional, porque ela não é obrigatória, ela advém da
manifestação de vontade das partes.
o Assim sendo, o princípio fundamental da arbitragem, que afasta a aplicação do
juiz natural, é a livre manifestação de vontade das partes envolvidas no
processo arbitral.
o Daí a necessidade de verificar se, na situação concreta, existe a livre
manifestação de vontade de ambas as partes, pois qualquer limitação a essa
vontade será causa de nulidade de todo o processo arbitral

Conceito de arbitragem

 Conceito de arbitragem
o A arbitragem pode ser definida como um método de solução de conflitos de
natureza extrajudicial, por meio da qual as partes de comum acordo
renunciam à solução do conflito no Poder Judiciário para, mediante convenção
prévia, submeter o conflito a julgamento por árbitro de sua livre e comum
escolha.
o Nesse método, portanto, a atividade desempenhada para o julgamento da
causa é efetiva atividade de julgamento, com prolação de sentença que
resolva o conflito existente entre as partes. Tal atividade é substancialmente
distinta daquela exercida pelo mediador e/ou pelo conciliador.
 Tanto a atividade da mediação quanto a atividade da conciliação não
permitem que o mediador ou o conciliador realizem qualquer espécie
de julgamento. Nestas atividades o que se busca é o acordo que pode
partir de uma ideia de um conciliador ou da própria aproximação das
partes, como se observa na mediação.
o Já na arbitragem se verifica que o árbitro, embora possa buscar a conciliação
tem por função a condução de um verdadeiro processo, isto é, de uma relação
jurídica que se desenvolve em procedimento e com contraditório em busca de
uma tutela a ser entregue ao final: a sentença arbitral.
o Verifica-se, ademais, que a sentença arbitral produz efetiva coisa julgada entre
as partes e é objeto de execução, na forma de cumprimento de sentença,
como determina o art. 515, inciso VII do Código de Processo Civil de 2015.
o O procedimento arbitral se encerra com verdadeira sentença proferida pelo
árbitro e essa poderá ser executada no Poder Judiciário com a mesma eficácia
e as mesmas características e autoridade de uma sentença judicial, como se
judicial fosse.
o É que enquanto a garantia da Constituição em questão estabelece o princípio
da demanda e do livre acesso ao Poder Judiciário, o Código de Processo Civil
trata de acesso não somente ao Poder Judiciário para à jurisdição.
 E nesse aspecto, o §1º do art. 3º do CPC/15 é indicativo de que o
Código está mesmo atribuindo à arbitragem a natureza jurisdicional.
 Se o caput propositadamente substituiu a expressão Poder Judiciário
por jurisdicional e o §1º trata de arbitragem, parece sem sombra de
dúvidas que o legislador de fato reconhece na arbitragem sua natureza
jurisdicional e é exatamente por isso que a exemplo do que ocorreu
com a Lei nº 9.307/96, também o legislador de 2015 relaciona a
sentença arbitral entre os títulos executivos judiciais, por ser título
formado em efetiva atividade jurisdicional.

Convenção de arbitragem

Convenção de arbitragem e suas espécies

 A convenção de arbitragem é o negócio jurídico por meio do qual se estabelece a


utilização da jurisdição privada para a solução de conflitos existentes ou por existir
entre as partes, relativamente a direitos patrimoniais e disponíveis.
o A arbitragem tem natureza jurisdicional e compõe o exercício da jurisdição
privada.
o Assim, tem-se como princípio fundamental para o desenvolvimento de toda e
qualquer arbitragem o princípio da livre manifestação de vontades.
o Tal classificação é fundamental para que se compreenda que sendo a
convenção de arbitragem um negócio jurídico, ela também é um fato (pois
tem consequências jurídicas); é um ato jurídico (pois tais consequências
jurídicas são geradas por atividade humana); e se diferencia dos demais atos
jurídicos, porque a vontade humana declarada no negócio jurídico o vincula
aos efeitos que deve ser capaz de produzir.
o Portanto, nessa linha de ideias tem-se para a convenção de arbitragem, que a
sua existência é estabelecida pela presença de quatro elementos
fundamentais: agente, objeto, forma e vontade.
 A falta de qualquer desses elementos, desclassificaria o ato como
negócio jurídico e nessa medida levaria à inexistência jurídica da
convenção de arbitragem.
 Mas para que a convenção de arbitragem seja válida, deverá ela atender também aos
seus requisitos legais. Neste plano (da validade do negócio jurídico), a convenção de
arbitragem deverá atender aos seguintes requisitos de validade:
o Agente capaz;
o Objeto lícito, possível e determinável, estabelecendo a arbitragem como
mecanismo de solução de conflitos;
o Forma prescrita ou não defesa em Lei, sendo que a Lei de Arbitragem
estabelece requisitos formais para a validade da convenção de arbitragem;
o Vontade, que deve ser livre e espontânea, não podendo existir qualquer vício
de consentimento, como erro, dolo, coação, estado de necessidade ou de
lesão na formação da convenção de arbitragem.
 A convenção de arbitragem não é obrigatória.
o Caso celebrada, porém, as partes não poderão dela desistir, salvo se ambas
renunciarem ou a se a arbitragem for impossível.
 Outra situação que é capaz de afastar a arbitragem definida pelas
partes é concreta impossibilidade de sua realização, como pode
ocorrer, por exemplo, se a convenção trata de direitos não
patrimoniais ou indisponíveis, se o árbitro entende que a convenção é
inexistente, inválida ou ineficaz (art. 8º, parágrafo único da Lei de
Arbitragem) ou se o árbitro escolhido recusar, falecer ou for impedido
ou suspeito para conduzir a arbitragem e as partes acordaram a
impossibilidade de sua substituição, etc.
o É justamente a ausência de obrigatoriedade de que alguém assine uma
convenção de arbitragem que permite afirmar-se com segurança que esse
método de solução de conflitos e a Lei que a regula são perfeitamente
constitucionais.
 Súmula 485 – STJ: a lei de arbitragem aplica-se aos contratos que contenham cláusula
arbitral, ainda que celebrados antes de sua edição (desde que a cláusula tenha
observado o princípio da livre manifestação de vontade).
 Espécies
o Cláusula compromissória: prevista em contratos para eventuais litígios futuros.
 Uma vez estabelecida esta cláusula, ainda que uma das partes não
queira solucionar o litigio através da arbitragem, o conflito será,
necessariamente, levado a solução por um árbitro.
o Compromisso arbitral: negócio jurídico de finalidade específica, para instituir a
arbitragem como meio de solucionar litígios pré-existentes.
 A convenção de arbitragem, tanto na modalidade do compromisso arbitral quanto na
modalidade de cláusula compromissória, é suficiente e vinculante, afastando
definitivamente a jurisdição estatal.
 A convenção de arbitragem deve ser necessariamente escrita e estabelecer as regras
procedimentais ou se reportar a um órgão arbitral (art. 4º).
 Caso a cláusula compromissória seja realizada corretamente, ela não depende de
complementação compromisso arbitral. Porém qualquer dessas duas espécies de
convenção de arbitragem pode vir a depender de esclarecimentos que constarão do
termo de arbitragem (também denominado de “ata de missão”).
 O art. 337, inciso X da atual legislação estabelece que a convenção de arbitragem deve
ser alegada preliminarmente na contestação, mas o §5º do mesmo artigo deixa claro
que dessa matéria não poderá o juiz conhecer de ofício.
o Dependerá, portanto, de alegação do réu.
o Ora, se o autor ajuizou a ação perante a jurisdição pública é porque o autor,
neste ato, renunciou à arbitragem. Sua renúncia, entretanto, não será
suficiente: em atendimento ao princípio pacta sunt servanda, somente não
haverá arbitragem se o réu tomar atitude compatível com essa renúncia.
 É o que se observa na situação em que o réu deixa de alegar, na
contestação, a existência da convenção, como expressamente
determina o atual art. 337, §6º do Código de Processo Civil.

