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DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL, TRÂNSITO
E MOBILIDADE HUMANA
Professores autores/conteudista

CAROLINA BRAZ PIMENTEL / ALEXANDRE BUENO


É vedada, terminantemente, a cópia do material didático sob qualquer forma, o
seu fornecimento para fotocópia ou gravação, para alunos ou terceiros, bem como
o seu fornecimento para divulgação em locais públicos, telessalas ou qualquer
outra forma de divulgação pública, sob pena de responsabilização civil e criminal.
SOBRE OS AUTORES
Autora 1: Carolina Braz Pimentel

É fundadora e Diretora da Geração Social Consultoria e Assessoria em Responsabilidade Social.


Possui Graduação em Direito pela Universidade Estadual de Maringá (2014), MBA em Gestão
Ambiental e Economia Sustentável pela Pontifícia Católica do Rio Grande do Sul (2017) e MBA em
Gestão Social pelo Instituto Brasileiro de Gestão Socioambiental (2017). Foi finalista no 12° Prêmio
Ozires Silva de Empreendedorismo Sustentável, na categoria empreendedorismo econômico e no
Desafio Paraná 2016, da Aliança Empreendedora, na categoria negócio com impacto social. Atua
como Presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) e atuou, entre 2017 a
2019, como Coordenadora do Núcleo “Nós Podemos”, que articula ações em prol dos objetivos de
Desenvolvimento Sustentável.

Autor 2: Alexandre Bueno

Possui MBA em Gestão da Produção e Qualidade pela Fundação Getúlio Vargas (2015), MBA em
Gestão Estratégica de Negócios pela Anhanguera Educacional (2009) e Graduação em Engenharia de
Automação e Controle (Mecatrônica) pela UNIP (2000), bem como em Mecânica Geral e Ferramentaria
pelo SENAI (1994). Atualmente, elabora conteúdos direcionados às áreas de gestão e engenharias,
além de questões para provas de engenharias (diversas) e conteúdos teóricos. Ministra aulas
particulares de matemática e física. Realiza consultoria sobre gestão em uma oficina mecânica.
SUMÁRIO
Introdução Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

UNIDADE 1

TRANSPORTE: CONCEITUAÇÃO, IMPORTÂNCIA E CARACTERÍSTICAS . . . . . . . . . . . . 8


1. Conceitos e Histórico do Transporte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.1. Transporte no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.1.1. Rodoviário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.1.2. Aquaviário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10
1.1.3. Ferroviário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.1.4. Aeroviário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.2. Meios de Transporte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2.1. Importância Social e Econômica dos Meios de Transporte . . . . . . . . . 14
1.2.2. Evolução Histórica dos Meios de Transporte no Contexto Mundial . . . . 14
1.2.3. Evolução Histórica dos Meios de Transporte no Contexto Brasileiro . . . .17
1.3. Principais Meios de Transporte e Carga da Atualidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.3.1. Transporte de Pessoas: Conceitos Básicos e Características . . . . . . . .19
1.4. Transporte de Carga: Conceitos Básicos e Características . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.4.1. Transporte Rodoviário de Cargas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.4.2. Transporte Ferroviário de Cargas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.4.3. Transporte Aquaviário de Cargas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.4.4. Transporte Dutoviário de Cargas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.4.5. Transporte Aéreo de Cargas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.5. Meios Alternativos de Transporte na Atualidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.5.1. Meios de Transporte Alternativos Utilizados na Atualidade . . . . . . . . 26
1.5.2. Barreiras para a Adoção de Meios de Transporte Alternativos e Ocasionadas
pelos Meios Tradicionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

UNIDADE 2

2. Relação entre o meio ambiente e os transportes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32


2.1. Transporte e Meio Ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.1.1. Importância do Estudo da Relação Entre Transporte e Meio Ambiente . . 33
2.1.2. A Preocupação Internacional dos Impactos do Transporte no Meio Ambiente 34
2.1.3. Impactos do Transporte no Meio Ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.1.4. A Incidência dos Impactos do Transporte no Meio Ambiente . . . . . . . 35
2.2. Consumo de Recursos pelo Transporte Urbano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.2.1. O Consumo do Solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.2.2. O Consumo do Espaço de Circulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.2.3. O consumo de energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.2.4. O Consumo de Combustível . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
2.3. Efeito Barreira e Ocorrência de Acidentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.3.1. Definições sobre o efeito barreira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.3.2. O Efeito Barreira e as suas Consequências Socioambientais . . . . . . . 42
2.3.3. Relação entre o Transporte Rodoviário e o Efeito Barreira . . . . . . . . . 43
2.3.4. A Ocorrência de Acidentes e o seu Impacto no Transporte . . . . . . . . 43
2.4 Congestionamento e Poluição Sonora e Atmosférica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.4.1. Fatores para a Existência de Congestionamento . . . . . . . . . . . . . . 45
2.4.2. Ações para Minimizar a Ocorrência de Congestionamento . . . . . . . . 46
2.4.3. Impacto da Poluição Sonora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
2.4.4. Impactos da Poluição Atmosférica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

UNIDADE 3

3. Transporte sustentável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.1. Sustentabilidade: Definições, Princípios e Marcos Históricos . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.1.1. Definições de Sustentabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.1.2. Princípios da Sustentabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.1.3. Evolução Histórica da Sustentabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.1.4. Conferências Internacionais sobre o Meio Ambiente . . . . . . . . . . . . 56
3.2. Sustentabilidade e Transporte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
3.2.1. A Ligação entre a Sustentabilidade e as Atividades de Transporte . . . . 59
3.2.2. Definições do Transporte Sustentável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
3.2.3. Elementos do Transporte Sustentável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
3.2.4. Diferenças entre o Transporte Convencional e o Sustentável . . . . . . . 61
3.3 Problemática da Dependência do Automóvel e os seus Impactos . . . . . . . . . . . . . 61
3.3.1. Razões para os Automóveis se Tornarem Atores Principais . . . . . . . . 62
3.3.2. Consequências Ambientais da Dependência do uso de Automóveis . . . 62
3.3.3. Consequências Sociais e Espaciais da Dependência do uso de Automóveis . 63
3.3.4. Medidas para Diminuir o Protagonismo do uso de Automóveis . . . . . . 64
3.4. Transporte Sustentável e o Desenvolvimento Tecnológico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
3.4.1. Importância do Desenvolvimento Tecnológico para a Promoção do Transporte
Sustentável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
3.4.2. Principais Tecnologias Empregadas para Tornar o Transporte mais Sustentável 65
3.4.3. Os Facilitadores e as Barreiras do Desenvolvimento Tecnológico na Área do
Transporte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
3.4.4. Veículos Elétricos e Autônomos e a sua Relação com o Transporte Sustentável . 67

UNIDADE 4

4. Sistemas Inteligentes de Transporte e Polos Geradores de Viagens . . . . . . . . . . . 72


4.1. Sistemas Inteligentes de Transporte: Aspectos Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
4.1.1. Definição de Sistema Inteligente de Transporte . . . . . . . . . . . . . . . 73
4.1.2. Diferenças entre os Sistemas Convencionais e os Sistemas Inteligentes de
Transporte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
4.1.3. Relação entre os Sistemas Inteligentes de Transporte e o Transporte
Sustentável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .74
4.1.4. Aplicações dos Sistemas Inteligentes de Transporte no Brasil . . . . . . 75
4.2. Projetos de Sistemas Inteligentes de Transporte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
4.2.1. Características Básicas de um Sistema Inteligente de Transporte . . . . 78
4.2.2. Requisitos Necessários para a Implantação de um Sistema Inteligente de
Transporte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
4.2.3. Passos para o Planejamento de um Sistema Inteligente de Transporte . 78
4.2.4. Características para o Sucesso da Execução do Projeto de um Sistema
Inteligente de Transporte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
4.3. Polos Geradores de Viagens (PGV): Conceitos Básicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
4.3.1. Definição de Polos Geradores de Viagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
4.3.2. Importância do Estudo dos Polos Geradores de Viagens . . . . . . . . . 81
4.3.3. Características dos Polos Geradores de Viagens . . . . . . . . . . . . . . 82
4.3.4. Principais Tipos de Polos Geradores de Viagens . . . . . . . . . . . . . . 83
4.4. Impactos Causados pelos Polos Geradores de Viagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
4.4.1. Impactos dos Polos Geradores de Viagens para a Mobilidade Urbana . . 83
4.4.2. Impactos Socioeconômicos dos Polos Geradores de Viagens . . . . . . 84
4.4.3. Impactos dos Polos Geradores de Viagens sobre o Uso do Solo . . . . . 84
4.4.4 Impactos Ambientais dos Polos Geradores de Viagens . . . . . . . . . . . 85

Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88

Glossário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88

Referências Bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
INTRODUÇÃO GERAL
O transporte e os seus meios impactam a sociedade, o meio ambiente e a economia. Por esse
motivo, compreender os seus conceitos, a sua evolução histórica, os tipos de transporte e as suas
características, além das alternativas que podem ser adotadas ou ampliadas, é essencial para
pensarmos o futuro que queremos construir.

Para tanto, a seguir, apresentamos como este material foi organizado.

Na unidade I, teremos uma visão da origem do transporte e como o Brasil está atualmente em
relação aos diferentes modais.

Na unidade II, compreenderemos a importância do tema em discussão, a evolução histórica


dos meios de transporte, incluindo quem foi referência no assunto.

Na unidade III, aprenderemos os conceitos básicos e as características dos modais de transporte.

Na unidade IV, analisaremos o que são os meios alternativos de transporte, o porquê de repensar
a forma de nos locomover e transportar e quais são os meios existentes.

Bons estudos!

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UNIDADE 1

INTRODUÇÃO
Todos os dias nos deslocamos para vários lugares, utilizando diferentes meios, desde patinetes
elétricos, carros e, algumas vezes, até barcos e aviões. Compramos em lojas, pela internet e tudo
o que precisamos chega até nós, mas você já parou para se perguntar como isso acontece? Essas
atividades tão corriqueiras no nosso dia a dia têm quais impactos na sociedade, no meio ambiente
e na economia? Há outras formas de fazermos isso?

Esta unidade te ajudará, prezado(a) estudante, a responder a todas essas perguntas e, quem
sabe, contribuir para que você repense hábitos de transporte e colabore para que o nosso país
também repense.

Ao final desta aula, você será capaz de:

• compreender a situação atual do Brasil em relação aos modais de transporte;


• analisar a importância social e econômica dos meios de transporte;
• conhecer a evolução histórica dos meios de transporte, bem como os conceitos e as
características;
• pensar meios alternativos para o transporte.

TRANSPORTE: CONCEITUAÇÃO, IMPORTÂNCIA E CARACTERÍSTICAS

1. CONCEITOS E HISTÓRICO DO TRANSPORTE


É possível compreender diversos conceitos a partir da origem de suas palavras, como é o caso
do transporte. Albano (2016 apud ABITANTE et al., 2017) explica que o referido termo deriva do latim
trans portare, de modo que trans significa “de um lado para o outro” e portare implica “carregar”,
assim, transporte se refere ao ato de mover algo. O autor completa afirmando que se trata de uma
atividade-meio que “[...] viabiliza, de forma racional e econômica, os deslocamentos para satisfazer
necessidades pessoais ou coletivas” (ALBANO, 2016 apud ABITANTE et al., 2017, p. 2).

Ao considerar o sentido da palavra, podemos afirmar que as primeiras formas de transporte


estavam ligadas à sobrevivência e consistiram no nado e na caminhada, seguidos pelo transporte
realizado com a ajuda de animais domesticados e utilizando a roda, invenção com primeiros
aparecimentos creditados à região da Mesopotâmia, há cerca de 3 a 4 mil anos; na sequência,
surgiu o transporte por meio de embarcações primitivas movidas à vela, remo e correntes naturais
(ABITANTE et al., 2017).

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Com o aparecimento das máquinas a vapor, no século XVIII, tiveram início os transportes de
massa, aquaviário e ferroviário, seguidos pelos automotores, no início do século XX, originando o
transporte rodoviário. Cerca de 200 anos depois, surgiu o motor à combustão e o transporte aéreo,
mais tarde substituído pelo motor a jato. Na década de 1950, observamos o surgimento de mais
uma modalidade de transporte: o espacial (ABITANTE et al., 2017).

1.1. Transporte no Brasil


Desde os primórdios dos transportes, o Brasil já se desenvolveu muito em relação aos seus
meios. Antes de adentrar aos pormenores sobre transportes, teremos uma visão de como o nosso
país está na atualidade no que diz respeito a cada modal.

1.1.1. Rodoviário

A principal forma de transporte no Brasil é o rodoviário, tanto para passageiros como para cargas,
inclusive de longas distâncias, embora ele seja recomendado para curtas e médias distâncias. Isso ocorre
pela baixa disponibilidade e participação das outras matrizes de transporte no país. As condições físicas
das rodovias impactam todo o sistema logístico aqui no Brasil, acarretando uma menor segurança e
maiores custos para os transportadores, tendo em vista a grande ocorrência de avarias e a necessidade
frequente de manutenção, além de maior consumo de combustível. Tais custos encarecem os produtos
brasileiros e impactam, negativamente, a competitividade geral do país (CNT, 2018).

Vale frisar, também, o impacto ao meio ambiente com o aumento da emissão de gases poluentes.
Nesse aspecto, o relatório da Confederação Nacional do Transporte (CNT) nos permite ter uma
noção desse impacto:

Quanto ao aumento das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e poluentes pelo
modal rodoviário, estima-se que o tráfego em vias com infraestrutura inapropriada
acarreta um desperdício médio de 5% do volume total de diesel consumido no país.
Assim, apenas em 2018, estima-se um consumo desnecessário de 876,78 milhões
de litros, o que corresponde à emissão adicional de 2,32 MtCO2eq. A fim de se ter
uma melhor noção, em termos de recursos naturais, para retirar da atmosfera esse
incremento de emissões de CO2, seria necessário plantar cerca de 14,2 milhões de
árvores, que levariam duas décadas para compensar as emissões decorrentes do
desperdício de diesel consumido apenas em 2018 (CNT, 2018, p. 3).

Em relação à segurança, um dado alarmante é que “[...] os acidentes rodoviários já representam


um custo para a sociedade e para o poder público muito maior que o montante investido anualmente
nas rodovias federais” (CNT, 2018, p. 3), sendo necessário um maior investimento em conscientização
e melhoria na infraestrutura.

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Figura 1.1 - Sistema rodoviário no Brasil

Fonte: CNT (2018, p. 3).

1.1.2. Aquaviário

Esse tipo de transporte é adequado para o transporte de cargas a longas distâncias, a fim de
comportar grandes quantidades, ter um custo baixo e reduzidos índices de emissão de poluentes,
ainda que a sua flexibilidade e velocidade sejam baixas. No Brasil, embora exista um grande potencial
para o uso do transporte aquaviário, problemas de infraestruturas e operação, tanto em questões
portuárias quanto de hidrovias, dificultam a sua utilização, bem como a falta de investimento público
nesse setor (CNT, 2017).

O transporte aquaviário se destaca por causa do comércio internacional de mercadorias no Brasil,


sendo responsável por 98,7% das exportações e 91,3% das importações totais do país, em 2017
(em toneladas). Também desempenha um papel importante na integração regional, especialmente
na região Norte, por meio do deslocamento de passageiros e abastecimento da região. Os rios
navegáveis compreendem cerca de 42 mil km, mas apenas 19,5 mil km são economicamente
navegados (CNT, 2017).

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A Confederação Nacional de Transporte afirma que “[...] em relação ao transporte, entre 2010
e 2017, o volume transportado pela navegação de longo curso cresceu quase 30%; o transporte de
cabotagem apresentou acréscimo de 22,8%; e a navegação interior aumentou 56,9%” (CNT, 2017, p.
3). A principal carga transportada, correspondendo a 64%, refere-se a granéis sólidos, tais como:
soja, milho e outras commodities agrícolas, além de minério de ferro (CNT, 2017).

Figura 1.2 - Sistema aquaviário no Brasil

Fonte: CNT (2017, p. 3).

1.1.3. Ferroviário

O transporte ferroviário é muito útil para o transporte de grandes quantidades de carga a


longas distâncias de forma segura. Entre os seus benefícios, salientam-se a baixa emissão de
poluentes, a confiabilidade e a disponibilidade; entretanto, é inflexível e exige mais planejamento dos
deslocamentos. No Brasil, tal transporte se destaca por permitir a interligação das zonas produtoras
com os locais para exportação, os portos e os locais para o tratamento das commodities minerais
e agrícolas, as quais, no país, correspondem a uma grande parte do que é deslocado nas ferrovias,
incluindo produtos industrializados e o fato de serem cadeias produtivas de grande importância
econômica para o Brasil. Isso pode ser, contudo, em virtude de seu potencial, a fim de aumentar o
volume e a diversificação do que é transportado (CNT, 2017).

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Desde 1990, investimentos têm sido feitos no setor com o objetivo de modernizar e reestruturar
operações que tiveram como resultado, nos períodos entre 2016 e 2017, a redução de 53,5% no
número de acidentes e no aumento de 57,5% na movimentação de mercadorias. Ainda existem,
todavia, dificuldades a serem superadas tanto físicas como operacionais, por exemplo:

[...] o traçado sinuoso ou montanhoso de trechos ferroviários, o compartilhamento


da via férrea entre trens de carga e trens de passageiros, as baixas capacidades de
movimentação nos portos [...] falta de planejamento no conjunto do sistema logístico,
as deficiências na elaboração dos projetos, a morosidade na obtenção de licenças
ambientais e a complexidade institucional (CNT, 2017, p. 2).

Figura 1.3 - Sistema ferroviário no Brasil

Fonte: CNT (2017, p. 1).

1.1.4. Aeroviário

O transporte aéreo se destaca por ser veloz, seguro, ter capacidade para percorrer longas
distâncias, acessar e integrar locais de difícil acesso pelos outros meios, por causa dos obstáculos
geográficos, desempenhando um papel importante de integração nacional e global, além de
desenvolver, regionalmente, os locais com instalações aeroportuárias. Esse meio apresenta, contudo,
um alto custo de operação e a capacidade de transporte limitado, de modo que é mais utilizado por
passageiros e cargas de alto valor agregado. Para o desenvolvimento do setor, são necessários
maiores investimentos na infraestrutura aeroportuária (CNT, 2017).

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A globalização impactou na demanda por mobilidade; assim, o uso do transporte aéreo tem
aumentado nas últimas décadas. O volume de cargas e passageiros, no entanto, tem oscilado de
forma a coincidir com as crises econômicas nacionais e internacionais, sendo possivelmente um
reflexo delas, conforme expõe a Confederação Nacional de Trânsito (CNT, 2017).

Figura 1.4 - Sistema aeroviário no Brasil

Fonte: CNT (2017, p. 1).

SAIBA MAIS
A Secretaria de Política e Integração do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil do Brasil
publicou um relatório estatístico no qual é possível ter um panorama das principais questões e
indicadores relacionados ao transporte em nosso país.
Você pode conferir a apresentação consultando o seguinte endereço eletrônico:
http://transportes.gov.br/images/BIT_TESTE/Publica%C3%A7oes/Apresentacao_AET_2018.pdf. Acesso em: 13 dez. 2019.

1.2. Meios de Transporte


Um dos direitos mais básicos de toda pessoa é o de ir e vir. Por muito tempo, durante as primeiras
eras da humanidade até a invenção da roda, os seres humanos se locomoviam por conta própria, a
pé ou sentados em lombos de animais. Conforme já vimos, isso foi mudando e os seres humanos
foram usando de sua inteligência para transformar o meio como iam de um lugar para outro e o
modo como se comunicavam.

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Os humanos ganharam o mundo e desbravaram a Terra! E só foi possível para Colombo descobrir a
América – mesmo pensando ser a Índia – devido às invenções tecnológicas dos meios de transporte.
Não se trata apenas de sair de uma origem e chegar a um destino: os meios de transporte têm uma
importância social.

1.2.1. Importância Social e Econômica dos Meios de Transporte

Nos dias atuais, o desenvolvimento de diferentes meios de transportes influencia, de forma


determinante, a organização dos espaços econômicos, sociais, políticos e culturais.

Os meios de transporte são a principal referência do desenvolvimento da infraestrutura de


uma sociedade. Além disso, dos transportes, provêm a possibilidade e o suporte material para o
crescimento de países e sociedades. “Quanto maior for o crescimento econômico de um determinado
país, maiores serão a demanda e a pressão sobre os meios de transporte” (PENA, 2019, n.p). Por isso,
postula-se que os transportes, ao lado da comunicação, são estratégicos para o desenvolvimento,
já que, se não houver estrutura viária, necessária para o escoamento produzido, dificilmente, o
crescimento econômico se cumprirá, de fato.

Portanto, entender o funcionamento e as características dos meios de transporte


é entender também o próprio processo de evolução das sociedades, pois todo país
precisa de um sistema de transporte eficiente e adequado às condições de seu
território para se desenvolver. Assim, quando vemos notícias de que o governo anuncia
a construção, por exemplo, de uma grande rodovia, ferrovia ou hidrovia, entendemos
que essa ação é fruto de uma necessidade latente de crescimento para gerar mais
riquezas, empregos e investimentos (PENA, 2019, n.p).

