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Tribunal de Cristo

Thomas Lieth

“Porque importa que todos nós compareçamos perante o


tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou
o mal que tiver feito por meio do corpo” (2 Co 5.10).

Os destinatários da Segunda Carta aos Coríntios eram filhos de


Deus, pessoas renascidas que um dia estarão com o Senhor. Apesar
disso, 2 Coríntios fala de um tribunal e de um julgamento que ainda
virá. Está escrito que “todos nós” compareceremos diante
do tribunal de Cristo. O apóstolo Paulo inclui a si mesmo ao usar o
plural, nós. À primeira vista, essa passagem parece estar em
contradição com João 5.24, que diz: “Em verdade, em verdade vos
digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem
a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a
vida”. Mas essas passagens serão contraditórias apenas se não
levarmos em consideração que haverá diversos julgamentos futuros.
Em sua carta aos coríntios, Paulo está mencionando um julgamento
bem diferente daquele a que Jesus se refere no Evangelho de João.
Nós cristãos também teremos de prestar contas diante de um
tribunal. Mas neste estará em julgamento apenas nosso galardão e
não a sentença por nossos pecados. Nossa culpa foi expiada pelo
sangue do Senhor Jesus, que Ele derramou na cruz do Calvário,
onde pagou por toda a nossa culpa de uma vez por todas! “Porque,
com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão
sendo santificados... Também de nenhum modo me lembrarei dos
seus pecados e das suas iniqüidades para sempre” (Hb
10.14,17). Em Colossenses 2.13-15, a Bíblia fala que o Senhor
rasgou o escrito de dívida que era contra nós e que Ele triunfou
sobre o pecado e a morte. Existem passagens que dizem que somos
participantes dessa vitória de Cristo, por exemplo 2 Coríntios
2.14: “Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz
em triunfo...” Que triunfo seria esse se um cristão acabasse
perdendo sua salvação outra vez? Que vitória seria essa se o Deus
Todo-Poderoso, que não poupou Seu próprio Filho, permitisse que
Satanás lhe arrancasse novamente Seus filhos salvos e eleitos? Isso
não seria triunfo! Mas nós somos vencedores por meio dEle, já e
desde agora: “Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio
de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co 15.57).

Nossa culpa foi expiada definitivamente e nosso pecado está


esquecido. O escrito de dívida foi rasgado, não apenas colocado de
lado para uma cobrança futura. Isso é perdão pleno e completo! Não
há mais nada que acuse os filhos de Deus. É por essa razão que não
entraremos mais em juízo. “Quem nele crê não é julgado...” (Jo
3.18).
O Tribunal de Cristo julga o quê?
Como podemos imaginar o Tribunal de Cristo? Obviamente
qualquer tentativa de comparação é deficiente, mas eu gostaria de
traçar alguns paralelos com a premiação do Oscar. Todos os
convidados não vêm ao evento para serem insultados ou zombados;
são personalidades escolhidas e privilegiadas participando dessa
grande festa. Muitos deles são homenageados, recebem um Oscar,
um buquê de flores, um beijinho no rosto ou alguma outra distinção.
Mas nem todos recebem o prêmio máximo, que é a estatueta do
Oscar. Obviamente haverá os frustrados por terem sido preteridos
enquanto outros recebem as honrarias. Mas apesar das decepções,
todo mundo fica feliz por estar ali, participando. É algo bonito,
mesmo que os níveis de alegria e satisfação não sejam iguais para
todos.

Segunda Coríntios 5.10 diz: “importa que todos nós compareçamos


perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o
bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo”. Portanto, nossas
obras estarão em julgamento, ou seja, o que fizemos ou deixamos de
fazer com os dons e talentos que nos foram confiados – depois de
salvos. Que fruto produzimos, que semente plantamos? Essas coisas
serão reveladas no Tribunal de Cristo e condicionarão o que
receberemos como recompensa. Um cristão deve produzir fruto e
não contentar-se apenas com sua própria salvação. Deve servir com
boas obras para alegrar seu Senhor. Essa é nossa tarefa: “Pois
somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as
quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef
2.10).
Mas, o que são boas obras?
São aqueles atos e palavras que contribuem para a glorificação do
nome de Deus: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos
homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso
Pai que está nos céus” (Mt 5.16). Entendemos bem? Cada palavra e
cada ato que contribui para que o nome do Senhor seja glorificado é
uma boa obra.

