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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA

DISCIPLINA: BIOLOGIA

AULAS PRÁTICAS 2013

DOCENTES

LUCIANE KERN JUNQUEIRA

LUIZA ISHIKAWA FERREIRA

MARIA PILAR ROJALS PIQUÉ


ATIVIDADE PRÁTICA 2: CIANOBACTÉRIAS, COMUNIDADE PLANCTÔNICA
MARINHA e ALGAS DE ÁGUA DOCE

PARTE A 1: CIANOBACTÉRIAS causadoras de florações

1) Fundamentação teórica - CIANOBACTÉRIAS:

As cianobactérias ou cianofíceas (algas azuis),são microrganismos aeróbicos


fotoautotróficos. Seus processos vitais requerem somente água, dióxido de carbono,
substâncias inorgânicas e luz. A fotossíntese é seu principal modo de obtenção de energia
para o metabolismo. Entretanto, sua organização celular demonstra que esses
microrganismos são procariontes e, portanto, muito semelhantes bioquimicamente e
estruturalmente às bactérias.( AZEVEDO, 1998).

A origem das cianobactérias foi estimada em aproximadamente 3,5 bilhões de anos


pela descoberta de fósseis do que foram certamente esses microrganismos, em rochas
sedimentares encontradas no noroeste da Austrália. As cianobactérias estão, portanto,
entre os organismos pioneiros na Terra, sendo provavelmente os primeiros produtores
primários de matéria orgânica a liberarem oxigênio elementar na atmosfera primitiva.
(AZEVEDO, 1998; CARNICHAEL,1994 apud TUNDISI; TUNDISI, 2008).

Ecologicamente muitas espécies são importantes pois fixam nitrogênio.


Entretanto, ambientes de água doce são os mais importantes para o crescimento de
cianobactérias, visto que a maioria das espécies apresenta um melhor crescimento em
águas neutro alcalinas (pH 6-9), temperatura entre 15 a 30°C e alta concentração de
nutrientes, principalmente nitrogênio e fósforo. (AZEVEDO, 1998).

Florações de cianobactérias

A capacidade de crescimento nos mais diferentes meios é uma das características


marcantes das cianobactérias. Várias espécies vivem em solos e rochas onde
desempenham um importante papel nos processos funcionais do ecossistema e na
ciclagem de nutrientes (AZEVEDO, 1998).
A carga de nutrientes é, sem dúvida, a causa principal de florações de
cianobactérias (fontes pontuais e difusas), as principais fontes desse enriquecimento têm
sido identificadas como as descargas de esgotos domésticos e industriais dos centros
urbanos e das regiões agriculturáveis. Sobretudo se ocorrer deficiência de nitrogênio em
regiões semi-áridas, propicia-se o crescimento de algumas espécies de cianobactérias dos
gêneros Anabaena spp, Aphanizomenon spp e Cylindrospermopsis, capazes de fixar
nitrogênio atmosférico (AZEVEDO, 1998; REYNOLDS, 1984 apud TUNDISI; TUNDISI,
2008).

A eutrofização artificial produz mudanças nas qualidades da água incluindo a


redução de oxigênio dissolvido, aumento do custo de tratamento, morte extensiva de
peixes e aumento das incidências de florações de microalgas e cianobactérias. (Azevedo,
1998).

As florações ou “blooms” (intenso crescimento) de cianobactérias ocorrem em


períodos de alta intensidade luminosa, altas temperaturas na superfície e estratificações
térmicas que promovem estabilidade da coluna de água. A formação de uma densa
camada de células com vários centímetros de profundidade, traz conseqüências
relacionadas com a Saúde Pública. (AZEVEDO, 1998, TUNDISI; TUNDISI, 2008).

As políticas de prevenção abrangem estratégias que procuram minimizar a


probabilidade de formação de uma floração algal nociva, seja prevenindo a introdução
acidental de microalgas através da água de lastro ou transportadas com peixes e moluscos
importados, e até mesmo reduzindo ou eliminando o despejo de efluentes domésticos e
industriais que contribuem para o aumento da freqüência e intensidade dessas florações.
(CASTRO; MOSER, 2012).

Toxinas de cianobactérias ou cianotoxinas:

Vários gêneros e espécies de cianobactérias que formam florações produzem toxinas.


