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Mediação extrajudicial
Introdução
Conceito de mediação
o O contexto histórico da Lei de Mediação é o contexto de um sistema jurídico
cuja principal forma de solução de conflitos, por meio da atividade estatal
desenvolvida pelo Poder Judiciário, vive uma crise.
Crise esta que pode estar atrelada a três fatores fundamentais: uma
sociedade altamente litigante; a deficiência de recursos que permitam
a adequada construção de uma estrutura capaz de responder à
demanda; a existência de uma cultura tendente à manutenção da
litigância, seja pelo abuso dos mecanismos recursais contra as
decisões judiciais, seja pela resistência do condenado em cumprir a
decisão judicial passada em julgado.
o Na mediação a atividade do mediador é a de um verdadeiro “aparador de
arestas”.
Sua função é aproximar as partes, afastar os itens que criam
obstáculos à negociação, tudo a permitir que as partes consigam, por
meio de um procedimento organizado de negociação, chegar a um
acordo.
o Já o conciliador é o criador de oportunidades e minutas de acordo.
Compete ao conciliador criar para as partes meios de conciliação que
as levem a um acordo, imaginado ou criado pelo conciliador e que
resolva o conflito entre as partes.
Ainda assim, seja na mediação, seja na conciliação, não são as partes
submetidas às atividades do mediador ou do conciliador: as partes
assinarão o acordo, se possível, por livre manifestação de vontade,
nunca por imposição.
o Tanto a mediação quanto à conciliação são meios de solução de conflitos que
podem ser aplicados em Juízo ou fora dele.
A Lei nº 13.140/2015 tratou especificamente da mediação
extrajudicial.
o A Lei nº 13.140/15 estabelece o conceito legal de mediação, como sendo a
atividade técnica desenvolvida por terceiro imparcial sem poder decisório,
escolhido pelas partes, com a função de auxiliar ou desenvolver soluções
consensuais (diferente da arbitragem em que o árbitro julga através de uma
sentença arbitral).
De acordo com esse conceito, como bem se vê, o legislador confirmou
a distinção doutrinária entre mediação, conciliação e arbitragem,
estabelecendo a função do mediador como uma função não decisória.
Neste aspecto, portanto, a mediação se distingue substancialmente da
arbitragem: nesta o árbitro exerce poder decisório e sua decisão, em
princípio, deve ser executada pelo Poder Judiciário.
A função do mediador não envolve decisão. Sua função, como
esclarece a parte final do conceito, é de auxiliar as partes a atingirem a
capacidade de obter uma negociação.
Deve-se destacar do conceito a presença dos verbos de sua
atividade: “auxiliar”, no exato sentido de permitir que as
partes afastem as amarras que as impedem de negociar; e
“desenvolver”, no sentido de contribuir para que as
negociações estabelecidas entre as partes possam evoluir para
um acordo.
Assim, não é o mediador o criador de hipóteses de negociação: tais
hipóteses são apresentadas pelas próprias partes. A tarefa do
mediador, portanto, está ligada à aproximação das partes, à
“intermediação” necessária para que as partes retomem conversações
e consigam evoluir para um acordo.
Princípios
o Princípio da imparcialidade
De acordo com este princípio o mediador não deve pender para
favorecer qualquer das partes, até porquê, como visto, não precisará
criar ideias de soluções negociais para aprovação delas.
o Princípio da isonomia
De acordo com este princípio, o tratamento dispensado pelo mediador
a uma das partes deve ser equivalente ao tratamento aplicado à outra,
conferindo a ambas os mesmos direitos de manifestação.
Não se impede, com tal princípio, que o mediador realize reuniões
separadamente com cada parte envolvida no procedimento de
mediação, mas a reunião com uma das partes deve refletir outra,
separadamente com a outra parte.
o Princípio da oralidade
A atuação do mediador deve favorecer a negociação entre as partes e
deve se pautar pela ausência de procedimentos burocráticos para o
seu desenvolvimento.
Nesse sentido, o aproveitamento das reuniões e a facilitação da
condução do procedimento estimulam a oralidade, típico princípio que
permite a concentração de atos e maior celeridade em todo o
procedimento.
o Princípio da informalidade
Sendo o procedimento predominantemente oral, dessa oralidade
decorre a necessária informalidade, isto é, as formas não devem
prevalecer sobre o desenvolvimento do procedimento, a dificultar a
celeridade e a evolução de todo o procedimento.
o Princípio da autonomia de vontade
É um princípio que está diretamente ligado aos fins da lei de mediação
e, principalmente, às características das soluções alternativas de
conflitos.
