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Indicar Órgão de Atuação

EXMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA Nº VARA CÍVEL DA COMARCA DE CIDADE,


CEARÁ

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÍVIDA C/C OBRIGAÇÃO DE FAZER E


REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS C/ PEDIDO LIMINAR EM ANTECIPAÇÃO DE
TUTELA

NOME DO REQUERENTE, QUALIFICAÇÃO DO REQUERENTE,


vem, com todo respeito, por intermédio do Defensor Público abaixo subscrito, à presença de
Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 4º, II, 273, 282, 461, todos do Código Buzaid c/c
artigos 4º, I, 6º, IV, VI, VIII 7º, 14, 17, 27, 34, 39, III, IV, VI, 42 § único, todos do Código de
Defesa do Consumidor, além de outros cânones aplicáveis à espécie, propor, como de fato
propõe, a presente AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÍVIDA C/C
OBRIGAÇÃO DE FAZER E REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS COM PEDIDO LIMINAR
EM ANTECIPAÇÃO DE TUTELA em face de NOME DO RÉU, QUALIFICAÇÃO DO RÉU,
pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir.

PRELIMINARMENTE

Requer os benefícios da justiça gratuita, em razão de estar sendo


assistido(a) pela Defensoria Pública, por ser pobre na forma da lei, conforme dispositivos
insertos na Lei Federal 1.060/50, acrescida das alterações estabelecidas na Lei Federal
7.115/83, bem como em atendimento ao preceito constitucional, na esfera federal, da Lei
Complementar Federal nº 80/94, reformada pela Lei Complementar Federal nº 132/2009 e,
estadual, por meio da Lei Complementar Estadual nº. 06/97, tudo por apego á égide

Av. Pinto Bandeira, nº 1.111, Luciano Cavalcante, Fortaleza-CE


CEP 60.811-170, Fone: (85) 3101-3434
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semântica prevista no artigo 5°, LXXIV da Carta da República de 1988.

SINOPSE FÁTICA

DESCRIÇÃO DOS FATOS

FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Qualquer travamento negocial deve cumprir, fielmente, todos os


planos contratuais descritos pelo saudoso Pontes de Miranda, quais sejam: a existência,
onde o negócio jurídico pressupõe elementos mínimos para sua validade: agente, vontade,
objeto e forma, pois, senão, torna-o inexistente; a validade (artigo 104 CCB) e a eficácia, ou
seja, os elementos relativos à suspensão e resolução dos direitos e deveres dos
contratantes.

Por sua vez, os requisitos de existência do negócio jurídico são os


seus elementos estruturais, entre eles a declaração de vontade, a finalidade negocial e a
idoneidade do objeto. Se faltar um desses elementos o negócio jurídico deixa de existir.

Nesse diapasão, lecionam os civilistas que a vontade é a mola


propulsora dos negócios jurídicos e é imprescindível que se exteriorize. Essa vontade deve
ser manifestada de forma idônea para que o ato tenha vida normal na atividade jurídica. Se
essa vontade não corresponder ao desejo do agente, o ato jurídico torna-se suscetível de
nulidade ou anulação.

Obtempera o artigo 4°,inciso I do Código de Ritos Civil, ipsis literis:

O interesse do autor pode limitar-se à declaração:

I – da existência ou inexistência de relação jurídica (destacamos).

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Registre-se, nesta ansa, decisões favoráveis do STJ sobre ações


semelhantes:

“A ação declaratória é admissível na espécie, para se declarar a


inexistência de débito, já que a autora não é e nunca foi devedora da
quantia informada pela ré quando da negativação indevida de seu
nome junto ao SCPC.” (Ac. 1ª Seção do STJ no CC 52.431-PB, Rel.
Min. Luiz Fux, j. 22.03.06 - grifamos).

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL - AÇÃO


DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C DANOS
MORAIS - JUNTADA DE TÍTULOS DE CRÉDITOS (CHEQUES) PELA
REQUERIDA EM MOMENTO POSTERIOR À CONTESTAÇÃO -
ACÓRDÃO EM HARMONIA COM O ENTENDIMENTO DO STJ -
AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO - APLICAÇÃO DE MULTA
- 1- É possível a juntada de documento em momento posterior à
contestação, desde que inexista a intenção de surpreender, causando
tumulto e insegurança ao Juízo, o qual, verificando a necessidade e
conveniência da juntada do documento, deve admiti-la. Precedentes.
2- Agravo regimental não provido. Aplicação de multa. (STJ - AgRg-
REsp 916.480 - (2007/0006837-2) - Rel. Min. Luis Felipe Salomão -
DJe 21.03.2012 - p. 670)

No mesmo sentido, são as decisões a seguir do TJCE, ex textus:

APELAÇÃO CÍVEL - DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO


- NÃO COMPROVAÇÃO DE QUITAÇÃO - NEGATIVAÇÃO DE NOME
- INADIMPLÊNCIA COMPROVADA - EXERCÍCIO REGULAR DE UM
DIREITO. (TJCE - Ap 718359-15.2000.8.06.0001/1 - Rel. Des. Jucid
Peixoto do Amaral - DJe 09.05.2012 - p. 42)

DIREITO CIVIL - RESPONSABILIDADE CIVIL - INSCRIÇÃO EM


CADASTRO RESTRITIVO DE CRÉDITO - DANO MORAL
CARACTERIZADO - CONSTRANGIMENTO CONFIGURADO -
INDENIZAÇÃO DEVIDA - REDUÇÃO DO VALOR FIXADO - 1- No
caso, ação declaratória de inexistência de débito c/c reparação de
danos por inscrição indevida do nome do autor nos cadastros de
restrição ao crédito. (...). (TJCE - AC 0110370-26.2008.8.06.0001 - 4ª

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C.Cív. - Relª Maria Iracema Martins do Vale - DJe 21.03.2012 - p. 42)

Celebrado um contrato, com exceção das que forem judicialmente


consideradas abusivas ou leoninas, suas cláusulas passam a ser consideradas disposições
ou regras entre as partes, devendo ser, para aquele negócio jurídico, devidamente
observadas.