Cláusula compromissória

 A cláusula compromissória é uma simples cláusula contratual em que as partes


definem, no mesmo instrumento em que celebram uma relação jurídica entre elas,
que em caso de eventual e futuro conflito, submeter-se-ão à arbitragem.
o Trata-se, portanto, de uma cláusula para o futuro: prévia ao conflito que
poderá ou não vir a ocorrer.
 A cláusula compromissória deve ser necessariamente escrita e deve estabelecer regras
procedimentos ou se reportar a um órgão arbitral (art. 4º da lei de arbitragem).
 São duas as espécies de cláusula compromissória:
o Cláusula compromissória cheia
 É aquela que atende as determinações do artigo 4º da Lei de
Arbitragem, de modo que é escrita e estabelece as regras
procedimentais da arbitragem.
 A contratação de cláusula compromissória “cheia”, espécie admitida
pelo art. 5º da Lei de Arbitragem, na qual se convenciona a forma de
nomeação dos árbitros ou adoção de regras institucionais, prescinde
de complementação por meio de compromisso arbitral.
 Trata-se da cláusula que contém os requisitos mínimos para se
instaurar o processo arbitral:
 Define os árbitros ou instituição;
 Define o regulamento a ser seguido ou a ser adotado.
o Cláusula compromissória vazia
 Aquela cláusula que não prevê as regras procedimentais da
arbitragem, nem quem será o arbitro.
 Isto significa que será exigido das partes que, no momento em que
instalado o conflito entre elas, estas precisarão entrar em acordo
sobre quem será o árbitro e/ou a câmara, bem como o procedimento
a ser adotado, na forma do art. 6º da Lei de Arbitragem, o que se
mostrará elevadamente difícil de ser obtido.
 Se não chegarem a um acordo será preciso ingressar com a ação
judicial, na forma do art. 7º da Lei de Arbitragem, para que
judicialmente sejam definidas as bases mínimas para se instalar a
arbitragem (quem será o arbitro e o regulamento – não resolverá a
questão de mérito).

 As cláusulas compromissórias cheias podem instituir uma futura e eventual


arbitragem, que poderá ser:
o Ad hoc
 Trata-se da arbitragem em que as partes não escolhem uma instituição
para realizar o julgamento, mas sim uma pessoa específica para ser o
árbitro.
 Trata-se de arbitragem por meio da qual se define quem será o árbitro
e qual o procedimento a ser seguido (que poderá ser criado pelas
próprias partes, o que é menos recomendável, na medida em que é
mais suscetível de eventual debate sobre a legalidade ou
constitucionalidade do procedimento criado; ou define-se um
regulamento de câmara já existente - e, por ser um regulamento já
utilizados em várias outras causas, é menos suscetível de debate
quanto à validade (art. 5º da Lei de Arbitragem).
 Caso seja adotada a cláusula compromissória ad hoc deverá ser
definido um árbitro ou um conjunto de árbitros – em número ímpar –
para julgar o caso.
 É recomendável que as partes prevejam e regulem a eventual
substituição dos árbitros.
 Além disso deverão as partes estabelecer um procedimento arbitral ou
adotar algum já existente.
 A lei de arbitragem permite a adoção de regas de um
regulamento já existente, conforme prevê o artigo 5º de
referida lei.
o A medida é saudável do ponto de vista da segurança
do procedimento adotado, pois a adoção de um
regulamento evita ou, ao menos, minimiza a
possibilidade de debate sobre a validade do
procedimento adotado.

o Institucional
 Por meio da qual a arbitragem transcorre perante uma câmara ou
instituição arbitral, seguindo o seu regulamento ou outro definido
pelas partes.
 A redação da cláusula compromissória, nesse caso, é bem mais
simples e segura, porque a Câmara já possui o procedimento próprio
de nomeação dos árbitros e um regulamento já sedimentado para o
desenvolvimento do processo arbitral.

Compromisso arbitral

 Pode ser definido como a espécie de convenção de arbitragem por meio da qual,
existente o conflito, as partes decidem levá-lo à arbitragem.
 Como é posterior à existência do conflito, o compromisso arbitral pode ser celebrado
extrajudicialmente, por acordo diretamente realizado entre as partes em conflito, ou
pode ser entabulado judicialmente, por meio de termo lavrado nos autos.
o Por esta convenção de arbitragem, portanto, pode-se interromper o curso de
uma ação judicial para submeter a um árbitro a solução de um conflito.
 Compromisso arbitral
o Extrajudicial
 Caso realizado na forma extrajudicial, poderá o compromisso arbitral
ser realizado por simples contrato particular assinado pelas partes na
presença de duas testemunhas ou por meio de escritura pública.
o Judicial
 As partes podem optar, no curso do processo, pela arbitragem.
 Lavra-se termo e se profere uma sentença terminativa.
 Independentemente da forma adotada, será, por exigência do art. 10 da Lei de
Arbitragem, imprescindível que o compromisso arbitral contenha as seguintes
informações:
o Nome, profissão e domicílio dos árbitros ou identificação da entidade;
o Nome, profissão, estado civil e o domicílio das partes;
o A matéria que será objeto da arbitragem - com a especial e relevante
observação de que neste aspecto as partes devem se esforçar por estabelecer
os limites do que poderá ser decidido pelo árbitro, sendo esta a função deste
requisito;
o O lugar em que será proferida a sentença arbitral, para que não exista dúvida
quanto à sua nacionalidade.