Assim, modais eficientes e com alta capacidade de interligação são determinantes para o
desenvolvimento dos países. Não equivocadamente, os transportes, muitas vezes, representam
desafios a serem superados pelos governos na busca pelo crescimento e desenvolvimento sustentável.

1.2.2. Evolução Histórica dos Meios de Transporte no Contexto Mundial

A forma como o homem se transporta evoluiu conforme as suas necessidades foram mudando.
Atualmente, é possível afirmar que todas as distâncias já foram vencidas e que o homem pode chegar
a todos os lugares, inclusive ao espaço, e em tempos nunca antes imaginados. Para chegar a esse
estágio de tamanha eficiência, os transportes precisaram evoluir de acordo com os conhecimentos
que a humanidade adquire.

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Os transportes evoluíram, principalmente, durante a Revolução Industrial, a partir de 1760.
Inicialmente, a maioria das invenções estava restrita à Inglaterra e, com a 2.ª Revolução Industrial,
conquistou outros países da Europa, da América e da Ásia, inclusive no transporte marítimo e
terrestre, com a criação dos navios e da locomotiva.

Vejamos, a seguir, os destaques da evolução do transporte.

• Invenção da roda: com data aproximada de sua mais antiga utilização de 3500 a.C., pelo povo da
Suméria. A sua invenção proporcionou ao ser humano maior mobilidade, já que, anteriormente,
o transporte era muito limitado a técnicas com troncos de madeira.
• Surgimento do barco a vapor (1807): a máquina a vapor foi essencial para muitos meios de
transporte, especialmente os navios. O primeiro barco a vapor bem-sucedido foi inaugurado
pelo americano Robert Fulton e era denominado Clermont. Dentro do transporte marítimo, o
vapor era capaz de movimentar essas máquinas pelos oceanos.
• Surgimento do transporte ferroviário (1830): o transporte ferroviário se tornou popular a partir de
1830 e um de seus principais inventores foi George Stephenson, criador da locomotiva a vapor.
• Invenção do automóvel moderno (1886): o alemão Karl Benz foi o responsável pela criação do
primeiro automóvel de três rodas movido à gasolina.
• Surgimento da aviação comercial (1926): o avião abriu a nova fase de revolução nos transportes
e a sua criação é atribuída a três pessoas: os irmãos americanos Wilbur e Orville Wright (1903)
e Santos Dumont (1906). Com esse meio de transporte, a população não precisa mais utilizar
apenas os navios para fazer longas viagens.
• Início do transporte espacial (1926): o transporte espacial começou a ser introduzido pelo
americano Robert H. Goddard, criador dos primeiros foguetes de combustível líquido.

Apresentamos, a seguir, cinco nomes que revolucionaram os transportes.

1) George Stephenson

George Stephenson foi o responsável pela criação da locomotiva a vapor que funcionaria em
uma estrada de ferro. Foi em 27 de setembro de 1825 que circulou o primeiro trem em sua estrada
de ferro. Anterior a Stephenson, outros inventores, como Richard Trevithick, Joseph Cugnot e John
Blenkinsop, tiveram grande contribuição na criação desse meio de transporte, mas George conquistou
uma maior notoriedade. Tanto é que, em 1826, tornou-se engenheiro-chefe da ferrovia Liverpool-
Manchester, liderando a construção da estrada de ferro, que foi finalizada em 1829. Ele criou uma
fábrica de locomotivas em Newcastle e muitos de seus projetos receberam a contribuição do filho,
Robert Stephenson (KIRBY, 2019).

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2) Jean Joseph Étienne Lenoir
Um dos grandes inventores que contribuiu para a criação do automóvel foi Jean Joseph Étienne
Lenoir, um inventor e construtor belga que criou o motor de combustão interna movido a gás. Desde
então, ocorreu o início da criação dos carros modernos. No princípio, havia, ainda, uma disputa
entre os carros a vapor e à gasolina, mas o que prevaleceu foi o movido à gasolina. O responsável
por baratear e padronizar os automóveis foi o americano Henry Ford, em 1908. Ele desenvolveu o
Modelo T, cujos veículos eram confiáveis e com preços acessíveis.

3) Isambard Brunel
Isambard Kingdom Brunel, arquiteto e engenheiro visionário francês do século XIX, ganhou
notoriedade por revolucionar a tecnologia do transporte por meio da construção de inúmeras ferrovias
(trilhos de trem), túneis, pontes e navios, como os transatlânticos. A sua atuação foi predominante na
Revolução Industrial britânica. No Reino Unido, Brunel é considerado um engenheiro revolucionário,
pois o seu legado transformou, tecnologicamente, os meios de transporte (BUCHANAN, 2019).

4) Alberto Santos Dumont


A invenção do avião passou por vários inventores. Leonardo da Vinci foi responsável pela produção
de projetos semelhantes a veículos, como o helicóptero e o paraquedas, mas os seus projetos não
saíram do papel. A responsabilidade por transformar o sonho de voar em realidade está atribuída a
Alberto Santos Dumont e aos Irmãos Wright, em alguns países. No início do século XX, houve uma
disputa para a construção de uma máquina voadora.
Em 1903, os irmãos Wright, nos Estados Unidos, criaram um avião que voou por 12 segundos,
em uma altura de 37 metros, com o auxílio de uma catapulta. Já em 1906, Alberto Santos Dumont,
após vários testes, realizou o primeiro voo de sucesso: voou 60 metros com o seu avião 14-Bis, em
meio a um espetáculo visto pela população parisiense (HOFFMAN, 2010).

5) Elon Musk
Elon Reeve Musk nasceu na África e é um canadense-americano, um empresário, inventor e engenheiro
responsável pela criação de empresas, como a Spacex, a primeira empresa comercial que oferece
viagens ao espaço, e a Tesla Motors, que trabalha na construção de carros elétricos. É cofundador da
PayPal e Zip2, além de outros investimentos. Foi responsável pela idealização do Hyperloop, um meio
de transporte rápido com cápsulas que flutuariam por meio de tubos (VANCE, 2015).

SAIBA MAIS
Os meios de transporte trouxeram diversas melhorias na vida em sociedade, mas também trouxeram
grandes perdas ao meio ambiente, principalmente com a excessiva dependência dos combustíveis
fósseis. No Brasil, o Inmetro fez um levantamento dos veículos mais sustentáveis. Consulte o seguinte
link e saiba mais: https://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/os-carros-menos-poluentes-e-beberroes-segundo-o-
inmetro/. Acesso em: 13 dez. 2019.

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1.2.3. Evolução Histórica dos Meios de Transporte no Contexto Brasileiro

O meio de transporte mais difundido em um país ou região expõe muito sobre o seu eixo de
desenvolvimento, tanto social quanto econômico. No Brasil, não é diferente. Desde quando os
transportes deixaram de ser feitos a pé, o Brasil se caracterizou muito pelo modal rodoviário e isso
continua até a contemporaneidade.

Para entender a evolução dos meios de transportes aqui nas terras tupiniquins, a seguir,
verificamos uma linha do tempo, segundo o Ministério da Infraestrutura (BRASIL, 2016).

• Colônia: no período colonial, Portugal não via vantagens econômicas em investir na infraestrutura
viária da colônia brasileira, por isso o Brasil passou todo esse período transportando, por
meios terrestres e aquáticos, cargas e pessoas em condições precárias e perigosas. Durante
o Brasil Colônia, como grande parte do comércio de mercadorias era feito com o exterior e o
seu transporte era por meio de navios, a navegação foi o modal com mais desenvolvimento,
culminando na construção de grandes portos. As primeiras embarcações construídas em
estilo europeu no Brasil datam de 1531.
• Primeiro Reinado: com a vinda da família real portuguesa para o Brasil no século XIX, a Coroa,
finalmente, demonstrou preocupação com as vias de comunicação. Nesse período, a ocupação
da Colônia por parte da Coroa Portuguesa trouxe diversas características europeias ao Brasil
para o transporte de cargas e pessoas, como a liteira. Foi durante o Primeiro Reinado que os
portos se abriram para o livre comércio e estradas foram construídas. Deu-se início, oficialmente,
ao correio entre as províncias e a Corte. Ademais, foi promulgada uma Lei que garantiria que
as províncias deveriam se responsabilizar pela infraestrutura de transporte da colônia.
• Regência: foi um período conturbado para a administração do Brasil, especificamente quando
os seus esforços focaram na área militar, não havendo grandes avanços na infraestrutura de
transporte da colônia.
• Segundo Reinado: notam-se grandes avanços durante o Segundo Reinado, sobretudo de 1850
em diante. Foi durante essa época que se deu origem ao primeiro bonde do Brasil, de tração
animal, o qual, posteriormente, foi substituído por máquinas a vapor. Em razão da grande
expansão econômica desse reinado, houve um notável desenvolvimento na navegação de
longas distâncias e no transporte fluvial, além da implantação das primeiras estradas de ferro
brasileiras. Ainda nesse período, houve uma grande abertura de novos portos e o crescimento
da marinha mercante. Enquanto isso, as estradas receberam pouquíssimas melhorias.

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• República: no Brasil República, em razão da dependência econômica da nação em relação à cultura
de café, viu-se a necessidade de melhorias nas ferrovias do país. Foi durante esse período que surgiu
um ministério com atribuições específicas no tocante às vias de transporte e comunicação do país.
Desde então, os investimentos e os impactos sociais e econômicos nessa área foram muito
expressivos. O sucesso na produção do café, uma produção advinda de outros períodos, foi
determinante para a expansão ferroviária do país. A primeira rodovia asfaltada foi construída
em 1928, a Rio-Petrópolis. Com Getúlio Vargas no poder, o plano consistia em dar mais
importância para o transporte rodoviário, redirecionando, assim, investimentos para a abertura
de estradas, o que continua visível ainda atualmente (BRASIL, 2016).

1.3. Principais Meios de Transporte e Carga da Atualidade


O transporte de pessoas é realizado por diversos modais. Assim, algumas modalidades permitem
a operação tanto de transporte de pessoas quanto de cargas, que, por sua vez, pode ser realizada
de forma exclusiva, ou seja, apenas carga ou apenas passageiros, mas que também permite a sua
realização de maneira simultânea, como é o caso de aviões e ônibus rodoviários que transportam
passageiros, mas que carregam, em seus bagageiros, encomendas e cargas na mesma viagem.

Podemos compreender o transporte de pessoas e cargas de forma interdependente, visto que,


geralmente, são utilizadas mais de uma modalidade para realizar a operação. Essas modalidades
se completam e complementam no objetivo do transporte, ora de pessoas, ora de cargas (HOEL;
GARBER; SADEK, 2011).

Para o transporte, três etapas são essenciais e atuam de maneira coletiva. Segundo Hoel, Garber
e Sadek (2011), essas etapas são: coleta, entrega e distribuição. Nas palavras dos autores:

A coleta se refere­ao início da viagem, que co­meça do ponto de origem até o terminal
de outra modalidade mais próximo no itinerário. Entrega é a parte da viagem realizada
entre dois terminais dessa modalidade. Distribuição envolve a viagem entre o último
terminal e o destino final. As modalidades de coleta e distribuição operam em baixa
velocidade e capacidade e podem fazer muitas paradas ou viajar em tráfego misto. Os
veículos incluem táxis, vans e linhas de ônibus executivos; esteiras rolan­tes e veículos
de coleta ou de entrega. As modalidades de entrega são normalmente superiores
em velocidade e capacidade (exceto em vias expressas congestionadas), porque os
veículos circulam em vias exclusivas e são projetados para transportar um grande
número de pessoas ou grandes quantidades de carga. Os veículos incluem aviões a
jato, cavalos mecânicos, semirreboques (carretas) e composições ferroviárias (HOEL;
GARBER; SADEK, 2011, p. 215).

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1.3.1. Transporte de Pessoas: Conceitos Básicos e Características

O transporte de passageiros é responsável por conectar pessoas em todo o mundo, seja para
compromissos familiares, pessoais, seja, até mesmo, para reuniões de negócio. O transporte de
pessoas possibilita chegarmos a diversos lugares.

No Brasil, esse tipo de transporte utiliza meios semelhantes ao transporte de cargas. Temos, para
o transporte de passageiros, os modais: urbano, metropolitano, rodoviário, ferroviário, aquaviário
e aeroviário.

Transporte Urbano e Metropolitano de Passageiros


Segundo Abitante et al. (2017), o transporte coletivo diz respeito ao transporte de passageiros
nos perímetros urbanos e é responsável pelo deslocamento, todos os dias, de moradores; a sua
gestão é responsabilidade dos governos municipais.

Faz-se possível compreender que alguns veículos de transporte são utilizados tanto no perímetro
urbano quanto no metropolitano, conectando cidades de uma mesma região.

Quadro 1.1 - Veículos utilizados para o transporte urbano e metropolitano

Transporte Urbano e Metropolitano de Passageiros

Transporte Definição

Circulares que utilizam vias públicas para o


Ônibus
transporte coletivo de passageiros.

Transporte ferroviário com vagões para


passageiros. O seu funcionamento é via
Metrô
eletricidade e os seus trilhos são subterrâneos
(D’AGOSTO, 2015).

Semelhante ao metrô, é um transporte ferroviário


destinado ao deslocamento de passageiros,
Trem
porém os seus trilhos ferroviários (vias) são na
superfície (NABAIS, 2015).

Fonte: Adaptado de Abitante (2017).

Em algumas cidades, há, ainda, transportes diferenciados, como descrito por Abitante et al.
(2017, p. 30): “As lotações e as vans fazem o transporte complementar em locais afastados dos
grandes eixos de transporte”.

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Transporte Rodoviário de Passageiros
O transporte rodoviário de passageiros consiste no deslocamento de passageiros em viagens
intermunicipais, interestaduais e, até mesmo, viagens internacionais quando geograficamente é
possível e o serviço é oferecido. Destaca-se que o serviço é oferecido por intermédio de integrações
entre rodoviárias e o meio de transporte utilizado é um ônibus do tipo rodoviário com assentos
individuais (GOULART; CAMPOS, 2018).

Há, ademais, duas modalidades para o transporte. A primeira é a convencional, na qual o


passageiro faz a compra de sua passagem e viaja no horário marcado; a segunda é a possibilidade
de transporte por fretamento, que consiste na contratação de um ou mais ônibus por um grupo de
uma empresa para translados em dias e horários específicos (GOULART; CAMPOS, 2018).

Transporte Aquaviários de Passageiros


O transporte hidroviário consiste no deslocamento realizado por embarcações por meio da
superfície da água. As vantagens, conforme postulam Abitante et al. (2017), consistem em ser um
meio de transporte de baixo custo e seguro. Como desvantagens, têm-se a baixa velocidade de
locomoção e a inflexibilidade de escolha de rotas por causa da dependência das hidrovias e de
estações para parada.

O transporte aquaviário ou hidroviário de passageiros é muito conhecido pelas viagens de


cruzeiro, como ilustrado na Figura 1.5.

Figura 1.5 - Navio de Cruzeiro

Fonte: Shaunwilkinson / 123RF

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Transporte aeroviário de passageiros
A utilização de aviões como meio de transporte de passageiros é classificada entre aviação
doméstica e internacional. A aviação doméstica compreende os voos nacionais, enquanto a aviação
internacional, como o próprio nome já expõe, é o transporte de pessoas entre os países. O transporte
é realizado interligando aeroportos. Há, também, a aviação privada e a militar, que possuem condições
e regulamentações específicas. Os equipamentos utilizados para o transporte aéreo são aviões.

O avião é considerado e lembrado pela agilidade no transporte, mas, ainda, possui um custo de
operação elevado, o que pode encarecer os valores de bilhete.

CURIOSIDADE

O avião é, atualmente, um dos principais meios de se transportar pessoas em viagens de longa


distância, em grande quantidade. A empresa americana Uber, porém, quer mudar isso. A organização
Uber já é conhecida por profissionalizar as caronas; agora, pretende fazer transporte de pessoas
em curtas distâncias, de maneira rápida, por meio de aeronaves autônomas. Acerca desse assunto,
confira o seguinte endereço eletrônico: https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2019/06/12/uber-air-
comeca-testes-em-2020-saiba-qual-a-1-cidade-piloto-fora-dos-eua.htm. Acesso em: 13 dez. 2019.

1.4. Transporte de Carga: Conceitos Básicos e Características


O transporte de cargas está mais presente em nossa vida do que nós imaginamos. Os bens que
consumimos, com certeza, passaram por um processo de transporte. Nesse sentido, o transporte
de cargas é responsável pela locomoção de bens e materiais por pequenas e longas distâncias.
Dentre os meios de transporte de carga, temos o rodoviário, o ferroviário, o aquaviário, o dutoviário e
o aeroviário, que possuem características e necessidades específicas adequadas para as operações
de transporte a serem realizadas.

1.4.1. Transporte Rodoviário de Cargas

O rodoviário é o modal mais utilizado no Brasil. Nele, as cargas e os produtos são transportados
por meio das rodovias. É um transporte adequado para curtas e médias distâncias (SILVA; SILVA,
2018; GOULART; CAMPOS, 2018).

Entre as vantagens da adoção do transporte rodoviário, estão a de que ele é um meio sem custos
altos para implementação, possui grande flexibilidade por causa da grande extensão de vias pelo
Brasil, a velocidade de transporte é mediana, sendo possível integrar com todos os estados do país.

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As desvantagens do transporte rodoviário é que ele causa uma grande necessidade de manutenção
(em veículos e rodovias), gerando efeitos negativos ao meio ambiente em virtude da poluição. Por
fim, se compararmos com outros modais de transporte, a sua capacidade de carga é relativamente
baixa, o que inviabiliza o transporte para longas distâncias (SILVA; SILVA, 2018).

Os bens transportados pelo modal rodoviário podem ser colheitas agrícolas ou, até mesmo,
materiais mais comuns e simples, como veremos na próxima seção. Com base nos postulados de
Silva e Silva (2018), os principais meios de transporte são apresentados no Quadro 1.2.

Quadro 1.2 - Transporte rodoviário de cargas

Transporte Definição

Possui estrutura para guardar as cargas de


Caminhão-baú maneira fechada, protegendo os materiais do
clima.

Útil para transportar cargas com grande volume,


Caminhão plataforma
peso e contêineres.

Utilizado para transportar materiais não perecíveis


Caminhão aberto
e de baixo volume.

Ideal para transportar produtos que necessitem


Caminhão refrigerado
manter uma temperatura constante.

Realiza o transporte de bens líquidos. A sua


Caminhão-tanque
estrutura é em formato de reservatório.

São usados para transportar cargas a granel no


Caminhões graneleiros
estado sólido.

São usados com diversas funções. A estrutura é


Caminhões especiais diferenciada e pode conter guindaste ou escadas
elevatórias.

É uma estrutura de carroceria que, conectada a


Semirreboque um veículo, será utilizada para o transporte de
cargas.

Cavalo mecânico Veículo ao qual o semirreboque é conectado.

Veículo que contém diversos componentes:


Treminhão cavalo mecânico, semirreboque e reboque. Tem o
objetivo de transportar grandes cargas.

Fonte: Adaptado de Silva e Silva (2018).

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1.4.2. Transporte Ferroviário de Cargas

O segundo maior meio de transporte utilizado no Brasil é o ferroviário. Na acepção de Nabais


(2015, on-line):

[...] a ferrovia é um sistema de transporte terrestre, autoguiado, em que os veículos


(motores e rebocados) se deslocam com rodas metálicas sobre duas vigas contínuas
longitudinais, também metálicas, denominadas trilhos. Os apoios transversais dos
trilhos, os dormentes, são regularmente espaçados e repousam, geralmente, sobre
um colchão amortecedor de material granular denominado lastro, que, por sua vez,
absorve e transmite ao solo as pressões correspondentes às cargas suportadas
pelos trilhos, distribuindo-as, com taxa compatível à sua capacidade de suporte para
o terrapleno (infraestrutura ferroviária).

As vantagens do transporte ferroviário são o baixo dano ao meio ambiente e a diminuição


de ocorrência de incidentes e acidentes. As suas desvantagens, entretanto, encontram-se na
inflexibilidade do sistema por causa da malha ferroviária e da impossibilidade de proximidade ao
cliente, que se justifica pelo fato de que as mercadorias precisam ser carregadas até um terminal
ferroviário (ABITANTE et al., 2017).

O transporte ferroviário é ideal para o transporte de itens como produtos agrícolas, minério de
ferro e bens em geral que possuem um baixo valor agregado (GOULART; CAMPOS, 2018).

A seguir, observe o Quadro 1.3 e conheça os tipos de veículos utilizados no transporte ferroviário.

Quadro 1.3 - Veículos utilizados no transporte ferroviário

Veículos Descrição

Veículos responsáveis por fornecer energia para rebocar vagões.


Locomotivas diesel-elétricas
Esse sistema é o mais utilizado para o transporte de cargas no Brasil.

Veículos responsáveis pelo reboque de vagões, mas que utilizam,


Locomotivas elétricas como fonte de energia externa, o contato com a rede de energia
elétrica.

Veículos responsáveis pelo reboque de vagões, cuja fonte de energia


Locomotivas a vapor é por meio do vapor oriundo da caldeira abastecida de carvão, lenha
ou outro material.

