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CONCRETO PROTENDIDO
EXPERIMENTAL ANALISYS IN PRESTRESSED CONCRETE MONOBLOCK SLEEPERS
Luiz G. D. Gonçalves (1); Rafael A. Sobral (1); Laura G. Pinto (1);
Bruna A. B. Toyama (1); Patrícia C. S. da Silva (2); Marcos H. Oliveira (3)
Resumo
O dormente é um dos elementos fundamentais da superestrutura das vias ferroviárias. Os primeiros
dormentes de concreto armado surgiram no início do último século e sua concepção assemelhava-se a dos
dormentes de madeira, constituídos de um único bloco de concreto apresentando seção constante. Após
1947 com o desenvolvimento de novas tecnologias, os dormentes de concreto protendido ganharam
projeção. Geralmente os dormentes são dotados de uma elevada resistência, levando a uma grande rigidez,
ao mesmo tempo em que também devem possuir certo nível de elasticidade, posto que devam suportar
altíssimas formas de impacto. Nos dormentes de concreto protendido, para garantir a força de protensão
estimada, a aderência entre os fios e o concreto deve ser a melhor possível. Portanto, a verificação do
escorregamento dos fios de protensão quando submetida a um esforço solicitante, será o principal objeto de
estudo desse artigo. Será avaliado também a capacidade resistente e os modos de ruptura a partir de uma
análise experimental de cinco dormentes monoblocos de concreto protendido com dimensões de 280 cm e
resistência à compressão entre 58 MPa e 86 MPa. Visando uma avaliação no que tange ao escorregamento
dos fios, foi determinado os seus deslizamentos utilizando transdutores de deslocamento digital (LVDT),
quando aplicada a carga de referência para o ensaio, que foi determinada segundo a ABNT NBR 11709
(2015). Em seguida, a carga foi aumentada até que ocorresse o colapso do dormente. Com isso foi possível
comparar o escorregamento dos fios entre os dormentes ensaiados. Concluiu-se que durante o
procedimento de aplicação de carga os deslocamentos dos fios de protensão foram inferiores ao limite
estabelecido pela norma ABNT NBR 11709 (2015).
Palavras-Chaves: Dormentes; Ferrovias, Concreto Protendido; Ensaio de Aderência.
Abstract
Sleeper is one of the fundamental elements of the railway superstructure. The first reinforced concrete
sleepers emerged at the beginning of the last century and their conception resembled the wooden sleepers,
consisting of a single block of concrete presenting a constant section. After 1947 with the development of
new technologies, the prestressed concrete sleepers gained projection. Usually the sleepers are endowed
with a high resistance, leading to a great rigidity, while also must have a certain level of elasticity, since they
must support different forms of impact. In prestressed concrete sleepers, to ensure the estimated pretension
strength, the adhesion between the wires and the concrete should be the best possible. Therefore, the
verification of the sliding of the prestressed wires when subjected to a requesting effort, will be the main
object of study of that article. The resistive capacity and rupture modes will also be evaluated from an
experimental analysis of five monobloc prestressed concrete sleepers with dimensions of 280 cm and
compressive strength between 58 MPa and 86 MPa. In order to evaluate the sliding of the wires, their
landslides were determined using digital displacement transducers (LVDT), when the reference load for the
test was applied, which was determined according to ABNT NBR 11709 (2015). Then, the load was
increased until collapse of the sleeper occurred. This made it possible to compare the slipping between the
sleepers tested. Throughout the tests we conclude that during the load application procedure the
displacements of the prestressed wires were lower than the limit allowed by the standard ABNT NBR 11709
(2015).
Keywords: Sleepers; Railways, Prestressed Concrete, Bond-slip Test.
Como resultado do pioneirismo dos países europeus e dos Estados Unidos as duas
especificações mais difundidas no mundo, para o projeto de dormentes de concreto
monoblocos (ver Figura 1a) e biblocos (ver Figura 1b) estão contidas no Capítulo 10 do
Manual da AREMA (1997) e na norma do Comité Européen de Normalisation - CEN
(1996). (BASTOS – 1999) que influenciaram na elaboração da ABNT NBR 11709 (2015) a
qual normatiza o cálculo de dormentes no Brasil e se reporta à ABNT NBR 6118 (2014).
A metodologia de projeto da ERRI, descrita nas normas CEN (1996), conduz a dormentes
mais leves e com menor capacidade resistente que àqueles projetados segundo a
AREMA. Essa metodologia é adequada às características das vias europeias, onde a
carga por eixo é menor e o tráfego de veículos de passageiros, em alta velocidade, exige
perfeitas condições, a fim de garantir conforto e segurança (BASTOS, 1999). Nos Estados
Unidos as vias são diferentes, com preponderância de carga pesada, menores
velocidades e maiores cargas por eixo. Isso resulta que os dormentes da AREMA
apresentam maiores momentos resistentes e maiores massas que os europeus
(TAYLOR, 1996).