 A ausência de algum desses requisitos implicará, inevitavelmente, a ausência de algum


dos requisitos legais de natureza formal da convenção de arbitragem e, na forma do
que foi dito inicialmente, implicará nulidade absoluta da convenção de arbitragem.
o Por serem requisitos obrigatórios, significa que o compromisso arbitral será
sempre cheio e não poderá ser vazio.
o A primeira oportunidade para debater essa validade será perante o próprio
árbitro, na medida em que, de acordo com o princípio kompetenz-kompetenz
conjugado com o princípio da autonomia da convenção de arbitragem,
compete ao próprio árbitro decidir sobre a existência, validade e eficácia da
convenção de arbitragem (art. 8º, parágrafo único da Lei de Arbitragem).
 Além de todos estes requisitos, sugere o art. 11 da Lei de Arbitragem que outras
informações constem da convenção de arbitragem:
o Local ou locais em que se desenvolverá a arbitragem;
o Autorização para uso da equidade: neste caso, indica a Lei que somente
haverá autorização para os árbitros decidirem com fundamento na equidade,
se houver expressa autorização neste sentido.
 O silêncio a este respeito representa proibição de uso desse meio para
decidir o processo arbitral.
o Normas que serão utilizadas na arbitragem: considerando que a jurisdição
privada não adere ao território nacional e pode ser internacional, poderão as
partes definirem livremente quais normas poderão ser utilizadas na
arbitragem, desde que respeitada a ordem pública nacional;
o Prazo para proferir a sentença arbitral, caso as partes desejem outro que não
aquele definido no art. 23 da Lei de Arbitragem (6 meses).

Convenção de arbitragem no CDC

 É possível celebrar convenção de arbitragem também em contratos de adesão, caso


em que a cláusula compromissória, além dos requisitos já estudados, também deverá
ser redigida em destaque e subscrita pelas partes à parte da subscrição do contrato
propriamente dito, como deixa entrever o art. 4º, §2º, da Lei de Arbitragem.
o Porém, se o contrato de adesão envolver relações de consumo, estará vedada
a celebração de convenção de arbitragem pelo art. 51, inciso VII do Código de
Defesa Consumidor.
o A cláusula de arbitragem deve estar em destaque se tiver inserida em contrato
de adesão.
o Assina-se especificamente a cláusula de arbitragem nos contratos de adesão,
para que fique claro que além da adesão ao contrato houve também adesão a
arbitragem.
 Sobre a aceitação de cláusula compromissória em relações de consumo é preciso
esclarecer que embora exista a vedação legal, recentemente o Superior Tribunal de
Justiça abrandou a regra se o próprio consumidor manifesta aquiescência ou inicia o
processo arbitral espontaneamente, ratificando a vontade manifestada quando da
celebração da convenção de arbitragem.
 O CDC não se opõe a utilização da arbitragem na resolução de conflitos de consumo,
ao revés, incentiva a criação de meios alternativos de solução dos litígios; ressalva, no
entanto, apenas, a forma de imposição da cláusula compromissória, que não poderá
ocorrer de forma impositiva.
 Assim, é possível a cláusula arbitral em contrato de adesão de consumo quando não se
verificar presente a sua imposição pelo fornecedor ou a vulnerabilidade do
consumidor, bem como quando a iniciativa da instauração ocorrer pelo consumidor
ou, no caso de iniciativa do fornecedor, venha a concordar ou ratificar expressamente
com a instituição, afastada qualquer possibilidade de abuso.

Árbitro

Noções introdutórias

 Na arbitragem não se aplica o princípio do juiz natural, prevalecendo na questão o


princípio da livre manifestação de vontade.
 O princípio do juiz natural, que na jurisdição pública funciona como garantia de
imparcialidade, está fundado em três subprincípios:
o Investidura – somente é juiz aquele que é investido da função jurisdicional;
 Segundo o qual o julgamento deve ser realizado por juiz regular e
constitucionalmente investido da função jurisdicional.
 Para ser juiz é preciso ser aprovado em concurso público de provas e
títulos.
o Predefinição de regras de competência;
 A fim de que a sua aplicação no caso concreto não permita que a
causa seja direcionada ou afastada de determinado órgão
jurisdicional.
 As regras de atribuição de competência são pré-definidas, na
Constituição e leis infraconstitucionais.
o Vedação aos tribunais de exceção.
 Os órgãos jurisdicionais devem existir previamente ao conflito.
 Na arbitragem, por outro lado:
o O árbitro não é investido pelo Estado, ele é escolhido pelas próprias partes.
o Compete ao árbitro definir sua própria competência, seguindo o princípio da
kompetenz-kompetenz.
 Competência na arbitragem não tem o mesmo significado que o
conceito de competência tem no CPC.
 Enquanto no processo civil competência é o conjunto de regras que
atribuem o exercício da jurisdição pública brasileira a determinado
órgão do Poder Judiciário, na arbitragem competência significa a
capacidade técnica do árbitro de julgar o caso concreto que se
apresenta.
 Portanto, uma vez recebendo a nomeação das partes,
compete ao árbitro definir, no momento da aceitação do
mister, se tem competência técnica para julgar a causa e,
assim, aceitar ou não a sua própria nomeação.
 O árbitro deverá decidir se ele tem capacidade técnica para
julgar ou não a causa.
o O órgão de julgamento arbitral é formado após o surgimento do conflito.
 Logo se verificava que o árbitro não é investido da função da função
jurisdicional pelo Estado (mas sim pelas partes); que o árbitro não está
atrelado a regras predefinidas de atribuição da competência, pois está
atrelado ao princípio da kompetenz-kompetenz e sabemos, ainda, que
embora a convenção de arbitragem possa ser prévia ou posterior ao
conflito, o árbitro sempre será nomeado depois da existência do
conflito, não se aplicando a regra da preexistência de Tribunal.
 Árbitros estão sujeitos às exceções rituais (impedimento e suspeição) do Processo Civil
ou à impugnação de competência?
o Com relação a alegação de impedimento e suspeição, a reposta é afirmativa
(art. 14).
o O impedimento e a suspeição são aplicáveis na arbitragem, ainda que a
manifestação de vontade seja no sentido da possibilidade de algum impedido
julgar a causa.
o Na arbitragem, o árbitro deve cumprir o dever de revelação:
 Cabe a ele revelar os contatos prévios que teve com as partes.
 Após isso, as partes irão definir se mantém ou não o árbitro escolhido.
 De acordo com este dever, o árbitro antes de aceitar a nomeação
deverá informar as partes sobre qualquer contato que com qualquer
delas tenha tido antes de assumir a função.
 O não atendimento deste dever poderá levar à responsabilidade civil e
criminal do árbitro, a depender de sua conduta e dos prejuízos que a
ausência do dever de revelação causar às partes.

Requisitos

 Poderão ser árbitros:


o Pessoas capazes;
 O requisito da capacidade equivale ao da capacidade civil.
 Destaca-se que a lei exige apenas a capacidade civil o que, ao menos
em tese, permite que emancipados também possam funcionar como
árbitros.
 Não exige a Lei de Arbitragem nenhum requisito adicional do ponto de
vista da figura do árbitro. Independe, portanto, do nível de
escolaridade ou especialidade na atividade de julgamento
o Pessoas de confiança das partes
 O que efetivamente determinará a escolha de alguém para funcionar
como árbitro, entretanto, é o atendimento ao segundo requisito: a
confiança das partes.
 É preciso que as partes tenham no árbitro a confiança e a crença
necessária de que será realizado o trabalho de correta condução do
processo arbitral e de que o julgamento será justo.
o De outro lado, é preciso também que o árbitro não seja impedido ou suspeito
 Embora criticável a solução legal, que impede a possibilidade da
confiança das partes suplantar eventual impedimento ou suspeição
legal, fato é que por expressa previsão legal (art. 14 da Lei de
Arbitragem) aplicam-se as mesmas disposições do Código de Processo
Civil a respeito da matéria (arts. 144 e 145 do Código de Processo
Civil).
 Não poderão ser árbitros:
o Juízes e funcionários públicos que não possam exercer outra função.