Embora ainda não estejam devidamente esclarecidas às causas da produção dessas toxinas, têm-
se assumido que esses compostos tenham função protetora contra herbivoria, como acontece com
alguns metabólitos de plantas vasculares (CARMICHAEL,1992 apud AZEVEDO, 1998).
Algumas dessas toxinas, que são caracterizadas por sua ação rápida, causando a
morte por parada respiratória após poucos minutos de exposição, têm sido identificadas
como Neurotoxinas e Hepatotoxinas.

Neurotoxinas

Os sinais de envenenamento por esta toxina, em animais selvagens e domésticos,


incluem: desequilíbrio, respiração ofegante e convulsões. A morte é devida a parada
respiratória e ocorre de poucos minutos a poucas horas, dependendo da dosagem e
consumo prévio de alimento.

Apesar de no Brasil o estudo com cianobactérias tóxicas ter mais de 20 anos, pouco
ainda se sabe sobre o potencial risco que cianobactérias representam em ambientes
brasileiros. Neste sentido, não só programas de monitoramento da água para
abastecimento público precisam ser rapidamente implantados a fim de alertar as
autoridades sobre a presença de cianobactérias produtoras de cianotoxinas e os principais
problemas que possam acarretar à saúde humana, mas também a divulgação de dados e
o conhecimento gerado por estudos brasileiros precisam ser realizados.(SAMPAIO;
CARNEIRO; PINTO, 2011)

As espécies já identificadas como produtoras dessas hepatotoxinas estão incluídas


nos gêneros Microcystis, Anabaena, Nodularia, Oscillatoria, Nostoc e Cylindrospermopsis
(CARMICHAEL, 1992 apud AZEVEDO, 1998).

Anabaena spiralis.(m.o.c.) Floração na água causada por cianobactérias


Imagens de Anabaena spiralis sp. (disponíveis em sites da internet)

Oscillatoria sp Cianobactéria colonial filamentosa. Fotos m.o.c. e microscopia


eletrônica.

Imagens de Microcystis sp. (disponíveis em sites da internet)


Microcystis sp (Colônial)
heterocisto heterocisto

Anabaena sp, com acinetos e heterocistos (fixação de N2)

Acinetos (do gr. a = privação de + kineim = movimento) – esporos imóveis, com membrana
espessa (célula de resistência) formam-se quando as condições do ambiente tornam-se
desfavoráveis (baixa luminosidade, queda da temperatura, mudança de pH, baixa concentração de
nutrientes, etc.). O acineto atua como um esporo de resistência no sedimento e caso as condições
ambientais voltem a ser favoráveis, entra em divisão, dando origem a um novo filamento. Estas
células guardam em seu interior, grânulos com substâncias de reserva produzidas pela alga, o que
os torna pesado e faz com que o filamento se parta.
Observa-se a formação de heterocito quando há deficiência de nitrogênio inorgânico no
corpo d’água.

Algumas cianobactérias com heterocistos podem fixar nitrogênio atmosférico disponível


(Anabaena, Anabaenopsis, Cylindrospermopsis e Gloetrichia em águas continentais, e
Tricodesmium em águas marinhas). (Tundisi; Tundisi, 2008).

Nostoc sp. Colônias macroscópicas compostas por filamentos unisseriados.


Fotos ao estereomicroscópio (lupa) à esquerda e m.o.c.à direita.

Nidularia sp coleta manual em floração e aspectos gerais ao m.o.c.


2) Objetivos

 Treinar manuseio do microscópio óptico comum


 Observar ao m.o.c. amostras coletadas durante floração de cianobactérias no
reservatório de Salto Grande- SP.
 Utilizar técnica para evidenciar a mucilagem que envolve as colônias de
cianobactérias.

3) Materiais e reagentes

- Redes de coleta de plâncton, frascos com tampa, conta-gotas, etiquetas, lâminas de


vidro e lamínulas;
- bibliografia específica para identificação dos exemplares;
- Tinta nanquim na cor preta

4) Método de coleta de algas planctônicas

A preservação do plâncton coletado pode ser realizada pela adição de agentes


químicos (formalina com corante ou solução aquosa de formal a 4%) ou por meio de
diferentes processos físicos (congelamento com posterior liofilização), sem necessidade de
aditivos químicos. Na Figura abaixo é possível observar uma rede de coleta de plâncton.
Na parte superior destaca-se o redutor cônico (que em alguns modelos pode ser metálico)
e, na extremidade inferior, o copo coletor.
Rede de coleta de plâncton (disponíveis em sites da internet)

Outros habitats:
Colônias de Nostoc sp, podem ser coletadas diretamente de seu habitat e
conservadas em solução de formalina a 2%. Estas algas, além de crescerem sobre as
águas, podem também ser encontradas nas paredes de cavernas úmidas.