No magistério do induvidoso jurisconsulto Caio Mário da Silva


Pereira:

"Contrato é um acordo de vontades, na conformidade da lei, e com a


finalidade de adquirir, resguardar, transferir, conservar, modificar ou
extinguir direitos", ou sinteticamente, é o "acordo de vontades com a
finalidade de produzir efeitos jurídicos". (Instituições de Direito Civil.
10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997. v. III. p. 2).

Segundo os ensinamentos da professora Cláudia Lima Marques, a


força obrigatória tem como fundamento absoluto a vontade das partes. Conforme a jurista:

"Uma vez manifestada esta vontade, as partes ficariam ligadas por um


vínculo, donde nasceriam obrigações e direitos para cada um dos
participantes, força obrigatória esta, reconhecida pelo direito e tutelada
judicialmente". (apud Nelson Zunino Neto in Pacta Sunt Servanda x
Rebus Sic Stantibus: uma breve abordagem. Santa Catarina.
10.08.1999).

Ora, Excelência, é comezinho nas práticas comerciais que as


cláusulas contratuais devem ser cumpridas, desde que válidas. É a aplicação do brocardo
latino pacta sunt servanda, que significa "os pactos devem ser respeitados" ou mesmo "os
acordos devem ser cumpridos". É um princípio base do Direito Civil e do Direito
Internacional.

Entretanto, essa autonomia da vontade, por vezes, não é absoluta,


pois que é limitada por princípios que regulam o trato comercial. Neste sentido, vejamos o
que dispõe o artigo 422 do NCCB, ipsis verbis:

“Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do

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contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa


fé.”

Dessarte, a quebra desses deveres principiológicos gera uma


violação contratual e, consequentemente, a responsabilização civil do infrator por falta do
dever de lealdade e probidade.

Sabe-se que a boa-fé é um princípio normativo que exige uma


conduta das partes com honestidade, correção e lealdade. O princípio da boa-fé, assim, diz
que todos devem guardar fidelidade à palavra dada e não frustrar ou abusar da confiança
que deve imperar entre as partes.

Nas palavras de Tereza Negreiros:

“O princípio da boa-fé, como resultante necessária de uma ordenação


solidária das relações intersubjetivas, patrimoniais ou não, projetada
pela Constituição, configura-se muito mais do que como fator de
compreensão da autonomia provada, como um parâmetro para a sua
funcionalização à dignidade da pessoa humana, em todas as suas
dimensões.” (Fundamentos para uma Interpretação Constitucional do
Princípio da Boa-Fé, Ed. Renovar, Rio de Janeiro, 1998, pág. 222-
223).

No caso sub judice, a atitude promovida pelo banco requerido


vetoriza-se em um ato ilícito, visto que não teve o cuidado necessário para, antes de
negativar a requerente, averiguar a veracidade das informações que lhe foram repassadas,
inclusive permitindo a manifestação desta última, redundando em cobrança de dívida já
paga. Neste sentido, vejamos o magistério do inolvidável Orlando Gomes:

“Ato ilícito é a ação ou omissão culposa com a qual se infringe direta e


imediatamente um preceito jurídico do direito privado, causando-se
dano a outrem” (GOMES, Orlando. Introdução ao direito civil. Rio de
Janeiro, Forense, 1987, pág. 314).

Assim, quando alguém comete um ato ilícito, há infração de um


dever e a imputação de um resultado. E a consequência do ato ilícito é a obrigação de

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indenizar, de reparar o dano, nos termos da parte final do artigo 927 do NCCB, in verbis:

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.”

O conceito legal de ato ilícito, por sua vez, está insculpido no artigo
186 do NCCB, senão vejamos:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Com efeito, a consequência jurídica do ato ilícito praticado pelo


banco requerido é, portanto, o dever de ressarcir os danos que causou– e ainda causa - à
requerente, por conta de seus atos desastrosos, que culminaram em cobrança indevida de
débito e inscrição indevida nos cadastros pejorativos. Trata-se de negligência em não
verificar a veracidade das informações.

Analisando a responsabilidade civil das instituições financeiras, tem-


se que, pelos danos causados aos seus prepostos (empregados), respondem elas na forma
da legislação específica em vigor, segundo os princípios que regem o acidente de trabalho.
Assim, em se tratando de acidente de trabalho, sem prejuízo da verba previdenciária,
poderá ser ajuizada ação de responsabilidade civil em face do empregador.

Em face dos seus clientes, por sua vez, não se tem dúvida de ser o
banco parte de uma relação de consumo, de maneira que o seu cliente é reputado
consumidor. Já em face de terceiros, a situação é mais complexa. Entende-se, no caso, que
se deve aplicar a norma contida no parágrafo único do artigo 927 do Código Civil, que
admite responsabilidade civil objetiva, em função do risco da atividade habitualmente
exercida. Vejamo-lo:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou

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quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano


implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. (grifamos).

Nesse sentido, responsabilizando a instituição financeira por dano


causado a terceiros, já há jurisprudência no próprio Superior Tribunal de Justiça, in literis:

RESPONSABILIDADE CIVIL. CHEQUE. TALONARIO SOB A


GUARDA DO BANCO. FURTO. LEGITIMIDADE DO BANCO.
INOCORRENCIA DE VIOLAÇÃO DA LEI FEDERAL. DISSIDIO NÃO
DEMONSTRADO. PRECEDENTES. RECURSO NÃO CONHECIDO.

