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UMA Verdade inconveniente. Direção de Davis Guggenheim.

EUA: Paramount
Vantage, 2006, 94 min.
UMA Verdade mais inconveniente. Direção de Bonni Cohen e Jon Shenk. EUA:
Paramount Vantage, 2017, 1h 38 min.
MEAT the truth: uma verdade mais que inconveniente. Direção de Karen Soeters e
Gertjan Zwanikken. Países Baixos, 2007, 74 min.

Aquecimento Global: Todos os lados de uma mesma história


Os documentários Uma verdade inconveniente de Davis Guggenheim, Uma
verdade mais inconveniente dos diretores Bonni Cohen e Jon Shenk, e Meat the truth:
uma verdade mais que inconveniente, dirigido por Karen Soeters e Gertjan Zwanikken,
trazem um estudo dos principais fatores relacionados com a crise ambiental global pela
qual estamos passando, abordando mais especificamente a questão do aquecimento
global.

O primeiro documentário Uma verdade inconveniente, lançado em 2006,


analisa a questão do aquecimento global a partir do ponto de vista do ex-vice-presidente
dos Estados Unidos, Al Gore. Durante o documentário são apresentados diversos dados
que nos levam a compreender que as atividades humanas estão totalmente
correlacionadas com as mudanças climáticas devido à grande emissão de gases do efeito
estufa, provindas das nossas atividades industriais e meios de locomoção. Ele nos
mostra que os grandes desastres naturais como furacões, enchentes, secas e o
derretimento das geleiras que vem ocorrendo nas últimas décadas estão totalmente
interligados com o aumento da temperatura do nosso planeta.

Ao final, Al Gore faz um apelo para que a sociedade se conscientize e comece a


mudar suas atitudes em relação ao consumo desenfreado de petróleo e seus derivados,
para que assim consigamos diminuir ou cessar as emissões desses gases e parar o
aumento da temperatura do planeta.

No segundo documentário Uma verdade mais inconveniente, lançado em 2016,


Al Gore retorna ao tema desta vez para atualizar a situação da crise climática dez anos
após o lançamento do seu primeiro documentário. Desta vez, Gore além de mostrar a
evolução dessa crise, ele nos apresenta os avanços obtidos nas áreas de energias limpas,
como a criação de tecnologias que tornam menor o custo da produção de energia por
meios alternativos aos combustíveis fósseis, assim como o aumento da utilização de
fontes renováveis de energia por parte de diversas nações como o Chile e o próprio
Estados Unidos. Contudo, durante a apresentação desses fatos, Gore faz um adendo,
apresentando o seu programa de trainees que visa a formação de líderes ambientais. Ao
final do documentário após conseguir com que o governo da Índia se comprometa ao
acordo de Paris, Al Gore nos mostra que com a eleição de Donald Trump à presidência
dos Estados Unidos, todo o progresso conseguido até o momento em questões
ambientais, pode ser perdido, principalmente após Trump declarar a saída do país desse
acordo. A mensagem deixada ao final é a de que se tratando da conservação do nosso
meio ambiente, sempre estaremos suscetíveis a retrocessos e que devemos sempre estar
dispostos a brigar por essa causa.

E por fim, o terceiro documentário Meat the truth: uma verdade mais que
inconveniente, lançado em 2007, apresentado pela deputada holandesa Marianne
Thieme completa uma grande lacuna deixada por Al Gore em seu primeiro
documentário, nos mostrando a ampla participação da pecuária nas emissões de gases
do efeito estufa. Ela nos mostra dados espantosos, os quais a maior parte da população
mundial desconhece, como por exemplo, segundo dados do IPCC (Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), a pecuária polui e devasta mais que
todos os meios de transporte do planeta juntos. Segundo a deputada, Al Gore omitiu
esses dados referentes a correlação do consumo de carne com agravamento do
aquecimento global devido a motivos políticos e medo da retaliação das grandes
indústrias alimentícias que movem a economia dos países. Ela também levanta questões
sociais, políticas e econômicas, como a questão alimentar e o fato que a pecuária é uma
das principais causadoras da fome no planeta, além de mostrar diversos fatores relativos
à crueldade com animais, apresentando situações como a debicagem de aves e o
confinamento limitado dos animais.

Os três documentários abordam o mesmo tema, porém com diferentes visões, o


que de fato é interessante pois nos mostram todos os lados da história. Os
documentários do Al Gore expõem o lado da história do aquecimento global com a qual
já estamos acostumados, pois somos expostos a essas informações quase que
diariamente nas mídias, como por exemplo o CO2 emitido pelos nossos meios de
transporte. A intenção do ex-vice-presidente dos Estados Unidos ao lançar esses
documentários era de tentar sensibilizar e alertar a população quanto a questão
ambiental. Ele procura alcançar esse objetivo apontando os grandes problemas e
explicando-os, com isso tentando promover mudanças profundas relacionadas aos
valores morais, culturais e ideológicos das pessoas.