1) Procedimentos para observação de cianobactérias:

1. Pingar duas gotas do material coletado sobre lâmina de vidro e cobrir com lamínula;
2. Levar ao microscópio e utilizando a objetiva de 4X, focar;
3. Troque a objetiva para 10X e procure as colônias de cianobactérias;
4. Fotografe ou esquematize-os para que sejam identificados;
5. Volte para a objetiva de 4X e retire a lâmina do microscópio;
6. Pingue uma gota de tinta nanquim em um dos lados da lamínula e absorva o líquido
com papel de filtro, pelo outro lado;
7. Repita o procedimento de observação.
8. Ilustre as espécies observadas.
A 2- COMUNIDADE PLANCTÔNICA:

Localização da comunidade planctônica em corpo d’água.


(imagens disponíveis em sites da internet)

A utilização da comunidade fitoplanctônica como bioindicadora de um ecossistema aquático


se fundamenta na avaliação da base da cadeia alimentar, na qual os efeitos oriundos das
alterações ambientais serão refletidos em todos os seus componentes e, consequentemente, no
bioma como um todo. Mudanças na dinâmica da comunidade fitoplanctônica são reflexos das
alterações físicas, químicas e/ou biológicas que ocorrem num corpo d´água.
a) Fitoplâncton: composto por algas (principalmente dos grupos Pyrrophyta: dinoflagelados
e Chrysophyta: diatomáceas), cuja presença e concentração nos lagos e reservatórios
está fortemente associada ao estado trófico do manancial.
b) Zooplâncton: ao contrário dos ambientes marinhos, o zooplâncton dos lagos e
reservatórios é composto de poucos grupos de invertebrados aquáticos. São animais
microscópicos, ou muito pequenos, podendo atingir, em poucos casos, alguns
milímetros, que nadam na zona de água aberta dos lagos e reservatórios. Os principais
componentes dessa comunidade são por ordem de tamanho:
 Protozoários: amebas, flagelados, ciliados;
 Vermes: nematóides, asquelmintos:
 Crustáceos: copépodes e cladóceros;
 Insetos: larvas de moscas e de mosquitos, etc..
Os ciliados se alimentam de bactérias e algas; a maioria dos microcrustáceos
(cladócero) se alimentam de fitoplâncton, ou são omnívoros (copépodes); os peixes se
alimentam do zooplâncton. Assim, o zooplâncton serve para melhorar a qualidade da
água, já que controla o desenvolvimento do fitoplâncton através da alimentação
seletiva. Alguns representantes dos zooplâncton, como Daphnia sp. (Figura 1), são
utilizados como bioindicadores da degradação ambiental.

Figura 1: Exemplo de zooplâncton (Daphnia sp.) que pode ser utilizado como bioindicador da
degradação ambiental.

2) Objetivos

a. Demonstrar o método para coleta de algas planctônicas continentais;


b. Coletar amostras de algas planctônicas;

3) Materiais e reagentes

- Redes de coleta de plâncton, frascos com tampa, conta-gotas, etiquetas, lâminas de vidro e
lamínulas;
- Bibliografia específica para identificação dos exemplares;

4) Procedimentos para observação da comunidade planctônica

1. Pingar duas gotas do material coletado sobre lâmina de vidro e cobrir com lamínula;
2. Levar ao microscópio e utilizando a objetiva de 4X, focar;
3. Troque a objetiva para 10X e procure os organismos da comunidade;
4. Esquematize-os para que sejam identificados;
5. Ilustre-os.
5) Amostras de zooplâncton
5.1- Zooplâncton de água doce

Daphnia sp (Pulga d’água), (imagens disponíveis em sites da internet)

Copepodas (imagens disponíveis em sites da internet)