I - PODE A INSTITUIÇÃO FINANCEIRA RESPONDER PELOS


DANOS SOFRIDOS POR COMERCIANTE, QUANDO ESSE,
TOMANDO TODAS AS PRECAUÇÕES, RECEBE CHEQUE COMO
FORMA DE PAGAMENTO, POSTERIORMENTE DEVOLVIDO PELA
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA POR SER DE TALONARIO FURTADO
DE DENTRO DE UMA DAS SUAS AGENCIAS.

II - PARA CARACTERIZAÇÃO DO DISSIDIO, NECESSARIO O


COTEJO ANALITICO DAS BASES FATICAS QUE SUSTENTAM AS
TESES EM CONFLITO.

(STJ, Acórdão RESP 56502 / MG - Relator Min. SÁLVIO DE


FIGUEIREDO TEIXEIRA, Data da Decisão 04/03/1997 - Órgão
Julgador QUARTA TURMA)

RESPONSABILIDADE CIVIL. BANCO. ABERTURA DE CONTA.


DOCUMENTOS DE TERCEIRO. ENTREGA DE TALONARIO.
LEGITIMIDADE ATIVA. GERENTE DE SUPERMERCADO.

1. FALTA DE DILIGENCIA DO BANCO NA ABERTURA DE CONTAS E


ENTREGA DE TALONARIO A PESSOA QUE SE APRESENTA COM
DOCUMENTOS DE IDENTIDADE DE TERCEIROS, PERDIDOS OU
EXTRAVIADOS. RECONHECIDA A CULPA DO ESTABELECIMENTO
BANCARIO, RESPONDE ELE PELO PREJUIZO CAUSADO AO
COMERCIANTE, PELA UTILIZAÇÃO DOS CHEQUES PARA
PAGAMENTO DE MERCADORIA.

2. O GERENTE DO SUPERMERCADO, QUE RESPONDE PELOS


CHEQUES DEVOLVIDOS, ESTA LEGITIMADO A PROPOR A AÇÃO

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DE INDENIZAÇÃO. RECURSO NÃO CONHECIDO.

(STJ, Acórdão RESP 47335 / SP - Relator Min. RUY ROSADO DE


AGUIAR, Data da Decisão 29/11/1994 - Órgão Julgador QUARTA
TURMA)

No mesmo sentido, vejamos decisão do TJCE, ex textus:

RESPONSABILIDADE CIVIL. RISCO DA ATIVIDADE ECONÔMICA.


ILÍCITO ATRIBUÍDO A TERCEIRO. CASO FORTUITO INTERNO.
AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. A empresa ré, em razão do risco da
própria atividade econômica que exerce, responde pela inscrição
indevida do nome da apelada em cadastros restritivos, mesmo se
resultante de fraude atribuída a terceiros. 2. "[...] INSCRIÇÃO
INDEVIDA. INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. DANO IN RE IPSA. [...] A
jurisprudência deste Pretório está consolidada no sentido de que, na
concepção moderna do ressarcimento por dano moral, prevalece a
responsabilização do agente por força do simples fato da violação."
(STJ. REsp 851522/SP, Relator Min. CESAR ASFOR ROCHA, 4ª
TURMA, DJ 29/06/2007). 3. Agravo Interno não provido. (TJCE –
Agravo - Regimental 1145955200380600001 - Relator(a): LINCOLN
TAVARES DANTAS Órgão julgador: 4ª Câmara Cível Data do
julgamento: 30/04/2010 Data de registro: 12/05/2010 ).

De mais a mais, dispõe o artigo 932 do NCCB o seguinte:

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:

(...)

III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e


prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão
dele;

Sobre tal disciplina, assim disserta o inolvidável jurisconsulto Pablo


Stolze Gagliano:

“Em nosso entendimento, com a utilização do advérbio “também” no


seu caput (Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil...)
a lei estabeleceu uma forma de solidariedade passiva, oportunizando

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à vítima exigir a reparação civil diretamente do responsável legal.” (ob.


cit. pág. 152).

“Não se trata de uma novidade no sistema, mas, sim, da consagração


da idéia de que se deve propugnar sempre pela mais ampla
reparabilidade dos danos causados, não permitindo que aqueles que
usufruem dos benefícios da atividade não respondam também pelos
danos causados por ela.” (ob. cit. pág. 249).

Trazendo os fatos para as normas do CDC, tem-se que é inequívoca


a responsabilidade do banco requerido no caso em apreço, pois seu objeto encontra-se sob
o pálio do Código de Defesa do Consumidor, notadamente em seu artigo 6º, incisos IV e VI,
que assim se expressam:

Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:

(...)

IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos


comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e
cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e
serviços;

(...)

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,


individuais, coletivos e difusos; (grifamos)

Destarte, os bancos e as instituições financeiras, a partir do momento


em que apresentem seus produtos e serviços aos consumidores, se enquadram como
fornecedores, devendo, portanto, seus contratos serem redigidos pelo Código
Consumerista.

No caso em apreço, a falta de diligência do banco requerido


configura vício de qualidade por insegurança do serviço nos termos do art. 14 da Lei do
Consumidor, adiante colacionado:

Art. 14 - O fornecedor de serviços responde independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos

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consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem


como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição
e riscos. (grifamos)

Trata-se de responsabilidade objetiva do fornecedor pelos danos


causados ao consumidor pelo serviço defeituoso, sejam estes de ordem material ou moral.
Essa falha na prestação do serviço ocorre devido a não observância do dever de cuidado.
Deste modo, os fornecedores de serviços respondem independentemente de culpa
(presumida em razão do dever de qualidade adequação e segurança dos serviços
colocados no mercado de consumo, e do dever de agir segundo a boa-fé objetiva), pelos
danos causados na prestação dos seus serviços.

