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Leitura complementar

Compreendendo a nomenclatura das soluções


1. Como pode ser visto pelos exemplos anteriores, a terminologia da forma
farmacêutica é complexa; ela é resultante da tradição histórica e da necessidade de
especificar no nome de uma preparação o sistema físico (p. ex., solução, suspensão),
a via de administração destinada e, quando aplicável, o sistema solvente.
a. Tradição: ela nos fornece nomes como espírito, tintura, elixir, loção e
xarope. Infelizmente, como essas preparações evoluíram com o uso, esses termos
não são sistemáticos, e a maioria não é nem exclusiva nem inclusiva. Por exemplo,
ambos espírito de hortelã̃ e tintura de limão (i) são soluções, (ii) têm usos similares, (iii)
são preparados a partir de matérias-primas vegetais, (iv) possuem componentes
voláteis e (v) contêm um solvente hidroalcoólico; entretanto, um é chamado de espírito
e o outro, de tintura. Em contrapartida, o termo xarope tem sido usado para uma
ampla variedade de líquidos orais, incluindo dois sistemas físicos diferentes – soluções
e suspensões.
b. Sistema físico: a identificação do sistema físico parece ser simples, mas
termos como sólido, solução e semissólido são geralmente insuficientes para
descrever adequadamente a forma farmacêutica. Termos como comprimido, tintura e
creme são necessários, e esses termos devem ser específicos e bem definidos.
c. Via de administração: a solução é a mais versátil de todas as formas
farmacêuticas e pode ser usada por quase todas as vias de administração. A via de
administração intencionada impõe certas propriedades para as soluções, como
esterilidade para soluções injetáveis, isotonicidade para soluções oftálmicas e
palatabilidade para soluções orais. Por exemplo, a solução oral de cloreto de potássio
e a solução injetável de cloreto de potássio contêm a mesma substância ativa, são
preparadas por meio de dissolução simples e são soluções aquosas, mas suas
diferentes vias de administração requerem adjuvantes e controles de processamento
distintos, resultando em preparações muito diferentes. Portanto, a via de
administração é uma parte importante do nome de cada preparação.
d. Sistema solvente: a importância de identificar o sistema solvente pode ser
mostrada com duas soluções tópicas oficiais: a solução tópica de iodo e a tintura de
iodo (3). Do ponto de vista farmacêutico, ambas são soluções de uso tópico e contêm
2% de iodo, mas o fato de que a primeira é uma solução aquosa e a segunda tem um
sistema solvente contendo cerca de 50% de álcool as torna muito diferentes; o nome
de cada preparação deve refletir isso.
2. As várias terminologias para as formas farmacêuticas e suas ambiguidades têm
causado confusão entre prescritores, farmacêuticos e técnicos de farmácia, mas a
tradição é uma força poderosa que frequentemente trabalha contra as mudanças
necessárias. Felizmente, em um passado relativamente recente, duas tendências – o
uso da informática e a globalização – forneceram o ímpeto para o desenvolvimento de
uma abordagem mais sistemática para denominar as formas farmacêuticas.
a. O emprego de terminologias simples e padronizadas para as formas
farmacêuticas é essencial para o uso eficiente (e custo efetivo) da tecnologia
computacional por agências governamentais na aprovação de medicamentos e
processos de monitoramento, assim como pelos usuários dos sistemas eletrônicos de
informações de saúde do paciente para entrega, monitoramento e pagamento da
terapia medicamentosa. Organizações e agências renomadas, como USP e FDA,
Health Level Seven (HL7) e National Committee on Vital and Health Statistics
(NCVHS), vêm trabalhando na padronização da nomenclatura das formas
farmacêuticas (4).
b. A padronização da terminologia também é importante para a harmonização
global dos padrões. A USP e HL7 vêm trabalhando em cooperação com a International
Conference on Harmonization (ICH – Conferência Internacional sobre Harmonização)
sobre os padrões internacionais para a nomenclatura das formas farmacêuticas (4).
c. Em 2002, a USP formou um grupo para criar um esquema taxonômico que
classificaria logicamente as formas farmacêuticas, que simplificaria e esclareceria a
sua nomenclatura. Sob um sistema proposto por esse grupo, uma forma farmacêutica
para uma substância medicamentosa seria identificada pelo nome do fármaco, a via
de administração (p. ex., oral, tópica) e o sistema físico (p. ex., comprimido, solução,
suspensão). Quando adequado, a forma de liberação (imediata, prolongada, etc.)
também seria incluída (4). Por exemplo, a partir de julho de 2007, a Locado de
Calamina USP se tornou Suspensão Tópica de Calamina USP (3). O sistema proposto
eliminaria alguns nomes tradicionais como elixir e espírito. Para mais informações
sobre esse projeto, consulte USP ́s Pharmacopeial Forum 29, Set-Out 2003 (4).
d. Sem dúvida, o desenvolvimento, a aceitação e a transição de qualquer novo
sistema de nomenclatura levariam anos e seriam necessárias a compreensão e a
cooperação de todos os envolvidos. Portanto, é importante para os profissionais da
área de saúde, em particular os farmacêuticos e os técnicos de farmácia,
compreenderem a taxonomia e a nomenclatura propostas para as formas
farmacêuticas, mas também reconhecerem os vários termos tradicionais usados para
descrevê-las. As definições e descrições nesta seção devem ajudar nesse assunto.

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EXEMPLOS DE PRESCRIÇÃO
Páginas 403 a 436

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