Filo: Rotifera
Grupo cosmopolita de cerca de 1.800 espécies, a maioria é habitante de água doce
, algumas são marinhas, algumas terrestres e algumas são epizóicas (vivem sobre o corpo
de outro animal) ou parasitas. As formas pelágicas são comuns em águas de superfície de
lagos e lagoas de água doce e podem exibir ciclomorfose (variação na foram do corpo)
resultados das mudanças sazonais ou nutricionais. (Hickman et al., 2004).
Keratella coclearis Kellicottia bostoniensis Brachionus plicatilis

Brachionus plicatilis Brachionus forficula Brachionus falcatus

Fotos: Mauricio Solera da Silva

5.2- Zooplâncton marinho

Euphasiaceae Larva de estrela do mar


(imagens disponíveis em sites da internet)
Thaliacea Copepodas

6) Amostras de fitoplâncton – água salgada

Diatomáceas (imagens disponíveis em sites da internet)

Pleurosigma sp (imagens disponíveis em sites da internet)


Coscinodiscus radiatus (imagens disponíveis em sites da internet)

Biddulphia sinensis (imagens disponíveis em sites da internet)

6b) Amostras de fitoplâncton – água doce

Pediastrum Euglena
Spirogyra sp Spirogyra sp

Monoraphidium sp Monoraphidium sp

07) Referências
AZEVEDO, S.M.F.O. Toxinas de Cianobactérias : Causas e conseqüências para a Saúde
Pública. Revista Virtual de Medicina. Volume 1- Número 3 - Ano I (Jul/Ago/Set de 1998).
Siponível em: http://www.medonline.com.br/med_ed/med3/microcis.htm. Acesso em 17
mar. 2013.

SAMPAIO, J.; CARNEIRO, R., Leal.; PINTO, E. Potencial tóxico e farmacológico de


Cianobactérias. RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v.
4, n. 2, p. 59-75, jun. 2011. Diponível em:
http://revinter.intertox.com.br/phocadownload/Revinter/v4n2/rev-v04-n02-04.pdf. Acesso
em 17 mar.2013.

SANT’ANNA, C.L.; TUCCI, A.; AZEVEDO, M.T.P.; MELCHER, S.S.; WERNER, V.R.;
MALONE, C.F.S.; ROSSINI, E.F.; JACINAVICIUS, F.R.; HENTSCHKE, G.S.; OSTI, J.A.S.;
SANTOS, K.R.S.; GAMA-JÚNIOR, W.A.; ROSAL, C.; ADAME, G. 2012. Atlas de
cianobactérias e microalgas de águas continentais brasileiras. Publicação eletrônica,
Instituto de Botânica, Núcleo de Pesquisa em Ficologia. www.ibot.sp.gov.br. Diponível em:
http://www.ibot.sp.gov.br/publicacoes/virtuais/atlas%20definitivo%20chloro%20e%20cyano.
pdf. Acesso em 17 mar.2013.

NATHÁLIA O. DE CASTRO, N.O. DE; MOSER, G.A. DE O. Florações de algas nocivas e


seus efeitos ambientais. Oecologia Australis, 16(2): 235-264, Junho 2012. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.4257/oeco.2012.1602.05. Acesso em: 17 mar.2013.
SOARES, J.L. Dicionário etimológico e circunstanciado de Biologia. 1ª ed. São Paulo.
Editora Scipione, 2005. 534p.

RAVEN, P.H., EVERT, R.F. e EICHHORN, S. E. Biologia Vegetal, 7º ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2007.

VIDOTTI, E.C.; ROLLEMBERG, M.C. Algas: da economia nos ambientes aquáticos à


biorremediação e à química analítica. Química Nova, vol.27,n.1, São Paulo, Jan/Fev:2004

Sites:
www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/zoo.htm
www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/fito.htm
http://www.ibot.sp.gov.br/publicacoes/virtuais/atlas%20definitivo%20chloro%20e%20cyano.
pdf

08) Questões da Atividade Prática 02 (Parte A)