Automotrizes Veículos com propulsão própria e utilizados para pequenas distâncias.

Estrutura em que a carga é armazenada para transporte. Os vagões


podem ser de vários tipos e formatos, de acordo com as suas
Vagões
necessidades: a granel, para o transporte de líquidos; o vagão-gaiola,
para o transporte de animais; e muitos outros.

Fonte: Adaptado de Nabais (2014).

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1.4.3. Transporte Aquaviário de Cargas

O transporte que utiliza a navegação em rios, lagos, canais, lagoas, baías, angras enseadas e
áreas marítimas (BRASIL, 1997) é responsável por cerca de 13% das operações de transporte de
cargas no país (GOULART; CAMPOS, 2018).

O transporte aquaviário, que também pode ser denominado hidroviário, é útil para o transporte
em longas distâncias e de grandes cargas e volumes. Entre as suas desvantagens, está o tempo
de transporte muito alto (GOULART; CAMPOS, 2018).

De acordo com Stopford (2018), os principais equipamentos utilizados nesse tipo de transporte
são evidenciados a seguir.

• Navios cargueiros de linhas regulares: contêm porões e pisos, para cargas secas ou não
conteinerizada. São utilizados na navegação geral.
• Navios graneleiros: são especializados para o transporte de carga a granel em diversos estados
(sólido, líquido ou gasoso).
• Navios multipropósitos: são utilizados para o transporte misto de cargas especializadas.
• Navios porta-contêineres: são utilizados para o transporte exclusivo de containers, os quais,
por sua vez, podem ser empilhados.

No transporte de cargas aquaviário, há uma modalidade denominada cabotagem, a qual consiste


no transporte da costa marítima ou à vista da costa.

1.4.4. Transporte Dutoviário de Cargas

É o transporte que se baseia no impulsionamento da força da gravidade ou de pressão mecânica,


com o objetivo de transportar granéis (CASTIGLIONI; PIGOZZO, 2014).

As vantagens do dutoviário consistem no tempo rápido de transporte e por ser um sistema


fácil. Entre as desvantagens, estão o risco de grandes acidentes ambientais e o custo elevado para
implementar o sistema (BRANDALISE, 2017).

As estruturas e os equipamentos utilizados para o transporte desses materiais são denominados


dutos. Segundo Goulart e Campos (2018), são eles:

• gasoduto: usado para o transporte de gás natural;


• mineroduto: usado para o transporte de minérios;
• oleoduto: usado para o transporte de petróleo.

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1.4.5. Transporte Aéreo de Cargas

O transporte de cargas via aviões é ideal para transportar mercadorias com alto valor agregado e
que possuem necessidade de agilidade na entrega. Os materiais que geralmente são transportados
via modal aéreo são artigos eletrônicos e de consumo pessoal, produtos perecíveis, pequenas e
médias encomendas, bem como correspondências e malotes (CASTIGLIONI; PIGOZZO, 2014).

As vantagens de utilização desse meio são que, além da rapidez de trânsito de mercadorias,
há um índice baixo de sinistro ou perda de bens. O volume e o peso dos materiais correspondem
a um fator limitante do meio aeroviário e, somado a esse aspecto, o meio possui um alto custo de
transporte (ORNELAS; CAMPO apud ABITANTE, 2017).

Os equipamentos que operam com o transporte aeroviário podem ser classificados, segundo
Castiglioni e Pigozzo (2014), como:

• aviões cargueiros: de uso exclusivo para o transporte de cargas (Full Cargo);


• aviões combi: utilizados de forma mista e combinada para o transporte de passageiros. Uma
parte da cabine da aeronave é destinada para as cargas e a outra para os passageiros.

1.5. Meios Alternativos de Transporte na Atualidade


As discussões sobre meios alternativos de transporte estão intimamente ligadas à questão da
mobilidade urbana e ao desenvolvimento sustentável, este entendido como “[...] o desenvolvimento
que encontra as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender
a suas próprias necessidades” (NAÇÕES UNIDAS, 2019, on-line).

O meio de transporte mais utilizado, contemporaneamente, consiste nos automóveis. Nesse


sentido, Camargo, Rosso e Ladwig (2018) explicam que características como melhor acessibilidade
(vale frisar que esse quesito se refere às pessoas com determinadas situações financeiras, mas não
à coletividade), conforto, privacidade e intimidade são motivos que levam as pessoas a optarem
pelo uso desse meio de transporte, contudo a sua utilização em massa acaba por resultar em um
trânsito caótico, não eficiente, inseguro e prejudicial ao meio ambiente. Por essa razão, é necessário
refletir sobre os meios alternativos aos convencionais.

A Política Nacional de Mobilidade Urbana (BRASIL, 2012, on-line) conceitua mobilidade urbana
como: “[...] a condição em que se realizam deslocamentos de pessoas ou de cargas em espaços
urbanos”; além disso, a referida política objetiva “[...] a integração entre os diferentes modos de
transporte e a melhoria da acessibilidade e mobilidade das pessoas e cargas no território do

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Município”, assim como a promoção do desenvolvimento sustentável, a redução das desigualdades,
a promoção da inclusão social, entre outros aspectos. A utilização de meios alternativos é essencial
para a concretização dessa política.

1.5.1. Meios de Transporte Alternativos Utilizados na Atualidade

Pela praticidade, habituamo-nos a utilizar, constantemente, as mesmas formas de transportes


e, por isso, não paramos para pesquisar ou repensar algumas formas que utilizamos para nos
locomover ou transportar cargas; muitas vezes, existem alternativas que sequer conhecemos.
Nesse sentido, apresentaremos, a seguir, formas alternativas de transporte na atualidade, conforme
lecionadas por Camargo, Rosso e Ladwig (2018).

• Veículo leve sobre trilhos (VLT): utiliza energia elétrica, é silencioso, reduz as emissões de
poluentes e aumenta a flexibilidade de mobilidade urbana. Rio de Janeiro, São Paulo, Santos
e São Luís são cidades que possuem esse meio.

Figura 1.6 - VLT no Rio de Janeiro

Fonte: Alexandre Rotenberg / 123RF.

• Bus Rapid Transit (BRT): uma forma de ônibus com velocidade comercial elevada, que opera
em uma via segregada, embora alguns utilizem diesel, como os presentes em Goiânia e
Uberlândia. Existem outros com versão híbrida que se alimentam de eletricidade e biodiesel,
presentes em Curitiba e Bogotá.

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Figura 1.7 - BRT em Bangkok

Fonte: Kampwit / 123RF.


• Bonde: já foi o meio de transporte dominante em 1892 e, atualmente, está presente apenas em
Campos do Jordão, para turismo; serviu de inspiração para o VLT. Ainda é utilizado em muitas
cidades mundo afora, como Portugal, Amsterdã, Praga, entre outras.
• Teleféricos e bondinhos aéreos: comumente utilizados para turismo, consistem em cabines
movidas por cabos de trilho fixos em estações, sendo movimentados por motor elétrico. O
bondinho do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, é um exemplo; também está presente em
Balneário Camboriú, Canela, Aparecida e Nova Trento.
• Bicicleta: principal meio alternativo utilizado nos dias atuais. Além de sustentável, é benéfico
à saúde e apresenta versões elétricas, dobráveis e velocidade até 30 km por hora.
• Metrô: transporta pessoas em massa, é rápido, seguro, confortável e sustentável. Costuma
ser elétrico, mas já existem modelos movidos à energia solar.
• Outros transportes elétricos: scooter, carros e patinete.
• Skate: existe desde 1960. Ocupa pouco espaço e promove a saúde. É possível integrá-lo com
outros modais de transporte, já que é sustentável. Em São Paulo, registram-se mais de 400
mil praticantes.
• Trem alimentado por hidrogênio: possui zero emissões de gases poluentes, pois o seu único
subproduto é a água. A Alemanha foi o primeiro país a utilizar esse modelo.
• Trem magnético: comboio de levitação magnética que pode chegar a 600 km por hora. Está
sendo desenvolvido na China.
• Transporte ultrarrápido em cápsula: pode atingir até 1100 km por hora e ser utilizado para
passageiros e cargas. Localizado em Abu Dhabi e Dubai, ligará as duas cidades em minutos.

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Figura 1.8 - Conceito do transporte ultrarrápido em cápsula

Fonte: Malp / 123RF.

Para incentivar o uso de transportes alternativos, algumas cidades desenvolveram projetos


visando a uma mobilidade mais sustentável, como é o caso de São Paulo, que criou o aplicativo
“Como viver sem carro em São Paulo”, o qual calcula a rota, o tempo e o custo para a utilização
de outros meios. Já a cidade de Sorocaba adotou como ação a implantação do sistema de BRT,
construção de ciclovias e o projeto “Integra bike”, melhoria na acessibilidade de pedestres e um
pacote de obras viárias. Em Milão, a linha vermelha passou a ser alimentada por energia solar,
economizando dinheiro e reduzindo emissões de poluentes (CAMARGO; ROSSO; LADWIG, 2018).

EXPLORE MAIS

O transporte impacta, de forma significativa, a economia, a sociedade e o meio ambiente, por


isso esse tema é trabalhado de forma transversal na Agenda 2030, proposta pela ONU para
transformar o nosso mundo. Todos os 17 objetivos de Desenvolvimento Sustentável podem ser
impactados pelo transporte. Para saber mais sobre o assunto, consulte o seguinte endereço
eletrônico: https://bit.ly/2CzRh4x. Acesso em: 13 dez. 2019.

Outro meio que vem ganhando destaque são as caronas remuneradas, como Uber, BlaBlaCar,
99, entre outros.

Os meios de transporte impactam toda a nossa sociedade e, por isso, é necessário conhecermos
a sua história, os seus impactos e repensar a forma como costumamos fazer as coisas para que
possamos realizar escolhas que apresentem um maior benefício à sociedade como um todo.

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1.5.2. Barreiras para a Adoção de Meios de Transporte Alternativos e Ocasionadas pelos Meios
Tradicionais

Ao ter em vista que existe a necessidade de melhoria da mobilidade urbana, de desenvolvimento


sustentável e de meios alternativos que podem contribuir para tal, você, caro(a) aluno(a), deve estar
se perguntando o que falta para a sua implementação e quais são as consequências de sua não
implementação. Nesse sentido, Vasconcellos (1995) expõe questões para a reflexão sobre a nossa
situação atual, as quais são evidenciadas, de maneira sintética, a seguir.

• Questões políticas: falta representatividade para decisões de diferentes grupos no processo


de decisão, de modo que, atualmente, as decisões são tomadas pela elite econômica e política,
favorecendo a classe média.
• Questões sociais: existem iniquidades nas questões de trânsito para aquele que tem baixa renda e
precisa utilizar os métodos tradicionais de transporte coletivo, pois passa muito tempo esperando
e dentro do veículo, além de sofrer com o quesito financeiro, tendo uma vida menos diversificada
de atividades. Ademais, demonstra-se ter pouco conforto, ocasionado por superlotações, o que
resulta até em uma falta de acessibilidade para crianças, mulheres e idosos.
• Questões institucionais: “[...] capacitação dos órgãos gestores de transporte e trânsito e a
divisão de responsabilidade entre os níveis federal, estadual e municipal. Disponibilidade e
formação de pessoal técnico especializado ainda são aspectos precários” (VASCONCELLOS,
1995, p. 10).
• Questões técnicas: o planejamento da circulação é feito por meio do uso de ferramentas técnicas
que não consideram análises sociais e políticas, objetivando uma distribuição igual entre todas
as pessoas, o que acaba por dificultar a circulação de pedestres, ciclistas e utilizadores de
outros meios, privilegiando o motorista de automóvel.
• Questões econômicas: crise fiscal do Estado (dificultando o apoio a sistemas alternativos e
políticas distributivas) e empobrecimento da população (dificultando, inclusive, o acesso aos
transportes tradicionais).
• Questões ambientais: os níveis de poluição ultrapassam, em muitos lugares, aqueles permitidos
pela OMS. Também há áreas residenciais e de vivência sendo invadidas por tráfego pesado,
impactando a qualidade de vida e segurança da população.

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FECHAMENTO

Nesta unidade, vimos que “transporte” é um termo derivado do latim, o qual significa “carregar
de um lado para o outro”, ou seja, é uma atividade-meio que permite o deslocamento, satisfazendo
interesses pessoais e coletivos. Essa atividade remonta aos primórdios da humanidade e, nos dias
atuais, ainda possui grande importância, de modo a influenciar e a determinar o desenvolvimento
e a organização da sociedade em questões políticas, econômicas, sociais e culturais.

Os meios de transporte foram evoluindo com o passar do tempo e impactando a nossa sociedade;
se, no início, as únicas formas de locomoção eram a caminhada e o nado, com a invenção da roda,
tudo mudou. De lá para cá, inventamos barcos a vapor, o transporte ferroviário, automóveis, aviões e
até meios de chegar ao espaço. Alguns nomes que se destacaram nesses processos foram: George
Stephenson, Jean Joseph Étienne Lenoir, Isambard Brunel, Alberto Santos Dumont e Elon Musk.

Quando analisamos a evolução histórica dos transportes no Brasil, percebemos que, por muito
tempo, não se investiu em sua infraestrutura e que sempre existiu um grande foco na exportação.
Os principais meios de transporte, atualmente, são os de carga e de passageiros, que podem ser
realizados de forma exclusiva ou simultânea para um e/ou para outro, mas, na prática, atuam de
maneira interdependente, já que as operações, tanto para carga quanto para passageiros, são
realizadas por mais de um meio, muitas vezes, semelhantes.

Os transportes de passageiros consistem no urbano e metropolitano, que é aquele realizado no dia


a dia, de responsabilidade dos governos municipais. Os principais veículos são: ônibus, carros, trens
e metrô. Podem ser caracterizados como: rodoviário (para viagens intermunicipais, interestaduais
e até internacionais); aquaviário (que consiste no deslocamento de embarcações pela água, sendo
utilizado, também, para o turismo por meio dos cruzeiros); e aeroviário (classificado em doméstico
para os voos dentro do país e internacional para os fora; há, ainda, a aviação privada e militar).

Ademais, os transportes de cargas podem ser rodoviários (aqueles realizados pelas rodovias, tais
como: caminhão-baú, plataforma, aberto, refrigerado, tanque, graneleiro, especiais, semirreboque,
cavalo mecânico e treminhão); ferroviários (utilizam rodas metálicas sobre trilhos, como locomotivas
diesel-elétricas, a vapor, automotrizes, vagões); aquaviários (utilizam a navegação em rios, lagos,
canais, lagoas, baías, angras enseadas e áreas marítimas, como: navios cargueiros, graneleiros,
multipropósito, porta-contêineres); dutoviários (utilizam a força da gravidade ou pressão mecânica
para transportar granéis e consistem em gasoduto, mineroduto e oleoduto); e aéreos (utilizam,
principalmente, aviões cargueiros e combi).

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Atualmente, no Brasil, o meio mais utilizado é o rodoviário, em razão da falta de disponibilidade
e participação dos outros modais, ainda que ele não seja o mais adequado para longas distâncias,
tampouco seguro ou econômico, e que apresente uma grande emissão de poluentes. O modal
aquaviário, que é adequado para longas distâncias, não emite muitos poluentes e tem baixo custo,
porém, embora com grande potencial, não possui infraestrutura adequada, faltando investimentos
públicos no setor; assim, o seu maior uso é para o comércio internacional.

O modal ferroviário também é adequado para grandes cargas e distâncias, seguro e com baixa
emissão de poluentes, visto que liga zonas produtoras com locais de exportação. No entanto, para
ser mais utilizado no país, alguns entraves precisam ser superados, tanto físicos quanto operacionais.
O modal aeroviário, por sua vez, é veloz e capaz de acessar locais de difícil acesso físico, contudo
exige uma maior contrapartida econômica para o seu uso, pois a capacidade de transporte é limitada
e, para o seu desenvolvimento, são necessários maiores investimentos.

Além dos tradicionais meios de transporte, necessidades em relação à mobilidade urbana e


desenvolvimento sustentável trazem à tona discussões sobre meios alternativos de transporte. O
meio mais utilizado, contemporaneamente, é o automóvel, que, com a sua utilização em massa,
resultou em um trânsito caótico, ineficiente, inseguro e prejudicial ao meio ambiente, visando
melhorar essa situação.

No Brasil, temos a Política Nacional de Mobilidade Urbana, a qual pretende promover a integração
entre os diferentes meios de transporte, garantindo acessibilidade, mobilidade, desenvolvimento
sustentável, redução das desigualdades, promoção da inclusão social, entre outros aspectos.
Assim, a utilização de meios alternativos é essencial para a concretização dessa política. Os meios
existentes, nos dias atuais, são: veículo leve sobre trilhos; Bus Rapid Transit; bondes, teleféricos e
bondinhos; bicicletas; skate; metrô; outros transportes elétricos, como patinete, scooter e carros;
trem alimentado por hidrogênio e transporte ultrarrápido em cápsulas.

Para incentivar a adoção dos referidos meios, é necessário o comprometimento das cidades em
criar projetos. Nesse sentido, cidades como São Paulo, Sorocaba e Milão têm projetos que podem
servir de exemplo. Todavia, para que os meios alternativos deixem de ser, de fato, alternativos, é
necessária uma reflexão constante sobre os entraves encontrados e a nossa situação atual. Como
exemplo dessas dificuldades, podemos salientar a falta de representatividade na tomada de decisões
de diferentes grupos, iniquidades sociais, falta de capacitação dos órgãos gestores e pessoal técnico
especializado, falta de análise social e política para o planejamento da circulação, crise fiscal, do
Estado e degradação ambiental.

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UNIDADE 2

INTRODUÇÃO
Após tratarmos a respeito da origem dos transportes e de que forma eles contribuíram para o
desenvolvimento econômico e social, assim como a importância dos meios alternativos de transporte,
veremos, agora, qual é a relação existente com o meio ambiente.

Nesta unidade, estudaremos, então, a relação entre os transportes e o meio ambiente, bem
como os impactos causados em função dos consumos de solo, energia, combustível e espaço de
circulação realizados pelos transportes urbanos. Para finalizar, definiremos o efeito barreira e as suas
consequências ambientais, além dos fatores para a existência de congestionamentos e poluições.

Ao final desta aula, você será capaz de:

• entender a relação entre o transporte e o meio ambiente;


• conhecer quais são os impactos que o transporte pode gerar ao meio ambiente;
• compreender a definição do efeito barreira e como ele pode afetar a vida das pessoas.

2. RELAÇÃO ENTRE O MEIO AMBIENTE E OS TRANSPORTES


Trataremos, aqui, de dois assuntos que, durante muito tempo, estavam separados. Afirma-se
que, desde o surgimento do automóvel e da descoberta de sua importância econômica e social,
o mundo foi desenvolvendo formas de facilitar e de aproveitar, ao máximo, as oportunidades que
ele oferece. Desde então, esse mercado e tudo o que o envolve (indústrias, petróleo, infraestrutura)
cresceram de maneira astronômica e o que temos, atualmente, é um caos instalado nas grandes
e médias cidades.

Além disso, o nível de poluição é tão alto que as pessoas sofrem mais por problemas respiratórios,
pois o calor se torna cada vez mais intenso, entre outras situações. Foi, então, que lembraram a
respeito da existência do meio ambiente, isto é, de que existe uma relação entre ele e os transportes,
já que, constantemente, o meio ambiente precisa de cuidados. A partir daí, surgiu a preocupação
de preservá-lo e de melhorar hábitos para reduzir as emissões de poluição.

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2.1. Transporte e Meio Ambiente
Ao relembrar o conceito de transporte (movimentar algo ou alguém de um lugar a outro),
precisamos, agora, entender o conceito de meio ambiente. Conceitualmente, o meio ambiente engloba
tudo o que tem vida na Terra e que afeta outros ecossistemas, bem como a vida dos humanos.

Podemos considerar que o meio ambiente é formado por quatro esferas: atmosfera, litosfera,
hidrosfera e biosfera. A atmosfera é a camada de ar que envolve o planeta; a litosfera é a crosta
terrestre; a hidrosfera é toda a água do planeta; e a biosfera é tudo o que tem vida e todas as formas
de vida existentes na Terra.

Ao comparar o desenvolvimento das tecnologias do transporte e as tecnologias para a preservação


do meio ambiente, o homem, durante muitos anos, deu atenção apenas ao transporte e o desenvolveu
muito rápido ao longo dos anos; até os dias atuais, ele colhe os frutos desse desenvolvimento. Já a
preservação do meio ambiente ficou esquecida, sendo lembrada somente quando os frutos colhidos
apodreceram. Desde então, o homem vem dividindo a atenção entre esses setores, porém o meio
ambiente ainda não tem a prioridade requerida a ser praticada.

2.1.1. Importância do Estudo da Relação Entre Transporte e Meio Ambiente

Ao estudar a relação entre os meios de transporte e o meio ambiente, fica perceptível que haverá
consumo de espaço viário ou energia. Significa afirmar que, ao utilizar os meios de transporte,
surgirão impactos negativos, causando um grande prejuízo ao meio ambiente.

Por causa dos impactos negativos e do consumo do espaço viário, a Europa vem estudando
esses efeitos há muito tempo, a fim de evitá-los. Esses estudos são importantes, pois servem para
identificar as causas e os responsáveis por elas e quem pode sofrer os impactos de tudo isso.