Poder do árbitro

 Poderes do árbitro
o Julgar matérias de fato e de direito
 Os árbitros, uma vez no exercício da função, terão os mesmos poderes
dos juízes, exceto o de aplicar medidas coercitivas ou medidas
executórias.
 Assim, poderão julgar tanto matérias de fato, quanto de direito, sendo
que poderão proferir sentença que será título executivo judicial, como
qualquer outra sentença prolatada pela jurisdição pública.
o Proferir sentença com a mesma eficácia da sentença judicial

Deveres do árbitro

 Imparcialidade
o Pelo dever de imparcialidade, o árbitro não pode pender em benefício de
qualquer das partes nem ser omisso no atendimento do dever de revelação.
o Deverá conduzir o processo de forma a atingir resultado justo e
desinteressado.
 Independência
o Já pelo dever de independência, tem-se que o árbitro não deve manter
dependência de qualquer das partes.
o O dever é particularmente relevante na medida em que diferentemente dos
juízes o árbitro é remunerado pelas partes.
 Tal remuneração é previamente acordada com as partes e no caso de
arbitragens institucionais é predefinida em tabelas de aplicação geral
nas câmaras de arbitragem.
 Assim, não poderá o árbitro sentir-se dependente da parte
eventualmente responsável pela remuneração, ainda que
parcialmente ou num primeiro momento do processo, devendo tomar
suas decisões conforme sua livre convicção.
 Competência
o O árbitro deverá, ainda, agir com competência.
o Não deve aceitar a nomeação se não possuir conhecimento suficiente para
realizar o julgamento ou para conduzir o processo arbitral.
o Entretanto, cabe ao próprio árbitro fazer essa avaliação no momento da
notícia de sua nomeação.
 Diligência
o Quanto à diligência, o árbitro deverá conduzir o processo com zelo, cuidado na
administração do processo e na tomada de decisões.
o Deve ter ciência de que de seus atos poderá depender a validade de todo o
processo arbitral e de que de suas decisões dependerá a solução de conflito
entre as partes.
 Sigilo
o Deverá o árbitro agir com sigilo, mantendo discrição de seus atos e de sua
participação no processo.
o Há casos em que faz parte do acordo das partes a instituição da arbitragem
com o dever recíproco de sigilo, não raras vezes para preservar marcas,
atividades empresariais ou a exposição indevida de coisas ou pessoas.
 Nesses casos o não atendimento desse dever poderá gerar
responsabilidade pessoal do árbitro que não atua com discrição
esperada.

Responsabilidade dos árbitros

 Os árbitros respondem civilmente por prejuízos que venha a causar as partes, por má
condução do processo ou não atendimento de seus deveres (perdas e danos).
 Os árbitros também respondem criminalmente, pois se equiparam aos juízes, que são
funcionários públicos.

Nomeação dos árbitros

 As partes poderão nomear os árbitros de forma singular ou plural.


 No primeiro caso o julgamento será monocrático (árbitro único) e, no segundo, será
colegiado (junta ou tribunal arbitral – número ímpar de árbitros e deverá ser definido
um presidente)
 Julgamento colegiado
o Sendo o julgamento colegiado, é comum e correto afirmar-se que se formou
um Tribunal Arbitral, expressão usada pelo próprio texto legal.
o Não se deve confundir o Tribunal Arbitral, formado por junta de árbitros
escolhidos pelas partes para o processamento e julgamento da causa, com a
Câmara de Arbitragem, que é instituição na qual se vinculam árbitros que
poderão ou não ser escolhidos para processamento e julgamento de causas
que lhe sejam submetidos.
o Nos tribunais arbitrais ou mesmo nas arbitragens monocráticas os árbitros
terão os mesmos poderes de um juiz.
o A nomeação de Tribunais Arbitrais será sempre feita em número ímpar,
podendo as partes nomearem os árbitros suplentes (estes somente nos casos
em que as partes acordaram a possibilidade de substituição do árbitro, pois
poderão acordar acerca dessa impossibilidade).
o Caso sejam nomeados em número par, os próprios árbitros escolhidos
nomearão mais um.
 Se não houver acordo, somente em Juízo será nomeado o árbitro
faltante.
o Definido o Tribunal Arbitral, será então definido o Presidente.
 Também não se deve confundir o Presidente do Tribunal arbitral com
o Presidente da Câmara, nas arbitragens institucionais. Aquele é
responsável pela condução do processo, pelo voto de desempate, por
certificar a recusa de algum dos árbitros em assinar a sentença e de
notificar as partes a respeito da sentença.
 As próprias partes definem quem será o Presidente. Caso não seja
feita escolha, caberá aos árbitros escolher um deles para ser o
Presidente.
 Se não houver definição ou maioria de votos, o mais idoso irá
assumir essa função.
 Ao Presidente caberá:
 Receber notificação para proferir sentença no prazo;
 Receber exceção de impedimento e suspeição;
 Requerer a condução coercitiva de testemunhas a juiz togado
por carta arbitral;
 Proferir voto de desempate;
 Certificar a recusa de árbitro em assinar a sentença;
 Notificar as partes da sentença, enviando cópia.
 A nomeação dos árbitros deverá ser feita diretamente pelas partes, nas hipóteses de
arbitragem ad hoc ou seguindo as regras institucionais, na forma de regulamento, nas
hipóteses de arbitragem institucional.

Substituição dos árbitros

 A substituição dos árbitros é possível nos seguintes casos:


o Recusa;
o Impedimento ou suspeição;
o Falecimento;
o Impossibilidade de assumir a função, apesar da nomeação.
 Os árbitros também poderão ser substituídos em um desses casos, desde que as
partes não tenham criado impedimento à substituição.
o Neste caso, se as partes não permitiram a substituição, será a arbitragem
resolvida, encaminhando-se às partes para processamento e obtenção de
solução em juízo, por meio da jurisdição pública.
o Caso as partes não permitam a substituição na convenção de arbitragem: a
causa será resolvida pelo Poder Judiciário.
 Caso haja previsão de possibilidade de substituição ou não haja nenhuma proibição a
esse respeito, deverá se verificar se a concordância das partes, que, se não houver,
levará a decisão ao Poder Judiciário.

