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Introdução À Ciência Do Fogo
Introdução À Ciência Do Fogo
Desde os primórdios, a humanidade vem utilizando o fogo para diversos fins,
sendo este um dos principais responsáveis pela sua sobrevivência e pelo seu progresso.
Porém, algumas vezes o fogo foge ao controle do homem, provocando inúmeros
desastres que, por vezes, só cessam quando consumido todo o material que o alimenta.
Por esta razão, vários estudiosos, através dos tempos, resolveram analisar
profundamente o fogo, procurando identificar as suas causas, a sua composição e o seu
comportamento, possibilitando, assim, o estabelecimento de procedimentos racionais
para combatê-lo de maneira eficaz e segura.
Combustível
É toda a matéria susceptível à combustão, existente na natureza nos estados
sólido, liquido e gasoso.
De maneira geral, todas as matérias são combustíveis a uma determinada
temperatura, porém, para efeito prático, foi arbitrada a temperatura de 1000ºC como um
marco divisível entre os materiais considerados combustíveis (entram em combustão a
temperaturas iguais ou inferiores a 1000ºC) e os incombustíveis (entram em combustão a
temperaturas superiores a 1000ºC).
Comburente
São todos os elementos químicos capazes de alimentar o processo de
combustão, dentre os quais o oxigênio se destaca como o mais importante, por ser o
comburente obtido de forma natural no ar atmosférico que respiramos, o qual é
composto por 78% de nitrogênio, 21% de oxigênio e 1% de outros gases.
Hoje em dia, já se conhecem outros elementos químicos que atuam como
comburente, porém, só podem ser obtidos em laboratório.
Para que haja uma combustão completa é necessário que a porcentagem de
oxigênio esteja na faixa de 13% a 21%. Caso esta faixa esteja entre 4% e 13% a
combustão será incompleta, ou ainda, não se processará, em porcentagens inferiores a
4%.
Calor
É a condição favorável que provoca a interação entre os dois reagentes, sendo
este o elemento de maior importância no triângulo do fogo, uma vez que é responsável
pelo início do processo de combustão, já que os dois outros reagentes, em condições
naturais, encontram-se permanentemente associados.
TETRAEDRO DO FOGO
Tetraedro do fogo
Pontos Notáveis da
Combustão
Sáb, 13 de Dezembro de 2003 23:52
Antes de entrarmos neste assunto, propriamente dito, é importante ressaltarmos a
ocorrência de um fenômeno que incide sobre todos os corpos combustíveis, quando
submetidos a um determinado aquecimento, denominado “Pirólise”, que pode ser
caracterizado pelo desprendimento de gases e/ou vapores combustíveis. A
decomposição química do corpo com emissão de gases torna propício o fenômeno da
combustão. Cientes deste fenômeno, veremos abaixo os três pontos notáveis da
combustão
PONTO DE FULGOR
É a temperatura mínima na qual um
corpo combustível emite quantidade
suficiente de vapores para provocar
combustão na presença de uma fonte ígnea
externa. Porém, ao ser afastada a fonte
externa, a combustão não se mantém. Vide
a figura abaixo.
PONTO DE INFLAMAÇÃO
Também conhecidocomo ponto de
combustão, é a temperatura mínima, na
qual os vapores emitidos por um corpo
combustível provoca combustão na
presença de uma fonte ígnea externa.
Porém ao ser retirada a fonte externa a
chama se mantém acesa. Vide a figura ao
lado.
PONTO DE IGNIÇÃO
É a temperatura mínima na qual os Pontos Notáveis da Combustão
vapores desprendidos por um corpo
combustível provocam combustão ao entrar
em contato com o ar, independente ou não
da presença de qualquer fonte ígnea
externa.
Classificações e Produtos da
Combustão
Dom, 14 de Dezembro de 2003 13:31
CLASSIFICAÇÕES DA COMBUSTÃO
A combustão pode ocorrer por diversas formas. Por isso apresentamos abaixo o conceito
de cada uma delas:
QUANTO À VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO
Lenta
Quando não há produção de chamas ou de qualquer fenômeno luminoso, como
por exemplo, a oxidação do ferro (ferrugem).
Viva
Quando há produção de chamas e luminosidade.
Muito Viva
Quando a reação se processa com grande velocidade, porém, inferior a 300 m/s,
ou seja, a deflagração. Pode ser exemplificada pela queima da pólvora negra ao ar livre.
Instantânea
Quando a combustão se processa de forma súbita, com velocidade superior a 300
m/s, atingindo imediatamente toda a massa do corpo. O efeito desta combustão é a
explosão (detonação). Pode ser exemplificada pela detonação da dinamite e da
nitroglicerina.
QUANTO À REAÇÃO
Combustão Incompleta
É aquela na qual a concentração de oxigênio é baixa, variando de 8% a 13%, tendo como
produto da reação o monóxido de carbono (CO). Neste caso, nos combustíveis sólidos
haverá formação de brasas sem chamas.
Combustão Completa
É aquela na qual a concentração de oxigênio é propícia à combustão, ou seja variando de
13% a 21%. Neste caso, os produtos resultantes da combustão serão o dióxido de
carbono (CO2), a água em forma de vapor e cinzas.