Isto porque só é possível pensar-se num método de solução de
conflitos extrajudicial se houver livre manifestação de vontade das
partes envolvidas no desenvolver desse procedimento.
Sem a liberdade de manifestação de vontade e sem que a conclusão
da mediação se dê de acordo com essa vontade, não é possível
realizar-se validamente a mediação.
o Princípio do consenso
Trata-se de um valor ínsito à ideia de mediação.
Como se vê do próprio conceito da mediação, é do objetivo desta a
obtenção de uma solução consensual de tal maneira que tal valor deve
permear já o início do desenvolvimento de qualquer procedimento
nesse sentido.
o Princípio da confidencialidade
Para que a mudança de postura referida no princípio anterior seja
possível, é fundamental que as partes estejam à vontade para debater
integralmente as questões que envolvem o conflito existente entre
elas.
Assim, para que o procedimento possa se desenvolver com a eficácia
necessária é preciso que as partes estejam protegidas adequadamente
em seus interesses, a fim de que a revelação de questões
eventualmente contrárias a seus próprios interesses não seja capaz de
lhes trazer prejuízos em juízo ou fora dele.
Por essa razão, há uma particular preocupação do legislador em
estabelecer grande proteção para as informações reveladas pelas
partes entre si ou perante o mediador, seja impedindo o mediador de
advogar em favor de qualquer delas, seja impedindo que uma das
partes use tais informações, obtidas por meio da mediação em
detrimento da outra.
Amplitude da mediação
o A mediação possui alcance maior do que o da arbitragem.
Na arbitragem exige-se que os direitos sejam, simultaneamente,
patrimoniais, isto é, ligados ao patrimônio e não ao sujeito de direitos
e, de outro, disponíveis, isto é, que estejam dentro da esfera
disponível de direitos e obrigações de cada sujeito de direitos.
Já a mediação segue regra diversa: como o objetivo é a obtenção de
uma solução consensual, exige-se apenas que os direitos sejam
transacionáveis, o que pode atingir direitos não patrimoniais ou
mesmo direitos indisponíveis.
o Assim, a mediação poderá tratar de direitos não patrimoniais e direito não
disponíveis, o que se exige é que, por ser fundada no consenso, que estes
direitos sejam transacionáveis.
o É possível que um direito indisponível seja transacionável?
Sim, é possível desde que se trate de uma indisponibilidade relativa.
Na indisponibilidade absoluta existe uma preocupação legal
em razão da prevalência do interesse público sobre o direito
absolutamente indisponível.
Já na indisponibilidade relativa o que se observa é a
indisponibilidade na esfera de interesses do particular que,
embora não possa ser obrigado a dispor desse interesse ou
desse direito, poderá espontaneamente a ele renunciar.
Mediador
Em linhas gerais, qualquer pessoa poderá ser um mediador, exigindo-se apenas que
ele tenha capacidade e que seja uma pessoa de confiança das partes.
o Para que se tenha mediador, exige a lei, quanto à escolha das partes, apenas
que se atenda a dois requisitos: o mediador deve ser capaz, isto é, deve estar
apto à prática dos atos da vida civil e deve gozar da confiança das partes.
o Quanto à capacidade quer nos parece que para que se assuma a posição de
mediador não basta apenas a capacidade civil: como é cediço a capacidade
civil não está necessariamente atrelada à maioridade civil, adquirida aos 18
anos.
o De um lado é possível a emancipação e, de outro, a interdição. Assim, em
princípio, o emancipado e o não interditado estariam em tese aptos a serem
escolhidos como mediadores.
o Entretanto, a função do mediador atrai para este a responsabilidade penal, à
qual deve estar apto de ser responsabilizado. Por essa razão, entendemos que
o emancipado até os dezoito anos não poderá ser mediador, na medida em
que na hipótese de conduzir a mediação por meio de atitude criminosa não
poderá ser penalmente responsabilizado por ser inimputável.
Funções do mediador
o Cuidar da comunicação com as partes;
o “Aparar as arestas” – buscar a vontade de negociar entre as partes;
o Estimular a obtenção de consenso.