Com o dormente apoiado e carregado conforme mostrado na Figura 2, a carga P deve ser
progressivamente aumentada (em uma taxa não superior a 50 kN/min) até que seja
alcançada a carga P6 = k2e X Pd (com Pd definido na equação 1 definida no Item 12.5.5.2
ABNT NBR 11709 (2015) e k2e definido como um coeficiente de ponderação para
execução de ensaios estáticos ver Tabela 2), o período de aplicação da carga P vai de 5
min a 10 min, tempo durante o qual é efetuada a leitura do escorregamento do fio ou
cordoalha de protensão mais externo da camada inferior da armadura ativa. Se o
escorregamento do fio ou cordoalha de protensão, medido com auxílio de um
equipamento apropriado com leitura de 0,0025 mm (1/400mm), não ultrapassar 0,025 mm
ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 4
(1/40 mm), as exigências deste ensaio são atendidas. A carga P deve então ser
progressivamente aumentada (em uma taxa não superior a 50 kN/min) até que ocorra a
ruina estrutural do dormente, sendo que o valor da carga de ruina deve ser apenas
registrado, não havendo valores limites a serem atendidos.
P6 k 2e Pd (Equação 2)
Com o dormente apoiado e carregado, como mostrado na Figura 3 e Figura 4, uma carga
crescente com uma taxa de duas toneladas por minuto foi aplicada até atingir a carga total
de 278 kN, mantida por 8 min. O deslizamento dos fios de protensão, instrumentados
conforme Figuras 5 e 6, foi realizado por um transdutor de deslocamento digital (LVDT).
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Figura 3 – Sistema de ensaio de aderência
4 Resultados
4.1 Aderência e Ancoragem
Os deslizamentos, tanto do fio inferior como do fio do meio da segunda camada armada,
podem ser vistos nas Figuras 7 a 10, onde se percebe que durante o período dos
8 minutos de aplicação da carga de ensaio os deslocamentos dos fios foram inferiores a
0,025 mm conforme o limite permitido pela norma ABNT NBR 11709 (2015). Portanto, os
resultados foram classificados como satisfatórios.
Após os 8 minutos nos quais foram efetuadas as leituras dos escorregamentos dos fios de
protensão, a carga foi aumentada progressivamente até que ocorresse o colapso do
dormente que são apresentados da Figura 12 a 14. A Tabela 3 apresenta o resumo dos
resultados destes ensaios.
Tabela 3 – Resultados experimentais dos ensaios de aderência.
Conformidade
Tempo de
Identificação Carga de Carga média Carga de Carga de com a ABNT
aplicação de Modo de Ruína
do dormente Referência aplicada Fissuração Ruína NBR 11709
carga
(2015)
(kN) (kN) (min) (kN) (kN)
C33-3 278,27 278,35 175,00 493,40 FLEXÃO OK
CP-04 278,24 278,21 262,20 566,60 FLEXÃO OK
CP-05 278,24 278,02 8 267,60 576,00 CISALHAMENTO OK
PP-02 278,24 278,02 201,50 429,40 CISALAMENTO OK
PP-04 278,24 278,31 233,10 490,40 CISALHAMENTO OK
Na execução dos ensaios, considera-se como ruína estrutural do dormente quaisquer das
seguintes ocorrências:
a) ruptura por compressão excessiva do bordo comprimido
b) alongamento excessivo sob carga (maior que 1 da armadura mais tracionada;
c) escorregamento de qualquer camada da armadura ativa (no caso de pré-tracão) ou
ruptura de qualquer ancoragem (no caso de pós-tração);
d) abertura de qualquer fissura após o descarregamento maior 0,5 mm. (ABNT NBR
11709:2015)
a) CP 05 b) CP 04
Figura 13 – Ruptura dos dormentes no ensaio de aderência,
ancoragem e carga de ruína
a) PP 02 b) PP 04
Figura 14 – Ruptura dos dormentes no ensaio de aderência,
ancoragem e carga de ruína
6 Conclusões
O dormente projetado suportou com sucesso todos os ensaios especificados pela ABNT
NBR 11709 (2015) o que significa dizer que o seu projeto foi aprovado. Um dormente com
menor força de protensão tem a sua rigidez à flexão reduzida, o que é essencial para
diminuir a intensidade máxima das forças de impacto que atuam nos dormentes em
serviço. Em continuidade a esta pesquisa é necessário submeter os dormentes a ensaios
com ação de impacto, com o objetivo de aperfeiçoar o projeto e melhorar o
comportamento dos dormentes frente às ações de impacto. Para o dimensionamento do
dormente de concreto protendido do tipo monobloco as tensões devem ser calculadas
para os diferentes momentos fletores das diferentes seções, os pontos de maiores
solicitações são o ponto onde recebem a carga advinda do trilho e o centro do monobloco.
Após calculados os esforços que o dormente de concreto protendido irá receber, e então
dimensionado o mesmo, verificado em relação ás perdas e observado se após as perdas
diferidas no tempo as tensões nos fios continuam maiores que as tensões solicitantes,
ainda há várias verificações a serem realizadas para que o dormente tenha seu projeto
completado e pronto para os testes. A produção de dormentes de concreto protendido do
tipo monobloco deve ser realizada com alto grau de controle, cuidados como verificação
do abatimento do concreto no lançamento, verificação da resistência do concreto no
momento de liberação dos cabos protendidos, cuidado com o momento de giro e
transporte para o local de estocagem, vistoria antes da locação do dormente na via para
verificar se há alguma patologia entre outros.