Nesse sentido, é o magistério de CAVALIERI FILHO, in literis:

“Pela teoria do risco do empreendimento, todo aquele que se disponha


a exercer alguma atividade no mercado de consumo tem o dever de
responder por eventuais vícios ou defeitos dos bens e serviços
fornecidos, independentemente de culpa. Este dever é imanente ao
dever de obediência às normas técnicas e de segurança, bem como
aos critérios de lealdade, quer perante os bens e serviços ofertados,
quer perante os destinatários dessas ofertas. A responsabilidade
decorre do simples fato de dispor-se alguém a realizar atividade de
produzir, estocar, distribuir e comercializar produtos ou executar
determinados serviços. O fornecedor passa a ser o garante dos
produtos e serviços que oferece no mercado de consumo,
respondendo pela qualidade e segurança dos mesmos”. (Programa de
Responsabilidade Civil. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 422)

No caso sub judice, houve inobservância de regra comezinha no


mundo jurídico, qual seja, a de somente cobrar quando o celebrante estiver em mora, sob
pena de incidência de repetição de indébito em dobro e reparação pelos danos causados. A
responsabilidade do fornecedor, assim, segundo as regras do CDC, é objetiva.

Com efeito, na forma prescrita no § 3º do art. 14 do CDC, para ilidir a


responsabilidade do fornecedor de serviços, o mesmo tem que provar, alternativamente: a)
que o defeito inexiste; b) culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros.

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Trazendo-se tal preceito para o caso em querela, observa-se que


nenhuma das alíneas pode ser aplicada, visto que o defeito existiu, consubstanciado na
cobrança indevida de débito e a inscrição ilegal nos cadastros pejorativos de créditos, bem
como não há qualquer culpa da requerente ou de terceiros no evento danoso, haja vista que
a requerente foi vítima de ação desidiosa do banco réu.

“É do banco a responsabilidade pelo pagamento do saldo de fundo


mútuo de investimento feito a quem se apresentou com procuração
falsa, se não demonstrada a culpa exclusiva ou concorrente do
depositante.”(STJ, REsp 267.651-0, 4ª T, Rel. Min. Ruy Rosado de
Aguiar, RSTJ 146/60).

“Segundo a doutrina e a jurisprudência do STJ, o fato de terceiro só


atua como excludente da responsabilidade quando tal fato for
inevitável e imprevisível. O roubo do talonário de cheques durante o
transporte por empresa contratada pelo banco não constitui causa
excludente da sua responsabilidade, pois trata-se de caso fortuito
interno. Se o banco envia talões de cheques para seus clientes, por
intermédio de empresa terceirizada, deve assumir todos os riscos com
tal atividade. O ônus da prova das excludentes da responsabilidade do
fornecedor de serviços, previstas no art. 14, § 3º, do CDC, é do
fornecedor, por força do art. 12, , § 3º, também do CDC.” (STJ, REsp.
685.662/RJ, 3ª T, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJU 05.12.2005, p. 323 -
grifamos).

Não basta, portanto, que o fato de terceiro seja inevitável para excluir
a responsabilidade do fornecedor, é indispensável que seja também imprevisível. Assim, por
exemplo, se determinado fornecedor admite a concessão de crédito por telefone ou internet,
sem conferir a documentação necessária, assume todos os riscos do empreendimento.

De salientar, ainda, os ditames insertos no artigo 34 do CDC:

Art. 34 - O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente


responsável pelos atos de seus propostos ou representantes
autônomos.

A propósito, a doutrina e jurisprudência são vozes uníssonas para a

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responsabilização que se quer implementar, pois se o fornecedor necessita de prepostos


para comercializar o seu produto ou o serviço, torna-se automaticamente corresponsável
pelos atos por ele praticados. Vejamos:

“A voz do representante, mesmo o autônomo, é a voz do fornecedor e,


por isso mesmo, o obriga.” (ANTÔNIO HERMAN DE VASCONCELOS
E BENJAMIN, Código Brasileiro de Defesa do Consumidor
Comentado Pelos Autores do Anteprojeto, 2, Ed. Forense
Universitária, p. 162).

“O fornecedor deve assumir total responsabilidade pelos atos


praticados por seus prepostos, representantes autônomos ou
terceirizados, resguardando-se o seu direito de regresso em face de
quem deu causa ao dano sofrido pelo consumidor.” (JOSÉ LUIZ
TORO DA SILVA, Noções de Direito do Consumidor, Ed. Síntese, p.
47).

“A solidariedade do fornecedor perante os atos de seus prepostos


(agentes, corretores, empregados, comissionistas, divulgadores etc),
ainda que sejam eles representantes autônomos, é proclamada
materialmente pelo artigo 34 do CDC.” (HÉLIO ZAGHETTO GAMA,
Curso de Direito do Consumidor, 2. Ed. Forense, p. 103).

Com efeito, não resta dúvida de que o banco demandado deve pagar
por erro de seus prepostos, à semelhança do que já ficou demonstrado no artigo 932, inciso
III do NCCB. Enfim, a prática adotada pelo réu, que se pretende ver reconhecida como
abusiva, pode ser enquadrada, ainda, na hipótese prevista no inciso V do artigo 39 do CDC,
que dispõe:

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras


práticas abusivas:

[...]