De forma econômica e social, todos os estudos são importantes. Por intermédio deles, é possível
identificar como os recursos públicos estão sendo utilizados e como podem ser investidos em
melhorias para a sociedade e para o meio ambiente. Enfim, a importância dos estudos está na
avaliação dos impactos causados pelos meios de transporte ao meio ambiente.

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2.1.2. A Preocupação Internacional dos Impactos do Transporte no Meio Ambiente

A relação transporte e meio ambiente é uma das maiores preocupações existentes no


mundo. Inicialmente, devido à necessidade das construções das vias rodoviárias em busca do
desenvolvimento das cidades, os principais problemas estavam relacionados com a fauna e a
flora. Isso porque era necessário destruir matas para “abrir” caminhos para o desenvolvimento.
Assim, destruindo as matas, muitos animais morriam juntos em virtude da falta de sustento ou
porque o homem matava para atender, de fato, ao seu objetivo.

Entretanto, conforme as cidades cresciam e se desenvolviam, por meio das indústrias e da


urbanização, mais problemas foram percebidos. Esse desenvolvimento deu origem a problemas
ambientais relacionadas ao uso do solo, dos transportes, da habitação e dos recursos naturais.
Dentre alguns desses problemas, o aumento da emissão de CO2 (dióxido de carbono) e o aumento
da temperatura na Terra estão entre os mais relevantes.

O motivo principal para o aumento da emissão de CO2 na atmosfera foi o uso dos veículos
motorizados movidos a combustíveis derivados do petróleo. Esse aumento é preocupante para a
sociedade, pois o homem passa a respirar um ar mais poluído, acarretando doenças respiratórias,
às vezes graves, que impactam a sua saúde.

Outro motivo relevante é o aumento da temperatura na Terra, devido ao impacto causado à


camada de ozônio que envolve o planeta. Regiões extremamente geladas, como a Antártida, derretem
e vão “sumindo”; em regiões mais centrais do planeta (mais próximas e expostas ao sol), o calor
fica tão intenso que afeta o homem por meio de doenças de pele.

Devido a todos os problemas já citados, conhecidos pelo homem há muito tempo, os países
desenvolvidos perceberam a necessidade de discutirem, mundialmente, esse assunto. Desde
a década de 1970, essa preocupação passou a ser tratada em eventos internacionais, reunindo
diversas nações, em busca de soluções ou alternativas que reduzam os impactos causados pelo
desenvolvimento humano.

2.1.3. Impactos do Transporte no Meio Ambiente

Os impactos causados pelos transportes podem ser vistos de duas formas: positiva e negativa.
Quando tratamos a respeito de assuntos econômicos e sociais, o transporte é altamente positivo, pois
agrega muito ao desenvolvimento da sociedade. Contudo, quando essa relação é com o meio ambiente,
infelizmente esses impactos são muito negativos, tanto que foram separados em dois grandes grupos
de impacto: o grupo de consumo de recursos naturais e o grupo que afeta a vida das pessoas.

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No grupo de consumo dos recursos naturais, o transporte impacta no consumo de recursos
renováveis e não renováveis e no consumo dos recursos escassos. Já no outro grupo, o transporte
afeta a vida e a saúde das pessoas e do planeta, de modo a prejudicar a qualidade dos deslocamentos.

Tanto em um grupo quanto no outro, seja no grupo dos consumos e impactos, seja em seus
efeitos sobre as pessoas, existem aspectos que estão ligados à equidade dessa distribuição.
Conforme se passam os anos, mais aparecem problemas ligados a esses dois grupos e os países
mais desenvolvidos já enfrentam esses problemas, há décadas, enquanto se desenvolvem e se
modernizam. Além disso, por já tratarem há muito tempo desses problemas, estruturaram esses
grupos com dois enfoques: um geral e outro específico.

O enfoque geral procura abordar os temas relacionados ao desenvolvimento urbano e os seus


impactos. Por essa razão, são analisadas as situações de exploração e/ou ocupação do solo, bem
como o uso dos sistemas de transporte e de energia, além das características sociais e econômicas
relacionadas com a área urbanizada. O enfoque específico, por sua vez, trata acerca dos problemas
de uma forma mais direta: os congestionamentos, a emissão de poluição, o volume do consumo
dos combustíveis etc.

Sobre todos esses impactos, diversos estudos já foram realizados e o entendimento desses
impactos vai mudando conforme são esclarecidos. Por causa disso, novas consequências causadas
pelos transportes vão aparecendo e agravando os problemas de meio ambiente. Nem toda descoberta,
porém, consegue ser mensurada, o que direciona os estudos envolvendo o transporte apenas para
as causas de congestionamento, poluição e acidentes.

2.1.4. A Incidência dos Impactos do Transporte no Meio Ambiente

Para entender a incidência dos impactos negativos causados pelo transporte ao meio ambiente,
analisaremos duas possibilidades: a incidência no meio ambiente natural e no meio ambiente
construído, bem como a ocorrência no espaço.

Os impactos causados ao meio ambiente natural são aqueles ao qual o transporte consumiu
recursos, conforme apresentado no Quadro 2.1.

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Quadro 2.1 - Recursos disponíveis e consumo

Recursos Objetivo do consumo

Terra Infraestrutura

Minerais ou derivados Construção dos meios de transporte

Combustíveis e eletricidade Operação dos transportes

Fonte: Elaborado pelo autor.

O meio ambiente construído, primeiramente, deve ser entendido como as cidades. As cidades,
devido à utilização dos transportes para o desenvolvimento, trouxeram novas preocupações quanto
aos impactos causados. Inicialmente, assumiam-se como impacto a poluição atmosférica e a
poluição sonora. Conforme se passaram os anos, com a facilidade de adquirir veículos, as cidades
passaram a sofrer com tráfegos intensos, acidentes de trânsito e congestionamentos.

Os impactos ambientais causados pela ocorrência no espaço podem ser divididos entre
aqueles que atingem diretamente as pessoas onde vivem (efeito barreira, acidentes de trânsito,
congestionamentos e poluição) e aqueles que atingem todo o planeta (efeito estufa). A seguir, no
Quadro 2.2, tem-se o resumo dos consumos, efeitos e impactos, além da relação entre todos eles.

Quadro 2.2 - Consumos, efeitos e impactos do transporte

Consumos Efeitos Impactos


Recursos naturais Locais -
Solo (espaço) Pessoas -
Metais Poluição do ar Saúde humana
Minérios, rochas Ruído Saúde, conforto
Petróleo (plástico, asfalto) Vibrações Conforto, edificações
Energia Acidentes Saúde humana
Fóssil (petróleo, gás) Congestionamento Tempo, desgaste
Elétrica Ambiente -
Biomassa (álcool, óleo vegetal) Lixo (pneus, veículos) Solo, subsolo
- Descartes (óleos) Qualidade das águas
- Globais -
- Efeito estufa (temperatura da Aquecimento
Terra, clima)
- - Produção agrícola
- - Habitabilidade
Fonte: Vasconcellos (2006, p. 16).

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2.2. Consumo de Recursos pelo Transporte Urbano
De uma forma geral, nesta seção, procura-se abordar os temas relacionados ao desenvolvimento
urbano e aos seus impactos. Aqui, analisaremos como o transporte consome o solo, o espaço de
circulação, a energia e os combustíveis. Vamos lá?

DICAS DO PROFESSOR

No link a seguir, proveniente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP, 2018),


especificamente nas páginas 41 a 53, apresenta-se uma série de dados numéricos sobre as formas de
consumo realizadas pelos transporte: http://files.antp.org.br/simob/simob-2016-v6.pdf. Acesso em: 20 out. 2019.

Use-os para elucidar os consumos citados nas próximas seções.

2.2.1. O Consumo do Solo

Os transportes consomem solo, principalmente com o objetivo de circulação e de estacionamento


de veículos. Além disso, consomem o solo para dar suporte ao funcionamento dos veículos (postos
de combustíveis, oficinas, terminais etc.). Por esse motivo, uma grande quantidade de solo é utilizada,
causando notórios prejuízos ambientais.

Para dar um pouco de noção desse consumo, Nova York tinha 22% de sua área urbana ocupada
pelo sistema viário; já a capital paulista, 21% (VASCONCELLOS, 2006). Esses números mostram que,
mesmo em países em desenvolvimento (Brasil), quando comparados aos desenvolvidos (EUA), os
sistemas viários ocupam grandes áreas urbanas que, se somadas aos setores de apoio ao transporte,
aumentam ainda mais.

A seguir, no Quadro 2.3, são demonstradas algumas utilizações de solo pelos transportes e
estruturas de apoio.

Quadro 2.3 - Consumo de solo pelos transportes

Transportes ou estruturas de apoio Ocupação


Sistema viário 2160m2 (considerar: quadra urbana 100x100;
com vias de 10m de largura; e área de veículo de
20m2, em 40 casas).

Terminal de cargas Supermercado: 1.000m2


Terminal rodoviário: 200.000m2

Terminal de ônibus Cidade tamanho médio: 10.000m2

Aeroporto Cidade grande: 1.000.000m2

Fonte: Elaborado pelo autor.

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2.2.2. O Consumo do Espaço de Circulação

Além do espaço físico consumido na implantação de um sistema de transporte, a forma como


esse espaço viário é utilizado pelas pessoas é importante. Por esse motivo, analisaremos o consumo
de espaço de circulação sob dois aspectos: o uso do espaço por veículos e o uso do espaço por
grupos sociais.

Ao estudar o consumo do espaço de circulação, é necessário saber como uma pessoa ocupará
esse espaço. Tal ocupação depende do tipo de transporte que ela usará, da sua velocidade e de
quanto tempo ela permanece parada quando está usando o meio de transporte escolhido.

Para entender o consumo do espaço por veículos, é necessário compreender a razão entre o
tamanho do veículo (espaço que ele ocupa) e a quantidade de pessoas que esse veículo transporta.
Quanto maior for o resultado, maior será o espaço ocupado por uma pessoa e maiores serão os
problemas no meio ambiente construído e vice-versa.

É por meio dessa análise que enxergamos a importância dos transportes coletivos. Nos países
desenvolvidos, o incentivo a esse tipo de transporte é muito maior, se comparado ao Brasil, por
exemplo. Ao usar o transporte coletivo, o espaço ocupado por cada indivíduo é menor, “sobrando
espaço” no sistema viário.

No Brasil, infelizmente, não funciona assim. Pelo contrário: a partir de medidas governamentais,
o consumo de carros particulares foi facilitado a seus habitantes e o que temos, atualmente, são
cidades lotadas desses veículos. Nesse sentido, aumenta-se o espaço consumido por cada habitante,
de forma a contribuir para um dado muito expressivo e negativo: o carro particular é um veículo que
permanece mais tempo parado e, portanto, é o que mais ocupa espaço.

Essa ocupação exagerada cria outros problemas para as cidades do Brasil. As cidades, em
busca de espaço, crescem lateralmente. Por causa desse crescimento lateral, é necessário investir
em serviços públicos considerados básicos (saneamento básico, sistema de transporte público,
saúde) e a receita gerada por intermédio dos impostos nem sempre atende a essas necessidades,
o que a empobrece.

Outro aspecto que precisa ser entendido é o consumo do espaço por grupos sociais. Nesse
caso, a renda familiar tem impacto direto nessa ocupação, porque, conforme a renda da família
cresce, a mobilidade pessoal também cresce. No Brasil, somado ao aumento da renda familiar e
ao poder de compra adquirido pelos brasileiros, tivemos as políticas de incentivo para a aquisição
de carros particulares proporcionadas pelo governo (outro agravante, já salientado anteriormente).

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Com mais carros particulares circulando nas cidades, o uso do transporte coletivo cai, aumentando,
assim, o espaço consumido por habitante. Quanto mais espaço um indivíduo ocupa, mais problemas
relacionados ao meio ambiente construído teremos.

2.2.3. O consumo de energia

O transporte motorizado é o maior consumidor de energia no mundo, utilizando grandes


quantidades de petróleo e derivados. Essa energia utilizada pelo transporte motorizado, também
conhecida como energia direta, é a energia necessária para movimentar o veículo.

A energia consumida por um meio de transporte depende da distância percorrida e da quantidade


de pessoas que utilizam esse transporte. Para exemplificar, no Quadro 2.4, apresenta-se como eram
os consumos, por modo de transporte, antes da virada do milênio, no Brasil.

Quadro 2.4 - Consumo de energia por modo de transporte

Modo de transporte Consumo de energia (GEP/pass-km)


Automóvel 19,3

Motocicleta 11

Metrô 4,3

Ônibus comum 4,1

Ônibus biarticulado 3,5

Ônibus articulado 3,2

Fonte: Elaborado pelo autor.

Ao analisar o Quadro 2.4, é possível verificar que o consumo de energia do carro é maior que
o de todos os transportes coletivos juntos. Se considerarmos a motocicleta junto ao carro, esse
número quase dobra.

Assim, ao realizar uma análise de consumo de energia dos modos de transportes nas cidades,
observa-se que os modos variam de acordo com o porte do município. A seguir, o Quadro 2.5 e o
Gráfico 2.1 representam esses consumos.

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Quadro 2.5 - Consumo anual de energia por modo de transporte e porte do município - 2016

Faixa de população (habitantes)


Modo
+ 1 milhão 500 mil a 1 milhão 250 mil a 500 mil 100 mil a 250 mil 60 mil a 100 mil

Transporte Ônibus
coletivo (municipal + 1,9 0,3 0,3 0,3 0,2
metropolitano)

Trilhos 0,8 0,0 0,0 0,0 0,0

Subtotal 2,7 0,3 0,3 0,3 0,2

Transporte Automóvel 3,2 0,9 1,2 1,3 0,5


individual

Motocicleta 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1

Subtotal 3,3 1,0 1,3 1,4 0,6

Total 6,0 1,3 1,6 1,7 0,8

Fonte: Adaptado de Associação Nacional de Transportes Públicos (2018).

Figura 2.1 - Consumo anual de energia por porte de município e por modo individual e coletivo - 2016

Fonte: Adaptado de Associação Nacional de Transportes Públicos (2018).

De acordo com os valores apresentados no Figura 2.1, é possível observar que a maioria das
cidades do Brasil utiliza carros e motocicletas como o principal modo de transporte. Nas grandes
cidades, provavelmente pelo caos encontrado no trânsito, os meios coletivos são mais utilizados,
mas ainda muito aquém de uma possível inversão de papéis.

Outro dado importante, ao analisar o gráfico, é que, quanto menor for a cidade, mais o munícipe
utiliza os meios individuais de transporte como forma de locomoção. Independentemente do motivo,
essas cidades sofrem com o trânsito nas mesmas proporções do que as grandes cidades.

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2.2.4. O Consumo de Combustível

Apesar de ser tratado como consumo de energia, é possível analisar o consumo de combustível
em relação ao tipo de transporte e a condição do trânsito. Em relação à condição do trânsito, o
consumo varia conforme a velocidade do veículo, de forma inversamente proporcional, ou seja,
quanto maior for a velocidade do veículo, menor será o consumo de litro/quilometragem.

EXPLORE MAIS

No artigo de Bizerra, Queiroz e Coutinho (2018), os impactos ambientais causados pelos


combustíveis são apresentados, além do fato de como esse tema pode ser discutido na escola. Para
leitura, consulte o seguinte endereço eletrônico: https://periodicos.unifesp.br/index.php/revbea/article/
download/2502/1562/. Acesso em: 23 nov. 2019.

Em relação ao tipo de transporte, no Figura 2.2, o consumo diário dos combustíveis líquidos
na mobilidade por habitante é apresentado, especificamente por porte de município e por tipo de
transporte.

Figura 2.2 - Consumo diário de combustíveis líquidos na mobilidade


por habitante, por porte do município e tipo - 2016

Fonte: Adaptado de Associação Nacional de Transportes Públicos (2018).

Mais uma vez, analisando o Gráfico 2.2, é notório o uso dos meios individuais de transporte
pela população, na maioria das cidades. Quanto menor for a cidade, maior será o consumo dos
combustíveis de transportes individuais. Ao comparar o consumo total de diesel com a soma do
consumo total de gasolina e etanol (transporte coletivo x transporte individual), observa-se uma
relação de 1:3; ou seja, o transporte individual é utilizado três vezes mais do que o transporte coletivo.

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2.3. Efeito Barreira e Ocorrência de Acidentes
Nesta seção, trataremos sobre o efeito barreira e as suas consequências. Para isso, precisamos
compreender o que é um efeito barreira e qual é a sua relação com o transporte. Feito isso, certamente
será mais fácil relacionar as causas de acidentes e os impactos causados por eles ao meio ambiente.

2.3.1. Definições sobre o efeito barreira

Segundo Lopes (2013), o efeito barreira estuda qualquer elemento natural que esteja instalado ou
edificado, que tem relação ao impedimento à acessibilidade de rotas, espaço, equipamento urbano
ou mobiliário, sendo considerado uma barreira urbanística, ambiental ou arquitetônica.

Como consequência, o uso do espaço público e a interação social diminuem. Isso acontece
devido ao elevado nível de tráfego que inibe a interação social e o uso de formas de locomoção
não motorizadas.

O efeito barreira cresce conforme o tráfego aumenta, pois crianças e jovens, cada vez mais,
entendem que aquele espaço não os pertence, incorporando, assim, um comportamento para a
vida toda.

2.3.2. O Efeito Barreira e as suas Consequências Socioambientais

O efeito barreira está associado à percepção do meio ambiente pelas pessoas, com consequências
negativas (VASCONCELLOS, 2006). Isso acontece porque as pessoas acreditam que está tudo
“normal”, sem a clareza de como aquele ambiente foi criado ou alterado, prejudicado ou beneficiado.

Imagine que, em uma rua, não haja pedestres caminhando. Isso parece positivo, pois não
atrapalha o trânsito. Porém, o que realmente significa é que as pessoas deixaram de se locomover
por ali, porque o tráfego é intenso e, assim, isso não é seguro para elas.

O efeito de barreira pode ser resumido em três níveis de impacto: primário, secundário e terciário.
No nível primário, existem a dificuldade de travessias, a redução dos deslocamentos curtos e o
perigo de acidentes. No nível secundário, há a mudança da apreensão do espaço local, a redução
de deslocamentos e da interação social e a separação das comunidades. Por fim, no nível terciário,
há a modificação do funcionamento do local por mudanças no uso do solo.

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Cidades que crescem em torno de rodovias, ou vice-versa, são ótimos exemplos de efeito barreira
e de impacto negativo na vida das pessoas. O uso da rodovia pelos veículos, sempre circulando em
alta velocidade, obriga as pessoas a se adaptarem a essas condições, desenvolvendo novas formas
de locomoção. Todavia, mesmo se adaptando ao ambiente, o risco que essas pessoas correm por
viverem assim é alto e eminente, principalmente se houver uma grande movimentação de pedestres.

2.3.3. Relação entre o Transporte Rodoviário e o Efeito Barreira

Na acepção de Vasconcellos (2006), quando o transporte motorizado começa a ser usado por
uma sociedade, ocorre uma complexa reorganização do ambiente construído. Por essa razão, não
faz sentido falar acerca do impacto da sociedade ao ambiente como se fossem duas entidades
separadas.

Nesse sentido, a composição e o volume do tráfego são as condições específicas mais relevantes,
pois se condicionam ao comportamento das pessoas. Esses impactos podem ser atribuídos a
qualquer veículo motorizado, variando apenas o uso de cada um. No caso dos carros, por exemplo,
o espaço adaptado é amplo e disperso, afetando o comportamento das pessoas de variadas formas,
de modo a causar impactos mais generalizados e persistentes.

Um dos efeitos produzidos por esses impactos é a polarização da sociedade em: com carro e sem
carro. Essa condição gera segregação. Aqueles que não possuem carro são os mais prejudicados,
devido, principalmente, à precariedade dos serviços coletivos locais. Já os que possuem carro
adaptam o espaço de acordo com as suas necessidades e se favorecem disso. Conforme enfatizado
por Vasconcellos (2006, p. 34): “Este é um dos impactos mais perversos do efeito barreira, pois
dificulta a conscientização das pessoas sobre o grau de equidade na divisão do espaço de circulação
entre os vários papéis”.

2.3.4. A Ocorrência de Acidentes e o seu Impacto no Transporte

No ideário de Vasconcellos (2006, p. 38):

Os acidentes de trânsito constituem um grande problema tanto nos países desenvolvidos


quanto naqueles em desenvolvimento, embora com características diferentes em
cada país ou região do mundo. O único fator comum a todos os casos é o impacto
causado pelo uso do automóvel.

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Os acidentes de trânsito estão entre as causas principais de morte no mundo e o principal motivo
é a imprudência dos motoristas. Quando não acontece o óbito, as sequelas deixadas podem ser
graves, deixando indivíduos com implicações físicas e psíquicas, de forma a afetar, diretamente, a
saúde pública. No Brasil, os custos por acidentes de trânsito são ambientais, psicológicos, sociais
e econômicos, gerando alta demanda de leitos hospitalares, gastos com materiais, indenizações
e faltas trabalhistas.