Combustão Espontânea
Em alguns corpos este fenômeno ocorre sem que haja fonte externa de calor. Porém,
devido a reações físico-químicas (fermentação), há a emissão de gases que podem
provocar combustão.
Em outros corpos, em temperaturas ambientes, há a combustão devido à emissão de
gases e/ou vapores, sem que haja uma fonte externa de calor.
PRODUTOS DA COMBUSTÃO
Fogo
É a parte externa e visível de uma
combustão, caracterizada, identificada,
por vezes pela existência de chama. A
chama (figura ao lado) é um fluxo de
gás que queima emitindo luz, na qual é
possível distinguir-se três zonas
específicas:
a) Zona de Gás
Aqui inicia-se a vaporização do
combustível líquido existente no
material.
c)Zona de Combustão
Somente aqui, onde o ar pode
ter acesso, inicia-se a combustão e o
desprendimento de calor. Esta zona é
facilmente reconhecida como uma fina
camada azul clara.
Classe “A”
Classe “B”
De acordo
com a NATIONAL FIRE
PROTECTION ASSOCIATION (NFPA), os líquidos
podem ser classificados como inflamáveis ou
combustíveis.
Líquido inflamável é todo o líquido cujo ponto de fulgor é menor que 37,7º C
(100ºF) e pode ser subdividido em subclasses A, B ou C. Enquanto que líquidos
combustíveis são aqueles com o ponto de fulgor superior a 37,7ºC, conforme o quadro
abaixo:
Classe “C”
Classe “D”
QUANTO ÀS PROPORÇÕES
Incêndio Incipiente
Evento de mínimas proporções para o qual é suficiente a utilização de um
extintor portátil.
Pequeno Incêndio
Evento cujas proporções exigem emprego e material especializado, sendo extinto
com facilidade e sem apresentar perigo iminente de propagação.
Médio Incêndio
Evento em que a área atingida e a sua intensidade exigem a utilização de meios e
materiais equivalentes a um socorro básico de incêndio (conjunto de viaturas do Corpo
de Bombeiros composta de um Auto Rápido - AR, um Auto Bomba - AB ou ABT, um
Auto de Busca e Salvamento - ABS, uma Auto Escada Mecânica - AEM, e um Auto
Socorro de Emergência - ASE) , apresentando perigo iminente de propagação.
Grande Incêndio
Evento cujas proporções apresentam uma propagação crescente, necessitando
para a sua extinção, do emprego efetivo de mais de um socorro básico.
Incêndio Extraordinário
Incêndio provocado por fenômenos naturais, como abalos sísmicos, vulcões, etc.,
ou ainda por bombardeios ou similares, atingindo quarteirões, bairros e cidades inteiras.
CAUSAS DE INCÊNDIO
NATURAIS
São aqueles decorrentes de fenômenos da natureza e se dividem em:
1) Natureza físico-química
Ex: Vulcões, terremotos, raios, meteoros, etc.
2) Natureza biológica
São os incêndios decorrentes do aumento da temperatura devido à
fermentação e à ação degradativa das bactérias.
Ex: Enfardamento da forragem úmida.
ARTIFICIAIS
1) Materiais
1.1) Primárias
1.1.1) De origem física
Provenientes de qualquer fenômeno físico que produz energia calorífica.
a) Atrito
Fricção entre corpos rígidos, ou entre partes metálicas com
lubrificação deficiente.
b) Choque
Choque entre partes metálicas frouxas ou desajustadas, em máquinas
e motores que estejam sujos com resíduos de óleo e graxa.
c) Compressão
Compressão brusca e continuada dos gases provocando o aumento de
temperatura em recargas de cilindro de gases, por exemplo.
d) Condução térmica
Calor transmitido de um corpo em alta temperatura para corpos
vizinhos que estejam em condições normais.
Ex: Uma chaminé em contato com o forro de madeira do telhado.
e) Eletricidade
São aqueles gerados por fenômenos termoelétricos.
Ex: Curto-circuito, sobrecarga, fuga de corrente, etc.
1.2) Secundárias
É o fogo considerado útil que foge ao controle do homem.
Ex: velas, lamparinas, lampiões, fogareiros, etc.
2) Humanas
2.1) Culposas
São incêndios nos quais o homem é o seu causador, sem, no entanto, ter
havido intenção de provocá-lo. Esta pode ser dividida em três situações distintas:
2.1.1) Imprudência
Incêndio provocado por crianças ou pessoas em condições de
incapacidade (doentes mentais), que não podem ser responsabilizados legalmente pelo
delito cometido.
2.1.2) Negligência
É o desrespeito às normas de segurança, mesmo conhecendo-as, porém
sem a intenção efetiva de provocar o incêndio.
2.1.3) Imperícia
É o desconhecimento das normas de segurança.
2.2) Dolosas
São os incêndios provocados com a intenção (dolo) de destruir. Logo, quem
provocou o incêndio, tinha plena ciência das suas conseqüências e assumiu o risco de as
produzir. Incêndios de causas dolosas normalmente têm motivação financeira. Como tal
prática é crime, são alvos de investigação pericial (Perícia de Incêndio), e criminal para a
apuração de sua autoria.