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Instituto de Química
A Química do Vanádio e suas aplicações medicinais.
1. A História do Vanádio
1.1 Primeira descoberta do Vanádio:
A história do vanádio começa em 1801 quando Andrés Manuel del Río, professor de mineralogia na
cidade do méxico, encontrou o elemento em uma amostra de vanadita (Pb 5[VO4]3Cl), conhecida anteriormente
por ‘’chumbo marrom’’. A partir do novo elemento ele preparou vários sais e devido as suas cores ele decidiu
chamar o elemento de ‘’Panchromium’’, pois elas o lembrava das cores dos sais de cromo. Mais tarde ele decidiu
renomear o elemento para ‘’erythronium devido ao fato da maioria dos sais ficarem vermelhos quando aquecidos.
Andrés enviou uma amostra para Paris, no entanto o químico francês Hippolyte Victor questionou a
descoberta alegando que o elemento obtido tratava-se de cromo impuro. Andrés Manuel se julgou enganado e
aceitou a declaração do químico francês, apoiada por seu amigo, o barão de Alexander von Humboldt.
Trinta anos depois, em 1831, o elemento foi redescoberto por Nil Gabriel Selfström, químico sueco, ao
analisar um minério de ferro fundido. Ele nomeou o
elemento de Vanádio, em homenagem a deusa escandivana da beleza, Vanadis, devido as cores dos sais deste
elemento.
Mais tarde, Friedrich Woehler reanalisou o metal que Del Rio enviara para a França, concluindo que este
elemento se tratava do mesmo elemento descoberto por Nil Gabriel, corrigindo um erro cometido a trinta anos
antes.
2VCl3 + 3H2 → 2V + 6HCl
Equação 1. Redução do triclorato de vanádio com hidrogênio.
Com isso Henry Roscoe mostrou que as amostras anteriores eram nitreto de vanádio (VN).
O vanádio é um metal de transição do 4º período da tabela periódica, situado entre o titânio e o cromo, estando
no 5º grupo. Ele está entre o 19º e 20º elemento mais abundante na crosta terrestre e não é encontrado na natureza
como um elemento livre, mas sim em cerca de 65 minerais diferentes, entre os mais importantes estão a patronita,
vanadinita e carnotita.
O vanádio é classificado como um elemento traço e é encontrado em meio biológico. Ele é essencial ao
funcionamento do nosso organismo, estando presente nos rins, baço, pulmões, testículos e ossos e pode ser
excretado através das vias urinárias.
É um metal pesado com propriedades tóxicas, parece paradoxal uma substância ser ao mesmo tempo
tóxica e essencial, mas isso depende das concentrações. As atividades fisiológicas e bioquímicas no corpo
humano necessitam de uma quatidade total entre 0,1 a 0,2 miligrama de vanádio. Estudos indicam que o consumo
diário deste elemento é de cerca de 0,01 a 0,06 miligramas diárias.
O papel do vanádio como elemento traço ainda é pouco conhecido, mas sabe-se que ele pode atuar no
metabolismo de lipídios e catecolaminas (vários neurotransmissores se encaixam), atuando assim no sistema
nervoso, além disso o vanádio e seus compostos podem atuar como um antidiabético, efeito terapêutico muito
estudado.
Aparentemente o vanádio tem um papel importante no metabolismo da epinefrina, norepinefrina e
dopamina, assim, suspeita-se que os níveis de vanádio no organismo humano estão relacionados com ás
condições irregulares das funções cerebrais como nas psicoses, com isso, a desordem bipolar e os estados de
maníaco depressivo estariam ligados com concentrações elevadas de vanádio no sistema circulátorio.
Segundo alguns, o vanádio pode ajudar áqueles em depressão ou que sofrem flutuações hormonais
irregulares no cérebro.
3. Toxicologia do Vanádio
3.1 Vanádio em Excesso:
O vanádio pode assumir diferentes números e geometrias de coordenação, em solução a sua configuração
eletrônica atribui-lhe uma química bastante vasta e complexa, pois existem diferentes estados de oxidação (-1 a
+5) que ele pode assumir, entretanto os estados mais comuns variam entre +2 a +5.
A sua toxicidade depende do seu estado de oxidação, ou seja, quando esse aumenta a sua toxicidade
também aumenta. Os mecanismos de toxicidade do Vanádio em humanos ainda não são claros, pois dependem de
várias condições, como modo de exposição.
Vanádio inalado, por exemplo, pode causar tosse com muco, irritação do trato respiratório e bronquite.
Vanádio ingerido em excesso pode causar diminuição do apetite, diarréia e agravamento da psicose maníaco
depressiva, o vanádio é neurotóxico.