Estes documentários são muito mais que algo apenas informativo, eles nos
mostram um estudo dos impactos ambientais que o homem vem causando devido a
emissão de gases do efeito estufa, além de nos apresentar respostas e soluções para
esses problemas, como por exemplo, a utilização de fontes de energias alternativas aos
combustíveis fósseis, para que assim consigamos diminuir as nossas emissões. As
soluções apresentadas nos documentários do Al Gore, englobam as ODS (Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável), sendo um deles o Objetivo 7, que nos diz que devemos
“assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para
todos” (ONU BR). Implantar fontes de geração de energia limpa nos garante que essa
energia seja distribuída a todos por um preço mais acessível sem poluir e degradar o
nosso ambiente.

Já o documentário da deputada e ativista holandesa nos traz uma história bem


diferente da contada para nós pela mídia. Com o devido embasamento, Marianne
levanta muitas questões interessantes e polêmicas, tais como: Como a pecuária gera um
impacto tão grande sobre o clima? Mudar os nossos hábitos alimentares, como deixar de
comer carne por um ou mais dias, seria uma solução?

A deputada apresenta dados essenciais que nos possibilitam compreender como


a pecuária pode intervir de maneira tão intensa sobre o clima, tais como: a produção de
gás metano a parir dos bovinos, que é muito mais poderoso que o gás carbônico se
tratando do efeito estufa, e também nos apresenta dados interessantíssimos que nos
comprovam que deixar de comer carne pelo menos uma vez por semana colaboraria de
maneira muito significativa para a diminuição da emissão de gases, nos deixando
surpresos com a possibilidade de evitarmos muitos problemas ambientais apenas
transformando nossos hábitos alimentares.

Outro ponto muito importante levantado por Marianne em seu documentário é o


fato de que a pecuária é uma das principais responsáveis pela fome no mundo. Segundo
um estudo publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU), a produção mundial
de alimentos é suficiente para suprir a demanda de toda a população do planeta, porém
uma em cada nove pessoas ainda passa fome. Os principais fatores contribuintes para
essa situação é a má distribuição de renda e a “consolidação de uma cultura alimentar
pouco nutritiva” (IANDOLI, pag.1).

Esses documentários nos agregam muitos conhecimentos valorosos quanto à


crise ambiental vivida atualmente, nos possibilitando fazer correlações com os
princípios e instrumentos da gestão ambiental, como por exemplo a identificação de
problemas e riscos, seguidos de propostas e soluções viáveis tanto ambientalmente
quanto economicamente. Eles nos mostram fatos e acontecimentos que despertam um
sinal de alerta, fazendo nos lembrarmos da importância de conseguirmos atingir os
Objetivos do Milênio, principalmente os relacionados a fome, erradicação da pobreza
extrema e ao aumento da temperatura do nosso planeta, pois segundo o último relatório
emitido pelo IPPC (Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas), um
aumento maior que 1,5 °C na temperatura do planeta traria consequências desastrosas
para o nosso ambiente, e consequentemente para a nossa sobrevivência.

São documentários coerentes com a situação atualmente vivenciada pela nossa


sociedade, de grande relevância, de simples entendimento sem conter a necessidade de
possuir conhecimento prévio e aprofundado do assunto para que se tenha um bom
entendimento do tema abordado e possui uma linguagem acessível.

Referências

Nações Unidas no Brasil. Conheça os novos 17 Objetivos de Desenvolvimento


Sustentável da ONU. Acesso em: 31 de outubro de 2018. Disponível em:
https://nacoesunidas.org/conheca-os-novos-17-objetivos-de-desenvolvimento-
sustentavel-da-onu/

OKABE, M. Meat the truth – uma verdade mais que inconveniente sobre o consumo
de carne. Acesso em: 31 de outubro de 2018. Disponível em:
http://marciookabe.com.br/sustentabilidade/meat-the-truth-uma-verdade-mais-que-
inconveniente-sobre-o-consumo-de-carne/

IPPC. Global Warming of 1,5 °C. Acesso em: 31 de outubro de 2018. Disponível em:
http://www.ipcc.ch/report/sr15/

IANDOLI, R. Mundo produz comida suficiente, mas fome ainda é uma realidade.
Acesso em: 31 de outubro de 2018. Disponível em:
https://www.nexojornal.com.br/explicado/2016/09/02/Mundo-produz-comida-
suficiente-mas-fome-ainda-%C3%A9-uma-realidade

MIRANDA, A. Crítica: Uma verdade mais inconveniente. Acesso em: 31 de outubro


de 2018. Disponível em: https://oglobo.globo.com/rioshow/critica-uma-verdade-mais-
inconveniente-22047070

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