Não está entre as funções do mediador a criação de hipóteses de acordo entre as
partes, visto que tal função é própria do conciliador.
o Ao mediador incumbe permitir que as próprias partes encontrem o acordo que
melhor atende a seus interesses, ainda que aos olhos do mediador a solução
encontrada não lhe pareça tecnicamente a mais interessante.
Deveres do mediador:
o Imparcialidade
o Manter sigilo
Uma negociação somente se desenvolve se as partes estiverem
suficientemente à vontade para revelar ao mediador todos os
aspectos do conflito.
As partes também deverão cumprir com o dever de sigilo (art. 30, lei
de mediação).
As informações prestadas na mediação são confidenciais e não
podem ser utilizadas em processos judiciais ou arbitrais.
A lei ou o acordo entre as partes, porém, poderá afastar a
confidencialidade.
Se o sigilo não for respeitado, as provas serão consideradas ilícitas.
Sendo as provas ilícitas, elas não poderão ser usadas no
processo civil por expressa vedação constitucional.
O sigilo não se aplica, porém, se houver a revelação de crimes de ação
civil pública ou se envolverem questões de matéria penal ou tributária.
o Revelação
Dever relacionado com a imparcialidade.
Ao ser nomeado para a mediação e antes de aceitar exercer essa
função, deverá o mediador informar, isto é, revelar às partes qualquer
contato prévio existente com qualquer das partes.
o Impedimento de advogar em favor de qualquer das partes por um ano
O impedimento de advogar em favor de qualquer das partes por um
ano é garantia de que as partes poderão revelar suas questões sem o
receio de que o mediador ou as informações por ele recebidas
poderão ser usados no futuro a favor de qualquer delas, valendo-se de
tais informações.
Aliás, é por essa razão que o mediador detém a efetiva confiança das
partes para viabilizar o procedimento com elevada probabilidade de
eficácia.
O mediador também poderá ser responsabilizado por crimes eventualmente
praticados no exercício da mediação.
o Para tanto, cuidou o legislador de ir além da atividade privada desenvolvida
pelo mediador: no lugar de responsabilizá-lo como um particular, equiparou-o
a funcionário público para fins de aplicação da legislação penal, de tal maneira
que o mediador poderá ser responsabilizado por crimes próprios do
funcionalismo público, tais como a concussão, a corrupção, a prevaricação e
ainda pode ser sujeito passivo do crime de desacato, por exemplo.
Para ser mediador é preciso registrar-se em um cadastro de mediadores, devendo,
ainda, receber remuneração pela atividade desempenhada (ele pode ser remunerado
pelas partes ou pela câmara de mediação).
Cláusula de mediação
Para se submeter ao processo de mediação é necessário que as partes optem por esse
meio de solução de conflitos.
Pode-se afirmar que a mediação, como mecanismo de solução de conflitos se inicia
quando as partes optam por esse mecanismo de solução de conflitos.
Tal opção pode ocorrer por meio da adoção da cláusula de mediação que estabelece o
compromisso de submeter-se à mediação.
A cláusula de mediação estabelece o compromisso das partes de se submeterem à
mediação antes de se envolverem em um processo judicial.
o Uma vez celebrada a cláusula de mediação, este se torna obrigatória.
o Caso não cumprida a cláusula, haverá aplicação de penalidade.
Procedimento
Noções introdutórias
Conceito de jurisdição
o Chiovenda: a jurisdição é a atividade estatal de aplicação do direito ao caso
concreto.
Para Chiovenda a jurisdição é um monopólio do Estado.
Referido conceito remonta à extraordinaria cognitio de Otaviano
Augusto – que determina que somente ele irá escolher os julgadores
(retirando do cidadão o direito de escolher o seu próprio julgador –
momento em que surge a ideia de recurso).
A partir desse momento ocorre a monopolização do exercício
da jurisdição.
Assim, de acordo com esse conceito de jurisdição, para Chiovenda, a
arbitragem era contratual.
Não é à toa que Chiovenda negava à arbitragem a natureza
jurisdicional: ao tempo em que viveu o doutrinador italiano, a
arbitragem se sujeitava à posterior homologação judicial e o
árbitro não entregava uma sentença, mas mero laudo arbitral,
como ocorria na nossa legislação até 1996.
o Ocorre que, pela atual legislação, pode-se perceber que não é mais só o
Estado que aplica o direito no caso concreto.
o A coisa julgada é a atribuição específica das decisões proferidas por quem
exerce jurisdição.