V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;

Finalmente, destaque-se o disposto no artigo 42 do CDC:

Art. 42 - Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será

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exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de


constrangimento ou ameaça.

Parágrafo único - O consumidor cobrado em quantia indevida tem


direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro ao que pagou
em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo
hipótese de engano justificável. (destacamos).

De ressaltar, finalmente o disposto na Lei 10.820, de 17.12.2003, in


literis:

Art. 5o O empregador será o responsável pelas informações


prestadas, pela retenção dos valores devidos e pelo repasse às
instituições consignatárias, o qual deverá ser realizado até o quinto dia
útil após a data de pagamento, ao mutuário, de sua remuneração
mensal.

§ 1o O empregador, salvo disposição contratual em sentido contrário,


não será co-responsável pelo pagamento dos empréstimos,
financiamentos e arrendamentos concedidos aos mutuários, mas
responderá sempre, como devedor principal e solidário, perante a
instituição consignatária, por valores a ela devidos, em razão de
contratações por ele confirmadas na forma desta Lei e seu
regulamento, que deixarem, por sua falha ou culpa, de serem retidos
ou repassados.

§ 2o Na hipótese de comprovação de que o pagamento mensal do


empréstimo, financiamento ou arrendamento foi descontado do
mutuário e não foi repassado pelo empregador à instituição
consignatária, fica ela proibida de incluir o nome do mutuário em
qualquer cadastro de inadimplentes.

Portanto, Excelência, indubitável é a responsabilidade do banco


requerido pela ação desidiosa que culminou em cobrança de débito inexistente e a inscrição
do nome da requerente nos cadastros restritivos de créditos, pelo que vem se socorrer do
Poder Judiciário, a fim de garantir a efetividade de seus direitos.

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DO DANO MORAL

No âmbito constitucional, não se pode olvidar que a Constituição


Federal de 1988, no artigo 5º, inciso X, normatizou, de forma expressa, que são invioláveis a
intimidade, a vida privada e a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito à
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Trata-se de previsão
inserida no Título dos Direitos e Garantias Fundamentais, ou seja, os bens jurídicos ali
referidos são cruciais para o desenvolvimento do Estado Democrático.

A concessão dos danos morais tem por escopo proporcionar ao


lesado meios para aliviar sua angústia e sentimentos atingidos. In casu, a falta de
cumprimento contratual pela empresa requerida, nas condições em que os fatos ocorreram,
enseja indenização por dano moral, que se traduz em uma forma de se amenizar a dor e o
sofrimento do requerente, afetado que ficou em sua dignidade, sendo certo que se é
verdade que não há como mensurar tal sofrimento, menos exato não é que a indenização
pode vir a abrandar ou mesmo aquietar a dor aguda.

A indenização por danos morais, como registra a boa doutrina e a


jurisprudência, há de ser fixada tendo em vista dois pressupostos fundamentais, a saber: a
proporcionalidade e razoabilidade. Tudo isso se dá em face do dano sofrido pela parte
ofendida, de forma a assegurar-se a reparação pelos danos morais experimentados, bem
como a observância do caráter sancionatório e inibidor da condenação, o que implica o
adequado exame das circunstâncias do caso, da capacidade econômica do ofensor e a
exemplaridade - como efeito pedagógico - que há de decorrer da condenação.

Vejamos, a propósito, o que ensina o mestre Sílvio de Salvo Venosa


em sua obra sobre responsabilidade civil:

"Os danos projetados nos consumidores, decorrentes da atividade do


fornecedor de produtos e serviços, devem ser cabalmente
indenizados. No nosso sistema foi adotada a responsabilidade objetiva
no campo do consumidor, sem que haja limites para a indenização. Ao

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contrário do que ocorre em outros setores, no campo da indenização


aos consumidores não existe limitação tarifada." (Direito Civil.
Responsabilidade Civil, São Paulo, Ed. Atlas, 2004, p. 206).

Nas palavras do emérito Desembargador Sérgio Cavalieri Filho:

“...o dano moral não está necessariamente vinculado a alguma reação


psíquica da vítima. Pode haver ofensa à dignidade da pessoa humana
se, dor, sofrimento, vexame, assim como pode haver dor, sofrimento,
vexame sem violação da dignidade....a reação química da vítima só
pode ser considerada dano moral quando tiver por causa uma
agressão à sua dignidade.” (Programa de Responsabilidade Civil, 10ª
edição, Atlas, 2012, São Paulo, pág.89).

A reparação do dano moral não visa, portanto, reparar a dor no


sentido literal, mas sim, aquilatar um valor compensatório que amenize o sofrimento
provocado por aquele dano, sendo a prestação de natureza meramente satisfatória. Assim,
no caso em comento, clarividente se mostra a ofensa a direitos extrapatrimoniais, haja vista
toda a angústia e transtorno que o requerente e sua família vêm sofrendo.

Com relação à prova do dano extracontratual, está bastante


dilargado na doutrina e na jurisprudência que o dano moral existe tão-somente pela ofensa
sofrida e dela é presumido, sendo bastante para justificar a indenização, não devendo ser
simbólica, mas efetiva, dependendo das condições socioeconômicas do autor, e, também,
do porte empresarial da ré. É corrente majoritária, portanto, em nossos tribunais a defesa de
que, para a existência do dano moral, não se questiona a prova do prejuízo, e sim a violação
de um direito constitucionalmente previsto.