Formação do processo arbitral

 A formação do processo arbitral é muito mais complexa que a formação do processo


judicial.
o No processo civil basta a propositura de uma petição inicial perante o órgão
jurisdicional para que o processo judicial tenha início.
 Isso porque no processo civil o órgão jurisdicional já está constituído.
o No processo arbitral haverá a notificação do árbitro ou da câmara de
arbitragem definida na convenção de arbitragem, ou ainda à parte adversa,
para que se comecem as tratativas de comunicação do árbitro ou de sua
definição para que sejam cumpridos os deveres prévios (conhecimento da
causa, verificação de existência ou não de competência para julgá-la e
atendimento do dever de revelação) e posterior aceitação da função (art. 19).
 Não basta a notificação inicial para se formar o processo arbitral.
 O processo arbitral somente se inicia com a aceitação pelo
árbitro nomeado ou pelo Tribunal Arbitral do processo que lhe
é submetido.
 Caso aceita a nomeação, caberá ao árbitro designar uma reunião inicial a fim de
esclarecer com as partes o procedimento que será adotado e para esclarecer
eventuais dúvidas que possam surgir do procedimento escolhido pelas partes, entre
outros aspectos como as datas para prática dos atos (é possível definir um calendário
para os atos processuais), qual será o sistema de provas que será utilizado, os meios
de comunicação das partes, a linguagem a ser utilizadas, etc.
o Desta reunião será elaborada a Ata de Missão, também conhecida como
termo de arbitragem que integra a convenção de arbitragem, mas não se
confunde com ela, bem como obriga as partes em relação ao procedimento.
 Convenção de arbitragem = negócio entabulado entre as partes.
 Termo de arbitragem = conta com a participação do árbitro;
instrumento processual próprio pelo qual se delimita a controvérsia
posta e a missão dos árbitros.
Inicial, contestação e revelia

Petição inicial

 O procedimento arbitral deve seguir princípios impositivos, sem os quais se


desenvolverá de forma absolutamente nula. São eles:
o Contraditório
 Pelo princípio do contraditório se deve entender o atendimento de um
necessário binômio: informação e oportunidade de defesa.
 Por informação entende-se que a parte, em benefício da qual
o direito ao contraditório se opera, tem direito de se informar
dos fatos que são contra ela apontados, bem como das
alegações dirigidas contra os seus próprios interesses.
 Já por oportunidade de defesa se deve entender que a parte
tenha efetivada a situação em que possa apresentar defesa.
 Não atende a este princípio o procedimento que concede à parte
oportunidades exíguas para a apresentação de defesa, bem assim o
procedimento que obriga a parte a sob determinada circunstância
defender-se imediatamente.
o Igualdade
 As duas partes devem ter as mesmas oportunidades no processo
arbitral.
 As partes que estão se submetendo a julgamento deverão estar em
igualdade de condições para se submeterem a ele.
 A ausência de igualdade pode, portanto, servir de base para o não
atendimento da autonomia da vontade, o que, em tese, prejudicaria
profundamente o direito a se tutelar nesta forma de solução de
conflitos.
o Imparcialidade
 Sabemos que no processo arbitral não vigora o princípio do juiz
natural, na medida em que qualquer dos seus princípios subsidiários
não se mostra presente na arbitragem.
 Isto, entretanto, reforça a importância de três apoios fundamentais da
imparcialidade no âmbito da arbitragem:
 Na escolha dos árbitros, a exigência de que devam gozar da
confiança das partes, o que de um lado vincula a
imparcialidade à livre manifestação de vontade das partes;
 A exigência do atendimento ao dever de revelação, a fim de
que fique garantido às partes a ciência de qualquer evento
capaz de macular a imparcialidade do árbitro no curso do
processo e para que no prazo legal (art. 20 da Lei de
Arbitragem);
 Atendimento da neutralidade se estivermos diante de
arbitragem internacional.
o Em regra, não há neutralidade, na medida em que
valores sociais, ligados a determinada relação de
tempo e espaço, criam em nossa mente tendências e
convicções inafastáveis.
o No âmbito internacional, entretanto, sendo a
arbitragem um processo que pode tramitar com essa
amplitude, faz-se necessário, como garantia de
imparcialidade que se escolha árbitro neutro, isto é,
que não esteja ligado às mesmas circunstâncias de
espaço de qualquer das partes
o Livre convencimento
 Na arbitragem, árbitro tem liberdade na apreciação das provas e no
julgamento da causa, segundo sua própria convicção.
 Por este princípio o árbitro deverá ter absoluta liberdade de
apreciação das provas e argumentos, não se admitindo um
procedimento que estabeleça alguma restrição à formação dessa
convicção.
 Estabelecidas as bases, portanto, de um processo arbitral que atenda a todas estas
diretrizes, é preciso verificar se a petição inicial é suficiente para iniciar o contraditório
devidamente.
o Para tanto, embora a arbitragem possa contar com o apoio de advogados das
partes - e geralmente assim o é, há casos em que teremos arbitragens sem
participação de advogados (art. 21, §3º da Lei de Arbitragem)
 De toda sorte, a Lei de arbitragem não trouxe exigências quanto ao pedido inicial.
Embora se recomende que os requisitos do art. 319 do Código de Processo Civil
estejam presentes, tamanha a função, informação e clareza que oferecem ao
procedimento, não se pode afirmar que tais requisitos sejam obrigatórios.
o Bastará que a petição seja clara o suficiente quanto a fatos, direito e pedido,
que, somados à identificação das partes já constantes do processo a esta
altura, formarão o tripé de apoio dos elementos identificadores da ação
(partes, causa de pedir e pedido).
o Embora a lei também não exija a fundamentação jurídica, considerando as
especialidades do processo arbitral, acreditamos que não é obrigatória a causa
de pedir próxima, mas será fundamental para a defesa dos direitos do autor na
jurisdição privada, até porque aqui, diferentemente do que ocorre na
jurisdição pública, não se exige, ao menos em tese, conhecimento jurídico
para que o árbitro possa exercer essa função.
 Também se deve destacar que o pedido inicial poderá vir a ser acompanhado de
pedido liminar, na medida em que o árbitro, assim como o juiz, poderá decidir as
medidas de natureza cautelar ou antecipatória que se fizerem necessárias no curso do
processo arbitral.
o A jurisdição privada precisa ser formada após a notificação inicial do autor da
pretensão, sendo que a jurisdição somente se formará após a aceitação do
árbitro em conjunto com as partes, formando-se o processo arbitral.
o Assim, questões urgentes as vezes não podem ser imediatamente submetidas
à arbitragem, muitas vezes por absoluta impossibilidade de se aguardar a
formação da jurisdição privada.
o Não é por outra razão que a Lei de Arbitragem expressamente trata do tema
nos arts. 22-A e 22-B, permitindo que os pedidos de natureza liminar sejam
formulados perante a jurisdição pública.