O malfeitor na cruz não tinha nenhuma oportunidade de fazer o


bem, apenas sua confissão: “Nós, na verdade, com justiça,
...recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este
nenhum mal fez” (Lc 23.41). Essa foi uma boa obra, porque
glorificou o nome de Jesus. Por exemplo, se eu prego a Palavra e
depois do culto a igreja fica falando que eu sou o máximo como
pregador, então minha mensagem certamente não foi uma boa obra,
já que evidentemente desviei a atenção dos ouvintes do que é
essencial, que é o Senhor, e a dirigi à minha própria pessoa. Mas se
os ouvintes chegam à conclusão: “Como é grande o nosso Deus!
Que salvador maravilhoso nós temos! Louvado seja o nome do
Senhor!”, então essa minha mensagem foi uma boa obra. Ela
honrou o Senhor e contribuiu para Sua glória.
Qual seu alvo ao fazer boas obras?
Pergunto: No que você faz ou deixa de fazer, sua motivação é
agradar aos outros, agradar a si mesmo ou agradar ao Senhor e
exaltar o Seu maravilhoso Nome? Cada um de nós tem a
responsabilidade de usar para a glorificação de nosso grande e
Todo-Poderoso Deus todos os dons que recebeu. O que realmente
importa não é o quanto alguém faz mas a motivação de seu coração
e a consagração e fidelidade em tudo o que realiza.

“Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um


deles seja encontrado fiel” (1 Co 4.2). Deus não espera de nós atos
grandiosos e heróicos. Ele espera nossa fidelidade genuína – nada
mais e nada menos. Uma coisa é bem certa: o Senhor conhece nosso
coração. Não conseguimos enganá-lO de forma alguma. Como é
fácil ficar dizendo: “Tudo para o Senhor! Tudo para a glória de
Deus!”, enquanto nosso coração fala uma linguagem bem diferente!
No Tribunal de Cristo
Não será nossa arte dramática e nossa capacidade de representar e
fingir que estará sendo avaliada quando estivermos diante do
Tribunal de Cristo, mas a verdadeira disposição de nosso coração.
Tudo o que um cristão possui na vida é dom de Deus. E quanto mais
recebemos, mais teremos de prestar contas quando estivermos
diante de Cristo. O parâmetro não é termos tido muitos admiradores
para nossos dons ou sua apreciação e seu louvor para o que fizemos
em vida, mas se fizemos o uso correto e adequado, de coração
sincero, de tudo aquilo que o Senhor nos concedeu.

Você tem o dom de falar? Então não fique falando


superficialidades, mas proclame o Senhor ressuscitado! Você tem o
dom de escrever? Então não escreva extensos tratados de filosofia –
que tão pouco proveito trazem, mas escreva de seu Senhor! Você
tem o dom de contribuir? Então não jogue fora seu dinheiro em
caça-níqueis ou jogos de azar mas use-o para Deus! Você tem o
dom de servir? Então não sirva organizações seculares – “deixe os
mortos sepultar seus mortos” –, sirva ao Senhor. Você tem mãos
habilidosas? Então não construa uma casa sobre a areia mas na
rocha, que é Jesus! Não há igreja ou obra missionária que não seja
grata por ajuda, seja da forma que for. Entre os cristãos existem
muitas capacidades enterradas porque ficamos preguiçosos demais e
perdemos a coragem de servir. Muitos cristãos vivem sonolentos,
desperdiçando seus dons, sem usar tudo aquilo que receberam do
Senhor e que poderia contribuir tanto para a honra dEle. Assim,
muitas igrejas vivem no marasmo. Vamos imaginar cada filho de
Deus usando plenamente todos os seus dons e talentos na obra do
Senhor. Que força concentrada isso representaria na terra! Ao invés
disso, muitas igrejas ficam atacando as outras. Vemos apenas as
coisas que nos separam e gastamos muito tempo em batalhas na
trincheira, enquanto o inimigo está lá fora. Sempre deveríamos
colocar o Senhor Jesus no centro de nossos esforços conjugados. Aí
nossa luta não será em vão.
Obras com fundamento
Em 1 Coríntios 3.11-15 está escrito: “Porque ninguém pode lançar
outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo.
Contudo, se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata,
pedras preciosas, madeira, feno, palha, manifesta se tornará a obra
de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada
pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará.
Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou,
esse receberá galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá
ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do
fogo”.