Trata-se do denominado Dano Moral Puro, o qual se esgota na


própria lesão à personalidade, na medida em que estão ínsitos nela. Por isso, a prova
destes danos restringir-se-á à existência do ato ilícito, devido à impossibilidade e à
dificuldade de realizar-se a prova dos danos incorpóreos. Não é sem razão que os incisos V
e X do artigo 5º da CF/88 asseguram com todas as letras a reparação por dano moral,
senão vejamos:

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“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além


da indenização por dano material, moral ou à imagem;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem


das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material
ou moral decorrente de sua violação;”

Sobre o assunto, disserta Cavalieri Filho, in literis:

“...o dano moral está ínsito na própria ofensa, decorre da gravidade do


ilícito em si. Se a ofensa é grave e de repercussão, por si só justifica a
concessão de uma satisfação de ordem pecuniária ao lesado. Em
outras palavras, o dano moral existe in re ipsa; deriva inexoravelmente
do próprio fato ofensivo, de tal modo que, provada a ofensa, ipso facto
está demonstrado o dano moral à guisa de uma presunção natural...”
(Ob. cit. pág.97).

E ainda disserta o ilustre magistrado:

A reparação por dano moral não pode constituir de estímulo, se


insignificante, à manutenção de práticas que agridam e violem direitos
do consumidor. Verificada a sua ocorrência, não pode o julgador fugir
à responsabilidade de aplicar a lei, em toda a sua extensão e
profundidade, com o rigor necessário, para restringir e até eliminar, o
proveito econômico obtido pelo fornecedor com a sua conduta ilícita. A
previsão de indenizações módicas ou simbólicas não pode ser
incorporada `a planilha de custos dos fornecedores, como risco de
suas atividades (ob. cit. pág.105).

Para o caso em apreço, assim têm se comportado a jurisprudência


do STJ e do STF, senão vejamos:

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. OMISSÃO


DO JULGADO. INOCORRÊNCIA. RESPONSABILIDADE CIVIL.

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INSCRIÇÃO INDEVIDA EM ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO.


DANO MORAL. VALOR DA CONDENAÇÃO.

(...)

2. A inscrição sem a prévia comunicação ao devedor é irregular e


configura dano moral.

3. A quantia fixada não se revela excessiva, considerando-se os


parâmetros adotados por este Tribunal Superior, que preleciona ser
razoável a condenação em 50 (cinqüenta) salários mínimos por
indenização decorrente de inscrição indevida em órgãos de proteção
ao crédito. Precedentes.

Recurso a que se nega provimento.

(STJ - AgRg no Ag 1089374 / PE - AGRAVO REGIMENTAL NO


AGRAVO DE INSTRUMENTO - 2008/0191892-9 Relator(a) Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO - Órgão Julgador T4 - QUARTA TURMA -
Data do Julgamento 09/11/2010 Data da Publicação/Fonte DJe
12/11/2010 ) inovados).

CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL EM


RECURSO EXTRAORDINÁRIO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA
DO ESTADO. INSCRIÇÃO INDEVIDA DE CPF NO CADIN.
REPARAÇÃO DE DANOS. ART. 37, § 6º, DA CF/88. FATOS E
PROVAS. SÚMULA STF 279. 1. Acórdão recorrido fundado no fato de
que, "não tendo a União logrado comprovar qualquer das hipóteses
que ensejam o afastamento de sua responsabilidade - a saber a
ocorrência de caso fortuito ou força maior, ou, ainda, a culpa exclusiva
da vítima - cabe-lhe responder pelos danos que seus agentes, diretos
ou indiretos, nessa condição causaram ao cidadão". 2. Incidência da
Súmula STF 279 para aferir alegada ofensa ao artigo 37, § 6º, da
Constituição Federal - responsabilidade objetiva do Estado.
Precedentes. 3. Inexistência de argumento capaz de infirmar o
entendimento adotado pela decisão agravada. 4. Agravo regimental
improvido. (STF - RE 539401 AgR / BA – BAHIA - AG.REG.NO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO - Relator(a):  Min. ELLEN GRACIE -
Julgamento:  26/05/2009 - Órgão Julgador:  Segunda Turma).

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No mesmo sentido é o entendimento do Egrégio TJCE:

RESPONSABILIDADE CIVIL. RISCO DA ATIVIDADE ECONÔMICA.


ILÍCITO ATRIBUÍDO A TERCEIRO. CASO FORTUITO INTERNO.
AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. A empresa ré, em razão do risco da
própria atividade econômica que exerce, responde pela inscrição
indevida do nome da apelada em cadastros restritivos, mesmo se
resultante de fraude atribuída a terceiros. 2. "[...] INSCRIÇÃO
INDEVIDA. INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. DANO IN RE IPSA. [...] A
jurisprudência deste Pretório está consolidada no sentido de que, na
concepção moderna do ressarcimento por dano moral, prevalece a
responsabilização do agente por força do simples fato da violação."
(STJ. REsp 851522/SP, Relator Min. CESAR ASFOR ROCHA, 4ª
TURMA, DJ 29/06/2007). 3. Agravo Interno não provido. (TJCE -
Agravo Regimental 1145955200380600001 - Relator(a): LINCOLN
TAVARES DANTAS - Órgão julgador: 4ª Câmara Cível - Data do
julgamento: 30/04/2010).

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE


DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO - EXTRAVIO DE CARTÃO DE CRÉDITO
- UTILIZAÇÃO FRAUDULENTA - OMISSÃO NA CONFERÊNCIA DA
ASSINATURA POR OCASIÃO DA VENDA - INSCRIÇÃO INDEVIDA
NOS CADASTROS DE INADIMPLENTES - APLICABILIDADE DO
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - RESPONSABILIDADE
OBJETIVA DO FORNECEDOR DE SERVIÇOS - ABUSIVIDADE DA
CLÁUSULA CONTRATUAL QUE TRANSFERE A
RESPONSABILIDADE POR COMPRAS EFETUADAS POR
TERCEIROS AO TITULAR DO CARTÃO, ATÉ O MOMENTO DA
COMUNICAÇÃO DO EXTRAVIO - DANO MORAL IN RE IPSA -
DEVER DE INDENIZAR - (TJCE - Apelação 79095327200080600011
- Relator(a): MARIA NAILDE PINHEIRO NOGUEIRA - Órgão julgador:
2ª Câmara Cível - Data do julgamento: 20/04/2010).