Os acidentes no trânsito envolvem todos os tipos de meio de transporte, porém aquele que mais
causa morte ou invalidez é a motocicleta. Normalmente, o usuário desse veículo tem entre 18 e 35
anos, sendo a grande maioria economicamente ativa. O impacto causado ao país, nesses casos, é
a perda de, aproximadamente, 30 anos de futuros de trabalho e produção desses indivíduos.

Um estudo respaldado nos indicadores do seguro obrigatório de automóveis, DPVAT, revelou que
os acidentes graves ocorridos em 2017 provocaram um impacto econômico de R$ 199 bilhões aos
cofres públicos. Esse valor representa 41,1 mil pessoas mortas e 42,3 mil pessoas que obtiveram
invalidez permanente (GANDRA, 2018). Esses números, juntos, representam 35,5% de vítimas a mais
do que no ano anterior.

Além dos custos tangíveis, há os custos social e psíquico que, muitas vezes, aparecem depois
de algum tempo do ocorrido. Muitos indivíduos não conseguem superar o trauma que sofreram e
passam a precisar de médicos, psicólogos, psiquiatras, terapeutas, remédios, causando um novo
impacto econômico e social.

CURIOSIDADES

Um estudo realizado no Brasil divulgado por Vilela (2018) evidencia uma redução do número de
mortes no trânsito. Entenda como isso aconteceu consultando o seguinte endereço eletrônico:
https://bit.ly/31jeh2h. Acesso em: 23 nov. 2019.

A partir do exposto, depreende-se que os acidentes de trânsito geram vítimas a todo o momento,
representando um grande peso econômico e social para toda a sociedade. É possível evitar, contudo,
os acidentes e reduzi-los; para isso, é preciso que o mundo se conscientize sobre a responsabilidade
no trânsito. Caso haja uma maior conscientização, mudanças de cultura, de comportamentos e os
índices de acidentes reduzirão; caso contrário, aumentarão cada vez mais.

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2.4 Congestionamento e Poluição Sonora e Atmosférica
O congestionamento, por definição, é o acúmulo de veículos, pessoas ou objetos, impedindo
ou dificultando a livre circulação. Quando observamos as ruas das cidades, principalmente dos
grandes centros, é possível verificar o quanto isso é impactante.

O congestionamento produz outros efeitos, entre eles, as poluições: sonora e atmosférica.


Em meio a milhares de veículos nas ruas, a constante emissão de gases na atmosfera, o barulho
dos motores ligados e/ou das buzinas acionadas tornam o ambiente extremamente estressante,
causando sérios impactos na saúde física e psíquica do homem.

2.4.1. Fatores para a Existência de Congestionamento

Um congestionamento não surge do nada. Trata-se de uma consequência que, durante as


últimas décadas, foi incrementada nas cidades, por meio dos automóveis, de modo a aumentar as
possibilidades de sua existência.

Segundo Gaete (2016), existem sete causas mais comuns para que um congestionamento possa
acontecer. Tais causas são evidenciadas a seguir.

1. Capacidade viária sobrecarregada: as ruas foram projetadas para comportar uma determinada
quantidade de veículos; uma vez ultrapassado o limite, colapsam.
2. Inexistência de meios alternativos: acontece em setores muitas vezes distantes dos centros
urbanos, em que os seus habitantes são mais dependentes do automóvel para viver as
suas rotinas.
3. Pedágios em dinheiro: a necessidade de parada para o pagamento dos pedágios, principalmente
em feriados prolongados e em períodos de férias.
4. Condução dos motoristas: a forma como o motorista conduz o veículo causa paradas por
freadas bruscas.
5. Pouca utilização do transporte público: muitas pessoas se acomodam de uma vez, porém
o transporte público é pouco aceito por causa do tempo de viagem, das condições de uso
e dos veículos.
6. Semáforos sem otimização: em uma avenida com vários equipamentos presentes, cada um
funciona em tempo ou sequência diferentes.
7. Motorista procurando vaga para estacionar: a parada para a manobra ou a lentidão na
procura por vaga atrapalha o andamento do fluxo.
Existem várias maneiras de iniciar um congestionamento. Porém, é possível evitá-lo. Isso é o
que veremos na próxima seção, ao empregar essas sete causas como referência.

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2.4.2. Ações para Minimizar a Ocorrência de Congestionamento

Há cidades que decidiram, de fato, enfrentar o problema do congestionamento. Aproveitaremos as


sete causas descritas na seção anterior e apresentaremos como diferentes cidades desenvolveram
diversos projetos como resposta às ocorrências expostas (GAETE, 2016).

1. Capacidade viária sobrecarregada. Em Singapura, foram implementadas duas medidas para


desmotivar o uso de automóveis: primeiramente, investir em transporte público, aumentando
o número de serviços em diferentes meios (ônibus, metrô e transporte marítimo); depois,
aplicar uma tarifação viária para ingressar ao centro e avenidas principais. Como resultado,
48% das viagens realizadas na cidade são feitas utilizando transporte público e a propriedade
de automóveis caiu para a taxa de 0,18 per capita.
2. Inexistência de meios alternativos. Em Paris, usa-se o sistema de bicicletas públicas e um
serviço de automóveis compartilhados, que conta com uma frota de 2.000 veículos elétricos,
permitindo reduzir o uso de 22.500 automóveis particulares. Portland, nos Estados Unidos,
que, no início dos anos 90, investiu em infraestrutura cicloviária, é reconhecida, atualmente,
como uma das cidades mais amigáveis do mundo com as bicicletas.
3. Pedágios em dinheiro. Utilização do sistema de pagamento por tag. No Brasil, esse sistema
permite evitar filas nas cabines e possibilita 20% das emissões de poluentes, em comparação
com os pagamentos em dinheiro nas filas das cabines.
4. Condução dos motoristas. A criação de condições para que os condutores transitem em
uma velocidade adequada traz grandes benefícios, entre eles: evitar o risco de acidentes,
reduzir as emissões de poluentes e regulamentar a dinâmica do tráfego.
5. Pouca utilização do transporte público. Em Curitiba, em 1974, construiu-se o primeiro corredor
de ônibus na cidade. Por esse motivo, destacou-se, desde então, por priorizar os meios de
transporte sustentáveis. Em dezembro de 2015, a cidade foi reconhecida pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) como um caso exitoso de redução de contaminação ambiental
por “implementar políticas que priorizem o transporte rápido, através de investimentos no
transporte público e a construção de redes seguras para ciclistas e pedestres” (GAETE, 2016,
on-line) e por “aplicar exigências mais estritas para reduzir as emissões geradas por veículos
movidos a combustíveis fósseis” (GAETE, 2016, on-line), entre outros motivos. Também se
destaca o empenho da cidade que transporta 2,3 milhões de passageiros diariamente, sendo
que a maioria tem uma parada a não mais do que 400 metros. Além disso, estima-se que,
com a sua implementação, evitaram-se 27 milhões de viagens em automóveis anualmente.
6. Semáforos sem otimização. Em Los Angeles, nos Estados Unidos, os semáforos possuem
um sistema otimizado e o resultado disso foi a redução dos tempos de viagem em 13%. Em
outras cidades, como São Francisco e Amsterdã, a estratégia também foi implementada,
mas orientada aos ciclistas e ao transporte público, respectivamente.

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7. Motorista procurando vaga para estacionar. Essa causa é real e representa 30% dos
automóveis que conformam um congestionamento. Novamente, em Los Angeles, destaca-
se uma medida, ainda em fase de testes, que elimina os estacionamentos em superfície,
buscando desmotivar o uso desse meio de transporte. A medida consiste em aplicar uma
tarifa dinâmica no custo dos estacionamentos para que, entre 10% e 30%, mantenham-se
livres durante o dia. Durante as provas, esse programa apresentou bons resultados, entre
eles, o alcance mencionado dos 10% e o fato de que 76% dos condutores que estacionavam
nas áreas incluídas na tarifação deixaram de fazer isso.

2.4.3. Impacto da Poluição Sonora

Um dos efeitos da grande movimentação de veículos pelas ruas é a poluição sonora. De acordo
com Vasconcellos (2006, p. 73):

O volume de tráfego e a sua composição têm um grande impacto no ruído produzido.


Veículos pesados, como caminhões e ônibus, assim como as motos, são os maiores
contribuintes individuais para o ruído. A forma como os veículos são dirigidos e a
sua velocidade também têm influência. Nas áreas urbanas, os trens também podem
causar grande impacto sonoro. O efeito do ruído na saúde humana depende do nível
de exposição.

O impacto maior causado pelo ruído emitido pelos veículos é a perda de concentração e de
produtividade. Isso acontece porque o nível de cansaço e o de estresse aumentam. Normalmente,
pessoas que ficam muito tempo no trânsito costumam ficar irritadas com facilidade.

Esses efeitos também afetam os pedestres, pois, suprimidos pelo grande movimento de veículos
e de seus ruídos, mais recentemente pelo aparelho celular, deslocam-se pelas ruas desconcentrados,
não percebendo os prováveis riscos físicos que estão ao seu redor, além de se irritarem com facilidade.

SAIBA MAIS

No link a seguir, proveniente do Portal do Ministério Público do Estado de Goiás, há um questionário


respondido pelo referido Ministério, de forma a relacionar a poluição sonora ao meio ambiente,
além de explicar a diferença entre som e ruído: http://www.mpgo.mp.br/portal/noticia/poluicao-sonora#.
XbBmyehKjIU. Acesso em: 23 out. 2019.

Dessa maneira, é importante entender a diferença entre som e ruído. Conhecendo-os, o indivíduo
tenta se proteger e evitar danos à sua saúde.

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2.4.4. Impactos da Poluição Atmosférica

A poluição atmosférica pode ser causada por fontes naturais ou por atividades humanas. Ela
ocorre devido ao lançamento de grandes quantidades de gases ou partículas poluentes no ar,
provocando impacto ambiental e problemas à saúde humana. São lançados ao ar poeira industrial,
aerossol, fumaça negra, solvente, ácido e hidrocarbonetos (MAGALHÃES, 2019).

Dentre as atividades realizadas pelo homem e que causam impactos à atmosfera, temos:
industrialização, queimadas, veículos e queima de combustíveis fósseis, mineração, uso de aerossol
e produção de energia elétrica.

Assim, os principais poluentes, os quais estão relacionados aos transportes, são:

• monóxido de carbono: resultante da queima incompleta dos combustíveis;


• dióxido de enxofre: produto da combustão do enxofre presente nos combustíveis fósseis;
• chumbo: resultante da queima da gasolina, sendo usado nela para aumentar a sua octanagem;
• materiais particulados: resultado da queima de combustíveis fósseis (fuligem).

Os maiores impactos causados pela poluição atmosférica estão relacionados ao meio ambiente
e à saúde. Ao meio ambiente, devido à grande quantidade de gases poluentes, o efeito estufa é
intensificado e agrava os problemas referentes ao aquecimento global.

No tocante à saúde, os poluentes causam irritações aos olhos e à garganta, problemas respiratórios,
redução da oxigenação das células e do cérebro. Em pequenas proporções, podem causar dores
de cabeça, vertigens, perturbações sensoriais, entre outras. Em quantidades excessivas, podem
causar óbito por asfixia.

Figura 2.1 - Poluição atmosférica nas cidades

Fonte: Olena Kachmar / 123RF.

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São muitos os problemas gerados pela poluição atmosférica. Quem mais sofre com isso são
os habitantes das grandes cidades, pois a área verde dessas cidades é muito pequena, quando
comparada ao tamanho do desenvolvimento urbano ali presente.

As cidades de médio e pequeno porte sofrem um pouco menos com os danos da poluição
atmosférica, uma vez que a área verde dessas cidades costuma ser maior, compensando o prejuízo
causado pelo urbanismo.

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FECHAMENTO

Nesta unidade, prezado(a) aluno(a), pudemos tratar acerca da relação existente entre os transportes
e o meio ambiente, além de quais são os impactos causados. Sabemos o quanto ambos são
importantes para nós. Porém, por causa dos desejos de desenvolvimento e de crescimento das
cidades, o meio ambiente é, muitas vezes, ignorado pelo homem e afetado, negativamente, pelos
setores de transporte.

Esse assunto está se tornando cada vez mais importante mundialmente. Isso porque as
consequências dessa negligência ao meio ambiente afetam o planeta inteiro. Os efeitos causados
ao meio ambiente resultam em problemas de temperatura, catástrofes marinhas, problemas de saúde,
extinção de espécies, entre outros. Por isso, não à toa, países desenvolvidos no assunto transporte,
especificamente alguns em desenvolvimento, reúnem-se e trabalham em busca de corrigir erros
passados, ao minimizar certos impactos e evitar novas causas de problemas ao meio ambiente.

O transporte traz consigo impactos, tais como o consumo de solo para a criação de novas
estradas, novas avenidas e cidades, a fim de amenizar congestionamentos, afetando a camada de
ozônio, de modo a provocar o efeito estufa e a saúde da população devido ao alto índice de poluição
atmosférica. Outro impacto é referente à saúde psicológica dos habitantes, em virtude da excessiva
poluição sonora em grandes e médias cidades.

Conforme o homem vai desenvolvendo as cidades e elas crescem, as incidências dos impactos ao
meio ambiente aparecem. É notório que, ao trafegar por uma cidade de grande porte, não percebemos
tantas áreas verdes presentes no caminho. Isso acontece por causa do crescimento populacional,
normalmente descontrolado, e pela necessidade de abrigar a sua população.

Assim, com a necessidade de abrigar toda a população, as cidades precisam crescer. Nesse
momento, mais uma vez, o solo é consumido pelo homem, a fim de que sejam abertos novos espaços
de circulação e de ocupação. Para que tudo isso funcione, é preciso que os recursos relacionados
ao transporte atendam a esses novos espaços.

Esses novos espaços ocupados servirão para que o homem possa construir a sua moradia e
ruas para o seu acesso, garantindo uma circulação naquele espaço. Vale lembrar que essa ocupação
impactou severamente o meio ambiente, pois, se existia algum indício dele ali, foi destruído.

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Outro consumo relacionado aos transportes consiste nos combustíveis, ou seja, o consumo de
energia. Para a obtenção dos combustíveis, o homem precisa explorar o meio ambiente e usá-lo
até que o recurso se esgote. Ao transformar esse combustível em energia, a sua queima lança no
ar uma grande quantidade de poluentes. Esses poluentes afetam a camada de ozônio que envolve
o planeta, além de abalar a saúde de toda a população.

Quando atingimos a terceira seção desta unidade, tratamos a respeito do efeito barreira. Esse
efeito estuda qualquer elemento natural, instalado ou edificado, que impede a acessibilidade de rotas,
espaço, equipamento urbano ou mobiliário, sendo considerado uma barreira urbanística, ambiental
ou arquitetônica. Como consequência, o uso do espaço público e a interação social diminuem devido
ao elevado nível de tráfego. O efeito barreira cresce conforme o tráfego aumenta; assim, crianças
e jovens, cada vez mais, entendem que aquele espaço não lhes pertence, incorporando, assim, um
comportamento para a vida toda.

O efeito barreira, quando relacionado ao transporte, produz impactos de polarização da sociedade


do tipo: com carro e sem carro. Quem não possui um carro é o mais prejudicado, devido, principalmente,
à precariedade dos serviços coletivos locais. Já quem possui um carro adapta o espaço de acordo
com as suas necessidades e se favorece disso. Por essa razão, pode-se afirmar que o efeito barreira
é perverso, pois dificulta a conscientização das pessoas sobre o grau de equidade na divisão do
espaço de circulação.

Os acidentes de trânsito estão entre as causas principais de morte no mundo e o principal motivo
é a imprudência dos motoristas. Quando não acontece o óbito, as sequelas podem ser graves,
deixando o indivíduo com implicações físicas e psíquicas, ao afetar, diretamente, a saúde pública.

No Brasil, os custos por acidentes de trânsito são ambientais, psicológicos, sociais e econômicos,
gerando uma alta demanda de leitos hospitalares, gastos com materiais, indenizações e faltas
trabalhistas.

Muitas vezes, os acidentes acontecem por formação de congestionamentos. Para que seja
formado um congestionamento, basta que um veículo reduza bruscamente a sua velocidade que,
em uma reação em cadeia, os veículos que estão atrás também vão reduzir, às vezes até parando
os carros. Outras possibilidades de formação são tentativas de estacionar em vias, semáforos com
temporização sem sincronismo etc.

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As cidades procuram alternativas para evitar que congestionamentos aconteçam. Entre elas,
estão a tarifação para estacionar nas vias e a fiscalização intensiva; por meio dessas, tenta-se
evitar que as pessoas usem os carros para se locomover pelas vias e busquem alternativas de
transportes coletivos.

Para finalizar, discorremos sobre os tipos de poluição atmosférica e sonora, ambas prejudiciais
à saúde humana. A poluição atmosférica, produzida pelo grande volume de gases e partículas
suspensas, causa problemas respiratórios, dor de cabeça, vertigens, perturbações nervosas,
entre outras situações. Além disso, causa um grande impacto à camada de ozônio, aumentando
a temperatura no planeta (efeito estufa). A poluição sonora, por sua vez, aumenta as causas de
doenças psicológicas por causa do estresse e da irritabilidade que as pessoas adquirem.

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UNIDADE 3

INTRODUÇÃO
Nesta unidade, veremos o que é sustentabilidade e transporte sustentável após entendermos
a relação entre os transportes e o meio ambiente, a importância desse estudo, como os recursos
são consumidos, o conceito de efeito barreira, de acidentes, os congestionamentos e a poluição.

Analisaremos as definições, os princípios da sustentabilidade e como esse assunto é tratado


no mundo. Além disso, veremos os conceitos de transporte sustentável e de que modo esse meio
pode ser empregado.

Ao final desta aula, você será capaz de:

• entender as definições relativas à sustentabilidade, bem como os seus princípios e os marcos


históricos ligados a ela;
• conhecer a importância de tornar o transporte sustentável e como isso afeta a vida das pessoas;
• compreender como a dependência do automóvel se tornou um problema para a sociedade atual.

3. TRANSPORTE SUSTENTÁVEL
Nesta seção, trataremos o transporte sustentável como opção de resposta aos congestionamentos,
problemas causados pela poluição, malefícios à saúde humana e alternativas para os combustíveis
fósseis. Também veremos como esse assunto é tratado no mundo e de que maneira o carro contribui,
ou não, para que o transporte sustentável evolua. Vamos lá?

3.1. Sustentabilidade: Definições, Princípios e Marcos Históricos


Iniciamos esta seção compreendendo o que é sustentabilidade. Diante disso, será possível
entender os seus princípios e conhecer como o tema sustentabilidade surgiu, especificamente
a partir de quando o homem passou a tratá-lo com afinco. Alguns marcos históricos vão dando
direção à sustentabilidade e às ações do homem.

3.1.1. Definições de Sustentabilidade

A palavra sustentabilidade é definida como a conservação de um sistema ou processo; ou seja, é a


capacidade de sustentação. Derivada do latim sustentare, significa sustentar, apoiar, conservar e cuidar.

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Segundo Magalhães (2019, on-line): “O conceito de sustentabilidade aborda a maneira como se
deve agir em relação à natureza. Além disso, ele pode ser aplicado desde uma comunidade até
todo o planeta”.

Para atingir a sustentabilidade, é preciso elaborar e praticar um desenvolvimento sustentável.


Este é capaz de satisfazer uma necessidade atual, sem afetar a capacidade das gerações futuras
e preservar o planeta, atendendo às necessidades humanas.

A sustentabilidade pode ser classificada em: ambiental, social, econômica e empresarial. A


seguir, no Quadro 3.1, cada uma dessas classificações é apresentada.

Quadro 3.1 – Classificação e características da sustentabilidade

Sustentabilidade Característica

Ambiental Conservação ou manutenção do meio ambiente. O objetivo é não


comprometer os interesses das gerações futuras. Para ser efetiva,
as pessoas precisam cuidar do meio ambiente para melhorarem a
qualidade de suas vidas.

Social Respaldada na igualdade entre os indivíduos, propicia o bem-estar de


toda a população. Para isso, é necessário fortalecer o desenvolvimento
social, o acesso à educação, à cultura e à saúde.

Econômica Gestão adequada dos recursos naturais para atingir o crescimento


econômico, o desenvolvimento social e uma distribuição de renda mais
eficaz.

Empresarial Acontece quando a empresa assume uma postura responsável com os


valores sociais e ambientais fundamentada na preservação do meio
ambiente e na qualidade de vida das pessoas.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Ou seja: um recurso natural que seja explorado de forma sustentável durará para sempre.

3.1.2. Princípios da Sustentabilidade

Os princípios da sustentabilidade, também conhecidos como o tripé da sustentabilidade, são:


ambiental, econômico e social. Juntos, a sustentabilidade acontece. Caso contrário, a sustentabilidade
não evolui. Analogamente, os princípios podem ser representados como um jogo de engrenagens
que, para fazer algo movimentar, as engrenagens precisam girar juntas, em conformidade. Na Figura
3.1, esse raciocínio é demonstrado.

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Figura 3.1 – A engrenagem da sustentabilidade

Fonte: everythingpossible / 123RF.

Na acepção de Magalhães (2019), os princípios são detalhados da seguinte maneira:

• Ambiental: é a forma como os recursos naturais do planeta são utilizados pela


sociedade, comunidades ou empresas.