1. Conceituar: plâncton, necton e bentos.
2. Porque utilizamos a tinta nanquim nas observações das cianobactérias?
3. O que são acinetos e heterocistos?
4. O que mantém os indivíduos (células) unidos nas colônias de Cianobactérias?
5. Por que motivo as cianobactérias produzem toxinas?
6. Como foram preparados os exemplares para serem vistos aos microscópio óptico comum?
7. Porque utilizamos redes de plâncton?
8. Quais critérios podemos utilizar para a classificação do plâncton?
9. Cite pelo menos quatro fatores ambientais que influenciam no crescimento das algas.
10. Porque podemos afirmar que a alimentação seletiva do zooplâncton controla o
desenvolvimento do fitoplâncton?
11. O que são seres bioindicadores?
12. Explique como Daphinia sp. (pulgas d’água) são usadas como bioindicadoras da
degradação ambiental.
13. Como preservamos as amostras coletadas de plâncton?
14. Porque os cientistas utilizam a comunidade fitoplanctônica como bioindicadora?
15. Quais os símbolos e equivalências métricas correspondem ao micrômetro, nanômetro e
ângstron?
16. O que é nanotecnologia?
Texto para leitura complementar: Marés Vermelhas

Em agosto de 1987 a costa oeste da Flórida foi devastada por um incidente de maré vermelha de
grandes proporções – um entre inúmeros que ocorreram nos últimos 150 anos. Centenas de milhares de
peixes mortos entulharam as praias e o turismo perdeu milhares de dólares. O dinoflagelado Gymnodinium
breve é o responsável pela maioria das marés vermelhas e suas conseqüências no Golfo do México. Após
um período de reprodução rápida deste dinoflagelado, formou-se uma floração tóxica, na qual G. breve foi
tão abundante que o mar se tornou castanho-avermelhado. Os fatores ambientais que favorecem tais
florações incluem temperaturas superficiais altas, elevado conteúdo de nutrientes na água, baixa salinidade
(que ocorre frequentemente nos períodos chuvosos) e mar calmo. Assim, período chuvoso seguido de
período ensolarado nos meses do verão é, com frequência, associado a ocorrências de marés vermelhas.
Após dois meses, G. breve invadiu estuários ao longo da costa da Carolina do Norte, em áreas onde
a espécie nunca havia sido observada antes. Os dinoflagelados tornaram-se tão abundantes que a água
ficou amarelada, arruinando a indústria turística na região. No mínimo 41 casos de doenças respiratórias
foram registrados em pessoas que nadaram nessas águas – todas associadas às toxinas produzidas pela
floração do dinoflagelado. Supõe-se que Gymnodinium se deslocou a partir da Flórida para o norte, através
da Corrente do Golfo; com ela vieram cardumes de um tipo de peixe semelhante ao arenque, que
consumiram grandes quantidades de dinoflagelados. Golfinhos bottle-nosed ingeriram tais peixes e a metade
da população de golfinhos do Atlântico ocidental morreu. Os peixes não foram prejudicados pelos
dinoflagelados tóxicos, mas os golfinhos que se alimentaram dos peixes ficaram intoxicados. Debilitados, os
golfinhos tornaram-se suscetíveis a doenças bacterianas e viróticas.
Moluscos, como mexilhões e mariscos, acumulam e concentram toxinas quando ingerem
dinoflagelados ou outros organismos tóxicos. Dependendo da espécie do organismo tóxico consumida pelos
moluscos, eles próprios se tornam perigosamente tóxicos às pessoas que os ingerem. Ao longo da costa
atlântica, as indústrias pesqueiras se encontram em geral fechadas no verão, e as pessoas sofrem
regularmente de envenenamento pelo consumo de mexilhões, ostras, escalopes ou mariscos trazidos de
outras regiões. Por outro lado, lagostas, caranguejos, camarões e peixe limpo estão disponíveis para o
consumo mesmo durante as temporadas de marés vermelhas.
Em outras áreas, diferentes dinoflagelados são responsáveis pela formação de marés vermelhas.
Assim, o organismo envolvido nestas marés do nordeste da costa atlântica, desde as províncias marítimas
canadenses até o sul da Nova Inglaterra, é Gonyaulax tamarensis, enquanto Gymnodinium catenella as
vezes ocasiona marés vermelhas ao longo da costa do Pacífico, do Alasca à Califórnia. Foram identificadas
cerca de 20 espécies de dinoflagelados produtores de toxinas que matam aves e mamíferos, tornam os
moluscos tóxicos, ou produzem uma doença tropical chamada ciguatera, que envenena peixes e é muito
disseminada.
As toxinas produzidas por alguns dinoflagelados tais como G. catenella, são neurotoxinas
extraordinariamente poderosas. A natureza química e a atividade biológica da maioria destas toxinas são
relativamente conhecidas. Por outro lado, os fatores causadores das marés vermelhas são poucos
conhecidos e estão sob intensos estudos em vários centros de pesquisa.
a b