Trata-se do elemento que caracteriza a jurisdição.
Partindo dessa ideia somente duas atividades, no Brasil, são capazes
de produzir coisa julgada: o Poder Judiciário, através de suas decisões
e a arbitragem (art. 31, Lei 9.307/96).
Se a arbitragem é capaz de produzir sentença com as mesmas
características da sentença judicial, é porque a sentença
arbitral produz coisa julgada e constitui título executivo
judicial.
A arbitragem é um método de solução de conflitos
extrajudicial, mas capaz de produzir uma sentença com a
mesma eficácia que a sentença judicial, isto é, que será
executada da mesma forma que esta última.
Na arbitragem não há recursos e embora seja um título
executivo formado extrajudicialmente, está relacionada pelo
art. 515 do Código de Processo Civil como se título executivo
judicial fosse.
o Assim, pode-se conceituar a jurisdição como sendo a atividade de aplicação do
direito ao caso concreto, com a potencial capacidade de produzir coisa
julgada.
Não é necessário ter havido a coisa julgada para se afirmar que a
atividade foi jurisdicional, o que se exige é que haja a potencial
formação de coisa julgada; basta que a atividade seja capaz de
produzir coisa julgada.
Deste conceito, bem se vê que a atividade jurisdicional quando
exercida, não gerará necessariamente, coisa julgada material.
Para que seja reconhecida como atividade jurisdicional, é
preciso que a atividade tenha a potencial capacidade de
produzi-la.
Nessa linha de ideias, é possível afastar do conceito de jurisdição o
elemento “estatal” que o conceito chiovendiano impunha sem que o
conceito perca o sentido fundamental de diferenciar-se de outras
atividades comuns de simples aplicação do direito.
o Com esse conceito moderno de jurisdição, há duas espécies de jurisdição
passíveis de serem estudadas:
Jurisdição pública – exercida pela Poder Judiciário;
Jurisdição privada – exercida pela arbitragem.
A jurisdição privada não tem as mesmas características da
jurisdição pública, sendo distinta desta última por sofrer
limites.
Distinções entre a jurisdição pública x privada
o Jurisdição pública
É una/indivisível, indelegável, irrenunciável, imparcial (princípio do juiz
natural), ilimitada (salvo o limite do território nacional), declarativa
(declara a quem pertence o direito) e executória (substitui a vontade
do devedor, valendo-se do seu patrimônio para a satisfação das
obrigações reconhecidas em juízo).
A jurisdição pública é exercida pelo Estado e personificada na
figura do Juiz - funcionário público concursado ou investido
constitucionalmente de suas funções para exercer a jurisdição
estatal.
o Jurisdição privada
É imparcial (o árbitro tem o dever de imparcialidade), está associada a
ideia de delegação (porque as partes delegam poder a um árbitro para
solucionar seus conflitos), é divisível (porque as partes podem
determinar até que limite pode ir o árbitro no julgamento de uma
causa), é renunciável (porque ainda que as partes tiverem optado pela
jurisdição privada, elas podem renunciar a convenção de arbitragem),
é declarativa (porque o árbitro decide a quem o direito pertence), mas
não é executória (porque é essa jurisdição é, necessariamente,
limitada).
O árbitro não é nomeado pelo Estado, nem é um funcionário
deste último, fato este que difere substancialmente o agente
desta atividade jurisdicional daquele que exerce a jurisdição
pública.
Ocorre que a jurisdição privada, diferentemente da pública, não é pré-
instalada e precisa ser constituída formalmente para que se inicie o
processo arbitral.
É exatamente por isso que o art. 19 da Lei de Arbitragem
expressamente afirma que o processo arbitral se inicia quando
o árbitro aceita a sua nomeação - não pela provocação da
parte como é a jurisdição pública (v. art. 2º do Código de
Processo Civil).
Assim, é possível afirmar que a jurisdição privada nasce das próprias
partes, quando de comum acordo decidem submeter um conflito ao
sistema de arbitragem e decidem escolher um árbitro submetendo a
ele o conflito.
A ideia fundamental é que se na jurisdição pública existe o
contrato social que entrega ao Estado a jurisdição, por
vontade do povo (art. 1º, parágrafo único da Constituição
Federal), na arbitragem é a vontade das partes que entrega ao
árbitro a jurisdição privada à qual irão se submeter.