• Social: equivale a pessoas e suas condições de vida (educação, saúde, violência


e lazer, dentre outros aspectos).

• Econômico: corresponde à produção, distribuição e consumo de bens e serviços.


Deve-se também considerar a questão social e ambiental.

Ao analisar os princípios, parece fácil atendê-los. E, se fossem tratados individualmente, seriam,


de fato. Mas acontece que apenas trazem resultados quando são atendidos em conjunto. É nesse
momento que aparecem as barreiras, principalmente a do interesse humano, a fim de dificultar
esse processo.

3.1.3. Evolução Histórica da Sustentabilidade

Durante muito tempo de existência humana, os recursos naturais sempre foram explorados
de forma irracional (apesar de o homem, até então, achar o contrário). Todavia, em um passado
recente, percebeu-se que era importantíssimo rever essas atitudes e foi aí que o homem entendeu
que necessitava mudar a sua conduta. É nesse instante que surge o conceito da sustentabilidade.

A falta dessa consciência ambiental perdurou por muito tempo na história, transformando-se em
um enorme problema. O homem, ao se achar o “dono da natureza”, formou as bases da civilização
sem questionamentos durante a história.

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Na história, existem relatos dessa batalha (homem x natureza) desde as primeiras civilizações.
Na antiga Mesopotâmia (4700 a.C.), existe o indício do surgimento da civilização, já destruindo a
natureza. Como exemplo, a luta de Gilgamesh contra Humbaba, o guardião da floresta, simbolizando
a vitória do homem contra o mundo natural.

No Brasil, após a sua descoberta pelos portugueses, a vegetação era um obstáculo a ser superado.
Mais adiante, inicia-se a derrubada do pau-brasil como forma de exploração para exportação.

Na primeira Revolução Industrial, marcada pelo desenvolvimento das máquinas a vapor, a


exploração dos recursos naturais tomou proporções enormes. Com a invenção do motor à combustão
e o domínio da eletricidade, o crescimento econômico disparou, mas, juntamente com ele, enormes
problemas por falta de consciência para um crescimento ecologicamente viável e socialmente igual.
Já na Segunda Revolução Industrial, os homens pensavam da seguinte forma: “onde há poluição,
há dinheiro”. Não percebiam os efeitos colaterais gerados pelo modelo industrial.

No século XX, nos anos de 1960 e 1970, deu-se início às grandes reflexões sobre os danos
causados ao meio ambiente, acontecendo as primeiras ações de prevenção, para, aos poucos,
tornar-se um desafio global. É nesse clima que a ONU, em 1972, começa a fomentar um debate em
Estocolmo, na Suécia, conhecido como a Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio
Ambiente das Nações Unidas.

Por intermédio da conscientização do homem e da postura que resolveu adotar em relação ao


meio ambiente, diversos países começaram a se juntar por mais vezes, a fim de discutirem o que
fazer para diminuírem, ou eliminarem, os impactos que causam à natureza. Na seção seguinte,
veremos isso com mais clareza.

3.1.4. Conferências Internacionais sobre o Meio Ambiente

A partir do momento em que o homem percebeu que estava acabando com a natureza e que
ela devolvia isso em forma de consequências alarmantes, passou a tratar esse assunto com mais
seriedade e foco, por meio das conferências internacionais, na busca por correções que possam
sanar os impactos causados por ele até o momento.

Foi então que, em 1972, em Estocolmo, a ONU começa a fomentar um debate, organizando
a Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente. Assuntos relacionados às
consequências da degradação do meio ambiente, abordando políticas de desenvolvimento humano
e uma visão comum sobre a preservação dos recursos naturais, foram discutidos.

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Representantes de 113 países e 400 organizações governamentais e não governamentais
participaram dessa conferência e discutiram sobre:

• mudanças climáticas;
• qualidade da água;
• redução dos desastres naturais e modificação de paisagem;
• desenvolvimento sustentável;
• utilização dos pesticidas na agricultura;
• quantidade de metais pesados lançados na natureza.

Alguns países desenvolvidos foram resistentes às metas e aos objetivos definidos; outros
aprovaram os acordos estabelecidos. Já os países em desenvolvimento não aceitaram as metas
de redução das atividades industriais, mas o Brasil foi decisivo por várias vezes.

O debate foi inflamado pela necessidade de adoção de um novo modelo de desenvolvimento


econômico, no qual, ao mesmo tempo, não induziria o esgotamento das reservas naturais e não
reduziria o crescimento econômico.

Após o debate, foi elaborado um documento (a Declaração sobre o Meio Ambiente Humano),
o qual reconhece: que os recursos naturais exigem uma gestão adequada para não findarem; que
devem existir para todas as gerações futuras; e que a capacidade de produção de recursos renováveis
no planeta deve ser mantida, melhorada ou restaurada.

No documento elaborado, há princípios a serem seguidos pelo mundo. Tais princípios são
evidenciados na sequência.

• Descarte correto de substâncias tóxicas.


• Luta contra a poluição.
• Prevenção à poluição marítima, bem como a utilização legítima da água.
• Garantia de ambiente seguro para a melhoria da qualidade de vida da população.
• Assistência financeira e transferência de tecnologia para os países em desenvolvimento.
• Políticas adequadas dos estados-membros da ONU.
• Gestão racional dos recursos naturais.
• Investimento em educação e pesquisa.
• Eliminação completa das armas de destruição em massa (bomba atômica).

Dentre as importâncias dessa conferência, vale destacar que ela inaugurou a agenda mundial de
discussões ambientais. Assim, após a sua realização, a ONU criou o Programa das Nações Unidas
para o meio ambiente.

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Desde então, realizam-se discussões para tratar a respeito de assuntos relacionados ao meio
ambiente. Em 1983, cria-se a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, que, em
1987, gera o relatório Brundtland. Este, de maneira formal, descreve o conceito de desenvolvimento
sustentável, fundamental para o amadurecimento do debate.

Em 1992, aconteceu, no Rio de Janeiro, a segunda Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento, a qual ficou conhecida como Rio-92 ou Eco-92, ou, ainda, por Cúpula
da Terra. Na Figura 3.2, é possível verificar uma foto oficial dos chefes das delegações presentes.

Figura 3.2 – Chefes das delegações presentes na Rio-92

Fonte: O sucesso... (2019, on-line).

Foi naquele momento que a comunidade política internacional admitiu que o desenvolvimento
socioeconômico tinha de se conciliar com a utilização dos recursos da natureza. Esse evento
realmente marca como a humanidade se relaciona com o planeta, pois, se toda a humanidade
almejar o mesmo padrão de desenvolvimento dos países ricos, não haverá recursos naturais sem
que aconteçam danos ao meio ambiente.

Portanto, na Rio-92, chegou-se à conclusão de que é preciso agregar princípios econômicos,


ambientais e sociais. Sem isso, não existe sustentabilidade do desenvolvimento. Na época, o ambiente
político internacional favoreceu a aceitação, pelos países desenvolvidos, de que as responsabilidades
pela preservação e pelo convívio equilibrado com o planeta são diferentes.

Por causa disso, ficou definido que os países em desenvolvimento receberiam apoio financeiro
e tecnológico, a fim de buscarem outra forma de desenvolvimento (sustentável e com redução de
consumo de combustíveis fósseis).

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O sucesso da Rio-92 foi estrondoso. Nesse sentido, registrou-se a presença de 178 chefes de
estado, alavancando a pauta ambiental de maneira sem precedentes. A produtividade da conferência
foi notória. Nela, nasceram duas convenções (sobre biodiversidade e mudanças climáticas) e mais
três documentos (a Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Declaração de
Princípios sobre Florestas e a Agenda 21). Contemporaneamente, os referidos documentos auxiliam
nas ações nacionais e internacionais, trilhando o caminho do desenvolvimento sustentável.

CURIOSIDADES

Curiosidade 1: devido ao sucesso da Rio-92, desde então, toda discussão ambiental ganha o nome
de Rio+X, em que X é o número de anos transcorridos desde 1992. Ou seja: “Rio” virou sinônimo de
conferência global bem-sucedida.

Curiosidade 2: devido à importância do evento para o Brasil, o então presidente da República,


Fernando Collor, transferiu a capital de Brasília para o Rio de Janeiro, a fim de conseguir participar das
reuniões e, ao mesmo tempo, despachar os assuntos domésticos.

No que tange ao exposto, é possível depreender que a Rio-92 foi um exemplo de conferência
bem-sucedida. Depois dela, já tivemos a Rio+5, a Rio+10 e, recentemente, a Rio+20.

3.2. Sustentabilidade e Transporte


A sustentabilidade, como já vimos, significa a conservação de um sistema ou processo; ou seja,
é a capacidade de sustentação. Assim, um sistema que precisa ser praticado dessa forma é o de
transporte. Por isso, primeiramente, faz-se importante relembrar o que significa transporte, sob o
olhar de Tanscheit:

Transporte não é uma finalidade em si, mas, sim, um meio que permite às pessoas
acesso a qualquer necessidade: emprego, mercados e bens, interação social,
educação e uma série de outros serviços que contribuem para vidas saudáveis e
plenas (TANSCHEIT, 2016, on-line).

Tão importante quanto entender o significado de cada palavra, é preciso entender como as duas
palavras juntas podem transformar o mundo. Desse modo, estudaremos esse aspecto.

3.2.1. A Ligação entre a Sustentabilidade e as Atividades de Transporte

Já vimos que o transporte é uma atividade extremamente importante ao homem, mas já


verificamos, também, que ele carrega alguns problemas. Quanto aos problemas, lembremo-nos
dos congestionamentos e poluições (atmosférica e sonora), causadores de problemas à saúde
humana; lembremo-nos do consumo de recursos naturais não renováveis (combustíveis fósseis)
e dos cuidados necessários para consegui-lo (vazamentos de petróleo).

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Nesse contexto, é necessário pensar no transporte de forma sustentável, sendo preciso aprimorar
o uso dos veículos e o comportamento das pessoas dentro das cidades. Além disso, deve-se buscar
fontes alternativas de energia e de combustíveis, mas não desperdiçar.

3.2.2. Definições do Transporte Sustentável

Transporte sustentável é o termo utilizado para as estratégias de melhoria da vida nas cidades,
garantindo o direito de ir e vir, sem prejudicar o meio ambiente. Ou seja, ser sustentável é buscar
ganhos para todos no longo prazo, por meio de uma mobilidade centrada em pessoas, porém não
em veículos.

Assim, é preciso que as autoridades invistam no transporte, pensando: como movimentar tantas
pessoas ao mesmo tempo? Eis o grande desafio desse tema tão importante e urgente para o mundo.

3.2.3. Elementos do Transporte Sustentável

O transporte sustentável tem como premissa identificar quais são os meios menos prejudiciais
ao trânsito urbano. Nesse sentido, é preciso que as cidades sejam orientadas ao transporte público
e que suas malhas viárias sejam extensas e otimizadas.

Além da diminuição de veículos nas ruas por meio do uso de transportes coletivos, é preciso
adotar o uso de carros elétricos (Figura 3.3) ou carros que utilizem combustíveis de fontes renováveis.

Figura 3.3 – O transporte sustentável

Fonte: tele52 / 123RF.

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Outro elemento importante é incentivar as caminhadas, o uso de bicicletas e patinetes elétricos.
Contudo, para que isso aconteça, é preciso que as pessoas se sintam seguras para utilizá-los, pois, aqui
no Brasil, por exemplo, esse é um fator que dificulta a adoção dos meios alternativos pela população.

3.2.4. Diferenças entre o Transporte Convencional e o Sustentável

O transporte convencional é o modelo mais utilizado no Brasil devido ao aproveitamento de


rotas e espaço. É ideal para o atendimento de clientes que precisam movimentar grandes volumes
e de atendimento personalizado e rápido. Ademais, atende provedores logísticos, operadores de
transportes intermodais, fábricas, indústrias, entre outros. A seguir, no Quadro 3.2, são apresentadas
algumas características de cada modo de transporte convencional ou sustentável.

Quadro 3.2 – Características dos transportes convencionais e sustentáveis

Característica Transporte convencional Transporte sustentável

Social Incentiva o individualismo; Incentiva a coletividade;


prejudicial à saúde humana. favorece a saúde humana.

Ambiental Compromete o ar atmosférico; Reduz emissão de poluição;


utiliza energia não renovável. utiliza energia renovável.

Econômico Representa 3,75% do PIB Segundo a ONU, pode atingir


brasileiro (2018); principal meio uma economia de US$ 70
de movimentação de cargas. trilhões até 2050.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Diferentemente do transporte convencional, cujo foco é atender às necessidades da população


em geral, o transporte sustentável atende ao indivíduo com mais eficácia. Apesar de que, com o
desenvolvimento do biodiesel, a utilização desse combustível trará redução de emissão de poluentes
pelos transportes convencionais, como os ônibus e os caminhões. Por sua vez, nos carros particulares,
a opção do uso de etanol também traz ganhos ao meio ambiente.

3.3 Problemática da Dependência do Automóvel e os seus Impactos


Atualmente, os maiores problemas enfrentados pela grande maioria das cidades são relacionados
ao uso do automóvel. Com uma presença cada vez mais significativa nas ruas das cidades, os
automóveis estão causando “caos”, ao invés de ajudar na mobilidade das pessoas.

Por causa disso, veremos, nesta seção, quais são as razões que transformaram o automóvel
no meio de transporte principal do mundo, quais foram as consequências originadas a partir desse
protagonismo e, para finalizar, o que pode ser feito para minimizá-lo.

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3.3.1. Razões para os Automóveis se Tornarem Atores Principais

A história do automóvel, com funcionamento por motor a gasolina, tem início em 1885, na
Alemanha, sendo especificamente criado por Karl Benz. A partir daí, alguns países começaram a
fabricar carros e, após a Primeira Guerra Mundial, deu-se início à fabricação dos carros populares,
compactos e, pela primeira vez, produzidos em série.

Foi nessa época que Henry Ford ganhou reconhecimento mundial, às vezes erroneamente, como
o pai do automóvel. O que Ford fez, realmente, foi produzir automóveis em larga escala, atingindo
15 milhões de unidades vendidas (um marco para aquela época).

No Brasil, a produção do automóvel chegou após a Segunda Guerra Mundial, favorecida pelo
governo de Juscelino Kubitschek. Nessa época, várias empresas se instalaram no Brasil e, desde
então, iniciaram um processo de obtenção de automóvel pela população que, a cada década que
nascia, ficava mais facilitado.

Assim, os automóveis passaram a ser fundamentais para a economia dos países. No Brasil, que
até então movimentava cargas pelo país por meio das estradas de ferro, passou-se a transportar
tudo por automóveis. Economicamente, as empresas férreas tinham de custear todo o transporte,
inclusive as construções das ferrovias. Com o automóvel, acontecia de modo diferente, pois quem
investia na construção das estradas era o governo.

Rapidamente, o Brasil se adequou ao uso do automóvel e passou a investir nisso. O país foi
ganhando cada vez mais estradas e as cidades cresceram em ruas e avenidas, tudo para que a
população pudesse se locomover com facilidade, assim como as cargas produzidas pelas indústrias.

Até a atualidade, o automóvel é imprescindível à população, porém, com a aquisição cada vez mais
facilitada, vieram os problemas. A população, agora, sofre por problemas ambientais ligados à poluição
e ao consumo das reservas não renováveis de combustíveis fósseis, problemas sociais causados pelo
crescimento desorganizado das cidades, além dos males à saúde física e psíquica humana.

3.3.2. Consequências Ambientais da Dependência do uso de Automóveis

Protagonista na locomoção de cargas e da sociedade, o automóvel não é de todo positivo


ao homem. Indiretamente, ele também o afeta de forma negativa. Nessa ótica, quem sofre as
consequências diretas de seu uso é o meio ambiente.

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Durante muito tempo, os automóveis funcionavam apenas com combustíveis fósseis. Estes, no
decorrer da combustão nos motores, eliminavam gases e partículas tóxicas no ar atmosférico, causando
sérios problemas à camada de ozônio, ao resultar no efeito estufa (elevação da temperatura na Terra).
Esse fato prejudica, principalmente, as regiões polares, de maneira a causar o descongelamento de
geleiras, elevando o nível dos oceanos e provocando invasões de certas áreas litorâneas por esse
excedente de água que, às vezes, pode invadir cidades e afetar a sobrevivência do homem.

Outra consequência ambiental pela dependência do automóvel é o consumo excessivo dos


recursos não renováveis. Cada vez mais, o homem precisa escavar a Terra em busca deles, pois deve
evitar que faltassem, afinal, ainda somos extremamente dependentes dos combustíveis fósseis.

3.3.3. Consequências Sociais e Espaciais da Dependência do uso de Automóveis

Ao se discutir a respeito das consequências sociais provocadas pelo uso do automóvel, temos
o problema relacionado à poluição atmosférica emitida pelos automóveis no que tange à saúde
humana. Os gases e as partículas tóxicas, dependendo da quantidade inalada pelo homem, podem
causar dor de cabeça, sérios problemas respiratórios ou até morte por asfixia. Todos esses problemas,
independentemente da gravidade, impactam nos custos da saúde da população em geral.

No âmbito da convivência nas cidades, a quantidade elevada de automóveis circulando provoca o


“desaparecimento” das pessoas nas ruas e o aparecimento de inúmeros pontos de congestionamento,
conforme ilustrado pela Figura 3.4.

Figura 3.4 – Aparecimento dos congestionamentos e desaparecimento das pessoas nas ruas

Fonte: Philip Bird / 123RF.

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O ritmo cada vez mais acelerado das pessoas suscita atitudes de individualidade. Essa
individualidade torna as pessoas mais introspectivas, transformando o automóvel em uma espécie
de “casulo”, de forma a causar ao homem possíveis problemas psicológicos, ao impactar, novamente,
nos custos da saúde humana.

Outra consequência relacionada à dependência do automóvel é a espacial. Cada vez que as


cidades percebem os congestionamentos nas ruas, erroneamente, entendem que faltam ruas para
os carros circularem. Ao construir novas ruas, tais cidades aumentam os espaços para circulação.
Logo estarão, porém, ocupadas por novos carros e novos congestionamentos, fazendo o custo de
manutenção aumentar.

3.3.4. Medidas para Diminuir o Protagonismo do uso de Automóveis

O homem pode diminuir o protagonismo dos automóveis mudando, principalmente, a sua forma
de pensar em como se locomover. Deve procurar, primeiramente, formas diferentes do automóvel
e que sejam sustentáveis. Optar por caminhadas, bicicletas ou patinetes pode ser uma maneira
sustentável de evitar o uso do automóvel, especialmente se a distância a ser percorrida for curta.

Para distâncias maiores, as cidades precisam investir em transporte coletivo (ônibus, trens, metrôs
etc.). Entretanto, para conseguir substituir os automóveis, estes precisam funcionar corretamente,
sendo rápidos, acessíveis a qualquer classe social e condição física.

Se, mesmo assim, o homem ainda precisar utilizar o automóvel, que este seja de combustível
de fonte de energia renovável (etanol).

3.4. Transporte Sustentável e o Desenvolvimento Tecnológico


O transporte sustentável, por mais simples que ele seja, se associado à tecnologia, pode fazer
muita diferença nas cidades e ajudar as pessoas, bem como o meio ambiente. É pensando nisso que
iniciamos esta seção, ao enfatizar a importância do desenvolvimento tecnológico para o transporte
sustentável, indicando as principais tecnologias empregadas e como isso pode facilitar, ou atrapalhar,
a locomoção das pessoas e o desenvolvimento dos meios de transporte.

3.4.1. Importância do Desenvolvimento Tecnológico para a Promoção do Transporte Sustentável

Todos os dias, novos produtos e serviços são idealizados, desenvolvidos e oferecidos para
as pessoas. Dentre eles, as tecnologias sustentáveis oferecem benefícios à sociedade e ao meio
ambiente, modificando os processos de fabricação e a maneira como são consumidos.

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Nesse aspecto, a evolução tecnológica, aliada à sustentabilidade, vem para combater o desperdício,
melhorar a qualidade dos transportes e da saúde, criar produtos mais duráveis e incentivar a
reciclagem.

Dentre os meios de transporte com características sustentáveis, temos os automóveis híbridos,


a etanol e a biodiesel (parcialmente sustentáveis), os automóveis elétricos, bicicletas e patinetes,
comuns e elétricos (totalmente sustentáveis).

Outros meios, como trens e metrôs, também são exemplos de transportes que, se aliados às
tecnologias, trazem grandes resultados de sustentabilidade ao planeta.

ACONTECEU

Em setembro de 2018, na Alemanha, aconteceu o lançamento dos primeiros trens sustentáveis


movidos à hidrogênio. Inicialmente, serão operados em regime de teste, percorrendo trajetos entre
algumas cidades, apenas. Para saber mais, leia a matéria redigida por Souza (2018), a qual pode ser
consultada no seguinte link: https://bit.ly/3doTHji. Acesso em: 27 out. 2019.

3.4.2. Principais Tecnologias Empregadas para Tornar o Transporte mais Sustentável

Ao conhecer a importância da aplicação de tecnologia para o desenvolvimento sustentável dos


transportes, no Quadro 3.3, são apresentadas algumas tecnologias que já estão sendo empregadas
em determinados países.