a) Gymnodinium breve, dinoflagelado sem placas, causador dos surtos de maré vermelha na costa oeste da
Flórida. O flagelo transversal fica em uma depressão que rodeia o organismo. O flagelo longitudinal, do qual
apenas uma parte é visível, estende-se da parte mediana do organismo em direção à parte esquerda inferior.
O sulco apical é uma característica para identificação de Gymnodinium. b) maré vermelha na costa da
Flórida. c) mortalidade de peixes causada pela maré vermelha (imagens disponíveis em sites da internet).

PARTE B: CIANOBACTÉRIAS como complemento alimentar


ALGAS DE ÁGUA DOCE (CONTINENTAIS)

1) Fundamentação teórica:
CIANOBACTÉRIAS/ alimentação

Segundo Frei Toribio de Bonavente, em 1524, os Astecas preparavam um caldo de


Spirulina que era adicionando a tudo o que comiam.
A Spirulina e os seus componentes possuem uma diversidade de atividades
nutricionais e terapêuticas que fazem dela, além de um excelente suplemento alimentar,
uma fonte potencial para emprego na prevenção e no tratamento de várias enfermidades.
Dessa forma, constitui uma alternativa eficiente para o desenvolvimento de produtos
nutracêuticos, os quais podem reduzir os efeitos colaterais originados pelos medicamentos
usuais. Sendo assim, a utilização da Spirulina para estes fins é justificada pelo fato de que
os efeitos colaterais debilitam o paciente, limitando a dosagem dos medicamentos e,
consequentemente, retardando a recuperação deste. (AMBROSI et al., 2008).

Spirulina contem ácido fenólico, tocoferol e ß-caroteno que são conhecidos devido
as propriedade antioxidante (MIRANDA et al., 1998).

Apesar de ter sido considerada uma alga por muito tempo, e de ainda ser divulgada
como tal, a Spirulina é uma bactéria capaz de fazer fotossíntese, denominada
cianobactéria. Ela vive em colônias com aparência semelhante a algas, o que colaborou
para a confusão que durou anos para ser desfeita. As espécies que costumam ser
vendidas em cápsulas são a Arthrospira maxima e Arthrospira platensis. "Elas foram
identificadas erroneamente como Spirulina e este nome acabou permancendo
comercialmente", afirma Célia L. Sant´Anna, pesquisadora do Instituto de Botânica da
Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.

Arthrospira é rica em proteina, minerais, vitaminas B12, ß-caroteno, e ácidos


essenciais como γ- ácido linolênico. As Arthrospira platensis e Arthrospira maxima são
espécies de cianobacterias usadas como alimento saudável, como alimento animal, como
aditivo alimentar e na química fina. (CHOI et al., 2012).

A Spirulina é o principal microrganismo usado na produção comercial de


ficobiliproteinas (ficoeritrina – coloração vermelha, ficocianina – coloração azul) e clorofila.
O potencial primeiro desses pigmentos é o de corantes naturais, que podem ser utilizado
na indústria alimentícia como pigmento de alimento (gomas, sorvetes, doces, bebidas,
produtos de panificação) substituindo pigmentos sintéticos, e na indústria de cosméticos
(batons, sombras de olho, lápis delineador). As ficobiliproteinas estão sendo usadas nas
indústiras e laboratórios imunológicos, devido as suas propriedades de alta produção de
fluorescência, altos coeficientes de absorbância e fotoestabilidades, mas o crescente
número de investigações tem mostrado suas propriedades na saúde, isto é, aplicações
farmacêuticas (BECKER, 2004; SPOLAORE et al.,2006 apud BARROS, 2010).

2) Objetivos

a) Identificar e observar Spirulina maxima;


b) Conhecer uma espécie de cianobactéria com propriedades nutritivas.