o Tal hipótese reafirma a relação de coordenação que existe entre a jurisdição


pública e a jurisdição privada: não há hierarquia nem sujeição.
 Uma completa a outra, quando as duas estão presentes, conforme a
livre manifestação de vontade das partes.
o Medidas de urgência no processo arbitral
 Não se confundem com as tutelas de evidência do CPC – não são
medidas de urgência.
 O arbitro pode conceder tutela de urgência, desde que preenchidos os
requisitos:
 Probabilidade do direito;
 Perigo de dano irreparável ou de difícil reparação.
 Com o início do processo arbitral, as partes e o árbitro já conhecem o pedido inicial:
o Em rega geral, os procedimentos se iniciam com as notificações.
o Os árbitros só podem se manifestar sobre as aceitações se já conhecem a
petição inicial.
o O processo arbitral se inicia no momento em que o árbitro aceita a atribuição.
 Embora a Lei de Arbitragem não seja específica quanto aos requisitos necessários para
a elaboração da petição inicial, esta deverá ao menos estabelecer os elementos
fundamentais e identificadores da ação, quais sejam:
o Qualificação completa das partes, até porque tal qualificação já deve constar
da convenção de arbitragem;
o Os fatos e os fundamentos jurídicos do pedido;
 Neste caso, é necessário que esteja presente o conteúdo fático.
 Já a fundamentação jurídica - embora não se aplique a teoria da
substanciação - poderá ser dispensada até pela natureza do
julgamento esperado pelas partes (mais ou menos técnico, ou
obedecendo a um conjunto de normas diverso do ordenamento
jurídico brasileiro em vigor).
 Entretanto, sempre que possível, é sugerido que a inicial
contenha essa fundamentação.
o O pedido e todas as especificações quanto ao bem da vida desejado pelo autor
 Como geralmente as petições iniciais na arbitragem são elaboradas por advogados, é
comum a preocupação com o atendimento dos requisitos do art. 319 do CPC, embora
não exista a previsão de aplicação subsidiária do Código à Lei de Arbitragem.
o Existe uma relação de coordenação e não de hierarquia entre a jurisdição
pública e a privada.
 Recebido o pedido inicial e aceita a função de ser árbitro no processo, compete ao
árbitro buscar a conciliação entre as partes.
o Preliminarmente ao processamento da causa, o árbitro deverá tentar a
conciliação entre as partes.
o A busca pela conciliação não é obrigatória e não leva a nulidade da arbitragem.

Contestação

 Decididas as questões urgentes pela jurisdição pública e iniciado o processo arbitral


pela aceitação do árbitro, será dada ao réu a oportunidade de oferecer sua defesa,
atendendo-se, assim, ao princípio do contraditório e da ampla defesa.
o A contestação é o ato em que são apresentadas as defesas do réu.
 O prazo para contestar é definido pelas partes ou estabelecido regulamento por elas
seguido, conforme a convenção de arbitragem ou o termo de arbitragem.
o Fato é que tal prazo não poderá ser exíguo, a ponto de impedir o exercício do
direito de defesa, nem extenso a ponto de dificultar o bom andamento do
processo arbitral.
o No lugar de se atribuir prazos para a prática dos atos processuais, poderão as
partes também estabelecer um calendário para a prática dos atos processuais.
 Assim, não precisarão ser intimadas para a prática de cada ato
processual, na medida em que já terão definidos os dias dos termos
finais dos atos processuais.
 A contestação do réu, a exemplo do que se afirmou sobre a petição inicial, não tem
forma definida ou estabelecida na Lei de Arbitragem, cabendo às partes ou ao
regulamento estabelecer eventuais requisitos para sua apresentação.
o Entretanto, é inevitável que, sendo a contestação o ato processual que veicula
as defesas do réu, nela se devem apresentar todas as defesas do réu, sob pena
de preclusão da oportunidade de apresentá-las.
o Assim, o ato processual deve veicular todas as defesas disponíveis do réu, até
porque seria contrária à celeridade necessária ao processo arbitral que o réu
pudesse em mais de uma oportunidade acrescentar defesas que já lhe são
disponíveis no ato de contestar.
o Excetuam-se a essa premissa a possibilidade de apresentação de outras
defesas que não são disponíveis no momento oportuno, ou cujo conteúdo
somente seja conhecido ou acessível ao réu após o prazo da contestação.
 Cabe reconvenção na arbitragem?
o A reconvenção corresponde a possibilidade de formular pedidos pelo réu em
face do autor, no mesmo processo, tendo por requisito apenas a identidade
com os fundamentos da defesa ou com o pedido inicial.
o Pedido contraposto: nesse caso, exige-se que a possibilidade de formulação do
pedido pelo réu em face do autor esteja ligada à mesma fundamentação fática
trazida pelo autor.
 É uma técnica que se adequa bem a procedimentos sumarizados,
como ocorre com o procedimento do JEC.
 Tal característica deixa evidente que o pedido contraposto é mais
restrito, quantos aos limites da discussão que poderá ser travada pelo
réu na contestação, à técnica da reconvenção.
 Não poderá o réu nessa técnica inovar na matéria fática, ficando
adstrito no pedido contraposto aos mesmos fatos que já fazem parte
do litígio estabelecido em juízo.
o Ações dúplices: algumas causas tem a característica de que formulado o
pedido pelo autor, o réu ao se defender estará formulando pedido em face do
autor, automaticamente.
 Os dois polos das relações processuais se confundem e a procedência
do pedido significa a improcedência do pedido da parte adversária.
o A técnica legislativa compatível com a arbitragem é somente a do pedido
contraposto.
 Isso porque a jurisdição é limitada pela convenção de arbitragem,
assim os pedidos do réu em face do autor deverão estar
necessariamente ligados à mesma convenção de arbitragem – aos
mesmos fundamentos fáticos.
 Por essa razão e também pela necessária celeridade que caracteriza o
processo arbitral, somente se admite neste o pedido contraposto.
 Tanto autor quanto réu deverão formular pedidos fundados
na mesma convenção de arbitragem.
 Nesta técnica não poderá o réu inovar em matéria fática,
independentemente da relação jurídica debatida nos autos,
aproveitando-se, apenas, os mesmos fatos narrados na petição inicial,
facilitando-se a fase seguinte, de produção de provas e acelerando-se
a entrega da tutela jurisdicional.

Revelia

 A revelia deverá ser entendida como a ausência da contestação. Nada mais é,


portanto, que uma situação jurídica do réu que não contesta.
 Sua função do processo, em regra, é a aceleração do processo judicial e não uma pena
imposta para o réu que não contestou.
o Assumir-se entendimento diverso seria o mesmo que compreender a
contestação como uma obrigação e não como um ônus.
 Na jurisdição pública a revelia gera ausência de controvérsia sobre os fatos alegados
pelo autor e que, portanto, não dependerão de provas (art. 374, inciso III do CPC/15)
e, portanto, ter-se-á a antecipação do julgamento, na forma do art. 355, inciso II do
mesmo Código.
o É uma técnica de aceleração de julgamento.
o Se ele não contesta, ocorre a preclusão da oportunidade do réu de impugnar.
 Tal técnica na arbitragem, entretanto, não se justifica: se o réu não contesta (art. 22,
§3º da Lei de Arbitragem), mas teve oportunidade de contestar, restará atendido o
princípio do contraditório, o que por si só não impede a prolação da sentença arbitral.
o De outro lado, mostra-se desnecessária a aceleração de um processo em que o
árbitro tem prazo para decidir, de maneira que não se observa no processo
arbitral os efeitos da revelia do processo civil.
o Sendo o réu revel, proceder-se-á à produção de provas dos fatos alegados pelo
autor para que o árbitro, atendendo ao dever de zelo, julgue a causa
adequadamente.
 O autor continua com o ônus de provas os fatos por ele alegados.