Quadro 3.3 – Vantagens e desvantagens de alguns transportes sustentáveis

Tipo de transporte Vantagens Desvantagens


Carro elétrico Motor à bateria; não produz poluentes; Baixa autonomia.
altamente econômico; custo de
manutenção reduzido; silencioso.

Carro híbrido Motor à bateria e a combustível; baixo Valor de compra elevado; modo
consumo; silencioso (FURLANI, 2019). elétrico com baixa autonomia
(FURLANI, 2019).

Bicicleta elétrica Praticidade; rapidez; incentiva atividade No Brasil, falta legislação.


física; não emite poluentes.

Patinete elétrica Deslocamento rápido; não emite No Brasil, falta legislação.


poluentes.

Fonte: Elaborado pelo autor.

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SAIBA MAIS

O veículo híbrido surgiu, aproximadamente, em 1896. Estranhou? Pois é, esse modelo não foi idealizado
nos tempos atuais. Para conhecer um pouco mais sobre essa antiga invenção e sobre os veículos
híbridos, leia a matéria de Furlani (2019), a qual pode ser consultada no seguinte endereço eletrônico:
https://www.noticiasautomotivas.com.br/como-funcionam-os-carros-hibridos/. Acesso em: 28 out. 2019.

Nesse sentido, sempre que a tecnologia automotiva se aliar à sustentabilidade, o meio ambiente
agradecerá.

3.4.3. Os Facilitadores e as Barreiras do Desenvolvimento Tecnológico na Área do Transporte

Nos últimos anos, a tecnologia se transformou em uma grande aliada das empresas que passaram
a desfrutar dos benefícios em todos os segmentos do mercado. Por esse motivo, iniciaremos esse
tema discutindo a aplicação da tecnologia no transporte de cargas.

É indiscutível o impacto positivo dentro da rotina das empresas de transporte. Com o apoio
tecnológico, tem sido possível melhorar a eficiência dos deslocamentos, gerenciar o transporte,
gerenciar sistemas de roteirização, rastrear e monitorar automóveis, além de gerenciar armazéns.

Os avanços tecnológicos aplicados aos veículos de carga só os favoreceram. Atualmente, as


empresas conquistam modernidade, fazendo economia e tornando as operações de transporte mais
confortáveis. A ergonomia dos caminhões e os sistemas de segurança (como os que mantêm na
faixa correta ou efetuam a frenagem para evitar colisão) são exemplos das aplicações tecnológicas.

Além disso, a tecnologia eleva o nível de sustentabilidade desses veículos, pois são, ao mesmo
tempo, modernos e menos poluentes. Já são aplicados diversos sistemas de controle de emissão
de poluentes.

Ao pensar, agora, no âmbito geral, o uso da tecnologia carrega consigo fatores que impactam a
economia, o meio ambiente e a sociedade, de forma altamente positiva. Reduções como a de custos
gerais, de emissão de poluentes, de ruído e ganho de qualidade de vida no dia a dia das pessoas
são os facilitadores para a adoção dos recursos tecnológicos.

Há, todavia, barreiras, as quais também podem ser tecnológicas. Contudo, os interesses de
grupos específicos e estrutura das cidades, entre outros, ainda são as dificuldades maiores.

EXPLORE MAIS

Para que seja possível entender um pouco mais sobre barreiras, Maluf (2013) apresenta as barreiras
comerciais e os desafios do transporte sustentável no Brasil. Consulte o seguinte endereço eletrônico:
https://bit.ly/3duiYIV. Acesso em: 28 out. 2019.

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3.4.4. Veículos Elétricos e Autônomos e a sua Relação com o Transporte Sustentável

Os veículos elétricos são aqueles movidos por motor elétrico, ou seja, utilizam energia elétrica como
combustível. A finalidade deles é movimentar as pessoas, poluindo muito menos o nosso planeta.

Atualmente, temos carros, ônibus, trens, caminhões, bicicletas, patinetes, todos com versões
que utilizam energia elétrica, sendo os trens e os ônibus aqueles que a usam há mais tempo.

Um carro elétrico, por exemplo, em comparação aos carros convencionais, possui as seguintes
diferenças: bateria elétrica, regulador do motor e motor elétrico.

A bateria trabalha com corrente elétrica alternada e contínua. A tecnologia aqui aplicada faz
com que a energia gerada pelos freios seja devolvida à bateria, sendo uma forma de manter o
“abastecimento” do carro.

O regulador e o motor, em resumo, funcionam assim: o regulador capta a energia presente na


bateria e a transmitirá ao motor elétrico, gerando potência. Ao acionar o pedal do acelerador, um
potenciômetro será ativado; a força aplicada é medida, transmitindo-a para o regulador, de modo
a determinar o uso de mais ou menos energia.

Normalmente, todos os carros elétricos possuem ao menos dois potenciômetros. Caso um deles
seja danificado, o outro passa a ser utilizado para que o carro não seja afetado. Logo, se os dois
estiverem em valores diferentes, não haverá movimento e o sistema ficará inválido.

Figura 3.5 – Carro elétrico: uma alusão ao seu impacto ambiental

Fonte: Elnur Amikishiyev / 123RF.

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O transporte elétrico é visto como um grande benefício ao meio ambiente (Figura 3.5), por isso
é considerado um transporte sustentável. Entre os benefícios proporcionados, temos o fato de
que é um veículo silencioso, utiliza combustível de fontes renováveis e emite pouca quantidade de
poluentes na atmosfera.

Aos poucos, esses veículos ganharão espaços maiores nas cidades. Ademais, pensando na saúde
da população e do meio ambiente, serão estrategicamente fundamentais. Referente às questões
relacionadas aos congestionamentos, estes somente ajudarão se os meios coletivos forem mais
utilizados. Daí, acredite: a sociedade caminhará à perfeição no requisito transporte.

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FECHAMENTO

Nesta unidade, estudamos, caro(a) estudante, a relação entre transporte e sustentabilidade. Ao


unir esses dois conceitos, fica entendido que o transporte sustentável, em suma, nada mais é do
que movimentar pessoas e/ou cargas sem prejudicar o meio ambiente.

Estudamos os conceitos de sustentabilidade, assim como os seus princípios ambientais, sociais


e econômicos. O princípio ambiental remete aos cuidados que os meios de transporte precisam
adotar para preservar o meio ambiente. O princípio social, por sua vez, determina como os transportes
afetam a sociedade na atualidade e como afetarão a sociedade no futuro, sem abalar as próximas
gerações. Já o princípio econômico precisa que os transportes transformem os seus serviços em
valor monetário, girando a economia, sem impactar, negativamente, a sociedade e o meio ambiente.

Historicamente, vimos que existem relatos de batalha entre homem e natureza desde as primeiras
civilizações. Mais adiante, já no Brasil, após a sua descoberta pelos portugueses, a vegetação
se tornou um obstáculo a ser superado, dando início à derrubada do pau-brasil como forma de
exploração para exportação.

Depois, tivemos a primeira Revolução Industrial marcada pelo desenvolvimento das máquinas a
vapor e a exploração dos recursos naturais que tomou proporções enormes. Discutimos, também,
sobre a invenção do motor à combustão, o domínio da eletricidade, além do crescimento econômico
que disparou, mas que, juntamente com ele, surgiram enormes problemas por falta de consciência
ecologicamente viável e socialmente igual.

Já na Segunda Revolução Industrial, momento no qual a ganância estava instaurada, os homens


pensavam: “onde há poluição, há dinheiro”. Por causa disso, não percebiam os efeitos colaterais
gerados pelo modelo industrial.

Na segunda metade do século XX, nos anos de 1960 e 1970, o homem dá o primeiro sinal de
que está por acabar com o planeta; deu-se início às grandes reflexões sobre os danos causados ao
meio ambiente, acontecendo as primeiras ações de prevenção. Ademais, a ONU, em 1972, começa
a fomentar um debate em Estocolmo, na Suécia, conhecido como a Primeira Conferência Mundial
sobre o Homem e o Meio Ambiente das Nações Unidas.

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Por intermédio da conscientização do homem e da postura que resolveu adotar em relação ao
meio ambiente, o mundo passou a se juntar por mais vezes, a fim de discutirem o que fazer para
diminuírem, ou eliminarem, os impactos causados à natureza.

Em 1992, no Rio de Janeiro, é realizada a segunda Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento, conhecida como Rio-92 ou Eco-92, ou, ainda, por Cúpula da Terra.

Nesse momento, a comunidade política internacional admitiu que o desenvolvimento


socioeconômico, com a utilização dos recursos da natureza, tinha de conciliar. Na época, o ambiente
político internacional favoreceu a aceitação de que os países em desenvolvimento receberiam apoio
financeiro e tecnológico, a fim de buscarem outra forma de desenvolvimento.

A partir daí, a sociedade vem tentando várias formas de manter o transporte em funcionamento,
mas sem causar tanto impacto ao meio ambiente. Como exemplo, no Brasil, há o uso do etanol
anidro misturado na gasolina, que faz com que a queima dela emita menos gases poluentes. Ou,
até mesmo, do uso do etanol puro, que, além de emissão menor de poluente, é oriundo de uma
fonte renovável.

A utilização dos meios de transportes coletivos, como trens e metrôs, é muito significativa em
grandes centros devido à quantidade de pessoas que circulam neles. Isso evita que as ruas fiquem
intransitáveis por causa dos carros e o ar sobrecarregado de tanto gás e partículas contaminantes.

Mais recentemente, outros meios de transporte que vêm sendo utilizados, cada vez mais, são as
bicicletas, os patinetes, os patins e os skates. Muitas cidades já investem em estrutura e condições de
utilização desses meios. Além de não emitirem nenhum poluente, ou seja, serem 100% sustentáveis,
garantem ao usuário a prática de uma atividade esportiva, impactando, diretamente, em sua saúde.

Todavia, mesmo nesse momento de preocupação e de busca por alternativas, o carro ainda é o
maior protagonista entre os meios de transporte. Associado a isso, temos a tecnologia, que a cada
momento evolui com mais rapidez e ajuda esses meios a se desenvolverem na mesma velocidade.

Já são desenvolvidos veículos nos quais o combustível é a eletricidade, tornando-os extremamente


sustentáveis. Como benefícios, não geram poluentes à atmosfera e não emitem ruído.

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Na Alemanha, por exemplo, já são testados trens abastecidos por hidrogênio, que têm como
resultado de sua utilização o vapor de água; ou seja, além de serem sustentáveis, garantem o
deslocamento de diversas pessoas ao mesmo tempo, diminuindo a quantidade de veículos nas ruas.

Nesse sentido, a sustentabilidade está se fortalecendo a cada ano que passa. Mas o principal
fator aqui (aquele que determinará se essa evolução acelere ou não e se as próximas gerações
terão os seus direitos intactos ou não) é a consciência humana. Esta precisa evoluir e entender
como cada indivíduo é afetado, mesmo que isso possa atingir o interesse de alguns. Isso, há muito
tempo, tornou-se uma questão de sobrevivência.

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UNIDADE 4

INTRODUÇÃO
Após a compreensão das definições e dos princípios de sustentabilidade, do funcionamento dos
transportes sustentáveis e dos impactos do desenvolvimento tecnológico nos meios de transporte,
chegou o momento de entender a aplicação desses conceitos em projetos de Sistemas Inteligentes
de Transporte e nos Polos Geradores de Viagens (PGV).

Nesta unidade, apresentamos informações sobre os aspectos gerais dos Sistemas Inteligentes
de Transporte e um projeto relacionado a isso. Ademais, abordamos conceitos básicos sobre os
Polos Geradores de Viagens e os impactos causados por eles.

Ao final desta aula, você será capaz de:

• entender as definições relativas aos Sistemas Inteligentes de Transporte e a importância da


sua adoção;
• conhecer as características do projeto de um Sistema Inteligente de Transporte;
• compreender o que são Polos Geradores de Viagens e os seus impactos.

4. SISTEMAS INTELIGENTES DE TRANSPORTE


E POLOS GERADORES DE VIAGENS
Esta é a última unidade da disciplina. Nela, serão abordados os aspectos gerais dos Sistemas
Inteligentes de Transporte (Intelligent Transport Systems – ITS) e a elaboração de um projeto
envolvendo esse sistema. Além disso, serão estudados os Polos Geradores de Viagens (PGV) e os
impactos gerados por eles. Vamos lá?

4.1. Sistemas Inteligentes de Transporte: Aspectos Gerais


Os Sistemas Inteligentes de Transporte evoluíram aceleradamente com base no desenvolvimento
tecnológico, o que foi revolucionário para a mobilidade urbana. O uso dos computadores pessoais,
somado à globalização das atividades econômicas, permitiu que os recursos de ITS fossem
assimilados com extrema facilidade por qualquer nível de usuário.

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A grande utilização de ITS na operação e a gestão da mobilidade urbana, por meio de várias
ferramentas, com aplicações que geram impacto direto em âmbito local e em toda a sociedade global,
estão associadas aos setores industriais de produção de eletrônicos. Nesses setores, são desenvolvidos
produtos diversos, incluindo o GPS (Global Positioning System), para veículos de vários tipos, assim
como a indústria de software e aplicações na criação de sistemas de controle e gestão de tráfego em
cidades como São Paulo, Tóquio, Nova Iorque e Londres. São realizados, também, grandes investimentos
em pesquisa e investigação de temas relacionados a cidades e a deslocamentos humanos.

Em paralelo, setores como os de comunicações móveis e telefonia celular, microeletrônica,


tecnologia de simulação, controle, telemetria e processamento de dados acompanham esse
desenvolvimento e evoluem cada vez mais.

No Brasil, o ITS foi popularizado pela introdução de sistemas de bilhetagem eletrônica nos
transportes públicos urbanos e pela adoção de sistemas de monitoramento de frotas de transporte
de carga. O que impacta, aqui, é que os investimentos em ITS ainda são modestos e não estão
associados a uma política pública de desenvolvimento a longo prazo. Apesar da falta de apoio
governamental e dos recursos financeiros limitados, o setor vem alcançando um elevado nível de
maturidade no processo de concepção do projeto e na implantação de ITS.

4.1.1. Definição de Sistema Inteligente de Transporte

Um Sistema Inteligente de Transporte é qualquer sistema tecnológico que seja aplicado para
a resolução de problemas comuns relacionados ao transporte, tais como: falta de informação e
planejamento, congestionamentos, contingências, entre outros. Internacionalmente, já foi demonstrado
que a implantação de um Sistema Inteligente de Transporte é uma forma estratégica de otimizar
investimentos e que um planejamento adequado envolvendo engenharia é de extrema importância
para que a sua execução seja rentável e sustentável.

4.1.2. Diferenças entre os Sistemas Convencionais e os Sistemas Inteligentes de Transporte

Resumidamente, a diferença está na forma de utilização de cada transporte. No sistema


convencional, o transporte é usado sem planejamento algum e demasiadamente. Já no sistema
inteligente, a utilização do transporte é planejada, buscando a sua otimização por meio de variados
recursos. Essa diferença entre os dois sistemas traz grandes impactos para o meio ambiente:
negativo no convencional, e positivo no inteligente.

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Assim, o Sistema Inteligente de Transporte ajuda a racionalizar investimentos, reduzir custos
operacionais, aperfeiçoar funcionalidades, melhorar o gerenciamento do transporte urbano e de
carga e atenuar o impacto ambiental, diminuindo a emissão ou o consumo de combustível.

Os Sistemas de Transporte Inteligente compreendem:

• centros de controle multimodal e operações;


• sistemas avançados de sinalização do trânsito;
• sistemas de monitoramento e fiscalização remotos (câmeras, sensores, sondas e softwares);
• gerenciamento de estacionamento e de incidentes de tráfego;
• respostas de emergência;
• pagamento eletrônico;
• precificação dinâmica;
• informações do usuário em tempo real.

Muitas cidades brasileiras já estão realizando investimentos em ITS. O objetivo é ampliar a


capacidade de sua infraestrutura, de modo a atender ao crescimento do número de veículos e da
população.

4.1.3. Relação entre os Sistemas Inteligentes de Transporte e o Transporte Sustentável

A origem dos Sistemas Inteligentes de Transporte não está respaldada apenas na relação
econômica e social, mas também na necessidade de criar formas de movimentar pessoas e cargas,
sem causar grandes impactos ao meio ambiente. Dessa forma, os meios de transporte, aos poucos,
vão incorporando tecnologias para que sejam capazes de se movimentar com o uso parcial ou
nenhum de combustíveis fósseis, por exemplo.

Ao recordar o assunto sobre transporte sustentável, tratado na unidade anterior, certamente será
possível reconhecer que a relação existente entre um sistema inteligente e o transporte sustentável
é imensa, afinal, um dos maiores aliados da sustentabilidade é o desenvolvimento tecnológico,
principalmente a eletroeletrônica associada à internet. Nessa acepção, não tem como pensar em
Sistema Inteligente de Transporte sem pensar em transporte sustentável: são praticamente sinônimos.

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4.1.4. Aplicações dos Sistemas Inteligentes de Transporte no Brasil

O Sistema Inteligente de Transporte no Brasil tem como marco a cidade de Curitiba, a qual, a
partir de 1974, desenvolveu a utilização do transporte urbano coletivo de forma organizada e com
foco no passageiro. Mesmo não tendo a tecnologia atual disponível na época, a cidade se tornou
referência no mundo com o formato criado, que é utilizado atualmente (a próxima seção desta
unidade trará mais detalhes sobre o assunto).

Com o uso de tecnologias, o destaque em âmbito nacional foi a introdução da bilhetagem


eletrônica no transporte público, por meio do uso de cartões. Isso aconteceu por volta do ano 2000,
dando início à utilização de ITS no Brasil. A seguir, na Figura 4.1, tem-se a ilustração da bilhetagem
nos ônibus por intermédio de cartões.

Figura 4.1 - O início da bilhetagem eletrônica

Fonte: Olena Kachmar / 123RF.

Depois disso, o setor logístico do país desenvolveu diversos trabalhos utilizando ITS, o que garantiu
grandes retornos financeiros, por meio do rastreamento, da rapidez, do aumento na qualidade da
entrega, entre outros aspectos. Atualmente, esses recursos são utilizados de várias maneiras para
auxiliar os meios de transporte e os seus usuários.

4.2. Projetos de Sistemas Inteligentes de Transporte


Conforme já salientado, os Sistemas Inteligentes de Transporte são facilmente associados
ao desenvolvimento tecnológico e à internet. Aqui no Brasil, mais especificamente em Curitiba,
foi elaborada uma estrutura de transporte coletivo que virou referência e é adotada por diversos
lugares no mundo.

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Essa estrutura começou a ser implantada em 1970. Os eixos Norte e Sul receberam canaletas
exclusivas para o ônibus expresso, especialmente projetado para esse sistema, que passou a
funcionar em 1974. As ruas paralelas aos eixos se transformaram em vias de tráfego rápido e as
laterais das canaletas em vias de tráfego lento. Na Figura 4.2, essa estrutura é demonstrada.

Figura 4.2 - Estrutura do tráfego em Curitiba

Fonte: Biocidade - Prefeitura da Cidade de Curitiba (2019, on-line).

Os ônibus alimentadores dos bairros mais distantes ganharam terminais de integração e


completaram o sistema.

SAIBA MAIS

Toda essa estrutura elaborada em Curitiba tornou a cidade referência no uso do transporte público. Os ganhos
da cidade, no entanto, ultrapassaram a esfera da mobilidade. Descubra um pouco mais no seguinte endereço
eletrônico, proveniente da Prefeitura de Curitiba (2019): http://www.biocidade.curitiba.pr.gov.br/biocity/33.html.
Acesso em: 29 nov. 2019.

Entretanto, ao pensar o Sistema Inteligente de Transporte como sendo a integração entre transporte
e tecnologia (mais especificamente a internet), é preciso lembrar que a bilhetagem eletrônica foi
o primeiro caso de sucesso no Brasil, no ano 2000. Por meio da bilhetagem eletrônica, o usuário
do transporte público reduziu o uso de dinheiro nos ônibus, o que agilizou o acesso e aumentou
a segurança em relação a assaltos, tanto para ele quanto para a empresa de ônibus. Além disso,
passou a existir a possibilidade de integração entre linhas de ônibus ou entre meios de transportes,
como ônibus e trem ou metrô, com a cobrança de um valor menor ou até nulo pela transferência.

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Os sistemas de pagamento no transporte público por meio do uso de ITS apresentaram várias
novidades tecnológicas nos últimos anos. A mais recente é a possibilidade de pagamento com cartões
bancários. Conhecidos como cartões EMV (padrão de segurança desenvolvido pelas empresas
Europay, MasterCard e Visa - daí a sigla), eles possuem um chip inteligente, interagindo com a
tecnologia contactless (sem contato) dos novos validadores instalados a bordo dos ônibus. Essa
tecnologia permite o pagamento da tarifa pela simples aproximação do aparelho celular, desde que
essa função esteja habilitada (Figura 4.3). O símbolo de internet sem fio nos aparelhos mostra se a
tecnologia está disponível ou não no veículo e propicia mais uma forma de pagamento ao usuário.