Em 2010 um envenenamento fatal por vanádio em uma mulher de 24 anos ,na Argélia foi descrito,
análises de sangue apresentaram uma concentração de 6,22 mg/L de vanádio no sangue, correspondente a 6000
vezes a mais que a concentração geral na população.
Existem diversas aplicações para o Vanádio, ele pode ser usado em ligas de alta dureza e resistência para
equipamentos que requerem resistência a abrasão, pode ser utilizado em barras de construção civil para aumentar
a sua resistência, está presente em baterias recarregáveis, pode ser utilizado como catalisador para reações
industriais (pentóxido de vanádio), além dos estudos medicinais, agindo como anticarcinogênico, anti-parasita e
para o tratamento de diabetes.
5.1 Câncer
Câncer (ou neoplasia) é o nome geral dado a um conjunto de mais de 100 doenças, que têm em comum o
crescimento desordenado de células que tendem a invadir tecidos e órgãos vizinhos. O câncer se caracteriza pela
perda do controle da divisão celular e pela capacidade de invadir outras estruturas orgânicas. É o responsável por
cerca de 13% de todas as mortes no mundo, sendo os cânceres de pulmão, fígado, cólon e mama os que mais
matam.
As células passam por estágios que unidos formam o ciclo celular. O ciclo celular compreende os
processos de duplicação do DNA e divisão celular (mitose), tais processos resultam na produção de novas células.
As reações e processos que compõem o ciclo celular são interrompidas durante as transições das fases
G1/S1 e G2/mitose, essa interrupção é denominada ponto de checagem, que é um estágio no ciclo celular
eucarionte em que a célula examina sinais internos e externos e decide se irá continuar a divisão celular ou não
(iniciando o processo de morte celular por apoptose). Esta regulação garante que as células não se dividam sob
condições desfavoráveis (por exemplo, quando seu DNA está danificado, ou quando não há espaço para mais
células em um tecido ou órgão). Logo, qualquer defeito ou situação anormal nesse processo, ocasionará a
proliferação contínua das células.
As primeiras evidências (in vitro) para os efeitos antineoplásicos dos sais de vanádio foram investigadas
na década de 1980, em que foi descoberto o papel deste metal como inibidor da diferenciação terminal de células
da eritroleucemia murina (é uma forma rara de leucemia mielóide aguda). Em 1984 ocorreu a primeira evidência
in vivo da inibição, pelo sulfato de vanadil (VOSO4), de células mamarias carcinogênicas. Ratos foram
alimentados com 25 µM por dia de VOSO4, resultando na redução da incidência de câncer e no prolongamento do
tempo médio livre de câncer. Em 1995, demonstrou-se experimentalmente que o vanádio administrado em ratos
poderia ter um potencial anticarcinogênico contra a neoplasia hepática quimicamente induzida.
O tratamento anticâncer ideal por qualquer composto deve cumprir certos critérios e exercer os seguintes
efeitos seletivos em células malignas: a) redução da taxa de crescimento celular (efeito antiproliferativo), (b)
citotóxico e / ou ações citostáticas expressas por necrose ou morte celular programada (apoptose), (c) redução e /
ou inibição da atividade invasiva ou metástase potencial das células e (d) reduzir ou ausentar o potencial de
resistência celular. Compostos de vanádio possuem todas as propriedades citadas anteriormente, que podem ser
executadas em conjunto ou de forma independente, através de uma variedade de mecanismos. A tabela 1 exibe
alguns compostos de vanádio e seus respectivos efeitos anticancerígenos.
Tabela 1: Efeitos anticancerígenos dos compostos de vanádio
5.3 Mecanismos
celulares dos efeitos anticâncer de compostos de vanádio
Efeitos e mecanismos anticâncer exercidos pelos compostos de vanádio têm sido investigados em uma
variedade de linhas celulares malignas. Os diversos mecanismos na atividade antineoplásica envolvendo os
compostos são mostrados na figura 1.
Conforme exposto na figura 1, um dos mecanismos dos compostos de vanádio para a atividade
antineoplásica é a interação com o DNA que ocasiona a citotoxicidade (capacidade de uma substância promover
alteração metabólica nas células em cultura, podendo resultar na morte celular)
Figura 1. Representação esquemática das ações, através das quais os efeitos antitumorais dos compostos de
vanádio são exercidos.
