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2019
Sumário
1. Introdução......................................................................................................................3
2. Desenvolvimento...........................................................................................................3
3. Conclusão......................................................................................................................8
4. Referências..................................................................................................................10
1. Introdução
2. Desenvolvimento
3
felicidade subjetiva de sentimentos heterônomos de prazer e bem-estar
(CAYGILL, 2000, p. 148).
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Após expor a premissa acima, Kant investiga as qualidades ou
características que ao longo do tempo na Humanidade foram eleitas como desejáveis ou
boas, na busca de encontrar entre elas qual seria a melhor (o bem supremo). Elas,
entretanto, são qualidades apenas condicionalmente, sendo que seu excesso pode
transformá-las em defeitos. Como, por exemplo, o contínuo entre a qualidade coragem e
seu defeito diametralmente oposto: a imprudência.
O autor considera, após sua busca, a boa vontade como o bem supremo. Isto
porque ela guia as outras características humanas, prevenindo-as de se tornarem defeitos
e, além disso, é boa em si mesma. O próprio Kant afirma: “A boa vontade não é boa por
aquilo que promove ou realiza, pela aptidão para alcançar qualquer finalidade proposta,
mas tão somente pelo querer, isto é em si mesma [...]” (KANT, 2007, p. 23).
Mas o que seria esse conceito de boa vontade que Kant considera como o
bem supremo? Encontramos uma explicação no comentador Guido de Almeida que
define: “boa vontade não pode designar outra coisa senão a vontade moralmente boa e,
assim, pressupõe a definição é do que moralmente bom como irrestritamente bom, [...]”
(ALMEIDA, 2011, p.27). Tal definição do comentador nos auxilia apenas
provisoriamente, pois ele definiu boa vontade em função de vontade, deslocando nossa
investigação para o que seria vontade.
O próprio Almeida faz uma consideração do que ele entende por vontade em
Kant: “entendemos por “vontade” um poder agir com base em princípios” (ALMEIDA,
2011, p.32). Não obstante, decidimos buscar em outras fontes o que seria vontade em
Kant e nos deparamos com a seguinte definição de Caygill:
[...] o conceito do Dever que contém em si o de boa vontade, posto que sob
certas limitações e obstáculos subjetivos, limitações e obstáculos esses que,
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muito longe de ocultarem e tornarem irreconhecível a boa vontade, a fazem
antes ressaltar por contraste e brilhar como luz mais clara (KANT, 2007, p.
26).
Após esta citação, temos que esclarecer o que seriam essas limitações e
obstáculos que contrastam com a boa vontade quando reunidas sob o conceito de dever.
Coadunando com as interpretações de Almeida (2011) e Caygill (2000),
podemos subdividir a vontade entre perfeita e imperfeita. A vontade perfeita é somente
guiada pela razão (é objetiva); assim, o conceito de dever perde todo o seu sentido, pois
seres que possuem uma vontade perfeita agem necessariamente conforme princípios
universais (necessariamente praticam apenas ações morais). Enquanto a vontade
imperfeita é composta tanto pela razão como por inclinações, desejos e tendências. Em
tal vontade imperfeita, o conceito de dever se faz necessário, pois ele é o que orienta a
vontade a deliberar em prol de ações morais.
O ser humano é considerado por Kant como possuindo duas facetas ou
lados: o lado sensível, que é guiado pelos instintos, inclinações e desejos; e outro lado
que é guiado pela razão. Assim, a vontade humana (imperfeita) oscila entre deliberar a
favor de ações guiadas pela razão ou pela inclinação.
Embora, anteriormente, tenhamos relacionado as ações morais com conceito
de dever, precisamos classificá-las de um modo mais claro. Primeiro temos as ações
contrárias ao dever: em que sua contradição com o dever é tão evidente que qualquer
pessoa com faculdade mental sã consegue verificar que é uma ação imoral. Temos agora
as ações conforme ao dever que podem ser divididas em dois subitens: a por inclinação
e a por dever, sendo que ambas podem ter o mesmo resultado, quando vistas por um
observador externo, mas são completamente diferentes na perspectiva da intenção do
agente. Uma ação por inclinação é realizada baseada em uma inclinação, impulso ou
tendência do agente; já uma ação por dever (moralmente justa) é executada apenas
porque o agente reconhece-a como partindo de uma lei moral, que deve ser respeitada,
se quiser agir moralmente.
O exemplo abaixo ilustra bem a definição de ações humanas conforme ao
dever: um cliente vai ao sapateiro comprar um tênis, entretanto tal cliente não tem
noção dos preços de mercado, dando a possibilidade ao sapateiro de cobrar-lhe a mais e
assim obter mais lucro. O sapateiro que age conforme ao dever por inclinação vende o
sapato pelo preço de mercado, porém o faz com medo de ficar mal falado perante os
vizinhos ou de uma futura retaliação por parte do cliente que se sentiu enganado. O
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sapateiro que age conforme ao dever por dever vende o sapato pelo preço de mercado
porque tal ação está de acordo com uma lei moral universal, necessária e proveniente da
razão.
Após progredirmos, partindo da premissa de que todos os humanos sabem
refletir sobre o que é válido para a humanidade, passando pelo conceito de vontade (e
como ela se relaciona com o dever), e quais ações são morais; precisamos ainda expor o
conceito de máxima, antes de chegarmos à regra prática da moralidade. Kant o expõe da
seguinte maneira:
2
BITTNER, R. “Máximas”. Studia kantiana.[S.I.], v.5, n.1, p.13, 2003.
3
Ibid.,p.13.
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adequadas para agir moralmente? Kant expõe sua regra prática da moralidade, que
veremos a seguir.
3. Conclusão
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mostramos como as máximas devem ser aplicadas à regra prática da moralidade, para
verificarmos com exatidão se estamos ou não agindo universal e necessariamente.
Aqui retomamos o problema proposto no início do trabalho: verificar um
possível conflito entre “regra prática da moralidade” e a felicidade. Após reconstruirmos
a argumentação kantiana na Fundamentação da metafísica dos costumes, concluímos
que a regra prática da moralidade é conflitante com a felicidade no sentido subjetivo; o
que está em conformidade com o pensamento de Caygill:
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convivência social um emaranhado de deveres legítimos com deveres inadequados; o
que levaria a uma contradição gigantesca entre as ações das pessoas.
4. Referências
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O que é a filosofia?. [S. l.]: Editora !34, 1991.
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