O fundamento dos crentes é Jesus Cristo. Esse fundamento está


assentado sobre a graça de Deus. É um presente. Vamos fazer a
comparação com uma casa. O fundamento está posto e é o mesmo
para todos os cristãos. Mas agora cada um dos cristãos começa a
edificar individualmente a sua casinha sobre esse fundamento. O
que edificamos são as nossas boas obras. Aí nos perguntamos,
curiosos: será que a casa vai agüentar as provações? Tormentas,
enxurradas e até o fogo? Aqueles cuja obra permanecer são os que
edificaram sobre o fundamento de Cristo e receberão recompensa
no Tribunal de Cristo: “Se permanecer a obra de alguém que sobre
o fundamento edificou, esse receberá galardão” (2 Co 3.14; veja 2
Tm 4.8). Porém, aquele cuja obra queimar, sofrerá dano (v.15). Mas
o fundamento permanecerá intacto. Ou seja, a salvação, que se
firma sobre o fundamento e é sua base, não será perdida pelo
cristão: “...mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através
do fogo” (v.15). Lembremos da comparação com a premiação do
Oscar. O convite foi feito, irrevogavelmente. Estamos lá na festa,
talvez nominados para algum prêmio, mas não recebemos nenhum.
Porém, isso não fará com que nos expulsem do recinto.
Naturalmente, precisamos ter cuidado com esse tipo de analogia,
para não pensarmos de forma demasiadamente humana. Em relação
a todas essas coisas que se referem ao futuro, precisamos ter em
mente que tocamos uma área que supera em muito nossa capacidade
de imaginação e desafia por completo toda a nossa lógica. Alguém
poderia argumentar: “Tudo bem, estar lá já será ótimo. Por que
almejar um Oscar? Participar ainda é melhor do que não ter sido
convidado. O que importa é estar salvo!” Outro poderá ficar
pensando: “Como deve ser terrível o Tribunal de Cristo, quando eu
perceber que grande recompensa eu poderia estar recebendo e que
me coube tão pouco!” Não sei como será realmente quando
estivermos diante do Tribunal de Cristo, mas deveríamos ficar bem
conscientes de que ali não será um lugar de juízo e castigo, mas de
recompensa e premiação. Por outro lado, devemos ter em mente que
poderá ser vergonhoso quando for revelado como desonramos o
Senhor enquanto vivemos: “Filhinhos, agora, pois, permanecei
nele, para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e
dele não nos afastemos envergonhados” (1 Jo 2.28). Alguém disse:
“Quem exagera o aspecto triste do Tribunal de Cristo faz do céu o
inferno. Quem negligencia o aspecto triste do Tribunal menospreza
o valor da fidelidade”.
Como podemos receber galardão no Tribunal de Cristo?
Os apóstolos já se ocupavam com a questão: quem seria o maior e
quem se assentaria à direita ou à esquerda do Senhor? (Mt 20.20ss.;
Mc 9.33ss.). O homem é e continuará sendo egoísta e egocêntrico.
Isso não é perceptível apenas nos discípulos daquela época, mas em
todos, inclusive em nós. Seria tão bom se de fato levássemos a sério
o que dizemos e cantamos com tanta facilidade. “Tudo, ó Cristo, a
Ti entrego!” é mais uma frase piedosa do que um desejo sincero que
vem do nosso coração. Em geral nossa preocupação primordial não
é a glória de Deus, mas nosso próprio reconhecimento, nossa glória,
honra e louvor. Tantas vezes nosso temor aos homens é tão maior
que nosso temor a Deus!

Por que você quer mesmo ir para o céu? Há aqueles que desejam ir
ao céu para não acabarem no inferno. Outros querem ir para o céu
para reencontrar seu marido ou sua esposa que já faleceram. E
existem aqueles que pretendem chegar ao céu para apanhar seu
“Oscar”. Cada uma dessas três motivações é altamente egoísta. Será
que alguém teria a gloriosa idéia de dizer: “Eu quero chegar ao céu
para servir ao meu grande Deus e Salvador. Quero chegar ao céu
para dizer ‘Muito obrigado!’ a Jesus”. A maior recompensa para nós
é sermos salvos, termos a vida eterna e podermos ver Deus face a
face. Tudo isso já está prometido a nós quando cremos no Filho de
Deus ressurreto – é nosso e ninguém poderá tomá-lo de nós.
Estaremos na premiação do “Oscar” e nosso “cartão de entrada” é o
sangue derramado de Jesus! Mas as recompensas, que serão
entregues diante do Tribunal de Cristo, são simbolizadas na Bíblia
por meio de coroas (Tg 1.12; 1 Pe 5.4; Ap 3.11).
A coroa incorruptível
“Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade,
correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o
alcanceis. Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar
uma coroa corruptível; nós, porém a incorruptível. Assim corro
também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes
no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que,
tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado”
(1 Co 9.24-27).