Um exemplo desse tipo de interação são os complexos de vanadoceno, eles interagem com os grupos
fosfato, nucleotídeo do DNA. O caráter da interação do dicloreto de vanadoceno com o DNA é diferente da
cisplatina, que forma Adutos covalente de DNA potencialmente mutagênicos. O dicloreto de vanadoceno causa
alterações no metabolismo dos ácidos nucleicos e formam complexos vanadoceno-DNA. O Vanadoceno é um
metaloceno, pertencente a uma classe de compostos organometálicos, com um íon metálico entre dois anéis
ciclopentadienil.
Trabalhos in vitro e in vivo revelaram que esse organometálico ( na qual o vanádio se encontra com o
número de oxidação IV) exibe significantes propriedades antitumorais. O derivado mais simples do vanadoceno,
o dicloreto vadanoceno (Cp2VCl2), é ativo contra tumores em animais, como o tumor de ascite de Ehrlich, Câncer
de testículo e certos tipos de leucemia. Outros derivados do vanadoceno também exibem atividade tumoral como
o por exemplo a citotoxicidade in vivo contra células cancerígenas renais. Além da interação com o DNA, o
vadanoceno e outros compostos de vanádio apresentam outro mecanismo na atividade antineoplásica que está
relacionado a proteína tirosina fosfatase (PTPs - referente a desfosforilação) e a proteína tirosina quinase (PTKs -
referente a fosforilação). Ambas as proteínas, em função da tirosina, são envolvidas com a habilidade das células
em receber e reagir a sinais externos à membrana plasmática.
Outro mecanismo dos compostos de vanádio envolve a produção de radicais livres, ocasionando a
clivagem do DNA. Os compostos com número de oxidação IV e V podem realizar tal mecanismo, na qual a
clivagem do DNA não ocorre diretamente, como o caso da interação entre o vanadoceno e o DNA, mas sim em
decorrência da produção de espécies de oxigênio altamente reativas, especialmente radicais hidroxila (OH.)
gerados nas células. Como por exemplo, em ambientes fracamente ácidos, com pH em torno de 7, na presença
de V (IV) / V (V), H2O2 e oxigênio, a produção de radicais livres pode ocorrer, principalmente, pela seguintes
reações em cadeia:
Os níveis celulares de espécies reativas de oxigênio (ERO) emergem como agentes biológicos cruciais
para o destino da célula. A acumulação de ERO intracelular em células normais contribui para a oxidação de
vários componentes, incluindo ácidos nucleicos, proteínas e lipídios. Essas várias reações oxidativas causam
danos extensos, geralmente promovendo apoptose em caso de dano extremo.
A geração de radicais hidroxila (OH.) altamente tóxicos pode desencadear outras reações radicalares que
levam ao radical ânion superóxido, que é espontaneamente desmutado pela superóxido dismutase (SOD), para
oxigênio e H2O2. Caso não ocorra essa interrupção, a reação com vanádio (VO2+), pode perpetuar a geração de
radicais hidroxila.
Falaremos aqui majoritariamente sobre a doença de Chagas, por ela ser uma das doenças parasitárias mais
presentes no mundo e os mecanismos para o tratamento dela utilizando os compostos de vanádio terem potencial
para serem usados em outras doenças parasitárias também.
Figura 2. Estruturas moleculares dos fármacos utilizados no tratamento da doença de Chagas atualmente,
nifurtimox e benznidazol.
Em 2018 foram notificados 4.685 indivíduos suspeitos com a doença na fase aguda no Brasil, e destes,
380 foram confirmados. A região norte do país registrou a maior proporção de casos, mais de 90%. Além disso,
não há dados dos casos crônicos da doença, em estudo de revisão sistemática estimou-se uma prevalência de 4,6
milhões de pessoas portadoras de T. cruzi no Brasil, e dentre essas 1,1% de infecção em gestantes, levando a
centenas de crianças nascerem com infecção congênita. 12
Figura 3. Localização geográfica e descrição sociodemográfica de casos de doença de Chagas aguda, por
município de infecção e forma provável de transmissão, Brasil, 2018.
6.3 Efeito anti-parasitária do vanádio
Com o descobrimento da atividade antitumoral dos complexos de vanádio o estudo destes compostos
contra doenças parasitárias se tornaram um alvo de interesse da química inorgânica medicinal.
A obtenção desses agentes pode diminuir os efeitos tóxicos no hospedeiro pela utilização de doses
menores do fármaco e assim também diminuir a possibilidade de desenvolvimentos de uma resistência a esse
princípio ativo.
Em resumo os complexos com vanádio têm sido sintetizados com o intuito de aumentar a
biodisponibilidade, ou seja, percentual de aproveitamento pelo organismo da substância dos compostos orgânicos
já ativos, utilizando-os como ligantes, isso se dá pela possibilidade de novos alvos no parasita serem atingidos.