Provas e sentença no processo arbitral

Provas no processo arbitral

 A instrução probatória no processo arbitral ocorre em moldes semelhantes ao que se


admite hoje no CPC.
 A fase instrutória é aquela que o processo é instruído, isto é, recebe o conjunto de
provas que será utilizado pelo árbitro ou conjunto de árbitros para a realização da
atividade de julgamento.
 Não se pode esquecer a respeito desse tema o cabimento do princípio do livre
convencimento que norteia o processo arbitral. Ainda que previstos ou não pela Lei de
Arbitragem, todas as provas produzidas serão apreciadas sem qualquer espécie de
hierarquia.
o De outro lado, também não haverá proibição de que o árbitro venha a deferir
ou indeferir provas desejadas pelas partes no processo arbitral. Na medida em
que o árbitro deverá decidir conforme seu livre convencimento, o
indeferimento de provas é dever que cabe ao árbitro se este for o seu
entendimento sobre a causa.
 O ônus da prova é atribuído, em regra, a parte que faz a alegação dos fatos, mas se
admite, conforme decisão do árbitro, a inversão da distribuição do ônus probatório.
 No processo arbitral também se atende aos princípios do dispositivo e do inquisitivo
na instrução probatória, na medida em que, na forma do art. 22 da lei de arbitragem,
as provas poderão ser produzidas:
o A requerimento das partes;
o De ofício do próprio árbitro.
 Os meios de produção de prova são previstos no art. 22, que prevê:
o Depoimento das partes;
 Significa a oitiva de qualquer das partes pelo árbitro, por meio da qual
se busca estabelecer o grau de credibilidade das alegações e da versão
fática apresentada, principalmente quando houver divergências entre
as versões apresentadas pelas partes.
 No depoimento pessoal, a ausência da parte será levada em
consideração pelo árbitro na prolação da sentença.
 Com tal determinação se tem que no processo arbitral a
ausência para o depoimento pessoal não implicará,
necessariamente, a pena de confesso, mas tal ausência deve
ser levada em consideração pelo árbitro na formação do seu
livre convencimento.
 No depoimento pessoal tem-se como objetivo a apresentação
detalhadas pelas partes de aspectos relevantes dos fatos da causa que
poderão ser levados em consideração pelo árbitro ou tribunal arbitral
para a realização da atividade de julgamento.
 Objetiva-se com o depoimento que a parte convocada seja levada a
contradições, inseguranças ou confissões que levem a uma melhor
formação de convicção dos árbitros.
o Oitiva de testemunhas;
 Significa a oitiva de pessoas que não são parte no processo, mas que
tenham conhecimento relevantes para solução da causa.
 Nesta ouve-se terceiro que tenha conhecimento dos fatos da causa,
podendo este terceiro ser destinatário de questionamentos
formulados por ambas as partes (e/ou seus advogados).
 As provas testemunhais serão deferidas a ambas as partes, em
condições de igualdade às quais caberá a produção da prova de
acordo com o regulamento e/ou procedimento por elas
convencionado. Também aqui se verificará a possibilidade de
questionamentos por parte dos árbitros, e de cada uma das partes.
 Se a testemunha se recusar a depor: o árbitro pode pedir ao Poder
Judiciário que determine a sua condução coercitiva, pois não existe
coertio na jurisdição privada.
o Provas pericias.
 Possibilidade de que alguém com conhecimento científico diverso
daquele que árbitro eventualmente possua, possa contribuir para o
julgamento formando laudo técnico que explique cientificamente uma
situação que será levada em consideração para o julgamento da causa.
 Evidentemente, tal prova também deverá ser submetida a
contraditório, envolvendo quesitos de ambas as partes e também do
árbitro.
 Questão que se coloca de forma especial da prova pericial no imóvel
âmbito da arbitragem é a de que a perícia poderá, segundo o
entendimento ora apresentado, envolver a ciência do Direito.
 Na jurisdição pública é comum a afirmação de que a perícia é
o meio de prova em que se busca a apresentação de análise
científica sobre determinado fato, diversa do Direito. Tal
afirmação é consequência do fato de que na jurisdição pública
o julgador é sempre preparado em alto nível para aplicar o
direito, vigorando o princípio Iura Novit Curia.
 Ocorre que na arbitragem não é obrigatório que o árbitro tenha
formação jurídica, razão pela qual aqui será eventualmente cabível
uma perícia jurídica para analisar determinado fenômeno fático do
ponto de vista científico do direito.
 Assim, a amplitude da prova pericial arbitral parece ser maior que
aquela observada na jurisdição pública, o que, entretanto, não
autoriza o raciocínio de que o árbitro deverá decidir conforme o laudo
pericial. A decisão seguirá seu livre convencimento e, portanto, a
exemplo do que se observa na jurisdição pública, também na
jurisdição privada estará o árbitro autorizado a decidir de forma
distinta daquela constante do laudo pericial.
 Outro aspecto que se destaca na perícia arbitral é a que envolve a
possibilidade de o árbitro valer-se de conhecimentos técnicos
científicos próprios para a avaliação do laudo ou mesmo sua dispensa
na produção probatória. Embora seja esta uma conduta impossível no
âmbito da jurisdição pública, a especificidade que é da natureza do
processo arbitral, bem assim a amplitude que as partes tem na
nomeação de árbitros permite que árbitros especializados no tema
científico envolvido no processo arbitral possam realizar o julgamento.
 Inicialmente verifica-se o silêncio do legislador a respeito da prova documental, no
dispositivo em questão. Embora seja explicável o silêncio, tecnicamente ele não se
justifica: é evidente que a prova documental também deverá ser produzida.
o Pode-se explicar esse silêncio em razão do fato de que se espera que a prova
documental já se tenha produzido pelas partes, seja na petição inicial, seja na
contestação.
o Tal hipótese, entretanto, não afasta a possibilidade de que as provas
documentais sejam produzidas também na fase instrutória: há situações em
que a prova documental se faz necessária a partir de depoimentos pessoais,
provas testemunhais ou até mesmo no curso da prova pericial.
o Assim, desde que demonstrada a situação que impediu a previsibilidade da
necessidade da prova documental, o seu desconhecimento ou acesso difícil no
momento oportuno, é de se atribuir à parte que produza a prova documental,
ainda que fora do momento oportuno de sua realização, durante as alegações
das partes.
 O rol de provas não é exaustivo, pois existem outros mecanismos de prova que
poderão ser usados pelo árbitro.
o Ex: inspeção arbitral; exibição de documento ou coisa.
o Outras provas que poderão ser utilizadas no processo arbitral são provas
oriundas de processos estrangeiros e que não são aplicados por nosso
processo civil (ex: expert witness e discovery).
 A discovery é um meio de prova que permite à parte que acesse todos
os documentos e informações disponíveis da outra parte em busca de
um conjunto de provas que se aproxime da verdade dos fatos. Já as
expert witnesses permitem que no depoimento testemunhal a
testemunha se valha de conhecimentos científicos que possui para
fazer uma análise técnica e/ou científica do fato testemunhado (uma
espécie de combinação entre as provas testemunhais e periciais).