Doutro lado, os parâmetros judiciais para o arbitramento do quantum


indenizatório são delineados pelo prudente arbítrio do julgador, haja vista que o legislador
não ousou, através de norma genérica e abstrata, pré-tarifar a dor de quem quer que seja.
Por esse raciocínio, ao arbitrar o quantum da indenização, deve o magistrado levar em

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conta "a posição social do ofendido, a condição econômica do ofensor, a intensidade do


ânimo em ofender e a repercussão da ofensa", conforme orientação jurisprudencial.

Coerente se faz a doutrina que indica que além de respeitar os


princípios da equidade e da razoabilidade, deve o critério de ressarcibilidade do dano moral
considerar alguns elementos como: a gravidade e extensão do dano, a reincidência do
ofensor, a posição profissional e social do ofendido e as condições financeiras do ofendido e
ofensor. Apenas para supedanear a decisão meritória, o parâmetro que entende razoável o
requerente é o de que o valor não deverá ser abaixo de trinta (30) salários mínimos.

Assim, no caso em comento, clarividente se mostra a ofensa a


direitos extrapatrimoniais, haja vista toda a angústia e transtorno que o requerente sofreu e
ainda vem sofrendo, sendo, pois, parâmetro que se revela justo para, primeiro, compensar o
autor pela dor sofrida, sem, no entanto, causar-lhe enriquecimento ilícito, e, segundo, servir
como medida pedagógica e inibidora admoestando o plano peticionado pela prática do ato
ilícito em evidência.

DA TUTELA ANTECIPADA

A tutela pretendida na presente querela deverá ser concedida de


forma antecipada, posto que o requerente preenche os requisitos do artigo 273 do CPC:

“O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou


parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde
que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da
alegação e:

I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação”

Da mesma forma é a prescrição do CDC, ex textus:

Art. 84 - Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de


fazer ou não fazer, o Juiz concederá a tutela específica da obrigação

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ou determinará providências que assegurem o resultado prático


equivalente ao do adimplemento.

[...]

§ 3º - Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo


justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao Juiz
conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o
réu.

§ 4º - O Juiz poderá, na hipótese do § 3º ou na sentença, impor multa


diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente
ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o
cumprimento do preceito.

Ao comentar os requisitos para a concessão da tutela antecipada, o


Professor Luiz Guilherme Marinoni assim disserta:

"É possível a concessão da tutela antecipatória não só quando o dano


é apenas temido, mas igualmente quando o dano está sendo ou já foi
produzido.

Nos casos em que o comportamento ilícito se caracteriza como


atividade de natureza continuativa ou como pluralidade de atos
suscetíveis de repetição, como, por exemplo, nas hipóteses de
concorrência desleal ou de difusão notícias lesivas à personalidade
individual, é possível ao juiz dar a tutela para inibir a continuação da
atividade prejudicial ou para impedir a repetição do ato." (in "A
Antecipação da Tutela na Reforma do Processo Civil", Ed. Malheiros,
p. 57).

Com efeito, a tutela antecipada se consolida na possibilidade de se


anteciparem os efeitos do provimento final, quando presentes seus requisitos, a fim de não
se proporcionarem mais prejuízos a quem tem um direito robusto e devidamente provado
neste caderno processual.

A concessão de liminar assenta-se, portanto no artigo art. 273 do


Código de Ritos Civil diante da verossimilhança da alegação e do receio de dano

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irreparável, visto que as provas trazidas à colação são robustas e estreme de dúvidas sobre
o direito do(a) requerente, visto que alicerçadas na legislação própria e definidora dos
contratos bancários, nos danos efetivamente ocorridos, em doutrinas inquestionáveis e em
decisões uníssonas dos nossos tribunais pátrios.

A antecipação da tutela, portanto, tem como maior finalidade amparar


a requerente até o julgamento definitivo, evitando-lhe maiores danos do que já tem
sustentado. Logo, na conformidade da redação legal, o requerente faz jus à concessão da
tutela antecipatória, uma vez que preenche todos os requisitos por ela exigidos: prova
inequívoca dos fatos e dano irreparável.

O reconhecimento do periculum in mora evidencia-se no direito


subjetivo da autora em reaver seu poder de compra, pois, na situação atual, sempre
dependerá de outrem para prover-lhe comercialmente, haja vista sua inscrição indevida em
cadastros pejorativos. Assim, o diferimento da pretensão preambular poderá acrescer mais
danos aos que estão sendo suportados atualmente pelo requerente, agredido que está em
sua própria dignidade.

Incontestável, ainda, a absoluta reversibilidade da medida que se


pede. Acaso no decorrer da lide se mostrem relevantes motivos jurídicos em contraposição
aos agora apresentados, a questão poderá ser revista ou modificada segundo entendimento
do Juiz.

Quanto ao fumus boni juris, presente se faz, às escâncaras, evidente


razoabilidade das alegações da promovente. Pelo que foi exposto, há um iniludível vulcão
em erupção de verdade na redação fática externada pela autora, bem como prova material
robusta e apta ao acolhimento da tutela pretendida.

As provas inequívocas, capazes de convencer esse Preclaro


Judicante da verossimilhança dos fatos aqui alegados estão também presentes, conforme
farta documentação acostada a este caderno processual.