Os compostos baseados em vanádio podem ter como alvo de atenção algumas enzimas cruciais para a
sobrevivência do parasita. Uma enzima no T. cruzi é uma cisteíno protease chamada cruzaína. As cisteíno
proteases são caracterizadas pela presença de um resíduo de cisteína no seu sítio ativo, que é a pequena região de
uma enzima onde ocorrerá uma reação química. Elas apresentam um importante papel no metabolismo dos
organismos aos quais pertencem e geralmente estão envolvidas em processos de patogenicidade por gerar o
desequilíbrio de algumas funções biológicas no hospedeiro, caso da cruzaína. Portanto compostos que sejam
inibidores dessa enzima são produtos de grande interesse na química inorgânica medicinal 11.
Figura 4. Complexo cruzaína-peptídeo a ser simulado. A cruzaína é representada por seu potencial eletrostático
(negativo em vermelho, positivo em azul e cargas neutras em branco), e a posição da tríade catalítica é mostrada
em detalhe. O peptídeo está em stick, e, para melhor visualização, os hidrogênios apolares foram removidos. 15
Outro ponto é que o Trypanosoma cruzi é sensível ao estresse oxidativo, que decorre de um desequilíbrio
entre a geração de compostos oxidantes e a atuação dos sistemas de defesa antioxidante. A geração de radicais
livres e/ou espécies reativas não radicais é resultante do metabolismo de oxigênio. Em nós por exemplo uma
consequência do estresse oxidativo pode ser o mal de parkinson 14.
Os compostos de vanádio podem induzir a formação de espécies reativas com oxigênio no meio
biológico, esta propriedade pode ser usada como mecanismo de ação tripanocida, porque os vanadatos (composto
que contém um oxiânion de vanádio geralmente em seu estado de oxidação mais alto de +5) podem atuar como
produtores de íons superóxidos, capazes de inibir a pripanotiona redutase, uma enzima específica envolvida nas
defesas do organismo de protozoários, contra o estresse oxidativo. Então inibindo essa enzima, causamos um
estresse oxidativo no parasita, matando-o.
Figura 6. Estrutura genérica para os complexos de oxovanádio (IV) com ligantes derivados da N1,N4-dioxo-3-
aminoquinoxalina.
A quinoxalina é um composto heterocíclico que contém um complexo de anéis formado por um anel
benzeno e um anel pirazina, muito usado em fármacos no combate de doenças como a malária, ou seja, a
quinoxalina é parte do composto conhecido ao qual os complexos de vanádio se aliaram para potencializar o
efeito do fármaco.
Houveram testes com outros metais sendo usados como centro nesta atividade biológica, levando a
complexos similares, contudo a atividade anti-T. cruzi demonstrou melhor resultado com os compostos de
vanádio.
Segundo o boletim epidemiológico do ministério da saúde de 2019 investimentos tem sido feitos para melhor
estudo de tratamentos para a doença de Chagas no Brasil, principalmente na parte norte que tem maior número de
ocorrências da doença (Goiás, Minas gerais, Pará e Pernambuco). [2] E também para a prevenção da doença e a
detecção no primeiro estágio desta, tendo em vista que nenhum tratamento com uma eficácia elevada foi
realmente finalizado para comércio.
7. Diabetes
A diabetes e o resultado da incapacidade total ou parcial do pâncreas em produzir insulina ou em alguns
casos o indivíduo pode ser resistente ao hormônio, desta maneira não ocorre o transporte de glicose para dentro
da célula gerando a hiperglicemia.
O mundo tem cerca de 387 milhões de diabéticos sendo que 13 milhões somente no Brasil. De acordo com o
Atlas do Diabetes, esse número tende a aumentar mais de 150% até 2035.
sintomas mais frequentes são: problemas periodontais, poliúria (urinar muito), polidipsia (beber muita
água), polifagia (comer muito) e perda involuntária do peso. Outros sintomas que causam suspeita clínica são
hiperglicemia, glicosúria (glicose na urina), alterações visuais, renais ou neurológicas; e inespecíficos, como
sonolência, cansaço físico e mental, dores generalizadas, desânimo, perda de peso, cãibras e sensações de
adormecimento nas extremidades.16
A diabetes mellitus tipo 1 afeta cerca de 3% dos indivíduos diabéticos e ocorre com maior frequência em
indivíduos na faixa etária dos 10 aos 14 anos de idade, havendo uma diminuição da incidência até os 35 anos,
porém, indivíduos de qualquer idade podem desenvolver, esse tipo de diabetes e caracterizado pela diminuição
acentuada da secreção da insulina devido a destruição das células ß pancreáticas, responsáveis pela produção de
insulina, essa destruição pode ser causada por infecções virais ou doenças autoimunes, no entanto, a
predisposição genética parece ser de grande importância no que diz respeito à determinação da susceptibilidade
destas células à sua destruição. Quanto ao tratamento deste tipo de diabetes, uma vez que as células ß são
incapazes de produzir uma quantidade adequada de insulina, esta tem de ser administrada intravenosamente de
forma definitiva.