Sentença no processo arbitral

 Sentença judicial é o ato processual que veicula os julgamentos proferidos pelo


julgador.
o Na arbitragem não é diferente: trata-se do ato que veicula julgamentos dos
árbitros sobre os pedidos formulados pelas partes.
 Portanto, vigora na arbitragem o princípio da congruência, que
também existe no processo civil.
 Vigora, portanto, no âmbito da arbitragem o princípio da
congruência, segundo o qual o árbitro ou o tribunal arbitral
deverá julgar na sentença especificamente o que foi objeto
dos pedidos formulados pelas partes. Assim, embora a
jurisdição privada seja determinada na convenção de
arbitragem, restando nesta os seus limites convencionais, são
os pedidos das partes que definem o mérito do que poderá e
deverá ser julgado pelo árbitro na sentença arbitral.
 Como consequência, as sentenças arbitrais também estão sujeitas aos
mesmos vícios da sentença judicial, podendo ser extra, ultra ou citra
petita.
 Será extra petita se o árbitro decidir coisa diversa do que foi
pedido pelas partes; ultra petita, a sentença que julga além do
pedido e citra petita, a sentença que julga aquém do pedido.
 A sentença citra petita não é a sentença que julga o pedido
mas condena quantitativamente menos do que foi pedido.
Neste caso, ao apreciar o mérito, o árbitro se convence de que
o pedido formulado pelas partes é maior do que efetivamente
devido. Poderá, conforme o caso, haver até error in iudicando
ou error in procedendo, mas não haverá julgamento omisso.
o As sentenças arbitrais também podem ser totais ou parciais.
 A fase decisória é caracterizada pelo momento processual em que o árbitro ou o
tribunal arbitral se debruçam sobre as alegações das partes e sobre as provas
produzidas durante toda a fase de instrução do processo arbitral. É na fase decisória
que se conhece a sentença arbitral.
 A sentença arbitral deve ser proferida no prazo convencionado entre as partes.
o Na falta desse prazo, deverá ser proferida em seis meses (art. 23 da lei de
arbitragem).
o Admite-se que os árbitros, em comum acordo com as partes, possam
prorrogar o prazo fixado.
 A Lei de Arbitragem estabelece que a sentença arbitral deverá preencher os seguintes
requisitos: a. constar de documento escrito (art. 24 da Lei de Arbitragem), sem o que
não se pode considerar sequer proferida a sentença; b. relatório, por meio do qual os
árbitros comprovam todo o contato que tiveram com a causa antes de proferir seu
julgamento; c. fundamentação, necessária para que se possa compreender as razões
que levaram os julgadores a proferir o julgamento; d. dispositivo, em que serão
realizados os julgamentos da causa e onde serão encontrados todos os capítulos de
sentença eventualmente não antecipados por sentenças parciais; e. data, para que se
conheça o atendimento do prazo convencionado pelas partes para sua prolação; f.
lugar em que foi proferida, para que se conheça a nacionalidade da sentença, isto é, se
poderá ser executada em determinado país independentemente de homologação.
Sendo a sentença estrangeira, por uma questão de soberania nacional e exigência
constitucional, a sentença arbitral precisará ser previamente homologada, na forma
regulada pelos arts. 34 a 40 da Lei de Arbitragem; g. assinatura dos árbitros, que é a
prova de exercício da jurisdição pelos árbitros na atividade de julgamento, essencial
para que se reconheça sua existência, validade e eficácia, bem como sua possibilidade
de formar coisa julgada material, que somente se opera com a jurisdição.
 Além dos requisitos formais da sentença arbitral, os artigos 27 e 28 da Lei de
Arbitragem também estabelecem que competirá aos árbitros ainda e
independentemente de pedido das partes, manifestarem-se sobre a atribuição das
custas e despesas com a arbitragem (qual das partes e em qual medida cada uma
arcará com elas); bem assim a possibilidade de que chegando as partes a acordo,
caberá aos árbitros a sua respectiva homologação.
 O arbitro ao proferir a sentença arbitral deverá:
o Manifestar-se precisamente sobre cada um dos pedidos formulados pelas
partes;
o Decidir sobre as custas e despesas com arbitragem;
o Atribuir multas por litigância de má-fé, caso necessárias;
o Homologar acordos.
 Pedido de esclarecimentos no processo arbitral
o Proferida a sentença arbitral, as partes deverão ser notificadas do seu
conteúdo (art. 29).
o Tal notificação dará origem ao prazo para que qualquer das partes em 5 dias
apresentar seu pedido de esclarecimentos (art. 30 da Lei de Arbitragem).
o Tal pedido de esclarecimentos, se entendido que equivalem na arbitragem aos
embargos de declaração (que no processo civil tem natureza recursal art. 994,
inciso IV do Código de Processo Civil), ter-se-á como natureza a de recurso,
portanto.
 Assim, pode-se afirmar que esse pedido de esclarecimentos tem
natureza recursal, integrativo da sentença arbitral.
o O pedido de esclarecimentos caberá nas hipóteses de obscuridade,
contradição do julgado, erro material e de omissão, equivalentes aos
embargos de declaração do processo civil.
 Questiona-se a hipótese de cabimento fundada na dúvida que se a
figura incompatível com os objetivos do sistema processual arbitral e
do próprio pedido de esclarecimentos.
 Isto porque a dúvida é estado subjetivo do intérprete. A
dúvida vive na cabeça de quem lê a sentença e não exsurge
objetivamente do julgado. Este poderá ser obscuro ou
contraditório, mas jamais terá dúvida!
 Embora criticável, entende-se que se a sentença arbitral é
escrita de modo a gerar dúvidas no intérprete, também nessa
hipótese caberá o pedido de esclarecimentos.
 Trata-se do único recurso previsto para impugnar a sentença arbitral,
portanto, tem natureza integrativa.
 Seu objetivo é corrigir a sentença arbitral e não modificá-la.
 É possível, porém, que o pedido de esclarecimentos venha a
modificar o resultado do julgamento, a fim de que o
esclarecimento produza o devido aditamento à sentença
arbitral.
o Oferecido o pedido de esclarecimentos, o árbitro ou os árbitros deverão julgá-
lo em no máximo 10 (dez) dias, salvo se as partes de comum acordo
prorrogarem esse prazo, como consta da redação do art. 30, parágrafo único,
da Lei de Arbitragem com a redação que lhe deu a Lei nº 13.129/15.
o Proferido o julgamento integrativo e não sendo a sentença impugnável por
qualquer outro recurso, imediatamente a sentença formará coisa julgada, isto
é, será revestida pela autoridade da imutabilidade e indiscutibilidade no
processo arbitral e em qualquer outro que venha a tratar do mesmo tema.
o Além da coisa julgada a sentença também produzirá os mesmos efeitos da
sentença judicial, sendo a esta equiparada (art. 31 da Lei de Arbitragem e Art.
515, inciso VII do Código de Processo Civil), sendo passível de execução pelo
cumprimento de sentença.

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