A jurisdição privada é substancialmente mais limitada que a jurisdição
pública: isto porque a entrega feita pelas partes ao árbitro as vincula à
decisão jurisdicional arbitral, mas esta não pode atingir terceiros que
não façam parte desta entrega.
Por essa razão, afirma-se que a jurisdição privada é limitada às
partes que a ela se submetem, não podendo atingir terceiros,
na forma do art. 4º da Lei nº 9.307/96.
Limites da jurisdição privada
o Legal: art. 1º da Lei nº 9.307/96 – a jurisdição privada somente pode tratar de
direitos patrimoniais e disponíveis.
Não basta que sejam somente patrimoniais ou somente disponíveis: é
preciso que as duas características estejam conjugadas.
Constitucionalidade da arbitragem
o Considerando a arbitragem como mecanismo de solução de conflitos de
natureza jurisdicional, é preciso verificar se ela é constitucional.
o A constituição Federal, em seu art. 5º, inciso XXXV, estabelece que: “A lei não
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
o A arbitragem é constitucional, porque ela não é obrigatória, ela advém da
manifestação de vontade das partes.
o Assim sendo, o princípio fundamental da arbitragem, que afasta a aplicação do
juiz natural, é a livre manifestação de vontade das partes envolvidas no
processo arbitral.
o Daí a necessidade de verificar se, na situação concreta, existe a livre
manifestação de vontade de ambas as partes, pois qualquer limitação a essa
vontade será causa de nulidade de todo o processo arbitral
Conceito de arbitragem
Conceito de arbitragem
o A arbitragem pode ser definida como um método de solução de conflitos de
natureza extrajudicial, por meio da qual as partes de comum acordo
renunciam à solução do conflito no Poder Judiciário para, mediante convenção
prévia, submeter o conflito a julgamento por árbitro de sua livre e comum
escolha.
o Nesse método, portanto, a atividade desempenhada para o julgamento da
causa é efetiva atividade de julgamento, com prolação de sentença que
resolva o conflito existente entre as partes. Tal atividade é substancialmente
distinta daquela exercida pelo mediador e/ou pelo conciliador.
Tanto a atividade da mediação quanto a atividade da conciliação não
permitem que o mediador ou o conciliador realizem qualquer espécie
de julgamento. Nestas atividades o que se busca é o acordo que pode
partir de uma ideia de um conciliador ou da própria aproximação das
partes, como se observa na mediação.
o Já na arbitragem se verifica que o árbitro, embora possa buscar a conciliação
tem por função a condução de um verdadeiro processo, isto é, de uma relação
jurídica que se desenvolve em procedimento e com contraditório em busca de
uma tutela a ser entregue ao final: a sentença arbitral.
o Verifica-se, ademais, que a sentença arbitral produz efetiva coisa julgada entre
as partes e é objeto de execução, na forma de cumprimento de sentença,
como determina o art. 515, inciso VII do Código de Processo Civil de 2015.
o O procedimento arbitral se encerra com verdadeira sentença proferida pelo
árbitro e essa poderá ser executada no Poder Judiciário com a mesma eficácia
e as mesmas características e autoridade de uma sentença judicial, como se
judicial fosse.
o É que enquanto a garantia da Constituição em questão estabelece o princípio
da demanda e do livre acesso ao Poder Judiciário, o Código de Processo Civil
trata de acesso não somente ao Poder Judiciário para à jurisdição.
E nesse aspecto, o §1º do art. 3º do CPC/15 é indicativo de que o
Código está mesmo atribuindo à arbitragem a natureza jurisdicional.
Se o caput propositadamente substituiu a expressão Poder Judiciário
por jurisdicional e o §1º trata de arbitragem, parece sem sombra de
dúvidas que o legislador de fato reconhece na arbitragem sua natureza
jurisdicional e é exatamente por isso que a exemplo do que ocorreu
com a Lei nº 9.307/96, também o legislador de 2015 relaciona a
sentença arbitral entre os títulos executivos judiciais, por ser título
formado em efetiva atividade jurisdicional.
Convenção de arbitragem
Cláusula compromissória
o Institucional
Por meio da qual a arbitragem transcorre perante uma câmara ou
instituição arbitral, seguindo o seu regulamento ou outro definido
pelas partes.
A redação da cláusula compromissória, nesse caso, é bem mais
simples e segura, porque a Câmara já possui o procedimento próprio
de nomeação dos árbitros e um regulamento já sedimentado para o
desenvolvimento do processo arbitral.