Destarte, a verossimilhança da alegação, ao lado da prova

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inequívoca do direito buscado pelo requerente e do seu receio de dano maior e irreparável
ao patrimônio familiar, trazem a esta querela o cumprimento integral da égide semântica
prevista no artigo 273, caput e inciso I, do Código de Ritos Civil.

Por oportuno, ressalte-se que o fato de eventualmente o(a)


requerente não ter providenciado, de imediato, todas as provas documentais capazes de
trazer a esse Douto Judicante a certeza sobre os fatos narrados, não ilide a pretensão da
mesma em requerê-lo, haja vista o status do direito perseguido nesta ação, que se identifica
com aqueles que compõem o rol dos direitos fundamentais, visto que, em última análise,
com concessão da tutela antecipatória, ter-se-á protegida a sua dignidade, dando o direito
de o julgador aplicar o princípio da proporcionalidade nos casos em comento.

Neste sentido, dissertou o festejado Ministro Sálvio de Figueiredo em


sua recente obra:

“As exigências de prova inequívoca e reversibilidade do provimento


devem ser interpretadas cum grano salis e com observância do
princípio da proporcionalidade” (in CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
ANOTADO, SALVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, 7ª EDIÇÃO,2003)

Destaque-se, nesta ansa, decisão recente do nosso Egrégio Tribunal


de Justiça do Estado do Ceará, ex textus:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - DECISÃO CONCESSIVA


DE TUTELA ANTECIPADA - PRESENÇA DOS REQUISITOS
ENSEJADORES DO INSTITUTO - RECURSO CONHECIDO E
IMPROVIDO.

I- Presentes os requisitos ensejadores da tutela antecipada, impõe-se


o seu deferimento.

[...]

(AI 2002000146584 CE- 2ª Câmara Cível – Rel. Des. Gisela Nunes


Costa - j.31.03.2004 - grifamos)

Assim, considerando-se os fatos aqui narrados e o prejuízo já

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experimentado pelo(a) requerente, o qual se encontra, até a presente data, tolhido(a) no seu
direito de utilizar seu crédito no mercado, outra alternativa não há senão adiantar o resultado
da sentença final, a fim de resguardar o direito irreprochável do mesmo nesta lide.

DOS PEDIDOS

Em face do exposto, requer, se digne Vossa Excelência de:

1) CONCEDER os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, nos moldes


insertos em preliminar;

2) CONCEDER, initio litis, liminar em antecipação de tutela, nos


termos do artigo 273 do CPC c/c artigo 84 do CDC, no sentido de determinar ao banco réu
que proceda a imediata exclusão do nome da autora de todos os cadastros pejorativos de
créditos, relativamente ao contrato sub judice, no valor de VALOR DO CONTRATO, sob
pena de multa diária de um salário-mínimo (artigo 461, parágrafo 5º do CPC), advertindo-se
ao réu, na oportunidade, de que nova inclusão relativamente ao mesmo CONTRATO
incorrerá na incidência da mesma multa sobredita;

3) MANDAR CITAR, empós a concessão da liminar – certamente


deferida – o banco promovido para, querendo, responder ao presente, sob as penas do
artigo 319 do CPC;

4) CONCEDER a inversão do ônus da prova em favor da requerente,


nos moldes entabulados pelo Código de Defesa do Consumidor, notadamente para
determinar que o banco acionado faça juntar aos autos cópia fiel do contrato em lide;

5) Intimar o douto representante do Ministério Público, para


acompanhar este feito até o final já que se trata de norma de interesse social conforme
artigo 1º do CDC;

6) Provado quanto baste, julgar procedente a contenda, para o fim

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de, confirmando-se as liminares anteriormente concedidas:

6.1) DECLARAR a inexistência do débito em lide, em face das


provas cabais arrecadadas aos presentes autos, as quais dão conta dos recolhimentos
mensais das prestações no contracheque da autora;

6.2) DETERMINAR, de forma definitiva, a exclusão do nome da


requerente de todos os cadastros pejorativos de créditos, por eventual débito cobrado pela
instituição financeira ré, em face do contrato em querela;

7) CONDENAR o banco requerido a pagar, a (o) requerente, uma


indenização por danos morais (art. 5º. CF/88 c/c arts. 6º, inciso VI, e 14 do CDC), em
montante a ser arbitrado por este juízo, sugerindo-se, com base na capacidade financeira
das partes e no grau e extensão do dano, o valor correspondente a 30 (trinta) salários
mínimos, como parâmetro mínimo;

8) RECONHECER a mora do credor/fornecedor, em face de suas


práticas abusivas, haja vista as normas do CDC serem de ordem pública;

9) CONDENAR, finalmente, o requerido no pagamento das verbas de


sucumbência, na base de 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação, os quais
deverão ser revertidos à DEFENSORIA PÚBLICA-GERAL DO ESTADO DO CEARÁ .

Como a questão é somente de direito, não ensejando dilação


probatória, s.m.j, requer o julgamento antecipado da lide, a teor do artigo 330, I do CPC.

Entretanto, acaso Vossa Excelência diferentemente entenda,


protesta e requer provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em direito,
juntada de novos documentos, perícias, depoimentos pessoais e inquirição de testemunhas
(oportunamente arroladas), tudo desde já requerido.

Dá à causa, para efeitos meramente processuais, o valor de VALOR


DA CAUSA.

Nesses termos.

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Pede deferimento.
CIDADE, DIA DE MÊS DE ANO.

NOME DO(A) DEFENSOR(A) PÚBLICO(A)


Defensor(a) Público(a)

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