Como em uma luta na arena, nós também deveríamos empreender


todos os esforços pela causa do Senhor. Não para receber alguma
recompensa humana ou para nossa própria vanglória. Essa seria
uma recompensa corruptível. Nossa luta espiritual é por uma coroa
de vitória que não estraga nem se deteriora. Para isso vale a pena se
preparar bem, exercitar-se de verdade e, bem motivados, empenhar-
nos por uma coroa incorruptível, lançando mão de todos os nossos
dons para servir o Senhor e cumprir nossa missão. Enquanto
estivermos aqui na terra devemos estar dispostos a servir. E essa
prontidão não ficará sem recompensa. Como já disse o Senhor Jesus
a seus discípulos: “quem quiser tornar-se grande entre vós, será
esse o que vos sirva” (Mc 10.43).
O exemplo do lutador
Um lutador, para voltar ao exemplo usado por Paulo, não irá se
embriagar ou exagerar na comida pouco antes da luta. Ele se absterá
do que lhe faz mal e priorizará uma alimentação saudável. Por que
não fazemos igual? Abstinência. De quê? Das coisas sem valor, que
só pesam e atrapalham – é ficar longe do pecado, que impede uma
vida de santificação. No lugar delas, vamos nos alimentar de
comida boa, espiritualmente saudável. O que é alimento espiritual
para nós, cristãos? Não são barrinhas de cereal ou energéticos
açucarados, mas a Palavra de Deus e os ensinamentos de Jesus
Cristo. Paulo estava convicto de que era imprescindível abrir mão
de todas as coisas mundanas para conseguir uma coroa de vitória
não-perecível, para receber pleno galardão e para, um dia, estar
diante do Senhor servindo-O em posição privilegiada, “para que,
tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado”
(1 Co 9.27).
A certeza da salvação não está em questão
Paulo não tinha qualquer dúvida acerca de sua salvação. Ele tinha a
mais plena certeza – uma certeza que qualquer cristão pode ter. Ele
não tinha receio acerca da garantia de sua salvação, mas estava
cônscio do fato de que se pode perder o galardão. Assim, todas as
exortações dentro desse assunto não são no sentido de cuidarmos
para não perdermos a salvação, mas de estarmos atentos e
empenhados em não perder a recompensa: “Ninguém se faça
árbitro contra vós...” (Cl 2.18). A Bíblia de Estudo MacArthur diz:
“Paulo adverte aos colossenses a não permitir que os falsos mestres
os enganassem a respeito das bênçãos passageiras ou do galardão
eterno...”. E o prêmio pela luta não tem relação com a salvação, e
sim com as coroas, com a recompensa que receberemos no Tribunal
de Cristo. “Acautelai-vos, para não perderdes aquilo que temos
realizado com esforço, mas para receberdes completo galardão” (2
Jo 8). Portanto, é possível perder parte dele, e nessa perda, mais
uma vez, não é a salvação que está em discussão. É a recompensa
na eternidade. “Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua
coroa” (Ap 3.11).

Paulo também teve lutas como cada um de nós, mas podia


dizer: “Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para
que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser
desqualificado” (1 Co 9.27). Como Paulo conseguia isso? Pelo
poder do Espírito Santo. Ele se mantinha sempre ligado ao Senhor
em oração, servindo-O com alegria. Dessa forma ele conseguia
dominar seu corpo, impedindo que a carne assumisse o controle.
Quanto mais você ora, quanto mais serve, quanto mais estuda as
Escrituras – deixando o Senhor falar com você – menos tempo terá
para ocupações inúteis ou pensamentos imorais. O Espírito Santo
deseja transformar você. Quer transformá-lo na imagem do Senhor
Jesus. A questão é: você dá lugar e reserva tempo para o Espírito
Santo fazer Sua obra? A salvação é de presente. Não podemos dar
nada ao Senhor em troca, pois jamais poderíamos pagar por ela (Hb
10.18). A única coisa que devemos ao Salvador, a única coisa que
podemos trazer a Ele é uma vida de consagração e de absoluta
fidelidade, oferecendo nossos corpos em sacrifício vivo, santo e
agradável a Deus (Rm 12.1-2). Essa consagração, essa entrega de si
mesmo, certamente não ficará sem retribuição.
Qual será a recompensa no Tribunal de Cristo?
“Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o
Senhor e não para homens, cientes de que recebereis do Senhor a
recompensa da herança. A Cristo, o Senhor, é que estais servindo;
pois aquele que faz injustiça receberá em troco a injustiça feita; e
nisto não há acepção de pessoas” (Cl 3.23-25). Tudo para o
Senhor! Quanto antes você começar a perseguir esse alvo, maior
será sua herança!