Compromisso arbitral
Pode ser definido como a espécie de convenção de arbitragem por meio da qual,
existente o conflito, as partes decidem levá-lo à arbitragem.
Como é posterior à existência do conflito, o compromisso arbitral pode ser celebrado
extrajudicialmente, por acordo diretamente realizado entre as partes em conflito, ou
pode ser entabulado judicialmente, por meio de termo lavrado nos autos.
o Por esta convenção de arbitragem, portanto, pode-se interromper o curso de
uma ação judicial para submeter a um árbitro a solução de um conflito.
Compromisso arbitral
o Extrajudicial
Caso realizado na forma extrajudicial, poderá o compromisso arbitral
ser realizado por simples contrato particular assinado pelas partes na
presença de duas testemunhas ou por meio de escritura pública.
o Judicial
As partes podem optar, no curso do processo, pela arbitragem.
Lavra-se termo e se profere uma sentença terminativa.
Independentemente da forma adotada, será, por exigência do art. 10 da Lei de
Arbitragem, imprescindível que o compromisso arbitral contenha as seguintes
informações:
o Nome, profissão e domicílio dos árbitros ou identificação da entidade;
o Nome, profissão, estado civil e o domicílio das partes;
o A matéria que será objeto da arbitragem - com a especial e relevante
observação de que neste aspecto as partes devem se esforçar por estabelecer
os limites do que poderá ser decidido pelo árbitro, sendo esta a função deste
requisito;
o O lugar em que será proferida a sentença arbitral, para que não exista dúvida
quanto à sua nacionalidade.
Árbitro
Noções introdutórias
Requisitos
Poder do árbitro
Poderes do árbitro
o Julgar matérias de fato e de direito
Os árbitros, uma vez no exercício da função, terão os mesmos poderes
dos juízes, exceto o de aplicar medidas coercitivas ou medidas
executórias.
Assim, poderão julgar tanto matérias de fato, quanto de direito, sendo
que poderão proferir sentença que será título executivo judicial, como
qualquer outra sentença prolatada pela jurisdição pública.
o Proferir sentença com a mesma eficácia da sentença judicial
Deveres do árbitro
Imparcialidade
o Pelo dever de imparcialidade, o árbitro não pode pender em benefício de
qualquer das partes nem ser omisso no atendimento do dever de revelação.
o Deverá conduzir o processo de forma a atingir resultado justo e
desinteressado.
Independência
o Já pelo dever de independência, tem-se que o árbitro não deve manter
dependência de qualquer das partes.
o O dever é particularmente relevante na medida em que diferentemente dos
juízes o árbitro é remunerado pelas partes.
Tal remuneração é previamente acordada com as partes e no caso de
arbitragens institucionais é predefinida em tabelas de aplicação geral
nas câmaras de arbitragem.
Assim, não poderá o árbitro sentir-se dependente da parte
eventualmente responsável pela remuneração, ainda que
parcialmente ou num primeiro momento do processo, devendo tomar
suas decisões conforme sua livre convicção.
Competência
o O árbitro deverá, ainda, agir com competência.
o Não deve aceitar a nomeação se não possuir conhecimento suficiente para
realizar o julgamento ou para conduzir o processo arbitral.
o Entretanto, cabe ao próprio árbitro fazer essa avaliação no momento da
notícia de sua nomeação.
Diligência
o Quanto à diligência, o árbitro deverá conduzir o processo com zelo, cuidado na
administração do processo e na tomada de decisões.
o Deve ter ciência de que de seus atos poderá depender a validade de todo o
processo arbitral e de que de suas decisões dependerá a solução de conflito
entre as partes.
Sigilo
o Deverá o árbitro agir com sigilo, mantendo discrição de seus atos e de sua
participação no processo.
o Há casos em que faz parte do acordo das partes a instituição da arbitragem
com o dever recíproco de sigilo, não raras vezes para preservar marcas,
atividades empresariais ou a exposição indevida de coisas ou pessoas.
Nesses casos o não atendimento desse dever poderá gerar
responsabilidade pessoal do árbitro que não atua com discrição
esperada.
Os árbitros respondem civilmente por prejuízos que venha a causar as partes, por má
condução do processo ou não atendimento de seus deveres (perdas e danos).
Os árbitros também respondem criminalmente, pois se equiparam aos juízes, que são
funcionários públicos.
Petição inicial
Contestação
Revelia