Diabetes mellitus Tipo 2 é mais frequente em adultos acima dos 40 anos e pode predispor de fatores
genéticos, mas na maioria dos casos está associado a obesidade e o sedentarismo, neste tipo de diabetes, os níveis
de insulina no plasma são normais ou até mesmo mais elevados que o normal. O problema é o facto de que os
tecidos-alvo não responderem ao hormônio, frequentemente devido a defeitos no receptor da insulina, a perda da
resposta aguda a uma sobrecarga de glicose que leva a hiperglicemia.
8. Insulina
Foi descoberta pelo médico canadense Frederick Banting e o cientista biomédico americano Charles Best
descobriram em 1921. A insulina é o hormônio anabólico essencial para o controle de glicose no organismo e do
crescimento e diferenciação celular, é secretado pelas células β das ilhotas pancreáticas em resposta ao aumento
dos níveis circulantes de glicose e aminoácidos após as refeições. A estrutura da insulina é composta de 2 cadeias
de aminoácidos formadas, respectivamente, por cadeias de 21 e 30 aminoácidos ligadas por pontes dissulfeto. 17
O mecanismo de ação dos compostos de vanádio ainda não foi totalmente esclarecido, mas alguns estudos
realizados com VOSO4 mostram que o vanádio apresenta efeitos sobre a ativação das enzimas IRS1, PI3K, e
PKB, que vão induzir o transportador GLUT 4, do seu compartimento intracelular para a superfície da célula,
aumentando a captação de glicose pela célula.
Nos modelos com diabetes tipo II os compostos de vanádio provaram ser eficientes, conseguindo normalizar
a concentração de glicose presente no plasma.
Figura 10. Proposta de mecanismo do conjunto de incorporação de glicose e ácidos graxos livres de liberação
(FFA) catalisada por Vanádio18.
Na figura as setas em roxo que saem do vanádio estão apontadas para os potenciais sítios de ação do
vanádio na cascata de sinais da insulina. Com ligação da insulina ao seu receptor na superfície leva a ativação de
IRS1, PI3K, e PKB, que por sua vez faz com que o transportador de glicose 4 (GLUT4) na superfície da célula.
Assim, a glicose é incorporada dentro da célula. Então percebemos que o vanádio terá um papel de ativação nos
sítios IRS1, PI3K e PKB já que estes induzem no transporte da glicose, e o vanádio também atuará na desativação
do PTP1B, pois este inativa o receptor insulínico.18 Com isso a absorção de glicose será aumentada.
Não há dúvidas de que a insulina tem apenas um sítio de ação, receptor de insulina. Porém, foi encontrado
para os íons de vanádio múltiplos sítios de ação nos adipócitos. 18
Outros compostos estão sendo estudados para analisar o potencial insulinomimético do vanádio, pois o
íon vanadato é muito tóxico, até mesmo o sulfato de vanadila que é menos tóxico e seria cotado para substituí-lo,
acabou perdendo um pouco do foco por ser de difícil absorção através dos intestinos.
Através de vários estudos foi possível chegar à conclusão de que os complexos formados por Vanádio e
ligantes orgânicos apresentam frequentemente baixa toxidez e são solúveis em meio aquoso. O complexo bis-
(maltolato) oxovanadio (IV) (BMOV) é o que se mostra mais eficiente como composto insulinomimético. Ele é
três vezes mais potente que seu sucessor na indústria farmacêutica, o VOSO4, administrado por via
intramuscular.20
O BMOV ganhou tal projeção e conceito, que já foi testado até mesmo em cobaias humanas. Além deste
composto outros estão sendo estudados e apresentando resultados satisfatórios.
12. Referências Bibliograficas
5. Maurice, E., James, O. and Moshe, S., Modern Nutrition in health and disease. 18º Edition.
1994.
10. Rehder D; “The potentiality of vanadium in medicinal applications”; Future Med. Chem.
(2012) 4(14), 1823–1837.
16. SCOBIE, Ian N. Atlas of DIABETES MELLITUS. 3. Ed. United Kingdom: Editora
Informa Healthcare, 2007.