3) Materiais e reagentes

- Amostra adquirida no comércio de S. maxima, becker, conta-gotas, etiquetas,


lâminas de vidro e lamínulas;
- Bibliografia específica para identificação dos exemplares;

4) Procedimentos para observação

1. Pingar duas gotas do material previamente hidratado sobre lâmina de vidro e cobrir
com lamínula;
2 Levar ao microscópio e utilizando a objetiva de 4X, focar;
3 Troque a objetiva para 10X e procure as colônias;
4 Esquematize-as ou fotografe-as.

Spirulina maxima crescendo na natureza e aspecto das colônias ao m.o.c.


(imagens disponíveis em sites da internet).
ALGAS DE ÁGUA DOCE (CONTINENTAIS)

Muitas delas são unicelulares, filamentosas ou coloniais e importantes para o


ecossistema lacustre (água doce), porque convertem material inorgânico em orgânico
através da fotossíntese. Para isso necessitam de luz, de suprimento de nutrientes
inorgânicos e de faixas específicas de temperatura para crescerem e se reproduzirem.
Dentre esses fatores, o suprimento de nutrientes (especialmente fósforo) é um dos
principais, pois é ele que ditará a evolução do seu crescimento. Além dos nutrientes, há
outros fatores ambientais que influenciam no crescimento das algas nos lagos e
reservatórios. Os principais são os seguintes:
 A quantidade de luz solar que penetra na água (afetada pela intensidade dos
raios solares; pela quantidade de material em suspensão e, pela cor da
água);
 A disponibilidade de nutrientes para o crescimento das algas
 A temperatura da água (regulada pelo clima, altitude, lançamento de
efluentes, etc.);
 O pastoreio da população algal (peixes, animais microscópicos como
zooplâncton);
 O parasitismo por bactérias, fungos e outros microrganismos;
 A competição de outras plantas aquáticas por nutrientes e luz.

2) Objetivos

a, Identificar e observar os componentes da comunidade de água doce,


b, Aplicar a técnica “zig-zag” na varredura do conteúdo sob a lamínula.

3) Materiais e reagentes

- Amostras de água de lago, becker com água, conta-gotas, etiquetas, lâminas de


vidro e lamínulas;
- Bibliografia específica para identificação dos exemplares;
4) Procedimentos para observação da comunidade planctônica
1. Pingar duas gotas do material coletado sobre lâmina de vidro e cobrir com
lamínula;
2. Levar ao microscópio e utilizando a objetiva de 4X, focar;
3. Troque a objetiva para 10X e procure os organismos, utilizando a técnica “zig-
zag”
4. Esquematize ou fotografe as espécies encontradas.
5. Identifique as espécies com a literatura disponível na aula.

2) Amostra de clorofíceas filamentosas de água doce:

Oedogonium sp Spirogyra sp Spirogyra sp Cloropalstos


espiralados, ao m.o.c.

Zygnema sp. Cloroplastos estrelados ao Chara sp. Aspecto ao natural e lupa.


m.o.c.
3) Amostras de clorofíceas unicelulares de água doce:

Closterium sp Micrasterias sp

4) Amostras de clorofíceas coloniais:

Scenedesmus sp ao m.o.c. Pediastrum sp ao m.o.c. Pediastrum sp M. eletrônico

Questões da Atividade 02 (Parte B)

01. Qual a importância da cianobactéria Arthrospira maxima (Spirulina máxima)?


02. Explique como é comercializada Arthrospira maxima (Spirulina máxima)e como a
preparamos para ser observada ao microscópio óptico?
03. Qual a importância ecológica das algas verdes de água doce?
07) Referências

AMBROSI, M.A.; REINEHR, C.O.; BERTOLIN, T.E.; COSTA, J.A.V; COLLA, L.M.
Propriedades de saúde de Spirulina spp. Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl., v. 29, n.2, p. 109-
117, 2008. Disponível em:
http://200.145.71.150/seer/index.php/Cien_Farm/article/view/453/424. Acesso em 17
mar.2013.

BARROS, K.K.S. Produção de biomassa de Arthrospira platensis (Spirulina platensis)


para alimentação humana. 2010. 111p. Dissertação de mestrado em Ciência e Tecnologia
de Alimentos. Universidade Federal da Paraíba.

CHOI,G.G., CHI-YONG AHN,C.Y.; OH, H.M. Phylogenetic relationships of Arthrospira


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Fotos: utilizadas como ilustração as disponibilizadas no Google.

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