Figura 4.3 - Pagamento por meio da tecnologia envolvendo o aparelho celular

Fonte: Olena Kachmar / 123RF.

Brasília é a cidade mais recente a adotar a nova tecnologia contactless. Dessa forma, a capital
federal se une ao Rio de Janeiro (RJ), à Curitiba (PR) e à Jundiaí (SP), cidade esta que, até dezembro
de 2019, terá 100% da sua frota de ônibus urbano operando por contactless e conquistará o título
de primeira cidade da América Latina com essa tecnologia.

CURIOSIDADES

Eu nasci em Campinas e, desde 2002, moro na cidade de Jundiaí (são 45 km de distância entre as
cidades). Durante esses anos, já necessitei do transporte urbano da cidade e acompanhei, de perto,
uma parte dessa evolução. Desde 2017, a cidade dispõe de um aplicativo criado pela prefeitura, que
trata de assuntos gerais do município. No endereço eletrônico a seguir, proveniente da Prefeitura de
Jundiaí (2019), o uso do aplicativo pelos munícipes, com foco no transporte público, é evidenciado:
https://jundiai.sp.gov.br/noticias/2019/10/18/app-jundiai-tem-funcao-que-ajuda-na-mobilidade-dos-usuarios/.
Acesso em: 1 dez. 2019.

Nas demais cidades, a implantação da tecnologia está em curso. No Rio de Janeiro, está sendo
feita no metrô; em Curitiba, acontece a migração do sistema de cartões de transporte com bandeira
para o sistema de cartões bancários.

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4.2.1. Características Básicas de um Sistema Inteligente de Transporte

Os ITS estão relacionados às tecnologias eletrônicas e de informações pautadas em comunicação


com ou sem fio. Quando integradas à infraestrutura do sistema de transportes e aos próprios
veículos, tais tecnologias possuem potencial para amenizar congestionamentos e aumentar a
segurança e a produtividade.

Esses sistemas utilizam tecnologias de processamento de informação e comunicação,


sensoriamento, navegação e tecnologia de controle. Eles estão aplicados à melhoria do gerenciamento
e da operação dos sistemas de transportes, ao aumento da eficiência no uso das vias, à ampliação
da segurança viária, ao crescimento da mobilidade e à redução dos custos sociais, por meio da
diminuição do tempo de espera ou tempo perdido e dos impactos ambientais (SILVA, 2000).

De maneira geral, os ITS devem prover uma ligação inteligente entre os usuários dos sistemas
de transportes, os veículos e a infraestrutura.

4.2.2. Requisitos Necessários para a Implantação de um Sistema Inteligente de Transporte

O requisito básico para a implantação de um ITS é o planejamento, afinal, tudo o que envolve
tecnologia apresenta um custo elevado. Ao partir desse pressuposto, o interessado deve levantar
informações para, inicialmente, verificar a relação custo-benefício dessa implantação. Se essa
relação for positiva, deve-se, então, dar sequência ao planejamento, adquirindo conteúdo suficiente
para elaborar ações de implantação, executá-las e, posteriormente, colher os frutos do trabalho. Na
próxima seção, esse planejamento será abordado mais detalhadamente.

4.2.3. Passos para o Planejamento de um Sistema Inteligente de Transporte

Para que um ITS seja utilizado, ele precisa ser estudado. Esse estudo (ou planejamento) deve
seguir alguns passos para que haja sucesso. Observe o Quadro 4.1.

Quadro 4.1 - Detalhamento de uma matriz ITS

Etapa Características
Avaliação do ITS Analisar a infraestrutura atual de transportes
e formar grupos atuantes para acompanhar o
processo de ITS nas etapas seguintes. Possui
três fases diferentes.

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Etapa Características
Elaboração do projeto de ITS Desenhar o ITS. É dividido em duas etapas:
definição do que o ITS fará e do seu
funcionamento.

Execução e implantação do ITS Executar o projeto de ITS, implementando a


infraestrutura projetada ou reutilizando a atual,
de modo a atender às necessidades do projeto.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Na primeira etapa, as três fases citadas são:

• comissão de avaliação da estratégia do ITS: é responsável pela avaliação inicial do ITS. Acompanhará
todo o processo, desde a avaliação inicial até a execução e implantação do projeto;
• análise do ITS: tem como objetivo identificar o nível de preparo para o ITS e avaliar os sistemas
já implantados, quando estes existirem. Após avaliar a situação atual, é necessário identificar
o que será alcançado. Por fim, surgirá um roteiro de atividades para subsidiar a estratégia de
ITS a ser desenvolvida;
• identificação dos atores do ITS: acontece em função da situação desejada e das áreas de ITS
identificadas. Esse processo deverá ser repetido para cada uma das atividades identificadas
na avaliação de maturidade do ITS.

Na segunda etapa, as duas fases citadas são:

• projeto básico do ITS: traduz as atividades geradas pela avaliação da estratégia, identificando,
geralmente, as necessidades dos usuários e as suas capacidades, de forma a determinar o
que será feito;
• projeto executivo do ITS: traduz o projeto básico da fase anterior em um ITS detalhado, com
as especificações do funcionamento do sistema.

A última etapa, de fase única, consiste em executar o projeto do ITS e implantá-lo.

4.2.4. Características para o Sucesso da Execução do Projeto de um Sistema Inteligente de


Transporte

Após entender o planejamento de um ITS, é importante compreender algumas características


dos projetos que são bem elaborados. Normalmente, as melhores práticas estão relacionadas à
abordagem de engenharia de sistemas, compatibilidade, escalabilidade, interoperabilidade, integração
e padronização. No Quadro 4.2, essas características são apresentadas de forma detalhada.

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Quadro 4.2 - Características de um ITS bem projetado

Melhores práticas Características

Abordagem de engenharia de sistemas • Grande e complexa.


• Composta por tecnologias da informação já
existentes no país (fibra óptica, banda larga, micro-
ondas, Wi-Fi etc.) ou por tecnologias específicas de
ITS (ETC, V2V, V2I, sinalização inteligente, GPS etc.).
• Metódica;
• Bem controlada.

Compatibilidade • Funciona mesmo quando componentes do software


ou do hardware são substituídos ou atualizados.
• Tem funcionalidades e interfaces com especificações
claras e coerentes.

Escalabilidade • Sistema lida com maiores volumes de trabalho.


• Opera em locais adicionais.
• Incorpora novas tarefas sem grandes alterações/
modificações de software no sistema central.
• Depende de um bom projeto de sistema e de
compatibilidade entre os componentes.

Interoperabilidade • Dois sistemas separados podem ser interligados


para trabalhar juntos, sem interferências.
• Pode ser complicado quando um único operador
utiliza vários sistemas.

Integração • Harmoniza e estabelece interconexões de múltiplos


sistemas.
• Pode ser eficaz se planejada com antecedência.
• Pode gerar economias significativas.
• É mais complexa.
• Integrar aplicações existentes é mais difícil do que
elaborar do zero.

Padronização • Facilita o desenvolvimento e a implantação do


sistema.
• Funcionamento coerente entre os diferentes modelos
de dados, interfaces e funções.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Diante do exposto, ao seguir as melhores práticas evidenciadas, certamente o projeto de qualquer


ITS atingirá o sucesso.

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4.3. Polos Geradores de Viagens (PGV): Conceitos Básicos
Problemas de congestionamento são cada vez maiores e estão recebendo atenção especial
das autoridades, da comunidade científica e dos técnicos de trânsito e transporte. A precariedade
do transporte público no Brasil, aliada à insegurança pública, faz do automóvel particular o meio
de transporte preferido da população, tornando as cidades cada vez mais saturadas.

Além disso, a construção de empreendimentos denominados Polos Geradores de Viagens (PGVs)


promove o carregamento das vias pelo fato de gerarem no seu entorno uma demanda considerável
de viagens, de modo a perturbar o trânsito e causar interferências na circulação viária.

Nas seções seguintes, serão vistos os Polos Geradores de Viagens, sendo abordados, basicamente,
conceito, características, importância e impactos gerados pelo PGV.

4.3.1. Definição de Polos Geradores de Viagens

Os PGVs são empreendimentos residenciais ou comerciais que desenvolvem atividades muito


atrativas para a população e, com isso, geram um grande número de viagens. Dessa forma, tornam-se
necessários grandes estacionamentos, além de locais específicos para carga e descarga e embarque
e desembarque, causando potenciais impactos. São exemplos de PGVs: shoppings, universidades,
hospitais, escritórios de negócios, hipermercados, centros de convenções, residenciais habitacionais
etc. Esses empreendimentos atraem um grande número de usuários que, independentemente da
condição social, optam pelo modal de transporte motorizado particular, público ou de aluguel.

Conforme afirma Manica (2013), para o Departamento Nacional de Trânsito,

[...] os polos geradores de tráfego são empreendimentos de grande porte que atraem ou
produzem um grande números de viagens, causando reflexos negativos na circulação
viária em seu entorno imediato e, em certos casos, prejudicando a acessibilidade de
toda a região, além de agravar as condições de segurança de veículos e pedestres
(MANICA, 2013, p. 18).

4.3.2. Importância do Estudo dos Polos Geradores de Viagens

Os estudos elaborados a respeito dos PGVs são realizados antes e depois (se necessário) da origem
do empreendimento. Por meio desse estudo, é possível identificar como o novo empreendimento
afetará a qualidade de vida das pessoas que vivem naquela região, considerando os aspectos social
e econômico, além de transporte, circulação etc.

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SAIBA MAIS

As necessidades relacionadas à mobilidade urbana podem surgir a qualquer momento. Às vezes,


alterar o sentido de uma avenida pode ser providencial para evitar congestionamentos em áreas onde
existam PGVs. No endereço eletrônico a seguir, tem-se uma matéria proveniente do Portal G1 CE
(2019), que aborda essa situação: https://glo.bo/31e9nmU. Acesso em: 30 nov. 2019.

Para entender a importância de um PGV, serão usados os shoppings como exemplo. Estes estão
se expandindo pelas cidades e proporcionam vários benefícios, como espaço compartilhado de lazer,
entretenimento, compras, negócios, emprego e renda. Apesar disso, os shoppings também atraem
uma demanda considerável de viagens, motorizadas ou não, o que causa impactos principalmente
no trânsito e no sistema de transporte.

4.3.3. Características dos Polos Geradores de Viagens

Segundo Diniz et al. (2018), conforme cada local apresenta características e realidades próprias,
a Lei nº 12.587 (BRASIL, 2012) instituiu o Estudo de Impacto no Trânsito (EIT) como instrumento
da Política Nacional de Mobilidade Urbana de regulação do território, além do Plano de Mobilidade
Urbana (PMU) como ferramenta de efetivação da Política Nacional que contempla os princípios, os
objetivos e as diretrizes dessa Lei. Os PGVs receberam atenção especial dessa legislação, justamente
por causarem diversas interferências no entorno do local de implantação.

De acordo com Manica (2013), o Departamento Nacional de Trânsito propõe que os PGVs sejam
classificados em três tipos, considerando o tamanho do empreendimento: pequeno, médio e grande.
No Quadro 4.3, essas classificações podem ser verificadas.

Quadro 4.3 - Classificação dos PGVs

Classificação Tamanho

Pequeno Até 100 m2 de área

Médio De 100 m2 até 400 m2 de área

Grande Mais de 400 m2 de área

Fonte: Adaptado de Manica (2013).

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4.3.4. Principais Tipos de Polos Geradores de Viagens

Os empreendimentos classificados como PGVs podem ter diferentes tipos de atividades. Estas,
por sua vez, podem ser classificadas em categorias, de acordo com o uso do solo, como apresentado
no Quadro 4.4.

Quadro 4.4 - Tipos de PGV por uso do solo

Categoria Utilização

Habitacional Moradia (condomínios de prédios ou casas).

Comunitário Atividades da comunidade (parques e áreas de eventos públicos).

Comercial e de serviço Agrupamento de atividades comerciais e de serviços (shoppings).

Industrial Produção de bens de consumo (indústrias).

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.4. Impactos Causados pelos Polos Geradores de Viagens


Um empreendimento PGV certamente impactará o que está ao seu redor. Na sua elaboração,
cabe analisar como esses impactos podem ser mais positivos do que negativos.

Um PGV bem analisado e planejado minimiza, ou até elimina, os possíveis impactos negativos,
aumentando a importância do empreendimento naquele lugar para a sociedade.

ACONTECEU

Uma discussão sobre o desenvolvimento do setor Noroeste da cidade de Araraquara é apresentada no


endereço eletrônico a seguir, o qual é proveniente do Portal G1 São Carlos e Araraquara. Consulte-o e
entenda como isso afeta os envolvidos: https://glo.bo/3hWPeI0. Acesso em: 7 nov. 2019.

Os impactos dos PGVs podem se refletir na mobilidade urbana, nos fatores socioeconômicos,
no uso do solo, no meio ambiente, entre outros. Nas seções seguintes, serão abordadas cada uma
dessas possibilidades de impacto.

4.4.1. Impactos dos Polos Geradores de Viagens para a Mobilidade Urbana

Ao serem analisados os impactos causados à mobilidade urbana ao redor de um PGV,


provavelmente o resultado será mais negativo do que positivo. No entanto, se o empreendimento
tiver sido planejado com base na mobilidade urbana, certamente a sua implantação será positiva.

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Durante a análise do projeto, todos os pontos que interfiram nesse aspecto precisam ser considerados
para que sejam tomadas ações que facilitem a mobilidade ao redor do empreendimento.

Caso essa análise não seja consistente, provavelmente haverá impactos negativos, como
congestionamentos, redução do espaço dos pedestres e poluição sonora, além de conflitos entre o
trânsito de passagem (aquele que circunda o PGV) e o acesso ao empreendimento, que será dificultado.

4.4.2. Impactos Socioeconômicos dos Polos Geradores de Viagens

Os impactos socioeconômicos dependem do tipo de empreendimento. Estes são muito positivos


no caso de empreendimentos comerciais devido à geração de empregos (renda) e ao atendimento
da necessidade comercial e de serviços da região. Já no caso de empreendimentos habitacionais, o
impacto é mais negativo. Além do consumo do solo, faz-se necessário levar até o empreendimento
os serviços básicos de água, esgoto, energia, asfalto e transporte.

4.4.3. Impactos dos Polos Geradores de Viagens sobre o Uso do Solo

Quanto ao uso do solo, o impacto causado é negativo. Isso porque, cada vez mais, os espaços
disponíveis são urbanizados, reduzindo o espaço agrícola e de vegetação, ao ocasionar, além de
tudo, impactos ambientais.

As necessidades mais comuns dos PGVs que utilizam o solo são as áreas de estacionamento,
de carga e descarga e de embarque e desembarque. Além, é claro, da própria instalação do
empreendimento, conforme mostra a Figura 4.4.

Figura 4.4 - Ocupação do solo por um shopping

Fonte: Chris Cook / 123RF.

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4.4.4 Impactos Ambientais dos Polos Geradores de Viagens

Quando o tema é meio ambiente, é certo que um empreendimento PGV cause impactos negativos.
O motivo principal é a ocupação pela urbanização, assim como o uso do solo: ambos diminuem a
área verde com os desmatamentos e a ocupam com veículos e PGVs.

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FECHAMENTO

Nesta unidade, foi possível constatar que um Sistema Inteligente de Transporte é utilizado para a
resolução de problemas comuns relacionados ao transporte e que a sua implantação é estratégica.

De acordo com a utilização do transporte, ele pode ser classificado como convencional ou
inteligente. O convencional é usado sem planejamento; já o inteligente, com o devido planejamento.
Essa diferença entre eles afeta o meio ambiente de forma negativa e positiva, respectivamente.

No Brasil, o primeiro Sistema Inteligente de Transporte surgiu em Curitiba, especificamente


quando foi elaborado um sistema de trânsito com foco na mobilidade das pessoas por meio dos
ônibus. Anos se passaram e chegou ao país a tecnologia da bilhetagem eletrônica, que é utilizada
atualmente. Na cidade de São Paulo, por exemplo, esse sistema funciona integrando trens, metrôs
e ônibus, o que facilita o acesso dos usuários e acelera o embarque em cada meio de transporte.

Para que um projeto de ITS seja implantado com sucesso, é imprescindível um planejamento
bem detalhado antes da sua execução. É por meio desse planejamento que será possível identificar
pontos críticos de implantação ou utilização e tratá-los, antes que causem algum tipo de impacto
que atrapalhe o desenvolvimento do projeto.

Os Polos Geradores de Viagens (PGV), por sua vez, são empreendimentos de grande porte que,
quando projetados, requerem a avaliação de fatores ambientais, socioeconômicos, industriais e
comunitários. O estudo do PGV é necessário para avaliar os impactos do empreendimento para a
sociedade, principalmente para os moradores das imediações. Cada PGV deve ter o seu estudo, já
que possuem características específicas.

Todo Polo Gerador de Viagem causa impactos na área de implantação que podem ser minimizados
se o projeto de elaboração do empreendimento estiver voltado para facilitar a mobilidade humana.
Por intermédio do planejamento e de ações detalhadas, é possível minimizar ou até eliminar
impactos, antes mesmo de o empreendimento começar a funcionar. No entanto, se não houver essa
preocupação durante a elaboração do projeto, o funcionamento do PGV poderá afetar, de maneira
negativa, tudo o que está ao redor. Certamente, resolver esses problemas depois será mais difícil
e mais caro.

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Os impactos de um PGV podem estar relacionados à mobilidade urbana, a aspectos socioeconômicos,
ao uso do solo e a fatores ambientais. Considerando apenas os impactos negativos, a mobilidade
urbana pode ser afetada devido à grande concentração de veículos, o que atrapalha a circulação
das pessoas. Quanto às atividades socioeconômicas, caso o empreendimento seja para moradia,
também há impacto, já que são necessários serviços básicos, como água, luz, asfalto e transporte.

Os impactos referentes ao uso do solo estão relacionados à urbanização das cidades, as


quais, cada vez mais, eliminam áreas verdes para atender ao crescimento populacional. Por fim,
há os impactos ambientais causados pela urbanização, justamente pelo uso excessivo de carros
particulares, pela diminuição das áreas verdes e poluição do ar e de rios, entre outros fatores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) aluno(a), chegamos ao final da disciplina. Ao longo de todo o material, foi possível
compreender o que é o transporte, bem como a sua importância e as suas características. Além
disso, foram vistos os impactos causados ao meio ambiente e os recursos que visam amenizá-
los, como os transportes sustentáveis, solução que vem se fortalecendo a cada ano, com base no
uso e na evolução da tecnologia. Para finalizar, abordou-se o assunto Polos Geradores de Viagens,
especificamente as suas definições e, principalmente, os seus impactos.

No que concerne ao exposto, é correto afirmar que a sociedade e as cidades estão evoluindo
rapidamente. Por causa disso, pensar de maneira sustentável se tornou algo obrigatório. Planejar
o desenvolvimento é crucial para que essa evolução aconteça ordenadamente. Assim, para facilitar
esse desenvolvimento, diversas formas de tecnologia surgem todos os dias, a fim de transformar
os modelos de empreendimentos a serem construídos. Compete ao homem, portanto, utilizar todos
esses recursos de modo inteligente e, primordialmente, sem afetar o meio ambiente.

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GLOSSÁRIO

Afinco – afincamento; insistência, perseverança.

Analogamente – igual, semelhante.

Bilhetagem eletrônica: conceito usado nos transportes públicos para pagamento de passagens de
forma eletrônica, utilizando cartão inteligente ou similar.

Commodities: produtos que funcionam como matéria-prima.

Ecossistema – Sistema que inclui os seres vivos e o ambiente, com suas características físico-
químicas e as inter-relações entre ambos.

Elucidar – Esclarecer, exemplificar, tornar claro.

Em suma – resumidamente, finalmente.

Enfoque – Perspectiva, modo de focalizar um assunto.

Findarem – terminar, concluir, acabar.

Híbridos – mistura de formatos, de linhagens, de variedades.

Intermodais – transportes que, para chegar ao destino, utilizam rotas diferentes (terrestre, aérea,
férrea, marítima).

Interoperabilidade: capacidade de trabalhar em conjunto, interagindo com pessoas, sistemas de


operação ou organizações e trocando informações de maneira mais eficiente e produtiva.

Introspectiva – examina o próprio íntimo, tímido.

Litosfera – Camada exterior sólida da superfície da Terra, crosta terrestre.

Logística: planejamento e realização de determinada operação.

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Modal: refere-se à forma que o transporte é feito.

Munícipe – Que ou aquele que mora em um município.

Munícipe: que ou aquele que mora em um município.

Obras viárias: obras de infraestrutura de grande porte.

Pressuposto: aquilo que se supõe antecipadamente; suposição.

Representatividade: competência de representar os interesses de um grupo de indivíduos.

Suprimido – Censurado, proibido.

Telemetria: arte de medir distâncias.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BRASIL. Lei nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012. Institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade
Urbana; revoga dispositivos dos Decretos-Leis nºs 3.326, de 3 de junho de 1941, e 5.405, de 13 de
abril de 1943, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de
1º de maio de 1943, e das Leis nºs 5.917, de 10 de setembro de 1973, e 6.261, de 14 de novembro
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MORADORES questionam mudança de lotes às margens da via José Barbieri Neto em Araraquara.
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