Ainda que não saibamos exatamente como será a vida na presença


de Deus, creio poder dizer que pelo menos uma das atividades será
louvar e servir ao Senhor. “Quero ir para o céu para louvar e servir
ao meu grande Deus e Salvador...” Sim, eu creio que esse é o rumo.
Nossa recompensa poderia consistir em serviço a Deus. Mas será
que iremos mesmo servir a Deus na eternidade? “Servir no céu?
Então prefiro tocar harpa!”, dirão alguns. Calma, irmão! Vejamos
Apocalipse 22.3: “Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela,
estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão”.
Quem são esses “servos de Deus e do Cordeiro” que O servirão?
São os salvos, que um dia estarão com o Senhor! Sendo assim, a
maior alegria será de fato servir o Salvador. Esse serviço na
eternidade não será serviço de escravo ou trabalho de servo no
sentido comum. Nós serviremos a Ele. De fato, somos chamados de
servos, assim como somos chamados de sacerdotes e reis, irmãos e
amigos de Jesus, bem como de filhos de Deus e herdeiros Seus. Por
exemplo, em Apocalipse 21.7 está escrito: “O vencedor herdará
estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho”. A Bíblia diz
ainda que iremos reinar com Ele, pois conforme Apocalipse 22.5 os
servos de Deus “reinarão pelos séculos dos séculos”. Esse reinado
em conjunto com Cristo também é um serviço. Não reinaremos para
nós mesmos mas para o Senhor e com o Senhor.

Atentemos: Apocalipse 22.4 fala que veremos Sua face e que Seu
nome estará em nossa fronte. Seu nome, Seu santo nome estará em
nossa fronte. Isso demonstra que somos propriedade dEle e que
nada mais poderá nos separar do amor e da presença de Deus e do
Cordeiro. Para todo o sempre somos Seus! Que privilégio poder
servir na imediata presença do Deus santo e todo-poderoso Criador!
Será no lugar que Apocalipse 21 descreve assim: “Eis o
tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles...
Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda
lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto,
nem dor, porque as primeiras coisas já passaram”. Usufruir do
agrado do Deus santo e todo-poderoso, fazer parte do Seu círculo
mais íntimo, ficar sempre perto do Salvador – isso tudo não é uma
recompensa altamente desejável? Podemos dizer com convicção
que este será um trabalho privilegiado, que Paulo almejava e que
será motivo de alegria transbordante para cada um de nós. Será um
servir cheio de satisfação, sem preocupações e sem privações – um
serviço celestial no sentido literal da palavra. Mesmo não
conseguindo compreender plenamente essa realidade com nosso
raciocínio limitado, não haverá nada mais belo, e jamais teremos
experimentado algo mais sublime do que estar na imediata presença
de Deus, servindo e adorando a Ele. Com palavras nunca
conseguiremos exprimir nem descrever vagamente tudo aquilo que
um dia experimentaremos e viveremos na presença de Deus. Não
podemos nem imaginar o que realmente significará reinar com Ele,
ser filhos e herdeiros Seus e estar servindo a Ele para todo o
sempre.
Um poderoso estímulo
O fato de que cada cristão estará diante de Deus no Tribunal de
Cristo, prestando contas a Ele, deveria nos estimular a sermos fiéis e
a direcionar as prioridades da nossa vida de acordo com a avaliação
que nossos atos terão diante da eternidade. Não terão importância as
belas palavras e os elogios proferidos junto à nossa sepultura.
Importante será o que o Senhor nos dirá na hora do julgamento
diante do Tribunal de Cristo, quando nosso Salvador pesará e
avaliará nossas obras. Uma coisa é bem certa: nesse julgamento a
alegria será preponderante, já que teremos parte na vida eterna e
estaremos vendo o Senhor face a face, adentrando a indescritível
glória eterna.
Tudo isso será motivo de alegria, júbilo e adoração: “Filhinhos,
agora, pois, permanecei nele, para que, quando ele se manifestar,
tenhamos confiança...” (1 Jo 2.28). Diante de toda essa alegria
indizível que espera por nós, enquanto andarmos aqui na terra
animemos e incentivemos uns aos outros a servir ao Senhor de todo
o coração e a sermos administradores fiéis, para que “dele não nos
afastemos envergonhados na sua vinda”. Louvado seja o Senhor
por Seu amor e pela fidelidade que tem demonstrado para conosco.
Queremos ser fiéis por amor Àquele que nos amou primeiro e que
entregou tudo, mas tudo mesmo – por nós, por mim e por você! (1
Jo 4.9-11,14-16,19). (Thomas Lieth — Chamada.com.br)

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